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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL

CAMPUS DE AQUIDAUANA
CURSO DELICENCIATURA EM PEDAGOGIA

A IMPORTÂNCIA DA ESCOLARIZAÇÃO NO SISTEMA PRISIONAL:


MUDANÇAS OBSERVADAS NO SISTEMA PENAL DE AQUIDAUANA-MS

AQUIDAUANA- MS
2017
ISABELA RAMOS DE ANDRADE LIMA

A IMPORTÂNCIA DA ESCOLARIZAÇÃO NO SISTEMA PRISIONAL:


MUDANÇAS OBSERVADAS NO SISTEMA PENAL DE AQUIDAUANA-MS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado, como


requisito para obtenção do grau de Licenciada em
Pedagogia pela Universidade Federal de Mato Grosso do
Sul

Profª. Me. José Leal

AQUIDAUANA- MS
2017
Dedico este trabalho a minha filha Marcella,
minha mãe Luzia e minha irmã Daniele,
pessoas que estão sempre ao meu lado me
incentivando minha vida pessoal e profissional
me acompanhando em cada etapa me dando
todo suporte e aconselhamento.
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus pelo fôlego de vida, pelo seu amor, cuidado e sua
misericórdia, por não me desamparar, por escutar minhas orações e atendendo minhas
suplicas e abençoando e me sustentando fisicamente e espiritualmente minha vida.
A minha família pelo apoio, em especial a minha filha Marcela que sempre me acalma
e minha irmã Daniele que me socorre em momentos difíceis, trazendo uma palavra amiga pra
me incentivar a não desistir.
A minha orientadora Nosimar por me incentivar em minha pesquisa, sua
disponibilidade em todas as vezes que eu tinha dúvidas, e sugestões para que eu pudesse
concluir o meu trabalho.
Também ao professor Jose Leal que me deu norte para as pesquisas e tirou muitas
vezes minhas dúvidas e diminuiu minha ansiedade. Agradeço também acadêmicas da minha
turma de pedagogia todas aquelas que contribuíram de forma direta e indireta em minha
formação acadêmica.
LIMA, Isabela Ramos de Andrade. A importância da escolarização no sistema prisional:
Mudanças observadas no Sistema Penal de Aquidauana-MS. Trabalho de Conclusão de Curso
(Licenciatura em Pedagogia) - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul UFMS,
Aquidauana, 2017,

A IMPORTÂNCIA DA ESCOLARIZAÇÃO NO SISTEMA PRISIONAL:


MUDANÇAS OBSERVADAS NO SISTEMA PENAL DE AQUIDAUANA-MS

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado para a obtenção do grau Licenciada
em Pedagogia e aprovada em sua forma final pelo Curso de Graduação em Licenciatura em
Pedagogia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - Câmpus de Aquidauana

Aquidauana-MS ___/___2017

_________________________________________________
Orientador: Prof. Msc. José Leal
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - CPAQ

__________________________________________________
Membro -Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - CPAQ

________________________________________________
Membro -Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - CPAQ
RESUMO

Este estudo analisou a estrutura a da Educação Prisional garantida no Estabelecimento Penal


de Aquidauana (EPA), considerando o indivíduo privado de liberto como sujeito de direitos
garantidos pela Constituição Federal, mesmo perdendo garantias mínimas ao ser condenado a
cumprir pena em regime fechado. O objetivo central da pesquisa investigou de que forma a
EP está estrutura dentro do EPA. A metodologia adotada foi abordagem qualitativa do tipo
estudo de caso, tendo como sujeito a coordenadora da EP, que participou de uma entrevista e
aplicação de questionário contendo 12 questões previamente estruturada. Com base nos
estudos foi possível considerar que a EP no EPA tem sido de grande valia para promover a
emancipação do preso.

Palavras-chave: Educção Prisional. Ressocialização. Sistema Penitenciário


SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 4

CAPÍTULO I 6- O SITEMA PENITENCIÁRIO NACIONAL ................................................. 6


1.1 A realidade atual do Sistema Penitenciário Brasileiro ......................................................... 6
1.2 Lei de Execução Penal (LEP) principais benefícios ............................................................. 8
1.3 Direito à educação no Sistema Prisional Brasileiro............................................................ 10
1.4 Plano Estadual de Educação nas prisões do Estado de Mato Grosso do Sul ..................... 12
1.5 Projeto Remissão Pela Leitura (PRL) ................................................................................. 13

CAPITULO II - METODOLOGIA .......................................................................................... 14


2.1 Público alvo ........................................................................................................................ 14
2.2 Recorte Espacial ................................................................................................................. 15
2.3 Recorte Temporal ............................................................................................................... 15
2.4 Etapas da pesquisa .............................................................................................................. 15

CAPÍTULO II17- RESULTADOS E DISCUSSÕES .............................................................. 17


3.1 Resultado da entrevista ....................................................................................................... 17
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 19

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 21
1 INTRODUÇÃO

Apresenta neste trabalho, o resultado de uma pesquisa a respeito da garantia da


Educação Prisional (EP) no contexto do Estabelecimento Penal de Aquidauana (EPA), tendo
como objeto de estudo a educação prisional. De acordo com a Constituição Federal de 1988, a
educação é expressamente reconhecida como um direito social de todos, estabelecida como
dever do Estado e da família e da sociedade num todo.
Nesse estudo não foi investigado e nem analisado as condições do Sistema Penal
Brasileiro e nem do Estabelecimento Penal de Aquidauana (EPA), apenas as condições legais
inerentes a privação de liberdade essencial para defender a importância de projetos e ações
que possam contribuir para a ressocialização do preso na sociedade, por compreender que
estar na prisão não é opção de vida, mas, circunstância decorrente da negação da dignidade,
possível de ser conquistada.
A problematização do tema suscita vários questionamentos como: Quais as
dificuldades dos docentes no processo de ensino e aprendizagem no Sistema Penitenciário de
Aquidauana-MS? Qual a formação dos docentes que trabalham com os internos? Quais
metodologias são mais utilizadas?
O objetivo geral desse estudo é saber como a Educação Prisional está estruturada
dentro EPA de Aquidauana-MS. Os objetivos específicos buscaram: Identificar quais são os
cursos oferecidos para os presos no Sistema Penitenciário (SP) de Aquidauana-MS; descrever
quais fatores contribuem para que o preso se sinta interessado em retomar os estudos dentro
do sistema prisional; descrever quais são as dificuldades encontradas pelos educadores para
promover a escolarização dentro do Sistema Prisional de Aquidauana-MS e identificar quais
avanços foram observados nos últimos 5 anos, dentro do SP de Aquidauana-MS depois que os
apenados passaram a estudar.
Para a compreensão da importância da educação prisional, tornou-se necessário
abordar a realidade atual do Sistema Penal Brasileiro (SPB) e os principais dispositivos legais
que garante o direito à educação prisional, deslocando o olhar para o projeto de remissão pela
leitura, entre outros.
Considerando que o indivíduo privado de liberdade em uma cela, deverá cumprir sua
pena até que seja considerado apto para retornar a conviver em sociedade, ter seu emprego,
sua família, ter seus diretos de ir e vir como qualquer cidadão de bem, a escolarização dentro
das Unidades Prisionais representa uma possibilidade de incluir ao processo de
5

ressocialização a educação como instrumento libertador, oferecendo possibilidades de


melhoria na qualidade de vida dos indivíduos apenados.
O que justifica essa pesquisa é o fato de que não existem penas mais rígidas no nosso
sistema, como prisão perpétua por exemplo, ou seja, o cidadão acaba retornando ao convívio
social a qualquer momento. Desse modo, a escolarização entre outras ações sociais, pode
contribuir para melhorar a condição psicossocial do indivíduo. Outro fato importante está na
compreensão de que todo individuo em privação de liberdade nas Unidades prisionais, mais
cedo ou mais tarde serão reintegrados na sociedade e sendo pessoas que não concluíram seus
estudos ou nem se quer tenham estudado, todos devem saber da importância que a educação
tem para o processo de ressocialização.
Esse trabalho está estruturado em três capítulos e considerações finais. O primeiro
Capítulo, apresenta o Sistema Penitenciário Nacional e as formulações legais que garantem a
Educação Prisional no Brasil. O segundo Capítulo, contextualiza a Metodologia que adotou
abordagem qualitativa realizar um estudo de caso. O terceiro Capítulo apresenta os resultados
da pesquisa.
6

CAPÍTULO I

O SITEMA PENITENCIÁRIO NACIONAL

O presente capítulo apresenta a fundamentação teórica deste estudo, com base na


pesquisa bibliográfica. Procura fundamentar o contexto do Sistema Prisional Brasileiro por
ser preocupante a maneira como os indivíduos em privação de liberdade são tratados e como o
Estado brasileiro está na mão do crime organizado.
A mídia por meio de telejornais e reportagens investigativas, denotam a crise nos
presídios, relatando os maus tratos, as péssimas condições de higiene, a falta de humanidade
vivenciada e ainda a má infraestrutura, somada à superlotação que exige da população
carcerária, lutar diariamente para no mínimo manter sua integridade humana mesmo em
regime fechado.

1.1 A realidade atual do Sistema Penitenciário Brasileiro


Informações estatísticas do banco de dados do sistema de Informações Penitenciárias
(INFOPEN) do Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN) reunidos até junho de 21014,
revelaram que o Brasil ocupa o quarto lugar como país das maiores populações carcerárias no
mundo, tendo à frente apenas os Estados Unidos, China e Rússia. Nos últimos 15 anos o
Brasil é o segundos pais que mais prendeu pessoas (BRASIL, 2015a).
Em 2014, 607.731 era o número de pessoas privadas de liberdade para 376.669
vagas, representando um déficit de 231.062 vagas e uma taxa de ocupação média de 161%,
sendo, portanto, encarcerado 16 indivíduos em espaços destinado para apenas 10 pessoas
(BRASIL, 2015a).
Entretanto, a realidade de alguns episódios sangrentos dentro de presídios brasileiros,
mostrou que além da fragilidade do sistema penitenciário, as superlotações estão muito acima
dos dados apresentados em 2014. Somente em janeiro de 2017, três episódios ocorridos,
mostraram a crise do SPB. Pelos menos 60 presos foram mortos durante uma rebelião, que
durou 17 horas, em uma penitenciária em Manaus e 33 morreram em um tumulto em outra
penitenciária em Roraima. No Rio Grande do Norte, foi verificado um saldo de 26 presos
mortos em rebelião na Penitenciária Estadual de Alcaçuz. Também em janeiro de 2017, mais
de 200 presos fugiram do Instituto Penal Agrícola em Bauru (SP) (AGÊNCIA Brasil, 2017).
Diante desses episódios, o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil
(OAB) e seccionais do Amazonas e de Roraima anunciaram que deverão acionar a Corte
7

Interamericana de Direitos Humanos contra o Estado brasileiro, mediante a alegação de que o


Estado brasileiro perdeu o controle das prisões e está dominado pelo crime organizado.
Autoridades reconheceram que os episódios são resultantes da guerra entre facções criminosas
rivais, sendo o Primeiro Comando da Capital (PCC) a facção que está presente em quase
todas as unidades da federação.
A realidade do SPB mostra que o governo deve desenvolver ações para solucionar os
problemas de superlotação e criar oportunidades para efetivar a ressocialização de forma
adequada alcançando a dignidade humana e evitando a angustia que geralmente se transforma
em sede de vingança e o indivíduo acaba repetindo seus delitos .
Segundo o INFOPEN, o problema de superlotação no SPB depende urgentemente de
crescimento das vagas dentro dos presídios e um sistema de monitoramento eficaz para
integralização de informação dos presos. Sugere também, alternativas penais para que a prisão
seja a última alternativa penal:

Além da necessidade de construção de vagas para o sistema prisional, em relação à


qual, nos últimos anos, o Governo Federal fez investimento recorde de mais de
R$1,1 bilhão, é preciso analisar a qualidade das prisões efetuadas e o perfil das
pessoas que têm sido encarceradas, para que seja possível problematizar a porta de
entrada e as práticas de gestão dos serviços penais, desde a baixa aplicação de
medidas cautelares e de alternativas penais até a organização das diversas rotinas do
cotidiano das unidades prisionais

Segundo os dados identificados no Relatório do INFOPEN de 2014, o Brasil


apresentou em números absolutos a quarta maior população de presos sem condenação, com
222.190 mil pessoas. Cerca de quatro a cada dez presos estão privados de liberdade sem
condenação, isso representa 41% da população encarcerada sem julgamento. Os Estados
Unidos com 480.000; seguido da Índia com 255.000 e a China com 250.000. Isso contribui
para a superlotação e elevação do custo do sistema, além de expor os indivíduos as
consequências do aprisionamento (BRASIL, 2015).
Ainda de acordo com o Relatório do INFOPEN, a maior parte da população prisional
brasileira é formada por jovens entre 18 a 29 anos. Para raça, em cada três presos, dois são
negros, tanto na população prisional masculina quanto na feminina. Com exceção, os Estados
do Sul do país (Santa Catarina, Paraná, e Rio Grande do Sul) a população prisional não é
majoritariamente composta por pessoas negras. Em relação a escolaridade, o grau é
extremamente baixo. De cada dez pessoas presas, oito estudaram no máximo até o ensino
fundamental ou, nem concluíram. Dois a cada dez presos, dois são analfabetos. O Ensino
Médio é representado por apenas 8% que completaram. O crime de maior incidência é tráfico
de drogas e entorpecentes (BRASIL, 2015a).
8

De acordo com Santiago e Britto (2006), população jovem já se mostrava a maioria na


no início desse século (2000), quando mais da metade dos presos das penitenciárias paulistas
e cariocas eram pessoas com menos de 30 anos e as mazelas também eram marcadas por
superlotação e rebeliões, altos índices de reincidência e a inabilidade de conter o crime
organizado. Situações que divide a opinião pública. De um lado aqueles que defendem o
endurecimento das repressões e construção de novas unidades prisionais como forma de
controlar o domínio do crime organizado. Do outro, aqueles que defendem a reforma do
sistema prisional com a separação de detentos por grau de periculosidade e gradação de penas,
visando a reintegração dos indivíduos na sociedade

1.2 Lei de Execução Penal (LEP) principais benefícios


A Lei de Execução Penal (LEP), nº 7.210/1984, estabelece disposições de sentenças e
condições para promover a integração social do condenado, impondo pena privativa de
liberdade, pena restritiva de direitos ou a multa, assegurando todos os direitos não atingidos
pela sentença ou pela lei. Não cabe distinção de natureza racial, social, religiosa ou política
(Art. 3º, parágrafo Único). " O Estado deverá recorrer à cooperação da comunidade nas
atividades de execução da pena e da medida de segurança " (art. 4º) (BRASIL, 1984).
No Artigo 41 da LEP, estão especificados os direitos do preso, estabelecido que pode
haver previsão de restrição de alguns direitos, por manifestação judicial e não pelo diretor do
estabelecimento prisional. Dentre os 16 direitos elencados no 41 da LEP, destacam-se direito
a: alimentação e vestuário; previdência social; trabalho e remuneração; descanso pelo
exercício de atividades laborais; assistência à saúde, jurídica, educacional, social e religiosa;
visitação; contato com o mundo exterior por meio de correspondência escrita, da leitura e de
outros meios de informação (BRASIL, 1984).
Quanto à possibilidade de ressocialização do preso, a Lei 7.210/1984, mostra que não
é possível promover a ressocialização do condenado se todos os presos receberem tratamento
sem distinção. Conforme prevê o Artigo 6º, com redação dada pela Lei 10.792/2003, uma
Comissão Técnica de Classificação (CTC) deve elaborar o programa individualizado da pena
privativa de liberdade adequada ao condenado ou preso provisório (BRASIL, 1984). Desse
modo, o Estado vai reconhecer e identificar, de acordo com os antecedentes e o grau do delito
cometido a personalidade de cada sentenciado e suas reais condições para que sejam buscados
meios para promover a sua reintegração à sociedade.
De acordo com o artigo 84 da LEP, alterado com redação dada pela Lei 13.167/15, os
presos são separados pelos critérios de prática de crimes hediondos, violência ou grave
9

ameaça e a prática de outros crimes ou contravenções diversos dos apontados na LEP, assim
como será separado em espaço individual, o preso que tiver sua integridade física, moral ou
psicológica ameaçada pela convivência com os demais presos (BRASIL, 1984).
Segundo Castro (2016), convém não confundir o exame de classificação realizado pela
CTC, com o exame previsto para a adoção de cumprimento da pena, previsto no artigo 8º da
LEP, que tem por objetivo analisar genericamente a melhor forma de cumprimento para o
apenado, enquanto o exame que deve ser realizado pela CTC está voltado para avaliação
psicológica e psiquiátrica do condenado. Com base os resultados que identificam a
agressividade, a periculosidade, a maturidade e os vínculos afetivos, é possível reconhecer a
possibilidade de sua volta à vida criminosa ou não. O autor lembra ainda que conforme dispõe
o parágrafo único do artigo 8º da LEP, o exame criminológico é obrigatório para condenado
em regime fechado e facultativo para condenado ao regime semiaberto, embora a maioria dos
doutrinadores entendam pela obrigatoriedade em ambos os casos.
Outro benefício de suma importância previsto na LEP, é redução da redução da pena
do condenado por meio por meio de trabalho ou do estudo. A cada 3 (três) dias trabalhado, 1
(um) dia é subtraído do total da pena. Pelo estudo, presencial ou a distância, a cada 12 (doze)
horas de frequência escolar, divididas em 3 (três) dias, 1 (um) dia da pena é descontado. A
remissão por estudo é calculada com base em horas, e não em dias cheios. O preso em regime
aberto não tem direito a remissão pelo trabalho, mas é possível o desconto de sua pena pelo
estudo (art. 126, § 6º) (CASTRO, 2016).
Se o preso estudar e também trabalhar, em horários compatíveis, terá benefício para
reduzir sua pena, tanto pelo trabalho quanto pelo estudo, separadamente. Caso consiga
concluir o ensino fundamental, médio ou superior durante o cumprimento da pena, estudando
efetivamente 960 horas, o tempo de remição será acrescido de 1/3 (um terço) correspondente
a 320 (trezentos e vinte) horas. Em casos em que o preso já trabalhando e ou estudando no
Sistema Penal, fique impossibilitado, por acidente, de prosseguir ele continuará a beneficiar-
se com a remição. Importante ressaltar que não vale para acidentes ocorridos antes de ter
iniciado essas atividades (CASTRO, 2016).
Com base no exposto, compreende-se que a lei expressa claramente que a reintegração
à sociedade deve ser promovida, sem distinção em referência as decisões que determinaram a
privação de liberdade, uma vez que será assegurado ao condenado todos os direitos não
atingidos pela lei, ou seja, mesmo sentenciado e privado de liberdade, todos os direitos
garantidos aos demais cidadãos serão mantidos, com a ressalva de alguns direitos que podem
ser privados devido a condição em que o indivíduo se encontra, a exemplo a suspensão dos
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direitos políticos, previsto na Constituição Federal em seu artigo 15, inciso III, sendo
mantido o direito de voto (BRASIL, 1988).

1.3 Direito à educação no Sistema Prisional Brasileiro


A educação no sistema prisional, surge inicialmente na França e na América do Norte,
no século XVIII, nas maiores penitenciárias do país. Nos Estados Unidos, a educação
organizada pelos Quaker, grupo religioso, tinham como meta alfabetizar os internos numa
perspectiva religiosa, por meio de participação obrigatória em cultos e leitura bíblica No
Brasil, a educação prisional deus seus primeiros passos através da LEP/1984 (SILEIRA, .
A educação como elemento fundamental para o desenvolvimento da vocação humana
é prevista no Artigo 205 da Constituição Federal como um direito de todos e dever do Estado
e da família. Devendo ser promovida com a colaboração da sociedade, em prol do pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para
o trabalho. Para o alcance dessa finalidade, o ensino deve ser ministrado com base nos
princípios de igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; liberdade de
aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; pluralismo de ideias e
de concepções pedagógicas (Artigo 206 e incisos) (BRASIL, 1988).
Como dever do Estado, a educação será é efetivada por meio ensino fundamental
obrigatório e gratuito, assegurado também a universalização do Ensino Médio gratuito;
atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na
rede regular de ensino. Também a oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do
educando e atendimento ao educando, no ensino fundamental, através de programas
suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde entre
outros (Artigo 208 e incisos) (BRASIL, 1988).
No que se refere a educação no sistema prisional brasileiro, o Decreto Federal nº
7.626/2011, que institui o Plano Estratégico de Educação no Sistema Prisional (PEESP),
estabelece como a reintegração social da pessoa em privação de liberdade por meio da
educação. De acordo com o Artigo 3º e incisos desse Decreto é da responsabilidade do Poder
Público a organização do atendimento educacional em estabelecimento penal de acordo com
as Diretrizes definidas pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) e pelo Conselho Nacional
de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP) (BRASIL, 2011).
Como se observa, a educação é relevante não só para os que estão em liberdade, mas
também ao sujeito privado dela e, o acesso é tratado como um direito na Constituição
Federal. Portanto, estendido ao preso, não pode ser visto como um benefício sob o risco de ser
11

tirado a qualquer momento. Nesse sentido, muitas ações ainda devem ser implementadas para
mudar o cenário do sistema penitenciário brasileiro.

Em 2013, segundo dados do Ministério da Educação (MEC), de uma população


carcerária de 500 mil pessoas, apenas 2,9% tinha qualificação profissional e cerca de 5% era
analfabeta. Nesse mesmo ano, o Programa Bolsa-formação encaminhou 35 mil presos em
regime aberto, semiaberto e provisório e egressos do sistema prisional, selecionados pelo
Ministério da Justiça, aos cursos em unidades de ensino credenciadas pelo MEC, como
institutos federais de educação, ciência e tecnologia, unidades do Sistema e Escolas técnicas
estaduais. Para os estudantes que cumprem pena em sistema prisional, o Programa
disponibiliza meio de transporte (BRASIL, 2013).
O Artigo 126 da Lei nº 7.210/1984, com redação dada pela a Lei 12.433/2011, inclui
entre os critérios para remissão de dias da pena que cada 12 (doze) horas de estudo beneficia o
preso a abater um dia do total da sua pena (BRASIL, 1984). Compreende-se que o direito à
educação já está previsto na LEP/1984 e no ordenamento da Constituição Federal, uma vez
que o sujeito em privação de liberdade não está excluído de outros direitos garantidos à
população (BRASIL, 1984;2011).
Importante ressaltar que, a remissão por horas de estudo, são consideradas pela efetiva
participação do preso nas atividades educacionais, independente de aproveitamento, exceto
quando o condenado for autorizado a estudar fora do estabelecimento penal, ocasião em que,
de acordo com o artigo 129 da LEP/1984, " O condenado autorizado a estudar fora do
estabelecimento penal deverá comprovar mensalmente, por meio de declaração da respectiva
unidade de ensino, a frequência e o aproveitamento escolar" (BRASIL, 1984;2011).
O processo de educação escolar para quem ainda não concluiu os estudos em idades
regulares, é marcado pela Educação de Jovens e Adultos (EJA), que surge na perspectiva de
uma educação continuada ao longo da vida, como um projeto educativo voltado para soluções
de alfabetização comunitária. Tem por finalidade promover a erradicação do analfabetismo
(BRASIL, 2007).
O Aplicação do Exame para certificação no Ensino Fundamental (ENCCEJA PPL), é
direcionado às pessoas que não tiveram a oportunidade de concluir os seus estudos em idade
própria, por meio de uma prova única para certificação. Os participantes que buscam a
certificação do ensino fundamental precisam ter, no mínimo, 15 anos completos na data da
prova. Quem busca a certificação do Ensino Médio tem que ter, no mínimo, 18 anos
completos (BRASIL, 2007).
12

1.4 Plano Estadual de Educação nas prisões do Estado de Mato Grosso do Sul
O Plano Estadual de Educação nas prisões do Estado de Mato Grosso do Sul (PEEP/MS), tem
como documentos norteadores para sua elaboração, além da Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB /1996); o Plano Estadual de Educação; o Plano Diretor do Sistema Penitenciário; o
Projeto Político Pedagógico e o Regimento Interno da Escola Estadual Polo Profª. Regina Lúcia Anffe
Nunes Betine; o Regimento Interno Básico das Unidades Penais, além de Diretrizes e Resoluções do
Conselho Nacional de Educação e do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária
(BRASIL, 2015c).
Foram utilizados também, o Catálogo Nacional de Cursos Técnicos, o Plano Nacional
de Saúde no Sistema Penitenciário e as Diretrizes Curriculares para a Educação de Jovens e
Adultos (EJA) que contribuíram para a formação da concepção de uma pedagogia que busca
por uma educação integral, com a finalidade de otimizar os recursos existentes, tanto no
sistema penitenciário como no sistema público de ensino (BRASIL, 2015c).
De acordo com o PEEP/MS, o Estado de Mato Grosso do Sul possui 01 (um) Presídio
Federal de Campo Grande/MS e 46 (quarenta e seis) estabelecimentos penais, dos quais 27
(vinte e sete) dispõem a Educação de Jovens e Adultos nas etapas do Ensino Fundamental e
do Ensino Médio, oferecida por intermédio da Escola Estadual Polo Profª. Regina Lúcia
Anffe Nunes Betine, aos custodiados dos estabelecimentos penais de Mato Grosso do Sul,
atendendo ao Termo de Cooperação Mútua nº 020, de 04/08/2015 e o Acordo de Cooperação
Técnica nº 03/2012, do Departamento Penitenciário Nacional/DEPEN (BRASIL, 2015c).
A gestão da educação prisional permite parcerias com outras instituições de governo,
universidades e organizações da sociedade. Compete à Secretaria de Estado de Educação e a
Secretaria de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul:
- Designar integrantes da Comissão Coordenadora do Termo do Termo de Cooperação
Mútua;
- Participar da elaboração dos planos, programas e cursos a serem desenvolvidos;
- Incluir o nome de ambas as instituições parceiras em todas as formas e processos de
- Divulgação dos trabalhos desenvolvidos;
- Promover recursos humanos necessários à execução do Termo de Cooperação Mútua
definindo critérios para seleção do corpo docente.
Cabe à direção da Escola Estadual Polo Profª Regina Lúcia Anffe Nunes Betine,
realizar todo acompanhamento pedagógico nas Extensões Educacionais Prisionais dos
municípios do Estado de Mato Grosso do Sul, inclusive coordenar a jornada pedagógica e
garantir registro dos documentos escolares na escola polo. Cada estabelecimento penal possui
13

um setor de educação e profissionalização com a responsabilidade de planejar, coordenar e


avaliar a educação ofertada e mediar mudanças necessárias.

1.5 Projeto Remissão Pela Leitura (PRL)


O Projeto Remissão pela Leitura (PRL), consiste em conceder ao preso a redução de
quatro dias de sua pena total, caso ele pratique a leitura de obra clássica, literária ou filosófica
no período de trinta dias. É disciplinado pela Portaria Conjunta JF/DEPEN nº 276/2012 do
Conselho da Justiça Federal (CJF) e da DEPEN, que instituiu tal benefício no âmbito das
Penitenciárias Federais. Os critérios para fins de remição da pena pela leitura, foram
estabelecidos pela Recomendação nº 44/2013 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que
acabou estendendo aos presídios estaduais e federais, o direito de instituir projetos específicos
de incentivo à remição pela leitura.
Ao analisar os artigos 126, 127 e 128 da LEP/1984, com redação dada pela Lei
12.433/2011, a remissão de pena é permitida por trabalho, devendo ser horas diárias de
trabalho e de estudo definidas de forma a se compatibilizarem. O tempo remido será
computado como pena cumprida (BRASIL, 1984).
De acordo com as normativas da Resolução 44/2013, a opção do preso pela remissão
de pena pela leitura deve ocorrer de forma espontânea:

Art. 3º A participação do preso dar-se-á de forma voluntária, sendo disponibilizado


ao participante 01 (um) exemplar de obra literária, clássica, científica ou filosófica,
dentre outras, de acordo com as obras disponíveis na Unidade, adquiridas pela
Justiça Federal, pelo Departamento Penitenciário Nacional e doadas às
Penitenciárias Federais (BRASIL, 2013).

Em Mato Grosso do Sul a cidade de Aquidauana é a terceira a implantar o Projeto


RPL. A primeira foi Paranaíba em 2014 e a segunda, no mesmo ano, foi Nova Andradina. Em
Aquidauana foi instituído em 2015, pelo Poder Judiciário, por meio da Portaria nº
001/2015, assinada pelo juiz Giuliano Máximo Martins, responsável pela Vara Criminal da
Comarca. Conforme normativa, uma comissão coordenadora é responsável pela avaliação das
resenhas que, posteriormente será avaliada pelo juiz criminal, com a possibilidade de receber
quatro dias de remição da pena. De acordo com as regras, o preso tem 30 dias para realizar a
leitura e fazer uma resenha a respeito. O benefício pode chegar até 48 dias de remissão, no
prazo de 12 meses (BRASIL, 2015b).
14

CAPITULO II

METODOLOGIA

Os métodos adotados e o delineamento básico da pesquisa que se insere no campo das


Ciências Humanas, área da Educação caracterizou-se como qualitativa, do tipo estudo de caso.
Esse tipo de pesquisa permite criar dados descritivos a partir de observação direta dos
fenemonos a serem estudados. Busca valorizar a indução dos fatos profundamente
relacionados com a subjetividade dos sujeitos pesquisados.
De acordo com Flick (2009), a pesquisa qualitativa é um método investigativo que e
foca no caráter subjetivo do objeto, analisando suas particularidades. Nesse tipo de pesquisa
os sujeitos envolvidos (entrevistados) apontam livremente suas opiniões e experiências, sobre
determinados assuntos que estejam relacionados com o objeto de estudo. Pode inclusive, o
pesquisador integrar suas opiniões à pesquisa.
Para Minayo (2001), a pesquisa qualitativa opera numa esfera em que, existem fatores
significativos envolvendo objeto e sujeito, como pensamentos, crenças, representações entre
outros, os quais não podem ser mensurados por números; assim, essa subjetividade estabelece
um vínculo emocional entre a pesquisa e o pesquisador.
Nesse sentido, essa pesquisa buscou por meio da abordagem qualitativa,
compreender o significado dos fenômenos, na visão dos sujeitos da pesquisa em relação ao
Estabelecimento Penal, local onde trabalham, e sobretudo quanto ao trabalho e dispositivos
empregados pela instituição para ofertar a Educação Prisional, os sujeitos foram investigados
no ambiente natural da pesquisa, pois, conforme Gil (1999), a fonte direta para o
levantamento de dados da pesquisa qualitativa, encontra-se no ambiente natural e o
pesquisador torna-se o instrumento principal deste processo.

2.1 Público alvo


Em principio foram considerados sujeitos desta pesquisa os coordenadores e professores
dos cursos de educação prisional ofertados no Estabelecimento Penal de Aquidauana (EPA).
Entretanto, devido a impossibilidade de encontrar os professores do curso, pois, estavam de férias
regulamentadas pelo período letivo, a pesquisa contou com a preciosa colaboração da
Coordenadora do curso de Educação Prisional, a assistente social Neuza Maria da Silva,
identificada neste estudo como Coordenadora.
15

2.2 Recorte Espacial


A delimitação espacial, é o Estabelecimento Penal de Aquidauana (EPA) , escolhido
por ser uma instituição pública que deve contribuir para a recuperação social de cidadãos
privados de liberdade e melhoria de suas condições de vida, seguindo os princípios da
dignidade humana no Estado de direito democrático, conforme previsto na Constituição
Federal de 1988. O recorte espacial desse estudo é o O EPA, classificado como
estabelecimento penal de segurança média, destinado a presos condenados do sexo masculino,
que cumprem pena em regime fechado.

2.3 Recorte Temporal


O recorte temporal dessa pesquisa se situa a partir da inserção da escolarização no
Sistema Penal de Aquidauana-MS nos últimos cinco anos (2012 a 2017), especificamente
como ferramenta educativa para estimular mudança de comportamento da população privada
de liberdade em regime fechado.

2.4 Etapas da pesquisa


A pesquisa foi desenvolvida em duas etapas: pesquisa a bibliográfica e estudo de caso.
Para conduzir a pesquisa bibliográfica recorreu-se ao Relatório Nacional Junho-2014, do
sistema INFOPEN, que pertence ao DEPEN e, buscou-se na literatura acadêmica e
documental, autores e estudos que identificam antecedentes e modelos propostos para
promover a educação prisional no Brasil.
A Pesquisa Bibliográfica, teve por finalidade conhecer as contribuições de outros
autores sobre o tema, com base em materiais já publicados além de documentos específicos,
para identificar os critérios e as condições do SPB, as condições da educação prisional dos
indivíduos em privação de liberdade e a aproximação das propostas educacionais do EPA
com a possibilidade de reinserção social, procurando e verificar os pontos de convergência
entre a produção de conhecimento e a realidade prisional.
O estudo de caso foi desenvolvido por meio de entrevista auxiliada por um
questionário, mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e esclarecido (Apêndices
A e B), contendo 12 questões, realizada com a Coordenadora do curso de educação prisional,
como estratégia para coletar dados que possam respondem aos objetivos dessa pesquisa.
Apropria-se do método estudo de caso, voltado para a aplicação imediata de
conhecimentos de uma determinada realidade circunstancial, revelando o desenvolvimento
16

das teorias (GIL,1999). Este tipo de método abrange coletas e análise de dados. “Pode
permitir novas descobertas de aspectos que não foram previstos inicialmente”. O pesquisador
deve expor de forma justa todas as evidencias e atuar de forma crítica (YIN, 2001, p. 59).
Convém ressaltar ainda que:

Um estudo de caso é uma investigação empírica que investiga um fenômeno


contemporâneo dentro de seu contexto da vida real, especialmente quando os limites
entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos. A investigação de um
estudo de caso baseia-se em várias fontes de evidências e beneficia-se do
desenvolvimento prévio de proposições teóricas para conduzir a coleta e a análise de
dados (YIN, 2001, p.32).

Nessa pesquisa o estudo de caso contribuiu para o pesquisador analisar dados


evidências que pudessem contribuir para compreender os processos organizacionais e as
políticas educacionais adotadas pela instituição, bem como os motivos que levaram a
instituição a tomar determinadas decisões no período que define o recorte temporal dessa
pesquisa.
17

CAPÍTULO III

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Apresenta-se nesse capítulo a análise dos resultados das pesquisas realizadas, e


confrontados com as diferentes fontes e instrumentos de pesquisa que serviram para orientar
objetivos restritamente acadêmicos. Para facilitar a leitura dos resultados da pesquisa, foram
atribuídas as seguintes abreviaturas: EPA para identificar o Estabelecimento Penal de
Aquidauana; EP, para identificar Educação Prisional e RPL para identificar Remissão pela
Leitura.

3.1 Resultado da entrevista


De acordo com a Coordenadora, a modalidade EP no EPA, vem sendo oferecida há
mais de 20 anos. Devido a fragmentação de informações e inexistências fontes documentais, a
data não é precisa, mas, sem medo de equivoco, é possível estimar quase 25 anos de
existência da EP nessa instituição.
Atualmente(2017) a EP ocorre dentro do EPA em sala adaptada. O corpo docente
conta 4 (quatro) profissionais, licenciados em Pedagogia, Letras e Matemática. O Projeto
Pedagógico da EP propõe Educação para Jovens e Adultos (EJA) e Educação Profissional.
Para a os cursos profissionalizantes o EPA conta a parceria do Serviço Nacional de
Aprendizagem Rural (S
Os presos do EPA que participam da EP podem optar pela modalidade Educação de
Jovens e Adultos (EJA), para concluir o Ensino Fundamental, pelo Exame Nacional para
Certificação de Competências de Jovens e Adultos para Pessoas Privadas de Liberdade
(ENCCEJA Nacional PPL) para a conclusão do Ensino Médio e o Exame Nacional do Ensino
Médio para pessoas privadas de liberdade (ENEM PPL) para ingressar em cursos superiores.
No EPA a EP ocorre pela modalidade de ensino EJA para conclusão Ensino
Fundamental, em parceria com a Secretaria de Estado de Educação, por meio de extensões da
Escola Estadual Polo Regina Anffe Nunes Betine, que oferece suporte para do Estado de
Mato Grosso do Sul, com sede em Campo Grande, a capital do estado. Sendo oferecido em 23
unidades situadas nos municípios de Campo Grande, Três Lagoas, Ponta Porã, Corumbá,
Aquidauana, Cassilândia, Bataguassu, Rio Brilhante, Amambai, Paranaíba, Jateí, São Gabriel
do Oeste, Dois Irmãos do Buriti, Jardim, Naviraí e Dourados.
18

Conforme esclareceu a Coordenadora, os critérios de seleção para que o indivíduo


privado de liberdade possa participa da EP é apenas o desejo de cada um, nada mais.
Atualmente estão participando da EP 15 (detentos), a faixa etária é de 20 a 35 anos, a maioria
são adultos que não tiveram acesso ou permanência à escolarização na idade apropriada. A
efetivação dos conteúdos de ensino aprendizagem, no que diz respeito à escolarização, é
orientada por uma grade de disciplinas denominada matriz curricular adaptada de forma que
possibilite atender as necessidades do grupo inserido no EPA, pelo que foi apresentado,
compreende-se que a organização das aulas é diferente apenas no modo de como são
propostas as disciplinas. Sendo oferecida uma de cada vez, proporcionado aos alunos as
disciplinas especificas no decorrer do semestre.
A dificuldade enfrentada pelos educadores para promover melhor a EP no EPA é a
falta de infraestrutura mais adequada e material pedagógico. Sendo o maior obstáculo o
financeiro, decorrente da falta de investimento do Poder público. Na entrevista a
Coordenadora informou que a sala disponibilizada para a EP comporta 09 pessoas, atualmente
atende 15 presos inseridos no programa de educação.
A resposta da questão 11, a respeito de como a EP, reconhecida pelo princípio
ressocializador contribuiu para Aquidauana-MS, a coordenadora disse que o processo
ressocializador tem sido alcançado, contudo, não ficou claro a forma quais foram as mudanças
que favoreceram a ressocialização.
Apoiada nos critérios da Recomendação 44/2013, o EPA, oferece a remissão de pena
pela leitura. O preso que participa do Projeto tem 30 dias de prazo para ler uma obra literária
e elaborar uma resenha sobre o tema. Por critério, quem participa do PRL, pode frequentar a
EP, mas, para fins de remissão da pena, apenas uma das opções será contabilizada, além do
trabalho, ou seja, o preso pode contar com o benefício da remissão da pena por meio do
trabalho e/ou EP ou PRL.
Outra observação de suma importância, informada durante a entrevista, foi a respeito
da evasão e da falta de frequência dos alunos matriculados. A Coordenador comentou que
mesmo estando o indivíduo privado de liberdade e tendo a EP oferecida dentro do EPA,
muitos acabam desistindo e alguns, às vezes, não comparecem às aulas.
Diante dessa declaração, observa-se que para alguns os presos, ainda não existe
entendimento sobre o real significado da educação e sua tarefa na ressocialização. Diante
dessa realidade é possível compreender que o Sistema Prisional pode cumprir determinações
legais, concedendo direitos e oportunidades para promover a qualificação dos presos, por
meio dos estudos, mas, a visão diferenciada do que deve ser alcançado em liberdade, através
19

da educação, só depende dos presos por esperar por um futuro melhor, através dessa
preparação.
No que se refere a estrutura da EP no EPA, é garantida ao preso o direito à educação
escolar dentro do sistema pela EJA, como instrumento indispensável para a emancipação,
tendo como requisito apenas o desejo espontâneo de cada um. A população carcerária que
participa da EP é adulta entre 20 e 35 anos. O objetivo da EP é preparar os jovens para a vida
pós cárcere, possibilitando menos dificuldades.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Procurando evidenciar o que foi considerado de mais importante nessa pesquisa,


convém lembrar que o ponto de partida teve como objeto de estudo a educação no sistema
prisional. A pesquisa bibliográfica permitiu à pesquisadora encontrar algumas terminologias
conceituais que caracterizam a educação prisional como “Educação carcerária”, “educação de
presos”, “educação para privados de liberdade", "educação para apenados", culminando numa
modalidade de ensino formal destinada à população com privação de liberdade em vários artigos
publicados, entretanto, os trabalhos em nível de pesquisa acadêmica a respeito do tema são poucos
e a maioria se reduz a posicionamentos críticos em torno do programa RPL.
Com base na Constituição Federal, a educação é um direito de todos, assegurado
inclusive às pessoas privadas de liberdade, com a finalidade de promover a ressocialização
desta população. Ainda é uma das formas, senão, a principal, para promover mudanças
significativas da realidade de indivíduos tanto privados de liberdade, quanto livres.
O objetivo central da pesquisa foi alcançado. Através da entrevista com a
Coordenadora, ficou claro que a educação no sistema prisional de Aquidauana é reconhecida
em todas as instâncias envolvidas nesse sistema da mesma forma. Todos reconhecem que
independente das ações que determinar a prisão do sujeito, o sistema penitenciário não deve
se isolar adas práticas educativas. Motivo suficiente para compreender porque a EP ocorre há
mais de vinte anos no EPA.
Na realidade, quando um sujeito está submetido à privação de liberdade, ele perde
direitos e garantias mínimas que restringe sua autonomia e ainda passa pelo desafeto da
sociedade sendo tratados de forma generalizada como bandidos sem chance de recuperação.
Resgatar a autoestima e romper com os preconceitos sociais são os principais desafios que
somente por meio do trabalho e da educação poderão ser alcançados.
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No EPA os presos podem optar por concluir seus estudos ou apenas praticar leituras
para reduzir a pena. O critério para seleção, como bem esclarece a própria Coordenadora é
"apenas o desejo de cada um, nada mais". Considera-se que A Educação de Jovens e Adultos
(EJA) tem sido a modalidade de ensino que responde aos interesses daqueles que querem
concluir seus estudos.
Notadamente, a realidade de alguns presídios brasileiros mostra que a pena em si não
reintegra o indivíduo ao convívio social e as medidas de caráter ressocializador também não
são suficientes. Embora a remissão pareça ser justa, causa repercussão no âmbito social, que
isso não devolve às vítimas nenhum reparo e, no entanto, o Estado procura diminuir a
superlotação das penitenciárias “criando” institutos para beneficiar o preso. No entanto, as
condições sub-humanas do sistema penitenciário brasileiro acaba banalizando qualquer
possibilidade de ressocialização.
Por outro, ficou evidente que a educação prisional, mesmo tendo a remissão de pena
como bônus, não é motivadora para todos que se inserem no programa, pois, conforme relato
da Coordenadora, o indivíduo privado de liberdade também desiste da escolarização e outros
nem comparecem com assiduidade.
Conclui-se, que o entendimento da educação e sua tarefa ressocializadora não alcança
o desejo de todos no EPA, o que não significa que deve-se ignorar os direitos dos indivíduos
à margem da sociedade, isolados dentro de uma prisão. A educação de detentos mesmo
vinculadas a propostas de remissão de pena tem sido uma proposta de ressocialização também
do sistema penal.
Com base nos estudos, admite-se que a dimensão educativa dos programas de EP têm
tem se preocupado em recuperar a escolarização dos detentos para que se sintam
motivados a buscar mudanças de vida e autonomia. Essa dimensão não pode ser
generalizada no dito popular de que "o detento estuda para ganhar remissão de pena".
A sociedade tem que superara esse paradigma.
21

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22

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