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CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA

SOUZA
ETEC JOSÉ MARTIMIANO DA SILVA
EXTENSÃO E.E. PROFESSOR SEBASTIÃO FERNANDES PALMA
CURSO TÉCNICO EM ADMINISTRAÇÃO

CONTABILIDADE GERENCIAL: UMA ANÁLISE DA CONTABILIDADE


COMO FERRAMENTA DE TOMADA DE DECISÃO EM
MICROEMPRESAS

CAROLINA SA TASSINARI
ROBSON BIZE TELLA

RIBEIRÃO PRETO
NOVEMBRO/2012
CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA
SOUZA
ETEC JOSÉ MARTIMIANO DA SILVA
EXTENSÃO E.E. PROFESSOR SEBASTIÃO FERNANDES PALMA
CURSO TÉCNICO EM ADMINISTRAÇÃO

CONTABILIDADE GERENCIAL: UMA ANÁLISE DA CONTABILIDADE


COMO FERRAMENTA DE TOMADA DE DECISÃO EM
MICROEMPRESAS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


para obtenção da Habilitação Profissional
Técnica de Nível Médio em Técnico em
Administração, da ETEC José Martimiano da
Silva.
Orientador: Prof. Esp.: André Luiz Coelho Gonini
Professor de DTCC: Luiz Antônio Reggiani

RIBEIRÃO PRETO
NOVEMBRO/2012
AGRADECIMENTOS

Agradecemos a Deus, que nos deu o dom da vida, e o raciocínio para que
pudéssemos utilizar de nossa inteligência para desenvolver esse trabalho.
Aos nossos queridos professores que, sabendo de nossas limitações diante das
dificuldades, se dispuseram a nos ajudar com o andamento desse trabalho.
E nosso carinho especial aos Professores Helder Sebastião Alves dos Reis e Luiz
Antonio Reggiani.
DEDICATÓRIA

Dedicamos esse trabalho aos nossos Cônjuges Matheus Lino e Sandra de Oliveira
Conde Tella que, pacientemente nos apoiaram no caminho até a conclusão desse
trabalho.
Epígrafe

O que mais surpreende é o homem, pois perde


a saúde para juntar dinheiro, depois perde o
dinheiro para recuperar a saúde. Vive
pensando ansiosamente no futuro, de tal forma
que acaba por não viver nem o presente, nem
o futuro. Vive como se nunca fosse morrer e
morre como se nunca tivesse vivido.

Dalai Lama
RESUMO

Esse trabalho mostra as microempresas e em que elas se


diferenciam das demais empresas quanto a sua forma jurídica, ao seu capital, à
sua dimensão e a qual setor pertencem. Nele é possível ver um pouco da
evolução histórica das microempresas, dos investimentos feitos pelos governos
federal e estadual e o surgimento de programas de incentivo e do estatuto da
micro e pequena empresa. Foram mostradas as taxas de mortalidade dessas
MPEs em um período de 2 anos, um comparativo do cenário nacional com o
internacional e um estudo de 43 regiões paulistas, inclusive a de Ribeirão Preto.
Nele podemos ver também, a evolução da contabilidade ao longo dos
anos, desde a antiguidade até o período científico, com influência das escolas
italiana e americana. A contabilidade é apontada como importante ferramenta
de gestão devido aos dados que ela nos fornece para que sejam geradas as
informações. É apontada também a falta de uso da contabilidade por parte das
microempresas e das pequenas empresas enquadradas no SIMPLES, o que
dificulta analisar os seus dados para tomada de decisão.
Para tomar as decisões com mais segurança é mostrada a
contabilidade gerencial, uma importante ferramenta que permite analisar índices
e compará-los com padrões dos concorrentes, e com os já pré-estabelecidos
pelos gestores no início das atividades da empresa. Essa ferramenta, que não é
regulamentada por órgão algum, nem se quer é obrigatória, precisa (ou faz-se
necessária „analisar se assim fica melhor eliminando a palavra precisa‟) antes
da contabilidade financeira concluída pelo contador da empresa, ou seja, ela
não é uma prática muito comum por microempresas, uma vez que nem a
contabilidade financeira elas elaboram.

Palavras Chave: Contabilidade Gerencial, Microempresa, Taxas de Mortalidade.


ABSTRACT

This paper shows that microenterprises and they differ from other
companies as its legal form, its capital, its size and which sector belongs. It is
possible to see a bit of the historical development of micro-enterprises, the
investments made by the federal and state governments and the emergence of
incentive programs and the status of micro and small enterprises. Were shown
mortality rates of these MSEs in a period of 2 years, a comparison of the national
scene with the international and a study of 43 regions of São Paulo, Ribeirão Preto
including. In it we can also see the evolution of accounting over the years, from
antiquity to the scientific period, with the influence of Italian and American schools.
Accounting is identified as an important management tool due to the data it provides
for the information to be generated. It also pointed to the lack of use of accounting on
the part of micro and small companies classified in SIMPLES, which makes it difficult
to analyze their data for decision making. To make decisions with greater confidence
is shown in managerial accounting, an important tool to analyze indexes and
compare them with competitors and patterns with those already pre-established by
the managers at the start of business activities. This tool, which is not regulated by
any agency, or whether it is mandatory, before the financial accounting needs
completed by the accountant of the company, in other words, it is not a very common
practice for microenterprises, and since neither she prepares financial accounting.

Keywords: Managerial Accounting, Micro-enterprises, Mortality Rates.


LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Taxa de sobrevivência de empresas de 2 anos, evolução no Brasil


........................................................................................................................... pág. 28

Gráfico 2 – Taxa de mortalidade de empresas de 2 anos, evolução no Brasil


........................................................................................................................... pág. 29

Gráfico 3 – Taxa de sobrevivência de empresas de 2 anos, evolução por setores de


atividade ........................................................................................................... pág. 30

Gráfico – 4 Taxa de sobrevivência de empresas de 2 anos, para empresas


constituídas em 2006, por regiões do país ....................................................... pág. 31

Gráfico 5 – Taxa de sobrevivência de empresas de 2 anos, para empresas


constituídas em 2006, por Unidade de Federação .......................................... pág. 32

Gráfico 6 – Taxa de sobrevivência de empresas de 2 anos, países monitorados pela


OECD, 2010 ..................................................................................................... pág. 33
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Classificação das empresas ........................................................... pág. 23

Tabela 2 – Classificação das MPEs e das EPPs por faturamento bruto anual
........................................................................................................................... pág. 23

Tabela 3 – Taxa de sobrevivência de empresas de 2 anos, para empresas


constituídas em 2006, por regiões e setores .................................................... pág. 30

Tabela 4 – 43 Regiões de Governo analisadas ............................................... pág. 34

Tabela 5 – Balanço Patrimonial – Formato IFRS ............................................. pág. 50

Tabela 6 – Demonstração de Resultado do Exercício ..................................... pág. 52

Tabela 7 – Diferenças entre a contabilidade gerencial e a contabilidade financeira


........................................................................................................................... pág. 58
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – MPEs por Região .............................................................................pág. 35


LISTA DE EQUAÇÕES

Equação 1 – Participação de capitais de terceiros .......................................... pág. 62

Equação 2 – Composição do endividamento .................................................. pág. 63

Equação 3 – Imobilização do patrimônio líquido ............................................. pág. 64

Equação 4 – Liquidez geral .............................................................................. pág. 65

Equação 5 – Liquidez corrente ......................................................................... pág. 66

Equação 6 – Liquidez seca .............................................................................. pág. 67

Equação 7 – Liquidez imediata ........................................................................ pág. 68

Equação 8 – Giro do ativo operacional ............................................................ pág. 69

Equação 9 – Giro do ativo total ........................................................................ pág. 69

Equação 10 – Margem operacional .................................................................. pág. 70

Equação 11 – Margem líquida .......................................................................... pág. 70

Equação 12 – Retorno sobre o investimento operacional ................................ pág. 71

Equação 13 – Retorno sobre o investimento total ........................................... pág. 71

Equação 14 – Retorno sobre o patrimônio líquido (1) ...................................... pág. 72

Equação 15 – Retorno sobre o patrimônio líquido (2) ...................................... pág. 72


Equação 16 – Quociente de alavancagem ...................................................... pág. 73
LISTA DE ABREVIATURAS

AC – Ativo Circulante

ANC – Ativo não Circulante

ASSIMP – Associação Nacional dos Sindicatos das Micro e Pequenas Empresas da


Indústria

ASSIMPEC - Associação Nacional dos Sindicatos das Micro e Pequenas Empresas


do Comércio

BACEN – Banco Central do Brasil

BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

CVM – Comitê de Pronunciamentos Contábeis

DFC - Demonstração de Fluxo de Caixa

DIEESE – Departamento Intersindical de Estudos Econômicos, Sociais e Estatísticos

DOU – Diário Oficial da União

DRE – Demonstração de Resultado do Exercício

EPP – Empresas de Pequeno Porte

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

MPEs – Micro e Pequenas Empresas

OECD – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico


ONG – Organização Não Governamental

PC – Passivo Circulante

PFC – Princípios Fundamentais de Contabilidade

PIB – Produto Interno Bruto

PMEs – Pequenas e Médias Empresas

PNC – Passivo não Circulante

PROGER – Programa de Geração de Emprego e Renda

RMSP – Região Metropolitana de São Paulo

SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio a Micro e Pequenas Empresas

SIMP – Sindicato das Micro e Pequenas Empresas da Indústria

SIMPEC - Sindicato das Micro e Pequenas Empresas do Comércio

SIMPLES – Sistema Simplificado de Recolhimento de Impostos Federais

SUSEP – Superintendência de Seguros Privados


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 17

1.1. Contextualização ............................................................................................ 17

1.2. Problema de Pesquisa .................................................................................... 18

1.3. Objetivos ......................................................................................................... 18

1.3.1. Objetivo Geral .......................................................................................... 18

1.3.2. Objetivos Específicos ............................................................................... 18

1.4. Justificativa ..................................................................................................... 19

1.4.1. Relevância Acadêmica ............................................................................. 19

1.4.2. Relevância Social ..................................................................................... 19

2. METODOLOGIA ................................................................................................... 20

3. EMPRESAS – CONCEITOS E DEFINIÇÕES ....................................................... 21

3.1. Microempresas – Desenvolvimento Histórico e Características ..................... 24

3.1.1. Taxa de Sobrevivência das Microempresas ............................................. 27

3.1.2. As Microempresas Paulistas por Região.................................................. 33

4. CONTABILIDADE – UMA VISÃO GERAL DA HISTÓRIA E DOS CONCEITOS 36

4.1. Uma Passagem Breve Pela História ............................................................... 37

4.1.1. Período Antigo ......................................................................................... 37

4.1.2. Período Medieval ..................................................................................... 38

4.1.3. Período Moderno...................................................................................... 39

4.1.4. Período Científico ..................................................................................... 40

4.1.5. A Contabilidade no Brasil ......................................................................... 41

4.2. A Contabilidade nas Microempresas .............................................................. 42

4.3. A Contabilidade nas PMEs ............................................................................. 44

4.3.1. O Balanço Patrimonial .............................................................................. 47

4.3.2. Demonstração de Resultado do Exercício ............................................... 51


4.3.3. Demonstração dos Fluxos de Caixa......................................................... 52

4.3.4. Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados ................................ 53

4.4. A Classificação da Contabilidade ................................................................... 54

5. CONTABILIDADE GERENCIAL – UMA IMPORTANTE FERRAMENTA PARA A


EMPRESA................................................................................................................. 57

5.1. Análise do Balanço Patrimonial e do DRE ...................................................... 60

5.2. Análise por Quociente..................................................................................... 61

5.2.1. Quocientes de Estrutura de Capitais ........................................................ 62

5.2.2. Quocientes de Liquidez ............................................................................ 64

5.2.3. Quocientes de Rentabilidade ................................................................... 68

5.3. Comparação e Interpretação de Quocientes .................................................. 73

5.4. Análises Vertical e Horizontal ......................................................................... 74

5.4.1. Análise Vertical......................................................................................... 75

5.4.2. Análise Horizontal .................................................................................... 75

5.5. Relatórios da Análise ...................................................................................... 76

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 78

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 81


17

1. INTRODUÇÃO

1.1. Contextualização

No Brasil existem mais de 6 milhões de empresas1, sendo que 99% delas


são micro e pequenas empresas. Elas empregam aproximadamente 52% de todos
os trabalhadores urbanos do país e geram 20% do PIB Brasileiro.
Porém ainda segundo o SEBRAE (2011), 27% de todas as novas
empresas fundadas no Brasil acabam fechando as portas no primeiro ano de vida.
Diante desta estatística, é muito importante ter uma boa noção de contabilidade.
A contabilidade há muitos anos deixou de lado aquele conceito de que
serve apenas para registrar os fatos ocorridos na empresa, para assumir papel
fundamental no processo de tomada de decisão. Através de uma boa análise
contábil, unido a alguns outros fatores, é possível achar as soluções para os
problemas que a empresa vier a enfrentar.
Para as grandes empresas isso não é problema, uma vez que elas
possuem departamentos específicos e, provavelmente, a contabilidade faz parte de
um desses departamentos. Em compensação as microempresas, em sua maioria,
possuem contrato com escritórios de contabilidade para realizarem os fatos
contábeis. Quando os problemas começam a surgir, à única solução é recorrer a
escritórios que prestam serviços de auditoria contábil.
Contudo, se o administrador tiver boas noções de contabilidade, ele
saberá analisar os fatos contábeis e, consequentemente, terá todas as condições de
montar o planejamento da empresa baseado nas informações contábeis, reduzindo
o risco de a empresa chegar a uma situação crítica, que poderá leva-la a falência.

1
Dados obtidos junto ao SEBRAE em:
http://www.biblioteca.sebrae.com.br/bds/BDS.nsf/C02FF454A6365BA783257A33006E9879/$File/NT0
004778A.pdf Capítulo 5
18

1.2. Problema de Pesquisa

Como a contabilidade gerencial pode auxiliar os microempresários no


processo de tomada de decisão, evitando inclusive a falência?

1.3. Objetivos

1.3.1. Objetivo Geral

O objetivo desse trabalho é mostrar aos microempresários ou aos


administradores de microempresas a importância de saber usar a contabilidade no
processo de tomada de decisão, tornando o processo mais preciso e diminuindo os
riscos de a empresa entrar em falência.

1.3.2. Objetivos Específicos

 Classificar as microempresas e diferenciá-las das demais;


 Conceituar a contabilidade e contar a sua evolução histórica;
 Demonstrar o uso da contabilidade gerencial no processo de
tomada de decisão e sua importância para a microempresa.
19

1.4. Justificativa

1.4.1. Relevância Acadêmica

Contribuir com docentes e discentes em futuros trabalhos para melhoria


na gestão de microempresas.

1.4.2. Relevância Social

Ajudar microempresários a adotarem a contabilidade como uma


ferramenta que vai além de registrar os fatos de sua empresa.
20

2. METODOLOGIA

Após a escolha do tema, foi selecionada a bibliografia de alguns autores


renomados para leitura, pesquisa e recolhimento de dados.
Mediante a pesquisa efetuada, os dados foram estruturados de forma a
atender as exigências do trabalho e, ao mesmo tempo, se encaixar-se à proposta do
tema.
A pesquisa será complementada mediante sites acadêmicos e científicos,
revistas sobre o tema além de artigos acadêmicos.
Toda a bibliografia utilizada foi disponibilizada para consulta ao final da
redação deste trabalho.
21

3. EMPRESAS – CONCEITOS E DEFINIÇÕES

Quando falamos em empresa, vem em nossa mente a imagem de compra


e venda de mercadorias e/ ou serviços e, principalmente, o lucro. Estas empresas
tem uma finalidade econômica e podemos encontrar diversos ramos de atividades
como comércio, indústria, agricultura, pecuária, transporte, entre outros.
Caso elas não visem o lucro, elas são denominadas de instituições e tem
como finalidade o bem estar geral. Podemos citar, por exemplo, os asilos, os
hospitais beneficentes, as ONGs, entre outras.
Em nosso caso, estudaremos apenas as empresas. Há divergências entre
os diversos autores sobre um conceito de empresa, porém podemos defini-la como:

a unidade econômica organizada, que combinando capital e trabalho,


produz ou faz circular bens ou presta serviços com finalidade de lucro.
Adquire personalidade jurídica pela inscrição de seus atos constitutivos nos
órgãos de registro próprio, adquirindo dessa forma capacidade jurídica para
assumir direitos e obrigações. A empresa deve ter sua sede, ou seja, deve
um domicílio, local onde exercerá seus direitos e responderá por suas
obrigações (FABRETTI, 2003, pag.36).

Dentro desse conceito sobre as empresas devemos ressaltar que nem


toda empresa é igual. Elas diferem-se umas das outras na forma jurídica, quanto a
propriedade de seu capital, pela sua dimensão ou ainda pelo setor a que ela
pertence.
Classificação quanto à forma jurídica: dependendo dos países, as formas
jurídicas de empresas mais comuns são as seguintes:

 Sociedade por quotas: nas sociedades por quotas o capital é


representado por quotas, cada uma das quais alocadas a um
determinado sócio;
 Sociedade anônima: neste tipo de sociedade, o capital é
representado por ações, as quais não estão alocadas a acionistas
específicos;
22

 Sociedade em comandita: sociedade que se caracteriza pela


existência de dois tipos de sócios: os comanditários e os
comanditados.

Classificação quanto à propriedade do seu capital: a distinção mais usual


é entre empresas públicas e empresas privadas:

 Empresas públicas: empresas cujo capital é detido pelo Estado ou


por instituições por ele diretamente controladas;
 Empresas privadas: empresas cujo capital é detido por pessoas
individuais ou por instituições privadas;
 Empresas de capitais mistos: empresas cujo capital é detido
simultaneamente pelo Estado e por entidades privadas.

Classificação quanto à dimensão: a classificação das empresas quanto à


sua dimensão difere de país para país, mas está geralmente associada a grandezas
como o volume de negócios ou o número de funcionários. No caso do Brasil a
classificação é a seguinte:

 Microempresas;
 Empresas de Pequeno Porte;
 Médias;
 Grandes.
23

Analisando a tabela 1 podemos notar que, a classificação quanto ao porte


das empresas varia entre a indústria e o comércio. Na indústria são permitidos mais
funcionários que no comércio pelo fato de a indústria exigir mais mão de obra.

Já na tabela 2 podemos observar a classificação das microempresas e


das empresas de pequeno porte pelo seu faturamento bruto anual.
24

As médias empresas têm faturamento bruto anual de até R$48 milhões;


as grandes empresas tem faturamento bruto anual de até R$300 milhões e as
empresas grandiosas tem faturamento bruto anual acima de R$300 milhões.
Classificação quanto ao setor a que pertence: este tipo de classificação
tem a ver com a atividade desenvolvida. A principal divisão é entre setor primário,
setor secundário e setor terciário:

 Setor primário: incluem as atividades diretamente relacionadas com


a exploração de recursos primários, nomeadamente a agricultura,
as pescas, a pecuária e a extração de minérios;
 Setor secundário: refere-se às atividades de transformação e inclui
as atividades industriais e de construção e obras públicas;
 Setor terciário: inclui as atividades relacionadas com a prestação
de serviços e com o comércio, distribuição e transportes.

Além das supracitadas existe ainda o Microempreendedor Individual e as


EIRELIs, que são as empresas individuais de sociedade limitada. Essa última só
pode ser aberta por uma pessoa física e não podem ter filiais.
Daqui em diante, apresentamos nossa pesquisa sobre as microempresas,
que é o foco de nosso trabalho.

3.1. Microempresas – Desenvolvimento Histórico e Características

Segundo dados do SEBRAE (2011) existem hoje no Brasil mais de 6


milhões de empresas e desse total, 99% são de micro e pequenas empresas. Isso
mostra o quão expressiva são essas empresas no desenvolvimento da economia
brasileira. Junto a esses números notamos também que a formalização desses
estabelecimentos fez crescer o número de empregados com carteira assinada,
assim como a média salarial desses empregados.
Conforme foi apurado em estudo divulgado pelo IBGE em 2003, as MPEs
passaram a ser vistas como uma ótima alternativa para a mão de obra excedente a
partir de 1980, quando a economia brasileira reduziu o seu ritmo de crescimento,
25

aumentando o número de desempregados. Ao final dessa década surgiram as


primeiras iniciativas mais concretas de incentivo a abertura de micro e pequenas
empresas. Dessas podemos mencionar:

 A implantação do primeiro estatuto da microempresa (Lei nº 7.256


de 27 de novembro de 1984) além da inclusão das mesmas na
Constituição Federal de 1988, o que lhes garantiu tratamento
diferenciado (Artigo 179 do Capítulo da Ordem Econômica);
 A transformação do CEBRAE – Centro Brasileiro de Assistência
Gerencial à Pequena Empresa – em SEBRAE – Serviço Brasileiro
de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, em 1992 com funções
mais amplas;
 Criação de linhas especiais de crédito para as MPEs no BNDES,
Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil;
 Instituição do Sistema Integrado de Pagamentos de Impostos e
Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno
Porte – SIMPLES – Lei nº 9317 de 5 de dezembro em 1996;
 Criação do Estatuto da Microempresa e da Empresa de Pequeno
Porte, Lei nº 9841 de 5 de outubro de 1999;
 Estabelecimento de um Fórum Permanente das Microempresas e
Empresas de Pequeno Porte, demonstrando a dimensão e a
importância das mesmas para o crescimento e desenvolvimento da
economia nacional.

Também foram registrados avanços nos segmentos das MPEs do ponto


de vista institucional, que passou a contar a partir de 1988 com entidades como o
Sindicato das Micro e Pequenas Empresas da Indústria - SIMPI, o Sindicato das
Micro e Pequenas Empresas do Comércio - SIMPEC -, ambos com representações
em várias Unidades da Federação, a Associação Nacional dos Sindicatos das Micro
e Pequenas Empresas da Indústria - ASSIMPI - e a Associação Nacional dos
Sindicatos das Micro e Pequenas Empresas do Comércio - ASSIMPEC.
Ainda segundo estudo do IBGE (2003) entre as atividades que essas
entidades promovem, podemos destacar que elas buscam uma maior integração
26

com os governos federal, estaduais e municipais, no sentido de propor parcerias


como alternativas para o fortalecimento e crescimento deste segmento.
Da parceria entre os SIMPI/SIMPEC e o poder público foram alcançados
como, por exemplo, convênios firmados com as Juntas Comerciais, as Secretarias
Estaduais de Fazenda e a Receita Federal para a abertura de empresas em 24
horas e a abertura de agências da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil
dentro dessas entidades para tornar mais dinâmico o apoio financeiro e a expansão
dos negócios. Podemos citar também a inclusão das MPEs nos processos de
licitação de âmbito estadual através da intervenção dos sindicatos.
Já em nível federal, o IBGE (2003) nos mostra que foram criados
programas como o PROGER – Programa de Geração de Emprego e Renda – com o
objetivo de associar apoio ao crédito, à capacitação gerencial, assistência técnica e
participação social; o Programa Brasil Empreendedor – Micro e Pequena e Média
Empresa, com o objetivo de dar apoio financeiro e melhorar a capacitação dos
empresários, reunindo representantes dos ministérios, agentes financeiros e o
SEBRAE. Ambos os programas são coordenados pelo Ministério de Trabalho e
Emprego.
Podemos citar como características das MPEs:

 Baixa intensidade de capital;


 Altas taxas de natalidade e de mortalidade: demografia elevada;
 Forte presença de proprietários, sócios e membros da família como
mão-de-obra ocupada nos negócios;
 Poder decisório centralizado;
 Estreito vínculo entre os proprietários e as empresas, não se
distinguindo, principalmente em termos contábeis e financeiros,
pessoa física e jurídica;
 Registros contábeis pouco adequados;
 Contratação direta de mão-de-obra;
 Utilização de mão-de-obra não qualificada ou semiqualificada;
 Baixo investimento em inovação tecnológica;
 Maior dificuldade de acesso ao financiamento de capital de giro;
27

 Relação de complementaridade e subordinação com as empresas


de grande porte.

3.1.1. Taxa de Sobrevivência das Microempresas

Uma das características mais preocupantes esta relacionada com a taxa


de sobrevivência das MPEs. As metodologias de cálculos dessas taxas ainda são
muito novas porque se trata de um fenômeno de difícil mensuração. Isso porque
muitas das empresas encerram suas atividades, mas demoram certo tempo para se
regularizarem nos órgãos oficiais, seja porque os donos ainda esperam reativar o
negócio em breve ou, seja pela burocracia em fazê-lo.
Outro problema para efetuar esse cálculo é o fato de muitos
empreendedores encontrarem pendências fiscais com os nomes de sócios ao iniciar
o registro da empresa, e interromperem de forma prematura o registro formal da
empresa.
Conforme nos mostra recente pesquisa realizada pelo SEBRAE (2011),
27% de todas as novas empresas fundadas no Brasil acabam fechando as portas no
primeiro ano de vida, e um dos grandes motivos disso é a falta de planejamento e
gestão das ações a serem executadas.
O sucesso de uma organização, independente do seu porte ou segmento,
está ligado à capacidade que ela tem em atender todas as necessidades exigidas
pelos seus clientes, gerando assim os resultados esperados. É preciso se planejar,
seguir regras, estabelecer metas e objetivos. Uma forma de planejamento é montar
o Plano de Negócios, documento fundamental para toda empresa que almeja
alcançar sucesso. Vemos a seguir alguns resultados da nova metodologia de
estudos que o SEBRAE realizou a partir do processamento das bases de dados da
Secretaria da Receita Federal.
28

No gráfico 1 acima temos a taxa de sobrevivência de empresas com até 2


anos de constituição. As empresas constituídas em 2005 foram avaliadas nas bases
de 2005, 2006, 2007 e 2008. E as constituídas em 2006 foram avaliadas nas bases
de 2006, 2007, 2008 e 2009.
Notamos que houve um aumento de 1,2% de empresas que sobreviveram
aos dois primeiros anos de existência. Observa-se que esses dois primeiros anos
são considerados os mais difíceis para que a empresa se estabeleça, e
consequentemente esses são os dois anos mais importantes para o monitoramento.
Com os dados obtidos nesse gráfico, podemos observar que a taxa de
mortalidade, por ser complementar a de sobrevivência em 2005 e 2006 são,
respectivamente, de 28,1% e 26,9% (vide gráfico 2).
29

Quando analisamos por setor, os quatro principais setores da economia


brasileira também apresentam um aumento da taxa de sobrevivência (vide gráfico
3). Destaque para o setor industrial que aparece com 75,1% para empresas
constituídas no ano de 2006 e apresentou o maior índice de sobrevivência nos dois
primeiros anos. Uma possível explicação é o fato de que na indústria haja uma
menor pressão da concorrência, uma vez que as barreiras para se entrar nesse
setor são maiores (exige-se mais capital e melhor tecnologia).
Por outro lado o setor de construção civil é o que apresenta, entre os
quatro, a menor taxa de sobrevivência nos primeiros dois anos com 66,2% para
empresas constituídas no ano de 2006. Como são menores as barreiras para a
entrada de novas empresas nesse setor, torna-se maior a pressão exercida pelos
concorrentes e, consequentemente, mais fácil a saída de empresas que não
conseguem responder a essa pressão. Mas a evolução, se compararmos os quatro
setores de empresas constituídas em 2005 e as de 2006, é bem maior nesse setor
com um salto de 3,6% de um ano para o outro.
30

Já no gráfico 4 e na tabela 3, que dizem respeito às empresas


constituídas no ano de 2006, notamos a diferença entre as regiões do país. Como as
empresas de setor industrial foram as que apresentaram maior taxa de
sobrevivência nos dois primeiros anos, a região sudeste que, segundo dados
(SEBRAE/DIEESE, 2010) concentra quase metade das indústrias do país,
apresentou o maior índice comparado com as demais regiões, estando inclusive
acima de média da nacional que é de 73,1%.
31

Se analisarmos no tocante a cada Unidade de Federação, fica mais


evidente ainda a diferença. Apenas dez das 26 Unidades ficam acima da média
nacional que é de 73%, sendo que entre as dez temos três estados da região
Sudeste. A variação entre esses estados é baixa e, se compararmos as três
primeiras, há um empate em 79%.
O estado de São Paulo, apesar de ser o mais rico da nação, aparece
apenas na quinta colocação atrás, inclusive, do estado de Minas Gerais. Isso
acontece pelo fato de que nesse estado que acontece o maior número de abertura
de novas empresas.
Das Unidades que estão abaixo da média nacional, encontramos cinco
estados da região norte e três da região centro-oeste, que são as regiões com os
índices mais elevados de mortalidade de empresas com até dois anos de instituição.
32

Fazendo uma comparação internacional, encontramos diversos estudos


que procuram levantar a mortalidade e/ou a sobrevivência das empresas. Porém
verificamos que a variedade de metodologia utilizada é considerável.
Destaca-se o trabalho realizado pela Organisation for Economic Co-
operation and Development (OECD, 2010), que busca levantar taxa de
sobrevivência das empresas com até 1 ano, até 2 anos e até 3 anos por meio de
metodologia comum (para poucos países a organização chega a utilizar a taxa de
até 4 anos e até 5 anos).
A principal diferença da metodologia utilizada pela a OECD e a utilizada
como base de estudo para o nosso trabalho, é que a organização aplica o estudo
em empresas com empregados, já as taxas pesquisadas em nosso trabalho
analisam também empresas com “zero empregado”, pois o número de empresas no
Brasil com zero empregado chega a 64% dos estabelecimentos em atividade pela
relação Anual de Informações Sociais do Ministério do Trabalho e Emprego
(SEBRAE/DIEESE, 2010).
33

Comparando a média nacional que demonstramos em nosso trabalho


com as taxas de sobrevivência apresentadas pela OECD é normal estarmos abaixo
de alguns países, já que empresas com funcionários tendem a ter uma maior
estabilidade no mercado do que as conduzidas pelos próprios donos.

No gráfico 6 foram analisadas as taxas de sobrevivência das empresas


de 11 países que foram monitorados por 2 anos. Podemos verificar pela linha
pontilhada que o Brasil com a média de 73%, comparado com as empresas
constituídas em 2004, fica abaixo somente da Romênia 75%, enquanto que em 2005
fica abaixo do Canadá 74%, Estônia 75% e Luxemburgo 76%.

3.1.2. As Microempresas Paulistas por Região

Em 2007, foi elaborado um estudo pelo SEBRAE-SP onde foram


observados as micros e pequenas empresas do estado de São Paulo. Foram
analisadas 43 regiões, como mostra a tabela 4.
34

Cerca de 75% das micro e pequenas empresas concentram-se em dez


regiões, sendo elas:

 Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) - 49% do total;


 Campinas - 7% do total;
 Ribeirão Preto, Santos e Sorocaba - 3% do total;
 São José do Rio Preto, São José dos Campos, Jundiaí, Franca e
Bauru – 2% do total.

Podemos resumir o estudo feito no Estado pela Figura 1, nela são


demonstradas as regiões com maior número de Micro e Pequena Empresa e as de
maior e menor crescimento.
35

Estreitando nosso estudo e analisando somente a região de Ribeirão


2
Preto por segmento, verificamos que o serviço de lanchonete e restaurantes está na
frente com 5.267 empresas, seguido de serviços às empresas 4.556 e vestuário
3.301.
A cidade de Ribeirão Preto em específico está sempre movimentando o
mercado, por ser uma cidade universitária, tem um amplo campo para investimento
principalmente no ramo de alimentos como, fast-food e bares noturnos. E depois que
ocorreu o “boom” imobiliário o ramo de construção civil também se expandiu.

2
Região de Ribeirão Preto é composta por 22 municípios sendo eles: Altinópolis, Barrinha,
Brodowski, Cajuru, Cássia dos Coqueiros, Cravinhos, Dumont, Guariba, Jaboticabal, Jardinópolis,
Luiz Antônio, Monte Alto, Pitangueiras, Pontal, Pradópolis, Ribeirão Preto, Santa Rosa do Viterbo,
Santo Antônio da Alegria, São Simão, Serra Azul, Serrana e Sertãozinho.
36

4. CONTABILIDADE – UMA VISÃO GERAL DA HISTÓRIA E DOS


CONCEITOS

A contabilidade é tão antiga quanto a origem do Homo sapiens


(IUDICIBUS, 1997, pag.30). Segundo dados históricos os primeiros sinais da
existência de contas é de aproximadamente 4000 anos a.C. No entanto, ao
inventariar armas, ferramentas, contar seu rebanho, entre outros já se praticava de
uma forma primitiva a contabilidade. Mas afinal, o que é a contabilidade?

[...] o objetivo da contabilidade é fornecer aos usuários, independentemente


de sua natureza, um conjunto básico de informações que, presumivelmente,
deveria atender igualmente bem a todos os tipos de usuários, ou a
contabilidade deveria ser capaz e responsável pela apresentação de
cadastros de informações totalmente diferenciadas, para cada tipo de
usuário. (IUDÍCIBUS, 1997, pag. 19).

Ainda segundo Ribeiro (2005, pág. 19) a contabilidade é uma ciência que
possibilita, por meio de suas técnicas, o controle permanente do patrimônio das
empresas.
Também nos diz Marion (1995, pág. 20) que:

A contabilidade é o instrumento que fornece o máximo de informações úteis


para a tomada de decisões dentro e fora da empresa. Ela é muito antiga e
sempre existiu para auxiliar as pessoas a tomarem decisões. Com o passar
do tempo o governo começa a utilizar-se dela para arrecadar impostos e a
torna obrigatória para a maioria das empresas.

Como podemos notar o conceito é muito semelhante entre os diversos e


conceituados autores. Assim sendo, vamos ver agora quais são as aplicações da
contabilidade. Diz-nos Ribeiro (2005, pág. 20) que dentre os diversos campos de
aplicação da contabilidade, podemos incluir:

 Entidades econômico-administrativas;
 A União;
 Os Estados;
 Os Municípios;
 As Autarquias.
37

Podemos assim dizer que os usuários da contabilidade são todos os que


necessitam dela para tomarem decisões de cunho administrativo, econômico ou
financeiro e, para conhecer quais são as garantias que a empresa nos fornece para
que sejam cumpridas as obrigações com seus clientes, fornecedores e,
principalmente ao fisco. Ou seja, ela é feita para pessoa jurídica e, menos comum
para pessoa física, e essa pessoa é denominada de entidade contábil.
Esses usuários de contabilidade buscam fluxo regular de dividendos,
valor de mercado de ação, geração de fluxos de caixa futuro, produtividade, liquidez,
retorno sobre o ativo e o patrimônio líquido, etc.
Ao longo dos anos a contabilidade deixou de ser apenas a escrituração
dos fatos ocorridos na empresa, para ser uma importante ferramenta de auxílio na
tomada de decisão. Veremos agora um pouco da evolução da contabilidade no
decorrer dos anos.

4.1. Uma Passagem Breve Pela História

Conforme já vimos anteriormente a contabilidade é tão antiga quanto o


Homo sapiens, e sua evolução se deu conforme as necessidades comerciais dos
homens. Podemos dividir essa evolução em quatro períodos: antigo, medieval,
moderno e científico.

4.1.1. Período Antigo

A contabilidade empírica, praticada pelo homem antigo, já tinha como


objeto o patrimônio, representado pelos rebanhos e outros bens nos seus aspectos
38

quantitativos. Os primeiros registros processaram-se de forma rudimentar, na


memória do homem. Como este é um ser pensante, inteligente, logo encontrou
formas mais eficientes de processar os seus registros, utilizando gravações e outros
métodos alternativos (SANTOS e SCHMIDT, 2008).

Embora rudimentar, o registro, em sua forma, assemelhava-se ao que


hoje se processa. O nome da conta matrizes, por exemplo, substituiu a figura
gravada, enquanto o aspecto numérico se tornou mais qualificado, com o acréscimo
do valor monetário ao quantitativo. Esta evolução permitiu que, paralelamente à
aplicação, se pudesse demonstrar, também, a sua origem.

O sistema contábil é dinâmico e evoluiu com a duplicação de


documentos. Os registros se tornaram diários e, posteriormente, foram sintetizados
em papiros ou tábuas, no final de determinados períodos. Estes sofreram nova
sintetização, agrupando-se vários períodos, o que lembra o diário, o balancete
mensal e o balanço anual.

Conforme Santos e Schmidt (2008), Os gregos, baseando-se em modelos


egípcios, 2.000 anos antes de Cristo, já escrituravam contas de custos e receitas,
procedendo, anualmente, a uma confrontação entre elas, para apuração do saldo.
Os gregos aperfeiçoaram o modelo egípcio, estendendo a escrituração contábil às
várias atividades, como administração pública, privada e bancária.

4.1.2. Período Medieval

Na Itália, em 1202, foi publicado o livro Liber Abaci, de Leonardo Pisano.


Estudavam-se, na época, técnicas matemáticas, pesos e medidas, câmbio, etc.,
tornando o homem mais evoluído em conhecimentos comerciais e financeiros.

Foi um período importante na história do mundo, especialmente na


história da contabilidade, denominado a "era técnica", devido às grandes invenções,
39

como moinho de vento, aperfeiçoamento da bússola, etc., que abriram novos


horizontes aos navegadores, como Marco Pólo e outros (SCHMIDT, 2000). O
aperfeiçoamento e o crescimento da contabilidade foram a consequência natural das
necessidades geradas pelo advento do capitalismo, nos séculos XII e XIII.

No início do Século XIV, já se encontravam registros explicitados de


custos comerciais e industriais, nas suas diversas fases: custo de aquisição; custo
de transporte e dos tributos; juros sobre o capital, referente ao período transcorrido
entre a aquisição, o transporte e o beneficiamento; mão-de-obra direta agregada;
armazenamento; tingimento, etc., o que representava uma apropriação bastante
analítica para época. A escrita já se fazia nos moldes de hoje, considerando, em
separado, gastos com matérias-primas, mão-de-obra direta a ser agregada e custos
indiretos de fabricação. Os custos eram contabilizados por fases separadamente,
até que fossem transferidos ao exercício industrial.

4.1.3. Período Moderno

O período moderno foi à fase da pré-ciência. Devem ser citados três


eventos importantes que ocorreram neste período:

 1453: os turcos tomam Constantinopla, o que fez com que grandes


sábios bizantinos emigrassem, principalmente para Itália;
 1492: é descoberta a América e, em 1500, o Brasil, o que
representava um enorme potencial de riquezas para alguns países
europeus;
 1517: ocorreu a reforma religiosa; os protestantes, perseguidos na
Europa, emigram para as Américas, onde se radicaram e iniciaram
nova vida.
40

O aparecimento da obra de Frei Luca Pacioli, contemporâneo de


Leonardo da Vinci, que viveu na Toscana, no século XV, marca o início da fase
moderna da Contabilidade. Ele escreveu o "Tratactus de Computis et Scripturis"
(Contabilidade por Partidas Dobradas) em 1494. Apesar de ser considerado o pai da
contabilidade, não foi o criador das partidas dobradas. O método já era utilizado na
Itália, principalmente na Toscana, desde o século XIV.

Foi a Itália o primeiro país a fazer restrições à prática da contabilidade por


um indivíduo qualquer. O governo passou a somente reconhecer como contadores,
pessoas devidamente qualificadas para o exercício da profissão. A importância da
matéria aumentou com a intensificação do comércio internacional e com as guerras
ocorridas nos séculos XVIII e XIX, que consagraram numerosas falências e a
consequente necessidade de se proceder à determinação das perdas e lucros entre
credores e devedores.

4.1.4. Período Científico

O Período Científico apresenta, nos seus primórdios, dois grandes


autores consagrados: Francesco Villa, escritor milanês, contabilista público, que,
com sua obra "La Contabilità Applicatta alle Administrazioni Private e Plubbliche",
inicia a nova fase; e Fábio Bésta, escritor veneziano (SANTOS e SCHMIDT, 2008).

Francisco Villa extrapolou os conceitos tradicionais de contabilidade,


segundo os quais escrituração e guarda livros poderiam ser feitas por qualquer
pessoa inteligente. Para ele, a contabilidade implicava conhecer a natureza, os
detalhes, as normas, as leis e as práticas que regem a matéria administrada, ou
seja, o patrimônio. Era o pensamento patrimonialista. Foi o inicio da fase científica
da contabilidade.
A partir de 1920, aproximadamente, inicia-se a fase de predominância
norte-americana dentro da Contabilidade. Enquanto declinavam as escolas
41

europeias, floresciam as escolas norte-americanas com suas teorias e práticas


contábeis, favorecidas não apenas pelo apoio de uma ampla estrutura econômica e
política, mas também pela pesquisa e trabalho sério dos órgãos associativos.
Havia uma total integração entre acadêmicos e os já profissionais da
contabilidade, o que não ocorreu com as escolas europeias, onde as universidades
foram decrescendo em nível e em importância (SANTOS e SCHMIDT, 2008).
A criação de grandes empresas, como as multinacionais ou
transnacionais, por exemplo, que requerem grandes capitais, de muitos acionistas,
foi à causa primeira do estabelecimento das teorias e práticas contábeis, que
permitissem correta interpretação das informações, por qualquer acionista ou outro
interessado, em qualquer parte do mundo.

4.1.5. A Contabilidade no Brasil

No Brasil, a vinda da Família Real Portuguesa incrementou a atividade


colonial, exigindo, devido ao aumento dos gastos públicos e também da renda nos
Estados, um melhor aparato fiscal. Para tanto, constituiu-se o Erário Régio ou o
Tesouro Nacional e Público, juntamente com o Banco do Brasil (1808). As
Tesourarias de Fazenda nas províncias eram compostas de um inspetor, um
contador e um procurador fiscal, responsáveis por toda a arrecadação, distribuição e
administração financeira e fiscal.

Um fato digno que podemos citar é a publicação, em 1931, no Diário


Oficial da União, do Decreto nº 20.158 que organizou o ensino comercial e
regulamentou a profissão de contador. Somente em 1940 surge a primeira Lei das
Sociedades por Ações, publicada no Decreto-Lei nº 2.627, que estabelecia
procedimentos para a contabilidade nacional como regras para a avaliação dos
ativos e apuração e distribuição dos lucros, criação de reservas e padrões para a
publicação do balanço e demonstração de lucros e perdas.
42

O ano de 1976 foi muito importante para a contabilidade brasileira pela


publicação, em 15 de dezembro, da nova Lei das Sociedades por Ações. Para
Iudícibus apud Schmidt (2000, pág. 214) as principais contribuições dessa Lei são:

(1) clara separação entre Contabilidade Comercial (Contabilidade „Contábil‟)


e Contabilidade para fins fiscais; (2) aperfeiçoamento da classificação das
contas no balanço; (3) introdução da reavaliação a valor de mercado; (4)
introdução do método de equivalência patrimonial na avaliação de
investimentos; (5) criação da reserva de lucros a realizar; e (6)
aperfeiçoamento do mecanismo de correção monetária.

A década de 1980 foi um período durante o qual as informações


derivadas das Demonstrações Contábeis foram muito prejudicadas. Uma das
medidas adotadas para melhorar o nível dessas informações foi a obrigatoriedade
da elaboração e da publicação das Demonstrações Contábeis Complementares das
companhias abertas, em moeda de poder aquisitivo constante, estabelecida pela
Instrução CVM nº 64, de 1987. Vale destacar que Eliseu Martins era o diretor da
CVM naquele ano, e que essa Instrução foi o ápice da Escola de Correção
Monetária. Em 1995, em função de um novo plano econômico, conhecido como
plano real e da queda da inflação que se materializou, a Lei n° 9.249 revogou a
correção monetária das Demonstrações Contábeis (SANTOS e SCHMIDT, 2008).

4.2. A Contabilidade nas Microempresas

Segundo o novo Código Civil (Lei 10.406 de 10 de janeiro de 2002) todas


as sociedades empresariais – não apenas as Limitadas – são obrigadas a seguir um
sistema de contabilidade, seja ela de forma escrita ou informatizada (CRC-BA,
2005). O novo Código deixou fora desta obrigação o pequeno empresário e o
empresário rural, assegurando-lhes tratamento diferenciado. Não foram
estabelecidos critérios para classificação de pequeno empresário e empresário rural,
sendo utilizados na prática, critérios tributários referentes à Legislação da
Microempresa e do Sistema Simples de pagamento de impostos.
43

Salienta-se que a respeito do que dispõe a Secretaria da Receita Federal


no Regulamento do Imposto de Renda, no parágrafo único do artigo nº 190, em
relação à escrituração mercantil das empresas optantes pelo lucro presumido e pelo
Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e
Empresas de Pequeno Porte – SIMPLES, o Regulamento específico:

Art. 190, Parágrafo único. A microempresa e a empresa de pequeno porte


estão dispensadas de escrituração comercial desde que mantenham em
boa ordem e guarda e enquanto não decorrido o prazo decadencial e não
prescritas eventuais ações que lhes sejam pertinentes (Lei nº 9.317, de
1996, art. 7º, § 1º):

I. Livro Caixa, no qual deverá estar escriturada toda a sua


movimentação financeira, inclusive bancária;
II. Livro de Registro de Inventário, no qual deverão constar registrados
os estoques existentes no término de cada ano-calendário;
III. Todos os documentos e demais papéis que serviram de base para a
escrituração dos livros referidos nos incisos anteriores.

Assim sendo, toda micro e pequena empresa, desde que esteja inscrita
no SIMPLES Nacional, não são obrigadas a fazerem a escrituração contábil, que é
de suma importância para orientar o gestor na tomada de decisão. É a contabilidade
que vai auxiliar o gestor, ao coletar os dados econômicos, mensurando-os
monetariamente, registrando-os e elaborando relatórios de suporte ao sócio e/ou
administrador da empresa (CRC-RJ, 2005).

Apesar de o legislador pretendendo beneficiar as microempresas,


desobrigando-as da escrituração comercial torna-se impossível administrar uma
empresa sem as informações contábeis oriundas de sua escrituração contábil. Cabe
ao profissional contábil evidenciar ao microempresário a importância da informação
contábil para o desenvolvimento de suas atividades empresariais. Tomar decisões,
avaliar o desempenho da empresa, formar preços e captar recursos, baseado
somente em dados empíricos extraídos da escrituração simplificada do Livro Caixa,
tornam-se impraticáveis.

Uma empresa sem contabilidade não tem as mínimas condições de


sobreviver ou planejar seu crescimento. As operações que afetam o patrimônio das
empresas devem ser registradas em forma mercantil, adotando-se, por ser praxe
44

universal, o Método das Partidas Dobradas que está centrado na assertiva “para
cada débito existe um crédito de igual valor e vice-versa”.

Os fatos administrativos que afetam o patrimônio são registrados por meio


de partidas ou lançamentos, que é a forma como se apresentam contabilmente. E
devem estar respaldados em documentos comprobatórios. Os documentos devem
identificar o beneficiário a que se refere e ser elaborado de forma que não paire
dúvida quanto à sua habilidade.

4.3. A Contabilidade nas PMEs

Conforme vemos em Gimenez e Oliveira (2011, pág. 65) o objetivo das


demonstrações contábeis nas PMEs, conforme a Norma NBC T 19.41 é:

oferecer informação sobre a posição financeira (balanço patrimonial), o


desempenho (resultado e resultado abrangente) e fluxos de caixa da
entidade, que é útil para a tomada de decisão por vasta gama de usuários
que não está em posição de exigir relatórios feitos sob medida para atender
suas necessidades particulares de informação.

Ela também mostra os resultados da diligência da administração – a


responsabilidade da administração pelos recursos confiados a ela. A contabilidade
também permite ao administrador ou proprietário entender o aumento ou a redução
da riqueza, a distribuição de dividendos, bem como o custo de oportunidade de
investimento. As características que as demonstrações contábeis devem ter
segundo Gimenez e Oliveira (2011, pág. 66) são:
45

1. Compreensibilidade:

Deve ser apresentada de modo a torná-la compreensível por usuários que


têm conhecimento razoável de negócios e de atividades econômicas e de
contabilidade, e a disposição de estudar a informação com razoável diligência.
Entretanto, a necessidade por compreensibilidade não permite que informações
relevantes sejam omitidas com a justificativa que possam ser de entendimento difícil
demais para alguns usuários.

2. Relevância:

Deve ser relevante para as necessidades de decisão dos usuários. A


informação tem a qualidade da relevância quando é capaz de influenciar as decisões
econômicas de usuários, ajudando-os a avaliar acontecimentos passados, presentes
e futuros ou confirmando, ou corrigindo, suas avaliações passadas.

3. Materialidade:

A informação é material – e, portanto tem relevância – pois sua omissão


ou erro pode influenciar as decisões econômicas de usuários, tomadas com base
nas demonstrações contábeis. A materialidade depende do tamanho do item ou
imprecisão julgada nas circunstâncias de sua omissão ou erro. Entretanto, é
inapropriado fazer, ou deixar sem corrigir, desvios insignificantes das práticas
contábeis para se atingir determinada apresentação da posição patrimonial e
financeira (balanço patrimonial) da entidade, seu desempenho (resultado e resultado
abrangente) ou fluxos de caixa.

4. Confiabilidade:

A informação é confiável quando está livre de desvio substancial e viés, e


representa adequadamente aquilo que tem a pretensão de representar ou seria
razoável de se esperar que representasse. Demonstrações contábeis não estão
livres de viés (ou seja, não são neutras) se, por meio da seleção ou apresentação da
46

informação, elas são destinadas a influenciar uma decisão ou julgamento para


alcançar um resultado ou desfecho predeterminado.

5. Primazia da essência sobre a forma:

Transações e outros eventos e condições devem ser contabilizados e


apresentados de acordo com sua essência e não meramente sob sua forma legal.
Isso aumenta a confiabilidade das demonstrações contábeis.

6. Prudência:

As incertezas que inevitavelmente cercam muitos eventos e


circunstâncias são reconhecidas pela divulgação de sua natureza e extensão e pelo
exercício da prudência na elaboração das demonstrações contábeis. Prudência é a
inclusão de certo grau de precaução no exercício dos julgamentos necessários às
estimativas exigidas de acordo com as condições de incerteza, no sentido de que
ativos ou receitas não sejam superestimados e que passivos ou despesas não
sejam subestimados. Entretanto, o exercício da prudência não permite subvalorizar
deliberadamente ativos ou receitas, ou a superavaliação deliberada de passivos ou
despesas. Ou seja, a prudência não permite viés.

7. Integralidade:

Para ser confiável, a informação constante das demonstrações contábeis


deve ser completa, dentro dos limites da materialidade e custo. Uma omissão pode
tornar a informação falsa ou torná-la enganosa e, portanto, não confiável e deficiente
em termos de sua relevância.

8. Comparabilidade:

Os usuários devem ser capazes de comparar as demonstrações


contábeis da entidade ao longo do tempo, a fim de identificar tendências em sua
47

posição patrimonial e financeira e no seu desempenho. Os usuários devem,


também, ser capazes de compararem as demonstrações contábeis de diferentes
entidades para avaliarem suas posições patrimoniais e financeiras, desempenhos e
fluxos de caixa relativos.

9. Tempestividade:

Para ser relevante, a informação contábil deve ser capaz de influenciar as


decisões econômicas dos usuários. Tempestividade envolve oferecer a informação
dentro do tempo de execução da decisão. Se houver atraso injustificado na
divulgação da informação, ela pode perder sua relevância. Ao atingir-se um
equilíbrio entre relevância e confiabilidade, a principal consideração será: como
melhor satisfazer as necessidades dos usuários ao tomar decisões econômicas.

10. Equilíbrio entre custo e benefício:

Os benefícios derivados da informação devem exceder o custo de


produzi-la. A avaliação dos custos e benefícios é, em essência, um processo de
julgamento. Além disso, os custos não recaem necessariamente sobre aqueles
usuários que usufruem dos benefícios e, frequentemente, os benefícios da
informação são usufruídos por vasta gama de usuários externos.

4.3.1. O Balanço Patrimonial

O balanço patrimonial é segundo Iudícibus; Martins. et al (1996, pág.


134), a demonstração contábil que tem por objetivo apresentar a situação
patrimonial da empresa em um dado momento. A análise do balanço tem por
finalidade transformar dados em informações úteis para a empresa. Esses dados
48

mostrarão a saúde financeira da empresa, apresentando onde está investido o


dinheiro da empresa e quais são as maiores dívidas que a empresa possui. Ele deve
ser divulgado, no mínimo, uma vez ao ano. (GIMENEZ e OLIVEIRA, 2011, pág. 94).
É através do balanço patrimonial que investidores externos decidem se
vão ou não depositar seu dinheiro nessa empresa. Isso faz parte da contabilidade
financeira, porém com uma análise mais profunda desse balanço, o gestor, gerente,
administrador ou proprietário da empresa no caso das microempresas consegue
redirecionar os recursos fazendo com que a empresa possa apresentar resultados
mais rentáveis a curto, médio ou longo prazo, bem como se ela conseguirá arcar
com seus compromissos (MARION E RIBEIRO, 2011, pág. 158).
Quando a análise do balanço é feita por pessoas que trabalham na
organização ela se torna mais completa, pois essa pessoa tem acesso direto aos
controles internos da empresa. Se o analista não pertence à organização, ele tem
acesso apenas aos balanços divulgados pela empresa analisada, além de alguns
esclarecimentos feitos por relatórios. Nesse caso, a análise é considerada menos
completa, pois mostra apenas a capacidade financeira da empresa, não sendo
utilizada pelos administradores na tomada de decisão.
Conforme nos diz Gimenez e Oliveira (2011, pág. 95), o balanço
patrimonial é composto por ativos, passivos e patrimônio líquido, devendo conter:

 caixa ou equivalentes;
 contas a receber;
 ativos financeiros;
 estoque;
 ativo imobilizado:
 propriedade para investimento;
 ativos intangíveis;
 fornecedores e contas a pagar;
 passivos financeiros;
 patrimônio líquido;
 entre outros.
49

Dentro do ativo encontramos: o ativo circulante, que são o conjunto de


direitos a receber em um período de até doze meses da divulgação das
demonstrações contábeis, além do caixa, das contas bancárias e o estoque de
mercadorias e matéria prima; e o ativo não circulante, que são os direitos a receber
em um período superior a doze meses da divulgação das demonstrações contábeis,
os bens tangíveis como maquinários, mobilhas, veículos, galpões, entre outros, além
dos bens intangíveis como software, marcas e patentes.
No passivo temos: o passivo circulante, que são as obrigações a pagar
em um período de até doze meses da divulgação das demonstrações contábeis,
como fornecedores, empréstimos bancários, impostos e outras contas, o passivo
não circulante, que são as obrigações a pagar em um período superior a doze
meses da divulgação das demonstrações financeiras, como empréstimos bancários
e outros financiamentos e contas, e temos também o patrimônio líquido, que são os
investimentos dos proprietários na companhia, além das reservas de capital e da
apuração de lucro ou prejuízo (GIMENEZ e OLIVEIRA, 2011).
Quanto à disposição dos mesmos, eles são separados, ficando o ativo à
esquerda e o passivo à direita. Dentro deles há também uma separação entre
circulante e não circulante. Eles ficam em ordem decrescente de liquidez,
estabelecida pela Lei nº 6.404/76 (GIMENEZ e OLIVEIRA, 2011, pág. 96). Contudo
não há uma definição sobre quem vem primeiro dentro de cada grupo, se o
circulante ou se o não circulante. No Brasil, o mais comum é primeiro o circulante e,
depois o não circulante.
Vejamos um exemplo de balanço patrimonial no formato da IFRS que
Gimenez e Oliveira (2011, pág. 98) nos mostra. Ele pertence a uma empresa de
bebidas e foi divulgado pela revista Valor Econômico em quatro de março de dois mil
e dez.
50

Notamos que primeiro vem o não circulante (na tabela, descrito como não
corrente), para depois ser colocado o circulante (corrente). Essa forma de
apresentação não é muito comum no Brasil. No entanto, ela não prejudica os
usuários de compreenderem o que está sendo demonstrado.
51

Ao elaborar as demonstrações contábeis, a administração deve fazer uma


avaliação da capacidade da entidade continuar em operação em futuro previsível. A
entidade está em continuidade a menos que a administração tenha intenção de
liquidá-la ou cessar seus negócios, ou ainda não possua alternativa realista senão a
descontinuação de suas atividades (GIMENEZ e OLIVEIRA, 2011, pág. 94).
A entidade deve apresentar um conjunto completo de demonstrações
contábeis pelo menos anualmente.

4.3.2. Demonstração de Resultado do Exercício

A empresa apresenta-se como uma organização em constante


movimento, criando e produzindo riquezas a todo instante. Torna-se necessário que
estes valores que surgem a todo instante sejam organizados. Deste modo surge a
Demonstração de Resultado.
A demonstração de resultado é o resumo das operações da empresa
durante determinado período, ou exercício social (GIMENEZ e OLIVEIRA, 2011,
pág. 99). A organização deve apresentar uma análise das despesas, para efeito de
demonstração de resultado.
A Demonstração de Resultado evidenciará a formação dos vários níveis
de resultados mediante confronto entre as receitas, e os correspondentes custos e
despesas. De acordo com essa definição o resultado final significa o confronto das
receitas com as despesas no momento em que ocorreram. Através das
demonstrações contábeis e financeiras podemos elaborar várias análises, dentre
elas a análise por índices ou indicadores financeiros. Vejamos um exemplo, na
tabela 7.
52

4.3.3. Demonstração dos Fluxos de Caixa

A demonstração de fluxo de caixa (DFC) irá indicar quais foram às saídas


e entradas de dinheiro no caixa em determinado período. A DFC integra as
demonstrações contábeis e tem como finalidade fornecer informações sobre as
alterações no caixa (GIMENEZ e OLIVEIRA, 2011, pag. 106).
Segundo Santos (2009) apud Gimenez e Oliveira (2011, pag.107)
estabelece a DFC como uma importante fonte de informações para os usuários
avaliarem:

 A capacidade de geração de caixa nas atividades operacionais da


companhia;
53

 Como a companhia esta financiando suas necessidades de capital


de giro e investimento;
 O nível de eficiência da administração na utilização dos recursos
do caixa gerados nas atividades operacionais;
 A capacidade de pagamento das obrigações futuras da companhia
(dividendos, empréstimos, fornecedores, etc.).

Na demonstração de fluxo de caixa, as entradas e saídas são separadas


em três categorias de atividades: operacionais, de investimento e de financiamento.

4.3.4. Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados

A demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados apresenta o


resultado da entidade e as alterações nos lucros ou prejuízos acumulados para o
período de divulgação. A entidade deve apresentar, na demonstração de lucros ou
prejuízos acumulados, os seguintes itens:

 lucros ou prejuízos acumulados no início do período contábil;


 dividendos ou outras formas de lucro declarados e pagos ou a pagar
durante o período;
 ajustes nos lucros ou prejuízos acumulados em razão de correção de
erros de períodos anteriores;
 ajustes nos lucros ou prejuízos acumulados em razão de mudanças
de práticas contábeis;
 lucros ou prejuízos acumulados no fim do período contábil.
54

4.4. A Classificação da Contabilidade

Conforme já notamos, a contabilidade pode nos fornecer uma série de


dados que poderemos utilizar para gerar várias informações, as quais serão úteis
para o gestor, gerente, administrador ou proprietário. Essas informações segundo
Gimenez e Oliveira (2011) são geradas a partir da Contabilidade Financeira. Ela
elabora e consolida as demonstrações contábeis para disponibilizar informações aos
usuários externos. Utiliza critérios e normas definidos em lei e por instituições de
controle, como segue:

 Código Civil – Lei nº 1.406, de 2.002, e Código Comercial – Lei nº


556, de 1.850;
 Lei das Sociedades Anônimas – Lei nº 6.404, de 1976;
 CFC – Conselho Federal de Contabilidade;
 CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis;
 CVM – Comissão de Valores Mobiliários;
 Bacen – Banco Central do Brasil;
 Susep – Superintendência de Seguros Privados.

As informações geradas pela contabilidade financeira são úteis para


vários setores, dos quais podemos citar:

 Contabilidade Fiscal: auxilia na elaboração de informações para os


órgãos fiscalizadores, do qual depende todo o planejamento
tributário da entidade.
 Contabilidade e Auditoria: compreende o exame de documentos,
livros e registros, inspeções e obtenção de informações, internas e
externas, relacionadas com o controle do patrimônio, objetivando
mensurar a exatidão destes registros e das demonstrações
contábeis deles decorrentes.
 Perícia Contábil: elabora laudos em processos judiciais ou
extrajudiciais sobre organizações com problemas financeiros
causados por erros administrativos.
55

 Análise Econômica e Financeira de Projetos: elabora análises,


através dos relatórios contábeis, que devem demonstrar a exata
situação patrimonial de uma entidade.
 Contabilidade Ambiental: informa o impacto do funcionamento da
entidade no meio ambiente, avaliando os possíveis riscos que suas
atividades podem causar na qualidade de vida local.
 Contabilidade Atuarial: especializada na contabilidade de empresas
de previdência privada e em fundos de pensão.
 Contabilidade Social: informa sobre a influência do funcionamento
da entidade na sociedade, sua contribuição na agregação de
valores e riquezas, além dos custos sociais.
 Contabilidade Agribusiness: atua em empresas com atividade
agrícola de beneficiamento in-loco dos produtos naturais.
 Contabilidade Pública: é o principal instrumento de controle e
fiscalização que o governo possui sobre todos os seus órgãos.
Estes estão obrigados à preparação de orçamentos que são
aprovados oficialmente, devendo a contabilidade pública registrar
as transações em função deles, atuando como instrumento de
acompanhamento dos mesmos. A Lei nº 4.320/64, constituindo-se
na carta magna da legislação financeira do País, estatui normas
gerais para a elaboração e controle dos orçamentos e balanços
públicos. Além disso, escritura a execução orçamentária da receita
e da despesa fazendo a comparação entre a previsão e a
realização das receitas e despesas, também controla as operações
de crédito, a dívida ativa, os valores, os créditos e obrigações,
revela as variações patrimoniais e mostra o valor do patrimônio.

Além dessas existe mais uma variedade de ramificações da contabilidade,


cada uma visando auxiliar a empresa de acordo com sua necessidade. A outra
classificação que a contabilidade recebe é a Contabilidade Gerencial. Ela auxilia a
administração na otimização dos recursos disponíveis na entidade, através de um
controle adequado do patrimônio. Não é regulamentada por qualquer órgão ou lei. A
contabilidade gerencial é largamente utilizada nas empresas para medir e
56

acompanhar a performance das atividades desempenhadas, e suas informações são


utilizadas para tomada de decisões (GIMENEZ e OLIVEIRA, 2011).

Pelo fato de as microempresas não serem obrigadas a fazer as


escriturações contábeis, o processo de levantamento de dados para aplicar a
contabilidade gerencial, se torna uma missão quase impossível, podendo levar
vários meses. Não havendo essa escrituração, o trabalho envolve mais profissionais
para levantar os dados através de outros documentos como notas e recibos, e o
processo naturalmente se torna muito mais caro e praticamente inviável para o
microempresário.

Na próxima seção veremos mais detalhadamente a contabilidade


gerencial e a sua importância para a tomada de decisão dentro da empresa.
57

5. CONTABILIDADE GERENCIAL – UMA IMPORTANTE


FERRAMENTA PARA A EMPRESA

Conforme vimos no capítulo anterior, a contabilidade gerencial não é


regulamentada por nenhum órgão ou Lei e, varia de empresa para empresa,
conforme a sua necessidade (SANTOS e SCHMIDT, 2008). Mas nem por isso ela
deixa de ser uma importante ferramenta no processo de tomada de decisão das
empresas. Ela é assim definida por Marion e Ribeiro (2011, pág. 3):

[...] o sistema de informação que tem por objetivo suprir a entidade com
informações não só de natureza econômica, financeira, patrimonial, física e
de produtividade, como também com outras informações de natureza
operacional, para que possa auxiliar os administradores nas suas tomadas
de decisões.

Vemos também em Bulgacov (2006, pág. 276) que ela é mais focada para
a alta direção da empresa, que fica encarregada de extrair dados para montar o
planejamento, avaliar e controlar os resultados, podendo ainda ser exposta para
alguém que não faz parte da empresa, como um potencial investidor por exemplo.
Gimenez e Oliveira (2011, pág. 12) nos fala que as normas internacionais
de contabilidade tendem a reduzir as diferenças entre a contabilidade gerencial e
financeira, porque ela está mais alicerçada em valores econômicos, embora
continue valorizando o custo histórico. Além de que ambas utilize de um sistema de
informações contábeis para gerarem seus relatórios finais. Na tabela a seguir, ficam
elencadas as principais diferenças entre a contabilidade gerencial e a financeira.
58

Analisando a tabela 5 vemos claramente o porquê de a contabilidade


gerencial ser mais informal, uma vez que ela atende quase de que forma exclusiva o
público interno. A procura por mecanismos mais seguros e com menos riscos, levam
as instituições a implantação do planejamento. Sendo assim essas informações
abrangem, além de informações financeiras, também informações de natureza
operacional, estratégica e tática como nos mostra Bulgacov (2006, pág. 276), além
de gerencial (MARION e RIBEIRO, 2011, pág. 6).

 Planejamento estratégico: é preparado para uso da alta direção da


empresa e, através de uma análise, são traçados os objetivos de
longo prazo. Fazem parte deste planejamento a missão, a visão,
objetivos estratégicos, planos estratégicos e o controle dessas
ações de estratégia.
59

 Planejamento tático: deve ser preparado com a orientação do


planejamento estratégico nos diversos setores da organização
como vendas, produção, recursos humanos, etc., para
desempenharem as expectativas da organização.
 Planejamento operacional: constitui-se na ferramenta do dia a dia
de gestão. Conforme Oliveira (1993, pág. 39) apud Bulgacov os
planejamentos operacionais correspondem a um conjunto de
partes homogêneas3 do planejamento tático. Dentro delas teremos
os recursos necessários, os procedimentos básicos, os produtos ou
resultados finais esperados, os prazos estabelecidos e os
responsáveis pela execução das tarefas.
 Planejamento gerencial: serve para orientação dos gerentes, que
precisam tomar as decisões de curto e médio prazo. As
informações que a contabilidade gerencial fornece aos gestores ou
gerentes têm por objetivo redução de custos e melhoria do
aproveitamento dos recursos físicos, humanos e tecnológicos.

Apesar das diferenças apontadas pelos diversos autores, não se pode


fazer a contabilidade gerencial sem antes ter feito a contabilidade geral da empresa,
pois é dela que oriunda toda a informação necessária para a tomada de decisão.
Fazem parte do processo de tomada de decisão em microempresas a análise do
balanço patrimonial, a demonstração de resultado e demonstração do fluxo de caixa
(BULGACOV, 2006, pág. 278).
No capítulo anterior, nos foi mostrado o balanço patrimonial, a
demonstração de resultado do exercício, a demonstração do fluxo de caixa e a
demonstração de lucros ou prejuízos acumulados. Agora, veremos como esses itens
nos ajudarão na contabilidade gerencial.

3
Homogêneas: adj. da mesma natureza que outro, da mesma espécie, da mesma categoria; idêntico,
igual, análogo.
60

5.1. Análise do Balanço Patrimonial e do DRE

Para fazer a análise do balanço patrimonial, é preciso saber analisar os


dados, com a finalidade de gerar boas informações. Com essas informações, a
análise se torna uma importante ferramenta na tomada de decisão, pois ela nos
permite conhecer melhor a situação econômica e financeira da organização. Os
gestores envolvidos na análise, quando necessitam investir recursos financeiros em
outras sociedades ou manter um relacionamento com fornecedores e clientes, têm
ao seu alcance as informações necessárias que revelam as tendências do
desempenho das entidades envolvidas (MARION e RIBEIRO, 2011, pág. 158).
Essa análise não se limita somente ao balanço patrimonial, atingindo
também outras demonstrações financeiras.
A empresa deve apresentar uma análise das despesas utilizando uma
classificação baseada na natureza dessas despesas, ou na função dessas despesas
dentro da entidade, devendo eleger o critério que forneça informações confiáveis e
mais relevantes; a legislação brasileira leva à apresentação por função.
Dessas análises extraímos informações como rentabilidade alcançada
pelo capital investido, taxa de retorno do capital investido, grau de endividamento,
entre outros.
A análise interna, que tem fins gerenciais, começa quando o contador da
empresa termina o seu trabalho e, segundo nos fala Marion e Ribeiro (2011,
págs.159 e 160), pode ser desenvolvida em sete etapas:

1. Exame e padronização das principais demonstrações financeiras –


balanço patrimonial demonstração do resultado do exercício, entre outras. A
análise é feita de forma minuciosa em cada uma das contas que compõem
a demonstração financeira, familiarizando-se com elas;
2. Coleta de dados como ativo circulante, patrimônio líquido, entre
outros;
3. Cálculo dos indicadores – quocientes, coeficientes e números índices;
4. Interpretação dos quocientes de forma isolada e conjunta;
5. Análise vertical e horizontal de forma isolada e conjunta com
coeficiente e números índices;
6. Comparação com padrões das médias das empresas de mesmo
ramo;
7. Relatórios das conclusões da análise, de forma que cada
administrador, gestor ou gerente os compreenda.
61

Com a análise minuciosa de cada uma das contas, o analisador passa a


conhecer detalhes que serão preciosos no ato de interpretar os dados dos diferentes
processos.
Os dados colhidos devem ser transcritos para demonstrações
padronizadas para facilitar o desenvolvimento do processo de análise. O confronto
entre saldos das diversas demonstrações financeiras devem ser verificados. Outros
aspectos como a inflação devem ser considerados, pois a perda de poder aquisitivo
da moeda podem distorcer os resultados da análise.

5.2. Análise por Quociente

Em uma das etapas da análise, nos fala que é preciso calcular alguns
indicadores. Um desses indicadores é o quociente, que tem como finalidade
principal permitir ao analista extrair tendências e fazer comparações com padrões
preestabelecidos (MARION e RIBEIRO, 2011, pág. 162). Mais do que retratar o que
aconteceu no passado, a análise de quocientes nos permite inferir o que acontecerá
no futuro. Esses quocientes são índices extraídos das demonstrações financeiras
por meio de confrontos entre contas ou grupos de contas.
Recomenda-se analisar a situação financeira separadamente da situação
econômica da empresa, para que os resultados obtidos em cada uma dessas
análises sejam conjugados a fim de compor um quadro geral que reflita de forma
adequada o desempenho do patrimônio da empresa.
Na análise financeira são evidenciados os quocientes de estrutura de
capitais e de liquidez, enquanto na econômica são evidenciados os quocientes de
rentabilidade. A interpretação desses quocientes deve ser feita primeiro
isoladamente, logo após de forma conjunta e, então a comparação com o quociente
padrão.
62

5.2.1. Quocientes de Estrutura de Capitais

Fala-nos Marion e Ribeiro (2011, pág. 163) que esses quocientes


relacionam as várias fontes de fundos entre si, retratando o capital próprio com o
capital de terceiros. São calculados com base em valores extraídos do balanço
patrimonial.
Com o confronto entre capital próprio e o de terceiro, descobrimos se
quem investe mais na empresa são os próprios donos ou se são pessoas de fora da
empresa. Quando o capital de terceiro for maior que o próprio, podemos dizer que a
empresa está endividada. Sendo assim, a fatia maior do lucro irá para fora da
empresa, remunerando esses capitais de terceiro.

a) Participação de capitais de terceiros:

Equação - 1

Onde:
ET= exigível total = passivo circulante + passivo não circulante – receitas
diferidas.
PL = patrimônio líquido.

Com essa fórmula podemos ver a proporção existente entre capitais de


terceiros e capitais próprios. Se multiplicado por 100, obtemos esse resultado em
porcentagem. Quando esse quociente é alto e se arrasta por um longo período de
tempo, tem grandes chances de essa empresa ir à falência.
Marion e Ribeiro (2011, pág. 164) nos fala que os capitais de terceiros
são derivados de empréstimos ou de financiamentos gerados para financiar o
desenvolvimento da empresa ou derivados da movimentação normal do patrimônio.
É preciso saber gerenciar esses recursos, de forma que os lucros superem os juros
e outros encargos. Quando a empresa renova essas dívidas, ela poderá sobreviver
com o endividamento.
63

b) Composição do endividamento:

Equação - 2

Onde:
PC = passivo circulante;
ET= exigível total = passivo circulante + passivo não circulante – receitas
diferidas.

Esse quociente nos mostra a proporção entre as obrigações de curto


prazo e as obrigações totais, ou seja, o quanto da dívida da empresa é de curto
prazo em relação ao seu total. Se multiplicado por 100, achamos a porcentagem
desse quociente.
Analisando esse quociente verificamos a necessidade ou não de a
empresa ter que gerar recursos para saldar seus compromissos de curto prazo.
Quanto menor esse quociente mais tempo a empresa tem para conseguir gerar
esses recursos (MARION e RIBEIRO, 2011, pág. 164). Quando há a necessidade de
gerar recursos em curto prazo, a empresa pode levantar empréstimos para
pagamento em longo prazo, promover descontos para aumento das vendas, através
da concessão de descontos para os clientes pagarem antecipado suas duplicatas,
entre outros.
64

c) Imobilização do patrimônio líquido:

Equação - 3

Onde:
AF = ativo fixo4 = ativo não circulante fixo – ativo não circulante variável;
PL = patrimônio líquido.

Ao calcularmos esse quociente, descobrimos o quanto do patrimônio


líquido está investido em bens permanentes, como mobilhas, maquinários, veículos,
imóveis, etc. Quanto mais próximo o resultado desse quociente chegar a 1, mais
riscos a empresa correrá, pois indica que muito pouco do investimento de patrimônio
líquido próprio foi investido em capital de giro. Assim sendo, a empresa terá poucos
recursos para movimentações financeiras de curto prazo (MARION e RIBEIRO,
2011, pág. 165).
Se esse quociente for superior a 1, além de todo o capital próprio da
empresa, mais um pouco de capital de terceiros foi investido em ativo fixo. Ao
compararmos esse quociente com o quociente padrão, podemos descobrir se a
empresa está agindo ou não com naturalidade, isto é, se o investimento foi feito de
forma a não desequilibrar a empresa financeiramente.

5.2.2. Quocientes de Liquidez

Os quocientes de liquidez ou solvência evidenciam a existência ou não de


solidez financeira da empresa que garanta que ela honre seus compromissos com
terceiros (MARION e RIBEIRO, 2011, pág. 167). Como via de regra, se a análise dos
quocientes de estrutura de capitais apontarem um grau de endividamento aceitável,
os quocientes de liquidez também revelarão grau de solvência aceitável.

4
O ativo fixo também é chamado por alguns autores como ativo permanente.
65

Através da análise dos quocientes de liquidez encontramos a proporção


de investimentos feitos nos ativos circulantes e não circulantes em relação ao capital
de terceiro. Esses quocientes são encontrados com base em valores extraídos do
balanço patrimonial.
Alguns aspectos devem ser levados em conta ao fazer analise dos
quocientes de liquidez:

 alto grau de endividamento nem sempre indica que a empresa é


insolvente. Ela pode ter facilidade em negociar suas dividas;
 a empresa pode apresentar baixo grau de liquidez em curto prazo
e um bom grau de liquidez em longo prazo e, vice-versa;
 a empresa pode ter alto grau de liquidez e não ter dinheiro para
honrar seus compromissos imediatos.

Vejamos a seguir alguns quocientes de liquidez e para que servem:

a) Liquidez geral:

Equação – 4

Onde:
AC = ativo circulante;
ANC = ativo não circulante;
PC = passivo circulante;
PNC = passivo não circulante.

Com o quociente de liquidez geral podemos analisar se a empresa possui


solidez financeira suficiente para cobrir os compromissos de curto e de longo prazo
(MARION e RIBEIRO, 2011, pág. 168). Quando esse quociente apresenta resultado
igual ou superior a 1, pode-se dizer que, a princípio, a empresa está bem
estruturada do ponto de vista financeiro. Porém se o resultado for inferior a 1, a
empresa encontra-se nas mãos de terceiros.
66

Há casos que, mesmo quando o quociente dá resultado inferior a 1, não


indica que a empresa é insolvente. Pode ser que ela obteve empréstimos de longo
prazo para saldar algum compromisso de curto prazo. Sendo assim, ela tem tempo
suficiente para gerar recursos a fim de saldar esses compromissos.

b) Liquidez corrente:

Equação – 5

Onde:
AC = ativo circulante;
PC = passivo circulante.

Com esse quociente podemos descobrir o quanto de dinheiro a empresa


tem disponível para saldar as dívidas de curto prazo. A interpretação desse
quociente nos leva a verificar se há ou não a existência de capital circulante líquido
(MARION e RIBEIRO, 2011, pág. 169). Esse é um dos quocientes mais divulgados,
além de frequentemente ser considerado o melhor indicador de situação de liquidez
da empresa.
Quando esse quociente for superior a 1, indicará a existência de uma
folga financeira a curto prazo. Por outro lado se esse quociente for inferior a 1, a
empresa poderá encontrar dificuldades em cobrir seus compromissos. Mesmo sendo
esse considerado o quociente que melhor espelha a liquidez da empresa, devemos
nos atentar que no ativo circulante pode aparecer, além das disponibilidades, outros
itens como o estoque e outras despesas pagas antecipadamente que, podem
diminuir a validade desse quociente.
67

c) Liquidez seca:

Equação – 6

Onde:
AC = ativo circulante;
E = estoque;
PC = passivo circulante.

Esse quociente revela a liquidez da empresa em determinado momento,


de uma forma bem realista e conservadora. Serve para mostrar a capacidade
financeira liquida da empresa com seus compromissos de curto prazo. Ou seja,
quanto à empresa tem de ativo circulante liquido para cada unidade do passivo
circulante.
Marion e Ribeiro (2011, pág. 170) nos fala que “a interpretação desse
quociente deve ser direcionada a verificar se o ativo circulante liquido é suficiente
para saldar os compromissos de curto prazo”. Ele nos mostra de uma forma bem
conservadora a situação de liquidez da empresa, uma vez que retirando o estoque
do ativo circulante, elimina-se uma fonte de incertezas.
A fórmula apresentada no início desse tópico é valida desde que sejam
retirados do ativo circulante, valores como impostos a recuperar e despesas do
exercício seguinte. Além disso, temos que analisar esse quociente em conjunto com
o quociente de liquidez corrente.
68

d) Liquidez imediata:

Equação – 7

Onde:
D = disponibilidades;
PC = passivo circulante.

O quociente de liquidez imediata, como o próprio nome já diz, nos revela


o quanto de recursos imediatos a empresa dispões para saldar compromissos de
curto prazo. A sua análise nos diz se a empresa precisa ou não recorrer a algum tipo
de operação financeira para conseguir o dinheiro necessário para cobrir suas
dividas.
Como no numerador os recursos são imediatos e no denominador as
dividas, embora de curto prazo, possam vencer em 30, 60, 90 até 360 dias, o mais
correto é utilizar as dívidas com vencimento imediato ou as dividas que pagaríamos
caso dispuséssemos de tal recurso, pois provavelmente assim, teríamos desconto
(MARION e RIBEIRO, 2011, pág. 171).

5.2.3. Quocientes de Rentabilidade

Segundo Marion e Ribeiro (2011, pág. 172) “os quocientes de


rentabilidade servem para medir a capacidade econômica da empresa, isto é,
evidenciam o grau de êxito econômico obtido pelo capital investido na organização”.
A rentabilidade é expressa em termos absolutos e tem uma utilidade informativa
muito reduzida.
De maneira geral, devemos relacionar o lucro de uma empresa com um
valor que expresse a dimensão relativa desse lucro. E no que se refere ao lucro,
podemos empregar diversas variantes: lucro operacional, lucro líquido, lucro antes
69

ou depois do imposto de renda, entre outros. Usa-se o conceito que melhor se


encaixa com a necessidade. Vejamos alguns exemplos:

a) Giro do ativo:

Também conhecido como quociente de rotatividade, representa o ciclo


financeiro da empresa e podemos calculá-lo de duas formas:

 Giro do ativo operacional:

Equação - 8

Onde:
VL = vendas líquidas;
AOM = ativo operacional médio = ativo total – ativo não circulante –
investimentos.

 Giro do ativo total:

Equação – 9

Onde:
VL = vendas líquidas;
ATM = ativo total médio.

A importância desse quociente é compor o retorno sobre o investimento e,


tendo em vista que para medir o volume das vendas em relação ao capital total
investido, temos que saber qual o volume de vendas ideal para cada empresa. Esse
volume vai variar de acordo com o ramo de atividade de cada empresa. O ideal é
70

que esse quociente seja superior a 1, indicando que o volume das vendas supera o
valor investido (MARION e RIBEIRO, 2011, pág. 173). Devemos lembrar que outros
aspectos precisam ser levados em consideração.

b) Margem líquida ou operacional:

É um quociente muito importante que compara o lucro com as vendas


líquidas, ou seja, verifica a margem de lucro da empresa em relação às vendas.
Esse quociente também pode ser calculado na análise vertical do balanço. Podemos
calculá-lo de duas formas:

 Margem operacional:

Equação – 10

Onde:

LO = lucro operacional;
VL = vendas líquidas.

 Margem líquida:

Equação – 11

Onde:
LL = lucro líquido;
VL = vendas líquidas.
71

c) Retorno sobre o investimento:

Esse talvez seja, segundo Marion e Ribeiro (2011, pág. 174), o quociente
individual mais importante de toda a análise financeira, pois serve para a empresa
medir o desempenho do seu empreendimento. Através desse quociente, podemos
medir quanto tempo à empresa levará, aproximadamente, para recuperar o
investimento inicial. Também podemos calcular esse quociente de duas formas:

 Retorno sobre o investimento operacional:

Equação – 12

Onde:
MO = margem operacional;
GAO = giro do ativo operacional.

 Retorno sobre o investimento total:

Equação – 13

Onde:
ML = margem líquida;
GAT = giro do ativo total.

d) Retorno sobre o patrimônio líquido:

O quociente de retorno sobre o patrimônio líquido, do ponto de vista dos


proprietários, mostra a relação entre o lucro líquido gerado e o capital próprio ou de
terceiros aplicados na empresa. Este índice mostra o poder de ganho do
proprietário ou dos acionistas, ou mesmo quantos anos levará para que estes
72

recuperem seus investimentos (MARION e RIBEIRO, 2011, pág. 179). Pode ser
calculado de duas formas:

(1) Equação – 14

Onde:
LL = lucro líquido;
PLM = patrimônio líquido médio5.

(2) Equação - 15

Onde:
TRSA = taxa de retorno sobre o patrimônio líquido;
PAFPL = porcentagem do ativo financiado pelo patrimônio líquido.

Em ambas as fórmulas o resultado alcançado é o mesmo. A diferença é


que na fórmula (2) leva-se em conta a estrutura de capital da empresa, abrindo
caminho para que entendamos a “alavancagem” (MARION e RIBEIRO, 2011, pág.
178).

e) Quociente de alavancagem financeira:

É um quociente de muita relevância e muito complexo também. Ele indica


se os recursos tomados por empréstimos estão dando um retorno adequado pela
sua aplicação no ativo da empresa. O grau de alavancagem deve ser de pelo menos
1 e pode ser calculado de diversas formas. Esta é uma dessas formas:
5
Patrimônio Líquido Médio = Patrimônio Líquido Inicial + Patrimônio Liquido Final dividido por 2
(MARION e RIBEIRO, 2011, pág. 177).
73

Equação - 16

Onde:

LL = lucro líquido;
PLM = patrimônio líquido médio;
DF = despesas financeiras;
AM = ativo médio.

Todos esses quocientes anteriormente citados, já são suficientes para


que o analista, gerente, administrador ou proprietário possa ter boas informações
sobre a saúde financeira e econômica da empresa analisada. Mas existem outros
quocientes interessantes para avaliação como os de rotatividade, prazo médio das
contas a receber e a pagar, quociente de preço/lucro, entre outros.

5.3. Comparação e Interpretação de Quocientes

Todos esses quocientes, após serem analisados individualmente, devem


ser comparados segundo Marion e Ribeiro (2011, pág. 185) com:

 quocientes históricos da própria empresa;


 padrões anteriormente estabelecidos pelos gerentes da empresa;
 quocientes das empresas concorrentes, pertencentes ao mesmo
ramo da empresa analisada, além de medias, medianas e modas
dos quocientes do setor;
74

 parâmetros de interesse regional, nacional ou internacional.

É desejável para a empresa a comparação dos seus parâmetros com os


padrões das outras empresas a fim de posicionar-se perante os concorrentes. Até
pouco tempo isso só era possível se a empresa colecionasse os balanços dos
concorrentes para poder analisa-los. Hoje em dia, porém, existe um ranking
contendo as posições dessas empresas. A revista Exame, por exemplo, divulga o
ranking das 500 maiores empresas privadas do Brasil. Esse ranking é anual e
divulgado em setembro.
A interpretação desses quocientes, no entanto, não seguem regras
específicas. As análises mostraram as necessidades de cada empresa e, cada
empresa é diferente uma das outras. Nada melhor para fazer a comparação que a
experiência de quem está fazendo a análise. A interpretação desses quocientes
pode formar, na maioria das vezes, uma opinião sobre o conjunto e, o analista, deve
ter o equilíbrio e a ponderação para tomar as decisões.
Marion e Ribeiro (2011, pág. 186), aconselham as seguintes providências
para que se faça uma análise de qualquer empresa:

 Conhecer intimamente a empresa a ser analisada;


 Colecione os quocientes analisados e faça uma análise individual,
por grupos e compare atentamente cada uma das análises para
formar uma opinião.

Para se calcular o quociente padrão que são tão importantes para a


comparação entre empresas. É necessário ter em mãos, diversos dados das
empresas concorrentes. O analista deve ser muito cuidadoso para não cometer
erros.

5.4. Análises Vertical e Horizontal

São análises feitas para complementarem as análises por quocientes.


Elas são mais detalhadas e, segundo Marion e Ribeiro (2011, pág. 187) envolvem
75

todos os índices das demonstrações financeiras e revelam as falhas causadoras das


anomalias na entidade.

5.4.1. Análise Vertical

Também conhecida como análise por coeficientes, ela compara cada


elemento de um conjunto com o total desse conjunto (MARION e RIBEIRO, 2011,
pág. 187). Podemos citar como exemplo a análise vertical do conjunto ativo
circulante. Pega-se cada item do ativo circulante, multiplica por 100 e divide pelo
total do ativo circulante. O resultado é a porcentagem daquele item que compõe o
ativo circulante.
Supomos que se você pega o item disponibilidades e multiplica por 100 e
divide pelo total de ativo circulante e acha um valor de 35%, isso indica que do total
de ativo circulante, 35% está presente no seu caixa (disponibilidades). O mesmo
cálculo é feito com o ativo não circulante, passivo circulante e passivo não
circulante.
O mesmo é feito na demonstração de resultado do exercício. O item que
representa o total do DRE é venda de mercadorias. Os demais itens são
multiplicados por 100 e dividido pelas vendas para verificarmos em que a empresa
tem perdido mais na hora de vender um produto. Para que essa análise seja feita de
forma mais fácil, usa-se um DRE padronizado, onde o item vendas de mercadorias
apareça no topo e as demais deduções e despesas sejam agrupadas logo abaixo.
Não podemos esquecer que esse tipo de análise deve ser feita em cada
ano isoladamente e, como o próprio nome já diz, é feita na vertical.

5.4.2. Análise Horizontal

A análise horizontal também é conhecida como análise por meio de


números índices e, segundo Marion e Ribeiro (2011, pág. 188), nos mostra a
evolução de cada item da demonstração financeira de um ano a outro. O balanço
76

patrimonial, divulgado pelas empresas anualmente pelo menos, mostra o resultado


do exercício atual e do exercício anterior.
Para fazermos a análise horizontal pegamos um item do ano atual, o
multiplicamos por 100 e dividimos o resultado pelo mesmo item do ano anterior. O
resultado apresentará o quanto aquele item cresceu ou caiu de um ano para outro.
Vamos continuar usando como exemplo o item disponibilidades.
Suponhamos que no ano de 2011 uma empresa apresentou um valor de
R$150.000,00 e no ano de 2010 esse mesmo item era de R$105.000,00. Aplicando
a regra de três chegamos ao valor de 142,86%. Esse valor indica que a empresa
apresentou um aumento de 42,86% para o item disponibilidades.
No entanto, se os valores fossem inversos, e aplicando a regra de três, o
resultado seria de 70%. Mas não podemos nos iludir. Isso não indica que a empresa
teve aumento, mas sim teve uma queda de 30% em relação ao ano anterior.
Tudo porque um valor acima de 100%, como o do primeiro exemplo,
indica que a empresa, além de manter o valor do exercício anterior, teve um
aumento. Já no segundo exemplo, um valor abaixo de 100% indica que a empresa
não alcançou o mesmo valor do exercício anterior, ainda teve uma perda, nesse
caso, de 30%.
É preciso ter cuidado para usar a análise horizontal, pois além de ela ter
que ser comparada em conjunto com a análise vertical, nem sempre um valor baixo
indica que a empresa está com problemas. Pode ser apenas um momento ruim se
olharmos em curto prazo um único índice, mas pode ser que outro índice esteja em
evolução (MARION e RIBEIRO, 2011, pág. 190).

5.5. Relatórios da Análise

Terminadas as análises de quocientes, vertical e horizontal, é chegada a


hora de montar os relatórios com as conclusões da análise. Cada análise gera um
conjunto de informações que servirão para as tomadas de decisões da empresa.
As informações neles contidos devem ser facilmente entendidas por todos
que o lerem. Se o analista for o proprietário, o gerente ou o administrador da
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empresa analisada, mesmo estando cientes das informações contidas no relatório,


os demais envolvidos nas decisões precisam entender o que será feito na empresa.
No relatório deve aparecer a situação econômica e financeira da
empresa, além dos balanços e demais documentos que comprovem a veracidade
dos fatos apresentados. Esses dados podem variar de acordo com a necessidade
de cada empresa (MARION e RIBEIRO, 2011, pág. 192).
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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Mostraram-se através desse trabalho os dados apresentados pelo


SEBRAE e pelo IBGE, onde foram abordadas as diferenças entre as empresas e
como identifica-las. Através da análise das tabelas e dos gráficos, juntamente com
dados levantados junto a pesquisas anteriores, notamos uma boa evolução no
aumento da atividade das MPEs em um período de até dois anos. Esse período é
considerado o mais difícil para as empresas, pois elas ainda estão em um processo
de recuperação do capital investido, e nem sempre tem uma estabilidade de
clientes.
Foi possível ver também no que diz respeito a incentivo às MPEs por
parte do governo, que isso se deu na década de 1980, quando o ritmo de
crescimento da economia reduziu e muitas pessoas se viram desempregadas. O
governo viu nessas MPEs, a oportunidade de recuperar o crescimento da economia.
Analisaram-se também as empresas nacionais em relação com o cenário
internacional, onde 11 empresas, monitoradas pela OECD em um período de 2
anos, apresentaram valores muito próximos ao nosso.
Na região de Ribeirão Preto, na qual nos encontramos, nota-se que as
empresas que tem em maior quantidade são as do ramo de lanchonetes e fast-food,
seguido das empresas de prestação de serviços e as de vestuário. Isso porque esta
é uma região universitária e, que tem tendência à diversão noturna. Outra área que
evoluiu foi a de construção civil.
Mostra-se a contabilidade, uma ciência social que registra os fatos
ocorridos na empresa, fornecendo informações úteis para tomada de decisões
dentro e fora da empresa. Com esse estudo identificam-se os principais pontos da
evolução histórica da contabilidade, passando por períodos antigos, medievais,
modernos até a chegada do período científico, através das escolas italiana e
americana.
A partir da obra de Frei Luca Pacioli, que falava da contabilidade por
partidas dobradas, a contabilidade foi sistematizada, além de abrir as portas para
que outras obras do ramo pudessem ser escritas. Porém, com o excesso de teoria e
de nenhuma prática, a escola italiana declinava e a americana começou a
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predominar, devido ao seu alto poderio econômico, divulgando suas teorias e


aplicando-as na prática.
Contou um pouco da contabilidade no Brasil, que teve surgimento junto
com a chegada da família real portuguesa e a criação do Tesouro Nacional e do
Banco do Brasil em 1808. Um marco importante foi à criação da nova Lei das
Sociedades por Ações em 1976, que possibilitou uma melhor estruturação da
contabilidade no Brasil.
Foi relatado o fato de as microempresas e as pequenas empresas, que
usam o SIMPLES, não serem obrigadas a elaborarem a escrituração contábil. Assim
sendo fica muito difícil obter dados sobre a situação econômica e financeira da
empresa, além de não ter dados sólidos para a tomada de decisão. Foram
mostrados alguns pontos fundamentais da contabilidade, como a elaboração do
balanço patrimonial, do demonstrativo de resultado do exercício, da demonstração
do fluxo de caixa além da demonstração de lucros ou prejuízos acumulados.
Apontaram-se as diferenças entre as contabilidades gerencial e
financeira, mas nota-se que a gerencial começa assim que o contador termina o seu
trabalho com a contabilidade financeira. Ficou evidenciado a necessidade de se ter
uma boa contabilidade na empresa, pois serão com dados extraídos dos balanços,
demonstrações de resultado e do fluxo de caixa que serão extraídas as informações
úteis para o processo de tomada de decisão.
Viu-se o quão importante é usar os parâmetros padrões das empresas
concorrentes, mas também que é preciso averiguar os padrões pré-estabelecidos
pelos gestores, gerentes ou proprietários antes do início das atividades; e também, o
quanto é importante saber analisar e interpretar os dados obtidos, usando de muito
equilíbrio para a tomada de decisão, para que não sejam precipitadas as escolhas.
Os padrões muito nos revelam sobre a saúde financeira e econômica da empresa,
mas nada como o conhecimento do analista para tomar as decisões.
Pode-se, por exemplo, usar a contabilidade para controlar a quantidade
de capital investido em ativo permanente da empresa, uma vez que as tecnologias
constantemente se renovam e há a necessidade de sempre estar atualizando
maquinas e equipamentos necessários para o desempenho das atividades da
empresa. Quanto maior for esse investimento, maior será o gasto com manutenção
e com a renovação após o período de vida útil desses equipamentos.
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Além desse exemplo, outro que pode ser citado e que se deve ter muito
cuidado, é o fluxo de caixa. É muito importante o microempresário ou o
administrador analisar como estão as entradas e as saídas do caixa da empresa. Se
as saídas, por exemplo, estiverem em maior quantidade que as entradas, a empresa
pode encontrar dificuldades em saldar os seus compromissos de curto prazo, e
precisará tomar algumas atitudes para levantar o dinheiro necessário. Para isso,
podem-se fazer promoções, dar descontos para pagamentos antecipados e, em
último caso, recorrer a instituições financeiras.
Pode-se também analisar se a empresa está com suas dívidas
concentradas, em sua maioria, em curto ou em longo prazo. As dívidas de longo
prazo dá certo conforto para o microempresário ou seu administrador, uma vez que
há maior tempo para levantar os recursos necessários para que os compromissos
sejam honrados. Portanto, observou-se que é melhor a empresa ter uma dívida mais
baixa em curto prazo para poder trabalhar com mais tranquilidade, evitando assim a
falência, antes mesmo de começar a recuperar o investimento inicial.
O objetivo principal deste trabalho é mostrar ao microempresário, ou aos
administradores de microempresas, o quanto é importante fazer um trabalho
preventivo de planejamento e, a contabilidade, é uma das principais ferramentas
para que esse planejamento seja acertado. Em hipótese alguma a empresa pode
dispensar os serviços de um contador registrado no Conselho Regional de
Contabilidade, mas pode através de seus conhecimentos e de sua experiência no
ramo em que está trabalhando, utilizar-se dessa poderosa ferramenta para a tomada
de decisão.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Paulo: Saraiva, 2011.

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http://www.biblioteca.sebrae.com.br/bds/BDS.nsf/45465B1C66A6772D83257930005
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