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Capítulo 3

A teoria genética da aprendizagem -


Jean Piaget
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Teorias da Aprendizagem

Objetivos
•• Compreender a proposta de Piaget para a aprendizagem
•• Entender os conceitos básicos da Teoria Piagetiana
•• Aplicar a teoria à proposta educativa no ensino de adultos.

Apresentação do capítulo
Esse capítulo trata da teoria cognitiva da aprendizagem. Sua importância para
o ensino se dá pelo processo de construção de esquemas mentais a serem
levados em conta pelo professor. A qualidade da aprendizagem passa pelo
entendimento de que o desenvolvimento deve preceder a aprendizagem, ou
seja, o ensino não deve se adiantar ao desenvolvimento. Isto exige do edu-
cador um conhecimento da estrutura cognitiva do aluno. Cabe ao educador
promover situações desafiadoras que mobilizem a ação do sujeito.

Mapa conceitual do capítulo

Aprendizagem

Maturação Experiência física Interação social Equilibração

Assimilação Acomodação

Construção de novos
esquemas mentais

Introdução
Na concepção Piagetiana, a aprendizagem está diretamente ligada às constru-
ções de esquemas mentais e, dessa forma, esse processo dependeria de uma
interação entre o sujeito e o objeto de conhecimento. Piaget conceitua a apren-
dizagem como uma “modificação duradoura (equilibrada) do comportamento,
em função das aquisições devidas à experiência” (PIAGET, 1994, p. 89).
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Parente, F. A. C; Pinto, G. A. T; Camelo, Z. M. C.

Piaget era biólogo de formação. Inicialmente estudava o processo


adaptativo de moluscos, tendo como suporte conceitual a teoria evolucionista
de Charles Darwin. A pergunta de pesquisa que deu origem à sua construção
teórica foi: Como se constrói o conhecimento? Ou seja, como pode o ser hu-
mano nascer apenas com esquemas mentais reflexos, puramente biológicos
e evoluir para um pensamento hipotético-dedutivo, tão desprendido do real?
7
Origem ontogenética:
Posteriormente enveredou seus estudos na Epistemologia Genética,
Origem e desenvolvimento
de um organismo desde o nome dado à sua teoria que procura responder a esse questionamento, atra-
embrião. vés da análise da origem ontogenética7 do conhecimento. A figura 1 abaixo
conceitua a teoria explicitando-a.

Figura 1: Conceituação de Epistemologia Genética. Elaboração própria.

A Epistemologia Genética é vista como uma teoria interacionista por dar


ênfase na construção do conhecimento através da interação entre sujeito e
objeto. Nessa perspectiva, o conhecimento não está nem no sujeito, tal como
as teorias inatistas sugerem, nem no objeto, tal como as teorias ambientalistas
propõem, mas na relação entre ambos.

1 Fatores importantes para o desenvolvimento


Piaget levanta quatro fatores importantes para que o desenvolvimento acon-
teça, são eles: a maturação, a experiência física, a interação social e a equi-
libração. A maturação é biológica e depende da herança genética do sujeito.
Mesmo assim “nunca se observou uma conduta devida a maturação pura,
sem elementos de exercício, nem uma ação do meio que não vá se inserir nas
estruturas internas” (PIAGET, 1994, p. 89).
Em sua teoria a aprendizagem constitui apenas um dos aspectos do de-
senvolvimento. Nesse sentido, o desenvolvimento deve se antecipar ao aprendi-
zado, uma vez que é preciso uma estrutura mental anterior para que os elementos
externos sejam apreendidos, não há como ensinar uma criança a andar se a
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Teorias da Aprendizagem

mesma não desenvolveu a musculatura, se ainda não tem coordenação motora.


A experiência física está ligada ao conhecimento do mundo físico que
está ao seu redor. Conhecer superfícies ásperas e rugosas, quente e frio, dentre
outros conhecimentos que apenas o contato com o mundo físico pode oferecer.
A interação social está ligada aos conhecimentos sociais como a lín-
gua, os conhecimentos escolares. Em Piaget, o social não tem a conotação
histórico-cultural dada por Vygotsky, explicitado no próximo capítulo. 8
Homeostase é a capacidade
A equilibração é o fator melhor estudado por Piaget. Estamos sempre bus- do organismo de apresentar
cando um equilíbrio cognitivo, uma homeostase8. O tempo todo o mundo oferece uma situação físico-química
característica e constante,
situações nas quais nossos esquemas mentais não dão conta de sua integralida-
dentro de determinados
de. Neste momento, o desequilíbrio cognitivo é gerado. E como recuperamos nos- limites, mesmo diante de
so equilíbrio? Precisamos internalizar os elementos novos apresentados por essa alterações impostas pelo
situação, tal como os mesmos se apresentam (assimilação), após isso começa- meio ambiente.
Para conservar constante
mos um processo de transformação de esquemas mentais de forma a incorpo-
as condições da vida, o
rar os elementos novos à nossa estrutura já existente (acomodação). O resultado organismo mobiliza os mais
disso é a formação de esquemas mentais maiores e melhores que os anteriores. diversos sistemas, como
o sistema nervoso central,
A equilibração, motor do desenvolvimento e da aprendizagem, deve
o endócrino, o excretor, o
ser o centro da proposta educativa. Cabe ao professor propor situações que circulatório, o respiratório etc.
provoquem conflitos cognitivos necessários que mobilizem o sujeito a buscar Em 1859 o fisiologista francês
um novo equilíbrio e, com isso, alcançar o patamar da homeostase, o que Claude Bernard disse que
todos os mecanismos vitais,
significa que concluiu o processo de aprendizagem.
por mais variados que
Piaget vai mostrar que desde o nascimento a necessidade de alimentação, sejam, não têm outro objetivo
por exemplo, provoca um desequilíbrio que deve ser superado. Nesse sentido, o além da manutenção da
estabilidade das condições
desenvolvimento psíquico orienta-se sempre para o equilíbrio, para homeostase.
do meio interno. Em 1929,
A ação pedagógica não pode ser analisada somente sob o ponto de W. B. Cannon chamou essa
estabilidade de homeostase
vista instrumental, sem ver os envolvimentos do sujeito – professor – e
(do grego homoios -"o
as consequências que tem para sua subjetividade que intervirá e se mesmo" e stasis -"parada").
expressará em ações seguintes (SACRISTÁN, 1999). Ele não se referia a uma
situação estática, mas a algo
A equilibração, motor do desenvolvimento e da aprendizagem, deve ser que varia dentro de limites
o centro da proposta educativa. Cabe ao professor propor situações que pro- precisos e ajustados. Esses
voquem conflitos cognitivos necessários que mobilizem o sujeito a buscar um limites de variação e os
mecanismos de regulação
novo equilíbrio e, com isso, alcançar o patamar da homeostase, o que signifi- constituem boa parte do
ca que concluiu o processo de aprendizagem. estudo da Fisiologia.
Piaget não estava preocupado, ao menos inicialmente, com a educação Fonte:
http://www.significados.com.
ou mesmo com o desenvolvimento dos sujeitos. É interessante perceber o quanto
br/homeostase/
a teoria Piagetiana foi transformada. Hoje a maioria das pessoas refere-se à ela
como “a teoria construtivista” (ou interacionista) de Jean Piaget. Temos nos per-
guntado se podemos fazer esse tipo de afirmação ou se essa teoria é apenas o
desdobramento da sua verdadeira proposta “A epistemologia genética”.
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Parente, F. A. C; Pinto, G. A. T; Camelo, Z. M. C.

O objetivo primeiro de Piaget era estabelecer uma relação entre a


biologia e a epistemologia. A tentativa de ligar essas duas ciências foi o que
levou Piaget a enveredar no campo da Psicologia onde sua teoria foi desen-
volvida. Para ele, “no desenvolvimento da criança, o biológico e o social são
concebidos como duas forças externas que agem mecanicamente uma sobre
a outra” (VYGOTSKY, 2000, p. 81).
Apesar disso, em Piaget “as práticas educativas não tomam parte fun-
9
O Instituto Jean-Jacques
damental ou determinante no desenvolvimento cognitivo. Isso quer dizer,
Rousseau é uma escola
de ciências da educação porém, que não lhes foi concedida um certo papel ou uma certa influência”
fundada em Genebra no (SALVADOR et al., 1999, p. 94). Ele só escreve dois livros falando direta-
ano de 1912 por Édouard mente sobre educação “Psicologia e Pedagogia” (1970) e “Para onde vai a
Claparède e, na sua
Educação” (1973). Vale ressaltar que esses livros foram quase que uma exi-
ideia original, tem por
objetivo contribuir para a gência pelo cargo que ele ocupava no Instituto Jean Jacques Rousseau9.
formação de educadores As pesquisas de Piaget tinham como questão central: Como se constrói
e para a difusão de novas
o conhecimento? Ele passou sua vida tentando construir uma base teórica que
pedagogias, baseadas no
conhecimento científico da permitisse fazer-nos entender como ampliamos nossos esquemas mentais, ou
criança. seja, como deixamos de agir apenas pelo reflexo e passamos a fazer uso de um
Rousseau foi escolhido pensamento lógico.
como patrono do
Instituto por sua defesa Piaget fala sobre um sujeito epistêmico, do conhecimento que, por sua vez,
da necessidade de se era universal. Ele entendia que a evolução histórica das ideias foi se dando através
conhecer a criança para do estudo dessa evolução no ser humano, desde o nascimento até a adolescência.
melhor educá-la.
Apesar de Piaget ter estudado um sujeito epistêmico, sujeito do conhe-
cimento ele entendia que havia um estreito paralelismo entre o desenvolvi-
mento da afetividade e o das funções intelectuais, já que esses dois aspectos
são indissociáveis na própria ação. Nunca há ação puramente intelectual, as-
sim como também não há atos puramente afetivos.
É a afetividade que nos oferece as motivações e o dinamismo energé-
tico necessários para a busca de novos conhecimentos e de ampliação de
nossos esquemas mentais.
Para Piaget o desenvolvimento deve anteceder a aprendizagem. E
a aprendizagem está diretamente ligada à construção de novos esquemas
mentais e é motivado por um desequilíbrio cognitivo provocado pelo meio que
interfere na adaptação do sujeito.
E como ele define adaptação? Através de dois outros processos, o de
assimilação e o de acomodação. A assimilação é a integração dos dados a
uma estrutura anterior, ou mesmo a composição de uma nova estrutura sob a
forma rudimentar de um esquema (PIAGET, 1994).
A assimilação seria o processo de incorporação do conhecimento tal
como o mesmo se apresenta. Enquanto a acomodação seria o processo de
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Teorias da Aprendizagem

transformação desse elemento externo aos esquemas previamente já cons-


truídos pelo sujeito, originando um esquema novo, melhor e mais amplo.
A Coordenação de ações permite que o sujeito supere a interdependên-
cia imediata entre uma coisa exterior e o próprio corpo e atribuir aos objetos
posições sucessivas que são, elas próprias, determinadas.
Em suma, a coordenação das ações do sujeito, inseparável das coor-
denações espaço-temporais e causais que ele atribui ao real, é origem tanto
das diferenciações entre esse sujeito e os objetos quanto dessa descentração
no plano dos atos materiais que tornará possível, com o concurso da função
semiótica, o advento da representação ou do pensamento.
A acomodação é outro processo que, juntamente, com a assimilação
permite a construção de esquemas mentais sempre mais amplos que os an-
teriores. Para Piaget (1994), acomodar é “reajustar estas últimas (estruturas)
em função das transformações ocorridas, ou seja, “acomodá-las” aos objetos
externos” (p. 17).
A aprendizagem se dá através da busca de equilíbrio entre esses dois
processos: assimilação e acomodação. No qual o primeiro incorpora o elemento
novo assim como o mesmo se apresenta a fim de, no processo seguinte, incor-
porá-lo aos esquemas mentais já existentes, ampliando-os e estabelecendo um
novo equilíbrio maior e melhor (equilibração majorante). Veja na figura 2 abaixo:

Assimilação

Acomodação

Figura 2: Representação dos esquemas mentais de Piaget.


Fonte: http://www.notapositiva.com/pt/trbestbs/psicologia/piaget_d.htm
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Parente, F. A. C; Pinto, G. A. T; Camelo, Z. M. C.

Para que possamos pensar no processo de aprendizagem é preciso


percorrer os estágios do desenvolvimento, de forma a entender a evolução
de seus processos mentais ao longo da vida. Como você veio, aos poucos,
deixando de fazer uso de esquemas reflexos para estar fazendo uso, agora,
de esquemas lógicos que o permitem acompanhar e entender esse texto.

2. Estágios de desenvolvimento
O primeiro estágio é o sensório-motor que é caracterizado por uma inteligência
prática e no decorrer dela são desenvolvidas quatro principais noções: espaço,
causalidade, permanência de objeto e tempo. Este período tem início com os
reflexos que, aos poucos, vão se complexificando dando origem aos primeiros
hábitos motores e, posteriormente, as primeiras percepções organizadas.
Desde antes da formação da linguagem, graças às coordenações nas-
centes entre as ações, o sujeito e os objetos começam a diferenciar-se, re-
finando seus respectivos instrumentos de troca. Mas estes ainda continuam
sendo de natureza material, visto serem constituídos pelas ações, e uma lon-
ga evolução faz-se necessária até que se registre sua interiorização em ope-
rações que são sistemas de conjunto ou estruturas, suscetíveis de fechamen-
to, assegurando, assim, a necessidade das composições que elas envolvem,
graças ao jogo das transformações diretas ou inversas.
Piaget mostra através da observação de seus filhos que, nessa fase, o
objeto se impõe ao sujeito, ou seja, se você coloca uma bola na frente de uma
criança ela prontamente se move para ele como se fosse uma exigência. Se
nos transportarmos para a história das ideias, no pensamento cosmológico,
o pensamento também é ligado ao agir. Aqui o movimento é explicado pela
causa final, ele é visto como uma atração.

Saiba Mais
Cosmologia
Os pré-socráticos buscavam, além de falar sobre a origem das coisas, mostrar que a
physis (naturezas) passava por constantes mudanças e que essas eram provocadas
por alguma coisa que tentavam conhecer. Por causa das viagens marítimas, da inven-
ção do calendário, da invenção da moeda, do surgimento das polis, da invenção da
escrita e da política os gregos passaram a perceber que nada ocorria por acaso e que
não existia a interferência de deuses relatados no período mitológico.
A cosmologia surgiu como a parte da filosofia que estuda a estrutura, a evolução
e composição do universo, sendo a primeira expressão filosófica apresentada no Pe-
ríodo pré-socrático ou cosmológico. Suas principais características são: a substituição
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Teorias da Aprendizagem

da explicação da origem e transformação da natureza através de mitos e divindades


por explicações racionais que identificam as causas de tais alterações, defende a cria-
ção do mundo a partir de um princípio natural e que a natureza cria seres mortais a
partir de sua imortalidade.
No período em que a cosmologia prevaleceu, as pessoas acreditavam que a natu-
reza somente poderia ser conhecida através do pensamento, ou seja, existia a neces-
sidade de pensar para se chegar ao princípio de todas as coisas que forma, a partir de
sua imutabilidade, seres sensíveis a transformações, regenerações, mutações capa-
zes de realizar modificações quanto à qualidade e quantidade. Tal mudança – Kínesis
– significava tais modificações, além de significar movimentação e locomoção.
Por Gabriela Cabral. Equipe Brasil Escola
In: http://www.brasilescola.com/filosofia/cosmologia.htm

Ao longo dos dois primeiros anos a criança vai internalizando a língua


e substituindo a ação motora por representações, esse caminho a leva para
o modelo de pensamento do período seguinte denominado pré-operatório.
Entre o estado inicial e o começo da função semiótica e da inteligência
representativa acontece uma

revolução copernicana que consiste em descentrar as ações em


relação ao próprio corpo, em considerá-lo um objeto entre outros num
espaço que os contém a todos, e em ligar as ações dos objetos sob
o efeito das coordenações de um sujeito que começa a conhecer-
se enquanto fonte ou mesmo enquanto senhor de seus movimentos
(PIAGET, 1990, p. 10).

No segundo estágio da teoria de Piaget encontramos uma inteligência


representativo-simbólica ou intuitiva que tem como principal característica o
egocentrismo por ainda estar presa às percepções da criança, embora mais
desprendida do mundo dos objetos que a fase anterior, por já ter a represen-
tação simbólica como estrutura.
Os primeiros instrumentos de interação cognitiva já existem, mas ainda
situados em um único e mesmo plano: o da ação efetiva e atual, ou seja, não
refletido em um sistema conceitualizado.

Os esquemas da inteligência sensório-motora ainda não são, de fato,


conceitos, porquanto não podem ser manipulados por um pensamento,
e só entram em jogo no momento de sua utilização prática e material,
sem nenhum conhecimento de sua existência enquanto esquemas,
dada a inexistência de instrumentos semióticos para designá-los e
permitir sua conscientização (PIAGET, 1994, pág. 18).

Podemos dizer que avançamos por que partimos de ações diretas (inte-
ligência prática) para ações interiorizadas (inteligência representativo-simboli-
ca) e conceitualizadas (inteligência lógica).
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Parente, F. A. C; Pinto, G. A. T; Camelo, Z. M. C.

10
Jogo simbólico, também O pensamento ainda não tem o estatuto lógico, sendo pré-lógico. Duas
chamado de faz-de- formas extremas de pensamento: 1. Pensamento por incorporação ou assimi-
conta, caracteriza-se por
recriar a realidade usando
lação puras, cujo egocentrismo exclui toda objetividade (jogo simbólico)10; 2.
sistemas simbólicos, ele Pensamento adaptado aos outros e ao real (intuitivo).
estimula a imaginação Se quisermos fazer um paralelo com a história das ideias, este período é
e a fantasia da criança,
favorecendo a interpretação
equivalente ao pensamento medieval que, por sua vez, apoia-se na visão teocên-
e ressignificação do trica (as crianças se apoiam na visão egocêntrica) que leva a sociedade a pren-
mundo real. É considerado der-se em crenças desenvolvidas pela igreja que tem uma forma de ver o mundo
por diversos autores de uma maneira pré-lógica, ou seja, apoiada na fé e não na razão (as crianças do
como fundamental para
o desenvolvimento,
período pré-operatório também se apoiam na fé que elas têm nelas mesmas que
favorecendo a interação é guiada pela percepção). O mundo sobrenatural apresentado nesse paradigma
com o outro e possibilitando confunde-se com o pensamento que as crianças usam. Era um mundo de cer-
a expressão das emoções tezas, não havia lugar para a suspeita (assim como no desenvolvimento infantil).
e percepções vivenciada
na relação que a criança, Na caracterização desse período, Piaget enfatiza mais o que a criança
estabelece com o mundo real. não pode fazer do que o que ela pode, dado que a estrutura mental da criança
Muitos autores acreditam pré-operatória possui apenas uma semi-lógica e não uma estrutura operatória,
que essa atividade
estimule o desenvolvimento
sendo ainda fortes os vínculos com os esquemas de ação.
psicomotor, cognitivo, Ainda no fim do período pré-operatório a descentração do pensamento
emocional, social e (entre conceitos ou ações conceitualizadas) se inicia. Podemos perceber a
cultural das crianças.
Entre outros, Piaget
passagem de um egocentrismo11 bastante radical para uma descentração
valoriza a contribuição relativa através da objetivação e da espacialização (como aconteceu no pe-
do jogo simbólico para o ríodo sensório-motor).
desenvolvimento cognitivo
A aquisição do pensamento reversível12 é o que garante o acesso da
e afetivo-emocional.
Já Vygotsky, destaca criança ao próximo estágio caracterizado de operatório. Esse se subdivide
a contribuição social e, no primeiro momento, as operações mentais são concretas, pois ainda exi-
proporcionada por essa gem um nível de experiência do sujeito. A criança deixa de pensar através da
atividade.
percepção e passa a pensar através de operações mentais.
In: http://pt.wikipedia.
org/wiki/Jogo_ As operações permitem uma pré-correção dos erros, graças ao duplo
simb%C3%B3lico jogo das operações diretas e inversas, ou seja, de antecipações e retroações
combinadas ou, mais precisamente, de uma antecipação possível das pró-
prias retroações.
O pensamento lógico caracteriza a possibilidade de reverter mental-
mente as ações e dá origem ao pensamento operatório concreto que, embora
lógico, ainda precisa de um suporte material, concreto para se apoiar. O
pensamento dessa fase é dependente do conhecimento que a criança tem
do mundo, ela somente pode pensar baseada no que ela experienciou e não
pode fugir disso.
Assim como o período operatório, o paradigma antropológico se apoia
na razão (e a razão não poderia ser pensada como um tipo de experiência?) e
81
Teorias da Aprendizagem

também precisa de suportes como um planejamento racional e duradouro da 11


Egocentrismo psíquico:
ordem social e política e a padronização do conhecimento. incapacidade da criança
entender que suas
Nesse sentido, o estágio das operações intelectuais concretas tem necessidades, desejos
como principal característica a reversibilidade do pensamento. Podemos dizer e interesses não são os
que o pensamento infantil se torna lógico a partir do momento que faz uso de mesmos dos outros e as
outras pessoas pensam de
uma organização de sistemas de operações. forma diferente dela.
No que diz respeito à afetividade, neste estágio, novos sentimentos mo- A partir do egocentrismo, a
rais emergem, sobretudo, por uma organização da vontade, que leva a uma criança imagina-se como
centro do universo. Ela
melhor integração do eu e a uma regulação da vida afetiva. A cooperação também acredita que o
entre os indivíduos coordena os pontos de vista em uma reciprocidade que ser humano é o centro do
assegura tanto a autonomia como a coesão. universo e que, portanto,
todas as coisas foram
As ações interiorizadas ou conceitualizadas com que o sujeito deveria criadas para ele.
até agora contentar-se adquirem a categoria de operações, enquanto trans- Existem muitas
formações reversíveis modificam certas variáveis e conservam outras a título manifestações do
de invariantes. egocentrismo, por exemplo:
a criança pensa que os
Jamais se observam começos absolutos no decorrer do desenvolvi- objetos e outros seres
mento, e o que é novo decorre ou de diferenciações progressivas, ou de coor- vivos têm vida humana.
denações graduais, ou das duas coisas ao mesmo tempo, conforme se pôde Essa manifestação do
egocentrismo chama-se
constatar até aqui.
ANIMISMO.
Quando o sujeito começa a pensar antes de agir, conquistando a refle- n: http://chessmasters.com.
xão, podemos dizer que o mesmo está ingressando no último período descrito br/um-pouco-de-piaget-ver/
por Piaget, denominado operatório formal.
Esse período se caracteriza pela utilização do pensamento lógico abstrato, 12
Reversibilidade: quando
hipotético dedutivo. Esse pensamento é extremamente flexível. A pós-modernida- a operação deixa de ter
de, ao apontar para a falência da razão, critica as ilusões criadas pela objetividade um sentido unidirecional.
A reversibilidade seria a
que caracterizava o pensamento anterior. Leva-nos para o mundo dos desejos,
capacidade de voltar, de
da sensibilidade (o adolescente é muito criticado por esse tipo de pensamento). retorno ao ponto de partida.
Por volta dos 12 anos, as operações lógicas começam a ser transpos- Aparece portanto como
uma propriedade das ações
tas do plano da manipulação concreta para o das ideias, expressas em lin-
do sujeito, possível de se
guagem sem o apoio da percepção, da experiência, nem mesmo da crença. exercerem em pensamento
Nesse sentido, “os adolescentes têm seus poderes multiplicados; estes po- ou interiormente.
deres, inicialmente, perturbam a afetividade e o pensamento, mas, depois, os Lembramos que as
operações nunca têm um
fortalecem” (PIAGET, 1994, p. 58).
sentido unidirecional; são
O adulto desenvolve diariamente seu pensamento operatório formal reversíveis.
através de suas experiências no ambiente de trabalho e/ou em sua vida coti- In: http://www.
pedagogiaemfoco.pro.br/
diana. As possibilidades amplitude do pensamento adulto são tantas que não
per09a.htm
há como estabelecer um conjunto de característica para ele. Salvador et. al. esse link você encontra
questionam a universalidade desse período, uma vez que outros conceitos
piagetianos - Glossário de
Termos Piagetianos
82
Parente, F. A. C; Pinto, G. A. T; Camelo, Z. M. C.

partindo da perspectiva transcultural, as pessoas que pertencem a


algumas culturas tradicionais que possuem níveis de desenvolvimento
tecnológicos baixos raramente mostram capacidades operacionais
formais, quando se deparam com as tarefas de Piaget, que
correspondem a esse estágio [...] há, por outro lado, um conjunto
relativamente numeroso de variáveis (como, por exemplo, o
desenvolvimento prévio dos indivíduos ou o conteúdo da tarefa) que
parece afetar sensivelmente as formas de pensamento que as pessoas
utilizam concretamente em uma determinada situação. (1999, p. 96)
INRC: Identidade (I);
13

negação (N); reciprocidade Essas capacidades operacionais formais fazem parte do grupo iden-
(R) e correlatividade (C).
tidade, negação, reciprocidade e correlativa (INRC)13. No que diz respeito à
educação de adultos, “não se trata de transmitir um conhecimento que o sujei-
to não teria fora desse ato de transmissão, mas sim de fazer-lhe cobrar a cons-
ciência de um conhecimento que o sujeito possui, porém sem ser consciente
de possuí-lo” (FERREIRO, 1985, p. 24). Muito do conhecimento do adulto
existe de maneira não sistematizada, por isso, a compreensão do processo
de aprendizagem em Piaget torna-se tão elucidativo. É preciso tornar o aluno
o centro do processo de ensino, conhecê-lo, para entender seus esquemas
mentais e, a partir disso, criar situações desafiadoras que faça o sujeito sair do
seu estado de equilíbrio cognitivo.
A inteligência formal ou hipotético-dedutiva liberta o pensamento atra-
vés da possibilidade de elaborar teorias abstratas; de operar sobre hipóteses
ou proposições; de criar representações de representações de ações possí-
veis; de realizar uma livre atividade de reflexão espontânea.

Síntese do capítulo
Este capítulo apresentou os conceitos básicos da epistemologia genética de
Jean Piaget, tais como: assimilação, acomodação, a noção de esquema men-
tal. Além dos fatores que contribuem para o desenvolvimento como: matura-
ção, experiência física, experiência social e equilibração.
Piaget trouxe inúmeras contribuições para o processo de ensino não
apenas na intervenção do professor, mas também no currículo brasileiro, prin-
cipalmente na distribuição do conteúdo a ser ministrado e a idade ideal para
que isso ocorra.
No ensino de adulto Piaget tem contribuído quando explicita o pensa-
mento formal e a construção de esquemas mentais dentro do grupo INRC.
83
Teorias da Aprendizagem

BOCK, A. M. B.; FURTADO, O. e TEIXEIRA, M. L. T. Psicologias: uma intro-


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Videos
Introdução a Psicologia do Desenvolvimento (Autor: Univesp tv) Duração:
18m14s
O programa explica qual a pergunta e o que estuda a Psicologia do Desen-
volvimento, dando ênfase ao trabalho de Jean Piaget. Outros autores, como
Vygotsky e Wallon, são citados, mas é na teoria de Piaget que o programa
se concentra. Para tratar do assunto, são entrevistados os professores Zélia
Ramozzi Chiarottino, Yves de La Taille e Maria Thereza Costa Coelho.
Acesso: http://www.youtube.com/watch?v=5WA1pmu-pQ8
Jean Piaget e as fases do desenvolvimento (Autor: Fran Maceno)
Duração: 6m46s
Uma apresentação sobre Piaget e as fases de desenvolvimento elaboradas e
defendidas por ele.
Acesso: http://www.youtube.com/watch?v=EnRlAQDN2go
Jean Piaget – Educação (Autor: Vídeos educativos) Duração: 14m06s
Jean Piaget: sua vida e sua obra.
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Parente, F. A. C; Pinto, G. A. T; Camelo, Z. M. C.

Acesso: http://www.youtube.com/watch?v=n0UZT1UCzec
Coleção Grandes Educadores: Piaget (Autor: Atta Mídia e educação) Dura-
ção: 1h54m50s
Yves de la Taille apresenta a vida, a obra e os principais pensamentos de Jean Piaget.
Acesso: http://www.youtube.com/watch?v=hspo9g_4vwg

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