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Odontologia e Sociedade © 1999

Vol. 1, No. 1/2, 1-3, 1999. Printed in Brazil.

Opinião

Documentação em Odontologia e sua Importância Jurídica

Documentation in Dentistry and its Juridical Importance

Moacyr da Silva

Departamento de Odontologia Social, Faculdade de Odontologia,


Universidade de São Paulo

Resumo. O cirurgião-dentista tem um trabalho de grande responsabilidade na sociedade, pois


vai cuidar da saúde de seus semelhantes. É exatamente em função dessa responsabilidade que
existem normas éticas e legais que norteiam o profissional em sua atividade laborativa. Dentre elas,
as que dizem respeito à elaboração de receitas e atestados, ao preenchimento da ficha clínica, entre
outras, demonstram a necessidade de haver um cuidado especial com a sua documentação em um
tríplice aspecto: clínico, administrativo e legal, como chamam a atenção Ramos e Calvielli (1991).
No aspecto clínico, a formação profissional e a vasta literatura odontológica oferecem os subsídios
necessários para a elaboração dessa documentação; já quanto aos aspectos administrativos e legais,
a documentação de todas as fases da atuação profissional é de suma importância e está intimamente
relacionada com o aspecto clínico, podendo a falta ou falha dessa documentação comprometer a sua
validade sob o aspecto legal.
É por essa razão que sugerimos que essa documentação passe a revestir-se das características
de um prontuário, apto a desempenhar as funções acima referidas. O primeiro passo para a construção
desse prontuário é o registro da anamnese.

Palavras-Chave: odontopatolgia legal; ética odontológica; educação em odontologia

Registro da Anamnese Assim, o estado geral bucal apresentado pelo paciente


antes de iniciado o tratamento, mesmo quando se trate da
Tendo em vista que a prestação de serviços do cirur- intervenção de especialista que o recebeu por encaminha-
gião-dentista se inscreve na área da saúde, não se pode mento de colega, deve constar da ficha clínica, até para
compreender que essa atuação se faça desconhecendo o resguardar eventual responsabilidade por atos operacionais
estado geral de saúde do paciente, face às suas implicações não realizados pelo profissional.
no tratamento odontológico.
Mesmo em um consultório em que o movimento de Por outro lado, o fato de a população brasileira subme-
pacientes seja considerável, esse problema pode ser contor- ter-se à identificação para expedição da cédula de identi-
nado com a adoção de questionário respondido e dade geralmente ao completar maioridade, torna a ficha
preenchido diretamente pelo paciente, reservando-se um clínica importante subsídio para o reconhecimento de
segundo momento para o contato direto com o profissional, menores em casos de catástrofes em que não se possa contar
quando se procederá ao aprofundamento das questões re- com outros meios de reconhecimento. O mesmo se diga na
lacionadas com a sua saúde geral. eventualidade de o cirurgião-dentista ser chamado a cola-
borar com a Justiça, apresentando esse documento para ser
Ficha Clínica confrontado com as condições bucais encontradas em
corpo ou restos mortais submetidos a processo de identifi-
Não se pode mais admitir que uma ficha clínica con-
cação.
tenha apenas as condições bucais representativas do
“orçamento” apresentado ao paciente. Ela é parte inte- Plano de Tratamento
grante do prontuário e deve estar apta a representar não
apenas o planejamento do tratamento contratado, mas tam- Na medida em que estamos trabalhando na área da
bém fundamentar eventuais alegações relativas às intercor- saúde, é inadmissível a utilização do termo “orçamento”
rências da execução do tratamento. para definir as conseqüências das fases de diagnóstico,

Av. Prof. Lineu Prestes 2227, 05508-900 São Paulo - SP, Brasil
2 Silva Odontologia e Sociedade

terapêutica e prognóstico, no mais das vezes imprevisíveis • Ainda, achamos por bem que o profissional, além
em face da resposta biológica do paciente. É por essa razão dos dados acima, inclua no receituário os relativos a
que preferimos a expressão “plano de tratamento”, mais outras inscrições:
condizente com a realidade da atuação odontológica e que CPF – Cadastro de Pessoa Física da Receita Federal.
permite, quando necessário, modificações ao plano inicial, CCM – Inscrição de Contribuinte do Cadastro Mo-
impostas pelas mais diversas razões. biliário (prefeitura).
Por outro lado, a situação econômica da maioria da
INSS – Inscrição no Instituto Nacional de Seguridade
população brasileira impede, muitas vezes, a realização do
Social.
tratamento técnica e cientificamente mais adequado, de
acordo com o avanço experimentado pela odontologia nas Atestados Odontológicos
últimas décadas. Assim, ao mesmo tempo em que sugeri-
mos a adoção da expressão “plano de tratamento”, a possi- Assim como as receitas, os atestados constituem docu-
bilidade de alternativas para alguns procedimentos pode e mentos legais e, a fim de que não surjam problemas legais,
deve ser objeto de anotações que permitam ao profissional o cirurgião-dentista deve tomar alguns cuidados com a sua
resgatar as condições em que o tratamento foi realizado. É redação e sobre a oportunidade de oferecê-lo.
evidente que as restrições e limites relativos a cada hipótese Conhecido o papel receituário onde costumeiramente
devem ser minuciosamente debatidos entre profissional e os cirurgiões-dentistas e médicos fazem a redação dos seus
paciente. atestados, vamos nos ater, agora, ao modus faciendi do
Finalmente, além das anotações relativas ao estado mesmo.
anterior do paciente, a ficha clínica deve refletir não apenas Um atestado é constituído por várias partes, sendo a
os atos clínicos realizados e materiais utilizados, mas tam- primeira delas aquela relativa às qualificações do profis-
bém detalhar as ocorrências, como faltas, falta de colabo- sional, que, como vimos, faz parte do impresso (papel
ração, condições de higienização e outras que, de alguma receituário) no qual vai redigir o atestado.
forma, possam interferir no resultado esperado pelo Em seguida virão a qualificação do paciente, sua iden-
paciente ou mesmo pelo profissional, principalmente por- tificação e a finalidade a que se destina, isto é, se para fins
que poderão corroborar as alegações do profissional quanto trabalhistas, escolares, esportivos ou militares (e nunca
à responsabilidade do paciente na não-obtenção de deter- para os devidos fins), podendo ser incluída a informação de
minado resultado. que foi formulado a pedido do interessado.
Receitas Finalmente, na sua terceira parte, o cirurgião-dentista
declarará que o paciente esteve sob seus cuidados profis-
As receitas serão analisadas como pertinentes ao pron- sionais, sem especificar a natureza do atendimento (quando
tuário odontológico e, como tal, analisadas como um docu- exigida a sua natureza, o profissional deve valer-se do
mento odonto-legal, cuja cópia deverá ser anexada ao Código Internacional de Doenças, cujos códigos de interes-
prontuário do paciente. se para a odontologia encontram-se especificados no
O Código de Ética Odontológica, complementado no Capítulo 21), seguindo-se uma breve conclusão relativa às
Estado de São Paulo pela Decisão CRO-SP 29/83, define suas conseqüências (impossibilidade de comparecer ao
as informações obrigatórias e as facultativas a serem inseri- trabalho; que esteve sob seus cuidados profissionais de tal
das no papel receituário. De acordo com os Artigos 29 e 30 hora a tal hora ou, então, que o mesmo deve guardar
do CEO e 1° referida Decisão, essas informações restringir- repouso por tanto tempo quanto necessário). Cada caso é
se-ão a: um caso. Assim, o profissional irá concluir sobre o tipo de
a) Nome completo do cirurgião-dentista. afirmação que fará no caso concreto, tendo em vista que
uma afirmação que não corresponda à verdade poderá
b) Profissão.
acarretar-lhe a imputação de falsidade ideológica, crime
c) Número de inscrição no CRO sob cuja jurisdição previsto no Artigo 299 do Código Penal.
esteja exercendo sua atividade.
d) As especialidades odontológicas nas quais o cirur- Modelos
gião-dentista esteja inscrito.
Ao lado da sua função odontológica, os modelos podem
e) Títulos de formação acadêmica mais significativos constituir elementos de prova judicial. Diante da di-
na profissão. ficuldade de serem arquivados todos os modelos de prótese
f) Endereço, telefone, horário de trabalho, convênios e ou outros serviços odontológicos, recomenda-se a guarda,
credenciamentos. pelo menos, dos casos mais complicados, tirando-se uma
• Os itens a, b e c são obrigatórios e os demais, xerox do modelo em gesso dos demais casos, e anexando-a
facultativos. ao prontuário do paciente.
Vol. 1, No. 1/2, 1999 Documentação em Odontologia 3

Radiografias Considerações Finais


Podemos afirmar que o prontuário preconizado é
Um dos exames complementares mais realizados pelo
passível de ser realizado por todo e qualquer profissional,
cirurgião-dentista é o exame radiográfico.
podendo ser modificado ou adaptado à sua administração
As radiografias estão presentes, na maioria dos proces- do consultório, desde que atenda às exigências legais para
sos, como matéria de prova. Freqüentemente, porém, ao ser poder ser reconhecido judicialmente.
requisitado o material radiográfico pelos peritos ou assis- No caso de profissionais cuja clínica seja diferenciada
tentes técnicos, ou mesmo quando necessária a sua juntada economicamente, podem ser acrescentadas ao prontuário
para corroborar as alegações do cirurgião-dentista, este não básico radiografias panorâmicas, fotografias, vídeos, en-
fim, tudo o que constituir documentação odonto-legal.
as encontra no seu arquivo, porque “estão soltas dentro da
gaveta do arquivo” e ele não pode precisar a quem per- Referências Bibliográficas
tencem, ou porque não foram reveladas e fixadas adequada- 1. Arbenz, G.O. (1988) Medicina Legal e Antropologia
mente, tornando-se imprestáveis para esse fim. Forense. Rio de Janeiro: Atheneu.
Porque constituem, na maioria das vezes, importante 2. Brasil (1966) Lei n° 5.081, de 24 de agosto de 1966.
matéria de prova, chamamos a atenção dos profissionais Regula o exercício da Odontologia. Diário Oficial,
para a necessidade de adotarem o sistema de duplicação das Brasília.
3. Brasil (1973) Lei n° 5.991, de 17 de dezembro de
mesmas, preventivamente, ou na eventualidade de serem
1973. Dispõe sobre o controle sanitário do comércio
requisitadas pela Justiça ou quando pedidas pelo paciente,
de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e
fazendo a entrega da cópia, uma vez que representam o correlatos, e dá outras providências. Diário Oficial,
embasamento de atos operacionais realizados pelo profis- Brasília.
sional. 4. Brasil (1991) Resolução CFO 179/91, de 19/12/91.
Código de Ética Odontológica. Conselho Federal de
Orientação para o Pós-Operatório ou sobre Odontologia, Rio de Janeiro.
Higienização 5. Brasil (1993) Decreto n° 793/93. Diário Oficial,
Brasília.
Também representam provas sobre o dever de cuidado. 6. Brasil (1993) Resolução CFO 185, de 26/04/93. Con-
Podem ser elaboradas em impressos próprios ou não, sendo selho Federal de Odontologia, Rio de Janeiro.
importante que sejam entregues mediante assinatura de 7. Cardozo, H.F. e Calvielli i, T.P. (1988) Considerações
recebimento, na cópia ou em livro de protocolo. sobre as receitas odontológicas. Odont. Moderno. 8,
20-3.
Abandono de Tratamento pelo Paciente 8. Daruge, E. and Massini, N. (1978) Direitos Profis-
Fato que não é incomum, o abandono do tratamento sionais na Odontologia. São Paulo: Ed. Saraiva.
9. Favero, F. (1973) Medicina Legal, 9a ed. São Paulo:
pelo paciente necessita ficar comprovado, com vistas à
Martins.
responsabilidade profissional. Na ocorrência de faltas ou 10. Neder A.C. (1976) Farmacoterapia para Cirurgiões-
quando o paciente deixa de agendar consultas programadas Dentistas. 5a ed. Piracicaba: Franciscana.
para a continuidade do tratamento, o cirurgião-dentista 11. Ramos, D.L.P. e Calvielli I.T.P. (1991) Sugestão de
deve acautelar-se, expedindo correspondência registrada composição de inventário de saúde do paciente. Rev.
(com aviso de recebimento) em que solicita o seu pronun- Odonto. 1, 42-5.
ciamento sobre as razões do impedimento. Na falta de 12. Silva, M. e Calvielli I.T.P. (1984) Aspectos legais do
resposta, a correspondência deve ser reiterada no prazo de exercício da Odontologia. In Endodontia: Bases para
a Prática Clínica, ed. J.G. Paiva e J.H Antoniazzi, pp.
15 ou 30 dias, para que o abandono fique caracterizado.
229-37. São Paulo: Artes Médicas.
Essa convocação, nos mesmos termos e prazos, pode 13. Silva, M.; Moucdcy, A.; Reis, D. e Crosato, E. (1977)
ser realizada também por telegrama fonado com cópia (que Um novo conceito em ficha odonto-legal. Rev. Ass.
servirá como prova). Paul. Cirurg. Dent. 31, 5.

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