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BIBLIOTHECA

MAÇONNICA.

TOMO IV,
PARIS, — NA oFFICINA TYPogRAPHICA DE BEAULÉ,
Rue François Miron, 8.
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BIBLIOTHE CA
MAçorINICA,
OU

INSTRUCÇÃO COMPLETA
Do FRANC-MAçoN.
COMPREHENDENDO

1º A Historia da Maçonnaria desde a mais alta antigui


dade até hoje;
2º O Ritual de todos os gráos da Maçommaria;
3º A Guia do Architecto;
4º A Maçonnaria d'Adopção;
5º Huma Collecção de Discursos para todos os gráos e fes
tas das ordens;
6° Os estatutos geraes e particulares dos principaes Orienº
tes da Europa;
7° Modelos de correspondencia oficial e ceremonias;
8° Hum Vocabulario Maçonnico.
oERA

POR UM CAV, ". ROSA-CRUZ,

TOMO QUARTO. é:
O

PARIS.
EM CASA DE J. P. AILLAUD,
QUAI volTAIRE, Nº 11.
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MAÇONNARIA DE ADOPÇÃO.
OU }

MAçoNNARIA DAS DAMAS.

IV º 1
O REGULADOR
Do MAÇON.

MAÇONNARIA

n= Anorção.
<wesmas

Utilidade das tojas de Adopção.


A Maçonnaria das senhoras, chamada de
Adopção, não está espalhada (falla-se parti
cularmente de França) como em outro tem
po estava; com tudo, como a dos homens,
ella tem sua utilidade, pois que o seu fim é
o mesmo; e difere d’aquella pelo seu histo
rico e antiguidade, que não é a mesma,
posto que alguns autores a fáção remontar
ao tempo da creação do mundo. Differe
igualmente nas recepções, que não podem
assemelhar-se ás dos homens, por isso que
as senhoras não podem fisicamente sofrer
as experiencias por que os homens são
obrigados a passar. Por que razão as LL.'.
- 4 –
espalhadas sobre a face da terra, e princi
palmente em França, que é a séde da cor
tezia para com as damas, se privão do pra
zer de se associarem aos trabalhos d'um sexo
que dá tanto encanto a nossos recreios?
Será por egoismo? Mas este sentimento não
se pode suspeitar nos MM.'. Será o receio
do entrar em despezas exorbitantes? Mas
com que se paga o prazer que se sente ao
pé de tão amavel sexo? e uma L.'. zelosa
de seus fundos não pode por meio de bem
entendidas economias, prover a essas des—
pezas?
Nada pois obsta a que hájão LL.'. d'a
dopção, e é na intenção de despertar nos
MM.…. este gosto de nossos antigos Mest.º.,
que se emprehendeu fazer imprimir tudo o
que nos pareceu necessario para a creação
das LL.". d’adopção.
Todas as LL.'. instituidas pelo G.". O.".
teem o direito de constituir LL.'. d’adop
ção; que ellas usem pois d’este direito para
as estabelecer, o que será uma nova home
nagem rendida á virtude. Que as senhoras
não tênhão d'aqui em diante razão de nos
reprehender esse egoismo, que parece pre
sidir a nossas reuniões; mostremos-lhes em
fim que somos sempre dignos dos senti
mentos, que ellas sabem inspirar.
— 5 -
Para facilitar ás LL... a maneira de for
mar as LL.'. de adopção, entrou-se, como
se passa a mostrar, em todos os detalhes,
que podião esclarecer esta materia.

ESTATUTOS

PARA AS LOJAS D'ADOPÇÃo.


Depois das mais maduras deliberações as
sentámos que os presentes Estatutos serão
executados inviolavelmente em todas as
LL.'. de mulheres; mas não querendo co
arctar o direito que tem cada L.'. de fazer
seus regulamentos particulares, este direito
persistirá em tudo o que não fôr em con
travenção dos presentes Estatutos.
Artigo primeiro.
Nenhuma Mest.". poderá jamais ter L.'.,
nem fazer recepção sem que seja constituida
por um G.". M.". e para isso autorisada.
Artigo segundo.

Para uma L.'. fazer recepções é preciso


ser composta d’uma Ven.'. Mest.'., duas
1"
.– 6 –

Vig..., uma Sec.º., uma Thes..., e uma


Mest.". de Cer.".

Artigo terceiro.
Nenhuma mulher, de qualquer condição
que ella possa ser, será admittida na socie
dade, sem que tenha sido proposta na ses
são precedente. A Ven... Mest... pedirá aos
II.". e Irmãas assistentes que indaguem se
ha alguma cousa a dizer contra a proposta,
e que de tudo deem conta exacta á L.".
Artigo quarto.
Sendo os votos em favor da proposta, a
Vem.". Mest.". a fará avisar, a fim de que
ella saiba qual é o dia designado para a sua
recepção. Se os votos forem contrarios á
proposta, ella será igualmente avisada, di
zendo-se-lhe com toda a urbanidade que
não pode ser.

Artigo quinto.
Nenhuma mulher gravida, ou no tempo
critico poderá ser admittida á recepção.
Artigo sexto.
Nenhuma poderá ser iniciada antes de
ter ao menos dezoito annos completos,
– 7 -

Artigo setimo.
As provas da vida e costumes serão lidas
em L.", pelo Sec.'. da L.'.; e quando uma
proposta tiver sido rejeitada; é expressa
- mente prohibido a todo e qualquer o fallar
d’isso a alguem. Esta prohibição estende-se
aos Irmãos e Irmãas, que não estivérão pre
sentes no dia em que a proposta foi recusada.
A violação deste preceito será necessaria
mente punida; e quando se tiver verificado
que tal Irmão ou Irmãa foi indiscreto ou in
discreta n'esta parte, se pronunciará un
animemente a sua exclusão da L.".

Artigo oitavo.
Tomar-se-hão informações sobre se as
Irmãas são prudentes e circunspectas no
mundo profano; e vindo a saber-se que
alguma não observa strictamente os estatu
tos e seus regulamentos maçonnicos, ella
será, pela primeira vez, reprehendida em
L.'. com doçura, pela segunda registrada,
e pela terceira, perpetuamente banida da
sociedade.
Assim toda a Irmãa sera mui reservada
em seus discursos, e deverá sempre condu
zir-se com a maior prudencia, tanto em L.'.
como no mundo profano.
— 3 —

Artigo nono.
Quando uma Irmãa se não sentir em es
tado de observar a maior decencia durante a
recepção, pedirá immediamente licença para
se retirar; aliás será convidada a faze-lo.
Artigo decimo.
As Irmãas estrangeiras, que se apresenta
rem, serão strictamente examinadas antes
que lhes seja concedida a entrada; para o
que ter-se-ha o cuidado de as reconhecer
antes d’entrarem. Se forem Eleitas Escosse
zas, serão colocadas á direita e á esquerda
da Mest.". segundo a antiguidade da sua re
cepção.
Artigo undecimo.
Os presentes Estatutos serão observados
com o maior rigor, e toda a inicianda pro
metterá por um juramento particular con
formar-se com elles o mais rigorosamente
possivel; e a que o recusar prometter será
immediatamente despedida.
– 9 -

DIGNIDADES
»ruxa x... DE Amoeção.
Um Gran Mestre.
Uma Gr. ". Mestra.
Um I.". 1º Vigilante.
Uma Irmãa Inspectora.
Um I... 2º Vigilante.
Uma Irmãa Depositaria.
Um I.". Orador.
Uma Irmãa Thesoureira.
PRIMEIRO GRÁo.

APRENDIZ.
-*><><>

Decoração da loja.

A L.'. deve ser forrada d'azul, como a


dos homens; e representa as quarto partes
do mundo, a Europa, a Asia, a Africa, e a
America.
O que na L.'. dos homens se chama co
lumna, chama-se clima em L.'. de adopção.
Titulos.—O presidente toma o de Ven...:
a Gr.". Mestra, o de Grande Inspectora. Ha
um só Vig... que toma o titulo de Grande
Inspector.
Lugares. — « O Ven. ". assenta-se na Asia
(Oriente em L.'. d'homens), e tem diante
de si um altar. A Grande Inspectora está á
sua direita, vestida de branco; o avental é
branco bordado d'azul, e tem por collar uma
larga fita branca, na extremidade da qual
pende uma trolha de prata. O Ven.'. accres
centa ás suas insignias ordinarias uma fita
azul, em cuja extremidade pende um mar
– 11 -

tello na forma d'um T. Tem seu chapeo na


cabeça, uma espada na mão esquerda, e uma
trolha na mão direita. Sobre o altar está
uma tigela que contenha massa para pôr o
sello da discrição, com ajuda d’uma trolha
que deve estar na tigela.
O Gr.'. Inspector coloca-se em face do
Ven.'., na Europa (Occidente), decorado da
mesma fórma que elle, mas sem chapeo.
O Orador coloca-se na extremidade do
clima da Africa (Meiodia), decorado como
O Ven. º.
Atrás do Gr.". Inspector está uma mesa,
sobre a qual deve estar um esqueleto. Nas
duas extremidades d’esta mesa devem estar
dous II.". Terriveis, cada um dos quaes deve
ter um facho composto de enxofre, betume
e resina, assim como uma mesinha d'um
pé só diante de cada um d'elles, e sobre
estas duas mesinhas deve haver duas taças
ou dous pequenos alguidares cheios d'espi
rito de vinho misturado com sal.
Atrás do Gr... Mest.". está uma grande
estrella que forma muitas luzes, e diante
d’estas um tafetá cor de fogo.
Os Irmãos e Irmãas tómão lugar nos cli
mas, ficando as senhoras nas banquetas de
diante : os Irmãos revestidos com as suas
condecorações ordinarias, e armados d'uma
— 12 -
espada; e as Irmãas revestidas d'um avental
branco, bordado d'azul, e uma larga fita
branca em lugar de collar, em cuja extre
midade pende uma trolha.
A L.'. é allumiada como as dos homens;
e no meio deve haver um quadro.
Abertura da L.".

O Ven.'. pergunta ao Gr.". Inspector:


P.—«Quaes são os deveresd’uma perfeita
Maçon? »
R.—« Amar, soccorer, proteger e respei
tar seus II.". e Irmãas, principalmente na
desgraça. »
oven.'. diz: «Continuemos pois a amar
nos, proteger-nos e soccorrer-nos mutua
mente em todas as occasiões. »
Elle dá então cinco pancadas, dizendo
cinco vezes Eva !
A L.". está aberta.
Ordem. — Os Irmãos e Irmãas estão á or
dem, pondo
e ambas a mão
sobre direita sobre a esquerda,
o ventre, •
— 13 -

Preparação para a recepção.


Conduz-se a Inicianda em um lugar muito
escuro, aonde deve haver uma caveira, den
tro da qual esteja uma luz. N’aquelle lugar
está ordinariamente uma Irmãa (e deve-se
fazer todo o possivel para que seja a ultima
iniciada) a qual lhe pergunta se fez suas re
flexões sobre a empreza que formou d’entrar
em uma ordem tão respeitavel, como aquella
a que ella aspira ser admittida. Pergunta
lhe depois se ella está em bom estado, por
que deve passar por provas terriveis, as
quaes todavia em nada são contrarias a de
cencia, nem á virtude a mais austera. De
pois convida-a a ter muita firmeza, tira-lhe
a liga esquerda, que substitue por uma fita
azul; tira-lhe a luva direita, arregaça-lhe a
manga direita, venda-lhe os olhos, e per
gunta-lhe se, á fé de Irmãa que ha de vir a
ser, ella não vê cousa alguma: finalmente
diz-lhe que tenha confiança n’ella.
Assim disposta a Inicianda, a Irmãa apre
senta-a á porta do templo, aonde ella bate
por cinco vezes,

1W, 2
* 14 -

Recepção.

Tendo a Grande Inspectora batido cinco


vezes, assim como o Gr.". Inspector, este
diz ao Ven.'. «Batem á porta do templo.»
O Ven.". responde: Vêde quem bate, e o
que quer. » Depois do Gr.". Insp.…. ter ido
ver á porta, volta ao seu lugar, põe-se á or
dem, assim como os Irmãos e Irmãas, e diz:
« Ven.'., é uma senhora, que pede ser re
cebida Maçº.» O Ven.". responde: «Per
guntai-lhe se é essa com efeito sua livre
vontade; se fez suas reflexões; quem a
apresenta; seu nome, sua idade: sua qua
lidade, se se sente com forças para passar
por todas as provas necessarias. »
Tendo o Insp.". transmittido as respostas
ao Ven.'., este pergunta á Inspectora se co
nhece na Aspirante as qualidades reque
ridas para entrar em uma Ordem tão res
peitavel. Depois da resposta affirmativa da
Inspectora, o Ven.'. pergunta se ninguem
se oppõe a recepção: os Irmãos e Irmãas
levántão a mão, e tórnão a pôr-se á ordem.
O Ven.'. diz então: «Conduza-se-a de
novo ao gabinete do Segredo, e fazei-a pas
sar pela experiencia do animal venenoso;
introduzi-a depois na L.'.»
* 15 -

Torna-se a leva-la para o cabinete, áonde


tinha estado, e põe-se-lhe na mão uma ser
pente artificial.
Depois a Irmãa conduz a Aspirante áL.'.,
e tendo batido á porta entrega-a entre as
mãos do Gr.". Inspector.
O Insp.". deixa a Inicianda no meio do
templo, vai colocar-se á esquerda do Ven.'.,
e diz-lhe: « E a senhora que deseja ser
recebida Maç... » O Ven.'. diz então á Ini
cianda: « Senhora, é com efeito esta sua
livre vontade ? » Depois da resposta da Ini
cianda, elle lhe diz: «Tem na verdade feito
suas reflecções antes de decidir-se a entrar
em uma Ordem tão respeitavel?» Depois da
resposta accrescenta : «Nunca lhe aconteceu
persuadir-se, ou mesmo accreditar que os
MM.". são sujeitos a vicios infames, contra
rios a virtude e á probidade ? » Depois da
resposta o Ven.'. diz: « Ir.'. Inspector,
fazei passar a Inicianda pela abobada de
aço; fazei-a depois viajar do Norte ao Occi
dente, e fazei-a passar severamente pela
experiencia do fogo. » **

O Inspector a faz viajar tres vezes do


Norte ao Occidente, e duas vezes á roda dos
dous alguidares, sobre os quaes lhe faz pôr
a mão; depois diz: « Ella viajou, º e a faz
voltar do lado do esqueleto. O Ven.'. diz
então ao Gr.". Insp.".: « Faz-lhe ver todo o
horror do seu estado. » Tira-se-lhe n'esta
occasião a venda dos olhos, e os dous II.".
Terr.…. agitão seus fachos. O Ven.'. diz de
pois: « Deixai-a um momento reflectir so
bre o seu estado presente. » Um momento
depois o Ven. ". accrescenta: «Fazei-a passar
da morte á vida, trazendo-a por cinco pas
sos para a Estrella do O.º. » Então os II.".
Terr... a vóltão de repente, e mesmo um
pouco arrebatadamente, para o O.º.; o In
spector lhe ensina a dar os cinco passos
para o Ven.'., que lhe recommenda de pres
tar grande attenção ao que lhe vai dizer a
Grande Inspectora, que lhe falla nestes
term0S.

Discurso da Grande Inspectora.


« Senhora,
» Vós ides ser admittida em uma Ordem
» muito respeitavel, aonde nada ha contra
» a religião, o estado e os bons costumes. A
» firmeza que vós mostrastes nas expe
» riencias, por que se vos fez passar, a pro
» bidade do I.'. que vos apresentou, são
» para nós seguros fiadores do vosso modo
º de pensar a nosso respeito. Escutai con
» tinuamente o que esta mesma virtude e
» e a honravos dictão e vos ordênão seguir.»
- 47 -
Então o Orador lhe dirige o seguinte dis
CUTSO:
» A apenas um momento, Senhora, que
» vós estaveis em densas trévas, a favor
» das quaes entrastes n'esta respeitavel. L.“.
» Fostes purificada pelo fogo, porque vós
» estaveis manchada pelo crime da seducção
» e da desobediencia; depois d'esta especie
» de baptismo, que apagou as funestas
» manchas do crime, deu-se-vos a luz, para
» vos fazer ver o horror do vosso estado, e
» o que vós sereis um dia. Vós deveis, Se
» nhora, fazer a esse respeito reflexões mui
» serias.
» Em fim o Ven.'. vos chama ao pé do
» altar para consummar o sacrificio. Vos
» chegais ao feliz instante em que vós ides
» ser admittida á mais antiga e á mais res
» peitavel das Ordens. Que felicidade para
» vós, Senhora, a de ser unida a II... que
» hônrão a virtude, e não conhecem senão
» a solida amisade e a constante caridade
» para com os indigentes! Taes são as vir
» tudes que vós deveis praticar na nossa
» Ordem: nós não formamos senão uma
» familia, cujos interreses são communs.
» Mas para acabar de vos unir a nós intei
» ramente, o Ven.'. vai pronunciar-vos o
» formidavel juramento que vos liga para
2*
– 18 —
* sempre debaixo da inviolabilidade do
» segredo. »
O Ven.'. lhe faz prestar o juramento se
guinte:
» Sobre o conhecimento que tenho do
)
grande de Sob... do Universo, que tirou
do cháos os quatro elementos para formar
» a sua architectura, prometto guardar e
» occultar, debaixo do eterno cadeado do
» segredo e do silencio, os segredos da
» Maç.'., que me vão ser confiados. Eu me
» submetto, se faltar á minha palavra, a
» ser exposta á vergonha, e á infamia que
» todo o Maç.". reserva ao perjuro.
» Prometto tambem ouvir, trabalhar, e
» calar-me, sob pena de ser ferida com a
» espada do anjo exterminador, e que a
» terra se abra debaixo de meus pés para
» engolir-me! Eu desejo, para estar livre
» d’isso, que uma porção do fogo, que re
» side na mais alta região, esclareça meu
}} coração o purifique, e o conduza á vereda

» da virtude. Assim seja. »


Prestado este juramento, o Inspector
apresenta a Inicianda ao Ven.'., que lhe
dá as palavras, sinaes e toques.
Feito isto, o Ven.'. dá o osculo á Ini
cianda, e diz-lhe: « Eu mudo o tratamento
de Senhora pelo de Irmãa, apresentando
- 19 -
vos uma liga, em que estão escriptas as pa
lavras Silencio, Virtude. » Então a Grande
Inspectora lhe tira a branca de que ella está
revestida, e a substitue por aquella. O Gr.".
Inspector lhe dá depois luvas e um avental
branco, que lhe áta dizendo: « Eu vos con
decoro com o avental d'uma Ordem respei
tavel; é debruado de branco, o que vos deve
fazer lembrar a candura que devem ter de
continuo um M... e uma Maç.".
Depois, fa-lhe dar o osculo da associação
a todos os II.". e Irmãas, com a palavra de
toque, e a coloca na extremidade do clima
da America (Norte) para ouvir a instrucção
que o Ven... faz, e a explicação do quadro
collocado no meio da jardim.
Instrucção do gráo da Apr... Maçon.
P.—« Qual é attenção dos MM... e das
MM.*.? »
R.—« Saber se a L.". está fechada. »
P.—« Sois-vós uma Apr... ? »
R.—« Assim o creio. »
P. —º Porque me respondeis, como se
não estivesseis certa d’isso?»
R.—«Porque é proprio da fraqueza do
meu sexo duvidar de tudo, e porque além
d’isso uma Apr.'. de nada está certa. »
P.—º Como fostes introduzida em L.",?»
– 20 —

R.— «Com os olhos vendados; para me


fazer conhecer que, para chegar ao conhe
cimento dos sublimes mysterios, é preciso
vencer toda a curiosidade. »
P.-« Como Chegastes-vós a Maç.". »
R.—« Por uma abobada de ferro e aço. »
P.— «Que representa essa abobada? »
R.—« Força e subtileza. »
P.—« Aonde fostes recebida Maç.". »
R.—« Entre a escada de Jacob, e a torre
de Babel, estando ao pé da arca de Noé. »
P.—« Que reprêsentão essas tres cousas?»
R.—« A arca representa o coração do ho
mem agitado pelas paixões, assim como ella
o era pelas agoas durante o diluvio; a torre
de Babel, o orgulho dos filhos da terra, a
coberto do qual não se pode andar senão
oppondo-lhe um coração discreto, apanagio
dos MM.'. A escada de Jacob é toda myste
riosa: os dois corrimãos represêntão o amor
de Deus e do proximo; e os degráos as
virtudes que derivão d’uma alma bella.»
P.—(( Dai-me o sinal e a palavra da
Apr.". Maçon. » -

(Dá-se.)
Explicação do quadro da Apr.". Maçon.
1º A escada de Jacob colocada no fundo
do quadro á esquerda, apoiada d'um lado
*-* 21 -
sobre a relva, onde está uma arvore que a
sustenta, estando a relva e a arvore na
borda d'um rio, e do outro sobre uma nu
vem que o sol dardeja com seus raios.
2º A arca de Noé sobre as agoas, no fundo
do quadro á direita.
3º A torre de Babel em cima e do mesmo
lado que a arca.
. 4º O Sol no alto do quadro á esquerda.
5º A Lua á direita.
Terminada esta explicação, o Ven.'., de
pois de ter feito correr a caixa dos pobres,
e perguntado se ha algumas observações a
bem da Ordem, fecha os trabalhos.
Encerramento dos trabalhos.

O Ven.'. pergunta ao Gr.". Insp.".:


P.—«Qual é o dever d’uma Maç. . ?»
R. — « Ouvir, obedecer, trabalhar e ca
lar-se. » •

O VEN.". « Nós ouvimos, obedecêmos,


trabalhámos, e calamo-nos: a L.". d'Apr.".
está fechada. »
•= 22 * *

SEGUNDO GRÁo.

C O M P A N H E IR Aº
*E=

Decoração.—Amesma quena L.'. d'Apr.".


As dignidades são as mesmas, e occupão
os mesmos lugares. Sobre a mesa do Ven.".
está uma maçãa artificial em uma boceta;
ao lado d'esta boceta um prato aonde ha
maçãas, e do outro lado uma tigela em que
deve haver alguma massa.
Quadro. — O quadro está sempre collo
cado no meio da L.'., e representa o jardim
de Eden, que Deus dá a Adão e Eva, no
qual se vê a arvore da sciencia do bem e do
mal. •

Nº 1. Uma macieira com uma serpente


enroscada.
Nº 2. Adão assentado ao pé da arvore á
direita, dando com a mão esquerda uma
maçãa a Eva, e mostrando-lhe com a di
reita a palavra Eva, que deve estar acima
d’elle á sua direita.
Nº 5. Eva, ao lado esquerdo, está em pé,
com a mão direita apoiada sobre a arvore,
- 23 –
recebendo com a asquerda a maçãa, que
Adão lhe apresenta: á direita está a palavra
Eva, que por consequencia se acha em am
bos os lados do quadro.
Nº 4. Um rio regando uma macieira.
Nº 5. O Sol no alto e á esquerda de qua
dro.
Nº 6. A Lua no alto é a direita.
Nº 7. A Estrella do Oriente entre a Lua
e o Sol, mas mais chegada á Lua.
Recepção.
A Grande Inspectora conduz a Aspirante
á camara das Reflexões, tira-lhe o brinco
da orelha esquerda, e diz-lhe: «Todo o
Maç.". deve desprezar os vãos ornamentos
d’este mundo. » Venda-lhe os olhos, e de
pois a introduz na porta da L.", tendo an
tes dado cinco pancadas iguaes.
O G.". Insp.'. pergunta: « Quem bate, e
o que quer? » A Grande Insp.'. diz: «E'
uma Apr.". Mac.º., que deseja ser recebida
Comp..". »
O Insp.…. dá conta ao Ven.'., que diz:
« Da-se a entrada da L.", a Aspirante. »
Introduzida ella, a Gr.". Inspectora lhe
faz dar cinco voltas á roda da mesa, que
esta diante do Ven...; leva-a depois ao
fundo da L.'., aonde o Insp.". lhe põe uma
– 24 -
cadêa nas duas mãos, passando-lh'a por
cima do pesçôço. •

O Ven.'. diz então : « Fazei-lhe ver a ima


gem da seducção e a origem de seu peccado,
e trazei-a depois ao altar da discrição. «O
Insp.", a conduz a elle por cinco pássos,
faz-lhe pôr as duas mãos sobre a arvore, e
dirige-lhe este discurso.
« Vós vêdes, minha cara irmãa, diante
» de vós a origem de todas as nossas des
» graças, fraqueza do primeiro homem, se
» duzido pela carne da carne, a quem o es
» pirito maligno sugerio a des, obediencia ao
» Ente supremo, que o tinha fºrmado á sua
imagem e semelhança. Foi o primeiro de
» nossos crimes, e o que, de in imortal e se
» melhante a Deus, tornou o homem aca
» brunhado de trabalho, e a mulher de dor;
» foi ele que nos submett é o á horrivel
º morte, de que vós vistes a in nagem. Agora
» é só pela pratica das virtude; s que nós po
} deremos subtrahir-nos, dep, ois da morte,
} aos castigos funestos, reservados ás pes
} soas manchadas de vicios. Reflecti seria
}
mente n'isto, e redobrai d e esforços, no
}
Segundo gráo, para os evitar.
* Resta-me, minha cara . [rmãa, revelar
º vos novos mysterios, para a vos conduzir a
º essa perfeição pelo gráo dº eMestra, terceirº
- 25 -

» que nós vos conferiremos depois que vós


» estiverdes instruida no de Comp.º., e vos
» tiverdes preparado para elle por meio do
» retiro. »
Depois d’este discurso, o Insp.". lhe faz
prestar o juramento, que é o mesmo que no
gráo d'Ap.'., depois apresenta-lhe uma ma
çãa, e diz-lhe : « Mordei esta maçãa sem
ofender as pevides, que são o germen e a
origem de todos os nossos vicios. » Depois
d’esta ceremonia, elle applica-lhe o sello da
discrição, pondo-lhe massa na boca com a
trolha por cinco pequenas pancadas, e diz
lhe : « Eu vos applico o sello da Maç.…. na
boca, para vos fazer lembrar que jamais de
veis abri-la para divulgar nossos santos
mysterios.» O Ven.'. alimpa depois a bocá
Aspirante, dá-lhe o osculo, as palavras, si
naes e toques.
Avental.—Avental o mesmo que o d’uma
Apr.".
O Ven.'. faz depois reconhecer e applau
dir a recepção.
A Irmãa de novo iniciada communica
previamente as palavras, sinaes e toques ao
Gr.". Insp.º., e á Grande Inspectora, que
lhe dão o osculo, e annuncião que as pala
vras, sinaes e toques fôrão fielmente dados.
TV, 3
– 26 —

Instrucção da gráo de Companheiro.


P.—(Sois vós Companheira? »
R.—« Dai-me uma maçãa, e vos o vê
reis. »
P.—«Como fostes-vós recebida Comp..?»
R. — «Por um fructo e uma ligadura. »
P.—«Que significão essas duas cousas?»
R. — «O fructo é a imagem da doçura,
virtude dos MM.….; a ligadura, a união e a
força da amisade fondada na virtude.»
P.—«Que vistes vós entrando?»
R. — « A imagem da seducção. »
P.—« Como vos livrastes d’ella? »
R.—«Pela virtude, principio da Maç.".»
P. — «Quem vos fez Comp.". ?»
R. — «Minha trolha. » •

P.—« De que serve esse utensilio?»


R. — « De reunir no coração os sentimen
tos d'honra e probidade. »
P.—« Que se vos applicou quando fostes
recebida Comp..? »
R.—« O sello da discrição, para me en
sinar que eu devo calar-me sobre os myste
rios da Maç.". «
P. — «Aonde fostes vós recebida Comp..?»
R.—« Em um jardim delicioso regado
por um rio; este jardim chama-se Jardim
de Eden, que Deus deo a Adão e Eva, e do
* 27 -
qual fôrão expulsados por sua desobedien
cia.»
P.—« Que vistes vós n'esse jardim ?»
R.—((A arvore da sciencia do bem e do
mal, regada por um rio. »
P. — «Que representa o rio?»
R.—«A rapidez das paixões humanas,
que se não podem fazer parar senão entrando
do Maç.". »
P.—« Que significa a palavra Eva, collo
cada nos dois lados do quadro? »
R.—« Elle me lembra minha origem, o
que sou, e o que hei de vir a ser. »
P.—«Porque razão a Comp... não come
pevides da maçãa?»
R.—«Porque elas são o germen de fructo
prohibido.»
P.— «Qual é o principio dos Maç.…. e
das Maç. . ? »
R.—« Tornarem-se felizes uns e outros
pela união e virtude. »
P.—« Dai-me o sinal de Comp.". »
R.— Dâ-se.
P.—« Dai-me a palavra. »
R.—« Belba, que significa, a paz e a con
cordia entre os Irmãos, e Irmãas denomi
nadas pela Sybilla depois da destruição da
torre de confusão. »
-- 28 -
P.—« Qual é o dever dos Maç.…. e das
Maç.…. ? »
R.—« Obedecer, ouvir, trabalhar, e ca
larse. »

Encerramento;

A esta ultima resposta o Ven.". fecha os


trabalhos dizendo: «Nós ouvimos, obede
cêmos, trabalhamos, e nos calámos : a L.".
de Companheira está fechada. »
— 29 —

TERCEIRO GRÁo.

MESTRA.

Condecorações. — A C é condecorada
como nos dois gráos antecedentes, e allu
miada
seis por treze
o Norte. luzes: sete no Meiodia, e •

O Insp.…. está colocado no mesmo lugar


que nos gráos antecedentes, e por detrás
d’elle está uma mesa, sobre a qual se acha
uma caixa que se abre por meio d’uma
mola. Esta caixa encerra um coração com a
inscripção seguinte : Silencio e Virtude; e
ao lado d’ella está um pequeno malhete e
um pequeno escopro de Maç.".

Quadro.

Nº 1. A esquerda está a escada de mão


mysteriosa.
Nº 2. No meio, a torre de Babel.

— 30 —

Nº 5. Na parte inferior, e a esquerda,


José na cisterna.
Nº 4. Ao pé da escada de mão, o somno
de Jacob.
Nº 5. Por cima da Torre, a mulher de
Loth transformada em estatua de sal.
Nº 6. Entre a Torre e Loth", Sodoma
abrasada.
Nº 7. No meio da parte inferior, a Sa
crificio d’Abraham.
Nº 8. A direita, na parte superior do
quadro, o sacrificio de Noé.
Nº 9. A esquerda, por cima da escada, a
arca de Noé sobre o monte Ararath.
Nº 10. Na parte superior e para a direita,
onze estrellas.
Nº 11. Na parte superior e a esquerda, o
Sol.
Nº 12. Na parte superior no meio das
estrellas, a lua.
Nº 15. Na parte superior, e por baixo do
:Sol, o arco Iris.
Nº 14. Sobre a arca, o corvo, e a pomba.

Abertura.

E' a mesma que no gráo da Aprendiz,


- 31 —

Recepção.

Assim como nos antecedentes gráos, vai-se


buscar á Camara das reflexões a Aspirante,
ao pescoço da qual põe-se um grande lenço
branco, symbolo da modestia. A Grande
Insp.". introduz a Aspirante, depois de ter
batido e respondido ás perguntas feitas pelo
Ven,º.
Depois de introduzida no templo, o Ven.'.
diz : « Mostrai á Aspirante a que devem
tender as obras dos Maçº.» Desvendão-se
lhe então os olhos, e ella é conduzida, por
cinco passos, á mesa sobre que está a caixa.
O Ven.'. diz : « E com efeito de vossa
vontade ser recebida Mestra, e persistis vós
em guardar o mais absoluto silencio sobre
tudo o que virdes e ouvirdes? » Depois da
resposta, o Ven... acrescenta : « Fazei-a
trabalhar Irmão Gr.". Insp.". » Este dá-lhe
o escopro, e o malhete, e faz-lhe dar cinco
pancadas; a caixa abre-se, e elle diz ao
Ven.*. : « A Irmãa trabalhou. » O Ven. ".
pergunta : «Que resultou do seu trabalho?»
O Insp.". responde : « Um coração que en
cerra Silencio e Virtude.» Então o Or.". faz
lhe o seguinte discurso.
«Por vosso trabalho, minha cara Irmãa,
- 32 -

» acabais de conhecer o que de vós exige a


» nossa respeitavel Ordem, para n’ella ser
» des admittida. Um coração bom, recto,
» virtuoso, sincero e discreto, eis aqui as
» cinco qualidades que jamais deveis perder
» de vista, e que são indispensaveis á vossa
» admissão. E' este o fim e que tendem
» todos os nossos mysterios, que não dissi
» mulamos senão para inspirar aos homens
» de bem, que olhamos como nossos Irmãos
» um maior desejo de se reunirem á nossa
» sociedade, e afastar, com os exemplos ri
» gorosos que damos, as pessoas viciosas,
» que são as unicas que consideramos como
» profanas. »
« Vós deveis ver, minha carissima Irmãa,
» que o fim dos nossos segredos é mui bello
» para que se possa temer a indiscrição; e
» mesmo quando os juramentos mais invio
» laveis não vos obrigassem ao segredo, nós
» estamos persuadidos que nossos myste
» rios serão e ficarão impressos no vosso
» coração. » •

Depois o Ven.'. pergunta-lhe: «Vós rati


ficais os antecedentes juramentos que pres
tastes em nossas mãos? » Depois da resposta
o Gr.". Insp.". a conduz ao pé do throno; e
alli lhe dá o gráo de Mestra, dá-lhe o os
culo e lhe ensina as palavras, sinaes e to
ques, que ella dá ao Gr.". Insp.º., e á
Gr.". Insp."., que tambem lhe dão o osculo,
e dão conta d'isto ao Ven.'. _
Insignia. — Para as Irmãas é uma larga
fita azul ondeada, posta a tiracollo do hom
bro esquerdo ao quadril direito, á extremi
dade da qual está suspensa uma trolha de
ouro ou de cobre dourado.

Instrucção do grão de Mestra.

P.—« Sois Mestra? »


R.—« Eu subi pela escada mysteriosa,
que representa o amor de Deos e do proximo
e cujos degráos reprêsentão o bom procedi
mento, a prudencia, a candera, a caridade
e a virtude. »
P.—«Como subistes vós estes degráos?»
R.—«O primeiro por meio da candura,
virtude propria a uma alma boa, suscepti
vel de receber todas as boas impressões; o
segundo, com a virtude, que pertendo pra
ticar para com todos homens, principal
mente para com meus Irmãos e Irmãas; o
terceiro, com a temperança, que me ensi
nará a pôr um freio aos meus sentidos, e a
fugir os prazeres desordenados. »
P. — « Como chegareis ao quarto? »
— 34 —
R.—«Por meio da verdade, que é a filha
querida do Creador.»
P.—« Subireis ao quinto? »
R.—« Eu espero chegar a elle por meio
da discrição e do silencio que hei de guar
dar sobre tudo o que me fôr confiado de
baixo do sigillo Maç.….»
P.—«Que significa o ultimo degráo da
escada mysteriosa?»
R.—« A Caridade que se subdivide em
amor de Deos e do proximo. »
P.—« Ha mais alguns degráos entre o da
Discrição e o da Caridade? »
R.—º Ha outrOS Sem numero. »
P.—« Para quem está reservado o conhe
ce-los? »
R.—« Para todos os verdadeiros Maçons,
que tendo aprendido a subir o primeiro de
gráo, aprendem ao mesmo tempo a praticar
as virtudes moraes. »
P.—«Onde está colocada a base da es
cada? » …"

R.—º Sobre o estrado do Senhor, que é


a terra. »
o P.—(( Onde toca a sua parte mais alta? »
R.—º No throno do Omnipotente, que
representa o dia da bem-aventurança. »
P.—«Qual foi o primeiro Maç.", que co
nheceu esta escada? »
R.—«O patriarcha Jacob n'um sonho
mysterioso.
P.—«Onde fostes recebida Mestr.". ? »
R.—« Ao pé do sacrificio de Noé. »
P.—« Que representa o quadro da El? »
R.—«O arco Iris, o sacrificio de Noé, o
d'Abraham, a torre de Babel, o incendio
de Sodoma, a mulher de Loth transformada
em estatua de sal, o somno de Jacob, o Sol,
a Lua, as onze estrellas e as quatro partes
do Mundo. »
P.—« Que representa o arco Iris? »
R.—« A alliança que Deos fez com Noé e
sua familia, representada pelas cinco cores
primitivas reunidas, que nos móstrão a
união da fraternidade. »
P.—«Querepresenta o sacrificio de Noé?»
R.—«A gratidão e reconhecimento. »
P.—« Que representa o sacrificio d’Abra
ham? »
R. — «A resignação á vontade de Deos.
P.—« Que representa a arca de Noé? »
R.—«O coração do homem agitado pelas
paixões, assim como a arca o foi pelas aguas
do diluvio. »
P.—« Para que a construio ele? »
R. — «Para se salvar do diluvio e sua fa
milia. »
P. — « Que tempo durou a construcção?»
- 36 -

R.—« Cem annos completos, o que deve


alludir á reunião d’uma L.'., cuja construc
ção é de longa duração. »
P.—« Como a edificou elle? »
R. — «Pela ordem e o plano que elle tinha
recebido do Gr.". Archit... e que um bom
Maç.'. deve renovar pela pratica das virtu
des, se elle quizer salvar-se da corrupção
geral.»
P.—«Que madeira empregou ellou? »
R.—º O cédro, que é incorruptivel. »
P. — Quantos andares tinha ella? »
R.— «Tres, um em cima, um em baixo,
e um acima d’este ultimo. »
P.—«Que significão estes tres andares
cada um em particular? »
R.—« O de baixo, onde estávão os ani
maes immundos, ensina aos Maç.…. que
elles devem despir-se de todas as paixões
desardenadas, e desprezar o que faz as deli
cias d'um profano.
« O do meio, occupado por Noé e sua fa
milia, nos ensina que nossos corações, cen
tro de nós mesmos, devem occupar-se de
amar, proteger e socorrer nossos II.", e Ir
mãas,

«O de cima, occupado pelos passaros, de


que o melodioso canto é uma homenagem
continua ao Creador, ensina aos Maç.", que
— 37 —

todas suas acções não devem tender senão


ás homenagens que devemos render ao Ente.
supremo.
P.—« Como era allumiada a arca. »
R.—« Por uma só janella, para nos mar
car que todas as acções da Maç.…. devem ser
esclarecidas unicamente pela razão. »
P.—« Dai-me as dimensões da arca. »
R. — « Ella tinha tresentos covados de
comprido: o que nos ensina que a qualquer
distancia que nós estejamos de nossos II.'.,
devemos voar para ir socorre-los; trinta
d'altura, e cincoenta de largo para nos en
sinar a empregar todo o nosso credito em
divulgar seus meritos. »
P. — « Que fórma tinhão as taboas?»
R. — «Elas érão todas iguaes e bem apla
nadas : o que denota a igualdade que reina
entre nós. »
P.—« De que era untada a arca? »
R. — «De betume por dentro e por fóra.»
P.—«Sobre que montanha se repousou
a arca ? »
R.—«Sobre o monte Ararath : o que
prova que os Maç.". devem sempre escolher
os lugares inaccessiveis aos profanos para
formar suas reuniões. »
P.—«Que ave sahio primeiro da arca? »
R.—« Um corvo, que não tornou, sym
IV» l;
bolo dos falsos II..., que depois de terem
conhecido os innocentes prazeres da Maç.'.,
se perdem no abismo das voluptuosidades
do seculo. »
P.—( Que ave sahio a segunda ? »
R. — «A pomba, que trouxe um ramo
d'oliveira, verdadeiro retrato d'um bom
M.'., que é em L.'. como um anjo de paz. »
P.—º Que significa a torre de Babel? »
R.—«O orgulho dos filhos da terra, do
qual não podemos preservar-nos, senão por
um coração humilde e sincero. »
P.—« Quem foi o inventor da torre de
Babel?»
R.—« O cruel Nembrod. »
P.—«Qual foi o motivo? »
R. — « O orgulho de adquerir uma vãa
reputação, e de se fazer o igual de Deus. »
P.— «Qual foi a base d’esta torre ? »
R.—« A força. »
P.—«Quaes fôrão as pedras? »
R. — «As paixões desordenadas dos ho
II]GIAS, ))

P.—« Que fórma tinha? »


R.—« A fórma espiral, que denota a du
plicidade d’estes homens vaidosos. »
P.—º Até que ponto chegou este monu
ImentO, ))
R.-* Até que Deus enviou a confusão
das linguas entre os obreiros, que se divi
dirão, e se espalhárão por todas as partes do
mundo. »
P. — «Que foi feito finalmente d’este ri
diculo edificio? »
R.—« Tornou-se a habitação dos insectos
e de animaes ferozes. »
P.—«Que applicação se deve fazer d’este
acontecimento? » -.

R.—( Que em todo o tempo é necessario


respeitar a vontade de Deus, ter confiança
n'elle sómente, não edificar senão sobre
planos dados pela sabedoria, e fundar seus
edificios e seus designios sobre as virtudes;
e que a torre de Babel é a imagem d'uma
L.·. mal composta, onde sem a obediencia
se cahe na confusão.» . --

P. —º Que significa o incendio de So


doma? »
R.—« Que devemos abominar o crime
que lhe trouxe este castigo; as duas bassias
inflammadas nos móstrão a imagem horro
rosa d'esta punição. »
P.—« Que nos representa a mulher de
Loth mudada em statua de sal?» -
R.—« Que a curiosidade é o caminho da
perdição. »
P.—« Que represêntão estas onze estrel
las? »
- lí0 —
R.—«Avingança dos onze irmãos de José,
que, querendo desfazer-se d’elle, lhe procu
rárão antes a sua elevação e sua felicidade.»
P.—« Que representa o sol e a lúa?»
R.—( O pai e a mãi de Jozé, que fizérão
justiça a este bom M.'., que recebeu seus
irmãos com bondade ainda que tendo muito
a queixar-se d’elles. »
P.—« Dai-me o sinal. »
R.— (Dá-se.)
P.—« Dai-me a palavra. »
R.—«Jasoth; Jahir, que significa: uma
resplandecente luz me ferio os olhos. »)
P.—(Dai-me o toque. »
R.—(Dá-se.)
P. — «Qual é o dever das Maç.…. em L.'.»
R.—« Trabalhar, ouvir, obedecer e calar
S6. O

Encerramento.

O Ven.'. diz : « Meus II.". e Irmãas, a


torre de Babel está deitada por terra; a paz
e a concordia estão restabelecidas; nós ou
vimos, obedecemos, trabalhamos e calamo
nos: a L.'. de Mest.". Maç.…. está fechada. »
— A1 —

QUARTO GRÁo.
PERFEITA MAÇON.

Decoração. — A L. ". deve ser forrada de


damasco carmesim, assim como o trono ,
docel, e os assentos, que devem ser eleva
dos e ter franjas d’ouro.
O trono do Ven. ". deve estar entre duas
columnas de cinco pés d'altura, cujo exterior
é de lata; as quaes devem communicar-se
por um arco-iris transparente.
A columna que fica á direita do Mest.".
deve ter de distancia em distancia estrellas
abertas, que deixem sahir aviva claridade
d'uma luz que se colocará no interior da
mesma, esta representa a columna de fogo
que conduzia os Israelitas no deserto durante
a noite.
A columna da esquerda é opaca, e repre
senta a que escondia o dia aos Egypcios.
O altar do Ven.'. deve estar collocado
quasi debaixo do arco-iris.
Ordem de Recepção.
Todos os Irmãos e Irmãas se collócão em
duas filas directas, tendo, quando a Aspi

— 42 —
rante chega, o joelho esquerdo em terra, e
uma vara na mão esquerda: os Irmãos teem
de mais uma espada nua na mão direita.
A Aspirante está só na camara da prepa
ção, a onde o Ir.'. Introd.'. vai busca la, e
lhe faz antes algumas perguntas sobre os
tres gráos precedentes; se com efeito ella
deseja sinceramente chegar á perfeição; e
depois da sua resposta affirmativa elle lhe
dirige o discurso seguinte.
« Da energia que vós desenvolvereis nas
» diversas experiencias, a que vos ides sub
» metter, depende o successo de vossa em
» presa para chegar ao sublime gráo de
» Mestra perfeita. •

» Admittida a este gráo, do que não poss


» duvidar, vós devereis redobrar vosso zelo
» pelo que respeita á ordem a que perten
» ceis, dando exemplos de juizo e virtude, .
* e sobre tudo mostrando a maior reserva
» para como todos os profanos, no que diz
º respeito aos segredos que vos fôrão e se
» rão confiados. Não posso tão pouco duvi
» dar que nós teremos a felicitar-nos de vos
» ter elevado a este novo gráo, que se não
» obtem senão na perseverança e pratica de
» todas as virtudes. »
Feita esta exhortação, o Ir.'. Introd.".
deixa a Aspirante um momento entregue a
—A3 —
suas reflexões. Vai buscar á L., um vaso de
metal opaco, posto de fundo para o ar sobre
um prato, e debaixo do qual deve estar um
passaro vivo.
A borda do vaso deve estar guarnecida
com duas polegadas de espessura d'arêa
muito fina, posta o mais lisamente possível.
O I.….Introd... leva tudo n’este estado á Aspi
rante, e lhe diz que é um deposito precioso,
que se lhe confia com prohibição de n'elle
tocar, salvo por ordem do Ven..., perante
quem ella vai ser em breve introduzida, e
deixa a alguns minutos entregue a si mesma
para ver se tenta de descobrir o vaso.
Se acontece que ella o descobre, a arèa se
desarranja pelo vôo do passaro; então o
ven..., sem recato algum lhe faz muivivas
reprehensões sobre sua ligeireza, sua indis
crição, sua curiosidade, e sua falta de pa
lavra, e conclue dizendo-lhe, que sendo por
esta vez indignada perfeição, ella deve solli
citar por novos trabalhos a felicidade de ser
recebida Perfeita; e desde que a L.'. de
mesa está aberta, ela é condemnada a uma
multa pecuniaria em favor dos pobres.
Se, pelo contrario, a Aspirante não des
cobre o vaso, e nada se acha n’elle desarran
jado, o I.”. Introd... lhe annuncia, que em
premio da sua discrição ella vai receber o
— 14 —
gráo de Perfeita Maç.…., faz-lhe pegar com
cuidado no prato que contém o vaso; e de
pois de ter lavado as mãos, conduz a Aspi
rante á porta da L.'., aonde elle bate por
cinco pancadas.
O Ven.". responde por outras cinco, que
servem de sinal de introducção, e manda o
Vig.". Insp.". Deposit.". informar se do I.".
Introd.". se a I.". resistio á experiencia.
Respondendo este que sim, recebe d’ella o
prato, e entra só para o ir pôr sobre uma
mesa preparada na L.".; depois volta a bus
car a I.". Asp."., que elle conduz pelamão ao
fundo da L.'., tendo ella os olhos destapados.
O Ven. ". expõe-lhe em poucas palavras,
a dignidade d’este gráo; quão poucas a elle
chegão, por falta de sufficientes provas de
virtudes, zelo, capacidade e discrição. De
pois faz lhe as perguntas principaes da in
strucção dos gráos precedentes, pede-lhe as
palavras, sinaes e toques de Mest.º., que
elle dá ao I.". Insp... , este accrescenta im
mediatamente: «Ven.'., a Irmãa, conduzida
por uma feliz inspiração chegou á Maçon.",
provou o fructo mysterioso da arvore da
sciencia do bem e do mal. Ella sabe subir a
escada das virtudes; entrou na arca predes
tinada, e quizéra entrar na terra promettida
da liberdade, aonde correm rios de leite e
de mel, ),
- lí5 —
O ven.'. diz á Insp. -. « Trazei a Irmãa
para fazer essa viagem, e fazei que ella
atravesse o mar. » Então a Insp.…. lhe dá
uma vara, depois de lhe ter passado nos
braços a cadêa, que servio no gráo de Apr.".
N’esta o occasião o Ven.'. dá cinco panca
das separadas uma da outra.
A primeira pancada, os Irmãos e Irmãas
levantão-se;
A segunda, os Irmãos só levántão per
pendicularmente a espada que teem na mão
direita"
«A terceira, abatem a ponta da espada
horisontalmente.
A” quarta, levántão perpendicularmente
as váras que elles teem, é as Irmãas se
ajúntão a elles.
A quinta, abaixão horisontalmente avara,
cruzando diagonalmente a espada por cima.
Depois deste exercicio, o Inspector con
duz a Aspirante ao pé do altar por baixo
das varas e espadas.
Estando a Irmãa do joelhos, o Ven.'. diz,
tirando-lhe sua cadêa: «E tempo de quebrar
vossos ferros; sahi da escravidão: a pro
messa que vós ides fazer requér uma inteira
liberdade.»
— 46 —

JURA MENTO.

«Prometto e juro diante do Creador de


todas as cousas, do vingador do crime, e
diante de vós, meus caros Irmãos e Irmãas
aqui reunidos, de augmentar o meu zelo e o
meu reconhecimento; de jamais revelar cousa
alguma do gráo de Perfeição as Apr...,
Comp. -., Mest.". ou mestres; de praticar as
virtudes que me vão ensinar, sob pena de
ficar sendo olhada pelos virtuosos Irmãos e
Irmãas Maç.…., como uma perjura, e uma
infame. Deos me ajude. »
Depois do Ven.'. ter levantado a Aspi
rante, diz ao I.”. Insp.". Vig... Deposit. ". :
« Trazei o deposito, para que eu mostre
aos II.". a prova da fidelidade da Irmãa. »
Este traz o deposito, coloca-o sobre o altar,
e o Ven.'. continua : « Para começar, mi
nha cara Irmãa, vossa nova carreira por
uma acção insigne, levantaicom promptidão
este vaso. » Então o passaro dá um vôo, e o
Ven.'. diz : « A liberdade é o mais caro de
todos os bens : sofframos com paciencia os
mais penosos revézes; pois tarde ou cêdo
uma mão bemfazeja, guiada pela Providen
cia, nos livrará d’elles para nos restituir á
InOS II16SIY10S, o

O I.'. Insp... conduz a Irmãa ao altar


• — 47 —
onde ella trabalha ainda como Mestra; e
além disto ordena-se lhe dê cinco pancadas
com um martello sobre o coração que o I.”.
tira da caixa.
O Ven.'. dirige as perguntas seguintes ao
Insp. -. ou á Insp. -.
P.—« Irmão Insp. . (ou Irmãa Insp. -.),
que fructo colheo a Irmãa do seu trabalho?»
R.—«M.". V..., no primeiro dia eu ser
vime do escopro para repellir e lançar longe
de mim a ociosidade, e os falsos prejuizos
que tinha sobre a Maçonnaria.
« No segundo comecei a dar mais vigor
ao meu trabalho, e vim no conhecimento
da excelencia da nossa Ordem.
« No terceiro aprendi que a arte dos
Franc-Maçº. consiste em fazer amar a honra
e tronar os corações, os mais crueis, meigos
e trataveis.
« O quarto dia abrio-me o coração dos
Maç. .. que espalha seus beneficios sobreto
dos os seus semelhantes, e reserva , como
um dever, as admoestações para aquelles
Irmãos que se afástão dos verdadeiros prin
cipios. »
O Ven.'. diz: — « I.". Insp.º., conduzi
a Aspir..., a fim de que eu lhe dê a recom
pensa devida a seu trabalho. »
Então dá-lhe um par de ligas de fita de
— 48 -
seda azul com dous corações bordados, e as
duas maximas seguintes, uma em cada liga:
A virtude nos une; O Céo nos recompensa.
Depois entrega-lhe um pequeno martello
de ouro, com um annel que se abre, e em
que está escrito o segredo; e condecora-a
com uma estrella de cinco raios, sobre os
quaes estão escritas estas cinco letras D. C.
V. P. L.; a estrella está suspensa á extre
midade d'uma fita branca em cruz; e quan
do lhe dá esta condecoração, diz:
«O astro brilhante que vêdes, minha cara
» Irmãa, faz chegar a origem da Adopção á
» mais remota antiguidade. Os primeiros
» seculos a virão nascer; e por uma suc
» cessão continua, ella se conservou sempre
» entre uma porção de homens sabios e vir
» tuosos, que mo-la transmittirão. Esta so
» ciedade tão respeitavel começou a formar
» se pelo meto d'Adam. O amor do bem, da
» verdade e do util os reunio para trabalha
» rem juntos em aperfeiçoar e desenvolver
» em seus corações assementes fecundas, que
» o Perfeito dos mais perfeitos tinha inspi
» rado a suas almas; elles trabalhárão com
» bom exito em adquirir todos os conheci
» mentos que contribuem á verdadeira feli
» cidade, e nos deixárão d'elles monumen
» tos celebres.
— 19 —
» Ozelo com que os conservárão os filhos
» de Noé, depositarios de nossos sagrados
» mysterios, não era inferior á alegria que
» elles havião tido em recebe-los. Não tardou
» muito que elles os communicassem a'quel
» les dos seus descendentes, cujas virtudes e
» sentimentos lhe érão conhecidos; e assim
» perpetuárão até nossos dias os conheci
» mentos sublimes que nos sepárão do resto
» dos homens. Sabei, minha cara Irmãa,
» que é á nossa Sociedade que o Egypto é
» devedor das sciencias, que o fizérão olhar
» como seu berço; e se entre os Médos, os
» Persas, os Gregos e os Romanos appare
» cêrão tantos homens illustres e celebres
» mas sciencias celestes, é porque tinhão sido
» formados, nutridos e educados nos prin
» cipios da nossa Ordem; sabei mais, que
» foi a nossos mysterios que os Sabios da
» Chaldêa devêrão o conhecimento do novo
» astro. As letras hebraicas que vedes em
» cada ponta d'estas estrellas significão que
» devemos sempre ser discretos, e viver
» constantemente unidos pela estima. Nós
» estamos bem persuadidos, minha cara Ir
» mãa; que vós não tereis difficuldade em
» desempenhar esta obrigação.
» Permitta o Céo que esta honrosa es
» trella com que vos condecoro, vos sirva
IV 5
— 50 —

» de facho luminoso para vos esclarecer, e


» conduzir á vida eterna! e que o cordão
» que a sustenta, cuja côr tem por titulo o
» symbolo da verdade, vos recorde sempre
» que deveis ser fiel a Deos, a vosso Mo
» narca, e a vossos Irmãos e, Irmãas. »
(Dá-lhe os Sin.'., Toq... e Pal...)
» Este sinal minha cara Irmãa, allude a
» Moisés, que por Ordem de Deos tirou pela
» primeira vez do seio a mão coberta de le
» pra, e tornando a mete-la no mesmo lu
» gar, retirou-a curada. Moisés recebeo o
» sinal de Deos no espinhal ardente.
» O toque é consequencia do sinal.
» A palavra sagrada é hebraica, e signi
» fica Deos da bondade.
» A palavra de passe quer dizer Caza de
» passagem, para vos recordar que nós não
» estamos senão de passagem sobre a terra,
» como os Israelitas no Egypto, que signi
* fica Lugar de tribulação, onde elles sempre
» vivêrão n'um duro captiveiro. »
O Ven.'. diz: — «Irmão Insp.". Vig...".
» Deposit. "., conduzi a Irmãa a dar as pa
» lavras, sinaes e toques a seus Irmãos e
» Irmãas. »
Depois o Ven. ". a proclama Perfeita Ir
mã Maçº", da C.
— 51 —

Composição do quadro.
Na parte superior, Jozé reconciliando-se
com seus Irmãos.
A direita, sete espigas carregadas de trigo,
A esquerda, outras sete espigas murchas,
e quasi secas.
No espaço que se segue logo abaixo,
muitos homens com aventaes ou trolhas,
amassando terra para fazer tijolos; Moisés
exposto em um pequeno berço sobre as
aguas do Nilo, e a filha de Pharaó mandando
retira-lo das ondas.
Na parte inferior, Moisés e Aarão á frente
dos Israelitas, depois de terem passado o
mar Vermelho, que submergio Pharaó e
Seu exercito.

Explicação do quadro em firma


d'instrucção,
P.—º Que representa o quadro da L.",
de Perfeita Maç.….?»
R.—( Representa Jozé rodeado de seus
Irmãos, a quem alle dá o osculo de paz em
sinal de reconciliação. O perdão das inju
rias não só é proprio do caracter do ver
dadeiro Maç.",, mas este deve além d’isso
reunir ao esquecimento do insulto uma
amizade sincera e duravel, o
— 52 –
Sete espigas carregadas de trigo, e outras
sete murchas e secas. As sete primeiras re
prêsentão as sete virtudes marcadas pelos
sete degráos da escada mysteriosa de Jacob;
a saber, a Candura, a Doçura, a Verdade, a
Temperança, a Discrição, a Clemencia e a
Humanidade :
A pratica d’estas virtudes nos assegura
longos dias, pacificos e felizes.
As sete ultimas são a imagem dos vicios
oppostos, A Hipocrisia, a Colera, a Mentira,
a Devassidão, a Infidelidade, a Crueldade,
e o Orgulho, dos quaes um só basta parafa
zer escurecer o brilho das outras virtudes;
perder o seu merecimento, e reduzir-nos
ao estado de miseria, em que nos lançou a
queda do primeiro homem.
Embaixo a Corporação dosMaç.". em trajos
de trabalho, nos faz ver a origem do avental
martello, e mais instrumentos, proprios
dos nossos trabalhos. Todos os homens sem
distincção de classe áchão no captiveiro
dos Israelitas uma lição bem sensivel, para
servir de regra á sua conducta: reis, prin
cipes, como degradados n’esta terra caduca
por um curto espaço de tempo.
Sujeitos á intemperie das estações, e á
influencia dos astros, nós recebemos com a
vida uma occulta inclinação para o mal;
— 53 —
tudo o que nos rodêa nos impelle a uma
queda proxima
A rasão, este dom do Ceo, oppõe-se mui
tas vezes em vão ás forças das paixões de
sordenadas, que nos precepitão no abismo
do crime, principalmente quando, esque
cidos da nossa escravidão, não preenche
mos com toda a exactidão os deveres do
nosso estado. Os nossos instantes são todos
preciosos, e um dia teremos de dar conta
das nossas acções: assim para aliviar nossos
II.”., desempenhemos cada um os nossos
deveres, a fim de que do nosso zelo e exac
tidão resulte a harmonia, que mantém o
Universo.
Moisés exposto sobre as aguas do Nilo
em um berço, que se embaraça nos juncos,
e a filha de Pharaó, mandando-o retirar pa
ra o salvar, nos móstrão, qué a nossa vida
passa com a rapidez d'um rio; de nós de
pende o embellece-la com a pratica das
virtudes, e ornar de flores o lugar da nossa
passagem. Desgraçados os homens, se na
sua carreira desordenada, bem como as tor
rentes que destrôem tudo o que se oppõe á
sua passagem, deixarem monumentos de
- horror, em vez d’uma memoria assinalada
por boas acções.
O berço embaraçado nos juncos representa
5"
— 54 --
a nossa fraqueza, e que a menor influencia
das paixões póde afastar-nos do caminho
da virtude.
A filha de Pharaó, mandando retirar
Moisés das aguas, mostra-nos que a Provi
dencia reserva muitas vezes para nos salvar
os meios que nossos inimigos destinão para
nos perder. A mãi de Moisés, que o segue
de longe, é encarregada de o alimentar. Isto
ensina a todos os Pais, que elles devem vi
giar a conducta de seus filhos, e não deixar
sua innocencia exposta ao attractivo dos
prazeres, que os precipitarião nos escólhos
do mundo. A experiencia paternal deve
velar pela sua segurança; e a amisade ado
çar suas admoestações.
Moisés e Aarão á frente dos Israetitas no
deserto, depois da passagem do mar Verme
lho; Pharaó e seu exercito submergido nas
ondas. Isto nos representa a corporação dos
Maç.…., que tendo sacudido o jugo das pai
xões, estão nas suas LL ". como os Israelitas
no deserto, ao abrigo dos vicios, figurados
por Pharaó e seu exercito submergidos nas
ondas.

P.—«Explicai-me o quadro de Comp.º.,


onde está figurada a tentação de Adam e º
Eva, e onde tambem está uma caveira.
R.—º O quadro semeado de lagrimas, e
de trofeos de mesa, onde se vê pintada
uma caveira, deve fazer lembrar-nos a qué
da de nossa primeira mãi, cuja desobe
diencia attrahio sobre a raça humana os
vicios e as doenças, origem inexhaurivel
de lagrimas, assim como a morte, a que
tudo que nasce está sujeito. »
R. — « Explicai o quadro do mesmo gráo
que se acha á esquerda.»
R.—» O Paraíso terrestre figurado, e re
novado pela assemblêa dos II.…., pelos cos
tumes innocentes, que elles praticão, como
na idade de ouro. »
P.—« Que representa o Ven.'. d’uma
L.*.? »
R. — «Moisés, o conductor, e o chefe
dos Israelitas. »
P.—« Que representa o Ir.'. Insp.".
Vigº. Depois.….?»
R.—«Aarão, ajudante e Companheiro
de Moisés. » -

P. — « Que representa uma L.", ? »


R.—« Os Israelitas, que Deus tinha
adoptado para seus escolhidos. »
P. —º Que significa o 6º degráo da es
cada mysteriosa de Jacob? »
R. —º A clemeneia, que todos devemos
exercer em caso d'insulto, principalmente
da parte de nossos II.…. »
- 56 —
P.—« Explicai-me o que significa o 7º
degráo? »
R.—« A humildade, que deve presidir
ás nossas melhores acções, em qualquer
classe que estajamos elevados, a qual su
foca o amor proprio, e nos preserva do ve
neno seductor da lisonja. »
P.—º Para que applicão os Maç.…. seus
sinaes sobre os cinco sentidos naturaes ?»
R.—« Para nos ensinar a fazer bom uso
d'elles. »
O 1º no nariz. — « Que os perfumes os
mais exquisitos, e os mais raros são por
nada considerados em L.'., e que só a pra
tica da virtude nos faz estimados. »
O 2º na orelha.—Que todo o bom Maç.".
deve fechar os ouvidos á calumnia e male
dicencia, e nunca deve proferir uma pala
vra, que possa ofender os ouvidos, mesmo
os mais castos.
O 5º sobre a boca. — Que, se um Maç.".
toma alimentos em L.'., é pura imitar a
caridade dos primeiros fieis, e para reparar
suas forças esgotadas pelo trabalho, sem
demorar-seno sabor das iguarias que se lhe
apresentão.
O 4°sobre os olhos.—Que, se os olhos d'um
Maç.…. considérão a belleza de suas Irmãas,
agrada-lhes menos o todo fisico, do que as
- 57 —

virtudes de sua alma: pois que o Maç.",


admira e respeita n’ella a obra completa
do Creador.
O 5° o toque.—O toque que damos mu
tuamente nos instrúe que renovamos, cada
vez que o damos, nosso tratado de paz e
união, e que estamos sempre promptos a
estender uma mão piedosa a nossos Irmãos
desgraçados, que se áchão na precisão ou
captiveiro.
Instrucção.

P.—«Sois vós Perf.:. Maç.….?»


R—« Guiada pelo Eterno, sahi da escra
vidão. »
P.—« Que quereis vós dizer por essa es
cravidão? »
R.—« O captiveiro, em que deifinhamos
neste seculo, figurado pelo dos Israelitas no
Egypto. O verdadeiro Maç.…. considera-se
n'este mundo caduco como em uma terra
estranha; geme no captiveiro, e só aspira á
sua verdadeira patria. »
P.—º Sujeita a um corpo tão fragil, co
mo podeis vós dizer que sois livre ? »
R.—« A iniciação a nossos mysterios
desabusou-me; sacudi o jugo das paixões;
a razão me esclarece; e o facho, penetran
do o veo com que a voluptuosidade me of.
— 58 —

fuscava a vista, me patentea todo o seu


horror. »
P.—« Como chegastes vós ao fim da
Maç.….? »
R.—«Com a ajuda d'um Irmão oficioso,
que se tornou meu guia, e me entregou á
porta do templo das virtudes, cujo brilho
dissipou as trevas que cobrião o universo.»
P.—« Entrastes vós n'esse templo? »
R. —º Sim , Ven.'., passando atravês
d’uma abobada de ferro e de aço. »
P.—« Que significa essa abobada ?»
R.—«Como a solidez d'uma abobada
depende do corte e solidez das pedras, que
todas terminão no ponto central, da mes
ma maneira cada membro da nossa Ordem
deve cooperar para a harmonia que faz a
nossa força, e cuja chave é esta amisade
sincera e virtuosa, que caracteriza os verda
deiros Maç.".»
P.—« Para que é esta abobada de ferro
e de aço? »
R.—« Para nos advertir que nós deve
mos fugir os prazeres grosseiros e crimino
sos da idade de ferro, se quizermos gozar
dos innocentes da idade de ouro. »
P.—« Expellida d’aquelle lugar de deli
licias, de que modo tornastes a entrar
n'elle? »
— 59 —
R.--g Sobre a arca de Noé, obra cons
truida e terminada sobre os planos traçados
pelo Ente supremo. »
P.—«Qual era a projecto d'aquelle edi
ficio? » •

R. — « Salvar o justo Noé e sua familia,


sorte reservada aos escolhidos. »
P.—º Porque não aproveitárão d'ella os
outros homens ? »
R.—« Confiados em suas falsas luzes,
criticárão a obra do Gr.". Mest.º., que em
castigo do seu orgulho os abandonou á du
reza de seus corações, que os precipitou no
abismo. »
P. — «A onde teve lugar a primeira L.",
e por quem ? »
R.—« Por Adão e Eva, no paraíso ter
restre, durante ainda o estado de innocencia.
P.— « Quando teve lugar a segunda L.'.?o
R. — « Durante o diluvio, por Noé encer
rado na arca com os justos. »
P.—«Quando teve lugar a terceira L.".?»
R.—º Quando Deus, debaixo da figura
de tres anjos, visitou Abrão e Sara. »
P.—« Quando teve lugar a quarta L.*.?»
R. — « Quando os anjos, fugindo o in
cendio de Sodoma, se refugiárão na casa de
Loth, e salvárão este bom Maç.", do incem
dio d’aquella cidade criminosa.»
– 60 –

P.—«Quando teve lugar a quinta L.".P»


R.—- «Quando José tendo encontrado seu
caro Benjamin, recebeo seus Irmãos, e os
assentou comsigo á mesa. »
P— «Tratou elle Benjamim com alguma
distinção? »
R.—«Fez-lhe servir cinco vezes mais que
a seus outros Irmãos, deu-lhe cinco vesti
dos dando só dous aos outros, e apresentou
cinco de seus Irmãos a Pharaó. Foi d'esta
ultima epoca que o numero cinco ficou
consagrado entre todo os Maç.'., e se tor
nou um titulo d'honra e distincção. Os cin
co vestidos designão os cinco gráos : feliz
d'aquelle que merecer o ultimo! »
P.—« Quem pode esperar obte-lo?
R.—« Todos os Maç.…. que, semelhantes
a Jozé, depois da crueldade excitada pelo
ciume, resistirem ao attractivo da volup
tuosidade, e sustentarem sem medo a viva
luz do sol do universo. »
P.— « De que modo tinha aquelle pa
triarcha chegado a tão alto gráo de gloria?»
R.—«Pela prudencia e sabedoria divina,
que lhe tinha cahido em sorte Cada um de
nós pode chegar á mesma honra, seguindo
as estreitas veredas da virtude.
P.—«Qual foi a sua recompensa?»
R.—( Pharaó lhe deu seu annel real; e é
— 61 —
para conservar a memoria d'isto que o
Ven.'. dá um annel ás Irmãas Perfeitas. »
P.—«Qual foi a sorte d'essa L.'., a que
José presidia ?»
R. — « Augmentou-se, tornou-se nume
rosa, e fez continuados serviços aos reis e
povos do Egypto: tal é o caracter do Maç.".
P.—« Quem se distinguio , depois de
José, na direcção d'essa L... ? »
R.—« Moisés, o escolhido por Deus para
quebrar os ferros do seu povo escolhido.»

Encerramento da Loja.
P.— Quaes são os deveres d'uma Per
feita Maç.….? »
R.—« Amar, soccorrer, proteger e res
peitar mutuamente seus Irmãos e Irmãas,
principalmente na desgraça.
O Ven.'. diz: « Continuemos pois a amar
nos, a proteger-nos e soccorrer-nos mutua
mente em todas as occasiões.
«AL.'. de Perfeita Maç.…. está fechada. »
\

lV. 6
— 62 —

QUINTO GRÃo.
ELEITA ESCOCEZA.
--••••=

Decoração da L.". — A L.'. deve ser for


rada de amarello, e allumiada por quatro
luzes, sobre o altar do M.'. Resp... deve
estar um livro dos Evangelhos.
O avental é branco, forrado d'amarello
com uma estrella bordada em prata no ba
badouro: esta deve estar circumscripta
n'um quadrado.
A joia é uma estrella de prata, pendente
do pescoço por uma fita amarella.
Titulos.—O Mestre da L.". toma o titulo
de M.'. Respeitavel; os dous Off. "., que são
o I.". Insp. -. e a Irmãa Insp.º., de M.".
Veneraveis; os Irmãos e as Irmãas chámão
&e Veneraveis.

Abertura da L.".

O M.'. Resp... diz:


P-6 M.'. Ven.'. I.”. Insp... que idade
tendes? »
R. —º A idade de rasão.»
– 63 —
P.—« M.". V.… Irmãa Insp.", que ho
ras são? »
R.—(( Duas horas. »
P.—«A que horas costúmão as Irm.".
Eleitas abrir os seus trabalhos? »
R.—º A's duas horas, M.'. Resp.'.»
o M... Resp.…. diz: «M.'. ven.". Irmãa
Insp..., e M.'. Ven.'. I.”. Insp.…., tendo nós
chegado á idade de rasão, e á ultima hora
do dia, convidai os II... e Irmãas, que de
|
córão vossos climas, a continuar a fazer-se
perfeitos, e preveni-os de que se acha aberta
| a L.", de Eleita Escoceza. ( Feito o annun -
cio, elle bate com o malhete duas pancadas
sobre o altar; o que repetem a Irmãa
Insp.…., e o Ir.'. Insp.….
Recepção,

Depois de se ter deixado a Asp... entre


gue ás suas reflexões, durante um quarto
de hora, esta é conduzida, com os olhos
vendados, á forta da L.'. pela Gr.". Insp...,
que fazendo-lhe descubrir a cabeça(tirando
lhe a coifa, ou chapéo), põe-lhe um grande
lenço sobre o pescôço.
A Insp.", bate duas pancadas, com pe
queno intervallo d’uma á outra: o Insp...
responde tambem por duas, e pergunta lhe
o que deseja, •
— 64 =
A Insp.", então diz: «Uma Irmãa, que
por tal é conhecida entre os nossos II.”., de
seja ser admittida á dignidade de Eleita
Escoceza, tendo para isso dado todas as pro
vas requeridas. O Insp... diz: «Sabeis vós
se a Irmãa é digna d’este favor?» A Insp. -.
responde: « Assim o annuncia o zelo que
me tem mostrado pela Maç.".»
O Insp.". fecha a porta, e vai dar parte
á L.'.
O M.'. Resp... diz: « Por quem é elle
apresentada? » (Responde se, nomeando o
Ir.'. ou Irmãa) «Este Ir.'. ou Irmão, con
tinua o M.'. Resp.…., afiança a Aspir. . ? »
Sendo a resposta afirmativa, ella a manda
introduzir, depois de ser primeiro purificada.
O Insp.…. diz então á Insp.". : « Fazei
purificar a Irmãa, e ponde-a em estado de
ser apresentada.» Fecha-se a porta.
A Insp.…. faz-lhe lavar as mãos e o rosto,
e, prendendo-lhe os braços á roda do corpo
por meio d’uma fita amarella, a conduz á
porta da L.".; bate duas pancadas, e a deixa
ficar entre as mãos do Insp. "., que veio
para recebe-la. Este faz-lhe dar quatro voltas
defronte do M.'. Resp..., a um pé de dis
tancia do quadrado. -

O M.'. Resp... diz-lhe: «Qual é o de


signio que vos conduz aqui?» Ella res
— 65 --

« ponde: O desejo de me tornar perfeita.»


O M.'. Resp.. faz as perguntas necessa
ria, para saber, se elle é com efeito Maç. ".,
e ordena, que se lhe tire a venda, que lhe
cobre os olhos, para que veja a luz.
N’este instante tira-se-lhe a venda, e to
dos os II.". apresêntão-lhe ao coração as
pontas das espadas. O M.". Resp.º. então
diz: « Minha cara Ir.'., todas estas espa
das, que para vosso seio vedes dirigidas,
serão outras tantas armas que tereis contra
vós, se algum dia fordes perjura; mas ellas
serão pelo contrario para a vossa defesa, se
continuardes a perseverar no bem.»
Tendo dito isto á Aspir..., ordena que a
conduzão ao Altar.
O Insp.". a conduz, fazendo-lhe passar o
pé esquerdo á ponta occidental do quadra
do, o direito á ponta do Sul, outra vez o
esquerdo á que fica ao Norte, e o direito ao
Oriente, defronte do Resp."., que ella saúda;
e põe-se logo de joelhos para dar o seguinte
juramento, o que deve fazer, tendo uma
mão sobre o livro dos Evangelhos:
« Prometto, e obrigo-me pelos santos
» Evangelhos, e sob as mesmas obrigações,
» que já tenho contrahido, a encerrar em
» meu coração os segredos que vão ser-me
» confiados; e se algum dia for perjura,
• 6º
— 66 —

» consinto, que a minha lingua seja corta


» da, meu coração arrancado, e meu corpo
» reduzido a cinzas, para que de mim não
» fique lembrança alguma. Assim Deus me
» ajude º
Ella beija os Evangelhos.
Prestado o juramento, o M.'. Resp.…. a
manda levantar, e tirando-lhe a fita, que
prendia os braços, diz-lhe: « Eu vos desato
os laços do vicio, para vos conduzir ao ca
minho da virtude. » Depois d'Isto ordena,
que vá beijar todos os II... e Irmãas, come
çando pelos Off... e acabando por elle.
Ella é dirigida pelo Ir.'. Insp..., e tendo
chegado ao M.'. Resp.º., este diz: «Eu vos
constituo na dignidade de Eleita Escoceza,
pelos poderes que me fôrão confiados por
esta R.'.L.'.; depois de vos ter julgado di
gna d’este gráo. » Depois beija-a quatro ve
zes na testa, o condecorando-o com o avental
e luvas, dá-lhe as palavras, sinal e toque.
Discurso de recepção.
O M.'. Resp.…. dirige á Aspir... o dis
curso seguinte, e depois faz a instrucção.
« Vós vos fizestes digna, minha cara Ir
mãa, de chegar ao gráo de Eleita Escoceza,
e esta L.". julgou do seu dever o admittir
vos a elle, para recompensar o zelo, que ten
— 67 —
des mostrado em preencher os deveres da
Maç.". Nós esperamos, que este novo favor
vos fará ser cada vez mais zelosa, e que vos
lembrareis constantemente do terrivel ju
ramento que acabais de dar, o qualvos liga
a um segredo inviolavel, e vos prescreve,
que nunca vos aparteis das veredas da vir
tude. Eis aqui, minha cara Irmãa, o fim dos
nossos trabalhos, e certamente o dos nossos
desejos. »

Instrucção.

P.--(( Sois vós Eleita Escoceza? *


R.—« Fui purificada nas aguas do dílu
vio. » •

P.—« Para que fostes purificada?»


R.-—« Para conhecer, que é preciso ser
pura, a fim de poder chegar á perfeição.»
P.—« Para que vos fizestes receber Es
coceza?»
R.—« Para firmar meu sexo nas leis do
segredo inviolavel, que devo guardar, e a
fim de me tornar perfeita.
P.—«E que fizestes vós para ser recebida
E.". Escoceza ? »
R. — « Dei as provas necessarias, isto é,
o zelo que os meus II.". reconhecêrão em
mim pelas leis da Maç.…. »
– 68 —
P.—«Onde fostes vós recebida E.". Es
coceza ? »
R.—« «No cume do monte Ararath, no
andar do meio da arca de Noé. »
P.—(( Quem vos recebeo ?»
R.—( Uma L.'. d'Expertos, que reco
nheci por taes, pelo sinal infallivel, que os
distingue, e caracterisa, a caridade fraternal
que entre elles reina. »
P.—«Que vistes vós, quando fostes re
cebida E.". Escoceza? »
R.—» Noé e sua familia, conduzidos pelo
estrella do O.º. á morada da felicidade. »
P.—«Como se póde chegar a essa mo
rada? »

R.—«Tendo sempre em vista as obriga


ções que se tem contrahido, e não se afas
tando jamais das leis que ellas prescrevem.»
P.—« Quaes são essas leis?»
R.—º A pratica da virtude, da caridade,
e da amisade fraternal, que devemos ter
por nossos II.". »
P. — «Porque rasão é de prata a vossa
joia?» •

R.—« Para nos representar a pureza que


devemos ter em L.'. »
P.—« Que significa o quadrado , que
vistes traçado no pavimento da vossa L.".?»
R.-« Sua perfeição nos mostra a que
– 69 — —

devemos ter para elevar nossos corações á


felicidade eterna. »
P.—« Dai-me a palavra de passe?»
R.— (Dá-se).
P.—« Que quer dizer esta palavra?»
R.—« Perfeita Escoceza. »
P.—« Dai-me a palavra sagrada ? »
R.—(Dá-se).
P.—« Que quer dizer esta palavra?»
R. — «O ponto de felicidade até onde de
vemos aspirar. »
P.— « Dai-me o sinal ?»
R.— (Dá-se).
P.— « Que vos indica este sinal? »
R.—« As penas da minha obrigação.»
P.—« Dai o toque ao Ir.'. Insp.….?»
R. — (Dá-se, assim como o beijo).

Encerramento.

P.—(( Que idade tendes? »


R.—« A idade de rasão. »
P.— « Que horas são ? »
R. — « Quatro horas. »
P.—«A que horas fêchão as Eleitas Es
cocezas os seus trabalhos? »
R.—«A's quatro. »
O M.'. Resp.", fecha a L.", convidando
— 76 —

os II.". Insp... a fazer e annuncio do cos


tume, etc.

Quadro do gráo de Eleita Escocesa.


1º A estrella do Oriente.
2º O quadrado, que designa a marcha
pelas quatro cifras
3° As quatro luzes, que allumião a L.".
4º O monte Ararath.
5º A arca de Noé.
6º Noé, e sua familia sahindo da arca, e
conduzidos pela Estrella á morada da feli
cidade.

.*. de mesa d'esta gráo.


Os cópos chámão-se estrellas.
O vinho e agua, toneis o diluvio branco,
e vermelho. O pão, páo da arca. Diz-se va
sar as estrellas.
As estrellas lévão-se á boca em dous tem
pos, e igualmente em dous tempos se vá
são: batem-se depois quatro palmas, e diz
se duas vezes: Viva! }
L.'. de mesa dos gráos precedentes.
Os cópos chámão-se alampadas.
O vinho azeite forte, ou vermelhe.
A agua azeite fraco, ou branco.
— 71 —

As garrafas, bilhas d'az ite.


Diz-se appagar as alampadas, e estas se
apágão em 5 tempos.
Saúdes.

A 1º é ao Soberano, a sua Esposa, e a to


da a sua familia.
A 2° ao Gr.". Mest.".
A 3° ao Gr.". Insp.'., e á Gr.". Insp.".
A 4º A's Irmãas novamente adoptadas.
A 5º A todos os II.…. e Irmãas, espalha
dos pelo superficie do Globo.
Festa da ordem.

Assim como as L.". dos homens, as L.".


da Adopção tem uma festa, que todos os
annos se celebra no quarto dia depois da
Pascoa. Esta é a unica de obrigação; as
outras são voluntarias.

Modelos dos certificados para as Irmãas,


Ao lado de Or.'. donde sahe a primeira
luz da L.'. das mulheres, debaixo do titulo
distinctivo (põe-se o nome da L. “.)
Pelos numeros mysteriosos, conhecidos
sómente dos esclarecidos: Nós o nome do
Ven...) Chefes terrestres, e Directores da
sublime e Respeitavel L.'. das mulheres
— 72 —
tendo conhecido o zelo, e o ardor de chegar
ao supremo gráo das luzes Maçº. da Ven.'.
Irmãa, (ponha-se aqui seu nome, sobreno
me, idade, e lugar de nascimento) que pro
fessa a religião christãa; depois de ter jul
gado da sua capacidade, vida e costumes,
por um escrupuloso exame da sua conducta,
tanto em L.'.; como fóra d’ella, e sabendo
que ella satisfez a todos os deveres exigi
dos, em sua qualidade de Maç.….; Saber
fazemos, que nós a admittimos ao gráo de
Apr.'., Comp.…. etc. (designão-se aqui todos
os gráos, que ella recebeu), e ordenamos a
todos os Maç.…. e Maç. .. que a reconhêção
como tal, e dêem fé ao presente certificado,
que lhe passamos, para servir e valer aonde
necessario fôr; o qual assignamos de nosso
proprio cunho, e fizemos appor o sello da
nossa Resp.". L.'. e referendar pelo nosso
Secret.".
Dado no Jardim do Eden, ao lado do
Or... no..... dia da..... semana do..... mez
do anno Maç.". 5 mil.... etc., e do calculo
vulgar 18....
Assignaturas.
Grande Inspector, Grande Inspectora,
Gr.". Mestre, Gr.". Mestra.
Por ordem da Resp.'.L...
See RETARIe,
— 73 —

DISCURSO PARA O 1° GR... (1).


.…<>••=>…

M.". I..., as experiencias a que vos su


jeitárão; as questões que vos proposérão;
as promessas que exigirão de vós, e o es
pectaculo que vêdes, devem ter produzido
na vossa alma uma multidão de sensações e de
idêas contradictorias. Que sociedade he esta
(perguntará a vossa consciencia) que co
brindo-se com o mysterio, professa todavia
os mais bellos principios de moral? Qual
será a sua origem? E qual o seu fim?
Em respondendo ás ultimas duas questões,
ter-vos hei dado a solução da primeira.
Qual he a origem da Maç.….?
M.'. I.”., pelo que toca á utilidade; pouco
vos importa por ora que este questão seja
resolvida. Com effeito, se uma Instituição é
viciosa per si mesmo, embóra o seu autor
seja respeitavel ou virtuoso, deve de repente
abandonar-se : pelo contrario se o fim da
Instituição é louvavel, o desprezo que po
deria merecer-lhe a sua origem, não deve
prejudica-la em nada.

(1) Recitado na La", des Caurs unis em 1823.


IVs 7
— 74 —
Com effeito, M.'. I.”., para satisfazer a
uma justa curiosidade, e dár ao vosso espi
rito um grande motivo d'admiração, seria
preciso que eu desenrolasse perante vós os
annaes da Maç. ..., e dos seculos remotos que
a virão florecente. Mas uma semelhante ta
réfa, muito superior a minhas forças, não
entra no plano que me propuz. Eu só posso
dár-vos, por um esbôço rapido , algu
mas instrucções superficiaes sobre uma
materia, cuja importancia e difficuldade
exigem uma erudição profunda e indagações
innumeraveis.
Se considerâmos a questão no sentido
philosophico e no sentido historico, nós di
remes, 1º que sempre devêrão ter existido
sociedades secretas; 2º que ellas existirão
na realidade.
Os homens, M.'. I.”., são feitos para vi
ver em sociedade, e assim elles teem vi
vido sempre. Esta asserção, combatida por
alguns philosophos, e sustendada por outros
é uma verdade reconhecida por todos que
pondérão, já a fraqueza, já as necessidades
mutuas dos homens. A familia primitiva foi
a primeira Sociedade de individuos, reunida
para seu interesse commum. Mas esta reunião
tendo depois, pelo augmento da população,
abraçado maior numero d'homens, não es
– 75 –
tabelecia entre elles senão relações extrema
mente remotas e difficeis. Eis a origem das
differentes raças ou familias, formadas pela
conformidade dos costumes, dos gostos, e
dos caracteres. Os membros d’estas familias
moraes, se posso exprimir-me assim, cum
prindo sempre com suas obrigações, como
homens, para com a sociedade geral, traba
lhárão todavia com um zelo special para o
de suas familias particulares. As d’esta es
pecie, sendo a perfeição do genero, deverião
ter sido compostas por individuos, que se
distinguião do commum dos homens pelas
suas luzes e pela sua prudencia : e seus in
dividuos deverião têr sido virtuosos. Com
effeito sendo a ordem o elemento essencial
de toda e qualquer sociedade, e o crime o
inimigo de toda a ordem, segue-se que
qualquer sociedade formada pelo crime, ou
não poderia existir, ou pelo menos não po
deria manter-se.
Finalmente, para que estas sociedades
fossem particulares, era preciso que a ad
missão n’ellas fosse permittida sómente aos
individuos que as compúnhão, ou aos Ini
ciados : logo ellas érão mysteriosas. Era-lhe
preciso ter senhas privativas para reconhecer
os iniciados: e estas senhas, para preenche
rem o seu fim , devião ser desconhecidas
— 76 —
aos outros homens. De lá veem os sinaes
mysteriosos.
Assim, M.'. I.”., depois de ter estabele
cido a antiguidade das sociedades secretas,
nós provámos que estas sociedades devião
têr sido mysticas, têr um fim util, e ser
compostas d'homens virtuosos e esclare
cidos.
As consequencias que tiramos pelo racio
cinio, ácerca da existencia necessaria e da
natureza das sociedades secretas, se áchão
convertidas em factos positivos pela historia
da antiguidade. Assim, M.'. I.”., será só
mente a historia a que nos fornecerá as
provas para apoiar a segunda proposição.
As primeiras sociedades secretas fôrão
formadas pelos Brachmanes, philosophos
esclarecidos, e sacerdotes dos Indios. Elles
instituirão uma religião unica, universal e
immutavel; ou antes, elles restabelecêrão a
religião primitiva em toda a sua pureza, tal
qual a tinhão conhecido e conservado por
uma tradição constante.
Estes Brachmanes, ja famosos por seus
Myst.". e por sua religião, se unirão depois
com os Padres do Egypto, respeitados pela
sua sabedoria, e que tinhão tambem seus
Myst.". e uma religião celebre.
Zoroastre, Thaut, e Isis, fôrão buscar á
– 77 –
India os principios de suas bellas Institui
ções : e diz-se, que Sanchoniaton, escritor
antigo, faz menção de uma conferencia, que
tivêrão entre si estes tres viajantes : o que
prova que elles fôrão contemporaneos, se
bem que alguns historiadores põem a sua
existencia respectiva em differentes epocas.
Zoroastre, Thaut, o phenicio e Isis es
tabelecérão leis sabias; tivérão discipulos ou
II.'., e fundárão sociedades secretas ou Ini
ciações; mas Isis, o egypcio, se distinguio
aos outros dous philosophos por suas Insti
tuições notaveis. Não tendo, como elles, a
ambição d'estabelecer um systema novo e
particular, Isis procurou só a verdade;
colligio, e examinou escrupulosamente todas
as tradições que podérão dar-lhe algumas
idêas sobre a religião primitiva; e creou fi
nalmente leis para todos os homens, e não
systemas para seus discipulos. Isis reorga
nisou os Myst... ja celebres do Egypto; e
Memphis tornou-se a escola da sciencia e da
sabedoria, aonde fôrão aprender depois todos
os philosophos e todos os legisladores.
Notemos, como de passagem, que todas
estas sociedades fazião passar por experien
cias severas os que querião ser iniciados : e
que estas fôrão instituidas para amedrontar
7"
– 78 –
e diminuir a grande afluencia de profanos
que ambicionávão a Iniciação.
É desta sociedade egypcia que sahirão os
reis appellidados Pastores, ou paes dos po
vos; e esta particularidade é a que vai aju
dar-nos a determinar tambem a época apro
ximativa d’estas Instituições.
Segundo os calculos de Goguet, na sua
Obra sobre a Origem das leis, das artes e das
sciencias, os reis pastores existirão em 1822
antes de Christo. Ora notai, M.'. I.”., que
n'esta epoca já estas Instituições tinhão
chegado a um alto gráo de perfeição; con
seguintemente é-nos permittido o levar sua
origem a tempos ainda mais remotos.
Os Myst. de Isis chamárão a Memphis
Triptôlemo, rei d'uma colonia grega, que
voltando a Eleusis, sua patria, introduzio
ali a agricultura, que tinha aprendido no
Egypto, e estabeleceo tambem, á imitação
dos Myst.". do Nilo, os tão celebres e de
cantados Myst.". Eleusinos.
Estas sociedades secretas captárão sempre
a admiração e o respeito dos Antigos: e para
prova citarei sómente uma passagem de
Cicero : « Fôrão os Myst.". que nos tirárão
» do estado barbaro e feroz, que dominava
» os nossos antepassados. É o maior bem,
» que, entre muitos outros, nos devemos á
– 79 –
» cidade de Athenas: é de lá que nós apren
» demos não só a viver com jubilo, mas
» tambem a morrer tranquillos na espe
» rança d’um porvir mais féliz. »
Goguet, depois de ter declarado que ele
não emprehenderá rasgar o denso véo, que
cobre as ceremonias tão gabadas da antigui
dade, attesta que os Escritores os mais judi
ciosos e os mais eruditos da Grecia e de
Roma, attribuem a estes Myst.…. todos os
conhecimentos, de que gozárão os povos
os mais civilisados. « Os Gregos (acrescenta
» elle) designávão os Myst.'. de Eleusis por
» uma de suas palavras, que significava
» Perfeições; porque pensávão que n'elles
» se adquiria o conhecimento da Verdade e
» da Virtude: os Latinos para designar os
» mesmos Myst.". servião-se do vocabulo
» Initia; porque, diz Cícero, a doutrina,
» que se ensinava nos Myst.º., encerrava
» os principios d’uma vida feliz e tran
» quilla.»
Como me apercebo, M.'. I.”., que insen
sivelmente me desviei do plano, que eu me
tinha traçado, forçoso é o restinguir-me,
bem que á meu pezar.
Quam admiravel seria o vêr Moisés, Mi
nos, Lycurgo e Pythagoras ir buscur ao
Egypto; aos Myst.'. de Isis, os principios
— 80 —

pelos quaes uns fôrão excellentes legislado


res, outros profundos philosophos!
Quam maravilhoso seria o seguir passo a
passo estes Myst.º., examinar a sua deca
dencia, e notar em fim os sabios Therapeu
tas, que recolhendo o fogo sagrado, fôrão
entranhar-se nos desertos da Libya |
Que interesse não excitárião entre nós os
discipulos d’estes Sabios, que, debaixo do
nome d'Essénios, estabelecêrão em muitos
logares sociedades ou LL... secundarias,
aonde, segundo Tertulliano, o mesmo
Christo, foi iniciado! Vejo porém, M.'. I.”.
que uma tal digressão me levaria muito
longe: o vosso dever será de hoje em diante
* consultar a sua historia.
Mas como é que a Maç. .. se deriva de
taes sociedades? Uns pertendem que Armi
nius, depois de se ter iniciado nos Myst.".
dos Essenios de Roma, ne tempo d'Agusto,
viéra estabelecer na Germania uma L.".
central, donde todas as nossas dimánão
hoje. Outros fazem remontar esta origem ao
sabio Salomão. Este Rei iniciado, depois de
haver construido um Templo material ao
Sêr-Supremo, propoz-se edificar um outro
Templo moral, e mystico, que, pela disper
são dos judeos, adquirio differentes estabe
lecimentos por toda a parte da terra : mas é
— 81 –
principalmente depois do Christianismo que
a Maç.". Salomonia ou Franc-Maç.…., tem
feito progressos successivos, e se insinuou
insensivelmente em todos os paizes.
Conseguintemente existirão sempre So
ciedades secretas, que o raciocinio e a his
toria nos indícão haverem sido a fonte da
Maç.". ; mas, ainda uma vez, qualquer que
seja a sua origem, a Maç.". só deve ser con
siderada per si mesma e pela sua utilidade.
Eis-nos pois chegados insensivelmente á
questão principal.
Qual he o fim da Maç. . ?
Minha tarefa está quasi preenchida. Ten
do-vos ja mostrado, M.'. I.”., os principios
das sociedades antigas, e as relações imme
diatas que lígão a Maç.…. a estas sociedades,
bastará dizer vos que ella não tem degene
rado. A Maç. …. tem conservado preciosa
mente, e sem alteração alguma o grande
principio, para o qual nós vímos ja que
todas as sociedades fôrão instituidas. Este
principio he o reconhecimento de uma reli
>"
gião, a religião primitiva, que consiste em º
adorar um Ser-Supremo, unico, e creador.
Esta religião nos ordena de sermos bons, ho
nestos e virtuosos. Ella nos ensina que, tendo
todos a mesma origem, nós só fomos feitos
para viver em sociedade; que o apoio da
— 82 —
sociedade he a união entre os seus indivi
duos; e finalmente que esta união não pode
formar-se senão pelas necessidades, e soc
corros mutuos: assim a Maç.…. nos manda
ser cosmopolitas : e como a ordem é o ele
mento sem o qual nenhuma sociedade pode
existir, a Maç.". nos manda ser obedientes
ás leis e aos chefes encarregados da sua
execução.
Finalmente, M.'. I.º., cada um podendo
honrar o Ser-Supremo segundo suas idêas,
e segundo os differentes cultos, a Maç.".
não admitte discussões sobre a excellencia
de tal ou tal culto; porque ella tolera e
comprehende indistinctamente todos.
Quanto á politica, M.'. I.”., a Maç.…. sabe
banir de seu seio todas essas discussões pe
rigosas : apenas nos e permittido um sabio
e prudente raciocinio, guiado pela boa fé, e
amizade, para chamar um I. ". aos princi
pios da igualdade natural, e da moderação
Maç.".
M.". I.”., os principios da religião primi
tiva ou Maç.…. tendo-vos sido explicados,
não vos será difficil o entrever os seus fins:
ella se occupa constantemente a procurar a
Verdade; e a Verdade he a perfeição moral
dos homens. Esta definição, M.'. I.”., vos
ensina que não basta para sêr Maçº. o ser
– 83 –
iniciado; mas que é preciso tambem praticar
todos os seus preceitos. A Maç. . (disse um
I.". estimavel, Dupontés) he uma frivolidade
innocente quando se occupa sómente das fôr
mas. Mas o verdadeiro Maç.". trabalha, sem
interrupção, para construir o Templo espi
ritual da Verdade, Soldado da religião pri
mitiva, o Maç.…. segue as suas bandeiras, e
por toda a parte põe em pratica os sabios
preceitos que ella lhe ensina. A Maç.…. he
um foco benigno e imperceptivel, cujo
calôr deve vivificar toda a terra.
Mas será preciso, M.'. I.”., trabalhar per
vós mesmo, ja iniciado, e membro de uma
L.'., que encerra obreiros os mais capazes
de vos instruir: vós não verêis aqui os pres
tigios do charlamatismo; e ainda menos vê
reis vossos II... prevenir, por discursos
brilhantes, o vosso espirito em favor de sua
Instituição.
Não, M.'. I..., algumas instrucções sim
ples, e o exemplo, serão os unicos prestigios,
que elles empregarão; e para vos provar
que é preciso amar o seu I.'., elles mesmo
VOs amarão.
M.". I..., vos sois ja Maç.….; tudo neste
logar vos offerecerá um objecto de lição e de
meditação; e uma infinidade d’emblemas e
alegorias vos dará uma ampla instrucção:
II.'., nós somos todos de uma mesma
familia : II. "., nós devemos amar-nos e
soccorrêr-nos : II.". finalmente, nós devê
mos fazer tudo para nos tornar dignos d’este
nome, e honrar a ordem sublime, a que
pertencemos. Taes são as nossas maximas;
taes são os nossos fins (1).
<=><><>=

DISCURSO PARA O IIº GR.".

M.". I.”., se vós tendes alguns conheci


mentos sobre a Iniciação antiga, deveis con
vencervos de que as fórmas do 1º Gr... são,
tanto quanto he possivel, uma imitação
das ceremonias da Iniciação do Egypto e
dos Myst.". de Eleusis. Com effeito, lá se
áchão a mesma combinação nas provas, os
mesmo symbolos nos discursos, na pratica,
e nas personagens. Mas neste 2º Gr..., a que
fostes agora iniciado, estas mesmas fórmas
nada teem d'antigo, todas pertencem ao
systema Adhoniramite. Assim a Maç.º., tanto
na sua constituição, como nas suas formulas,
(1) Este discurso, como diz muito bem Dupon
tés, contém alguns factos e algumas citações, que
podem ser contestadas; mas o seu todo offerece
uma instrucção solida para o 1º Gr,".
— 85 —

apresenta dous caracteres differentes, que


não devem confundir-se. O seu 1º Gr.".
prova que ella remonta á mais alta antigui
dade; e os outros Gr.…. dão direito a con
cluir que a Maç.…., depois de ter degenerado
da sua pureza primitiva, fôra restabelecida,
com algumas modificações, em seculos
mais proximos aos que vivemos.
No Egypto, o 2º Gr.". era consagrado ás
provas moraes, que tendião a dirigir o Ini
ciado á virtude, habituando-o á privação
dos prazeres sensuaes. N’este G.'. o Inic.".
aprendia os elementos de Philosophia theo
rica e pratica, « A Iniciação perfeita (di
» zião os Egypcios) é o termo da vida pro
» fana, que nós olhamos como uma vida
» animal. Pelo contrario, no Iniciado, o
» amor da virtude e do dever occupa o lo
»gar de todas as paixões.» É isto mesmo,
M.'. I..., que nós hoje tambem podemos
dizer a nossos neophytos e a todos os Maç.".
Era só depois de muitas experiencias
longas, taes como jejuns, exames, etc., que
o Aspirante era admittido á pequena Inicia
ção, da qual o 2º Gr... era o complemento.
Mas pelo que toca á grande Iniciação, que
formava o 5º Gr.".; ella não era concedida
aos estrangeiros: eis porque a respeito d'este
nos réstão tão poucos indicios.
IV» 8
— 86 –

O 2º Gr.", da Franc-Maç. . moderna, o


mais simples de todos, mas que por isso
não é o menos interessante, apresenta uma
ordem de emblemas, sobre que os antigos
parece não haverem pensado, mas que nos
préstão grandes e uteis lições.... Estes em
blemas, M.'. I.”., são os instrumentos das
artes mechanicas; e se vós ja tendes ajui
zado um pouco sobre a nossa Instituição,
muito mais facil vos será o conhecer e apre
ciar sua importancia.
Acaso terei eu necessidade de vos lembrar
que a Franc-Maç.…. he uma sociedade de
homens, unidos pelo triplice laço da ami
zade, da discrição, e da fraternidade univer
sal, para procurarem juntos a Verdade, e
praticarem o bem?
Será por ventura preciso que eu vos re
pita de novo que a doutrina da Franc-Maç.".
é a adoração do Gr.". Arch... sem mistura
alguma de superstição, e a philantropia que
abraça todos os membros da familia huma
na; e finalmente que ella nos ordena uma
submissão especial á patria civil e á patria
Maç.….? Não. Por pouco que tenhais reflec
tido com attenção sobre o que vistes, vós
tudo sabeis, como os velhos Maç.….; mas o
que he essencial que vós noteis n'este logar,
para bem conhecer o Gr.'. que nos occupas
— 87 —

he o emblema geral da Maç.….Este emblema,


do qual os outros symbolos não são senão
uma consequencia, é a construcção d'um
Templo á Sabedoria, isto é segundo a ver
dadeira significação dos antigos, á virtude
e aos conhecimentos que interéssão á nossa
felicidade.
A allegoria d'um Templo a construir,
adoptada pela Maç. . moderna, é talvez a
mais feliz, que se tenda imaginado, para
elevar o espirito, por uma figura sensivel,
ás idêas moraes e abstractas. Ah! quanto
ella he superior ás allegorias, que se áchão
nas Instituições Mysteriosas dos antigos, e
que, á primeira vista, parecem absurdas e
disparates! Verdade é que, no principio de
seu invento, estas deverião ter um sentido
real e razoavel; porque um homem nunca
pode dizer seriamente a outro, que um golpe
de machado, sobre a cabeça do primeiro deus,
fez sahir do seu cerebro uma deosa, armada
de ponto em branco. Mas este sentido razoa
vel não se acha hoje, ou sómente se adevi
nha por meio da conjectura; porque o vulgo
antigo recebeu litteralmente as allegorias;
e os padres, para tornarem o seu ministerio
mais necessario e mais lucrativo, conservá
rão e favorecêrão este mesmo erro, que
— 88 –

produzio depois superstições insensatas,


ridiculas ou barbaras.
Pelo contrario, os nossos emblemas, so
bretudo nos primeiros Gr.'., são muito mais
simples, e faceis a explicar. As explicações,
que ja vos fizérão ácerca dos instrumentos
usados em vossas viagens, são provas da
verdade, que eu avanço. Todos os emble
mas do 2° Gr. "., tendo uma relação directa
com a construcção do Templo Maç. .. o Tra
balho parece ser o objecto especial d’este Gr.".
Com efeito um edificio igual não se pode
elevar sem muito trabalho; e os instrumen
tos, de que úsão os Comp.'., lhes indicão
assás que elles devem metter mãos á obra.
Sim, M.'. I.”., no 1º Gr.'. vos fizérão sen
tir a necessidade de corrigir vossas faltas,
vossos erros, vosso egoismo, e a de vos
acostumar á verdade, á virtude, e ao amor
de vossos Irmãos. E esta com efeito a pri
meira disposição necessaria para merecer,
tanto no mundo Maç.…. como no mundo
profano, a estima dos homens. Mas os Maç.".
não são meramente cénobitas; e não se li
mitando á vida contemplativa ou a virtudes
estéreis, os Maç.'. devem tambem trabalhar
e produzir.
E por isso que a Maç.…., depois de vos
haver purificado a alma no 1º Gr..., passa
– 89 —

logo no 2° a vos conduzir ao trabalho, e a


vos recommendar uma vida activa. Já de
vereis ver, M.'. I.”., por esta combinação
dos dous primeiros Gr..., quanto o systema
Maç... he favoravel aos interesses da socie
dade geral, e quanto suas maximas coinci
dem com as intenções do Gr.". Arch.".
do Un.".
Alguem ousou dizer que o trabalho era
um castigo que o Arch.", nos tinha imposto:
mas erro funesto! O trabalho he uma lei
emanada da sua bondade paternal para a
nossa conservação e para a nossa felicidade;
porque a inacção é, em todas as circum
stancias, o estado o mais importuno ao ho
mem; he uma especie de letargo enfadonho,
pernicioso ao corpo e ao espirito: é final
mente de todos os trances da vida, o mais
pesado, que traz após si o enojo, horrivel
supplicio, com que a natura castiga os per
guiçosos.
Os homens que nada fazem são ja corpos
inertes; são cadaveres que - inféctão e cor
rompem os vivos; porque do momento em
que são inuteis á Sociedade, elles a perver
tem, ou se lhe tórnão perigosos. Eis a razão
por que os povos corrompidos são aquelles,
aonde reina mais a preguiça; e ao contrario
as nações as mais laboriosas são as em que
8*
ha mais virtude e melhores costumes.
M.". I.”., o Gr. ". a que fostes iniciado,
e que faz do trabalho uma lei tão formal,
vos aconselha tambem de acostumar vossos
filhos ao exercicio de alguma arte, e á cul
tura do espirito: estas duas vantagens, em
qualquer situação em que se achem, lhes
servirão d'um grande soccorro para o fu
turo. « Felizes os paes (diz Dupontés) que
» teem sabido dar aos filhos o habito e o
» amor do trabalho! Todo o segredo da
» educação consiste n'isso. Por toda a parte
» aonde existe este amor, aonde existe este
» habito, as outras virtudes veem per si
)) m CSIm0. D

Notai, M.'. I.”., que n'este Gr... a Maç.".


não vos dá por emblemas, nem o capello
doutoral, nem a penna do litterato, nem o
telescopio do astrónomo, nem a lyra d'Or
pheo, nem o pincel de Apelles: bem pelo
contrario, ella só vos oferece os instru
mentos das artes mechanicas, que fazem a
força e a riqueza da sociedade, satisfazendo
a todas as suas necessidades; e facilitão as
viagens commerciaes, ou instructivas, dis
pondo assim os diversos povos aos princi
pios da tolerancia e da liberdade. Na or
ganisação actual das Sociedades, todos os
talentos são uteis e preciosos; e a Maç.", nos
— 91 —

outros Gr.". lhes sabe mostrar a sua grati


dão; mas para provar quanto é superior
aos prejuizos do mundo vaidoso, a Maç.".
começou (e devia começar) por pagar um
honroso tributo ás artes mechanicas, que
fazem viver com independencia uma fami
lia tão numerosa como as espigas de trigo.

DISCURSO PARA O IIIº GR.-.

M.". I.”., o Gr... de Mest.º., que é o mais


mysterioso, e o complemento da Maçº.
Symbolica, encerra um grande numero de
alegorias, que seria impossivel explicar
vos agora: entretanto, eu vou dár-vos, pelo
menos, a chave das principaes, e com ella
vós mesmo achareis o resto.
M.'. I.”., os sectarios do systema solar
considérão Hiram como o einblema do Sol,
ou do mesmo Deus: a palavra Hiram, di
zem elles, significa o rei da habitação ele
vada, o senhor por excellencia, o astro fe
cundante, Deus, Jehovah, etc., etc.
Conseguintemente, a morte de Hiram
será, como as de Osiris, d'Adonis, de Her.
cules, de Mithra e de outras personagens
allegoricas, a imagem do Sol, que abaixando
— 92 –

se para o hémispherio austral, vai sármorto


por Typhon ou pelas trevas, para resuscitar
depois. Eis a razão porque, na recepção de
Mest.º., o representante de Hiram, tendo
sido primeiro laçando por terra, se alevanta
depois mais robusto; e os trabalhos, que
tinhão começado de maneira lugubre, aca
bárão por acclamações de triumfo, de pra
zer e de jubilo.
Se a morte e a resurreição de Hiram re
presentão a successão das estações, ellas nos
trazem tambem á memoria o espirito das
antigas Instituições, de quem as allegorias
tinhão principalmente por fim o symbolisar
as maravilhas da natureza: mas o vulgo,
esquecendo o sentido real d’estas figuras,
cahio n’uma grosseira idolatria! Ah! quan
tos males os ministros do santuario terião
evitado ao genero humano, se, fieis ao espi
rito da Instituições primitivas, elles não
tivessem apadrinhado tamanho erro ! A su
perstição, a intolerancia, e o fanatismo,
estarião ainda agrilhoados e ignorados em
Sü2S C3.VCTIla S. •

M.'. I..., a Maç.…. sendo filha das Inicia


ções antigas, não he mais do que uma con
tinuação d'essas mesmas allegorias: é pre
ciso estuda-las, para nos instruirmos; e
quando se estiver bem convencido que es
— 93 —
tas servem sómente d’emblemas historicos,
acabarão de todo as perseguições por uma
ou outra crença religiosa. Hiram é a ima
gem symbolica do combate dos dous princi
pios, que, debaixo de nomes differentes, se
encontra por toda a parte onde ha vestigios
de Iniciação: é o combate de Typhon con
tra Osiris: de Junon contra Hercules: d'E
téocles contra Polynice: dos Titões contra
Jupiter: dos Anjos Máos contra Deus: de
Oromaze contra Arimane; e dos Máos Ge
nios contra os Bons Genios, entre os Egyp
cios, Gregos, Latinos, Peruvianos, etc., etc.
A allegoria do Templo de Salomão, que
é reconhecida como classica na Maç. …, ja
vos foi explicada: por agora bastará lem
brar-vos esta maxima de moral: o homem
que se entrega ao vicio profana o Templo de
Deus: e o Maç. "., que sabe evitar esta pro
fanação, he aquelle que sabe construir e
consagrar o verdadeiro Templo á Divin
dade.
M.'. I.…., a catastrophe de Hiram pode
tambem representar: a virtude perseguida
pelo vicio, mas acabando por triumfar
d'elle: a liberdade comprimida pela ambição
e pelo despotismo, mas sahindo victoriosa :
a verdade obscurecida pela mentira e pelo
erro, mas apparecendo depois mais bri
— 94 -
lhante e chêa de gloria. Ah! quanto he fa
cil o achar tres Comp. .. assassinos, que não
só sufócão esta verdade, mas até aquelles
que a búscão! São, a ignorancia, a supersti
ção, e a tyrannia.... Sim, M.'. I.”., Hiram
representa o genio da civilisação, que, de
baixo do nome de Triptólemo, transformou
o homem bruto e miseravel em homem in
dustrioso e sociavel: no primeiro a alma
embrutecida pelo peso da vida animal, to--
mou no segundo uma vida activa e intellec
tual, isto he, Hiram passou da morte ávida,
e das trevas á luz. Tal é, M.'. I.”., todo o
nosso segredo; mas desgraçadamente nem
todos os homens o tem assim decifrado !
Diferentes sectarios se teem apoderado
d’esta parabola, para symbolisarem por ella -
a vingança d'um ou outro chefe, de um ou
outro partido. Ella servio de symbolo á
Maç.". Templaria, e foi por muito tempo o
grande segredo d'alguns M.'. Ella servio
aos partidarios de Carlo Iº; ao systema de
Cromwel, e até á ordem dos Jesuitas! em
uma palavra, Hiram, ou o architecto do
Templo de Salomão pode, e se tem pres
tado ás interpretações de todo o genero.
Mas he tempo de deixar essas versões, que
seria facil multiplicar, segundo os gostos,
as paixões ou caprichos,
— 95 -
M.'. I.”., o Gr.", que nos occupavos im
põe certos deveres, que estão em relação
com as luzes do seculo, e que he preciso
não esquecer.
M.'. I.”., como Mest.º., vós tendes che
gado á idade de sete an..., em tanto que vós
só tinheistres como Apr..., e cinco como
Comp.….: sem vos explicar agora a doutrina
mystica dos antigos sobre os numeros, eu
vos apresento a progressão, 5, 5, 7, como
um typo, que vós deveis seguir nos pro
gressos da sciencia Maç.", e de suasvirtudes,
Vós aprendestes ao 1º gr.". a desbastar a
pedra bruta; no 2º a trabalhar na pedra po
lida, º que indica já algum progresso: mas
até então era preciso sómente preparar os
materiaes do bello edificio, que hoje estais
encarregado de alevantar e de construir.
Como Mest.º., vós ides trabalhar na pedra
cubica, a qual, mostrando sempre os seis la
dos debaixo do mesmo aspecto, he o em
blema da igualdade, que vos admoesta a ser
sempre o mesmo, tanto na vida privada
como na vida social; tanto na prosperidade
como na adversidade: é entre a esquadria e
o compasso que se deve achar sempre um
Mest.".; isto é, no centro de uma perfeita re
gularidade.
Entre os antigos, o chefe da Iniciaçãº
- 96 -
trazia sobre o peito uma lamina de ouro,
em que estávão inscritas as palavras: Ver
dade, Virtude e Sciencia: é esta mesma
trindade moral, emblema dos tres gr.".
symbolicos, que todo o Mest.". Maç.". deve
apresentar perante seus Irmãos. Alem d’isto,
M.". I.”., o titulo de Mest.". vos adverte que
vós deveis zelar os interesses da Ord; diri
gir os Apr.., e os Comp.…. nos seus traba
lhos, e dar ao Templo dignos esteios.
A palavra perdida e achada vos designa a
Verdade perdida para tantos homens, e que
um Mest.... Maç.'. deve achar com o estu
do da Philosophia Maç.….. Hiram, sendo at
tacado, lançou n’uma cisterna a lamina, em
que estava gravada a pal.". sagrada: eis
porque se diz que a Verdade está no fundo
de um poço: é preciso irmos lá busca-la. A
precaução de Hiram vos demonstra que ha
circunstancias penosas, em que he pru
dente o esconder a Verdade n'um asilo im
penetravel, e o subtrahir esta virgem celeste
ás profanações do crime. He desta conside
ração que nascêrão as Iniciações antigas, as
sociedades secretas, e todas as allegorias,
que devem fazer o principal objecto de
nossos estudos Maç.…..
O ramo de Acacia he o ramo de ouro,
que era necessario ao filho d'Anchises para
— 97 —
chegar vivo aos campos Elysios. Este ramo,
vecejante no seio da morte, é o emblema
do zelo ardente, que vós deveis ter pelo
amor da Verdade, entre os homens cor
rompidos que a atraiçôão.
As nove viagens mysticas, que os Mest.".
fizérão pelos quatro pontos cardeaes para
achar Hiram, vos ensínão que toda a terra
merece vosso cuidado, e que por toda a
parte vós deveis espalhar a luz e a in
strucção.
A iniquirição, e a punição que Salomão
ordenou para com os Comp.º. cumplices,
marca o cuidado, que nós devemos ter,
para vencer e dominar todas as paixões
que degrádão o homem e a sociedade.
M.'. I.”., posto que a carne deixa os os
sos d'Hiram, todavia elle se alevanta mais
robusto. Um revés pode abater-nos um ins
tante; mas a má fortuna deve achar-nos
logo depois mais fortes e superiores a ella.
O aparelho lugubre d’este Gr... não tem
por objecto tornar a morte medonha e te
mivel: o sabio, ou o Franc-Maç.". não deve
deseja-la, nem teme-la: nós quizemos só
mente, por este contraste notavel, lembrar
vos que na ordem physica, a vida nasce da
morte, e que, na ordem moral, uma vida
melhor succede a esta vida passageira.
IVe.
Finalmente, M.'.L.'., o Sin.'. de soccorrº
é o nobre laço que nos une na desgraça;
é aquelle mesmo de que usava a antigº Ca
valleria, e que nos obriga a soccorrer os
nossos semelhantes.
-*><><==--

DISCURSO PARA O IVº GR.".

M.'. I..., trata-se n’este Gr.". da vingança


do assassinio d'Hiram; isto é, da continua
ção e complemento daquella mesma parar
bola, que Salomão fez representar allego
ricamente no Gr". de Mest.".
Salomão, fazendo reunir o Conselho dos
quinze Mest.º., escolheu d'entre elles nove,
que dirigidos por Joaben, fossem prender
os tres Comp.º. cumplices, para serem julga
dos e processados. É depois d'isto que os
symbolos, os sin.'., e as pal.'. do Ivº Gr. --
ficárão sendo analogos ao acto de tamanha
empreza.
É verdade, M.". I.e., que muitos sabios,
e alguns sendo Franc-Maç.…., tem sustenda
do que o Ivº gr... d'El... Secr... não pertence
á Iniciação; mas sim que, segundo uns,
elle fôra instituido pelos Templarios, bani
dos e errantes nos desertos da Thebaida»
– 99 —

depois de sua perseguição; e, segundo ou


tros, que elle fôra instituido por Cromwel,
e até mesmo pelos Jesuitas.
Mas, M.'. 1."., se examinarmos bem o
systema da iniciação, forçoso será o convir
que os fundadores dos altos Gr... tivérão
em vista, não um excesso inutil, ou a vin
gança de um partido qualquer, massim uma
allegoria positiva e interessante, que tem
sido consignada nos fastos do mundo antigo
e moderno.
É incontestavel que a maior parte dos
Cav... do Templo, cessando de formar uma
Ord.". reconhecida no seculo XIvº, entrou no
seio da familia Maç."., a que ha muito per
tencia. É tambem depois d'esta união ou al
liança fraternal que os soberanos timidos
começarão (mal a proposito) a considerar
os Maç.…. como os proprios vingadores de
Jacques Molaye e de seus companheiros; e o
Gr.'. de El..., interpretado pela preoccupa
ção e pelo medo, pôde contribuir a dar al
guns vislumbres de verosimilhança a impu
tações incontestavelmente calumniosas. En
tretanto, M.'. I.”., para que o Gr.'. d'El.".
Secr... podesse offerecer justas desconfianças,
erão necessarias duas condições: 1º que os
symbolos e a doutrina do Ivº Gr.", não fos
sem, como são, muito mais antigos, do
– 100 —

que a Ord.'. do Templo; 2° que o IIIº Gr...,


de que El.". Secr... he um simples acces
sorio, não se refferisse senão a factos histo
ricos; mas elle abrange tambem factos phi
sicos e moraes. ·

O Gr.'. de El.". Secr... dos Jesuitas, fun


dado em 1605, e que tem por fim o assassi
nar todos os reis que não forem catholi
cos (1), assim como o Gr.". de El... de
Cromwel, instituido em 1641, e que tinha
por objecto supplantar ou fazer a guerra
aos Stuarts, nada próvão contra a compe
tencia e a preexistencia de um Gr... de El.--
Secr... na Ord.". Maç.….: os El... de Crom
wel e dos Jesuitas tivérão sempre em vista
a vingança contra os partidos; e os El.".
Secr... não fazem mais de que symbolisar
uma vingança legitima, que nada tem de
odioso ou de repugnante á razão.
Com effeito, M.'. I. "., os tres facinorosos
Comp.". (a Ignorancia, a Superstição, e a
Tyrannia) matárão Hiram (a Verdade) que

(1) A imitação dos Gregos os Jesuitas, dividirão


a sua seita em pequenos e grandes Myst.". nos pri
meiros explica-se o emblema da cruz, como repre
sentando a religião: e nos segundos, reservados aos
padres vingativos, explica-se a inscripção INRI
pelas palavras justum mecare reges impios : e
entendem por impios todos os reis que não são ca
iholicos.
– 101 –
devia reunir todos os homens em redor do
mesmo altar (a Maçº.). Salomão (a Sabe
doria) armou os filhos da Verdade, dando
lhe uma charpa preta (emblema de luto) e
uma arma (symbolo da razão) para conven
cer. Os filhos da Verdade combatêrão, e
fôrão vencedores.
«Muitos hieroglificos achados nas colum
« nas dos antigos templos (diz o I." Vassal)
« nos ensinárão que na idade de ouro a sim -
« ples lei natural fez de nossos paes os entes
« mais felizes, porque o seu culto foi puro
« como o Sol; mas nos seculos posteriores
«os fautores do fanatismo, da superstição
«e da tyrannia, impondo aos homens um
« culto que ninguem entendia, abafárão a
« Verdade e proclamárão o erro.» A cega
crença que chegárão a estabelecer, e a sua
hypocrisia ensanguentárão a terra inteira;
e a Hydra de Lerna, posto que vencida
repartio o veneno pelos homens, que pusil
lanimes recusárão seguir o exemplo de Her
cules. Tal é, M.'. I.”., o perigo social, que
subsistio, e subsistirá ainda até que os ver
dadeiros El.". séjão assás fortes para fazer
triumfar a Verdade.
Mas, se o motivo e os fins deste Gr.". são
tão sublimes, por que razão, direis vós não
he elle conferido em algumas nações cultas
9*
— 102 —

da Europa? É, costuma-se dizer, porque o


Ritual do Ivº Gr... tem motivado interpreta
ções funestas em razão do espirito de vin
gança, que suas formas parecem inculcar...
Mas, que miseravel susceptibilidade!
O Mest.". he morto e assassinado (diz o
Rit... do IIIº Gr... Symb...); o El... he a
vingança legal dos Mest..., a punição so
lemne dos assassinos..... Ah ! porque razão
se não conservará esta commemoração? Não
he ella o emblema da justiça, ou divina ou
humana, que persegue o crime, a pezar das
interpretações calumniosas de Barruel e de
Gassicourt (1)? O homem que rouba a vossa
bolsa, que vem, durante a noite ou em vossa
ausencia, subtrahir o fruto de vossos tra
balhos, os meios de sustentar a vossa fami
lia, não será elle denunciado por vós mes
mo á justiça, para que esta conheça e puna
o criminoso? O homem que, de caso pen
sado, vos assassinar, não merecerá elle a
vingança das leis ? Em que se tornaria a se
gurança publica e privada, sem a punição
do crime.

(1) Barruel, e todos os seus sequazes, pertende


que a cabeça de bonecro, que se degolla n'este Gr.".
*### a cabeça dos reis. Mas quantos e quantos
fórão e} Franc-M aç. ......!
— 103 - • •

Com efeito uma vingança legal não deve


ser nem censurada nem rejeitada: ella é
natural e inevitavel; porque a lei condemna
o que, por bondade ou por medo, vós não
ousastes perseguir: ella é um dos principios
fundamentaes das leis da sociedade: é uma
acção moral que assinala o crime e o casti
go: é um theorema que se acha em todos os
criminalistas, moralistas, e até mesmo entre
os theologos e romancistas. A virtude foi
ultrajada; a virtude deve ser vingada.
Sejamos pois, M.'. I.”., os verdadeiros
soldados da Verdade, que, eleitos entre os
homens, possámos combater o erro, a igno
rancia e a tyrannia : penetremos sem susto
nas cavernas obscuras, aonde os tres inimi
gos medítão em escravisar os mortaes,
aonde elles fórjão cadêas para a razão, e
aonde cávão calabouços para a Verdade.....
Sim, M.'. I. “.. nós somos os eleitos para
levar a luz até aos seus asilos sombrios;
agrilhoar a ambição e a tyrannia, e preci
pitar o erro e a superstição no mesmo abys
mo, que elles destimávão á Verdade........
Unidos, como a phalange antiga, devemos
marchar com zelo e curagem para tamanha
empreza; porque vencidos ou vencedores
estamos certos de merecer as bençãos de céo
e dos homens.....
— 104 —
He só á sombra das bandeiras da im
mortal Verdade que nós poderemos conquis
tar a paz e a felicidade dos homens, em
fazendo a applicação das palavras do Apos
tolo :
«Deixemos as trevas, e armemo-nos da
«luz. Marchemos, como seus filhos, porque
«a luz nos fará viver utilmente em bondade,
«justiça, e verdade... »

DISCURSO PARA O Vº GR.".

M.". I.”., as ceremonias e os symbolos


d’este Gr... são como acabais de vêr, um
typo explicito do ritual dos Hebreos. Mas
de todos os symbolos o mais caracteristico é,
sem duvida, a pedra cubica que não só sus
tenta o Delta, mas encerra tambem quasi
todos os conhecimentos cientificos do Oriente.
Esta especie de monumento hieroglyfico
achava-se collocado na abobada secreta dos
Myst.". de Memphis, aonde os Padres ins
truião os seus adeptos. Foi lá que Moisés,
Salomão e Pythagoras fôrão buscar a Inicia
ção : e de lá que dimanárão as ceremonias
– 105 –
do culto judaico, e a famosa escola italiana.
M.". I.”. as sciencias e a moral, de que se
occupárão os Padres do Egypto, áchão-se
representadas no levitismo de Moisés e de
Salomão; e umas e outras fórmão ainda
hoje a parte essencial do Gr.'. que, ha
pouco, recebestes. O candelabro de sete
luzes, o numero das estrelas, e o taberna
culo com os seus ornamentos, vos offecerem
uma prova incontestavel. A purificação per
meio do fogo e da agoa, a moral da mistura
preparada, e o uso do pão, e vinho são
symbolos, que tendo servido a todas as
religiões, pertencem com tudo a mais alta
antiguidade (1), Pythagoras, não satisfeito
com os conhecimentos dos Myst.'. de Eleu
sis, a que tinha sido iniciado, foi buscar
aos Myst.". de Isis outros mais solidos, para
os ensinar em Crotona; e todos sabem qual

(1) Os symbolos, que designamos, fizérão dizer


a um dos inimigos da ord.". (o abbade Barruel):
« Que o objecto secreto d’este gráo era o de resta
» belecer a igualdade religiosa; o de mostrar todos
os homens igualmente padres e pontifices, para
lhes inculcar a religião natural, e finalmente o de
lhes persuadir, que a religião de Moisés e a de
Christo, pela distincção dos padres e dos leigos,
tinha violado os direitos naturaes da liberdade e
da igualdade religiosa, º
— 106 –

foi a influencia que a escola de Pythagoras


exerceu sobre a civilisação dos Ramanos :
mas como este Gr... parece destinado em
parte a fazer a commemoração da grande
importancia que os antigos Iniciados attri
buião á sciencia dos numeros, eu devo in
dicar-vos ao menos aquelles que formávão
a base de sua doutrina mysteriosa.
M.". I.”.., a taboa de Pythagoras, que
anda nas mãos de todos, e que serve para
a multiplicação, he huma pura imitação da
pedra cubica d’este Gr..., e da dos Myst.".
de Memphis. Entre os antigos Iniciados o
numero 1 symbolisava o Creador: o numero
5 era o emblema das tres idades do mundo :
o numero 5 era mysterioso, porque se com
punha de 2, emblema de desordem entre o
bom e o máo principio, e de 3 que repre
sentava o passado, presente e futuro: o nu
mero 7 era o mais bem accolhido, porque
representava os 7 planetas então conheci
dos : e finalmente o numero 9, e o seu qua
drado 81, causava horror aos antigos, porque
era o emblema do máo presagio e da fragiti
dade humana. Taes são, M.'. I. “., em resumo
os conhecimentos e a moral que os Padres
de Memphis ensinávão aos Adeptos d’este
Gr... : taes são os elementos que se apren
dião na celebre escola de Pythagoras: taes

—- 107 —
fôrão as doutrinas que Augusto, impera
dor romano, mandou colocar debaixo da
base cubica da estatua de Apollo palatino:
e finalmente taes fórão os principios,
que de Roma emigrárão com os Padres
de Herta para a Scandinavia, de lá para a
Inglaterra, e desta para todo o globo.
Mas, M.'. I.”., o objecto special d’este
Gr... parece ser a descoberta d'um principio
hoje reconhecido geralmente por todos, mas
que o não era no tempo das guerras reli
giosas : isto é a descoberta da crença e da
existencia do Altissimo, dogma figurado
neste Gr... pelo Delta, que he o emblema
do poder creador e conservador. * * **

A pedra cubica, aonde se achão traçadas


as leis immudaveis que regem o universo, e
o Delta, emblema precioso, são os objectos
que os Sub.". MM.". Escoc.". devem sempre
guardar em sua abobada sagrada; porque,
se a guerra permanente da ambição, do erro
e da ignorancia, quizer contaminar ou de
molir o altar da Verdade, para de novo es
palhar as trevas, os Sub.". Esc... podérão
esclarecer o universo inteiro. Sim, M.'. I.e.,
é entre os magnificos depositos d’esta abo
bada sagrada que os amigos da humanidade
os novos Iniciados, acharão armas para vin
gar a Hiram. É lá que devemos accender o
– 108 —

acho que deverá conduzir-nos através das


tenebrosas cavernas, a onde se escondem os
tres Comp. .. cumplices. Os Sub.". Escoc.'.,
conservadores de tão rico talisman, não de
vem sofrer que a preoccupação e prejuizos
vênhão de novo cobri-lo e corroe-lo. Sim,
M.". I.”. conservemos, brilhante e sem
mancha, este triangulo luminoso, que tantas
vezes tem sido banhado do sangue humano
pela cruel superstição!
Ah ! estão por ventura longe de nós esses
tempos, em que os mortaes se dilacerávão
por haverem imaginado e defendido um
Deus de vingança e de crueldade ?
Conservemos pois, M.". I. "., o nosso
Deus, um Deus de razão, de amor e de ver
dade, e guiados pelas luzes d'esta L. “., lan
cemo-nos, sem susto, entre o mundo pro
fano, para aperfeiçoarmos o que está im
perfeito ainda.
Sim, M.'. I.”., observando com respeito
as leis da Maç.'., marchareis seguro e com
dignidade pelo caminho da Iniciação; e
vossa conducta, marcada com o sello da sãa
moral e da doçura fraternal, fará o elogio da
nossa Ord.". Lembrai-vos que, se o homem
está collocado no gráo mais elevado dos
sêres organisados, não é porque o seu des
tino seja o de engolfar-se sempre no lodo dos
— 109 —

vicios dos prejuizos. Ah! quanto é gloriosa


a tarefa de fazer conhecer aos homens a sua
propria dignidade, e de os convencer que o
incenso agradavel á divindade é só aquelle
que lhe offerece o homem virtuoso erazoavel!
« A idêa de que a felicidade humana (diz
» um Sabio) depende do conhecimento mais
» perfeito da verdade e da razão, he a mais
» consaladora que se nos pode offerecer; por
» que o progresso das luzes e da razão é no
» homem a unica cousa que não tem limi
» tes, e o conhecimento da verdade é o
» unico que só pode ser eterno.»
Esta idêa, M.'. I.”., parece ter produzido
a iniciação Maç.….; porque ella não pres
creve nem seita nem paiz especial; e nos in
culca sómente a vontade de fazer o bem pro
gressivo. Se pois tal he o nosso fim, M.'.
I..., chamemos todos os homens, para que
reunidos, possámos erigir novos altares á
Verdade, cuja ausencia tem sido tão fatal ao
genero humano; e quando o fanatismo for
inteiramente banido da terra, então, e só
então poderemos mostrar ostensivelmente
toda a gratidão, que devemos aos chefes da
Ord.'., por nos haverem transmittido idêas
tão sublimes,

1W, 10
— 440 -

DISCURSO PARA O VIº GR.".

M.". I.”., este Gr... parece ter sido insti


tuido não só para representar o valor e a
resignação, que os iniciados devem ter no
combate das luzes contra as trevas; mas
além disso para nos recordar as desgraças
do povo Hebreo, e particularmente as dos
Essénios. . .
M.'. I.", os symbolos e as ceremonias
deste Gr... vos devem ter mostrado que
Zorobahel não he senão, um outro Hiram
e que o Gr.: de Cav. do Orº, per si só
não he mais do que o desenvolvimento dos
tres symbolicos. -

Com efeito os antigos representávão o


Sol como um guerreiro celeste, que na via
gem do Occidente ao Oriente, combatia os
doze monstros do Zodiaco. Assim tambem
vós vistes que Zorobabel combate no de
curso de sua viagem; que a sua apparição
consola os Maç.…. afflictos, como a victoria
do Sol sobre as trevas costumava consolar
os antigos, e finalmente que Zorobabel vai
elevar o Templo, que Nabuchodonosor ti
— 111 – "
nha destruido, como o Sol, triumphando
das trevas na primavera, costuma dotar
a terra de uma nova vegetação. Mas,
M.'. I.”., o Gr... de Cav... do Or.".
oferece-nos um sentido não menos preferi
vel. Vós vistes, ha pouco, o Rei dos reis,
Cyrus, o vencedor d'Israel, rodeado de seus
ministros, e assentado sobre o trono : mas
rico, poderoso e coroado. Cyrus não se con
sidéra feliz; porque elle sabe que a verda
deira felicidade raras, vezes se encontra na
soberania ou na posse de grandes thesouros.
As lagrimas dos Israelitas, cujo captiveiro
durou setenta annos, fôrão vingadas; e o ti
rano Nabuchodonosor, atormentado pelos
remorsos, vio-se obrigado a dar a liberdade
aos captivos !
Foi então que o mais illustre dos Judeos,
Zorobabel, o primus inter pares, se apresen
tou perante Cyrus a pedir a liberdade de seus
II..., e a permissão de reconstruir o Templo
de Salomão. Cyrus convida Zorobabel a
ficar em seu palacio para gozar ali em com
mum de suas honras e riquezas; mas Zoro
babel, Maç.…. livre, posto que então captivo,
desdenhando as caricias, os ameaços e as
torturas, preferio a igualdade fraternal ás
riquezas de cortezão, e a Judêa pobre á As
syria rica, e por tão generosa conducta Zo
– 112 —

robabel não só ganhou a estima de Cyrus,


mas obteve a liberdade da sua patria e de
seus companheiros.
Muitos outros obstaculos se offerecêrão
aos filhos de Israel; mas a pezar disso o
Templo de Salomão foi edificado, e suas
tribus fôrão livres e longo tempo respei
tadas.
Tal é, M.'. I.”. a historia summaria de
povo Hebreo: mas qual é a moral que tirou
d’ella a Iniciação?
« O Templo de Salomão (diz Vassal) so
» bre a construção do qual se formou de
» pois a Maç.'., é uma ficção ingenhosa ,
» que indica os incriveis esforços de todos
» os Philosophos, para elevar o Templo da
» Verdade; e a sua distruição figura a vio
» lencia e o abuso do poder de que se tem
» servido sempre o sacerdocio, para calcar
» aos pés a mesma Verdade.» Ah! M.'.
» I.'., se a verdade tivesse tido altares por
toda a parte, o poder sacerdotal teria desap
parecido, e as dissensões religiosas, que fi
zérão correr rios de sangue, nunca terião
existido.....
Sim, M.'. I.”., a paciencia e a resignação,
com que as Tribus de Israel defendêrão a
sua patria, vos prova não só os longos com
bates a que os Iniciados tivérão e terão ainda
— 113 —
a resistir para conservar e propagar os
Myst... Maç.…., mas tambem vos ensinão
que, seja qual for a situação penivel de um
povo, nunca se deverá desesperar de a tor
nar melhor e mais feliz :

«Et j'ai toujours commu qu'en chaque événement,


• Le destin des États dépendait d'un moment...»
VoLTAIRE.

Com effeito, M.". I.”., a morte de Nabu


chodonosor bastou para mudar o destino
infausto de um povo inteiro : e posto que o
captiveiro dos Israelitas houvesse sido longo
e pesado, a sua imperturbavel resignação
acabou por faze-los triumphantes; e a liber
dade, outorgada a um povo que tem gemido
debaixo dos ferros da escravidão, faz esque
cer todos os males passados, e o torna habil
para emprezas maiores,
Ainda mais, M.'. I. "., examinado com
uma attenção escrupulosa o ritual e a moral
d’este Gr..., parece que os seus Instituidores
previrão todas as tribulações, que a Inicia
ção devia exprimentar tanto por effeito da
barbaria, como pelos ataques não merecidos,
que alguns governos desconfiados teem di
rigido constantemente contra a nossa insti
tuição: e os attaques frequentes, que os Sa
maritanos fizérão contra os Israelitas,
40°
- 114 –
móstrão principalmente qual tem sido a guer
ra eterna que os Padres de todos os tempos
tem declarado contra a nossa Ord."., já per
meio de calumnias, já per meio de perfidas
insinuações, já finalmente per meio de ana
themas delirantes, que alguns papas lançá
rão sobre Iniciados que não tinhão outro
crime, senão o de haverem desmascarado o
fanatismo e a superstição..... Se pois, M.".
II.'., este Gr.". representa ainda o combate
das luzes contra as trevas, a sua conservação
he indispensavel; porque, se os tempos mu
darem, e a Iniciação for de novo compro
mettida ou perseguida, os nossos successo
res poderão achar n’elle a coragem e a
resignação para se assemelharem a seus an
tepassados. •

Conseguintemente, M.'. I.”., não é do


Oriente, nem da espada, que vós deveis ti
rar o nome de Cav..., mas sim da igualdade
e da liberdade, que Zorobabel soube tão ge
nerosamente conquistar.
Dar a liberdade aos captivos, tal foi sua
devisa; tal deve ser a vossa.
— 115 —

DISCURSO PARA O VIIº GR...

M.'. I.e., para bem apreciar a utilidade e


a importancia deste Gr... he preciso que
nos lembremos da marcha lenta, mas pro
gressiva, de todos os Myst.º., cujos restos
constituírão e constituem ainda hoje a
Franç-Maç. . Assim vós deveis saber já :
1º que os Myst... dos Magos, além de serem
scientificos, fôrão tambem theogonicos, 2º
que os Myst... do Egypto fôrão não só scien
tificos e theogonicos, mas além d’isto tivé
rão por objecto a politica e a civilisação;
3º que os Myst.". Gregos, ainda que não
tão complicados como os precedentes, pre
parárão todavia os acontecimentos da epoca
a mais brilhante da Grecia; 4° finalmente
que os Myst.". Judaicos fôrão os que dérão
nome ao povo Hebreo : os Myst.". Essénios
fizérão-se notaveis pela severidade nos cos
tumes, e por uma philantrophia sem li
mites.
Agora porém, M.'. I.”., temos a fazer a
commemoração dos Myst... do Christia
nismo primitivo, que fôrão em todo o
— 416 —
tempo os mais simples e os mais sublimes
de todos os Myst...
«Um philosopho moderno (diz Vassal)
º sustentou, que os Myst... do Christianismo
º érão a perfeição das perfeições.» E com
effeito, M.'. I..., não conhecemos instituição
alguma humana, que tivesse tido por base
melhores principios, e mais proprios para
felicitar o genero humano. A unidade de
Deos; a immortalidade d'alma; a igualdade
entre todos os homens, e finalmente a liber
dade civil e religiosa fórmão a base da dou
trina do Christianismo primitivo.
« Reis, (dizia o seu autor) pontifices, sa
» bios, artistas, pobres e ricos, vinde todos
» entrar n’esta Iniciação, com tanto que vós
» vos arrangeis debaixo do nivel da igual
» dade, e que não tenhais outro nome senão
» o de Irmãos; por que vós todos sois os fi
» lhos do pai da natureza. »
Vistas tão sabias, e uma philantropia tão
generosa próvão assás, M.'. I.”., que o au
tor d’estes Myst.". tinha apreciado bem a
dignidade e as precisões do homem.
A admissão a esta Iniciação foi illimitada
e sem alguma distinção. A condições que
ella impunha a seus membros érão: o amor
do proximo sem restricção; a tolerencia
sem limites, e a confraternidade nniversal:
– 117 -

entretanto, a pezar d’uma tão grande per


feição, a propagação dos Myst.'. do Chris
tianismo foi indubitavelmente a mais diffi
cil, e mais perigosa que a dos outros Myst.".
da antiguidade; pois que a maior parte de
seus sectarios primitivos tingio com seu
proprio sangue esta Iniciação innocente e
sublime. Os calabouços, as torturas, a of
ferta de honras e risquezas, a confiscação
dos bens, e quasi sempre uma morte cruel
nunca podérão abalar a constante crença de
seus Iniciados.
Cavernas profundas, e subterraneos quasi
inaccessiveis fôrão os seus templos primi
tivos; uma tunica branca era o unico orna
mento sacerdotal; uma simples pedra bruta
formava o altar dos sacrificios, e o canto
final de suas ceremonias religiosas era o
perdão das injurias para com os seus pro
prios algozes. Ah! se o fundador de taes
doutrinas não tivesse merecido já o culto, e
adoração de todos os homens, cada um
dos nossos Cav... lhe deveria eregir um
altar.
Sim, Cavall..., não olhemos o Gr... de
R.". Cruz como um inimigo da razão; por
que a sua brilhante luz não offende os
olhos do sabio, e muito menos os do Maç.".
O Christianismo do R.". Cruz não é absurdo
– 118 –
nem intolerante, e a religião primitiva do
Christo em toda sua pureza e virgindade é
a lei do amor do proximo; é alei de So
crates e de Platão; é a lei que proclama a
liberdade, e a igualdade entre os homens, é
finalmente a lei da Luz e da Verdade.
M.'. I.”. novamente iniciado, quando
vos presentastes entre nós o Cap.". estava
coberta de luto; e os Cav... tristes, pene
trados de dôr. Então nós gemiamos todos
sobre as ruinas do Templo : os ustensilios
da Maç.…. estavão quebrados ; a estrella
resplandecente tinha desapparecido: a pedra
cubica vertia sangue e agua; em uma pala
vra nós todos lamenvatamos as conquistas
da ambição, da ignorancia, e do fanatismo.
Nos fizémos comvosco longas e difficeis
viagens; e sustendados pela Fé, Esperança
e Caridade, nós penetrámos nos escondrijos
os mais profundos e reconditos.
A Luz e a Pal... perdida nos appareceu
de novo : uma nova lei foi proclamada; por
ella a escravidão não existe mais; por ella
todos os filhos do mesmo pai teem iguaes
direitos; e por ella o Universo consolado
recebe com transporte a dadiva preciosa do
Mest.". Hiram ! •

Não soframos pois, M.'. 1."., que a am:


bição, a ignorancia, e o fanatismo tornem a
– 119 -

dilacerar as paginas do livro santo, que


tanto nos recommenda a Fé, a Esperança e a
Caridade. É verdade que estas palavras não
figúrão nos Myst.'. do Christianismo primi
tivo; esta addição arbitraria foi obra dos
Padres. É por ellas que os Padres subjugárão
o homem; dirigirão o poder temporal, e fi
zérão correr rios de sangue, pelas guerras
que suscitárão: foi em fim per meio da Fé
que os Padres podérão estabelecer o fanatis
mo e a superstição; e estes dous monstros
auxiliares lhes procurárão immensas rique
zas. Christo praticou estas tres virtudes, mas
de uma maneira, bem differente. Elle prin
cipiou pela Caridade, prégando o amor do
proximo, que comprehendia todos os homens
do universo. Depois de ter estabelecido esta
columna moral, Christo, mostrou aos ho=
mens a perspectiva de uma outra vida mer
lhor, as doçuras de uma felicidade eterna;
e assim formou a Esperança.
Mas a incredulidade de seus discipulos,
e particularmente de S. Thomé, adverte
que a verdadeira Fé de Christo era esclare
cida pela sãa razão.
Eia pois, M.'. 1..., seja d'hoje em diante
a Caridade de Christo a vossa unica Compa
nheira. Deixai que os homens achem um
remedio a seus males por meio da Espe
— 120 —

rança; porque a razão não reprova o dogma


consolador da immortalidade. Mas vossa Fé
não deve ser aquella que crê sem exame: a
razão é um dom que nos foi dado para nos
servir de farol no caminho da vida, aonde
tantas paixões diversas espálhão as trevas
do erro e do crime : S. Paulo dizia : Ainda
quando eu tivesse uma Fé assás forte para
transportar as montanhas, se eu não tenho a
Caridade, aquella não me servirá de nada.
Por conseguinte, M.'. I.”., sejamos os
zeladores da nova lei, e conservemos com
discrição a palavra achada. Que a fé Mac.",
nos dirija no caminho da vida. Que a espe
rança lance flores agradaveis em todas as
nossas emprezas; e finalmente que a cari
dade reine sempre entre nós e os outros
homens. Tal é, M.". I.e., a nossa lei: e
taes são os nossos fins.
— 121 –

COMPARAÇAO DA MAǺ.
COM O MUNDO PROFANO,
……

=><><>

Sendo a Maç.…., desde muito tempo, o


alvo dos sarcasmos, e dos insultos do mundo
profano, é justo que uma voz se levante,
para a defender e vingar dos seus detrac
tores. O mundo accusa-a, levado por uma
fatal disposição a dizer mal d'aquillo que
não conhece, e desconfiar de tudo que não
comprende; e talvez firmado nos escritos
d'alguns homens malevolos, e pretendidos
Maçons, que movidos por uma vil especula
ção, teem ultrajado, e calumniado a nossa
instituição, que elles nunca conhecêrão;
mas facil é o combater este errado juizo do
mundo, fazendo apparecer a Maçº., tal qual
é, adornada dos seus verdadeiros attributos
que, se fossem mais bem conhecidos, ter
lhe-hia sem duvida merecido homenagens
universaes. Eis a tarefa, que vou emprender,
e que julgo será tambem util aos nossos
IV• 11
– 122 —
II.…. novamente iniciados, que não pódem
possuir ainda um perfeito conhecimento do
estado que abraçárão, das obrigações que
ele impõe, e das vantagens que oferece.
Direi pois, que não ha instituição mais
propria para fazer a felicidade do genero
humano, do que a Maç.".; porque nenhu
ma outra existe, que encerre, como ella,
tantos meios de reunir os homens pelos do
ces laços da concordia, e da amizade.
Embora pense o mundo, que nós exage
ramos muito a Maç."., quando, afirmámos
que o seu unico fim é manter a força e a
dignidade do homem, quando dizemos que
ella é um abrigo seguro contra os vicios,
que manchão a sociedade; nós não avan
çamos mais do que uma verdade, que vai
apparecer em toda a sua evidencia, pela ra
pida comparação que vamos estabelecer
entre as instituições e doutrinas do mundo,
e as doutrinas e instituições da Maç. . .
Com efeito, que é o mundo, tomado no
sentido moral? Que é elle, relativamente a
felicidade e á desgraca do homem? De que
modo chega o homem a este theatro de tri
bulações, e de miserias? Que verdades lhe
ensinão? Quantas mentiras não lhe fazem
crer? Quantasverdades não são contestadas,
e combatidas, e quantas mentiras propos
– 125 –
tas, sustentadas, recompensadas, e mesmo
Sanctificadas?
O homem, apenas entra no mundo, é
recebido pelas mãos do erro, este accom
panha-o nos seus tenros annos, e segue-o
em todos os seus projectos, trazendo-o de
tal modo enredado em seus innumeraveis
laços, que só por uma especie de milagre o
homem, creado racional e intelligente, es
capa á destruição da sua intelligencia, e ao
naufragio da sua razão, que se lhe afirma
ser insuficiente, corruptora, e um fanal en
ganador!
Quem de vós, meus II.…., não fica ainda
como amedrontado , lembrando-vos dos
laços seductores da mocidade; lembrando
vos dos combates, e indecisões que tivestes
a supportar; lembrando-vos em fim d'essa
multidão de ridiculos phantasmas, apre
sentados á vossa imaginação como realida
des, d’onde vieis pendente o vosso destino?
Eis o que o mundo oferece ao homem! Eis
a origem funesta das inquietações da vida!
Sómente no fim de bastantes annos, e de -
pois de haver trilhado diferentes caminhos,
é que o homem, como um viajante fatigado
dos ventos e das tempestades, começa a
abrir os olhos, e a conhecer que a esphera,
em que o colocárão, não é aquella para
— 124 —
que elle estava destinado; e que aperce
bendo-se pela primeira vez da luz de sua
razão, resolve-se em fim a toma-la por guia
e a marchar com ella para o porto conso
lador da verdade. Então sabe, que a virtude
existe sobre a terra, que não é filha da im
postura, nem da mentira, e que só o amor
da humanidade póde dar-lhe a existencia.
Elle deseja possuir esta virtude, e, tendo
procurado inutilmente, qual seja no mundo
o logar da sua habitação, vem bater á porta
dos nossos Templos; entra n’elles, e depois
de conhecer a nossas doutrinas, e de se ter
instruido n’ellas, sente nascer a paz em seu
coração: então conhece que um immenso
espaço separa as nossas instituições das in
stituições do mundo. Que viu elle neste?
Viu as paixões desenfreadas edificando, e
derrubando tudo: o orgulho apoderando-se
das dignidades; a audacia exigindo respei
tos; a baixeza sollicitando honras: a inso
lencia opprimindo a modestia; a opulencia
insultando a pobreza; e a ignorancia per
seguindo a sabedoria : elle viu a virtude
desprezada, e talvez punida; viu ingrati
dões, perfidias e delações, e ouviu continua
mente este grito repetido: « Sê o primeiro,
» e o mais forte; procura o poder e as ri
– 125 –

» quezas; supplanta teus rivaes, e aniquila


» teus competidores.»
Dizei-me, meus II.'., se a Maç.…. apre
senta quadros iguaes, desgraças semelhan
tes? Sem duvida, não; e os seus mesmos
inimigos, que a calumnião, não ousárão
ainda imputar-lhe taes iniquidades. Na
Maç.…., não ha primeiro, nem ultimo; não
ha forte, nem fraco; não ha grandes, nem
pequenos: todos são II.º., todos são iguaes.
O odio, a ambição, e a inveja são banidas dos
seus Templos, onde não se praticão baixe
zas, não se obtém grandezas, nem se recêão
insolencias: n’elles os Maç. .. só trátão da
indagação da verdade, de se amarem, e soc
COrrerem -Se mutuamente. Se um exceSSO

de zelo suscita, acaso, algumas disputas,


bem depressa o amor do bem geral faz que
estas desapparêção, e uma confissão sin
cera, e a reconciliação, que d’ella resulta,
restabelecem a concordia e a paz.
O mundo alimenta-se de facções e de par
tidos: uns combatem por Mario, outros
peléjão por Sylla: aqui dão o trono a Cesar,
ali a Pompeu; e segundo os tempos e os in
teresses, apparecem bandeiras, e opiniões
diferentes.
Na Maç.…., não ha Mario, nem Sylla; não
ha Cesar, nem Pompeu. Nós não temas se
11"
-- 126 –

não uma lei, a de obedecer ás leis; um pen


samento, o de fazer o bem ; uma corôa, que
é para a virtude, que é a da humanidade.
Insensatos! Mario e Sylla já não exis
tem; seus partidos fôrão supplantados, as
sim como o serão vossos projectos! Pom
peu e Cesar cahirão, e com elles seus cor
tezãos e aduladores. O tempo não nos tem
transmittido a historia dos seus debates e
dos seus crimes, senão para nos dizer: «Eis
» aqui os funestos resultados da ambição,
» do abuso do poder, da baixeza e da li
» sonja! Eis o que fazem os homens, quando
» elles se esquecem de que são homens! »
No mundo as religiões, e os cultos são
diferentes; uns adórão Baal, outros Jeho
vah: n'um mesmo paiz, virão-se bezerros
d'ouro, e serpentes de bronze : aqui prohibe
Deus o culto das imagens, e estas são despe
daçadas; ali os padres o ordénão, e lhes eri
gem altares: estes não teem mais que um
Deus; aquelles contão mais de mil : n’uma
parte diz-se :
• Les prêtres ne sont pas ce qu'un vain peuple pense,
* Notre crédulité fait toute leur science. »

N'outra, os padres, rodeados de carrascos,


dizem: « Crê, ou morrerás; segue nossas
maacimas, ou serás devorado por fogueiras
ardentes !....»
— 127 —
Na Maç.'., a violencia e a mentira não
dictão as leis: n’ella não existem bezerros
d'ouro, nem serpentes de bronze; cada um
venera a Divindade á sua maneira; o unico
culto exigido é o da virtude: e quem ousará
dizer que um tal culto não é o do verda
deiro Deus, e o mais conforme aos dictames
da razão?
No mundo em fim hafieis e infieis; cren
ças antigas, e modernas; Bramas, Judeus,
Mahometanos, Gregos, Protestantes, anti
Protestantes e mil outras seitas, cujas pre
tenções horrorisão o pensamento, e que
sendo todas intolerantes, se teem mutua
mente degollado, durante seculos, em no
me e pelos interesses do Ceo ?
Na Maç.'., Méca e Genebra, Roma e Je
rusalem se áchão confundidas: n’ella não
ha distincções de Judeus, Mahometanos,
Papistas e Protestantes; não ha senão ho
mens, senão II... que perante Deus, Pai
commum de todos, teem jurado manter en
tre si uma eterna fraternidade.
Eis aqui, meus II."., quaes são os prin
cipios da Maç.'., eis o que ella ensina, e o
que pratica: tal é a diferença que existe
entre as suas maximas, e as maximas per
niciosas do mundo profano.
- Mas, dirá o mundo, sois vós admissiveis
– 128 –

a elogiar, como fazeis, as vossas institui


ções, quando os vossos mesmos livros nos
fazem conhecer, que elas estão chêas de
ceremonias ridiculas, quando nos revélão
as vossas palavras, toques, e sinaes extra
vagantes; as vossas aguas lustraes, tapece
rias funebres, e alampadas multiplicadas?
Quando em fim por elles sabemos, que en
tre vós existem gráos e dignidades, e que
contrasta notavelmente com a igualdade e
fraternidade, de que tanto blasonais?
Responderemos ao mundo, que os nossos
usos e ceremonias parecem futis e extra
vagantes aos olhos dos profanos, porque
não podem perceber a sua significação. Os
nossos usos, e ceremonias são todos sym
bolicos, e todos encérrão os mais importan
tes preceitos de moral. Os nossos gráos, que
o mundo mede pelos da sua sociedade,
teem entre nos mui diversa significação, e
não se oppõe de modo algum á igualdade,
e fraternidade que professamos. •

Mas estará o mundo, que intenta censu


rar-nos, isento de criticas, sem duvida, mais
justas? Não tem elle usos inexplicaveis, e
ridiculos, como os seus gestos, movimento
de braços, e suas aguas bentas? Não tem
elle tambem palavras cabalisticas, gráos,
jerarchias, e em fim uma infinidade de ce
– 129 –

remonias, tiradas dos Indios, dos Gregos,


dos Romanos e d'outros povos que, sem
duvida, valião mais que os nossos accusa
dores, pois que nunca perseguirão, nem
degollárão, para fazer adoptar os seus mys
terios?

Quanto á igualdade e fraternidade, que o


mundo profano nos accusa de ensinar, ne
gará elle, que os seus livros os mais sa
grados tambem as ensinão, e ordenão? Não
dizem estes: Entre vos não haverá primeiro
nem ultimo; o que quizer ser o primeiro será
o ultimo ?»
Mas vós sabeis, meus II.", como são in
terpretados estes preceitos, principalmente
por aquelles que estão encarregados de os
fazer conhecer, e observar.
Nós temos visto, e a historia nos tem
mostrado, como os doutores do mundo en
tendem a igualdade e a fraternidade: em
quanto elles consérvão as riquezas e o po
der, seus irmãos gemem na miseria, e na
escravidão: querem para si todos os privi
legios, todas as regalias; para os outros
deixão as lagrimas, os tormentos, as mas
morras, as fogueiras, e a morte! Tal é a
fraternidade da horrivel, e execravel Inqui
sição!
Eis aqui, meus II..., as perfeições do
– 130 -

mundo: é tambem por isso que, submer


gido em falsas doutrinas, e envolto em eter
nas contradições, elle teve sempre necessi
dade de lançar mão de mólas occultas, e
meios ardilosos; de cometter injustiças, e
crueldades as mais horrorosas, para conse
guir os seus intentos: d'aqui nascem os
terrôres e inquietações que continuamente
importúnão os espiritos, e que tórnão o
mundo martyr da sua propria maldade:
elle ousa gabar os seus grandes mysterios,
e suas altas concepções.....! Ah! enganar,
desumir, e mentir, eis em tres palavras todo
o genio, todo o segredo do mundo.
O nosso, meus II.º., é precisamente o
contrario; este grande segredo, tão afama
do, tão desejado, e tão pouco conhecido dos
profanos, é o amor dos nossos semelhantes,
a justiça, a sinceridade, e o estudo das
sciencias: não das sciencias dos sabios, que
o mundo emprega para as suas machina
ções, para ensinar as suas mentiras, e lou
var as suas perfidias; d'esses sabios, instru
mentos docis, organisados para todos os
tempos, que sabem condescender com to
das as tyrannias; desses em fim que sabem
perfeitamente transformar os crimes em
virtudes, e as virtudes em crimes, segundo
as circunstancias, os seus interesses pessoaes,
- 434 --

mas da verdadeira sciencia da honra, da


probidade, e da humanidade: eis aqui todo
o nosso segredo. Vós podeis revela-lo, e es
palha-lo: possa elle ser conhecido em todo
o Universo! E com uma tal sciencia , é
que vós sereis sempre felizes e livres, tanto
quanto é permittido ao homem sobre a
terra. Poderão envenenar-vos como a Socra
tes, dilacerar-vos os membros, como a Epic
teto, ou encerrar-vos em carceres, como a
Galileu; mas a pezar disso sereis sempre
mais felizes, que os vossos perseguidores,
pois tereis vossa consciencia em paz, o que
aos máos nunca acontece."
Avida, meus II. “.. não consiste na ani
mação da carne, mas na virtude. Por ven
tura Socrates anda ainda pelas ruas d'A
thenas? Certamente não; mas não deixa
por isso de ensinar-nos, e de dar-nos ainda
lições. Esses trezentos Esparciatas, que
combatêrão para salvar a sua patria, mor
rérão eles para sempre? Não, não: nós os
vemos ainda co'as espadas nas mãos, fa
zendo tremer uma horda de escravos. Co
dro, Leonidas, Aristides, e Marco Aurelio
viverão tanto tempo, como o Deus que os
creou. Eis aqui, meus II..., a vida que ob
tereis perseverando na virtude; a maldade
dos homens jamais poderá destrui-la.
– 132 —
Aqui se termina a minha tarefa: creio ter
respondido ás objecções do mundo, fazendo
ver o que nós somos, e mostrando o que
elle é. O quadro, que vos expuz, deve vin
gar a Maç.…. dos ataques da impostura, e
das calumnias da ignorancia que, como sa
beis, são nossas eternas inimigas: ellas só
procúrão aniquilar-nos, e para isso óbrão
constantemente; porém, em despeito dos
seus esforços, nunca alcançarão o triumfo
que espérão. A virtude é tão bem uma po
tencia; e Deus, que a poz em nossos cora
ções; que nos deu a razão e a verdade por
guias; Deus, digo, saberá salvar-nos, sa
berá acabar a sua obra.
– 133 –

INTERPRETAÇÃO
DA L.", D O B A N QUE TE.

Todos os Maç.…. se desvelão em assistir


aos banquetes das duas festas da Ordem,
mas poucos sabem a sua significação; e a
maior parte contenta-se de ver n’elles uma
occasião periodica de passar alguns momen
tos agradaveis na companhia de seus II.".
Este motivo é, sem duvida, louvavel,
pois que tende a reunir os II..., e a estrei
tar cada vez mais os laços da amizade, que
os une: porém parece-me conveniente mos
trar aquelles II."., que os nossos banquetes
não se limítão unicamente a este objecto,
e que são o quadro completo da grande al
legoria, cujo desenvolvimento se observa
nos nossos diversos gráos. Vou pois tratar,
meus II.”., de explicar-vos os emblemas
do que se chama L.'. de Banquete,
Se concebermos duas cirumferencias con
centricas, distantes uma da outra de oito
gráos e meio ou da metade da largura do
1Vs 12
— 134 -
zodiaco, a circumferencia exterior repre
sentará a ecliptica, ou a carreira annual do
sol, suppondo, como no systema astrono
mico dos antigos, que a terra é immovel no
centro, o que, como se sabe, não traz mu
dança alguma á explicação dos phenome
I]OS.

Se cortamos estes circulos annulares, por


dous diametros perpendiculares um ao ou
tro, um, que chamaremos horisontal, re
presentará o equador celeste, e suas extre
midades marcarão os pontos equinocciaes;
o outro, que chamaremos vertical, indicará
os pontos solsticiaes, isto é, os pontos em
que a ecliptica toca nos tropicos.
Se concebermos agora este circulo divi
dido em duas partes iguaes no plano do
diametro horisontal, teremos precisamente
a idêa da mesa dos Maç.….: a parte do he
mispherio inferior figurando a mesa de S.
João do inverno, e a do hemispherio supe
rior, a mesa de S. João do verão. Em um
e outro caso, o Ven. "., que segundo o nosso
catechismo, representa o sol, occupa,
a extremidade do raio vertical, ou o ponto
solsticial (no inverno, o ponto mais baixo,
no verão, o ponto mais elevado).
Os Vig... são colocados sobre o diametro
horisontal, isto é, no equador. Elles már
— 185 —

cão assim, masduas estações, os pontos equi


nocciaes; estes com efeito são situados no
Ceo sobre os limites dos dous hemispherios,
como vigilantes, que examinão a estação
que acaba, e a que começa. Esta observação
he tão plausivel, que só do equador é que
se pode ver os dous pólos ao mesmo tempo
descubrir successivamente todas as cons
telações, e observar o todo das suas revo
luções.
Se se tirar uma tangente á circumferen-_
cia inferior, perpendicularmente ao raio
vertical, as suas extremidades determina
rão, sobre a semi-circumferencia exterior,
o logar do Orador, e o do Secretario, col
locados ambos a trinta gráos do Ven.'., e a
sessenta dos Vig..., isto é, aos dous terços
do espaço trimestrial, que indica cada
quarto de circulo.
Assim, por exemplo, no banquete do
Solsticio do inverno, o Ven.'. occupa o pri
meiro gráo do Aquario, o Secret.". o pri
meiro gráo do Sagittario, o primeiro Vig.….
o primeiro gráo do signo de Aries, e o se
gundo Vig... o primeiro gráo do de Libra.
Então a parte esquerda do Templo, que
nós chamamos o Meiodia, indica o inverno,
ou a estação do renascimento; e a parte
– 136 —

direita, ou a Col.'. do norte, designa o ou


tono, ou a estação da morte.
Pelo contrario no banquete do solsticio
do verão tudo é colocado em sentido in
verso. O Ven.". está no tropico ao primeiro
gráo de Cancer; o Or... ao primeiro gráo de
Leo; o primeiro Vig... ao primeiro grào de
Libra; e este lado figura o verão. Sobre a
outra Col. “., o Secret.". está ao primeiro
gráo de Gemini, ou o ultimo de Tauro; e
segundo Vig.…. no de Aries: este lado re
presenta então a primavera.
Notai, meus II. "., que se nos dous bam
quetes o Ven.'., e os Vig...". márcão pelas
suas posições o principio das estações, o
Or.…. e o Secret.". indicão as estrellas reaes,
as estrellas principaes e caracteristicas d'es
sas mesmas estações; estrellas, que fôrão
dadas aos Evangelistas por emblemas, a sa
ber: o Tauro, o Léo, a Aguia da lyra (1),
e o Aquario.
Se a disposição da mesa é a imagem do
céo, e das epocas solares, as iguarias que a
cobrem, os utensilios, de que n’ella nos ser
vimos, e que, ha pouco tempo sem duvida,
se desígnão por nomes de guerra, todos es
tes objectos, digo, que pertencem a um dos
(1) Substituida a Antarés, ou o coração do Es
corpiao.
– 137 -

tres reinos da natureza, a saber; os uten


silios ao reino mineral, o os alimentos ao
reino vegetal, ou animal, tudo isto não re
presenta a natureza ?
Os trabalhos de obrigação compõe-se de
sete saudes; numero mysterioso, que todos
os antigos venerárão; numero igual ao das
espheras, ás quaes sem duvida, érão ofe
recidas no principio as sete libações, que
fôrão substituidas pelas saudes.
Estas ultimas estão precisamente na
mesma ordem que os dias da semana; to
davia, para as pôr na ordem dos planetas,
é preciso conta-las por tres, começando pela
primeira.
Antigamente, a primeira libação era ofe
recida ao sol, rei do Universo, a quem de
vemos a fecundidade da natureza (1). Hoje
ella é consagrada ao Soberano.

(1) O costume de dirigir os primeiros votos ao


sol, e á Lua era praticado por todos os antigos; e
d'isto temos uma prova no Seculare. Carmen de
Horacio, que não é outra cousa mais do que um
hymno a estas duas divindades.
O côro dos jovens Romanos começa assim o seu
Canto :
Alme sol, curru mitido diem qui
Promis, et celas, aliusque et idem
Nasceris; possis nihil urbe Roma
Visere majus.
42°
— 188 —

A segunda era oferecida á Lua, astro,


que escalarecia os mysterios os mais secre
tos (1). Os Maç.…. teem-na consagrado ao
Supremo Poder da Ordem, que para elles,
depois do Soberano, é o supremo regulador.
A terceira era dedicada a Marta, divin
dade, que presidia aos conselhos, e aos com
bates. Os Maç. . fizérão d’ella a saude do
Ven.",
A quarta era dirigida a Mercurio, cha
mado tambem Anubis, Deus, que vigia,
que annuncia a abertura e a cessação dos
trabalhos, e cujo poder se estende ao Ceo,
á Terra e aos Infernos (2). Hoje ella está
transformada na saude dos Vigº. que, co
mo Anubis, annuncião a abertura, e o en
cerramento dos trabalhos, e como Mercurio
vigião os Il.'. no Templo, e fóra d'elle.
A quinta era consagrada a Jupiter que,
debaixo do nome de Xenios, era adorado
como Deus da hospitalidade (5).

E não são estes os votos dos Maçº", pela prospe


ridade, e pela gloria da patria?
(4) . . . . . . Diana quae silentium regis,
Arcana cum fiunt sacra,

HoRAT., Epod. v.
(2) Horat., L. 1, Od. x.
(3) Jupiter, hospitibus nam te dare jura loquuntur.
VIRG., Eneid.
— 139 –
Hoje é a saude feita aos II.". visitadores,
e ás L.". adeptas, isto é, aos nossos hospe
des Maç.".
A sexta era destinada a Venus, Deusa da
geração. Em seu logar temos a saude dos
Off..., dos membros da L.'., principalmente
dos novos iniciados, que devem ter por pri
meira occupação o estudo da natureza.
Finalmente, a septima libação era con -
sagrada a Saturno, Deus dos periodos e dos
tempos, cuja orbita immensa parece abra
çar a totalidade do universo.
Esta foi escolhida para a saude de todos
os Maç.'., espalhados pelo mundo, em
qualquer situação que a sorte os tenha
posto : e para representar a grandeza da
orbita d’este planeta, faz-se esta saude, es
tando os II.…. não como até aqui em semi
circulo , mas formando todos um circulo
perfeito: d'este modo cada I... parece for
mar um annel d'essa immensa cadêa, que
abraça o Universo (1).
Assim como nas festas de Saturno os es

(1) Il (Saturne) suit som orbe immense:


Telle en est l'étendue, et tel l'éloignement, -
Dans sa marche pénible ilva si lentement,
Que du vaste contour que som orbite embrasse
En six lustres à peine il achève l’espace.
Ricazo, la sphère, poème, ch, v. ·
- 140 -

cravos participávão dos festins de seus se


nhores, e se assentávão á sua mesa (1),
assim tambem nos nossos banquetes os
II... serventes tômão parte nos nossos tra
balhos, e assistem a esta saude (2).
Os banquetes religiosos são tão antigos
como os mysterios; todos os povos da an
tiguidade os praticávão. Os Egypcios e os
Gregos tivérão os seus banquetes sagrados,
os Romanos os lectisternios, e os Judeus os
seus festins religiosos, prescriptos pelo
mesmo Moisés (5).
(1) Ob cujus (Saturni) exempli memoriam cau
tum est, ut saturnalibus, ex aequato omnium jure,
passim in conviviis servicum dominis recumbant.
JUST. Hist. L, XLIII, c. I.
(2) As saudes dos Maç."., bem como as suas
Bat.º., fazem-se por treze por nove. •

Este uso não é moderno; em Roma já era prati


cado, se dermos credito a Horacio, que por vezes,
tenho citado, por nos haver conservado preciosa
mente diversas praticas dos mysterios antigos. Este
poeta philosopho diz: •

• • • • • • • ..... Tribus, aut novem,


Miscentur cyathis pocula commodis.
Qui Musas amat impares,
Termos tercyathos attonitus petet
Vates: tres prohibet suprà
Rixarum me tuens tangere Gratia,
Nudis juncta sororibus.
HoRAT., L. III, Od. xvI.
(3) Deuter. c. XIV, v. 22-29; c. xxvI, v. 10-13,
Esdr. L. II, c, VIII, v. 12. Esther, c, Ix, v. 19,
— 441 -

Finalmente os primeiros christãos tivé


rão os seus ágapes, que fôrão supprimi
dos (1) por causa das desordens que n'elles
se introduzirão, mas de que os Maç.…. teem
até hoje conservado toda a pureza.
Taes são, meus II..., as reflexões, que
me sugeriu o uso dos banquetes Maç.'.,
banquetes essencialmente religiosos, mysti
cos nas suas fórmas, essencialmente philo
sophicos em seus principios.
Póssão ellas convencer nossos II.…. de
que os legisladores da Maç. . , fazendo
d'esses banquetes o objecto d'um preceito
Maç.º., não fôrão conduzidos a isso por um
fim inutil, e pelo simples attractivo do
prazer.

(à) S. Paul, Ep. 1º ad Corinth. c. xI, v. 21. —


Fleury, etc.
– 142 —

DA EXCELLENCIA

D O S M Y S T E RIO S M A Ç...

DISCURSO

RECITADO NA R.". L.", DA TRINDADE, PÉLO SEU


I»". OR, *, EM 1820,

*=-=

MM.'. CC.". II.".,


Tendo sido investido por vós das honro
sas funcções de conservador das leis d'esta
R.'.L.'., e das da Ordem sublime, a que
todos nos temos dedicado, eu devo, em
cumprimento das obrigações annexas ao
meu encargo, entreter-vos n’este dia, tão
celebre entre os Maç. . (1), da grandeza, e
excellencia da nossa instituição, chamada
a justo titulo Arte Real.
Mas tendo de elevar minha debil voz n’es -
te augusto Templo, onde teem resoado tan

(1) O dia da festividade de S. João do verão,


— 143 —
tas outras muito mais eloquentes; tendo de
falar diante de II, tão instruidos, e tão
versados na sciencia da Maç. . como pode
rei attrahir a sua attenção, e justificar a
sua escolha?
A incerteza, em que estou, meus II.".,
de satisfazer a vossa expectação, a justa
desconfiança da minha, capacidade me in
quiétão, e enchem de confusão : não es
tranheis, pois se eu reclamo a vossa indul
gencia, e peço que vos digneis accolher
meus pensamentos, despidos d'ormatos, em
attenção
verdade.
á sinceridade com que procuro a

Um grande numero de Oradores, todos,


sem duvida, mais eloquentes e mais sabios
que eu, tem já apresentado as suas investi
gações sobre a origem da Maç.….; mas esta
questão, que tem desvelado tantos, enge
nhos, é ainda controversa e problematica,
e talvez o séja para sempre: por isso não
emprehenderei entrar n’ella, para não em=
brenhar meno vasto campo de uma discus
são que em nada poderei afirmar; em que
depende de conjecturas, e tudo rola sobre
Systemas mais ou menos engenhosos. E de
que serviria apresentar diante de Maç.",
tão instruidos, novas hypotheses, que po
derião a seu turno ser destruidas por ou
tras, ?
— 144 — -

O Que me parece porém incontestavel é


a influencia dos mysterios antigos e mo
dernos sobre os costumes, e a civilisação
dos povos, que tivérão a felicidade de os
conhecer.
Sem entrar na comparação dos mysterios
antigos com os da Maç. "., póde dizer-se, que
entre este e os primeiros, o que ha de com
mum é o terem ambos espalhado por to
das as classes da sociedade as luzes da
verdadeira philosophia, e preparado os es
piritos para a concepção das grandes idêas,
que se vulgarisárão depois, sobre a digni
dade do homem, seus direitos e seus de
VCTGS,

Debalde os prejuizos, monstruosos filhos


da estupida ignorancia, intentárão supplan
tar a Maç.….; esta bella instituição, mar
chando sempre com um passo igual e fir
me, soube resistir a todos os ataques, e ás
mesmas perseguições; assim tem ella so
brevivido á destruição dos imperios, e nada
tem podido estorvar os seus progressos.
Sendo da sua essencia o durar em quanto
existirem sociedades humanas, a sua dura
ção será igual á do múndo: sim, a Maç.".
existirá sempre, porque tende a conservar
as luzes, a avivar e entreter os sentimentos
— 145 —
da benevolencia que, reunindo e conci }
liando os homens, os dispõe, e conduz ao
estudo das artes, da sã philosophia, e á
pratica de todas as virtudes sociaes.
Tudo, meus II..., se acha nos differentes
preceitos da Maç.". Nos seus Templos se
ensina o culto, que a gratidão do homem
deve ao grande Architecto do Um.., assim
como os deveres, que elle tem a desempe
nhar para com seus II. “.; e suas maximas
são deduzidas do codigo universal, desse
codigo, que convem a todos os homens, e
a todas as nações, porque é simples e ver
dadeiro, tendo por base o amor da ordem,
e de seus semelhantes. As leis sociaes não
são perfeitas, ou não se aproximão da per
feição, senão quando são fundadas nos
principios, professados por esta divina In
stituição, obra da sabedoria dos tempos,
e fructo da experiencia dos seculos ante
riores.
Quanto é majestoso, meus II."., quanto
é sublime esse monumento da antiguidade,
que em tão poucas palavras encerra a
sciencia divina, e a sciencia humana! Vós
o sabeis, toda esta sciencia se reduz a este
preceito. Amai-vos uns aos outros, não façais
aos outros o que não quererieis que elles vos
fizessem, mas fazei-lhes todo o bem, que dese
IV, 13
– 146 —
arieis para vós mesmos. Eis aqui tudo o que
lemos no grande livro da natureza; e eis
a nossa lei.
Eu disse, que na Maç.", se encerrava a
sciencia divina: e com efeito, qual é a re
ligião que ensina um dogma mais simples,
e que dê melhor idêa do Grande Creador
do Un..? Nós dizemos, que o G.'. A.".
existe per si mesmo, e que n'elle reside
todo o poder. Sem procurarmos, por vãs
subtilezas, que servem só de embaraçar as
idêas, penetrar no modo, porque este Gran
de Ente exerce o seu poder, não deixamos
por isso de o reconhecer, nem respeitamos
menos os segredos, que elle quiz occultar
nos; reconhecemos igualmente a nossa de
pendencia das suas vontades, experimenta
mos a sua infinita bondade, e sentimos os
seus beneficios; em fim nós procuramos
ser-lhe agradaveis pela pratica das virtudes,
e pela nossa boa conducta, e rendemos-lhe
um culto simples, a homenagem do nosso
reconhecimento, o unico digno d'elle, e que
elle exige do homem, por ser o unico, que
elle mesmo lhe inspirou.
Quanto á sciencia humana, não se en
cerra tambem esta no preceito que acabo
de vos referir, preceito, que o mesmo evan
gelho não fez mais do que consagra-lo de
— 147 —
novo? Tanto é verdade que elle é a base de
de toda a moral! Omnia igitur quacumque
volueritis ut facient vobis homines, talia et
vos facite illis. Haec enim est lex et pro
phetie (1). Este preceito, que encerra todos
os outros, é tambem o unico recommanda
do nas nossas LL.'.
Todos os homens são iguaes aos olhos do
G.". A.". ; direi mais, todas as creaturas
em geral lhe são igualmente caras, pois de
toda a eternidade elle tomou sempre o
mesmo cuidado pela sua conservação. De
que direito, com efeito, ousaria um ho
mem dizer a seu semelhante: eu sou mais
do que tu ? Não, todos somos iguaes: a uni
ca superioridade que pode haver é a do
genio sobre a estupidez, a da sciencia sobre
a ignorancia; porém esta superioridade de
algumas faculdades, que não dependem de
nós, não póde aos olhos do G.'. A.". ser
um titulo de poderio sobre os nossos seme
lhantes; e muito menos o que nos dá o
acaso do nascimento, ou o da riqueza. Se
ao G.'.A.'. do Un... aprouve conceder-nos
alguns d'esses favores, que nos facilitárão
uma educação melhor que a do commum
dos homens, somos por isso mesmo obri--

(1) Math. c. 7, Y. 12.


— 148 —
gados a ser benevolos para com elles, que
tivérão a mesma sorte; e n'isto deve con
sistir a verdadeira diferença entre o rico
e o pobre, entre o sabio e o ignorante,
entre o homem poderoso e o que vive na
dependencia; esta differença, digo, consiste
no poder de fazer bem. Eis aqui as unicas
bases solidas, em que devem apoiar-se as
leis humanas; tudo o que se afastar é fun
dado no erro, na mentira, ou na tyrannia.
Nós devemos reconhecer que, á medida
que avançamos em civilisação, as leis das
sociedades se refórmão sobre estes princi.
pios eternos; e poder-se-hia quasi entrever
a epoca, em que as leis humanas virião a
concentrar-se n’este unico preceito (que
faz a base de toda a moral, e o fundamento
da nossa Instituição) se as paixões dos ho
mens, e as grandes catastrophes que múdão
a face da terra, e destroem os imperios, não
oppuzessem tão grandes obstaculos. Então
ver-se-hia o completo triumpho da nossa
sublime Ordem: mas talvez esteja reservada
esta felicidade para os nossos netos; póssão
elles gozar em paz do fructo dos nossos tra
balhos, e ver o resultado da influencia da
Maç.…. sobre o melhoramento do estado so
cial !
O aperfeiçoamento do estado da socie
— 149 —
dade é attribuido com justa razão á cultura
das artes liberaes; mas a quem se deve esse
gosto do estudo, esse desejo de escrutar a
verdade, e conhecer as belezas da natureza,
senão ao espirito philosophico, que bróta
da Maç. ..? Sim, meus II. "., tal é o poder
d’esta Instituição, que só a ella pertencem
todos os melhoramentos que se tem feito
em favor da humanidade: as sciencias, as
artes, a legislação, e a agricultura nascênão
no seio dos mysterios; foi nas LL.". Maç.".
que se formárão esses philosophos, que
tanto esclarecêrão o universo; esses ora
dores, que nas discussões dos negocios pu
blicos ensinárão a fallar com a clareza, e
methodo, que tanto admiramos, e a que o
erro não póde resistir. Entre os Maç. .. em
fim é que se encóntrão esses bomens pro
fundos, de cujo trabalho silencioso resúltão
as energicas producções, que illumínão as
sciencias as mais elevadas e as mais ab
stractas, pondo-as, por uma clara analyse,
ao alcance dos espiritos, ainda os menos for
mados para penetrarem nas suas dificul
dades.
Assim, meus II...; eu não avancei mais
que a verdade quando disse que o aperfei
çoamento do estado social era devido á Maçº.
Tal é pois o poder que somos chamados
13"
- 150 —
a exercer, e a transmittir aos nossos suc
cessores, o poder da persuasão, e do exem
plo; mas como alcançámos este poder? Por
que meio o perpetuaremos nós?
A resposta é simples, meus II...; este
meio é unico, e facil: é por um religioso
respeito á essa arca santa, em que ninguem
deve tocar sem recear a sorte de Osa (1); é
por um zelo ardente em manter as nossas
leis em toda a sua primitiva simplicidade; é
finalmente pelo exemplo, que devemos dar
constantemente das virtudes, que estas leis
nos recommendão, exemplo, que recebe
mos dos nossos predecessores, e que con
stitue a unica e verdadeira força de toda a
doutrina, assim como de toda a instituição
fundada na justiça e equidade. —

(1) Quumque venissentin arcam paratam, misit


Osa manum ad arcam Dei, tenuitque eam, declina
bant enim boves. Et incanduit furor Domini in
Osam, percussitque eum ibi Deus, propter temeri
tatemistam, precipitem, et mortuus est ibi coram
arca Dei, (II Reg. VI, y 6 e 7.)
VOCABULARIO

DAS

PALAVRAs, ExPRESSÕES E EXPLICAÇÕES


MAÇONNICAS.

--…>

Abobada de aço. — Ceremonial usado


quando se tribútão honras aos Irmãos de
signados no artigo honras.
Abobada estrellada, ou abobada do Tem
plo.— Imagem do céo, da immensidade.
Abreviação. — Emprega-se a abreviação
nos escriptos maçonnicos da maneira se
guinte: M.'. C.". I..., em lugar de Mui
Caro Irmão, ou Meu Caro Irmão; a R.".
L.'., ou a R.". E, em lugar de a respeitavel
Loja, etc.
Acacia.—Arvore, cuja propriedade mys
teriosa é conhecida só dos Mestres. É a
murta dos antigos iniciados, e o ramo da
fabula,
— 152 —
Acclamação. — Consentimento unanime,
que dispensa algumas vezes do escrutinio.
Adjunto. — O que substitue um empre
gado da Loja.
Adonhiram. — Personagem a quem Salo
mão confiou, segundo a Escritura Santa, a
direcção dos obreiros empregados na con
strucção do Templo, os quaes fôrão divi
didos em pedreiros, isto é, obreiros que cor
tavão as pedras na montanha, e chefes dos
obreiros.
Os Maç.…. do rito francez julgárão dever
reconhecer, no historico do gráo de Mestre,
como inspector geral dos obreiros, não Ado
nhiram, mas um Hiram, filho de um Tyrio
e d'uma mulher viuva da tribu de Nephtali,
o qual segundo diz a Escritura Santa (L. III
dos Reis, Cap. vii, v. 14 e seguintes) tra
balhava em obras de bronze, e era dotado de
grande talento, sabedoria e conhecimentos.
A razão mais forte, e capaz de explicar
de uma maneira satisfactoria as causas
d’esta mudança é, que Salomão estimava
muito e amava Hiram por causa dos seus
bons costumes, da sua devoção, e porque
elle era dotado de grandes talentos, sabedo
ria e conhecimentos; d’aqui resultou o pen
sarem que era mais natural reconhecer co
mo chefe, na construcção de um templo moral
— 188 –
e allegorico, o que, alem de ter grandes
qualidades moraes, tinha ornado o templo
material com obras as mais primorosas de
toda a qualidade de metaes, do que uma
personagem de que a Escritura Santa não
fala de uma maneira tão lisonjeira.
Aaopção de um luton, ou de um Irmão.—
Uma Loja pode adoptar o filho de um Ir
mão, ou um antigo Maçº. N’aquelle caso,
ella manda educar o Iwton á sua custa, e
ensinar-lhe um oficio; e neste, fornece
alimentos e soccorros ao Irmão idoso e des
graçado.
Adro ou atrio. — Entre os Judeos era o

espaço que havia á roda do tabernaculo.


Em maçonnaria é a peça que precede im
mediatamente o templo maçonnico.
Agapes.— Especie de festim dos primei
ros Christãos.
Agua lustral.—Emblema da purificação;
a agua lustral é bastante para a purificação
de um Templo, mas não para a do Neophy
to, que depois de purificado pela agua, deve
ainda selo pelas cham mas.
Alfange. — Em Loja de mesa dá-se este
nome ás facas.
Alinhar.—Termo de banquete; é colocar
numa mesma linha os canhões e as barricas.
Altar, — Mesa de fórma religiosa collo
— 154 —
cada diante do Veneravel. Tambem ha um
pequeno altar em forma triangular diante
de cada um dos Vig...
Amovibilidade. — O systema da amovibili
dade, ou da inamovibilidade, isto é , da no
meação vitalicia, ou durante um espaço de
tempo limitado, de um Mestre de Loja, foi
uma das causas principaes do schysma, que
dividio
Veja-se aInamovibilidade.
Grande Loja de França, em 1772.

Anagramma. — Cada Loja toma o ana


gramma do seu nome para lhe servir de
indicação ou com o Grande Oriente, ou com
as outras Lojas.
Approvação. — Adhesão a uma proposi
ção, manifestada pelo levantar da mão.
Aprendiz.—O iniciado no primeiro gráo
da Maçonnaria symbolica.
Aqua tofana. — Preparação chymica in
ferior aos venenos da chymica moderna;
bebida destinada aos perjuros e aos traido
res nas antigas iniciações, e entre os illumi
nados. Deve-se advertir que a aqua tofana
não é citada aqui, senão como experiencia
symbolica para representar o desprezo com
que os Maç.'. devem punir os Irmãos per
juros.
Architecto verificador, — Empregado de
uma Loja.
— 155 –
Arêa.—Em linguagem de mesa, é o sal,
ou a pimenta. A arèa branca é o sal, e a
arêa amarella é a pimenta.
Armas. — Em linguagem de mesa são os
copos.
Archivista.—Empregado de uma Loja.
Archivos. — Lugar, onde se guárdão os
titulos e papeis pertencentes a uma Loja.
Arte-real. — Qualificação honrosa que se
dá á Maçonnaria. •

Aspirante, — Aquelle que passa pelas ex


periencias do primeiro gráo.
Assemblêa.— Reunião de Maç.".
Associação. — A Maçonnaria chama-se
uma associação de homens virtuosos.
Augmento de paga, de gráo, ou de sala
rio. — Promoção de um Irmão a um gráo
superior. •

Ausencia. — Quando um Irmão quer au


sentar-se, por algum tempo, de sua Loja
deve pedir licença.
Avenida. — Palavra generica que serve
para designar todas as partes que conduzem
ao templo.
Avental.—Emblema do trabalho. — Pri
meira insigna do Maç..., e sem a qual elle
não pode, nem deve jamais entrar em Loja.
– 156 —

B.

Bandeira. — Chá mão-se assim os guarda


napos na Loja de mesa. — Estandarte, em
que estão pintados todos os attributos da
Loja.
Bandeira (grande). —Toalha de mesa, que
tambem se chama Vela.
Bandeja.—Em linguagem de mesa, é um
prato em que vão os guisados para a mesa.
Bandeja (grande.) — Mesa, sobre que se
COII]G.

Banque'e.—Jantar maçonnico.
Barrica. — Nome da garrafa, seja ella
branca ou preta, em Loja de mesa.
- Bateria. — A bateria d.ffere segundo os
gráos.—A bateria de alegria da-se nas mãos
e é seguida de vivas ou de houze!. A bateria
de tristeza da-se no braço, e é seguida da
palavra Gem.....!
Beijo de paz. — Sinal de amizade ou de
reconciliação entre os Irmãos.
Betume. — Em Loja de mesa dá-se este
nome aos manjares, ou viandas.
Bilhetes de eleição. — Servem quando se
procede á nomeação dos oficiaes de uma
Loja. Quando um Irmão não tem pessoa al
guma a propôr dá um bilhete branco,
— 157 -

Bolas. —Servem no escrutinio a exprimir


o voto dos Irmãos. As brancas são sempre
favoraveis; e as pretas sempre contrarias.
Branco. — Côr da I ele de que é feito o
avental dos Apprendizes e dos Companhei
ros, e das luvas de todos os Maç.".
C.

Cadêa de flores. — Quando se celebra a


festa, que tem lugar no fim de cada periodo
* de cincoenta annos, ou o anniversario dos
annos de um fundador, ou a recepção de
um lwton, orna-se o Templo com grimaldas
de flores, a que se dá o nome maçonnico da
Cadêa de flores.
Cadêa de união.—Faz-se esta cadêa quan
do se communica a palavra de semestre, e
no fim dos banquetes, reunindo-se todos
os Irmãos em circulo, e pegando nas mãos
uns dos outros.
Cadernos do Grande Oriente. — Instruc
ções manuscriptas, que o Grande Oriente
dá ás Lojas, para dirigirem seus trabalhos,
e regularem as recepções.
Caixa dos pobres. — Caixa em que se re
colhem as offertas dos lrmãos em beneficio
dos Maç.'. desgraçados.
Calendario
IV,
maçonnico, — O Grande14Orien

- 158 —

te manda imprimir todos os annos um Ca


lendario maçonnico, que indica o nome ma
çonnico de cada mez, faz conhecer a situa
ção do Grande Oriente no que diz respeito
á sua composição, e ás suas attribuições, e
apresenta por ordem alphabetica a lista das
Lojas, Capitulos, Conselhos, e Consistorios
dos Orientes nacionaes e estrangeiros, que
se áchão em correspondencia.
Calis d'amargura.—Bebida que se dá ao
Candidato na recepção de certo G.".
Camara do meio.—Camara dos Mestres.
Camara das reflexões. — Lugar subterra
neo, pintado ou forrado de preto, aonde se
fecha o Candidato antes da sua recepção.
Candidato.—Aquelle que vai passar pe
las experienças.
Canhões.—Veja-se Armas.
Canticos.—Cantigas Maçonnicas.
Caracteres maçonnicos.—Letras do alpha
beto maçonnico conhecido de todos os Ir
mãos.

Carregar. — Em Loja de mesa significa


deitar vinho nos copos.
Cego.—No quarto dia do segundo mez de
5785, o Grande Oriente de França resolveu
negativamente a seguinte questão : Se um
profano cego de nascimento ou por acciden
te tem as qualidades exigidas para ser rece
— 159 —
bido Maç.. Os novos regulamentos da Or
dem de 5800 não fazem menção d'esta en
fermidade; e a Loja dos Amigos da Sabedo
ria julgou estar autorisada por este silencio
a dar a luz maçonnica no segundo dia do
undecimo mez de 5805, ao profano Daniel
Heilmann, director do Museo dos Cegos, o
qual tambem era cego desde a idade de sete
annos. Com tudo um grande numero de
Maç.…. mui instruidos pênsão que jamais se
devem receber Maçº. os profanos cegos ou
de nascimento ou por accidente.
Certificado.—Papel em que uma Loja at
testa que um indivíduo é Aprendiz, Com
panheiro Maç.…. etc. Veja-se Diploma de
Loja.
Chammas. Passar pelas chammas, isto é,
ser purificado pelo fogo. A agua lustral
completa a purificação do Neophyto.
Chover, ou Chove. — Diz-se quando se
áchão profanos entre os Irmãos.
Cinco pontos de perfeição ou cinco pontos
da maçonnaria. — Estes cinco pontos só os
Mestres os podem conhecer, e não devem
ser explicados senão de viva voz.
Clandestino, Templo clandestino, Loja
clandestina.—É o nome que os Maç... regu
lares dão ás assemblèas Maçonnicas, que
não estão autorisadas pelo Grande Oriente.
– 160 —

Clepsydro.—Relogio de arèa para medir o


tempo: em todas as associações deve haver
um sobre o altar do Veneravel.
Columnas. — Ha duas no interior do tem
plo, e tanto uma como a outra no Occidente
d’este; na do Norte está escripta a letra J, e
na do Meiodia a letra B. — Dá-se tambem
este nome ás ordens de Irmãos colocados
na direcção de cada columna. — Além d’es
tas, e de forma differente da das columnas
allegoricas do Templo, ha nas Lojas uma
columna, monumental, ou columna funera
ria, aonde estão escritos os nomes e os titu
los, tanto civis como maçonnicos, dos Ir
mãos defuntos que fôrão membros da Loja.
Algumas Lojas, levando muito longe a seve
ridade Maçonnica, levantão no seu seio
uma columna d'infamia, que recorda os no
mes dos Irmãos, que forão declarados indi
gnos de continuar a pertencer á sociedade
dos Maç. ..., o que é um excesso. A inicia
ção imprime ao individuo, que a obteve,
um caracter indelevel, que jamais elle pode
perder; mas quando este individuo, por
seus crimes ou vicios, desmerece para com
seus Irmãos, seu nome, depois d'uma sen
tença legal da Loja, confirmada pelo grande
Oriente, deve ser riscado da lista dos mem
— 161 -

bros; a caridade Maçonica oppõe-se a qual


quer outro acto de rigor.
Cobrir o templo.—É Fecha-lo, ou man
dar sahir um Irmão da Loja.
Collectas. — Fazem-se em beneficio dos
Maçº. desgraçados.
Commissão. — Deputação de Irmãos en
carregados pela Loja para preencher uma
missão.
Commissão administrativa. — Esta com
põe-se dos sete primeiros officiaes da Loja,
e occupa-se dos negocios particulares a ella.
Companheiro. — Assim se chama o Maç.".
que chegou ao segundo gráo da Maçonnaria
Symbolica.
Compasso.—Em Maçonnaria é o emblema
da Justiça.
Constituições. — Cartas Patentes, que o
Grande Oriente dá a toda a Loja que é ad
mittida á sua correspondencia.
Contribuições.—As contribuições só teem
lugar quando as despezas de uma Loja ex
cedem a sua receita.
Convocação.—Aviso official para assistir
ás assemblêas ordinarias, ou extraordinarias
de uma Loja.
º de união. — Cordão que tem uma
borla em cada uma de suas extremidades; é
14"
— 162 -
o emblema symbolico da fraternidade que
une todos os Maç.".
Cordões.— Insignias que indicão o gráo
Maçonnico de um Irmão, ou o emprego que
elle exerce n'uma Loja.
Cortiçoou colmêa.—Emblema do trabalho,
da obediencia que se deve ao chefe da Loja,
e da utilidade dos trabalhos Maçonnicos
para a felicidade do genero humano.
Cosmogonias symbolicas.—Systemas alle
goricos da geração e da destruição dos entes.
D.

Davida gratuita. — Somma que paga an


nualmente cada Loja para as despezas do
Grande Oriente.
Decisão, ou Deliberação. — Não se pode
emmendar uma ou outra, senão na mesma
assemblêa em que ella foi tomada, e então
só delibérão aquelles que votarão na pri
meira decisão ou deliberação.
Degráos do Templo, — O Aprendiz sobe
T..., o Compaheiro C.'., e o Mestre S.".
degráos do Templo.
Delta. — Triangulo luminoso, emblema
symbolico do poder supremo, isto é, de
Deus.
Deputação. — Certo numero de Irmãos
– 163 -
de uma Loja, nomeados por ella para a re
presentarem.
Deputado ao Grande Oriente. — Official
de Loja.
Deputado de Loja a Loja. — Duas Lojas
filiadas nomeão reciprocamente um deputa
do para assistir aos trabalhos da Loja ami
ga. Este tem sempre seu lugar no Oriente,
mas só tem voto consultativo.
Devisa.—Quando se constitue uma Loja,
esta toma uma devisa, que serve para a
distinguir das outras.
Diacono-—Nas Lojas do rito Escocez dá
se este nome ao portador de ordens.
Dignidades. —Chámão-se dignidades de
uma Loja os seus cinco primeiros oficiaes,
Diploma do Grande Oriente.—Este diplo
ma, quanto ao objecto, não difere dos da
Loja; mas como as assignaturas são authen
ticas, o diploma do Grande Oriente faz que
Irmãos Visitadores tênhão entrada nas Lo
jas de todos Orientes.
Diploma de Loja.—Certificado authenti
co de que o portador d’elle é Mestre.

Emblemas Maçonnicos.—Represêntão-se
da maneira seguinte: a espiga é a recom
— 164 —
pensa da trabalho; as perpetuas, da probi
dade; a acacia, da prudencia; o louro, do
merecimento, a oliveira, da felicidade, etc.
Entrada do Templo.—Conceder a entrada
do Templo, é permittir a um Irmão que as
sista aos trabalhos Maçºnnicos.
Enxada.—Garfo, em Loja de messa.
Era Maçonnica, —A era Maçonnica data
desde o principio do mundo, segundo a chro
nologia hebraica, que os Maç.…. adoptárão.
O anno Maçonnico é anno legal e religioso
dos Hebreus, que começa no mez de Nisan,
o qual corresponde ao Mez de Março da era
vulgar, epoca em que (segundo o Exodo,
Cap.". xII, v. 40) os Hebreus sahirão do
Egypto, O anno dos Judeus começava em
Tisry, que corresponde ao mez de setembro
e como os mezes érão lunares, o anno dos
Judeus compunha-se de treze mezes, que se
contavão por primeiro e segundo Adar. Os
Maç. .. não admittem mais que doze, cuja
ordem e nomes são os seguintes:
1º mez, Nisan Março.
2º – Jiar. Abril.
3º – Sivan Maio.
4º –- Tammuz Junho.
5º – Ab Julho.
6º – Elul Agosto.
7º – Ethanion Setembro.
8° -- Marshevan Outubro,
– 165 -
9º – Chisleu Novembro.
10º - Thebet Dezembro,
11º – Sabeth Janeiro.
12º – Adar Fevereiro.

Como os mezes e os dias não teem deno


minação particular, diz-se por exemplo, o
primeiro dia do primeiro mez do anno
5855, para designar o primeiro de Março
de 1853.
Esbôço dos trabalhos. — Minuta do que
se passou em uma assemblêa de Maç.….; esta
minuta lê-se no fim dos trabalhos, e é sobre
ella que se faz a redacção da prancha dos
trabalhos.
Escocismo, em lugar de Rito Escocez.—
Veja-se Ritos.
Escrutinio. —É uma caixa, em que se re
colhem os votos dos Irmãos: para que ella
circule em uma discussão, basta que um
Irmão o peça.
Esphera.—Emblema da regularidade e da
Sabedoria.

Esphinge.—Figura symbolica dos Egyp


cios, e emblema dos trabalhos maçonnicos,
que devem ser secretos e impenetraveis.
Esquadria.—Emblema da rectidão.
Estatutos geraes da Ordem. — Leis funda
mentaes da Maçonnaria, proprias a todos os
tempos e a todos os paizes.
— 166 —

Estatutos e regulamentos do Grande


Oriente, — Leis geraes da Ordem Maçon
nica.
Estrella resplandecente. — Symbolo da
Divindade.
Estrellas.—As luzes de uma Loja.
Evangelho.—Os Profanos e Maç.…. anti
gos jurávão sobre o Evangelho, que estava
no Oriente de todas as Lojas, sobre o Altar;
hoje jura-se pondo a mão direita sobre uma
espada, que é o symbolo da honra : com
tudo os Maç.…. do rito Escocez préstão ainda
o juramento sobre o Evengelho.
Exclusão das Lojas.—O Irmão que se
tornou réo d'algum crime, ou contrahio al
gum habito vicioso, é sentenciado pela sua
Loja; a qual, depois de o ter excluido de
seu seio, e riscado da lista dos membros
que a compõe, envia a sua deliberação ao
Grande Oriente. Este, uma vez convencido
da culpabilidade do Irmão, dá parte logo a
todas as Lojas da sua correspondencia, e o
Irmão assim excluido não póde mais entrar
em Loja alguma regular.
Experiencias. —Meios mysteriosos de co
nhecer o caracter e as disposições de um
Candidato.
Expertos.—Oficiaes de uma Loja.
– 167 —

F. *

Falso Irmão.—Dá se este nome aos Maçº.


que não cumprem seus juramentos, e aos
individuos que surprendêrão os segredos
maçonnicos, ou fôrão recebidos em uma
Loja irregular.
Festas de circunstancia.— Estas festas po
dem ter lugar por occasião de um objecto
de grande contentamento publico, mas nun
ca são de obrigação.
Festas da Ordem. — D'estas ha duas por
anno; uma por cada festa de S. João; são
ambas de obrigação para todos os Maç.".
Figuras. — São as virtudes maçonnicas
pintadas no interior das Lojas debaixo das
formas symbolicas da Força, da União, da
Sabedoria, da Candura, da Beneficen
cia, etc., etc.
Filiação.—Afiliação ou aggregação a uma
Loja concede-se a todo o Maç. . regular.
Filiação livre. — Esta filiação exime das
fintas aquelle que a obtém; mas este Irmão
não póde ser promovido ás dignidades ou
empregos da Loja.
Filiação entre as Lojas.—Duas Lojas pó
dem filiar-se reciprocamente uma á outra,
isto é, adoptarem-se de maneira que, sem
— 168 —
perder seus titulos particulares, nem algum
dos seus direitos respectivos, não formem ,
para assim dizer, mais que um só e mesmo
corpo, e que subsiste até que uma das duas
Lojas peça que o pacto de união seja rom
pido. Estas filiações afástão-se dos principios
maçonnicos que recommendão o sentimento
de fraternidade, igual para todos os Irmãos,
e entre todos, individualmente ou reunidos
em Loja; com tudo ellas não são perigosas,
se o fim da filiação entre as Lojas é unica
mente uma maior intimidade, e acharem-se
os Irmãos em maior numero, ou nos traba
lhos ou nos actos de beneficencia.
Filiação a muitas Lojas. — Como um Ir
mão estimavel é sempre bem recebido nas
Lojas de que não é membro, não é razoavel
nem decoroso que um Maç.…. pertença a
muitas Lojas do mesmo Oriente. Seria
muito a desejar que todos os Irmãos se pe
netrassem bem dos principios maçonnicos,
e se esmerassem mais em observá-los es
crupulosamente, contentando-se com fazer
parte da Loja que lhes déo a Luz, ou da que
escolhêrão, se a primeira já não existe.
Finta. — Somma que se paga annual
mente para contribuir ás despezas da Loja.
Fogo, — Ultimo tempo do exercicio da
— 169 —

mesa nas saúdes, e que exprime o perfeito


desinteresse, e philantropia.
Fundadores. — Irmãos que estabelecêrão
uma Loja.

G.

G. — Esta letra que se vê nas Lojas, gra


vada ou embutida na Estrella resplande
cente, (que é para o Companheiro a inicial
da palavra Geometria, quinta sciencia) foi
substituida pelos Maç. .. do rito moderno ao
iod dos Hebreus, ou primeira letra da pala
vra Jehova. O iod significa principio, segun
do a interpretação cabalistica, e conserva
entre os Mestres sua significação natural, a
idêa, a imagem, o nome de Deus. -

Grande Architecto do Universo. — Deus.


Grande Loja. — Corresponde ao Grande
Oriente nos lugares em que esta ultima de -
nominação não esta admittida.
Grande Oriente. — Senado maçonnico.
Gráos. — A reunião de todos os gráos
fórma o systema da Maçonnaria : no rito
Escocez ha trinta e trez gráos, no rito fran
cez não ha mais que sete.
Guarda dos sellos. — Empregado de uma
Loja.
IV, 15
— 170 —

Guarda do Templo. — O Irmão que vigia


pela segurança interior da Loja.

H.

Harmonia. — Concordia entre os Maç.".


— Musica vocal ou instrumental.
Hiram. — Era o architecto do templo de
Salomão, e que estava encarregado da direc
ção dos trabalhos, segundo a historia do
gráo de Mestre. Veja-se Adonhiram.
Honras. — A entrada do templo é conce
dida com as honras aos Oficiaes do Grande
Oriente, aos Veneraveis e deputados de Lo
jas e aos Irmãos Visitadores, que tem gráos
superiores.
Hospitaleiro. — Empregado de uma Loja.
Houzé. — Exclamação de alegria entre os
Maç.". do rito Escocez.

I.

Idade maçonnica. — Conhece-se a idade


maçonnica de um Irmão pelo gráo que elle
tem. O Aprendiz tem menos idade que o
Companheiro, etc.
Imagens.— Não deverá expôr-se em Loja
senão imagens alegoricas relativas á Maçon
naria; todas as outras são contrarias ao es
— 171 —

pirito
os de igualdade, que deve reinar entre
Maç.". •

Inamovibilidade. — A existencia da ina


movibilidade em França dá a do anno
de 1725, epoca da introducção e da marcha
regular da maçonnaria no reino. A inamo
vibilidade estabelecida pelas constituições
inglezas, e conservada pelas constituições
francezas, dava ao Mestre da Loja a proprie
dade vitalicia d’esta, o direito de nomear os
oficiaes, de repartir arbitrariamente as di
gnidades e os gráos, de fazer leis e regula
mentos sem a participação dos Irmãos, etc.
A inamovibilidade esteve em vigor para os
Mestres de Lojas até 1712, época em que um
schisma, occasionado em parte por isso,
tendo-se introduzido na Grande Loja de
. França, os Irmãos dissidentes formárão ou
tra autoridade maçonniça, com a denomi
nação de Grande Oriente, e supprimirão a
inamovibilidade que a Grande Loja conser
vou até 1799. A concordata d’este anno
reunio os dois poderes maçonnicos, e man
teve a suppressão da inamovibilidade.
Inauguração. — Ceremonia que consagra
os locaes maçonnicos.
Iniciação. — Admissão aos mysterios da
Maçonnaria,
– 472 -

Iniciado. — Aquelle que foi admittido ao


conhecimento dos mysterios.
Insignias. — São os aventaes, cordões e
joias que se trazem nas Lojas.
Insignias maçonnicas. — Condecorações
que servem para distinguir os gráos e as di
gnidades da Ordem.
Inspecção.— Toda a Loja que se fórma, e
quer ser regular, péde constituições. Antes
de as concêder, o Grande Oriente nomêa
tres dos seus Oficiaes para verificarem a
regularidade dos trabalhos da Loja, e ver se
ella se acha em estado de trabalhar maçon
nicamente.
Installação. — Quando o Grande Oriente
concede constituições a uma Loja , envia
oficialmente trez dos seus oficiaes para a
installarem. Se a dita Lója está fóra d’este
Oriente, designa então uma Loja da cidade
onde ella se acha, ou da cidade mais vesi
nha, se a não ha na primeira, e esta re
presenta então o Grande Oriente para a
instalação. Para isto ella nomêa tres de
seus membros, os quaes munidos de pode
res por escripto, procedem á instalação da
Loja em instancia. Se esta ultima está
muito longe das cidades onde ha Lojas em
actividade, ou se circunstancias particulares
impedem que a Loja seja instalada de uma
-- 173 —

das maneiras que fica dito, o Grande Oriente


a autorisa a installar-se a si mesma, o que
ella faz pelo ministerio de seus tres pri
meiros Oficiaes.
Instancia ou pendencia. — É o estado em
que se acha uma Loja que pedio ao Grande
Oriente constituições para trabalhar regular
mente. Accontece que um certo numero de
Maç... pertencentes a Lojas em actividade,
sete pelos menos se reunem, estabelecem os
trabalhos maçonnicos, e tómão a deliberação
de formar uma Loja. Para isto nomêão entre
si um Veneravel; dous Vigilantes, um Ora
dor, um Secretario, um Thesoureiro, e um
Hospitaleiro, e dão um titulo á Loja que que
rem crear. Estes Irmãos lávrão depois um
acto da sua deliberação, designão entre os
seis ultimos officiaes um deputado junto ao
Grande Oriente, entrégão a este Irmão o
acto da sua nomeção, a acta da sessão, e os
metaes necessarios para obter as constitui
ções. O Grande Oriente manda verificar por
tres de seus oficiaes os trabalhos d’esta Loja
e, se o julga conveniente, concede as cons
tituições pedidas. Em quanto a Loja está
em instancia, pode fazer recepções, e algu
mas vezez os iniciados são admittidos a visitar
Lojas constituidas; mais isto é unicamente
arbitrario; porque as recepções que faz uma
45°
— 174 —
Loja não constituida, são illegaes; pois se o
Grande Oriente recusa dar as constituições
não existe Loja, e uma vez que não ha
Loja regular, isto é, reconhecida e autori
sada pelo Grande Oriente, não pode haver
Maç.…. creados por ella. Por consequencia
devem as Lojas que se fórmão, abster-se
de fazer recepções em quanto estão em ins
tancia, e todas as Lojas regulares devem re
cusár o admittir em seu seio um individuo
que foi iniciado Maç. -. por Loja não consti
tuida. Offerece se com tudo uma excepção
a isto, e é quando os delegados do Grande
Oriente querem verificar os trabalhos de
recepção de uma Loja em instancia; então
póde esta fazer uma recepção, porque a
presença dos Commissarios do Grande
Oriente torna os trabalhos regulares; e se
a Loja não fica constituida, os Maç. .. crea
dos em presença dos Commissarios tem o
direito de recorrer ao Senado Maçonnico,
para que este lhes facilite a sua filiação a
uma Loja regular, ou á mesma Loja se esta
foi constituida depois de estarem filiados. Se
a Loja em instancia (com a qual nenhuma
Loja regular deve ter correspondencia, nem
fraternisar, em quanto ella se acha n’este
estado) conseguir as constituições solicita
das, todos os trabalhos passados ficão ap
- 175 –
provados; no caso contrario, ficão nullos,
e a Loja dissolvida. Uma em instancia não
pode dar diplomas.
Intersticio. — Espaço de tempo que deve
medear entre a iniciação a novo gráo.
Investigação.—Nos casos de faltas graves
commettidas por uma Loja, o Grande
Oriente nomêa com missarios para tomarem
informações sobre elas, o que as Lojas tam
bem fazem a respeito dos Irmãos do seu
quadro, que se achão em caso semelhante.
Irmão. — Nome que os Maç."., quaes
quer que elles séjão, dão aos outros em
Loja, e quando se correspondem.
Irmão isolado.--- Maç.…. que não pertence
a Loja alguma.
Irmãos serventes. — São os criados da
Loja.
Irmãos de talento.—Irmãos que se tórnão
utis, como são, o medico e o hospitaleiro, os
pintores, marceneiros, machinistas, arma
dores, musicos, etc.
Irmão terrivel. — Oficial que conduz o
Candidato durante a recepção, é encarre
gado de conhecer se um Maç.…. que se apre
senta em Loja é regular, e de estorvar a en
trada do Templo aos Profanos.
– 176 —

J.

Jehova. — Nome de Deus dos Judeos; é


o Mithra dos Persas, o Osiris dos Egypcios,
Theos dos Gregos, God dos Inglezes, e o
Grande Architecto do Universo dos Maç.".
Jeroglyphicos ou Hyeroglyficos.— Escrita
emblematica dos Egypcios. V. Caracteres
maçonnicos.
Joias dos Gráos.—São as que distinguem
os diversos gráos da Maçonnaria; os Mestres
trazem uma esquadria e um compasso. Os
Guáos superiores te em joias que os distin
guem.
Joia da Loja.—A joia particular adoptada
pela Loja, traz-se suspensa ao pescoço ou ao
lado esquerdo.
Joias da Ordem. — Estas são a esquadria,
que o Ven... traz preza ao seu cordão; o ni
vel, que traz o primeiro Vigilante, e o per
pendiculo, ou linha de prumo que está presa
ao cordão de segundo Vigilante.
Junta. — Assemblêa d'Irmãos nomeados
por uma Loja, para dar um parecer moti
vado em negocios que exigem um exame an
terior. •

Juramento. —Veja-se Obrigação.


– 177 –

L.

Licença limitada ou indefinita para se au


sentar. A Loja concede a por negocios im
portantes, ou para um Irmão se domiciliar
fóra do Oriente da Loja a que pertence. Em
quanto dúrão estas licenças, os que as ob
teem, não são obrigados a pagar finta al
guma.
Livro de Architectura. — Registro que "
contem as actas d’uma Loja.
Locaes maçonnicos. — Chamão-se assim
as casas onde estão os Templos dos Maç...,
quando os Grandes Orientes ou as Lojas não
teem edificios que lhes pertênção em pro
priedade. Os locaes maçonnicos, em que
muitas Lojas se reunem em dias differentes,
devem ser dispostos de maneira que fiquem
ao abrigo dos Profanos; e nunca deverão
servir de lugar de reunião ás Lojas irregu
lares. -

Loja.—Local êm que se reunem os Maçº.


Veja se Templo.
Loja de adopção. — Festa consagrada ás
Senhoras iniciadas. As Lojas de adopção
fôrão estabelecidas em França no anno de
4 775.

Loja, da correnpondencia, — São as Lojas


— 178 –

regulares dependentes do Grande Oriente.


Loja d'instrucção. — Loja consagrada ao
estudo da Maçonnaria .
Loja irregular. — Assemblêa de Maç... ir
regulares, ou que se tornánão taes, etc., e
com os quaes não se deve fraternisar. Veja
se Regular. •

Loja-Mãi. — É aquella em que um Pro


fano recebe a Luz. Um Maç.…. deve sempre
considerar como um dever sagrado o perten
cer á sua Loja Mãi como membro correspon
dente. Quando ele quizer filiar-se n'outra,
ou tomar fóra do seio d’ella os gráos que
ainda não tem (por estar impossibilitado
de os receber n’ella, ou porque a Loja lh'os
não póde dar) deverá pedir-lhe autorisação
para o fazer. Dava-se antigamente em
França o nome de Loja-Mãi a uma Loja
provincial, que tinha direito de constituir
Lojas n’uma certa porção de territorio. A
centralisação das Lojas em um Grande
Oriente unico fez desapparecêr estas grandes
autoridades parciaes.
Loja de Mesa. — Trabalhos durante o
banquete.
Luvas. — As luvas, que devem ser sem
pre de pelle branca, são indispensaveis nas
Lojas; ellas são o emblema da pureza.
– 179 —

Luz, — Um profano recebe a Luz quando


é feito Maç.….
Luzes.—São os cinco primeiros oficiaes
de uma Loja, isto é, o Veneravel, os dois Vi
gilantes, o Orador, e o Secretario.
Luton. — Filho de um Maç.".
M.

Mação de roman. —Servem para ornar


os capiteis das columnas J, e B. Pelo nu
mero quasi inculcavel de suas pevides, ellas
são o emblema do numero dos Maç.…. espa
lhados sobre a face da terra.
Maçon. — Sectario da religião natural, ou
maçonnicamente fallando, da religião unica.
universal e immudavel; o amigo do genero
humano, e um homem que trabalha para se
tornar sabio e virtuoso.
Maçonnaria. — O Estudo da sabedoria;
diz-se tambem a sociedade dos Franç=maçº.
em geral.
Maçonnaria dos altos gráos. — Maçonna
ria accrescentada á Maçonnaria symbolica.
Em outro sentido, desenvolvimento d'esta
ultima.
Maçonnaria das Senhoras. — Esta é me
nos austera do que a sociedade dos Maç.'.,
mas não é menos util á moral e á humani
dade,
— 180 —

Maçonnaria symbolica.—Maçonnaria em
geral, considerada como sociedade.
Malhetes. — Pequenos malhos de ma
deira ou de marfim, e o emblema de auto
ridade dos primeiros empregados da Loja.
Marcha. — Cada gráo tem sua marcha
particular.
Materiaes. — Em Loja de mesa chámão
se assim os manjares, ou viandas.
Medalhas. — São as peças de dinheiro;
e por isso se diz uma medalha d'ouro de
7,500 reis; medalha de prata de 480 reis.
Meianoite.—llora em que se F.". os tra
balhos.
Meiodia. — A parte do Templo a mais
allumiada depois do Oriente, e onde se col
locão os Mestres e os Companheiros.—Diz
se tambem da hora a que se Ab. -. os tra
balhos.
Membro activo.—Irmão que tem voz de
liberativa, que é susceptivel de ser eleito
para os empregos, apenas é Mest.º., e que
goza de todos os privilegios dos outros, pa
gando suas fintas e contribuições.
Membro correspondente. — Quando um
membro activo se ausenta do seu Oriente,
fica de direito sendo membro correspon
dente. Todo o membro de uma Loja filiada
é membro correspondente.
—- 181 —
Membro do Grande Oriente.— Um Vene
ravel é membro nato do Grande Oriente, e
um deputado de Loja é membro Eleito.
Membro honorario. — Titulo que uma
Loja concede a um Irmão que lhe fez servi
ços importantes.
Mestre.— Nome do Maç.…. que chegou ao
terceiro gráo da Maçonnaria symbolica.
Mestre dos banquetes. — Empregado de
uma Loja.
Mestre de ceremonias. — Empregado de
uma Loja.
Metaes. — Ouro, prata ou cobre.
Mopse. — Esposa de um Franc-Maç.".
Muito Respeitavel. — Presidente dos Mes
tTeS.

Multa. — Ligeira punição que uma Loja


impõe a seus membros nos casos pouco
graves. Ella é sempre em proveito dos po
bres.
Mysterios. — Dá-se este nome ás cere
monias,
ricas aos emblemas e ás figuras alego
da Maçonnaria. •

Neophito. — Nome que se dá ao Candi


dato durante a iniciação.
Ne varietur. — Meio de verificar se um
FV, 16
— 182 —
individuº é realmente Maç.…, comparan
do a sua assignatura com a do me varietur
do seu diploma.
Nivel. — Emblema da igualdade.
Norte.— Parte do Templo apenas allu
miada, e o lugar onde se collócão os Apren
dizes,

Obreiro.— Nome figurado de um Franc


Maç.".
Obrigação. — Juramento de fidelidade á
Ordem maçonnica e a seus regulamentos,
tanto geraes como particulares.
Occidente. — O lado do Templo que fica
da parte da entrada.
Oficial do Grande Oriente. — Dignidade
ou funccionario do Senado maçonnico.
Official de Loja.—Irmão encarregado de
um officio eu emprego.
Oficialmente. — Enviar uma deputação
munida de poderes escriptos é obrar ofi
cialmente ou d’uma maneira authentica.
Officio.— Emprego de uma Loja. Preen
cher ex officio uma funcção, é substituir um
official ausente.
Orador, — Official, Dignidade de uma
Loja,
— 18$ —
Oratoria maçonnica. — Esta expressão ,
pouco usada hoje, servia para designar uma
composição em verso. Vid. Peça de Archi
tectura.

Ordem. — Cada gráo tem uma ordem. —


A Franc-Maçonnaria entre os Franc-Maç.".
é reputada uma Ordem: assim se diz a Or
dem Maçonnica ou Franc-Maçonnaria.
Ordem do dia. — Objecto dos trabalhos,
de que uma Loja tem de se occupar em sua
sessão. Diz se tambem ordem do dia a nota
anteriormente preparada, em que se declara
qual é esse objecto.
Oriente. — Lugar do Veneravel. — Desi
gnação do ponto em que nasce o Sol, e da
parte do Templo de Salomão, que encerrava
o Santo dos Santos. A veneração que os
Maç.…. tribútão ao Oriente confirma, que
foi do Oriente que veio o culto Maçonnico,
o qual se refere á religião primitiva, cuja
primeira degeneração foi o culto heliaco ou
do Sol.—Oriente significa tambem cidade,
e assim se diz Oriente de Lisboa por cidade
de Lisboa.
Orla dentada. — Guarnição que serve de
barra ao tecto do Templo na Loja do se
gundo gráo.
Ornamentos. — Avental e cordão de um
gráo, ou de um oficio.
— 184 —
Osculo fraternal. — Beijo de recepção
nos diferentes gráos.

Padrinho. — Nome que o novo iniciado -


dá ao Irmão, que o apresenta em Loja.
Palavra de passe. — Cada gráo tem uma
palavra de passe.
Palavra sagrada. — Ha uma palavra sa
grada propria a cada gráo.
Palavra de semestre. — Palavra que o
Grande Oriente manda de seis em seis me
zes ás Lojas da sua correspondencia, a fim
de as distinguir das Lojas irregulares, e de
precaver as surprezas dos profanos, ou fal
sos Maç.".
Passos mysteriosos.— Cada gráo tem seus
passos mysteriosos, seus sinaes, e seus to
ques.
Passos perdidos (Sala dos). -- Peça aonde
os Visitadores espérão: a Sala dos passos
perdidos precede a sala do adro.
Pavimento mosaico. — O chão do Templo.
Indicação symbolica da reunião das condi
ções, opiniões e systemas religiosos, que se
confundem na Franc-Maçonnaria. O ladri
lho branco do pavimento mosaico é o em -
— 185 –

blema da pureza da alma d'um Maç.….; e o


preto o dos vicios a que o profano anda
exposto.
Peça d'architectura. — Discurso ou peça
em verso sobre a Franc-Maçonnaria. Todo e
qualquer escripto que se apresenta em Loja
feito por algum Irmão.
Pedra bruta. — Pedra informe que os
Aprendizes desbástão. — Em linguagem de
mesa o pão.
Pedra cubica. — Pedra em que trabalhão
os Companheiros.
Pedreiro de prºvie…—ol…no_da_adifi—
cios: este nunca póde ser Franc-Maç. --
Pedreiro de theoria, — Pedreiro livre, ou
Franç-Maç.".
Pentalpha. — Figura composta de cinco
triangulos que se coloca no fundo do ves
tibulo do Templo: esta figura é o emblema
da paz, do bom acolhimento, e da amizade
fraternal. •

Perpendiculo ou linha de prumo. — Em


blema do prumo e rectidão.
Pincel. — Penna.
Poder.—Acto oficial dado por uma Loja.
Polvora. — Em linguagem de mesa são
as bebidas. O vinho chama-se polvora ver
melha; a agua polvora banca, o café pol
16"
— 186 —

vora preta; os licores polvora forte; a agua


ardente polvora fulminante.
Pontos cardeaes. — Dá-se este nome aos
lados parallelogrammos do Templo, para
indicar, que um Templo Maçonnico é º em
blema do Universo.
Pontos Geometricos.—No sentido proprio
os Maç... dão este nome aos quatro pontos
cordeaes, a que devem corresponder as quº
tro faces de um Templo regular. No figu
rado, os pontos geometricos são o emblema
da perfeição e da regularidade. •

na… ………da, ce. — Eu pregado de uma


Loja de rito Escocez.
Porta bandeira.— Irmão encarregado de
levara bandeira de uma Loja do rito francez.
Porta Alfange. — Empregado de uma Loja
do rito Escocez.

Portico do Templo. — Sala que se acha


immediatamente antes de chegar á dos pas
sos perdidos.
Pós do Libano. — Rapé. .
Prancha desenhada. — Carta missiva di
rigida a uma Loja. — Escripto Maçonnico
qualquer. •

Prancha dos desenhos. — Papel branco.


— Acta dos trabalhos de uma sessão.
Profano.— Individuo que não é Maç.",
— 487 –

Purificar. — Fazer passar pela agua e


fogo.

Quadro.— Grande quadrado longo collo


cado no meio da Loja, em que estão pin
tadas as partes tanto interiores como exte
riores do Templo de Salomão. — Dá-se
tambem este nome á lista dos membros de
uma Loja.
Questões. — Perguntas por escrito, que
se propõe ao Profano que está na Sala das —
reflexões.

Ramos. — Os ramos são o emblema da


alegria e da candura. Nas festas da Ordem
cada Irmão recebe um ramo com que Orna
o seu lugar na Loja de mesa.
Recepção. — Admissão de um Profano que
se quer iniciar n’uma Loja. •

Reconstituição. — Licença que dá o Gran


de oriente a uma Loja para continuar seus
trabalhos que, por circunstancias, tinhão
cessado.
Recreação.—Suspensão momentanea dos
trabalhos.
— 188 –

Registro de presença. — Prancha destina


da a receber as assignaturas dos Irmãos
presentes aos trabalhos.
Regulamentos. — Leis particulares de
uma Loja, mas que não podem conter dis
posições contrarias aos regulamentos da
Ordem, e aos do Grande Oriente.
Regular. — Não é Maç.". regular todo
quelle que não pertence a uma Loja regu
lar. Uma Loja não é regular senão quando
suas constituições lhe veem do Grande O
riente. Um Maç.…. torna-se irregular ape
mas “essa de fazer parte d'uma Loja regular;
e uma Loja é irregular quando esta cessa
de reconhecer a autoridade do Grande O
riente.
Regularisação. — Acção pela qual uma
Loja dá um caracter authentico a um Maç.".
recebido em uma Loja irregular.
Reinstalladores. — Irmãos que restabele
cem uma Loja, cujos trabalhos tinhão ces
sado.

Hequisitoria. —Quando uma discussão é


contraria aos regulamentos, o Irmão Orador
faz uma Requisitoria, isto é, reclama a exe
ººção dos regulamentos. Então cessa a dis
ººººão, e executa-se o regulamento, sem
deliberação a este respeito,
- 189 -
Reunião extraordinaria.—Estas reuniões
são occasionadas pelas festas de circuns
tancias, pelas sessões de adopção, pelas
pompas
gencia. funebres, e pelas recepções de ur

Reunião de familia. — Assemblêa em que


se delibera sobre os negocios particulares da
Loja.
Reunião de obrigação.—Aquella cujo dia
está fixado de antemão.
Ritos.—Ha dous geralmente conhecidos,
o rito francez, ou rito moderno; e o rito Es
cocez, ou rito antigo aceito. No rito Francez
ha sete gráos, que são o de Aprendiz, Com
panheiro e Mestre, quanto á parte symboli
ca; os gráos superiores, ou da Maçonnaria
mysteriosa, são o de Eleito Secreto, Grande
Eleito Escocez, ou Eleito Sublime, Cava
lheiro do Oriente, e Cavalheiro Rosa-Cruz.
O rito Escocez compõe-se de 25 gráos segun
do o regulamento de 1762, e de 53 gráos,
segundo os regulamentos actualmente em
vigor. Estes gráos dividem-se em sete classes
da maneira seguinte, segundo o regulamen
to de 1762: 1° classe : 1º gráo, Aprendiz;
2º. Companheiro; 5° Mestre; 2° classe :
4º gráo, Mestre Secreto; 5° Mestre perfeito;
6º Secretario Intimo; 7° Intendente dos
Edificios; 8° Preboste e Juiz; 3° classe:
— 190 —

9° gráo, Eleito dos Nove; 10° Eleito dos


Quinze; 11º Eleito Illustre, Chefe das doze
tribus; 4° classe : 12º gráo, Gran'Mestre
Architecto; 15º Cavalheiro Real Arca ;
14° Grande Eleito, Antigo Mestre Perfeito;
5° classe : 15° gráo, Cavalheiro da Espada,
ou do Oriente; 16° Principe de Jerusalem;
17º Cavalheiro d’Oriente e do Occidente;
18º Sublime Principe Cavalheiro Rosa Cruz;
19º Grande Pontifice ou Mestre ad vitam;
6° classe : 20" gráo, Grande Patriarca Noa
chita; 21º Gran'Mestre da Chave da Maçon
naria; 22º Principe do Libano, Cavalheiro
Real-Machado; 7° classe : 23 gráo, Cava
lheiro do Sol, ou Principe Adepto; 24° Ca
valheiro Grande Commendador, Grande
Eleito Kadosch ; 25" Soberano Principe da
Maçonnaria, Sublime Cavalheiro Real Se
gredo.
Segundo os regulamentos actuaes, ha os
gráos seguintes: 1° classe: 1º gráo, Apren
diz; 2º Companheiro; 5° Mestre; 2° classe :
4ºgráo, Mestre Secreto; 5° Mestre Perfeito;
6° Secretario Intimo; 7° Intendente dos
Edificios; 8º Preboste e Juiz; 5° classe :
9° gráo, Eleito dos Nove; 10" illustre Eleito
dos Quinze; 11º Sublime Cavalheiro Eleito;
4° e 5° classe : 12 gráo, Gran'Mestre Archi
tecto; 15º Real Arca; 14° Grande Escocez ou
— 191 –
Grande Eleito; 15º Cavalheiro d'Oriente ou
da Espada; 16° Grande Principe de Jerusa
lem; 17° Cavalheiro do Oriente e do Occi
dente, 18º Soberano Principe de Rosa-Cruz;
19° Grande Pontifice ou Sublime Escocez;
6° e 7° classe : 20° Veneravel Gran’Mestre
ad vitam; 21º Noachita ou Cavalheiro Prusso;
22º Cavalheiro Real-Machado, ou Principe
do Pelicano, 25º Chefe do Tabernaculo;
24° Principe do Tabernaculo; 25º Cavalhei
ro da Serpente de Bronze; 26º Principe de
Mercy; 27° Grande Commendador do Tem
plo; 28° Cavalheiro do Sol; 29° Grande
Escocez de Santo André ; 30º Cavalheiro
Kadosch; 51° Grande Inspector Inquisidor
Commendador do Soberano Tribunal ;
32" Soberano Principe Real Secreto; 55° So
berano Grande Inspector Geral. Pelo que
respeita á Inglaterra : O rito dos antigos
Maç.". Inglezes compunha-se de 4 Gr.".
(Apr, …, Comp.…., Mest... e Maç.…. da S.
Real Arca. Mas o Rito Moderno da Ingla
terra, além dos tres primeiros Gr.". symbo
licos, conta mais 4 Gr.". superiores, que
são : Mest.". Marcado : Mest.". Passado :
Muito Excell... Mest... e Maç.…. da S. Real
Arch.. ao todo são sete Gr.
— 192 —

S.

Sacco das proposições.—Manda-se circu


lar este Sacco antes de se fechar em os tra
balhos Maçonnicos. É n'elle que se deitão
as petições, algum pedido, etc., que os Ir
mãos teem a apresentar á Loja.
Sancção.—Sinal dadhesão que se dá em
Loja, pondo-se os irmãos em pé, ou sim
plesmente levantando a mão.
Sangria. — Experiencia que ensina ao
Candidato que elle deve ajudar seus Irmãos
e, se fór necessario, derramar seu sangue
para a sua utilidade.
S. João. — É obrigação dos Maç.º., ce
labrarem as duas festas de S. João; a do
estio, no dia 24 de Junho, e a do inverno
que tem lugar no dia 27 de Decembro. É
claro que estas duas festas não são outra
cousa mais que a celebração das festas sols
ticiaes, o que ajuda a provar que a Maçon
naria é anterior não só ao Christianismo,
mas tambem ás instituições mais antigas
O culto Maçonnico, assim como o culto he
liaco, dáta do principio do mundo, e sua
origem confunde se com o das sociedades
dos homens. •

Quanto ao Santo que os Maçº", adoptárão


— 193 —

por patrono, não póde ser nem S. João Bap


tista, nem S. João Evangelista, pois nenhum
d'elles tem relação alguma com a instituição
philantropica da Maçonnaria. É de crer, e
esta é a opinião dos Irmãos mais philoso
phos e mais conhecedores, que o verdadeiro
patrono das Lojas é S. João Esmoler, filho
do rei de Chypre, que no tempo das Cruza
das, abandonou sua patria, renunciou á es
perança d'occupar um trono, e foi a Jerusa
lem dar os mais generosos soccorros aos
peregrinos e aos Cavalheiros. João fundou
um hospital, a onde fez uma instituição de
Irmãos que cuidassem dos doentes, dos
Christãos feridos, e destribuissem soccorros
pecuniarios aos viajantes que ião visitar o
Santo Sepulcro. João, digno já por suas
virtudes de ser o patrono de uma sociedade
cujo fim unico é a beneficencia, expoz mil
vezes sua vida para fazer o bem. A peste, a
guerra, o furor dos infieis, nada em uma
palavra o impedia de proseguir esta bri
lhante carreira; mas no meio dos seus tra
balhos veio a morte cortar o fio de sua exis
tencia: com tudo o exemplo de suas virtu
des ficou gravado na memoria de seus Ir
mãos, que considerárão como um dever o
imita-lo. Roma o canonisou com o nome
de S. João Esmoler ou S. João de Jerusalem;
IV, 17
- 194 –
e os Maç.'., cujos Templos elle tinha reedi
ficado (depois de terem sido destruidos pe
los Barbaros) o escolhêrão unanimemente
para seu protector.
Saudação Maçonnica.—Quando um Irmão
entra em Loja, faz o sinal do primeiro gráo,
que é a saudação Maçonnica.
Saude. — Brinde que se faz em honra do
Governo, da Ordem Maçonnica e dos Maç.".
A invenção das saudes é devida aos Inglezes.
Vid. Loja de mesa.
Saude de Carolina.—Depois da revolução
franceza não se faz esta saude, que foi insti
tuida, pelo reconhecimento, em honra de Ca
rolina, rainha de Napoles, protectora dos
Maç.…. perseguidos; eis a razão e motivo por
que. O rei de Napoles publicou em 1775 um
decreto que supprimia a Maçonnaria no seus
estados, e que declarava, os que desobede
cessem, criminosos de lesa-magestade para
com o chefe do Estado. A pezar d’esta pro
hibição as reunõeis secretas continuárão, e
em consequencia disso começou uma vio
lenta perseguição contra os Maçº., um gran
de numero dos quaes ou fôrão presos, ou
desterrados, ou se expatriárão.
A força de sollicitações Carolina obteve
que seus esposo revogasse o fatal decreto;
que se puzessem em liberdade os Irmãos
— 195 -

presos, e que se chamassem á patria os que


tinhão sido banidos, ou que tinhão fugido.
É a ella tambem que se deve a deliberação
da Justiça Real de 8 fevereiro de 1777, que
declarava illegal e oppressivo o processo
contra os Franc-Maç. .
Sehisma. — Quando dois ritos teem per
tenções a uma preeminencia qualquer, fór
mão inevitavelmente um schisma que altera
a estabilidade da Ordem Maçonnica; é pois
um dever dos bons espiritos, preveni-lo ou
destrui-lo com promptidão.
Secretario. — Oficial, dignidade de uma
Loja.
Sello.—Grande cunho de que as Lojas se
servem para dar a seus papeis um caracter
authentico. — Com a experiencia, em que
se põe o sello sobre o peito, a Loja ensina ao
Candidato que a qualidade de Maç.". é in
delevel, e que elle deve sempre vangloriar
se com ella. |

Sentenças moraes, maximas, Inscripções.


— Estão collocadas nas paredes da Sala
das reflexões, dispõe o espirito do Candidato
para a meditação, e são como um intermedio
entre o estado de Profano, e a consagração
Maçonnica.
Silex. — Pedra de que se tira e fogo ne
— 196 —

cessario á inauguração de um Templo Ma


çonnico.
Sinal. — Cada gráo tem seu sinal parti
cular.
Sinal de Soccorro. — O Irmão que tem o
terceiro gráo e que se acha em um perigo em
minente, faz o sinal de soccorro, dizendo :
A.". M.'. F... D.". V.". Todo o Mestre que
ouvir isto, deve voar em soccorro do Irmão
que está em perigo, e expôr sua propria
vida para o salvar. Regra geral, natural e
sagrada. Todos a um, um a todos. - -

Soccorros. — Os soccorros são concedidos


a todos os Maç.…. desgraçados que os reclá
mão; e são distribuidos em dinheiro aos
viajantes , e em generos, isto é, pão,
carne e vinho aos Maç.…. residentes no lu
gar em que se faz a distribuição.
Somno. —Uma Loja que cessa seus traba
lhos, diz-se que adormece, e não pode con
tinuar a trabalhar sem uma autorisação do
Grande Oriente, que não a concede senão
depois de uma instancia, a este fim, de sete
dos fundadores da Loja.

Telhas. — Em linguagem de mesa dá-se


este nome aos pratos.
– 197 –

Templo. — Lugar aonde se reunem os


Franc-Maç.". — O Templo é a imagem do
coração humano; trabalhar para a perfei
ção do Templo é promover o melhoramento
e pureza dos costumes.
Tenazes.— Espevitador.
Thesoureiro.— Empregado de uma Loja.
Trono. — Lugar elevado, aonde se chega,
subindo muitos degráos. O trono está sem
pre no Oriente, e não pode ser occupado
senão pelo Ven.". •

Timbre. — Chancella, ou rubrica de que


devem ser revestidos todos os papeis que
dimánão de uma Loja.
Toque. — Sinal manual entre os Maçº.
para se reconhecerem. Cada gráo tem um
toque que lhe é proprio.
Trabalhos. — Occupações dos Irmãos,
quando se reunem em Loja, ou para um
banquete. — Fechar os trabalhos, é fechar
a sessão.
Trevas.— Estado do mundo profano.
Triangulo. — Emblema da Divindade.
— No sentido literal triangulo significa
chapeo.
Tridente. — Em Loja de mesa dá-se in
distinctamente o nome de tridente ou euxa
da ao garfo.
Trolha. — Emblema da indulgencia. O
— 498 –

Maç.…. passa a trolha por cima dos defeitos,


dos erros dos seus semelhantes.
Trolhas.— Em linguagem de mesa dá-se
este nome ás colheres.

Venda.—Lenço que se põe nos olhos do


Candidato durante a recepção.
Veneravel. — Primeiro official de uma
Loja. — Titulo commum a todos os Mes
tres na Camara do Meio.
Verdadeira luz. — Luz Maçonnica, isto
é, Espirito de Sabedoria.
Vestir-se.— É pôr as insignias perten
centes ao gráo que se tem.
Viagem. — Nome d'uma parte das expe
riencias porque se faz passar o Candidato.
Vigilantes. — Officiaes, dignidades de uma
Loja.
Visitador. — Maç.'. que se apresenta em
uma Loja que não é a sua.
Viva.—Exclamação de alegria dos Franc
Maç. .. do rito francez.
#
* #2)
***
FIM DO TOMO QUARTO.
TABOA

DAS MATERIAS DO QUARTO TOMO.

Pag.

Maçonnaria de adopção. - - - - -
Estatutos para as Lojas de adopção.
Dignidades. . . . . - - - - - -
10
Primeiro gráo, . . . . - - - -
Ibid.
Aprendiz. . . . . . * * * * *
22
Segundo gráO. . . - - - - - -
Companheira. . . . . * * * * * Ibid,
29
Terceiro gráo. . . . . . . - - -
Mestra. . . . . - • • • • • • Ibid.
Quartográo. . . . . . . - - - 41
Perfeita Maçon, , , , , » º « » Ibid.
62
Quinto gráo. . . . . - - - - -
Eleita Escoceza. - - - - - • • • Ibid.

Discurso para o 1º Gr.". - - - - 73


- 200 —

Discurso para o 2º Gr.". . . . . . . . . . 84


Discurso para o 3º Gr.". . . . . . . . . 91

Discurso para o 4° Gr.". . . . . . . . . . 98

Discurso para o 5º Gr. . . . . . . . . . 104


Discurso para o 6° Gr.". . . . . . . . . 110

Discurso para o 7° Gr.". . . . . . . . . 115


Comparação da Maç.", como mundo profano, 121

Interpretação da L.'. do Banquete. . . . . 133

Da Excelencia dos mysterios Maç.". . . . 142


Vocabulario das palavras, expressões, e expli
cações Maçonnicas. . . . . . . . . » 151
-

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