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Path dependency e os Estudos Históricos Comparados*

Antonin Sérgio Amiíjo Fernandes

Introdução A análise institucionalista histórica em


ciência política dá início à utilização desse
O conceito de path dependency (depen­ conceito, oriundo da disciplina da economia,
dência de trajetória) está sendo muito uti­ mais especificamente do campo da economia
lizado em inúmeros estudos de política com ­ da tecnologia. Entretanto, a tradição de
parada com o objetivo de auxiliar a com­ estudar a política utilizando observação com­
preensão do estabelecimento de trajetórias parada de trajetórias históricas é antiga nas
políticas ou econômicas num dado país ou ciências sociais, e tem Max Weber como um
em outra unidade de análise. Kato (1996a: dos seus principais expoentes. Nesse sentido, o
1) define a path dependency como: “fatores conceito de path dependency, apesar de recente,
em questão num m om ento histórico se mostra como uma reinvenção ou renovação
particular determinam variações nas seqüên­ dos métodos de abordagens de sociologia
cias sociopolíticas, ou nos resultados dos política comparada desenvolvidos por
países, sociedades e sistemas. Nesse sentido, Barrington Moore e Theda Skocpol.
eventos passados influenciam a situação pre­ Este artigo tem o objetivo de apresentar
sente e a história conta” . Levi (1997: 28) o conceito de path dependency em seus princi­
provê uma explicação mais apurada: “path pais aspectos e mostrar que a perspectiva ado­
dependency não significa simplesmente que a tada nesse pensamento dentro da ciência
história conta. Isto é tanto verdade quanto política mais recente é comum e originária
trivial. Path dependency significa que um dos estudos de sociologia política comparada.
país, ao iniciar uma trilha, tem os custos N a segunda parte, procura-se identificar a
aumentados para revertê-la. Existirão outros vinculação do conceito de path dependency
pontos de escolha, mas as barreiras de certos com a abordagem institucionalista histórica.
arranjos institucionais obstruirão uma rever­ Na terceira parte, observam-se os aspectos
são fácil da escolha inicial” . Dito de outro essenciais que compõem o conceito e sua fili­
modo, em momentos críticos no desenvolvi­ ação teórica oriunda da economia da tecnolo­
mento de um país (ou outra unidade de gia. N a quarta parte, apresenta-se a perspecti­
análise), estabelecem-se trajetórias amplas va teórico-metodológica dos estudos históri­
que são difíceis de reverter, mas dentro das cos comparados em sociologia política com o
quais existirão novos pontos de escolha para intuito de observar a proximidade existente
mudança mais adiante. entre esta abordagem e a path dependency.

Este artigo faz parte de minha tese de doutorado em andamento no Departamento de Ciência Política da
Universidade de São Paulo. Agradeço ao prof. Fernando Limongi pela leitura e pelos comentários ao texto.

B IB , São Paulo, n ° 53, I o semestre de 2002, pp. 79-102 79


0 Institucionalismo Histórico: dos jogos são trazidas para o interior da arena
Origem e Características Principais pública, onde políticos e burocrátas com
interesses próprios competem tal qual num
O Neo-institucionalismo e suas mercado, procurando maximizar votos, apoio
Vertentes e transferências de renda {rent seekin£). Nesta
corrente, tem-se, como trabalhos pioneiros,
A corrente denom inada em ciência entre outros, Downs (1957), Buchanan e
política de novo institucionalismo é ampla e Tullock (1962), Arow (1963), Olson (1965) e
dividida em subcorrentes que possuem um McKelvey (1976). Seguindo essa linha de
único aspecto em comum, o fato de encarar pesquisa, encontram-se importantes con­
o estudo dos processos políticos tendo como tribuições em diversas áreas de estudo, tais
variável independente as instituições, o que a como, Cox e McCubbins (1987), Weingast e
faz se diferenciar do pluralismo e do com- Marshall (1988), Weingast (1979), Shepsle e
portamentalismo, até então modelos analíti­ Laver (1990) e Shepsle e Weingast (1987) -
cos dominantes na ciência política norte- estudos legislativos1 do congresso norte-amer-
americana (Limongi, 1994: 3). icano Niskanen (1971) e Moe (1990) —
Há uma grande dificuldade em delimitar análise da burocracia —; Pzeworski (1991) e
as fronteiras da abordagem neo-institucional- Geddes (1991) —transições democráticas —; e
ista. Na verdade, é difícil supor a existência de Hardin (1982), Tsebelis (1990) e Elster
um único novo institucionalismo. Opta-se (1986; 1994) - análise teórico-conceitual da
aqui por estabelecer uma distinção entre os escolha racional e da teoria dos jogos na disci­
neo-institucionalistas que utilizam o individu­ plina da política.
alismo metodológico, e que são considerados Uma outra corrente neo-institucional-
adeptos da escolha racional, e os que não uti­ ista que utiliza a escolha racional é chamada
lizam o individualismo metodológico, e que de institucionalismo econômico, e vem da
são considerados institucionalistas históricos e tradição da econom ia dos custos de
sociológicos. De acordo com alguns estu­ transação, baseada na teoria da firma (Coase,
diosos que tentaram delimitar as diferenças 1937). Nesta corrente, as instituições são
entre as correntes neo-institucionalistas —tais vistas como sistemas de regras capazes de
como Lowndes (1996), Rhodes (1995), Kato superar dilemas da ação coletiva, gerados por
(1996), Hall e Tayior (1996), jmm ergut comportamentos oportunistas em transações
(1998) e Ostrom (1991) - a corrente denom­ sociais em contextos organizacionais
inada Escolha Racional, que é conhecida tam­ hierárquicos. De acordo com Melo (1996),
bém no campo da ciência política como apesar de utilizarem a racionalidade instru­
Escolha Pública, vê as instituições como mental, os autores desta corrente procuram
dotadas de problemas de ação coletiva, dadas superar o paradigma do comportamento
as inconciliáveis interações políticas não coop­ maximizador (rational choicer), incorporan­
erativas entre os indivíduos. A escolha do a noção de incerteza em processos de
racional constitui-se como uma corrente que decisão coletiva. N o interior desta corrente
utiliza a lógica dedutiva de análise, cuja pre­ entende-se que a principal função das insti­
missa básica são instituições compostas por tuições é economizar custos de transação
atores individuais que tomam decisões e agem inerentes aos sistemas de mercado. Esta é,
a partir de escolhas e interesses pessoais. Essas portanto, a justificativa para a existência das
preferências podem geras efeitos coletivos ou instituições: a busca da eficiência por meio
decisões coletivas. A perspectiva analítica da do suporte e das trocas de mercado. Sobre o
economia neoclássica e a linguagem da teoria institucionalismo econômico ou a economia

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dos custos de transação, tem-se como refer­ - , bem como à teoria estrutural-funcional-
ências básicas, entre outras, os trabalhos de ista e sua corrente derivada —o neomarxismo
Williamson (1991) e North (1993). —; teorias dominantes na ciência política
Entre as correntes neo-institucionalistas durante as décadas de 1960 e 1970. Além
que não aderem ao individualismo disso, surge também em resposta à tendência
metodológico, tem-se o institucionalismo que se observa no campo da política com­
sociológico.2 Esta corrente desenvolve-se parada da época - momento marcado pelo
com mais intensidade dentro da teoria das com portam entalism o e pelo pluralismo.
organizações, a partir dos importantes estu­ Essas correntes de análise tentavam construir
dos de Powel e D i Maggio (1983) e March e teorias a partir de estudos transnacionais, e,
Olsen (1984; 1989). Esses autores entendem como variáveis que procuravam explicar as
as instituições como íruto de processos cul­ diferenças na política entre os países, apre­
turais, respondendo à necessidade de assegu­ sentavam as atitudes e os comportamentos
rar normas, valores, códigos e crenças dos atores (grupos e indivíduos).3
adquiridos ao longo do tempo. Neste caso, Segundo Hall e Taylor (1996: 937-
os indivíduos internalizam as normas de 938), o institucionalismo histórico, apesar
comportamento associadas com os papéis de ter nascido como uma crítica às escolas
sociais institucionais. As instituições não são anteriormente citadas, ele herda alguns ele­
vistas simplesmente como “mecanismos” mentos destas. D a teoria de grupos de
capazes de aumentar a eficiência do merca­ interesse ou pluralismo, os institucionalis-
do, mas com o “processos” altamente tas históricos herdam a idéia de que o con­
dinâmicos e sensíveis a estímulos do am­ flito entre grupos rivais, por recursos escas­
biente circundante, os quais possibilitam a sos, está no centro da política, porém sug­
manutenção da ordem na vida política erem com o com plem entaridade a este
(March e Olsen, 1984). As escolhas e as aspecto a busca de melhores explicações
preferências individuais, ao contrário do que para apontar as distinções dos resultados da
pensa a análise da m tional choice, são endó­ política entre os países. Essas explicações
genas e não dadas de antemão (exógenas). As estariam na descoberta do caminho trilha­
instituições não só afetam o cálculo do pela organização da estrutura política
estratégico e as escolhas racionais dos indiví­ (polity ) ou econômica, que conflita ou
duos, como também suas preferências e suas privilegia alguns interesses em detrimento
identidades. Desse modo, os problemas con­ de outros. D o estrutural-funcionalismo, os
cernentes ao oportunismo e à incerteza não institucionalistas históricos herdam a idéia
são totalmente abandonados nessas análises, de que a polity é, sobretudo, um sistema de
mas complementados a partir da visão de partes integradas, porém rejeitam a tendên­
que os processos culturais são determinantes cia predominante nele de que o funciona­
do comportamento institucional. m ento desse sistem a seria unicamente
A outra corrente neo-institucionalista, responsável pelas condutas e traços sociais,
que também não utiliza o individualismo psicológicos e culturais dos indivíduos.
metodológico é o institucionalismo histórico. Dado que para os institucionalistas históri­
cos a organização institucional da polity é o
O Institucionalismo Histórico fator principal que estrutura o com porta­
mento coletivo e gera distintos resultados
O institucionalism o histórico surge na política, sua ênfase recai mais sobre o
como uma reação à teoria comportamenta- “estruturalismo” implícito nas instituições
lista e sua principal variante — o pluralismo da polity do que sobre o “funcionalismo”,

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que via os resultados da política como algu­ formula metas que não são simplesmente
mas das necessidades do sistema. reflexos de demandas e interesses de grupos
D e acordo com Steinmo e Thelen sociais, classes ou sociedades. Para explicar
(1992: 3-7), o institucionalismo histórico os fatores determinantes da autonomia e da
tem origem com os estudos de política com­ capacidade do Estado, é necessário adotar
parada entre países, especialmente os estudos uma perspectiva weberiana acerca do Estado
de economia política comparada, tais como em ação e utilizar uma abordagem histórica
os de Hall (1986), Berger (1981) e de investigação. Nesse sentido, os estudos
Katzenstein (1978), entre outros, que têm históricos com parados entre países são
inspiração nas tradições oriundas de Weber e importantes, pois permitem avaliar a capaci­
Polanyi. O institucionalismo histórico visa dade de autonomia dos Estados a partir de
construir teorias de alcance médio que se alguns indicadores institucionais, tais como:
preocupem em explicar o desenvolvimento o grau de centralização e descentralização de
político e econômico, entre países, ou outras autoridade, meios financeiros, quadro de
unidades de análise (Estados, regiões, funcionários, o ambiente e o comportamen­
cidades), tendo como variável independente to dos principais atores econômicos e sua
as instituições intermediárias, tais como a relação com o Estado.
burocracia, o eleitorado, as redes estabeleci­ Segundo a corrente institucionalista
das entre empresariado e governo, a relação histórica, o comportamento racional dos
Estado-sociedade, o processo político indivíduos é importante para a compreensão
decisório e/ou de elaboração de políticas do processo político, porém, procura-se
públicas. A evolução da estrutura social, bem entender como a escolha de ação depende da
como a trilha de escolha e decisão política interpretação de uma situação, mais do que
dos atores ao longo do tempo, moldam a um cálculo instrumental. Assim, os autores
arena política e definem as instituições. dessa linha utilizam a idéia de estratégia de
Um trabalho seminal que procura situar decisão junto à interpretação de natureza
os aspectos conceituais do institucionalismo histórico-estrutural com o variáveis que
histórico é o livro de Skocpol, Evans e influenciam o processo decisório (Hall e
Rueschemeyer (1985), Bringing The State Taylor, 1996). Apesar de considerar as esco­
Back In. O s autores propõem, de forma ino­ lhas e cursos de ação e decisão individual, os
vadora, repensar o papel do Estado na sua institucionalistas históricos, assim como os
relação com a economia e a sociedade, sociológicos, também encaram a questão das
tratando-o com um ator autônomo, capaz preferências como algo endógeno, diferente­
de fazer escolhas e alcançar metas políticas. mente da escolha racional. Neste aspecto,
Isto requeria, portanto, romper ou transcen­ como observa Kato (1996: 560-561), a
der a agenda de pesquisa sobre o Estado divergência entre os institucionalistas
então vigente na época, de cunho “sociocên- históricos e os rational choicers não se dá
trico” , ou seja, dominada pelo comporta- sobre o conceito de comportamento racio­
mentalismo e estrutural-funcionalismo. Esta nal, porém sobre o individualismo metodo­
agenda de pesquisa estava centrada na dis­ lógico. A escolha racional trabalha com uma
cussão apenas do papel da sociedade como lógica dedutiva, ou seja, a partir do compor­
determinante das ações do Estado; este não tamento maximizador universal dos indiví­
era tomado como um ator independente, duos busca-se explicar as escolhas e decisões
dotado de relativa autonomia.4 Para Skocpol institucionais num dado momento. O insti­
(1985: 9), pensar a autonomia do Estado é tucionalismo histórico utiliza estudos de
concebê-lo na qualidade de organização que caso, que partem das instituições, para

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explicar o comportamento estratégico dos O Conceito de Path Dependency
indivíduos e grupos sociais numa dada
seqüência e momento da história.5 Uma definição de path dependency é
Com relação a este último aspecto, fornecida por Kato (1996a: 1): “A idéia de
destaca-se o recente estudo de Bates et. al. p ath dependency é bem conhecida em
(1998), denominado A nalitic Narratives. Os política comparada. De acordo com esta
autores procuram combinar individualismo idéia, fatores em questão num momento
metodológico, ou seja, a análise do compor­ histórico particular determinam variações
tamento particular dos atores - empregando nas seqüências sociopolíticas, ou nos resul­
o modelo m atem ático — com pesquisa tados dos países, sociedades e sistemas.
histórica que busca explicar a seqüência de Nesse sentido, eventos passados influen­
eventos, o contexto e a estrutura de inter­ ciam a situação presente e a história conta” .
ação desses atores. Nas palavras de Bates et. Levi (1997: 28) provê um a explicação mais
al. (1998: 30-31): “N ós chamamos nossa apurada: “path dependency não significa
abordagem de narrativa analítica porque simplesmente que a história conta. Isto é
com binam os instrumentos analíticos que tão verdade como trivial. Path dependency
são comtimente empregados na economia significa que para um país, ao iniciar uma
e ciência política, com a form a narrativa trilha, os custos para revertê-la são muito
que é mais com um ente em pregada na altos. Existirão outros pontos de escolha,
história” . O s trabalhos da narrativa analíti­ mas as barreiras de certos arranjos institu­
ca são dirigidos pelo problema e não pela cionais obstruirão uma reversão fácil da
teoria, algo bastante incomum na perspec­ escolha inicial” . Dito de outro m odo, em
m omentos críticos no desenvolvimento de
tiva da rational choice mais tradicional­
um país (ou outra unidade de análise), esta-
mente conhecida.
belecem-se trajetórias amplas que são difí­
De acordo com Hall e Taylor (1996:
ceis de reverter, mas dentro das quais exis­
938) e Steinmo e Thelen (1992: 2), a cor­
tirão novos pontos de escolha para m u­
rente institucionalista histórica define insti­
dança mais adiante.
tuições com o procedim entos form ais e
Segundo Pierson (2000: 251), o con­
informais, normas, rotinas e convenções
ceito de path dependeticy tem origem na
inseridas na estrutura organizacional da
disciplina da economia, na qual também é
política [polity) ou da economia política.
chamado de retornos crescentes (increasing
Com o afirma North (1993: 14), institui­
returns).6 Para alguns teóricos da economia
ções constituem normas escritas formais,
que trabalham com este conceito, os retor­
assim como códigos de conduta geralmente
nos crescentes são a própria p ath dependen­
não escritos que subjazem e complemen­ cy e, para outros, são apenas uma form a de
tam as regras formais. As normas formais e path dependency. É no cam po da economia
informais e o tipo e a eficácia de sua obri­ da tecnologia que argumentos baseados
gatoriedade determinam a índole total da nos retornos crescentes têm sido mais
politics (jogo). férteis. Em termos gerais, retornos cres­
Um a das principais perspectivas de centes significam que a probabilidade de
análise do institucionalismo histórico é a dar um passo à frente no mesmo caminho
path dependency, a qual enfatiza o impacto ou trajetória estabelecida aum enta cada vez
da existência de lggados políticos sobre que se move para dentro do próprio cam i­
escolhas políticas subseqüentes (Hall e nho. Isto ocorre porque os benefícios rela­
Taylor, 1996: 941). tivos da atividade corrente, com parada

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com outras opções possíveis, aum enta com
o tempo. Para optar por outra trajetória
diferente, os custos de sair da trilha de
algum a alternativa previamente plausível
crescem. Assim, processos de retornos cres­
centes também podem ser descritos como
auto-reforços ou processos d zfeedback pos­
itivo. Em outras palavras, de acordo com
A rthur (1994) e D avid (1985) apud
Pierson (2000: 251): sob condições, na
maioria das vezes presentes em setores
com plexos de conhecim ento intensivo, Na figura, X é uma causa histórica orig­
um a tecnologia particular pode conquistar inal de Y; D encontra-se como um contem-
uma vantagem sobre seus competidores, porizador até que Y, num dado momento,
apesar de necessariamente não ser a alter­ opera como uma causa no período de tempo
nativa m ais eficiente no longo prazo. Isto seguinte; a flecha 1 de retorno indica que Y,
ocorre porque cada tecnologia gera resulta­ como uma causa no período subseqüente,
dos maiores para os usuários à m edida que reproduz ele mesmo como efeito. O infinito
se torna prevalecente. Q uando uma nova loop criado por D e pela flecha 1 fornece a
tecnologia é sujeita a retornos crescentes os estrutura causal histórica. Para Stinchombe
atores têm incentivos para forçar uma sim ­ (1968: 103-104), m uitos dos principais
ples alternativa e a continuar seguindo um processos sociais podem criar infinitos e
caminho específico, uma vez que os passos auto-replicáveis loops causais. Diante disto, a
iniciais foram tom ados nesta direção. exploração empírica é que vai fornecer ao
Dado que a vantagem inicial foi obtida, investigador a condição de verificar sob
efeitos de feedback positivos podem fechar- quais circunstâncias as tradições tenderão a
se sobre esta tecnologia, excluindo seus ser preservadas, ou entrarão em decadência
competidores. É deste modo que argumen­ quebrando o loop causal.
tos de dependência de trajetória ou de Sobre o conceito de path dependency
retornos crescentes, tem sido aplicados para aplicado à análise institucional, o trabalho de
explicar o domínio de mercado, ao longo North (1993) merece destaque. Apesar de ele
do tempo, de algumas tecnologias como o ser considerado um autor do institucionalis-
teclado Qwerty, o vídeo cassete V H S, ou o mo econômico e não do institucionalismo
sistema de com putador Windows. histórico, neste seu trabalho seminal e mais
Depreende-se, portanto, que o conceito conhecido, ele traz uma contribuição signi­
de path dependency é sincrônico, no sentido ficativa para o estudo das instituições a partir
empregado por Stinchombe (1968: 103), da história econômica. North utiliza a noção
para definir explicações históricas. Isso sig­ de racionalidade instrumental, por meio da
nifica dizer que um efeito criado por causas, história econômica, para conceituar institu­
em algum período prévio, torna-se causa ições como organizações ou mecanismos que
deste mesmo^ efeito em períodos subse­ diminuem o custo de transação e aumentam
qüentes. Esse loop que demonstra a estrutu­ a informação. Com base neste conceito de
ra básica da explicação histórica, segundo instituições, ele tenta mostrar as razões que
Stinchombe (1968: 103), pode ser represen­ explicam as diferenças de desempenho
tado graficamente (Figura 1). econômico entre os países. De acordo com
North (1993), as instituições são estáveis e a

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mudança nestas se dá de modo incremental, tornaram-se ocupações lucrativas e muito
excetuando-se os momentos revolucionários. cobiçadas. A expulsão dos mouros e dos
Para tanto, North desenvolve o conceito de judeus, as altas rendas de terra, os preços do
path dependency. Segundo ele, “as instituições trigo, o confisco de remessas de prata dos
eficientes (sejam elas positivas ou negativas comerciantes de Sevilha (que se confor­
para o sistema de mercado), ao longo do mavam com bônus de pouco valor), foram
tempo, adquirem estabilidade, o que as faz sintomas da falta de incentivos à atividade
conservar sua estrutura normativa, tornando produtiva. A incapacidade da coroa e de sua
qualquer caminho ou rota de mudança burocracia de alterar a direção da rota
dependente desta estrutura preestabelecida. espanhola, apesar das evidências de decadên­
Em cada passo da rota foram feitas escolhas — cia e declínio que dominavam o país, foi o
políticas e econômicas - que significaram que fez a Espanha deixar de ser a nação mais
alternativas que puderam reforçar ou não seu poderosa no século XVII do mundo ociden­
curso” (1993: 121-131). tal desde o Império Romano, para se con­
É assim que North (1993) procura verter numa potência de segunda. North
explicar a distinção na evolução da econo­ (1993) acrescenta ainda que estes legados da
mia da Inglaterra e da Espanha, diferencia­ Espanha e da Inglaterra são transferidos para
das radicalmente a partir do século XVI, suas colônias, onde se evidencia uma dis­
quando tom am trajetórias institucionais tinção radical, desde o começo da coloniza­
contrastantes. Estas refletiram-se provavel­ ção, na evolução da América anglo-parla-
mente nas profundas características institu­ mentar e da América espanhola, refletindo a
cionais das duas sociedades no curso de sua imposição de pautas institucionais distintas
história subseqüente. Tanto Inglaterra como tomadas da pátria mãe.7
Espanha, países feudais no século XVI, Uma idéia-cliave para o conceito de path
enfrentaram crises fiscais nesse período, dependency é a noção de momento crítico {crit­
decorrentes dos custos cada vez mais altos do icaijuncture). De acordo com Lipset e Rokkan
financiamento das novas tecnologias de (1967: 37), a idéia de escolhas cruciais e seus
guerra. N a Inglaterra, o parlamento criou o legados, que pode ser chamada de momentos
Banco da Inglaterra e um sistema fiscal em críticos, tem como foco principal circun­
que os gastos estavam controlados em stâncias decisivas na vida política, onde ocor­
relação às receitas. A revolução financeira rem transições que estabelecem certas
colocou o governo sobre uma sólida base direções de mudança e excluem outras num
econômica, e estabeleceu as condições para o caminho que molda a política por anos.
desenvolvimento do mercado privado de Segundo D. Collier e R. Collier (1991: 29 e
capitais. Direitos de propriedade mais 782), momento crítico é definido como: “um
seguros, declínio das restrições mercantilistas período de significativa mudança, que nor­
e a fuga das empresas têxteis das restrições malmente ocorre em distintos caminhos por
gremistas urbanas se conjugaram para diferentes países (ou outras unidades de
aumentar as oportunidades das empresas nos análise), e que é hipotetizado para produzir
mercados doméstico e internacional. Na legados distintos” . O momento crítico é uma
Espanha, as quebras freqüentes entre 1557 e situação de transição política e/ou econômi­
1647 levaram o governo a tomar medidas ca vivida por um ou vários países, Estados,
desesperadas. A guerra, a igreja e o complexo regiões, distritos ou cidades, caracterizada
sistema burocrático ete administração pas­ por um contexto de profunda mudança, seja
saram a ser considerados um bom negócio e, ela revolucionária ou realizada por meio de
portanto, o exército, o judiciário e o clero reforma institucional. O tempo de duração

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desse momento crítico pode ser de anos ou Collier e R. Collier (1991) que essa noção é
até décadas, durante os quais o processo de definida de maneira mais sistemática. O s
mudança que se inaugura deixa um legado autores analisam a emergência do movimen­
que conduz os políticos a fazerem escolhas e to sindical na América Latina durante o iní­
tomarem decisões sucessivas ao longo do cio do século X X e suas diferentes formas de
tempo, visando à reprodução desse legado incorporação inicial, isto é, de legalização e
(ou path dependency). institucionalização sancionadas pelo Estado.
De acordo com Thelen (1998: 19), exis­ Desenvolvem também uma exaustiva e com­
tem duas linhas de argumento que se bifur­ plexa análise histórica comparativa de oito
cam no conceito de path dependency com países (Argentina, Brasil, Chile, Colômbia,
relação a momentos críticos. A primeira M éxico, Peru, U ruguai e Venezuela).
envolve argumentos sobre a fundação de Utilizam-se do conceito de path dependency e
momentos críticos, de formação institu­ consideram a noção de momento crítico
cional, que lançam os países por algum central para mapear o período de incorpo­
tempo em caminhos amplamente diferentes. ração inicial do movimento sindical e seus
A segunda sugere que as instituições contin­ diferentes legados em cada país. O s países
uam a evoluir em reação às mudanças das foram divididôs em pares que apresentavam
condições do ambiente, mas em caminhos traços históricos comuns em relação ao tipo
que são limitados por experiências passadas. de incorporação inicial. Foram comparados
Pode-se afirmar também que existe a possi­ os pares e, além disso, fez-se uma compara­
bilidade de ocorrência de ambos os argu­ ção entre os países que formavam cada par.
mentos, ou seja, quando uma seqüência O s oitos casos foram divididos em dois
histórica estável e de mudanças incrementais grandes tipos de incorporação: 1.
é fundada a partir de um momento crítico Incorporação por meio do Estado - Brasil
lançando governos por um caminho inteira­ (1930-1945) e Chile (1920-1931); e 2.
mente novo. A análise comparativa é que Incorporação Partidária, que se subdivide
torna possível evidenciar as semelhanças e em três subtipos: 2.1. Mobilização eleitoral
diferenças nos momentos críticos dos países, pelo partido tradicional —Colôm bia (1930-
e as semelhanças e diferenças nos legados 1945) e Uruguai (1903-1916); 2.2.
produzidos pela rota inicial de mudança. Populismo trabalhista — Argentina (1943-
O grande trabalho de Lipset e Rokkan 1955) e Peru (1939-1948); e 2.3. Populismo
(1967), sobre a formação dos partidos e sis­ radical - México (1917-1940) e Venezuela
temas partidários na Europa, foi um dos (1933-1948).
primeiros a utilizar a noção de momento O que nos interessa de imediato é o
crítico para identificar conjunturas históricas tratamento que esses autores dão à noção de
decisivas que produziram grandes clivagens momento crítico, a qual será utilizada no
sociais. Estas organizaram-se dentro dos par­ presente estudo. De acordo eles (1991: 30-
tidos e, uma vez eliminado o custo para ini­ 35), alguns elementos importantes com ­
ciar a atividade partidária (start up costs), põem esta definição:
bem como superados processos de expectati­
vas adaptativasfos partidos são reproduzidos 1. Condições antecedentes: Representam a
ao longo do tempo gerando o que Lipset e linha básica sobre a qual o momento
Rokkan (1967) denominaram de sistemas crítico e o legado são avaliados. As
partidários congelados. Apesar de o estudo condições antecedentes permitem
desses autores usar a noção de momento indicar que importantes atributos do
crítico, é no importante trabalho de D. legado podem , de fato, envolver

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considerável continuidade, ou links cau­ institucionais sucessivos. 3.3. E sta­
sais diretos com o sistema preexistente, bilidade dos atributos centrais do legado —
que não são mediados pelo momento São os atributos básicos produzidos
crítico. D ito de outro m odo, as como um resultado do momento crítico,
condições antecedentes procuram mos­ tais como os padrões de decisão política
trar se a rota tomada pelo fenômeno municipal analisados neste estudo.
segue a trilha inicial do momento críti­ O que D. Collier e R. Collier (1991)
co ou se estão ligadas às condições ante­ chamam de legado significa um substra­
riores ao momento crítico. to da path dependency, isto é, diante de
um momento crítico, seja ele revolu­
2. Clivagem ou crise: Surge fora das cionário ou de reforma institucional,
condições antecedentes e desencadeia o decisões iniciais são tomadas indicando
momento crítico. E a situação na qual um caminho político ou econômico que
ocorre um rearranjo das forças políticas gerará um legado.
e sociais, o qual define o fenômeno
observado, levando à emergência de 4. Explicações rivais envolvendo causas cons­
um a situação revolucionária ou de tantes: Significa fundamentalmente
reforma que deixará um legado. observar se os atributos do sistema que
podem contribuir para a estabilidade do
3. Legado e seus três componentes\ 3.1. legado não são produtos do momento
Mecanismos de Produção do legado — O crítico. Uma causa constante opera ano
legado na maioria das vezes não se após ano, com resultados que revelam
cristaliza imediatamente depois do m o­ relativa continuidade, porém esse padrão,
mento crítico, mas quase sempre é mol­ ao contrário de uma causa histórica, não
dado por meio de uma série de passos é oriundo de momentos críticos.
intervenientes. 3.2. Mecanismos de
Reprodução do Legado —A reprodução do 5. Fim do legado'. Inevitavelmente o fim do
legado não é mais um resultado legado deve ocorrer em algum ponto, e,
automático, mas quase sempre é perpet­ portanto, é importante localizar os pon­
uado por processos e decisões político- tos de descontinuidade e autodestruição

Figura 2 - Estrutura do Momento Crítico


Segundo Collier e Collier (1991: 30)

Criticai Mechamisms of Mechamisms of


Juncture production production

Cleavage

Stability of
Antecedents. * .| End of
■►core atributes
Conditions Legacy?
of the legacy
L ___ ___ _ '

Rival Explanations
Involving “Constant Causes"

87
no fenômeno de interesse. O ponto de pesquisador faz inferências causais, isto é,
fim do legado também pode não ser aponta uma relação causal que procure dar
detectado, uma vez que o estudo em conta de entender como fatores variados em
desenvolvimento esteja sendo feito com questão mudam de um caso para outro. De
a análise do fenômeno em andamento. acordo com King, Keohane e Verba (1994:
75-113), tanto historiadores como cientistas
A estrutura do momento crítico acima sociais precisam resumir os detalhes históri­
descrita pode ser representada também na cos, daí a necessidade de fazer inferências
forma esquemática (Figura 2). descritivas, porém, para a proposta da ciên­
cia social, a inferência descritiva sozinha é
incompleta. As inferências causais devem ser
Path dependency e os Estudos projetadas onde são apropriadas, e com a
Históricos Comparados em Política melhor e mais honesta estimativa de
incerteza. A demonstração na variação dos
A tradição de estudar a política utilizan­ fatores explicativos (variáveis independentes)
do observação com parada de trajetórias e explicados (variáveis dependentes) pode ser
históricas é antiga nas ciências sociais e Max feita usando a orientação lógica clássica de
Weber é um dos seus principais expoentes. pesquisa comparada, apresentada por Stuart
Para Skocpol e Somers (1980), existem três Mill (1999: 79-82), a qual corresponde aos
lógicas de análise na história comparada: 1. métodos da semelhança e da diferença.
Demonstração paralela de teoria - exemplos No método da semelhança, se dois ou
históricos são justapostos para demonstrar mais casos de um fenômeno sob investigação
que os argumentos teóricos aplicam-se con­ têm apenas uma de muitas possíveis circuns­
venientemente aos casos e, portanto, deve-se tâncias causais em comum, então a circuns­
validar a teoria. Trabalhos importantes, entre tância na qual todos os casos concordam é a
outros, como os de Einsenstadt (1963) e causa do fenômeno de interesse. O método
Paige (1973), seguem esta lógica; 2. C on­ da semelhança é uma busca por padrões de
traste de contextos - busca apresentar os invariância, isto é, visa-se determinar que
aspectos de cada caso em particular que afeta possível variável causal está constantemente
o funcionam ento dos processos sociais cruzando todos os casos. No método da
gerais. Não se preocupa em fazer inferências diferença, os fatores causais são similares e
causais. O s estudos de Geertz (1971) e observam-se diferenças nos resultados políti­
Bendix (1964), entre outros, são impor­ cos entre os casos, porém um fator crucial
tantes referências identificadas dentro desta explicativo, que é variado cruzando todos os
lógica de análise histórico-comparativa; 3. casos, é relacionado como causa destes difer­
Análise macrocausal - propõe-se a fazer entes resultados. Com o considera Ragin
inferências causais sobre estruturas e proces­ (1987: 47) a este respeito, quando dois casos
sos de nível macro. Tem como estudos rep­ muito similares apresentam resultados dife­
resentativos, entre outros, Moore (1983) e rentes, a meta da investigação é identificar a
Skocpol (1979). diferença que é responsável por resultados
Apesar de esses três tipos enunciados por contraditórios. Ao invés de destacar as simi­
Skocpol e Somers (1^80) não serem rígidos e laridades entre os objetos relativamente dís­
excludentes, pode-se afirmar que a explicação pares, o investigador estuda a diferença
da rota dependente corresponde mais à ter­ casualmente crucial entre os objetos relativa­
ceira lógica de análise na história comparada. mente similares.8 A partir do esquema traça­
Na abordagem da path dependency, o do por Skocpol (1984: 379) e Skocpol e
Figura 3 - Os Dois Projetos de Análise Histórica Comparativa
de John Stuart Mill (Skocpol, 1984: 379)

The Method oí Agrement

Casse 1 Casse 2 Casse n

a d 9
b e h ■Overall Differences
c f i
X X X
• Crucial Similarity
y y y

x = Causal Variable
The Method of Difference
y = Phenomenon to be
Positive Negative Explained
Case(s) Case(S)

a a
b b • Overall Similarities
c c
X not x
• Crucial Difference
y not y

Somers (1980), na Figura 3, pode-se obser­ mundo, mas neste exemplo ele não oferece
var melhor os métodos da semelhança e uma resposta clara, dado que considera a
dilérença de Stuart Mill. índia como um fraco impulso modernizador.
Num a pesquisa em que se utiliza a abor­ Moore (1983) procura explicar os processos
dagem da path dependency, usa-se um dos políticos do século X X nestes países, lançan­
dois métodos, ou a combinação deles. O do mão de variações ocorridas no deslanchar
exemplo clássico de estudo de caso histórico do processo de modernização econômica, ou
comparado que usa a lógica de análise seja, o momento crítico vivido pela econo­
macrocausal é o trabalho de Barrington mia destas nações entre os séculos XVIII e
Moore (1983). Nesta obra seminal, Moore XIX. Considerando as alianças de classe
identifica três trajetórias políticas para a como condição causal fundamental, ele
modernização econômica: 1. Democracia observa a predominância da burguesia em
liberal por meio de revolução burguesa relação aos senhores feudais, os modos de
(França, Inglaterra e Estados Unidos); 2. comercialização da agricultura e os tipos de
Fascismo por meio de revolução vinda de relação entre camponeses e proprietários de
cima (Japão e Alemanha); 3. Comunismo terra. Desse modo, Moore explica a razão pela
por meio de revolução camponesa (China e qual os países analisados trilharam uma tra­
Rússia). O caso da índia é estudado para se jetória ao invés de outra. Dentro de cada
tentar entender qual será a rota política trajetória (democracia liberal, fascismo ou
alternativa trilhada por países do terceiro comunismo) ele trabalha com o método da

89
semelhança estabelecendo uma condição Moore é um exemplo disso. Sua análise é
causai comum. Ao cruzar as três trajetórias, muito complexa — o autor tenta construir
utiliza o método da diferença, uma vez que uma intricada teia de similaridades e difer­
para discutir cada rota particular vai fazer enças entre oito casos. Apenas um compara-
referência à outra, ou às outras duas, como tivista muito hábil poderia considerar todas
exemplo contrastante que ajuda a desen­ as similaridades e as diferenças relevantes e
volver suas inferências causais. tentar sistematizá-las. Essa complexidade é
Do ponto de vista metodológico, estu­ inerente ao tipo de investigação de estudo de
dos de caso históricos comparados recebem caso histórico comparado. D aí acreditar-se
duas críticas fundamentais: o número e o aqui na posição de que não é o número de
processo de escolha dos casos, e a base de casos relevantes que limita a seleção do
evidência histórica para desenvolver a expli­ método, mas a natureza do método que
cação causal. N o que tange ao número e à limita o número de casos e o número de
escolha dos casos, dado que projetos de condições causais que o pesquisador está
pesquisa comparada são estratégias para hábil a considerar.
reduzir o número de variáveis independentes A outra crítica feita aos estudos de caso
relevantes que explicam um fenômeno, os históricos comparados diz respeito à forma
estudos com parados da ciência política de obtenção de evidência. G oldthorpe
orientada pela história, possuem o problema (1991: 213) critica o uso da história pela
de sobredeterminação, isto é, têm poucas sociologia quando esta produz evidências a
observações sobre variáveis teoricamente rel­ partir de inferências causais.10 Para ele, fatos
evantes de explicação do fenômeno9 (López, históricos são inferências sobre relíquias
1995: 63). Uma solução seria aumentar o (documentos, artefatos, construções, obras
número de casos, porém, por razões práticas, de arte etc.), ou seja, são fontes de conheci­
estudos qualitativos transnacionais sempre mento do nosso passado, e por isso são
são quase-experimentais, raramente podem incompletas e finitas. Os dados com os quais
ser randômicos, e as escolhas táticas para a os historiadores trabalham não permitem
melhor combinação de países são considera­ conduzir orientações subjetivas dos atores
das a partir de limitações de custo ou de em massa. A grande sociologia histórica do
acesso por parte do pesquisador (Pzeworski e século XX, de Barrington Moore e Theda
Tenue, 1970: 32-38). Daí decorre a dificul­ Skocpol, tom a como evidências fontes
dade na escolha teórica que arbitrará o secundárias. Nesse sentido, a ligação entre
experimento e também o contrário, a difi­ evidência e argumento tenderá a ser sempre
culdade na escolha dos casos que podem arbitrária. Assim, para Goldthorpe, os úni­
melhor se adaptar à teoria que rege o estudo. cos sociólogos que criam evidências legíti­
Em contrapartida, Ragin (1987: 51) defende mas são os analistas de survey, pois estes se
que a abordagem de estudo de caso com­ voltam para relíquias. Rueschmeyer e
parado funciona bem quando o número de Stephens (1997), em artigo que rejeita o
casos é relativamente pequeno. Pelo fato de ponto de vista desse autor, afirmam que a
os estudos comparados de caso considerarem pesquisa histórica comparada, baseada em
combinações em momentos de condições causalidades, é importante, e que uma saída
causais, o volum e '“potencial da análise para o problema da obtenção da evidência
aumenta geometricamente com a adição de seria combinar pesquisa comparada histórica
um simples caso, e aumenta exponencial­ e análise quantitativa. Assim constata-se que
mente com a adição de uma simples há o risco de o pesquisador não conseguir
condição causal. O estudo de Barrington desenvolver concomitantemente ambas as

90
propostas de pesquisa a contento, ou seja, de estudo de Putnam foi muito elogiado na
realizar apenas um tipo de pesquisa de modo parte cross-sectio?ial, no que tange à aplicação
bem-sucedido. de metodologia estatística e de pesquisa qual­
Tome-se o exemplo do trabalho de itativa nas regiões, porém recebeu pesadas
Putnam (1996) sobre o caso italiano. Ele críticas em sua análise histórica. Ao tratar da
estuda empiricamente durante mais de vinte história complexa e milenar da Itália e de
anos o processo de descentralização política suas regiões de forma rápida (em apenas um
na Itália, ao longo da reforma institucional capítulo), tentando criar suas cadeias causais
que se inicia a partir de 1970, analisando para explicar as diferenças de civismo nas
comparativamente o caráter da mudança e várias regiões do país, Putnam incorre em
do desempenho institucional entre os gover­ inferências imprecisas que levantam o clamor
nos de suas várias regiões. Seu estudo revela e o protesto de historiadores italianos." Uma
que há uma forte correlação positiva entre das críticas centrais diz respeito à tentativa de
modernidade econômica e desempenho mesclar história comparada com análise
institucional, e que o desempenho institu­ quantitativa, que é verificada no capítulo 5
cional nas regiões tem forte correlação positi­ do seu livro. Putnam cria um índice de
va com a natureza da vida cívica. As regiões tradições cívicas que se correlaciona perfeita­
do norte italiano contêm padrões e sistemas mente entre as regiões do norte e do sul da
dinâmicos de engajamento cívico, enquanto Itália, tal como enuncia sua hipótese.
as regiões do sul padecem de uma política Entretanto, as variáveis que compõem esse
verticalmente estruturada. A comunidade índice estão situadas entre os anos de 1860 e
cívica, portanto, tem explicação histórica 1920, ou seja, só dizem respeito ao final do
rota dependente, ou seja, é explicada voltan­ século X IX e início do XX, e não a um
do-se quase um milênio atrás, quando se milênio atrás como ele ao longo do texto
estabeleceram em diferentes regiões da Itália tenta provar, ao relatar eventos históricos
dois regimes políticos contrastantes e ino­ importantes que procuram confirmar sua
vadores - uma poderosa monarquia no sul e hipótese. Assim, apesar de até constituir um
um conjunto de repúblicas comunais no cen­ momento crítico que remonta a mil anos
tro e no norte —que por longo tempo acu­ atrás, Putnam não traz uma seqüência de
mularam diferenças regionais sistemáticas fatos robustos ao longo do tempo que possa
nos modelos de engajamento cívico e soli­ dar sustentação mais sólida à sua hipótese.
dariedade social. Para analisar o desempenho Isto requereria dele e de sua equipe, uma
institucional de vinte regiões italianas entre pesquisa da história geral e regional da Itália
1976 e 1989, Putnam utiliza a metodologia ainda mais detalhada. Além disso, uma vez
comparativa a partir de análise fatorial e que usa abordagem de história comparada,
regressão múltipla. Além disso, desenvolve talvez devesse relativizar bastante a rígida
estudos de caso qualitativos em oito das vinte diferença tão marcante que tenta estabelecer
regiões, onde são feitas mais de setecentas historicamente entre o norte e o sul italiano,
entrevistas com conselheiros regionais; três dado a multiplicidade de contextos que
baterias de entrevistas com líderes comu­ envolveu tão antigas localidades ao longo de
nitários (banqueiros, líderes rurais, prefeitos, toda a história.
jornalistas, líderes sindicais e empresariais), e Assim, a tentativa de resolver o proble­
seis sondagens eleitorais junto à população ma das evidências, com a conciliação entre
entre 1968 e 1988. Concomitante, faz uma métodos de pesquisa estatística e estudo de
pesquisa histórica para dar a explicação rota caso histórico comparado, tal como sugere
dependente acerca das tradições cívicas. O Rueschemeyer e Stephens (1997), é algo

91
que pode trazer dificuldades do ponto de cias sociais, que deve ser incorporada, diz
vista do rigor metodológico para a pesquisa. respeito ao arbítrio que o investigador faz
Pode constituir-se muito mais um compli- das fontes secundárias que utiliza como
cador do que facilitador, dado que cada evidência. Assim, como considera Skocpol
método de pesquisa exigirá um esforço (1984: 382), cabe ao pesquisador que está
duplo por parte de cada pesquisador ou desenvolvendo análise histórico-comparativa
grupo de pesquisa, uma vez que em cada tomar cuidado com as várias interpretações
frente de trabalho será necessária a presença historiográficas. Neste caso, torna-se funda­
de especialistas nas duas m etodologias. mental que o pesquisador seja exaustivo e
Afinal de contas, a pesquisa de estudo de não parcimonioso, ou seja, que busque na
caso histórico comparado, em sua essência, literatura que lhe servirá de evidência aque­
é distinta da pesquisa orientada pela variáv­ les estudos que concordam ou discordam de
el que utiliza metodologia estatística. A sua hipótese.
característica fundamental dos estudos de
casos históricos comparados diz respeito à
complexidade causal, sobretudo a causação Considerações Finais
múltipla, que se caracteriza pelo diálogo
entre idéias e evidência. Já na pesquisa ori­ Com o foi visto ao longo do texto, o
entada pela variável, que usa m étodos conceito de path dependency tem origem na
estatísticos, a preocupação principal reside economia da tecnologia e desenvolve-se no
em dirigir estimativas aproximadas, para campo da ciência política dentro da corrente
provar que determinados efeitos de uma institucionalista histórica. Entretanto, sua
causa são os mesmos cruzando diferentes base teórico-metodológica vincula-se aos
contextos (Ragin, 1987: 167). estudos históricos de sociologia política
Skocpol (1984: 382), ao discutir o valor com parada, sobretudo aos trabalhos de
das fontes secundárias como evidência para Barrington Moore Jr. e Theda Skocpol. O
o investigador de ciências sociais orientado estudo de Putnam acerca do caso italiano é
pela história, afirma que uma insistência um dos principais trabalhos recentes que uti­
dogmática em refazer as fontes primárias de liza a noção de path dependency para enten­
pesquisa, para cada investigação, seria desas­ der o comportamento da política italiana em
trosa. Se um ou vários assuntos já são suas distintas regiões.
demasiado explorados por várias pesquisas O conceito de path dependency em estu­
primárias, as fontes secundárias são apropri­ dos históricos comparados é um referencial
adas como fontes de evidência para um dado teórico metodológico bastante útil para se
estudo. Usá-las não torna o investigador que compreender a institucionalização de proces­
o faz inferior ao analista de survey. Acredita- sos decisórios de governo ou o estabeleci­
se aqui que o ponto de vista de Skocpol é mento de trajetórias de política econômica
coerente, pois sem o uso de fontes em países, regiões ou outras unidades de
secundárias como evidência os estudos de análise. Tanto a vivência de momentos críti­
caso históricos comparados, ou os estudos cos comuns, levando os países a construir
guiados pela história em ciências sociais, se diferentes legados, como, o contrário, a
tornam inexeqiiíveis. Uma posição crítica vivência de distintos momentos críticos,
mais radical nesse aspecto é compreensível gerando legados comuns entre os países, são
por parte de historiadores, mas não cabe às situações curiosas que suscitam questões-
ciências sociais. A crítica dos historiadores problemas para o pesquisador que opta tra­
aos estudos históricos comparados em ciên­ balhar com essa abordagem.

92
Finalizando, os estudos políticos com quase irreversíveis. Isso não quer dizer que
base na análise institucional histórica que se novas opções de m udança não surjam
utilizam do conceito de path dependency durante a trajetória e que, portanto, o
procuram analisar como as decisões dos determinismo histórico seja prevalecente,
atores, sucessivas e acumuladas ao longo do pois se o investigador agir desta forma
tempo, são capazes de criar instituições que acabará criando uma explicação do tipo
deixam legados políticos e econôm icos Deus ex machina.

Notas

1. A literatura sobre o congresso norte-americano é vasta, existe um sem-número de trabal­


hos sobre este objeto. Para uma revisão da escola neo-institucional da rational choice e os
estudos legislativos do congresso norte-americano, ver Limongi (1994).
2. De acordo com Rhodes (1995), o “velho” institucionalismo ou o “institucionalismo
tradicional”, com sua ênfase em arranjos formais legais, caracteriza a diferença entre esta
abordagem e a neo-institucionalista, que passa a ser desenvolvida pela ciência política e
outros campos de estudo relacionados, como a sociologia, a economia e a administração
pública. A distinção entre o velho e o novo institucionalismo, pelo menos no campo da
teoria das organizações, em que se desenvolve o novo institucionalismo sociológico, é algo
polêmico e questionável por autores considerados “velhos institucionalistas” como
Selznik. Sobre isso, ver, entre outros, Selznik (1996) e Prates (2000).
3. O trabalho de Almond e Verba (1963) é um dos principais estudos comparados transna-
cionais, dentro do enfoque pluralista que procura analisar a cultura política, ou seja,
investigar como as atitudes e os comportamentos de grupos e indivíduos influenciam a
democracia. Nesta mesma linha de análise situa-se o estudo de Banfield (1958), realiza­
do na cidade de Montegrano no sul da Itália. Ainda na abordagem pluralista o trabalho
de Robert Dahl (1961) representa um das principais contribuições à teoria pluralista,
assim como, entre outros, Truman (1951); Schattschneider (1960), Eckstein (1960),
Einsenstadt e Apter (1963).
4. A questão da autonomia de Estado é discutida por Evans (1995), que elabora o conceito
de EmbeddedAutonomy (Autonomia Inserida). Esse conceito, em termos gerais, significa a
relação entre Estado e capital privado, visando ao desenvolvimento industrial. A partir da
combinação de uma forte tradição burocrática entre os agentes públicos (meritocracia,
carreiras de longo prazo, senso de dever e lealdade), com uma relação de cooperação e
confiança com o setor privado, objetiva-se atingir metas de desenvolvimento econômico.
Em seu estudo de caso comparado de seis países (Zaire, Japão, Coréia do Sul, Taiwan,
Brasil e índia), o autor estabelece uma tipologia acerca da capacidade de autonomia dos
Estados no desenvolvimento de programas de transformação industrial.
5. O estudo de Immergut (1996: 162) enfatiza este ponto. Ao analisar, de modo compara­
tivo, o processo de mudança constitucional nos sistemas de saúde da França, da Suíça e
da Suécia, a autora afirma que as instituições indicam quais cursos de ação terão mais
probabilida3e de sucesso a partir da lógica social da história, combinada às estratégias e
aos recursos dos atores políticos no momento do processo de escolha. Isto quer dizer que

93
decisões institucionais passadas indicam os caminhos possíveis por onde serão dadas
escolhas e decisões políticas futuras, visando à mudança institucional. As diferenças exis­
tentes na reforma de saúde desses três países são explicadas pela disposição dos atores
políticos (sindicatos e confederação de patrões e empregados), das arenas políticas (exe­
cutivo, parlamento, ou eleitorado) e pelo tipo de decisão assumida (regra majoritária,
hierarquia ou unanimidade). Ainda, segundo Immergut, em cada caso, à medida que os
políticos e os grupos de interesse disputavam o uso dos mecanismos institucionais, cria­
vam-se padrões diferentes de policy making.
6. Na economia, o termo path depende?ice normalmente é escrito com a letra “e” ao final da
palavra dependence e não com a letra “y” , como normalmente é encontrado na literatura
de ciência política. Semanticamente, os termos dependence e denpendency são iguais.
Prefere-se adotar aqui a grafia dependency.
7. O tipo de análise de North, de nítida inspiração weberiana, possui um paralelo na litera­
tura do pensamento social brasileiro, sobretudo nos trabalhos de Sérgio Buarque de
Holanda (1936) e de Raimundo Faoro (1957), que estudam fundações históricas do
Brasil colônia para estabelecer o vínculo entre a trajetória do país e sua condição de sub­
desenvolvimento.
8. Pzeworski e Tenue (1970: 32-38), ao analisarem o método da semelhança e da diferença
em estudos comparados orientados pela variável, denominam o primeiro “projetos de sis­
temas diferentes” e o segundo, “projetos de sistemas semelhantes” . O primeiro inicia-se
com a comparação intra-sistêmica (variáveis dependentes) que deve variar entre os casos,
depois, na comparação intersistêmica (variáveis independentes), identifica-se um fator
causal relevante comum que explique a diferença entre os sistemas. No segundo método,
na esfera intra-sistêmica, o fenômeno dependente é invariável e na esfera intersistêmica,
visando a reduzir o número de variáveis independentes relevantes, busca-se máxima hete­
rogeneidade entre os casos.
9. Sobre os problemas de seleção não-randômica de casos em pesquisa quantitativa e quali­
tativa, ver Collier (1995), Caporaso (1996) e Liphart (1971).
10. A discussão acerca da ciência política historicamente orientada, e sua base de evidência
capaz de desenvolver tipologias e avaliar trajetórias de comunidades políticas separadas no
tempo e/ou espaço, é encontrada também em Lustick (1996).
11. Algumas das principais críticas à abordagem da história italiana, realizada por Putnam
para demonstrar a diferença de comunidade cívica nas diferentes regiões, podem ser
observadas, entre outros, em Pasquino (1994), Bagnasco (1994), Cohn (1994) e Sabetti
(1995). Além dos historiadores italianos, há também uma crítica à abordagem histórica
no trabalho de Putnam feita porTarrow (1996).

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100
Resumo

Path dependency e os Estudos Históricos Comparados

Este artigo tem o objetivo de apresentar o conceito de path dependency (dependência de traje­
tória), mostrando que a perspectiva adotada nesse pensamento dentro da ciência política mais
recente é comum e originária dos estudos de sociologia política comparada. Para isto, obser­
vam-se os aspectos essenciais que compõem o conceito: filiação teórica oriunda da economia
de tecnologia e vinculação com a abordagem institucionalista histórica. Além disso, analisa-se
a perspectiva teórico-metodológica dos estudos históricos comparados em sociologia política a
fim de mostrar sua proximidade com a abordagem da path dependency.

Palavras-chave: Path dependency; Estudos históricos comparados; Institucionalismo histórico.

Résumé

Path dependency et les Etudes Historiques Comparées

Le but de cet article est de présenter le concept de path dependency (dépendance de trajectoi­
re), tout en montrant que la perspective adoptée par ce courant de la science politique plus
récente est commun et originaire des études de sociologie politique comparée. Pour cela, nous
observons les aspects essentiels qui composent le concept : filiation théorique issue de l’éco­
nomie de technologie et lien avec l’abordage institutionnel historique. Nous analysons, par
ailleurs, la perspective théorique et méthodologique des études historiques comparées en so­
ciologie politique en vue de démontrer sa proximité avec l’abordage de la path dependency.

Mots-clés: Path dependency, Études historiques comparées; Institutionnalisme historique.

Abstract

Path dependency and comparative historical studies

This paper aims at presenting the path dependency concept by showing that the most recent
political science perspective has its source in the comparative political sociology. In doing so
we focus attention on essential aspects o f the concept: its theoretical origins in technology
economy and its links to the historical institutionalist aproach. Finally the article analyses
both the theoretical and methodological perspectives o f comparative historical studies in po­
litical sociology in order to show its proximity with the path dependency approach.

Keywords: Path dependency; Comparative historical studies; Historical institutionalism.

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