Discurso que mescla a voz do personagem ao discurso do
narrador, sem que haja limites precisos entre uma e outra.
Exemplo:
“Se pudesse economizar durante alguns meses,
levantaria a cabeça. Forjara planos. Tolice, quem é do chão não se trepa.”
(Graciliano Ramos). Um outro exemplo:
“-Em que estariam pensando?, zumbiu sinha
Vitória. Fabiano estranhou a pergunta e rosnou uma objeção. Menino é bicho miúdo, não pensa. Mas sinhá Vitória renovou a pergunta – e a certeza do marido abalou-se. Ela devia ter razão. Tinha sempre razão. Agora desejava saber que iriam fazer os filhos quando crescessem. – Vaquejar, opinou Fabiano”.
(Graciliano Ramos). A dissertação
A dissertação consiste na explanação ou discussão de
conceitos ou ideias.
Pode ser expositiva ou argumentativa.
Característica do texto dissertativo padrão ou expositivo: texto de natureza expositiva, que apresenta dados objetivos, e não opiniões; pode-se desenvolver um conceito ou definir um objeto, seja ele abstrato ou concreto; estrutura convencional: ideia principal, desenvolvimento e conclusão; linguagem clara, objetiva e impessoal – padrão culto da língua; verbos predominantemente no presente do indicativo. Característica do texto dissertativo argumentativo: procede à análise de um assunto e, ao mesmo tempo, defende o ponto de vista do autor a respeito desse assunto; pode ser construído de forma dedutiva (do geral para o particular) ou indutiva (do particular para o geral); convencionalmente apresenta três partes: introdução, desenvolvimento e conclusão; linguagem clara, objetiva e impessoal - padrão culto formal da língua; verbos predominantemente no presente do indicativo. Enquanto no texto dissertativo expositivo a principal finalidade é apresentar, expor determinadas ideias, no argumentativo a intenção é persuadir o leitor. Os microcomputadores: uma ameaça?
A expansão tecnológica prossegue acelerada nestes
últimos anos, modificando dia a dia a feição e os hábitos de nossa sociedade. Talvez a maior novidade, que começa a preocupar os observadores, seja a "revolução informática" e suas conquistas mais recentes: videogames, videocassetes e, principalmente, os microcomputadores, que começam a fazer parte do nosso cotidiano e cuja manipulação já é acessível não só aos adultos leigos, mas até às crianças. Isso indica que já entramos na era do computador; e que uma revolução da mente acompanhará a revolução informática. Essa "revolução" iminente vem alertando os responsáveis pela educação das crianças e jovens para a ameaça de robotização que o uso regular dos computadores, introduzidos nas escolas e fora delas, poderá provocar nas mentes em formação. Para neutralizar tal ameaça, faz-se urgente a descoberta (ou a adoção) de métodos ativos que estimulem a energia criativa dos novos. E principalmente se faz urgente que as novas gerações descubram a leitura estimuladora ou criadora e através dela alcancem a formação humanística (Literatura, História, Filosofia, Ciências Humanas e Artes em geral) que lhes dará a base cultural indispensável para serem no futuro os criadores de programas que a nova era vai exigir. E não os programadores obsessivos em que forçosamente se transformarão em pouco tempo, "robotizados" pela automação exigida para uso dos computadores.