Estudantes do Povo

Órgão Informativo do Movimento Estudantil Popular Revolucionário - Nº15 - Setembro/Outubro de 2011 - www.mepr.org.br - Tel.: (31) 3222.0216 - Preço: R$ 1,00

~
Rebeliao contra a
~
privatizacao do ensino!

Manifestações estudantis pararam o Chile.

Viva a luta combativa dos estudantes!

-1
 Editorial
Preparar para grandes batalhas!
Chile, Honduras, Inglaterra, Espanha,
Grécia, Itália...
No dia 22 de agosto foi assassinado, em Hon-
duras, na porta da Escola de Agricultura Pompilio
Ortega, o estudante Nahún Guerra. Guerra partici-
pava, com seus companheiros, de protesto contra
a privatista Lei de Educação do governo hondu-
renho, e foi alvejado por disparos quando se en-
contrava na porta de sua escola. Três dias depois,
no Chile, o jovem Manuel Gutiérrez Reinoso foi
atingido fatalmente por três tiros, segundo testemu-
nhas, oriundos de um furgão militar. Reinoso volta-
va de manifestação relacionada à greve geral, que
paralisou o país e levou um milhão de pessoas para
as ruas de Santiago no último dia 24 de agosto. Na
Europa, contra as altíssimas taxas de desemprego
e as chamadas “medidas de austeridade” impostas
pelo FMI, crescem as manifestações violentas con-
tra a polícia e os governos de turno. Grécia, Espa-
nha, Itália, e mais recentemente a Inglaterra. Este
país foi inflamado pela rebelião da juventude pro-
letária cansada de ser subjugada pela bota insolente
da repressão policial: carros e hotéis de luxo incen-
diados, bancos quebrados, e um verdadeiro regime
de excessão aplicado pelo Estado, com prisões ar-
bitrárias, invasão de casas e todo tipo de violações
de direitos.
Diferentemente do que repetem os monopólios
de imprensa, essa onda de levantamentos não ocor-
re por obra e graça das “redes sociais”, nem muito
menos como simples manifestação individual de
insatisfação contra tudo e contra todos. Não. A ju-
ventude se bate contra o incremento desenfreado
da exploração da força de trabalho, contra o brutal
corte de direitos que relega às jovens gerações uma
completa ausência de perspectiva de vida, contra o
desmonte das economias nacionais e o conseqüen-
te desmantelamento de tudo que se relacione com o
ensino e a produção de conhecimento científico au-
tônomo, contra o desemprego, contra o racismo e
a xenofobia que crescem e ganham força, contra as
políticas fascistas que aumentam dia-a-dia. Numa
palavra, a juventude se rebela contra a decrépita
ordem estabelecida, ou seja, contra o imperialismo
que, em crise, exige cada vez mais a parte do leão
da exploração dos trabalhadores e da nação, parti-
cularmente nos países dominados.
De nada adiantarão os assassinatos, as prisões em
massa, a fascistização do Estado, pois que a histó-
ria já demonstrou inúmeras vezes que o “Tacão de
Ferro” da reação, longe de intimidar os povos em
luta, somente serve para elevar seu ânimo e nível
de consciência e combatividade.
Greves e ocupações ganham força em
todo o Brasil:
No nosso país, o corte de R$ 50 bilhões do or-
çamento da União, atingindo principalmente as
chamadas “áreas sociais”, contrasta com o aumen-
to do superávit primário e do dinheiro destinado
2-
ao pagamento da dívida pública aos bancos, com
Frases
a gastança desenfreada visando os mega-eventos
Copa do Mundo e Olimpíadas e o montante dos
recursos públicos torrados na roubalheira sem fim “
“
para sustentar a “base aliada” no Congresso. As já
crônicas crises dos hospitais e escolas públicas, que Agora, o ensino universitário, o ensi-
se arrastam há décadas, atingem níveis insuportá- no tecnológico está indo onde o cida-
veis, de cima abaixo, em todas as esferas. Recente dão mora ou nas suas vizinhanças
avaliação mostrou que a maior parte das crianças
chega ao 3º ano do ensino fundamental (antiga 2º
“
Dilma Roussef, sobre a “interioriza-
“
série) sem saber contar, e 40% não tem aprendizado ção” das universidades federais.
em leitura correspondente à sua série, ou seja, não
sabem ler(1). Ainda temos metas anteriores a cumprir
As universidades públicas do REUNI caminham
Roberto Salles, REItor da UFF, ad-
a passos largos para se transformarem nos escolões
mitindo déficit de verbas e professores
tão desejados pelo Banco Mundial: as REItorias
para implementar a “expansão” preco-
vendidas cumpriram religiosamente seus compro-
nizada pelo governo.
missos frente ao MEC, algumas mais que dobrando
o número de vagas ofertadas, e o governo, por sua Aulas da UFF
vez, não cumpriu nem o já insuficiente incremento campus de Rio
de verbas e professores previsto inicialmente. A tal das Ostras são
“expansão de vagas”, tão decantada pelo governo e ministradas
pela falida UNE, nada mais tem significado que a
socialização da miséria.
“
em containers.
“
Contra essa onda de ataques, a reação dos traba-
lhadores e dos estudantes já começou. A greve dos A UNE sempre contou com o apoio de
professores nas redes estaduais de educação abarcou governos e de instituições.
nove estados, contando com ampla adesão da cate-
goria. Nas universidades, as ocupações de REItoria Augusto Chagas, presidente da UNE,
voltam a estar na ordem do dia, como na Universi- distorcendo a história para justificar o
dade Estadual de Maringá (UEM), na Universidade peleguismo do presente. O CONUNE
Federal de Santa Catarina (UFSC) e na Universida- de Goiânia teve um orçamento de R$
de Federal Fluminense (UFF), onde o fascista rei- 4 milhões, pagos principalmente por
tor Roberto Salles não exitou em acionar a Polícia estatais, e contou com a participação de
Federal e Tropa de Choque contra os estudantes. Na Luis Inácio e de Fernando Haddad.
UFPR desenvolve-se greve geral de estudantes, fun-
cionários e professores, que é a medida mais conse-
qüente para fazer frente aos ataques do governo.
Por isso, não pode haver ilusões: preparemo-nos
para as grandes batalhas que se avizinham! Mais
do que nunca devemos fundir a revolta espontânea
contra os efeitos da crise com a agitação política em
“
“
larga escala, não perdendo uma oportunidade para Lula, Augusto Chagas e Haddad.
vincular as lutas específicas com a denúncia do papel
que joga a dominação imperialista em nosso país e "Quem quer dar aula faz isso por gosto, e
não pelo salário.”
a subserviência dos governos de turno frente a este,
apenas interessados em formar aqui contingentes
de apertadores de parafusos e repetidores das idéias
“
Cid Gomes, governador do Ceará,
sobre a greve dos professores naquele
Estado.
“
formuladas na “metrópole”. Porque essa é a raiz do
problema! Não podemos igualmente dar tréguas ao
oportunismo, particularmente à UNE governista, “Doe seu salário, governador”.
como também aos que, com medo de remar contra Campanha movida na Internet pelos
a corrente, tentarão se apropriar das mobilizações
para as utilizar em seus projetos eleitoreiros, tal
como fizeram no desmonte das ocupações em 2007-
“
professores da rede estadual do Ceará.
Após declarações do governador, ad-
esão à greve subiu de 65% para 70%.
“
2008. Numa palavra, do que precisam os estudan-
tes brasileiros é, mais que nunca, audácia, audácia “E vai cair, a educação de Pinochet”.
e audácia!
1 Prova ABC, aplicada a 6 mil alunos do ensino fundamen- Palavra-de-ordem entoada pelos
tal em todas as capitais, abarcando escolas municipais, estaduais e estudantes chilenos, na atual jornada
particulares.
de lutas.
 Movimento Estudantil no Mundo

Juventude Chilena combate o

sistema de ensino de Pinochet:
Manifestações estudantis tomam conta do Chile.
Não é segredo para ninguém que a transição dos regimes militares fascis-
tas para aqueles ditos “democráticos”, na América Latina, ocorreu sem alte-
rar em um mínimo sequer a estrutura de classes e a dominação imperialista
nesses países. A juventude chilena, com seus combates de rua, entoando em
manifestações de um milhão de pessoas a palavra-de-ordem “E vai cair, a
educação de Pinochet”, nos dá um novo exemplo desse fato.
O sistema educacional chileno é, na verdade, um enorme ciclo de endivida-
mento da sociedade. As mães, pais e os próprios estudantes passam décadas
pagando altos juros a bancos, muito depois de finalizarem os seus estudos.
A constituição chilena determina, por exemplo, que o custeio da educação
das crianças e jovens cabem às suas famílias, e não ao Estado. Tal legislação
draconiana foi introduzida pelo carrasco Pinochet e cuidadosamente preser-
vada pelos governos “democraticamente eleitos” que o sucederam.
Nas principais universidades chilenas o Estado aporta com, no máximo,
20% das receitas para sua manutenção, e em alguns centros esse percentual
não ultrapassa os 5%. Mesmo em universidades públicas as cobranças de
matrículas chegam ao equivalente a 12 mil reais anuais. O governo Chileno
gasta apenas cerca de 0,6% do PIB com ensino superior público. É contra
esse sistema altamente lucrativo aos tubarões do ensino, e consequentemen-
te lesivo ao conjunto da população, que os protestos apontam.
O primeiro levantamento ocorreu no final de junho, quando as passeatas
reuniram mais de 400 mil pessoas, resultando na queda do então ministro da
Educação, Joaquín Lavín. À repressão policial os estudantes responderam
com paus, pedras, coquetéis molotov e o que mais dispunham. Chegaram a
ocupar a TV Chilevision, cujo dono é exatamente o presidente Piñera, afas-
tado para exercer o mandato. Ocuparam ainda colégios e universidades.
Em agosto, novo auge de mobilizações. No dia 21, um milhão de estu-
dantes e trabalhadores tomaram parte na greve geral, convocada pelos prin-
cipais sindicatos chilenos. O “paro” teve adesão de 90 cidades do país, e
foi marcado por protestos massivos e, em alguns lugares, confrontos com a
repressão. Um jovem de 16 anos, Manuel Gutiérrez Reinoso, foi covarde-
mente assassinado pelas forças policiais.
Engana-se, entretanto, quem pensa que a repressão pode abafar a disposi-
ção de luta da juventude. A cada dia que passa a massa demonstra sua recusa
em seguir vivendo como antes. Por isso, saudamos desde o Brasil os estu-
dantes chilenos e temos certeza que sua combatividade também repercutirá
em nosso país, aonde se acumula uma quantidade enorme de lenha seca que
não tardará em incendiar e pôr fim às “reformas” privatistas de FHC, Lula
e Dilma!

Honduras: Protestos contra a Lei Geral de Educação

A partir de julho, seguindo o exemplo da juventude chilena, milhares de estudantes hon-
durenhos saíram às ruas protagonizando radicalizados protestos. Estudantes secundaristas e
universitários, com apoio dos professores, ocuparam cerca de 150 colégios em todo país.
Os protestos ocorrem contra a Lei Geral de Educação, que muda o sistema educacional de
modo que, a partir do décimo ano, o governo não financiaria mais o sistema de ensino. A lei
estipula ainda que o governo deixaria de financiar a educação para os maiores de 15 anos,
colocando em risco a jornada noturna, na qual estudam a maior parte dos jovens trabalhado-
res, praticamente obrigando esse setor da população a recorrer ao ensino privado.
No dia 22 de agosto o jovem estudante Nahúm Guerra, de 17 anos, foi assassinado pelas
forças repressivas na porta da Escola de Agricultura Pompilio Ortega, na cidade de Santa
Bárbara. Nahúm participava de manifestação contra a Lei de Educação. Desde então, os
protestos em Honduras ganham força, em repúdio à repressão fascista do governo.
Estudantes hondurenhos protestam em frente às escolas de todo o país.

A receita do Banco Mundial para a educação latino-americana:

Engana-se quem pensa que o governo de Piñera fala ou faz algo
original. Na verdade, o gerente apenas repete as ordens emanadas
do Banco Mundial. Essa famigerada agência do imperialismo, em
documento intitulado “La enseñanza superior: Las lecciones deri-
vadas de la experiência” (O ensino superior: As lições derivadas
da experiência), de 1994, afirma categoricamente que: “a realidade
fiscal da esmagadora maioria dos países da América Latina em de-
senvolvimento sugere que as melhorias da qualidade e o aumento
das matrículas no ensino superior devem ser alcançados com pou-
co ou nenhum aumento nos gastos públicos”. É esse o modelo de
educação que o imperialismo e suas instituições apontam para ser
seguido, em toda a América Latina, portanto, também no Brasil.
Aliás, basta ver a “expansão” do ensino superior do governo do PT,
baseado no PROUNI, ensino à distância e demais medidas, para ver
o quanto essa administração tem sido fiel em cumprir os ditames do
“Consenso de Washington” para a educação brasileira.

-3
 Movimento Estudantil

Greves e ocupações
Ocupação na Universidade Estadual de Maringá –UEM:
Universidade Federal Fluminense:
Os estudantes da Uni- Tropa de Choque contra os estudantes.
versidade Estadual de Ma-
ringá ocuparam a reitoria Na quinta-feira, 25 de agosto, cerca de 400
da universidade dia 25/08 estudantes da UFF deliberaram em assembléia
UEM protestando contra o geral se somar à ocupação da reitoria realizada
corte de verbas da educa- na véspera por vinte estudantes do Movimento
ção, a falta estrutura do RU Agro-Ecológico –MAE –, que protestavam con-
e a inexistência de unida- tra a construção pela prefeitura de Niterói da Via
des do restaurante nos ou- Orla e Via 100, avenidas que passarão ao lado do
tros campi da instituição. campus universitário e acarretarão a remoção de
Além do desmascaramento cerca de 80 famílias que moram no seu entorno.
da REItoria, os estudantes Imediatamente a REItoria entrou com o pedido de
também denunciam o ge- reintegração de posse, e acionou a Tropa de Cho-
Ocupação dos estudantes da UEM. que da PM e a Polícia Federal para efetua-la.
rente estadual Beto Richa,
responsável por um corte de 38% do orçamento
das universidades estaduais, e o governo federal,
que no princípio do ano anunciou um corte de R$
Greve geral na Universidade Federal do Paraná
3 bilhões na educação. Dia 04/08 os estudantes da UFPR deflagraram greve, se somando à luta dos servidores, e exigindo melhores
condições de ensino e permanência. As principais reivindicações são: construção de mais salas de aulas, finaliza-
Greve dos servidores ção de obras atrasadas, ampliação
técnico-administrativos: da moradia estudantil e aumento
do número de bolsas permanên-
Os servidores cia. Os professores aderiram à pa-
técnico-adminis- ralisação no dia 19/08 e também
trativos das ins- ergueram suas bandeiras de luta,
tituições federais exigindo piso remuneratório com
de ensino superior base no DIEESE, implantação de
estão em greve há progressão automática na carreira
mais de 80 dias, e estabelecimento de limite má-
com adesão de cerca de 50 instituições. As ximo de alunos por sala de aula,
principais reivindicações da categoria são: dentre outras medidas.
Assembléia dos estudantes da UFPR.
aumento salarial, equiparação entre ativos e
inativos e entre trabalhadores que exerçam
a mesma função, reestruturação de carreiras
extintas, dentre outras.

Protesto no Instituto Federal de

Goiás
Estudantes do IFG realizaram uma Assem-
bléia Geral seguida de protesto no dia 13/08,
reivindicando melhorias na estrutura física do
Instituto, mais salas de aula, laboratórios, ca-
deiras, equipamentos, professores, prestação
de contas por parte da REItoria e qualidade de ensino. Os professores e Assembléia dos estudantes do IFG.
servidores do IFG deflagraram greve no dia 9/08 como resposta aos ataques
do governo federal à educação.
Assem-
Ocupação da Reitoria da UFSC bléia dos
estudan-
tes da
A reitoria da Universidade Federal de Santa Catarina foi ocupada no dia UFSC.
25/08 por estudantes que denunciam a precária situação da universidade. O
reajuste da bolsa permanência, o aumento do número de bolsas oferecidas e
a contratação imediata de professores e servidores efetivos são as principais
demandas apresentadas pelos estudantes.

4-
 de norte a sul do país!
GREVE DOS PROFESSORES

Professores de pelo menos oito estados já deflagraram movimento gre-

vista ao longo desse ano. São eles: São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso,
Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Sergipe, Santa Catarina e Ceará. A
principal reivindicação é a aplicação do piso salarial nacional estabelecido
pelo governo federal, de R$ 1.187,14 por jornada de até 40 horas/semanais
trabalhadas. Os professores, com apoio dos estudantes, realizaram massivas
manifestações e enfrentaram todo tipo de desmandos por parte dos governos.
Em Minas Gerais, por exemplo, num claro desrespeito ao legítimo direito de
greve, o governador Anastasia (PSDB) cortou o ponto dos grevistas desde o
princípio do movimento, o que não foi suficiente para intimidar a categoria
que segue firme nas suas reivindicações.
Assembléia dos professores da rede estadual de Minas Gerais.

“Meio passe” universitário no RJ é golpe da

Os estreitos limites da “Campanha pelos 10% do PIB”: UNE contra os estudantes:

Tanto a ANEL, que faz oposição oficial ao governo, como a UNE governista,
aprovaram como principal resolução de seus Congressos a defesa dos 10% do PIB
para a educação. Em carta pública, a Comissão Executiva Nacional da ANEL che-
gou a convocar a UNE para a unidade em torno dessa questão, a começar pela par-
ticipação na “Marcha a Brasília” que ocorreu no último dia 24 de agosto.
Mas, afinal de contas, será a bandeira em torno dos 10% do PIB a solução para a
crise crônica que atravessa a educação brasileira?
Em primeiro lugar, a “pressão” para inserir tal meta no PNE conduz boa parte dos
setores ligados à educação a ter ilusões quanto à tal Plano, que, como todos os pro-
jetos do governo, foi gestado de maneira antidemocrática e autoritária, sem ouvir os
setores mais combativos ligados à matéria. Portanto, a posição de “disputar o PNE”
é no mínimo pouco realista. Além disso, tal reivindicação é completamente despro-
vida de sentido, se não estiver explícito que esse dinheiro será investido em educa-
ção pública. Os milhões de reais destinados anualmente pelo MEC aos tubarões do
ensino através de projetos como o PROUNI e agora o PRONATEC, por exemplo,
são contabilizados como dinheiro do orçamento destinado à educação, o que não
significa que correspondam aos anseios da maioria dos estudantes e educadores.
Outro aspecto é esse: quem irá gerir os recursos destinados à educação? Se as
estruturas deliberativas das escolas e universidades permanecem vedadas à comu-
nidade, se é uma pequena burocracia que define, baseada em seus interesses parti-
culares, aonde aplicar e como aplicar os recursos recebidos, também não teremos
maiores garantias quanto à qualidade com que serão utilizadas essas verbas. Daqui
não se depreende, claro, que não se deve lutar imediatamente por mais verbas para
a educação, mas apenas que tal reivindicação não pode estar separada da luta pela
democratização das escolas e universidades, tanto das suas políticas de acesso como
de suas instâncias deliberativas.
Os estudantes devem sim defender, além do incremento de verbas, a viabilização
das reivindicações históricas do movimento estudantil e educadores brasileiros, tais
como o ensino gratuito integral para todos os jovens, a oferta de ensino técnico em
caráter universal, a autêntica formação científica nas universidades e o seu caráter
100% gratuito, enfim, bandeiras concretas que, inclusive, para serem realizadas,
exigiriam muito mais que 10% do PIB. E, finalmente, mesmo as medidas paliativas,
não poderão ser conquistadas com Marchas a Brasília e muito menos em alianças
com os setores governistas, mas somente com lutas combativas, greves e ocupa-
ções.
Prefeito Eduardo Paes, prepara junto com a
Une golpe contra os estudantes
No ano passado foi aprovado pela Câmara Municipal do
Rio de Janeiro o projeto de lei 739/2010 que institui o meio
passe para os estudantes universitários. Este projeto não
passa de uma medida demagógica, uma vez que tal meio
passe será restrito aos alunos bolsistas do PROUNI e aos
que ingressaram nas universidades públicas através de co-
tas. Ou seja, a grande maioria dos estudantes universitários
não se inclui dentro do tal “benefício”.
Além disso, em seu artigo 2º o projeto de lei diz: “ A con-
dição de estudante será comprovada através de apresentação
de documento de matrícula em qualquer instituição de ensi-
no superior no Município do Rio de Janeiro e da Carteira de
Identidade Estudantil – CIE, emitida pela União Nacional
dos Estudantes – UNE ou União Estadual dos Estudantes do
Rio de Janeiro– UEE-RJ.”
Ou seja, quem tiver direito ao meio passe, mesmo com-
provando matrícula, terá que pagar – à UNE –para exercer
seu direito. Está claro que a entidade governista só recebeu
esse “favorzinho” da prefeitura porque, em troca, prometeu
dizer amém a tudo que Eduardo Paes falar. No caso do Rio,
como se vê, a UNE pode dizer que é chapa-branca de cartei-
rinha, literalmente, em todas as esferas de governo.

-5
 Luta Anti-Imperialista
Rebeliões Populares
incendeiam a velha ordem!
Não há um continente, um único país que não sinta o reflexo da gigantesca crise em que está afundado o sistema
imperialista a nível mundial. Com maior ou menor nível de organização, em condições mais favoráveis ou enfren-
tando severa repressão, enfim, dentro de suas especificidades, em todo o mundo se levantam protestos radicaliza-
dos de repúdio aos sucessivos cortes de direitos promovidos pelos governos de plantão contra as massas populares.
Em todas essas jornadas, a juventude ocupa as primeiras filas, honrando seu papel histórico de tropa de choque
da luta por uma nova sociedade.

Inglaterra Grecia Italia

Após a aprovação no parlamento do chamdo
“pacote de austeridade” que prevê, dentre outras
coisas, a demissão de funcionários públicos, au-
mento da idade para a aposentadoria, corte de gas-
tos sociais, privatizações etc.. o povo grego e em
especial a juventude saiu às ruas em milhões para
prostestar e defender seus direitos ameaçados.

No dia 04 de Agosto a polícia de Londres as-

No dia 20 de julho completaram 10 anos do
sassinou, em Totenham, em um suposto tiroteio,
assassinato do jovem Carlo Giuliani, na época
o jovem negro Mark Duggan, de 29 anos. A po-
com 23 anos, pela polícia fascista italiana, duran-
pulação marginalizada da periferia de Londres, in-
te manifestação contra a reunião do G8. Depois
conformada com a situação de carestia e crescente
de 10 anos, alemães, italianos e jovens de todo o
opressão em que tem vivido, saiu às ruas exigin-
mundo foram às ruas protestar contra a morte de
do justiça e o fim do preconceito social e racial,
Carlo Giuliani e a violência policial. Na Itália,
que com o aumento do desemprego tem atingido
que pode ser obrigada pelos banqueiros europeus
níveis insuportáveis. Carros de polícia, carros de
a aceitar empréstimo do FMI, ou seja, ter sua eco-
luxo, lojas e bancos foram o alvo da fúria do povo,
nomia ainda mais desnacionalizada, prosseguem
principalmente da juventude proletária que habita
as localidades mais miseráveis e é a maior vítima
do desemprego galopante. Ao todo, 650 pessoas Síria também as manifestações contra o desemprego e
as medidas fascistas do governo Berlusconi.
foram presas e dezenas de policiais ficaram feridos
em decorrência dos conflitos. Egito
Resistência Afegã
Ao contrário do que dizem os monopólios de
imprensa, de que os protestos no Egito se apazi-
guaram com a gerência “transitória” de uma junta
militar ligada ao imperialismo norte-americano, o
povo egipicio continua ocupando as ruas em gi-
gantescas manifestações contra a miseravel con-
Durante os últimos quatro meses mais de 100 dição de vida que lhe é imposta, e que não se alte-
mil pessoas se reunem nas ruas de Hama, toda rou com a mudança de governo.
sexta-feira, exigindo a queda do gerente Bashar
al-Assad. Tanques e veículos blindados sírios
No dia 12 de julho a resistência afegã justiçou o
ocuparam a cidade no dia 6 de agosto, depois de
irmão de Hamid Karzai, gerente-fantoche do USA
uma investida militar de uma semana de duração,
naquele país. A resistência considerou a ação uma
que resultou na morte de 300 civis. Desde março
das maiores vitórias desses 10 anos da guerra de
já foram mortos 1.600 civis no pais. Porém nem
libertação. Mais recentemente, no dia 6 de agosto,
toda truculencia do Estado tem sido capaz de in-
a resistência derrubou um helicóptero americano
timidar a luta do bravo povo sírio, que prossegue
na região oeste de Kabul, resultando na morte de
firme na luta pela libertação de seu país e constru-
31 soldados ianques.
ção de uma autêntica democracia popular.
6-
 Educação

“Novo” Plano Nacional de EducacAo?

Escolas sem as mínimas condições de fun-
cionamento, professores da educação básica em
greve por todo o país, absurdo crescimento de
Entenda algumas das
metas do “novo PNE”
cursos superiores à distancia, privatização des-
carada por meio de fundações que controlam a
estrutura física e os recursos humanos das prin-
cipais universidades públicas do país, greves de Meta 3: Universalizar, até 2016, o atendi- Meta 6: Oferecer educação em tempo integral
servidores federais em dezenas de faculdades e mento escolar para toda a população de 15 a em 50% das escolas públicas de educação bási-
institutos de ensino, dezenas de manifestações 17 anos e elevar, até 2020, a taxa líquida de ca.
estudantis por maiores investimentos em edu- matrículas no ensino médio para 85%, nesta
cação. faixa etária. Educação de tempo integral significa in-
É neste cenário conturbado que o governo vestimentos em infra-estrutura, como criação
apresenta o “novo” Plano Nacional de Educa- Inicialmente, tratando dos números apre- de mais espaços físicos com a construção de
ção 2011-2020. Mais uma vez, anunciando fa- sentados, vale ressaltar que esta meta de cres- anfiteatros, quadras poliesportivas, cantinas
bulosas metas de “crescimento” e “desenvol- cimento contradiz o percentual de retração e bibliotecas, realização de mais concursos
vimento” ao mesmo tempo em que impõe um nas matrículas para o ensino médio, ocorrido públicos, entre outras medidas. Perguntamos,
dos maiores, se não o maior, corte de verbas no período de 2000 a 2008, portanto, do ul- uma vez mais, como fazer tudo isto cortando
da história recente do país: 3,1 bilhões de reais timo PNE (crescimento negativo de -8,4%). verbas?
subtraídos da educação no inicio do mandato de Retração esta acentuada entre 2008 e 2009,
Dilma Rousseff somados à 2,34 bilhões retira- chegando a registrar decréscimo de – 3,2%
dos da educação no ultimo ano do mandato de somente para o período.
Luiz Inácio Lula da Silva. Já com relação ao total de matrículas no en-
sino médio, em 2008, apenas 48% pertenciam
A que se propoe o Plano à faixa etária de 15 a 17 anos, enquanto o go-
Nacional de Educacao? verno anuncia, junto ao corte de verba de 3,1
bilhões para a educação (somente em 2011),
um crescimento de 37% nas matrículas para
O Plano Nacional de Educação - PNE represen- este segmento. Vemos, portanto, a enorme
ta um conjunto de vinte metas a serem atingidas contradição existente entre as metas estipu-
até o ano de 2020. Tais metas seriam o resultado ladas e os investimentos correspondentes em
do esforço empreendido pelo governo e a “socie- estrutura física e recursos humanos.
dade civil organizada” tendo em vista a “demo-
cratização do acesso à educação” e a “qualidade
do ensino” oferecido pelas instituições públicas. Meta 9: Elevar a taxa de alfabetização da população com 15 anos ou mais para 93,5% até 2015 e
Entretanto, tais frases pomposas não resistem a erradicar, até 2020, o analfabetismo absoluto e reduzir em 50% a taxa de analfabetismo funcional.
uma análise mais atenta. Esta nos mostra que o Tal estimativa, ainda que tímida para um governo que diz representar os interesses do povo é, dentro
PNE, na verdade, não representa nada de novo, é dos atuais marcos, irrealizável. Para se chegar a tal conclusão, basta partir da trágica existência de
a continuidade do que já vem sendo feito há anos mais de 14 milhões de analfabetos totais e 29,5 milhões de analfabetos funcionais, que totalizam cerca
pelo governo petista, particularmente a partir do de um quarto da população brasileira. Como um governo que se propõe erradicar o analfabetismo, ao
lançamento do PDE - Plano para o Desenvolvi- invés de ampliar, restringe investimentos em educação?
mento da Educação em 2007. O que fica evidenciado pela realidade das escolas públicas e por inúmeros estudos é que o próprio
Apesar de toda a demagogia de que o PNE foi crescimento do analfabetismo funcional em nosso país está diretamente relacionado com a imple-
construído com a “participação popular”, através mentação de políticas educacionais de viés compensatório e assistencialista, voltados a cumprir me-
das “entidades representativas” e “movimentos tas emanadas da UNESCO através de programas como “Brasil Alfabetizado” privilegiando aspectos
sociais”, tal plano nada mais é do que a reedição quantitativos em detrimento dos qualitativos, no objetivo de falsificar a situação caótica do ensino no
do velho e permanente pacto estabelecido entre o país, com o único intuito de produzir estatísticas.
governo, entidades governistas (particularmen-
te a UNE – União Nacional dos Estudantes e a Evolução do Número de Ingressos, Matrículas e Concluintes na Educação a Distância - Brasil - 2002 - 2008
CNTE - Confederação Nacional dos Trabalha-
dores em Educação) e os monopólios do ensino,
por meio da Conferência Nacional de Educação.
Vale ressaltar, no entanto, que neste “pacto”
aquelas “ilustres” entidades chapa-branca figu-
ram apenas como coadjuvantes, uma vez que as
resoluções mais importantes já vêm definidas
desde os escritórios do Banco Mundial e dos tec-
nocratas a soldo do imperialismo, instalados nos
diferentes ministérios e cargos do governo.
Crescimento vertiginoso do ensnio à distância.

-7
 Continuação: Entenda algumas das metas do“novo PNE”
Meta 11: Duplicar as matrículas da educação Meta 12: Elevar a taxa bruta
profissional técnica de nível médio, assegurando de matrícula na educação supe-
a qualidade da oferta. rior para 50% e a taxa líquida
para 33% da população de 18 a
A oferta de educação profissional técnica de 24 anos, assegurando a quali-
nível médio permanece restrita e o gerencia- dade da oferta.
mento petista não foi, até o momento, capaz
de dar respostas minimante satisfatórias à de- Sobre tal meta, mais do que
manda de oferta do ensino médio integrado à questionar os patamares de
educação profissional. Predominam a oferta matrículas estabelecidos, é
do ensino médio na modalidade de educação necessário demonstrar o que
geral, oferecendo-se uma formação genérica e representa a “expansão” ou
superficial, sendo que quase 50% dos jovens e “democratização do acesso”
adultos das classes trabalhadoras estudam no ao ensino superior na pers-
noturno com elevados e crescentes números de pectiva do governo. O car-
Escola no sertão pernambucano em estado lastimável.
evasão e repetência. ro chefe de tal expansão é o
Com relação à “qualidade” de oferta, tome- Programa de Apoio a Planos
mos dois exemplos: por um lado, os altíssi- de Reestruturação e Expansão
mos índices de evasão do PROEJA - Programa das Universidades Federais
Nacional de Integração da Educação Profis- (Reuni), imposto por meio
sional com a Educação Básica na Modalida- do Decreto presidencial n.
de de Educação Jovens e Adultos (perto de 6.096/2007. Como a prática
50%) e, por outro, o impulso ao tecnicismo é o critério da verdade, cabe
operado através do PRONATEC pelo qual o perguntar: O que temos visto
gerenciamento Dilma transforma a estrutura nas universidades federais do
do Sistema S (SESI, SENAI, SESC e outros) país, após 4 anos da publi-
no principal ponto de apoio para a forma- cação do decreto? A enorme
ção técnica, em detrimento do ensino públi- ampliação de matrículas nas
co. Trata-se, além de verdadeira garantia de universidades já existentes e
mercado cativo aos tubarões do ensino (como a criação de novas universi-
ocorre com o PROUNI), de verba pública di- dades não foram acompanhadas do Meta 20: Ampliar progressivamente o investimento
retamente controlada pelas empresas privadas incremento dos recursos necessários. público em educação até atingir, no mínimo, o pata-
que não se dispõem sequer a rever seus currí- Resultado: faltam bibliotecas, labo- mar de 7% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.
culos de acordo com as demandas apresenta- ratórios, professores, restaurantes
das pelo Estado. Sem esquecer de uma outra universitários, moradias estudantis, É realmente emblemático que seja o governo do PT
conseqüência, esta talvez mais nefasta, qual recursos para bolsas de pesquisa e quem apresenta essa meta. Na época que fazia oposição
seja, a ampliação do controle dos monopólios iniciação cientifica, enfim, as condi- a FHC, e usava de larga demagogia para alimentar seu
do ensino sobre os recursos materiais e huma- ções mínimas para garantir o funcio- projeto eleitoral, denunciou as metas de investimento
nos ligados à produção tecnológica do país. namento de universidades públicas do PNE 2001-2010 e, agora, devidamente acomodados
alicerçadas no tripé do ensino, pes-
no Planalto, mantém os mesmos parcos investimentos
quisa e extensão.
em educação do governo anterior, do qual é mero conti-
Meta 16: Formar 50% dos professores da edu- nuador. Atualmente, os investimentos em educação não
cação básica em nível de pós-graduação lato e ultrapassam jamais os 5% do PIB.
stricto sensu, garantir a todos formação conti-
nuada em sua área de atuação.

A forma como esta meta é apresentada levanta

a suspeita sobre a maneira como se efetivaria a
referida formação de professores. Nada é falado
sobre financiamento ou investimento em estrutu-
ra, o que nos leva a crer que tal crescimento se
dará, novamente, pela iniciativa privada via mo-
dalidade de educação à distância. Não podemos
esquecer que, durante a vigência do último PNE
(2001-2010), com a implementação do programa
“Universidade Aberta do Brasil”, a educação à
distância não parou de crescer, focalizando justa-
mente a formação de professores através da oferta
paga de graduações em licenciatura. A Associação
Brasileira de Ensino a Distancia (Abed) estima que
a educação à distância crescerá 8% em 2011, en-
quanto estimativas mais realistas falam em 40%.
Como serão formados estes professores? Não es-
taríamos lidando com mais um clássico exemplo
de lobby do setor privado junto ao governo?
Defender com unhas e dentes o ensino publico,
gratuito a servico do povo!
O PNE não traz nada de novo. A luta por re-
formas democráticas no sistema de ensino brasi-
leiro não pode se pautar em função de acordos e
o estabelecimentos de “metas consensuais” entre
governo e “movimentos sociais” amestrados. Pelo
contrário, passa, necessariamente, pelo desmasca-
ramento do oportunismo através da luta concreta
do dia a dia, em cada escola e universidade, e pela
ruptura com a estrutura arcaica de país dominado
pelo imperialismo, freio maior para o desenvol-
vimento em larga escala da produção científica e
cultural em nossa Nação.
Podemos e devemos lutar por melhorias ime-
diatas da qualidade do ensino, porém sem esque-
cer um minuto sequer que isso não se conquistará
em negociações de gabinete com os representantes
das novas e velhas oligarquias de nosso país, mas
sim com muitos enfrentamentos e mobilizações,
como as que protagonizam agora os estudantes
chilenos. E, principalmente, não poderemos es-
quecer que essas pequenas conquistas arrancadas
estarão sempre ameaçadas enquanto o jugo do
imperialismo, da grande burguesia e do latifúndio
permanecer oprimindo nosso povo.
Segundo as palavras do grande antropólogo e
educador Darcy Ribeiro: “só há duas opções nesta
vida: se resignar ou se indignar. E eu não vou me
resignar nunca”.

8-
 Luta pela terra
Novo Código Florestal e assassinatos dão
o tom da política agrária do velho Estado:
Segundo Nota Pública divulgada pela CPT, de 1985 a 2010 foram assassinadas 1580 pessoas em decor-
rência da luta pela terra. Destas, somente 91 foram a julgamento com a condenação de apenas 21 man-
dantes e 73 executores. E embora a perseguição e assassinato de ativistas camponeses sejam fatos co-
muns a todo território brasileiro, 65% dos chamados “conflitos agrários” ocorrem na Amazônia Legal.
Em 2010 foram reconhecidos 34 assassinatos no campo, dos quais 21 ocorreram somente nesta região.
Não pode haver melhor prova do caráter de
classe burguês latifundiário do velho Estado bra-
sileiro do que o fato da maior e mais organizada
bancada do Congresso Nacional ser exatamente
a Bancada Ruralista, que tem sua força estimada
em nada mais nada menos que 200 senadores e
deputados. Do que também se conclui que dessa
democracia farsante e do velho Estado brasileiro
não sairá uma só medida que beneficie a massa
camponesa.
O discurso de que o Novo Código “harmoniza
os interesses de grandes e pequenos produtores” é
uma verdadeira falácia, a velha cantilena burgue-
sa de igualdade entre explorados e exploradores.
A anistia para predadores e grileiros beneficiará,
claro, os grandes proprietários, afinal são eles
os que desmatam em grande escala, e com eles
que está, e sempre esteve, o aparato judiciário e
policial. Portanto, seguirão fazendo o que nunca
deixaram de praticar, agora com arcabouço legal
para isso.
Pelo Código aprovado, os municípios e Esta-
dos estão autorizados a legislar sobre o uso e con-
cessão do solo em Áreas de Proteção Permanente
(APP’s). E o que são as prefeituras nos municípios
rurais do Brasil, senão reduto seguro do latifúndio
e oligarquias locais e regionais? Portanto, na mão
dessas oligarquias foi colocado o poder decisório
sobre essa questão. Além disso, do ponto de vista
científico, é extremamente grosseiro que Estados
e municípios possam legislar sobre essa matéria,
pelo simples fato de que os biomas e áreas de pre-
servação não podem reconhecer as fronteiras geo-
gráficas estabelecidas pelos seres humanos.
Ainda, soa como grande piada o governo Dil-
ma ameaçar com veto as alterações feitas ao Có-
digo. Ora, não foi o governo do PT que, em 2006,
sancionou a lei 11.284, que prevê o aluguel (leia-
se: desnacionalização) de 13 milhões de hectares
da floresta amazônica, apenas nos primeiros dez
anos, a fim de “exploração de madeiras e outras
atividades econômicas”? Não foi o governo do PT
que legalizou a grilagem de terras na Amazônia
Legal, regularizando as propriedades de até 1500
hectares (MP 422, reforçada e reafirmada pela MP
458)? Esses são fatos incontestáveis, que alimen-
tam e fortalecem o latifúndio, aumentam a grila-
Mortes no campo (1999-2010)
gem e a concentração de terras, e es-
tão na raiz portanto da elevação do
número de mortes de camponeses
na região amazônica. Tanto é assim
que representantes notórios do lati-
fúndio em nosso país, como Kátia
Abreu e Jader Barbalho, compõe a
“base governista” no Congresso.
Sobre o que diz o mais novo ex-
poente da bancada ruralista, o mega
revisionista Aldo Rebelo, de que
seu relatório é “nacionalista”, basta
olhar quem são os maiores financia-
dores de sua campanha, para chegar
a explicações mais realistas. Rebelo
recebeu, só de cooperativas de produtores de café, transnacional do setor de alimentos e fertilizantes.
cana e laranja, R$ 130 mil. O comitê financeiro de Nesse caso, novamente, temos a comprovação do
São Paulo do PC do B, estado por onde se elegeu velho ditado que diz: “quem paga a banda pede a
Rebelo, recebeu R$ 70 mil da Bunge, monopólio música”.
Defender a posse pelos camponeses
da Fazenda Santa Elina!
No mês de Julho de 2010, o Comitê
de Defesa das Vítimas de Santa Elina
(DODEVISE), apoiado pela Liga dos
Camponeses Pobres de Rondônia e
Amazônia Ocidental, organizou a re-
tomada da Fazenda Santa Elina pelas
famílias camponesas, às vésperas de
se completarem 15 anos da heróica
Batalha de Corumbiara.
Desde a retomada da terra pelos
camponeses, o Estado, juntamente
com os oportunistas da Fetagro (Fe-
deração dos Trabalhadores na Agri- Manifestação celebra os 16 anos da heróica resistência de Corumbiara, em RO.
cultura de Rondônia) vem procurando de todas as formas criminalizar e desmobilizar a luta. A mais recente
manobra foi o anúncio pelo INCRA da desapropriação da fazenda, desconsiderando, entretanto, a existência
dos lotes e da produção que já existem na área, feitos pelos próprios camponeses sem a ajuda de nenhum órgão
do governo. Em comunicado conjunto, publicado na página resistência camponesa, a LCP e o CODEVISE
afirmam que “estamos dispostos a lutar para que todos os esforços das vítimas de Santa Elina, não seja usado
mais uma vez para fins oportunistas e eleitoreiros de quem quer que seja.  As famílias que há mais de um ano
tomaram legitimamente posse de suas terras exigem o reconhecimento de seu direito de ter terra para trabalhar
e sustentar sua família exigem que o corte realizado pelos camponeses seja respeitado e estão dispostas a per-
manecer nessas terras custe o que custar”.
-9
 Cultura
Entrevista com o grupo Facção Central:

“Tem que ser a revolução. A gente tem

que tomar o que é nosso por direito!”
É com muita satisfação que o Movimento Estudantil Popular Revolu-
cionário reproduz no seu órgão informativo a entrevista do grupo Facção
Central. O “Facção” é atualmente um exemplo de como usar a arte a favor
do povo, fazendo em suas letras denúncias sobre a condição de vida em
que vive o povo pobre das periferias de nossas cidades, utilizando a música
como arma na luta de classes à serviço dos trabalhadores.
O Facção Central surgiu na periferia de São Paulo, em 1989. Eduardo e
Dum Dum são os integrantes fundadores que ainda o mantém. O grupo ficou
muito conhecido quando o vídeo clipe da música “Isso Aqui é uma Guerra”
foi censurado, pois a “justiça” considerou que o relato de vida do grupo era
“muito agressivo”, “cruel” e uma “apologia ao crime”.
As letras do “Facção”, ao abordarem o tema da “violência urbana”, são
muito contundentes ao afirmar que tal mazela social é criada pelo sistema
capitalista, que explora e escraviza milhões de trabalhadores, os margina-
liza, embrutece, adoece e assassina. E ainda se aproveita do verdadeiro
terror que acomete principalmente a pequena burguesia para justificar a bru-
tal repressão contra os mais pobres. Diferentemente das “estrelas da músi-
ca” fabricadas pelas grandes gravadoras, que reproduzem em suas letras a
completa alienação e culto a um estilo de vida degenerado, em suas letras 3)Monopólios de imprensa que são em grande parte financiados
o Facção Central busca relatar a vida dura da favela, a violência policial, e pelo Estado...
conclamar o povo a resistir. Mas o Estado precisa de quê? Ele precisa do povo na favela, quieto, ele
Se a realidade do povo é de repressão, analfabetismo, violência. Facção precisa da mão-de-obra, entendeu? Então ele olha pro povo; é a mão-de-
canta repressão, analfabetismo, violência. Pretender censurar suas letras, obra da empresa dele, é o cara que vai votar, que vai eleger as pessoas
sob pretexto de que são “muito agressivas”, é apenas tentativa de esconder a que ele indica. E é isso, o povo é a massa de manobra, entendeu? Tanto é
realidade, quando ao povo interessa conhecê-la para transforma-la. que, se você ver, a gente é a maioria e não é a maioria em nenhum setor. A
gente não tem as empresas, nós não dominamos a política, nós não domi-
1) Quais as dificuldades que o Facção enfrenta por ser uma banda namos os meios de comunicação, mas nós somos a maioria nas favelas.
independente?
Eu vou falar a verdade pra você, o Facção Central dentro daquilo que 4)Sempre em suas músicas, o Facção aborda a questão da violência
almejou é muito bem difundido, entendeu? A gente tem aquilo que jamais do Estado, particularmente a violência policial. Você poderia comen-
esperou. Eu vou falar pra você, que quando eu comecei a cantar meu tar um pouco sobre isso?
sonho era ver 4 ou 5 manos reproduzindo aquilo que eu pensava e nada A polícia é o braço armado da burguesia. Como eu te falei, a burguesia
mais. Então eu recebi muito mais do que eu imaginava. Mas, como toda precisa que a massa de manobra seja subserviente, ela tem que estar ali
banda, tem as dificuldades de chegar nos meios de comunicação, que de- comportada. E você precisa da força bruta, você precisa de uma força
veriam ser nossos, que deveriam ser usado por nós que representamos a oficial que faça as pessoas seguirem as leis que geram a injustiça. Você
massa. O playboy não quer um cara que tá ali falando que o sistema ta tem a concentração de renda, aquele que se beneficia disso quer que ela
manipulando, que o sistema tá te transformando numa marionete, enten- permaneça assim. Então você precisa que o prejudicado fique de lado,
deu? É isso. que o prejudicado assista, dê risada e não tente se insurgir contra a or-
dem estabelecida.
2)O que o Eduardo pensa sobre a cooptação que a mídia faz sobre
o rap e principalmente sobre a influencia do rap americano, que é 5)Inclusive o Facção teve um clipe censurado...
aquela questão da corrente de ouro, mulher pelada, esbanjar dinheiro, Então, a censura do clipe se deu na verdade pelo oportunismo de um
e tudo mais? promotor, na época., entendeu? Queria aparecer, na minha visão. E de
É o que você falou, o rap tem a função de critica social. Quem mono- repente ele pensou “ah, vou proibir ali”. Devia enxergar o rap como todo
poliza o poder? Os grandes empresários do setor privado, a mídia. Então playboy enxerga, de uma forma marginalizada. Achou que poderia cen-
pra você manipular você precisa dos portais de comunicação. Então um surar, fazer o que quisesse, que não ia ter nenhuma repercussão. E bem
rap no estilo do Facção Central é corrosivo, porque ele entra nesse sis- ao contrario disso, né? Então quando ele tentou silenciar o grupo ele
tema e ele acaba interrompendo a engrenagem. Então a mídia jamais vai entendeu que tava tentando, de repente, minar a liberdade de expressão
abrir a porta. Esse é até um dos motivos que o Facção nunca colou. Não de todo um movimento de pessoas da periferia e tal. Então ele viu que
que nós sejamos contra a mídia, eu sou contra aquilo que se adapta pra era bem mais complexo, bem mais grandioso do que apenas uma banda
estar dentro da mídia. E é mais ou menos isso, a mídia jamais vai deixar de rap.
de exercer o papel dela com a manipulação. Você precisa que o povo seja
o quê? Um votante, um consumidor, tá ligado? É isso, tem que ser uma 6) O Facção ainda sofre alguma represália hoje em dia?
marionete. Ah, meu, você sempre sofre, na policia, na hora que você é enqua-
drado, mas faz parte, né? Faz parte do jogo. Você sabe com quem você
10 -
ta lidando, entendeu? É isso que eu tô falando, tem uma concentração de
renda, tem pessoas que se beneficiam e justamente no país do carnaval, da
alegria, você quer remar contra essa maré... Você quer ser uma contraver-
são da história. Você quer falar pro negro que ‘mano, você não é livre’, O povo enfren-
entendeu? Você saiu da senzala e foi para a favela. Quando você para e tado a truculên-
analisa o escravo tinha até mais que o homem negro livre de hoje. Tinha o cia policial na
teto, claro, de uma maneira rudimentar, mas ele tinha. Você vive em guerra, favela.
nós vivemos em guerra, entendeu? A liberdade de expressão permite que
a gente fale entre nós, mas que a gente não se manifeste. Se a gente tentar
usufruir qualquer direito constitucional nosso, uma força repressiva vem e
arrebenta. Então é isso, mano.

7) Na música “Minha voz está no ar” o grupo comenta que não tem
partido, não cola adesivo e tal. Qual a opinião do Eduardo a respeito das
eleições? Você acha que muda alguma coisa na vida do povo?
Claro que não. Você apenas tem ali 4 ou 5 playboys, eles te dão o “direi-
to” de você escolher entre um deles pra por no poder. Porque não adianta,
o acadêmico pode estudar, ele pode ler a respeito, mas só vai estudar a ple-
nitude da favela quem vive nela. Não tem jeito.
8) Pra finalizar, na música “Discurso ou revolver” vocês, abertamen-
te, defendem o caminho da revolução. Seria esse mesmo o caminho?
Claro. Acredito! Tem que ser a revolução. A gente tem que tomar o que é
nosso por direito. Enquanto a gente ficar dentro de uma letargia, enquanto
a gente ficar ali prostrado, batendo palma e achando que aquilo é um go-
verno do povo, dando ajuda pra gente, a gente nunca vai acordar. Quando
na verdade a gente deve entender que esmola, que assistencialismo, é 1%
daquilo que um governo deveria estar cedendo ao povo, entendeu? Que
enquanto eles dão 40 reais, 50, 60, não vem habitação, não vem educação,
não vem o transporte, não vem a saúde. Então a gente não pode se deixar
iludir e subordinar por pouca coisa, mano. Aquele que dá um cartão com
uma renda mensal de assistencialismo é o mesmo que tá roubando todos os
nossos direitos previstos na Constituição.
9) Tem um ultimo recado pra dar aí, Eduardo?
Mano, o recado é isso. Paz, só que, mano, é a paz atenta, questionan-
do, perguntando, debatendo, entendeu? Nunca acreditando no opressor. O
opressor tem motivos de sobra pra querer te iludir, entendeu? Quanto mais
você tá ali “emburrecido”, quanto mais você tá ali alienado, quanto mais
você ta ali moscando, mais ele tá lucrando, mais ele tá crescendo e você tá
regredindo. E é isso, essa é a regra do jogo.
Trechos de Músicas:
“A igualdade social é só em conto de fadas,
Felicidade é só em Sonho, só em mágica.
Acredito na palavra ou na metralhadora,
Revolução verbal ou aterrorizadora.
Vamos queimar constituição com coquetel molotov,
carro bomba no congresso, tic tac explode.”
(Discurso ou Revólver – A Marcha Fúnebre Prossegue)
“Exilaram na favela o cidadão na teoria,
Oprimido, censurado no país da democracia.
Te dão crack, fuzil, cachaça no buteco
Esse é o campo de concentração moderno.
Hitler, FHC, capitão do mato,
Bacharelo em carnificina, mestrado em holocausto,
Chega de bater palma tomando tiro, facada,
De prato vazio, vendo o boy suar na sauna
O sistema te quer no viaduto com água na boca
Com a garrafa cortada na mão esperando a
Kombi trazer sopa.
No chiqueiro do navio negreiro
Consertar na porta,
Morto pelo senhor do engenho com farda e pistola,
Que só em cabeça de pobre descarrega sua munição,
Discurso ou revólver
Ta na hora da revolução.”
(Discurso ou Revólver – A Marcha Fúnebre Prossegue)

“Meu verso defende quem não pode se defender

O grupo Facção
Central canta a re- Que tá do lado de quem assalta pro filho comer
volta do povo e sua Não aceno bandeira não colo adesivo
sede por justiça.
Não tenho partido, odeio político
A única campanha que eu faço é pelo ensino
E pro meu povo se manter vivo”
(A Boca só se Cala Quando o Tiro Acerta)

“A tortura é só um método usado,

Para investigar ,reprimir, no sistema carcerário.
O choque no saco que te faz tremer,
Faz parte do currículo de quem não tem o que comer,
Também algema sem flagrante,
Cuspe na cara,civil pisando no pescoço
Querendo granada
Você treinou sua polícia para ser minha inimiga,
Para servir e proteger só a cadela rica.”
(Justiça Com as Próprias Mãos)
- 11
 Heróis do Movimento Estudantil
Luíza Augusta Garlippe,
combatente da Revolução!
Luiza Augusta Garlippe nasceu no dia 16 de
setembro de 1941, em Araraquara, no interior de
São Paulo, filha de Durvalina Santommo Garlippe
e Armando Garlippe. Sempre prestativa e atencio-
sa, desde cedo mostrava-se preocupada com a si-
tuação do nosso povo.
Luiza estudou no Instituto de Educação Bento
de Abreu (IEBA), e depois passou a morar em São
Paulo, capital, onde fez o curso de Enfermagem
na USP, formando-se em 1964. Trabalhou no Hos-
pital das Clínicas de São Paulo, e já militante do
PCdoB (Partido Comunista do Brasil), atuava no
seu local de trabalho, participando da Associação
dos Funcionários do Hospital das Clínicas e orga-
nizando os colegas para lutar pelos seus direitos.
Enquanto trabalhou no Hospital das Clínicas,
chegou a ser enfermeira-chefe do Departamento
de Doenças Tropicais e viajou pelo Brasil, passan-
do por estados como Acre e Amapá, conhecendo a
realidade das massas que sofriam e ainda sofrem
com doenças como a malária e leishmaniose, re-
sultado do atraso e do caráter reacionário do Es-
tado brasileiro, que mantém extensas parcelas do
nosso povo sem as mínimas condições para viver
com dignidade. Na época Luiza já possuía cons-
ciência de classe, que se reforçou ainda mais com
essa experiência pessoal.
Durante esse período de intenso trabalho em
São Paulo, conheceu o seu companheiro Pedro
Alexandrino de Oliveira, que também era militan-
te do PCdoB, e com quem partiu na clandestinida-
de para a região do Araguaia, no sul do Pará.
Nessa região, o Partido Comunista do Brasil,
armado com a ideologia científica do proletariado
e com a decisão de libertar o povo brasileiro da
dominação imperialista e do regime militar fascis-
ta que a sustentava, deflagrou a gloriosa Guerrilha
do Araguaia. Para lá foram enviados dezenas de
jovens revolucionários que deram suas vidas pela
construção de uma nova sociedade, deixando para
as novas gerações indelével exemplo de abnega-
ção e heroísmo. E também inúmeras lições tiradas
da experiência, como a de que não é possível as-
segurar a vitória sem uma sólida ligação com as
massas pobres do campo e da cidade.
Luiza, chegando à região do Araguaia, foi des-
locada para a área do Rio Gameleira. Lá, foi par-
teira e desenvolveu um trabalho de saúde com os
camponeses, passando a viver e trabalhar com
eles. Era conhecida pelos trabalhadores da região
e por seus companheiros como “Tuca”.
Com a deflagração da luta armada revolucio-
nária, combateu no Destacamento B das Forças
Guerrilheiras do Araguaia, comandado por “Os-
valdão”. Era a responsável pelo serviço de saúde
do seu destacamento, o que evidentemente, dadas
12 -
as circunstâncias, não era fácil e exigia grande ca-
pacidade e abnegação. Dava assistência aos seus
companheiros e às massas, realizando desde cura-
tivos, tratamento de malária, até cirurgias. Em
setembro de 1972, quando os guerrilheiros per-
deram em combate João Carlos Haas Sobrinho,
o “Juca”, que era o responsável de todo o serviço
médico, foi Tuca quem assumiu o seu lugar.
Luiza Augusta Garlippe foi assassinada pelo
exército reacionário, e permanece como muitos
outros desaparecida. Por isso não se sabe com
certeza a data e circunstância de sua queda em
combate.
No “Relatório sobre a Luta no Araguaia”, de
Ângelo Arroyo, este descreve o seguinte, sobre
um combate do dia 25 de dezembro de 1973:
“Osvaldo informou o seguinte: que o grosso
da força havia acampado dia 24, mas percebeu
que estava perto da estrada. Dia 25, pela manhã,
afastaram-se para uns cem metros de onde se
achavam, designando alguns companheiros para
limpar (camuflar) o local em que estiveram. Os Curió, em uma de suas infames entrevistas aonde
membros da CM e sua guarda ficaram num ponto relata as circunstâncias em que prendeu e assassi-
mais alto do terreno, e os demais ficaram na parte nou vários guerrilheiros, cita Tuca como uma das
de baixo . Na hora do tiroteio havia 15 companhei- combatentes capturadas por sua equipe.
ros no acampamento: Mário [Maurício Grabois], O que sabemos, e esse é o mais importante, é
Paulo, Pedro, Joca, Tuca, Dina (com febre), Luís que essa valorosa enfermeira, combatente e heroí-
(com febre), na parte alta; embaixo: Zeca, Louri- na brasileira tombou lutando ao lado do povo, pela
val, Doca e Raul (estavam ralando coco babaçu Revolução e transformação completa da nossa so-
para comer). Lia e Lauro faziam guarda. Osvaldo ciedade. Das mãos de jovens como ela pegamos
e Batista realizavam a camuflagem." as invencíveis bandeiras vermelhas e agarramos
Entretanto, relatórios das Forças Armadas afir- essa grandiosa tarefa, da história escrita por sua
mam que Tuca teria tombado em 1974. O tortu- brava geração tiramos lições e ensinamentos, para
rador e assassino major do Exército Sebastião podermos chegar ainda mais longe.
Governo oportunista de Evo Morales prende e
extradita refugiados políticos peruanos
No dia 01 de Agosto, na cidade de El Alto, (Conare) foi realizada para cassar o direito de
uma operação comandada pelo governo de Evo refugiado de José Antonio Cantoral Benavides.
Morales e executada por suas forças especiais para logo envia-lo de volta ao velho e assassino
de repressão prendeu os ativistas do Centro de Estado Peruano. Com essa atitude Morales reve-
Estudos Populares (CEP) Hugo Wálter Minaya la a verdadeira essência de seu governo oportu-
Romero, Williams Antonio Minaya Romero, nista e dos demais “socialistas do século XXI”
Blanca Riveros Alarcón e José Antonio Can- tais como Rafael Corrêa e Hugo Chavez, este
toral Benavides após invasão do escritório do último que tem sistematicamente sequestrado e
Centro de Capacitação Isaac Newton da Uni- entregue para o governo fascista colombiano ati-
versidade de El Alto. A repressão destruíu o lo- vistas acusados de pertencerem às FARC.
cal e apreendeu panfletos que falavam contra o Nós do Movimento Estudantil Popular Revo-
gasolinazo (a elevação do preço da gasolina em lucionário não aceitamos esse absurdo calados e
80% que levou a protestos populares massivos) nos juntamos às várias organizações democrá-
e as transnacionais na Bolívia. ticas e revolucionárias do mundo que exigem
Quase imediatamente três dos ativistas foram a libertação imediata dos ativistas do CEP e o
extraditados para o Peru e uma reunião de emer- asseguramento de seus direitos como refugiados
gência da Comissão Nacional de Refugiados políticos.