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Pedro Alvarenga (coord.), }oão Domingos Bomtempo 1775-1842, Lisboa, Instituto da Biblioteca
Nacional e do Livro, 1993, pp. 11-55. Com um âmbito m~is abrangente uma referência ainda os
trabalhos de Carlos Alberto Faísca Fernandes GOMES, Contributos para o Estudo do Ensino
Especializado de Música em Portugal, Memória Final do CESE, Instituto Piaget-Almada, 2000,
dactilografado, e de António Angelo de Jesus F erre ira de VASCONCELOS, O Conservatório de
Música: Actores, Organização e Políticas, Dissertação de Mestrado, FPCE- UL, 2000
dactilografado.
4 Nascido em 27 de Maio de 1811, Migone estudou no Seminário da Patriarcal com Fr. José
Marques Piano e Composição, sendo nomeado em 1835 «Professor de Orquestra» do
Conservatório de Música da Casa Pia e passando daí para o Conservatório Geral de Arte
Dramática quando da sua transferência. Ocupou o cargo de maestro concertatore no Teatro de S.
Carlos, onde serão representadas, nos anos cinquenta, duas óperas suas.
5 P-Lc, Entrada Livro 4~ 1851-1864.
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Organização e objectivos
9 P-Lan, MR, ASE, Documento Manuscrito. Curioso notar a ausência de referência ao teatro
lírico, onde trabalhavam muitos dos elementos do corpo docente, e que outras fontes referem
como uma das principais saídas profissionais para o corpo discente.
10 lbid.
11 lbid . .
12 O Conservatório Real de Lisboa incluía na sua estrutura, para além das escolas, uma «Associação
de Literatos e Artistas», cujos objectivos, como rezavam os estatutos eram «restaurar, conservar, e
aperfeiçoar a litteratura dramatica e a lingua portugueza, a musica, a declamação e as artes
mimicas [promovendo ainda] o estudo da archeologia, da historia e de todos os ramos de
sciencia, de litteratura e de arte que podem auxiliar a dramatica». Os seus sócios eram
personalidades de mérito reconhecido nas respectivas áreas, quer nacionais quer estrangeiros.
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O corpo docente
19 lbid.
20 lbid.
21 lbid.
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Fábio Máximo Carrara Canto Tenor, veio para Portugal integrado numa
(t1869) (sexo feminino) companhia do Teatro de S. Carlos. Ocupa
o lugar até 1842. De novo contratado em
1861.
José Gazul Júnior Flauta e Flautim Filho de um músico catalão que viera para
(t1865) a Real Câmara no séc. XVIII. Flautista da
orquestra do S. Carlos, do Teatro D.
Maria II, da Sé e da Real Câmara.
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que passou o País nesta época, e também no que diz que respeito à menor
atenção com que o poder político olhou para a causa do ensino da música.
Uma carta do Secretário da Inspecção Geral António Gomes Lima ao
Ministro e Secretário de Estado do Ministério do Reino da altura,
Joaquim António de Aguiar, data de 2 de Novembro de 1841, dá bem a
medida de como a conjuntura era desfavorável:
capa, também ele autor de uns Exercicios de agilidade para as vozes de baixo
e barítono, podendo egualmente servir para a voz de contralto transportadas
uma sa
alta, 34 igualmente aprovados, em Junho de 1840, para uso no
Conservatório. 35 Deve-se ainda destacar o Breve Tratado de Musicographia,
obra aprovada pela Escola de Música em Sessão de 11 de Março de 1854,
para ser utilizada nas aulas de Rudimentos, da autoria de José Teodoro
Higino da Silva, que igualmente publicou, em 1856, uma Grammatica
Musical ou Elementos de Musica, compêndio que pensamos não ter sido
objecto de aprovação por parte do Conservatório, e que, mais uma vez,
Vieira refere como não podendo «ser recommendado pela boa redacção
nem pela clareza». 36
Embora não pertencendo ao corpo docente, estavam ainda
consignados nos documentos que regiam a vida do Conservatório dois
cargos muito importantes na vida da Escola de Música. O Regimento
autorizava no seu Artigo 26° «as despesas necessarias para o serviço de um
afinador, e de um copista.». 37 A primeira referência que encontrámos,
relacionada com o copista, ocorre em 7 de Agosto de 1839, na sequência
da preparação dos exames desse ano, em que João Ciríaco Lence, copista
do S. Carlos, se oferece para o cargo. 38 Referente ao primeiro semestre do
ano seguinte temos a primeira notícia de uma conta de «affinações de
pianos e cravos», 39 de João Baptista Antunes, neto de Manuel Antunes, o
primeiro construtor de pianos que se conhece em Portugal, que já antes
cuidava dos instrumentos do Seminário da Patriarcal. 40
]á no ano de 1849, a 25 de Setembro, João Ciríaco Lence apresenta
uma proposta para fornecer «toda a música para os estudos dos alunos»,
O corpo discente
43 O registo desta avaliação era feito directamente sobre a folha do requerimento de candidatura,
cujo processo envolvia ainda uma certidão de baptismo, um atestado de bons costumes e um
certificado de vacinação.
44 Diario do Governo, 5 de Outubro de 1854, p.l251.
45 P-Lc, Livro 3, Cópia dos Oficios da lnspecção Geral dos Theatros 1845/1850.
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Podem dividir-se estes alumnos em duas classes: sendo uma d' ellas
composta de individuas que tão sómente concorrem ás aulas com o
fim de gratuitamente aprenderem uma arte, para seu
intertenimento particular; e a outra, composta d' aquelles que as
frequentam com o intuito de obter, por meio das habilitações que
n' ellas se lhes proporcionam, meios honestos de subsistencia. Os
primeiros, apenas chegam a adquirir certos conhecimentos
superficiaes, com que se julgam aptos para o fim que se tem
proposto, que é de mero recreio, dão por findos os seus estudos, e
sahem do Conservatorio imperfeitos, e apenas iniciados na arte a
que se dedicaram. O mesmo acontece aos outros, ainda que por
diversos motivos; estes, porque pertencem ás classes mais
necessitadas, e que por esta razão, só com grande sacrificio de suas
familias, é que podem dedicar-se ao estudo de uma arte, cuja longa
duração é para elles tanto mais onerosa, quanto o tempo é para
estes infelizes um capital, que não póde estar estagnado, sem grave
detrimento; abandonam os seus estudos logo que, com o pouco que
sabem, podem ganhar uma parca subsistencia; resultando, d'este
inevitavel procedimento, desdouro e descredito para o
Conservatorio. 47
46 P-Lc, documento manuscrito. É o rascunho do Relatório que será enviado ao Ministério do Reino
com a data de 24 de Dezembro de 1841.
47 Conde de F ARROBO, Relatório do Conservatorio Real de Lisboa e lnspecção Geral dos Theatros, p. 8.
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A Escola em funcionamento
54 P-Lc, Livro de Sahida, n° 6, da Escola de Musica /1839-1858/ Registámos apenas, no ano lectivo
de 1861-62, a matrícula de Domingos Eduardo, de 11 anos, exposto da Santa Casa da
Miserjcórdia, q~e nesse 'mesmo ano será «approvado com distinção na 3a classe» da Aula de
Rudimentos (P-Lc, Matriculas, Livro 3~ 1853-1861).
55 P-Lan, MR, ASE, Mç. 3566.
56 P-Lc, Livro de Ordens, da lnspecção Geral, 9 de Março de 1849.
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zelar pelo bem estar das alunas, que solicita, em 10 de Outubro de 1842, «a
graça de lhe mandár dár hum Quarto, cujo fique proximo ás sallas, a fim
de que as allunas tenhão onde possão mudar de sappatos, (em razão da
chuva) e pôr os xappeos; e bem assim para decencia de Estabellecimento,
para n' ellas continuar a guardár-se o dinheiro da Repartição, sem prigo
[si c] de desastrosas consequencias [ ... ] ». No entanto, aí viviam a V ice-
regente, com uma filha, e ainda o amanuense Costa Araújo. É a Vice-
regente, encarregue de zelar pelo bem estar das alunas, que solicita, em 10
de Outubro de 1842, «a graça de lhe mandár dár hum Quarto, cujo fique
proximo ás sallas, a fim de que as allunas tenhão onde possão mudar de
sappatos, (em razão da chuva) e pôr os xappeos; e bem assim para
decencia de Estabellecimento, pede mais que no dito Quarto haja hum
Pote para Agua, pois só a sim se ivitará as allunas virem a Porta da Rua
pedir agua ao Porteiro, couza bem indecente [ ... ].» 57 Larcher considera
pertinente e dá seguimento à reivindicação. Um documento de 1842 dá-
nos conta da atribuição de algumas das salas da Escola de Música: «n° 7,
Canto ambos os sexos, n° 8, Trompa e Flauta, n° 11 e 12 Rudimentos
ambos os sexos». 58 Uma referência ainda para a Sala de Conferências,
onde se faziam, entre outras actividades, as reuniões da Academia. Este
domínio do espaço físico carece no entanto de um estudo mais
aprofundado.
De acordo com o Regulamento Especial_as aulas deveriam iniciar-se
diariamente às 9 horas e 30' da manhã, sendo isto também objecto de
muitas adaptações, o que é perfeitamente compreensivel numa instituição
tão complexa, analisada durante um período tão alargado. A título de
exemplo de como os horários variaram ao longo dos tempos temos o caso
da Ordem n° 103, emanada da Inspecção Geral, que diz: «Sendo mui
encommoda a hora das oito da manhan para a abertura de aulas,
especialmente na estação invernosa, obrigando as jovens do delicado sexo
a que muito antes d'ella se achem n'este Estabelecimento com risco de sua
saude; e informado de que não existe incompatibilidade para que nas tres
differentes escholas do Instituto se principie a leccionar das nove horas da
manhan por diante, prohibo que mais se abram aulas aquella hora das oito
da manhan.» 59
57 P-Lc, Documento manuscrito.
58 lbid.
59 P-Lc, Livro de Ordens, da lnspecção Geral Ordem despachada em 22 de Março de 1842.
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7l lbid.
72 lbid.
73 P-Lc, documento manuscrito de 14 de Agosto de 1843.
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75 lbid.
76 P-Lc, Documento manuscrito, de 8 de Outubro de 1839.
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84 P-Lc, Livro 3, Cópia dos Oficios da Inspecção Geral dos Theatros 1845/1850.
85 P-Lan, MR, ASE, Mç. 3547.
86 lbid.
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90 Revista Universal Lisbonense, n° 35, Tomo II, 2a série, 6 de Junho de 1850, p. 427.
91 lbid, n° 47, vol. II, Série IV, 10 de Agosto de 1843, p. 548.
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Conclusão
104 João Ferreira CAMPOS, Apontamentos relativos à Instrucção Publica apresentados á Academia Real das
Sciencias em}unho de 1858pelo Socio.. ., pp. 27 e 28.
105 Manuel RAMOS, A Musica Portugueza, Porto, p. XXXI.
106 P-Lc, Livro 2° de Entrada, de 1841 a 1845, do Conservatorio Real de Lisboa e lnspecção Geral dos Theatros.
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