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ARGAMASSA ARMADA

APLICAÇÃO NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Ana Cláudia Lima Rolim1


Diego Lucas de Moura Luciano2
Diogo Gabriel Cotta Araujo3
Prof. Cláudio Lineu Pereira Peixoto4

RESUMO
A argamassa armada se tornou uma escolha interessante devido a sua
versatilidade, além de propiciar agilidade na realização e redução considerável de
perdas. No Brasil utiliza-se em larga escala, principalmente em locais de difícil
acesso, a Argamassa Armada em peças moldadas “in loco”, por meio das quais são
construídas Estações de Tratamento de Água (ETA), Estações de Tratamento de
Esgoto (ETE), reservatórios com tampa e sem tampa, filtros, aquecedores solares,
biodigestores, entre outros. A argamassa armada é muito econômica e facilmente
adaptável a processos de fabricação, uma particularidade dela é a diminuição do
aramado, sendo apenas a malha de sustentação, que é formada por tela de aço
eletro-soldada, além de ser, usualmente, moldada artesanalmente. Seu
desempenho estrutural permite seu uso em grandes construções, além de ser muito
utilizada em peças pré-moldadas leves e moldadas in loco. O artigo tem como
objetivo realizar uma revisão de literatura sobre a versatilidade e vantagens da
aplicação da argamassa armada em pré-fabricados, além da sua utilização nas
medidas corretivas de patologias estruturais. A metodologia utilizada permitiu a
abordagem baseada em material já publicado, endo assim optou-se pela pesquisa
bibliográfica e descritiva para o desenvolvimento.

Palavras- chave: Argamassa armada. Construção Civil. Argamassa in loco.

1 INTRODUÇÃO

A automatização da construção civil na área de edificações vem se


aperfeiçoando visivelmente, produzindo e melhorando técnicas como os pré-
moldados leves a partir de argamassa armada que, de acordo com Campos (2002,
pg. 15), representou fundamental relevância no desenvolvimento do setor no Brasil:
O advento das grandes fábricas de sistemas e componentes construtivos
empregando a argamassa armada nas décadas de 80 e 90, representa uma
das experiências mais relevantes e reconhecidas no campo da

1
Graduanda em Engenharia Civil, anacllrolim@gmail.com
2
Graduando em Engenharia Civil, di.diegolucas@yahoo.com.br
3
Graduanda em Engenharia Civil,
4
Professor do curso de Engenharia Civil e orientador do Artigo Científico
industrialização da construção no país, quase única em termos
internacionais.

Argamassa armada baseia-se na “Teoria das Cascas”, cuja aplicação da


argamassa (cimento, areia e água, podendo ter ou não aditivos) é feita sobre uma
armação de aço formada por arames de pequeno diâmetro associados a telas
metálicas, de forma a fazer uma boa distribuição do aço no interior da peça que se
está produzindo.
Obviamente, um dos divulgadores pela divulgação do know-how no
âmbito da industrialização e que se sobressaiu devido as soluções inovadoras da
argamassa armada foi o arquiteto João Filgueiras Lima, o Lelé e a utilidade mais
relevante para ele e os especialistas, é a fabricação de elementos e peças com
finalidade estrutural (PEIXOTO, 2006).
A argamassa reprsenta diversos e relevantes papéis no desempenho
estrutural da argamassa armada. Dentre eles destaca-se a capacidade de moldar e
dar forma aos elementos estruturais, a participação na determinação da resistência
do conjunto e a proteção destes elementos nas ações mecânicas ou condições
climáticas adversas, que normalmente ocorrem.
Estas propriedades são resultado das propriedades do material em
estado natural, ou seja, a boa densidade e manipulação influenciam diretamente na
qualidade final do produto.
A Faculdade Kennedy, uma das pioneiras no Brasil na implantação do
curso extra-curricular de argamassa armada, oferece aulas práticas e teóricas sobre
o manuseio artesanal da argamassa, sua utilidade e aproveitamento. A técnica é
rapidamente aprendida para posteriormente ser empregada em trabalhos sociais
junto a comunidades carentes.
Dentro desse contexto, o artigo tem como objetivo demonstrar a
versatilidade e vantagens da aplicação da argamassa armada em pré-fabricados,
além da sua utilização nas medidas corretivas de patologias estruturais.

2 ARGAMASSA ARMADA

Na atualidade, a argamassa armada obtem notoriedade no cenário da


racionalização do setor da construção civil por dois motivos, um se refere a evolução
tecnológica, que abrangeu a pesquisa do material integrante e particularidades como
peso e densidade, que influem exatamente no uso dos elementos em campo, outro
motivo diz respeito à análise das probabilidades de constituição formal, que
possibilitou o desenvolvimento de peças estruturais diferenciadas (AMORIM, 2010).
Um grande motivo desta notoriedade é o uso da argamassa armada na
obtenção de peças artesanais, como a construção de Estação de Tratamento de
água (ETA), Estação de Tratamento de Esgoto (ETE), reservatórios de água,
coberturas sob a forma de abóbadas, biodigestores, aquecedores solares e piscinas,
principalmente em áreas de difícil acesso, onde muitas vezes os materiais de
construção necessitam ser transportados por animais. No Brasil o traço em volume
utilizado para este tipo de argamassa é de 1:2 (figura 1) (cimento – areia lavada
média) (HANAI, 2012; LIMA, 2004).

FIGURA 1. Argamassa armada

Fonte: FERREIRA (2011)

A Companhia de Saneamento de Minas Gerais (COPASA) desde 1993


vem utilizando a tecnologia da argamassa armada largamente para estruturas
econômicas de simples construção e se apresenta como opção construtiva
promissora de reservatório, estação de tratamento de água (ETA), como também, na
construção de reatores, filtros anaeróbios e leitos de secagem, para tratamento de
esgotos domésticos e estação de tratamento de esgoto (ETE) (COPASA/MG).
A colaboração do uso da argamassa armada em obras de saneamento é
muito realçada por ser uma tecnologia de baixo custo; apresentar adequada
execução estrutural e hidráulico/sanitário; simplicidade de reparos, ótima
impermeabilidade e uso de produtos simples (COPASA/MG).
Breve contexto histórico

Desde suas aplicações iniciais, o emprego da argamassa tem se


mostrado muito versátil, podendo ser usada, em processos altamente mecanizados
ou rudimentares, com uso intensivo de mão de obra. Em 1856, Joseph Louis
Lambot, buscando um material que pudesse substituir a madeira, desenvolveu o que
denominou de ferciment, material com o qual se podia produzir componentes
construtivos pré-fabricados (MARCELLINO, 2011).
Porém sua utilização ficou restrita a pequenas embarcações e e artefatos
diversos até o surgimento das construções do engenheiro italiano Pier Luigi Nervi
que deu visibilidade ao produto e o chamou de ferro-cemento, utilizando-o
posteriormente poara construiu obras marcantes com elementos pré-moldados
(argamassa armada), como o Palácio de Exposições de Turim e o Palacete de
Esportes de Roma (figura 2) (NERVI, 2005).

FIGURA 2. Palácio de Exposições de Turim e o Palacete de Esportes de Roma

Fonte: HANAI (2012)

Em 1950 a argamassa armada chegou ao Brasil por Nervi através de um


curso de concreto armado, entretanto, só foi desenvolvida e adaptada às condições
brasileiras a partir da década de 60, pelos professores da Escola de Engenharia de
São Carlos, Dante Martinelli e Frederico Schiel, resultando em elementos pré-
moldados de cobertura (HANAI, 2012).
A técnica foi rapidamente aprendida e usada para a construção dos
instalações da Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo,
a partir daí as pesquisas e o emprego da técnica incentivaram o surgimento e a
consolidação da argamassa armada no Brasil.
Na década de 70, despontam as primeiras experiências do arquiteto João
Figueiras Lima, o Lelé, com componentes de argamassa armada para reduzir a falta
de trabalhador capacitado e instaurar técnica construtiva eficaz para auxiliar as
populações rurais, que não tem condições de pagar transporte de material,
equipamentos e operário especializado para construir (NERVI, 2005).
João Figueiras (Lelé) apresentou diversos trabalhos significantes
utilizando argamassa armada, evidenciados pela qualidade estrutural, construtiva e
versatilidade, suas pesquisas oferecem a oportunidade de utilização em escala
industrial de forma criativa e confiável (PEIXOTO, 2006).
Com projeto arrojado e revolucionário do arquiteto, que associa novas
concepções de abordagem para a construção do hospital associadas a pré-
moldagem e a padronização como princípios, em 1980 é fundado em Brasília o
primeiro hospital da Rede Sarah Kubitschek (figura 3), as outras unidades foram
posteriormente implantados em São Luís, Salvador e Belo Horizonte.

FIGURA 3. Hospital Sara Kubitschek Brasília e Salvador

Fonte: HANAI (2012)

Também na década de 80, foi desenvolvido o projeto Ação no Município


de Abadiânia que implantou a fábrica de unidades pré-moldadas, com o objetivo de
usufruir da quantidade excepcional de matéria-prima da região (NERVI, 2005).
No início dos anos 90 a argamassa armada alcançou perspectiva
nacional, na implantação do Centro de Assistência Integrado à Criança (CAIC) em
todo o território nacional pelo governo federal (figura 4), tendo como ponto de partida
os projetos do engenheiro João Figueiras Lima (HANAI, 2006; NERVI, 2005).

FIGURA 4. Centros de Assistência Integrado à Criança


Fonte: HANAI (2012)

Conceito

De acordo com Hanai (2006, pg. 25) argamassa armada é:


um tipo particular de concreto armado, composto por argamassa de cimento
e agregado miúdo e armadura difusa, em geral constituída de telas de aço
de malhas de pequena abertura, distribuídas em toda a seção transversal
da peça.

A argamassa armada é uma espécie de concreto armado apropriado a


componentes de menor espessura, com medida máxima autorizada de 40
milímetros (figura 5), esta condição estabelece a diferença com as armação de
concreto armado tradicional (FERREIRA, 2011).

FIGURA 5. Argamassa armada

Fone: FERREIRA (2011)

A peça também pode ser descrita como micro concreto armado, derivado
da combinação de argamassa que é cimento, areia e água, com uma armação de
aço formada por fios de fina espessura com pequenos espaços entre eles, ou seja,
tela soldada.
Campos et al (2006) associa a definição a viabilidade de reposição da
argamassa de cimento e areia por microconcreto de cimento, areia e frações mais
finas de agregados graúdos. A principal diferença da argamassa está na massa
utilizada, que devido a pequena densidade das unidades, tem medidas restritas de
agregados, e quanto a densidade da cobertura da armação, é bem menor do que
para massas com maior teor de cimento.
A argamassa é um meio-termo entre o ferrocimento apresentado por
Nervi e o concreto armado, com vantagem de maior elasticidade e menor alteração
de alongamento e fissuração, e devido a ampla versatilidade e pouca espessura das
unidades, moda-se a inúmeros formatos.
Segundo Campos (2002) existe a viabilidade de combinar os materiais, as
armações regulares podem ser irregulares, montadas com fios de espessura
pequena e espaço mínimo entre eles, usando materiais como cabo de aço, tela de
fibra ou fibra irregular sintética ou natural, cordoalha e barra e tela soldada de aço,
dentre outros.
Segundo o Comitê 549 do American Concrete Institute a definição é:
Ferrocimento (argamassa armada) é um tipo de parede fina de concreto
armado, geralmente construído de argamassa de cimento reforçada com
camadas de telas contínuas e com malha relativamente pequena de arame,
que pode ser de metal ou outros materiais (ACI 549R-97 reapproved 2009,
p. 2).

No Brasil, a utilização do produto no projeto e execução de obras foi


normalizada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 1990), NBR
11.173:1990 - Projeto e Execução de Argamassa Armada, que a define como:
Peça de pequena espessura, composta de argamassa e armadura de telas
de aço de malhas de abertura limitada, distribuída em toda a seção
transversal. Considera-se como peça de pequena espessura aquela em que
esta dimensão não ultrapasse o valor convencional de 40 mm.

A argamassa armada é diferente do concreto armado na instalação e


espécie de armação, na utilização de telas trançadas e/ou soldadas, na
versatilidade, durabilidade e principalemnte no baixo custo, sendo utilizada como
recurso na construção de habitações para população de baixa renda renda
(BALLARIN, 2006).

Características

Uma característica da argamassa armada é a dimensão da armação,


essencialmente, só a malha de suporte é formada por tela de aço eletro-soldada e
usualmente adaptado em formas. Seu comportamento estrutural possibilita sua
utilização em edificações grandes como um reservatório de milhões de litros de
água, por exemplo (CAMPOS et al., 2006).
Como a argamassa armada é uma variedade do concreto armado,
formada por telas de aço com diâmetro limitado merguladas em um molde de
argamassa estrutural, geralmente possuindo pouca espessura (40 mm),
apresentando como partularidade funcional distendimento superior e finas fissuras
com pouco intervalo (HANAI, 2012).
Com relação as diveras definições, o fundamental segundo Hanai (2006)
é que o produto apresenta particularidades instrínsecas inerentes, e mesmo que
haja infinitas alternativas de variedades, contém denominadores triviais que lhe
conferem personalidade própria, como tolerância à fissuras, flexibilidade, aplicação
peças de densidade e formato estrutural pequenos, permeabilidade reduzida a
gases e líquidos e possível de fazer com método artesanal ou industrial.
De acordo com Saleme et al. (2012), a argamassa armada é de simples
fabricação e restauração, acarreta baixo custo devido ao tipo de produto, utiliza
operário não especializado, tempo mínimo para realização, é altamente resistente a
desgaste e impacto, possue condutividade térmica baixa, é impermeável e fabricado
com ínfima densidade, o que reduz seu peso substancialmente.
Para sua utilização é preciso observar as causas do desempenho
mecânico do produto, especificidades dos elementos integrantes, motivos que
acometem a vida útil da estrutura, parâmetros de análise do comportamento
estrutural, conhecer o tamanho e a composição das armações, os métodos de
aplicação e manutenção e características sobre o procedimento do sistema
estrutural (JABAROV et al., 2005).
A configuração estrutural das lâminas e placas dobradas são amostras de
produção formal bastante apropriada a potencialidade do produto (HANAI, 2012) e
para desempenhar suas funções estéticas, funcionais e estruturais seus elementos
precisam ter propriedades necessárias como rigidez e estabilidade dimensional,
para durante a vida útil conservar o limite de alteração admissível, como volumétrica
por retração, fluxo e temperatura por deterioração superficial ou sensibilidade à
corrosão química do aço.
A argamassa armada se diferencia do concreto armado convencional pela
tecnologia, ou seja, seu sistema é diferenciado com relação a produção, projeto,
execução e utilização, deixando o material mais flexivel, resistente, mais leve e
menos oneroso, além da facilidade na utilização e aplicação (BAPTISTA, 2008).

Regulamentação vigente

A norma NBR 11.173:1990 - Projeto e Execução de Argamassa Armada,


da ABNT, determina condições exigíveis para o projeto, execução e controle de
peças e obras de argamassa armada, excluídas as que utilizam argamassa leve ou
outras espécies.
Também fixa as medidas geométricas com relação a tela de aço, para
impossibilitar a utilização de quantidade e combinação de armação
inadequadamente para argamassa armada e tamanho mínimo da parte diagonal da
peça. A norma define a utilização da seguinte forma:
• ambientes protegidos: interior da edificação, locais ventilados não sujeitos ao
acúmulo de água - espessura efetiva da cobertura não pode ser < 4 mm;
• ambientes pouco ou moderadamente agressivos: locais suscetíveis a
adversidades e acúmulo de água, limpos com pequenas taxas de agentes
químicos agressivos - espessura efetiva da cobertura não deve ser < 6 mm;
• ambientes agressivos, marinhos: peças em contato com o solo, em locais que
favoreçam chuva ácida, o uso da argamassa armada fica condicionada ao
uso de formas específicas de proteção da armação, como emprego de pintura
externa ou revestimento das telas (ABNT, 1990).

3 PEÇAS EM ARGAMASSA ARMADA MOLDADAS “IN LOCO”

A argamassa armada é formada por uma armação subdividida e


distribuída no meio da massa forte de cimento e areia, sendo que o controle do
volume da água adicionada e da cura é primordial. Com a argamassa armada é
admissível fabricar estruturas em casca, com forma arredondada e de espessura
muito fina, em torno de 3 centímetros (TRIGO, 2013).
A argamassa preparada na obra “in loco” passa por algumas fases desde
o recebimento do material até seu uso. É preciso receber o material, areia, cimento,
e o aditivo responsável pela liga da argamassa, sendo os mais comuns o cal e o
agrofilito, entretanto cada região usa uma espécie com características que se
adaptam melhor ao clima da região, e condições de preparo (AGNESINI, 2011).
Um grande inconveniente da argamassa “in loco” é o lugar das baías
(áreas destinadas ao armazenamento de materiais) que exigem uma área extensa
do canteiro de obras, e que precisam de muito cuidado no armazenamento do
material, provocando mais trabalho (TRIGO, 2013).
A condição fundamental que dá qualidade a argamassa é o traço dos
produtos que serão misturados, que são normatizados pela ABNT e necessita da
experiência do operário responsável pelo preparo, com ajuda da betoneira e padiola,
mas que são ainda sujeitas ao erro humano (AGNESINI, 2011).
A argamassa “in loco” diferencia-se como uma espécie de fabricação no
próprio canteiro de obras, as peças são artesanais, tendo como fundamento
principal uso de material leve para moldelagem de todas as paredes de uma só vez,
já embutindo hidráulica, elétrica, armaduras e esquadrias (TRIGO, 2013).
As vantagens são nenhum desperdício de material, sem retrabalhos em
instalações hidráulicas, elétricas, esquadrias, chapisco e reboco das paredes;
diminuição de gastos com mão-de-obra, material e tempo de construção e
programação mais certa da execuação dos projetos (figura 6).

FIGURA 6. Argamassa armada “in loco”


Fonte: BENTES, 2012

O sistema pode ser utilizado em programas de casas populares,


cooperativas ou em grandes projetos imobiliários, e subsituindo com bastante
vantagens as edificações convencionais. Pode ser utilizado para fechamento de
vãos em escolas, hospitais, creches, prédios, etc, quando combinado com estruturas
em aço ou outros tipos de pré-fabricados (AGNESINI, 2011).
Após retirar da forma as peças estaram alinhadas, prumadas e
rebocadas, necessitando apenas dos demais acabamento. O método construtivo
moldado "in loco" porporciona redução de até 20% no valor total da obra, comparado
com o convecional (TRIGO, 2013).

4 PRÉ-MOLDADOS EM ARGAMASSA ARMADA

Conforme Revel (2008) a pré-moldagem é a fabricação de elementos de


construção civil em indústrias, partindo de matérias primas e semi-produtos
cuidadosamente escolhidos, sendo posteriormente enviados para serem usados na
edificação. É uma técnica que agiliza o sistema construtivo da construção civil.
Apesar da facilidade na montagem, grande rapidez de construção,
garantia do controle de qualidade, redução dos desperdícios, organização e limpeza
do canteiro de obras, produção com acompanhamento técnico e controle
tecnológico, os produtos pré-moldados de argamassa armada ainda não são muito
utilizados no ramo da construção civil (COSTA et al., 2011)
Entretanto, os problemas de ordem social, cultural e econômica são
diretamente responsáveis pelo período da industrialização do setor da construção
civil no país, Consequentemente, a edificação precisa atender aos requisitos dos
usuários com relação as condições de habitação e funcionalidade, segurança e
estabilidade e outros fatores referentes aos modelos estético, social e cultural
(REBELLO, 2000).
Baseado na concepção de desempenho, é necessário também agregar
condições relativos a sustentabilidade, durabilidade, manutenção e baixo custo
(REBELLO, 2000).
Sendo assim, os processos modulares são apropriados para organizar e
tornar mais racional a construção de diversas edificações residenciais ou não,
descomplicando a elaboração do projeto, diminuindo a quantidade de peças de
tamanhos diferentes e facilitando a realização da obra, bem como para confeccionar
peças de grande utilidade e durabilidade para o mobiliário urbano (figura 7) (KUHN,
2008).
A argamassa armada é utilizada para fabricação de elementos estruturais
ou como produto adicional para fôrmas na produção de estruturas no próprio local
da construção. A norma NBR 11.173:1990 (ABNT) determina a espessura das
peças, que são delgadas, e o formato acaba sendo fundamental na resistência e
rigidez dos elementos. Como o produto é flexível podem ser feitas curvas,
dobraduras, plissados, formas orgânicas, ovais, quadradas, redondas, dentre outras.
Vários compostos cimentícios foram produzidos ou usados em
componentes estruturais, resultando em novas espécies de argamassa armada,
como painel de fechamento reforçado com fibra de vidro e tipo sanduíche com o
meio de poliestireno expandido, peças estruturais de microconcreto armado e outras
de pouca densidade (BENTES, 2012).

FIGURA 7. Edificações em argamassa armada


Fonte: KUHN (2008)

O sistema de pré-moldagem diminui a perda e o consumo de matéria-


prima, aprimora a utlização de mão de obra e de equipamentos, tornando mais
coerente a realização da construção, pois o processo construtivo se fundamenta na
fabricação de elementos com resistência baseada no formato, ocasionando mais
agilidade e rapidez ao sistema de construção (CAMPOS, 2002).
Atualmente, a argamassa armada, devido a sua versatilidade,
durabilidade e baixo custo, é amplamente usada na construção de diversas peças
como caixa d’água, revestimento e cascata para piscina, escultura, calha, prateleira,
cadeira, divisórias, lajes nervuradas, piso elevado e toldos, além de residências,
prédios, galpões, etc. (figura 8) (AGNESINI, 2011).
Algumas das peças de argamassa armada podem ser utilizadas em
vedações, coberturas, e estrutura, os tamanhos dependem da espécie de estrutura,
das atividades e dos esforços requeridos. A técnica também é usada para várias
soluções com relação ao mobiliário urbano e público como jardineiras, lixeira,
sanitários públicos, abrigo de passageiro, bancos de praças, carteira escolar,
creches e centenas de escolas de dois andares no país (AGNESINI, 2011; GINGO,
2013).

FIGURA 8. Peças em argamassa armada


Fonte: KUHN (2008)

Devido a durabilidade, também é empregada na construção de escadaria


drenante, onde a parte inferior passa a rede de esgoto; passagem de acesso a
lugarejos situados nas encostas; muro de arrimo; laje, cobertura de grandes e
pequenos vãos; módulo sanitário; piso e cobertura de passarela; revestimento de
canal; silo agrícola (CÁNOVAS, 2008).

5 PATOLOGIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Segundo Cánovas (2008) a palavra patologia é utilizada para denominar


alguns defeitos e/ou problemas ocorridos nas edificações que ocorrem devido a
realização da obra em prazo cada vez menor, sendo assim negligenciadas
informações relevantes no projeto e na execução, acarretando as manifestações
patológicas, dentre elas as fissuras e as trincas.
O surgimento das patologias também pode acontecer devido a ausência
de manutenção, pela execução de maneira inapropriada ou pelo uso de matéria
prima indevida ou de baixa qualidade. Segundo a NBR 9575:2003 (ABNT) as
patologias se classficiam quanto à sua abertura como (figura 9):
• fissura: por ruptura de material ou componente, ≤ a 0,5 mm
• trinca: por ruptura de material ou componente, < que 0,5 mm e > que 1,0 mm.
Nas lajes das edificações é comum o surgimento de fissuras ou trincas
poucas horas depois da execução da obra ou após longos períodos, são várias as
causas, origem ou locais onde ocorrem. As fissuras e as trincas podem determinar
eventual condição perigosa ou comprometimento da durabilidade da edificação
(JÂCOME, MARTINS, 2005).

FIGURA 9. Fissura e trinca

Fonte: OLIVEIRA (2014)

6 REPARO DAS PATOLOGIAS

A argamassa armada é um dos mecanismos que vêm sendo largamente


usado para efetuar reparos ou reforços em antigas estruturas de concreto armado
através da aplicação de tela metálica de arame fino trançado, reforçada com arame
de aço CA60, aumentando sua resistência e ductilidade (OLIVEIRA, 2014;
THOMAZ, 2009)
Recuperar ou reforçar áreas fissuradas ou trincadas, principalmente nas
lajes das edificações, pode ser possível com a associação desta nova casca de
argamassa armada à antiga estrutura, sendo que, no caso das lajes, este reforço
deverá receber uma boa declividade para assim facilitar o escoamento da água
pluvial, pois a utilização da argamassa armada nestes casos ocasionará
consequências muito positivas como aumento da resistência, flexibilidade e
durabilidade (OLIVEIRA, 2014).
O método é basicamente aplicar o revestimento de argamassa armada
em toda a área da laje ou dos elementos atingidos, recuperando assim as fissuras e
trincas, corrigindo a declividade e fortalecendo completamente todo o conjunto, além
disso, pode-se realizar o processo onde existe exigência estrutural especial como
nos reservatórios de água ou muros de arrimo, dentre outros (OLIVEIRA, 2014).
O revestimento das edificações com argamassa armada além de
proporcionar a melhora da capacidade de resistência, intensifica a rigidez, e em
alguns casos também amplia a ductilidade da estrutura. A intensificação das
propriedades e resistência da edificação oscila em virtude da densidade do
revestimento, da resistência da argamassa armada e da quantidade de armação
usada (CYRINO, 2012).

7 CONCLUSÕES

A argamassa armada progrediu no Brasil além do esperado após alcançar


destaque com as edificações devido o seu uso artesanal, principalmente em áreas
distantes dos centros urbanos.
Um sistema construtivo apontado como uma espécie de microconcreto
armado, formada por uma armação delicadamente dividida contendo fios, tela e
barra de aço inseridos em argamassa, um tipo de cimento, areia e água; podendo
ser pré-moldado ou fabricado “in loco”, garantindo versatilidade na sua utilização.
Devido ao desempenho sui generes representa um gênero específico de
produto, precisando de abordagem diferenciada, daquela conferida a outros
materiais, como proteção contra umidade, abrasão ou corrosão e utensílios para
retoque externo harmonioso.
O material é uma ótima opção tecnológica para a pré-moldagem e a
construção industrializada devido as particularidades que apresenta como
flexibilidade, baixo custo, leveza, facilidade de transporte e fácil manejo que
oportuniza a configuração das peças de forma mais abrangente e resistente.
Entretanto, mesmo que ofereça diversos benefícios e muita variedade no
uso, a argamassa armada ainda é pouco utilizada no país como método construtivo
no setor de construção civil, para peças ornamentais, mobiliário, galerias, projeto
arquitetônico, coberturas, elementos com função estrutural ou painés, dentre outros.

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