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MARCELLE DE SOUSA SIMÕES

POTENCIAL POLUIDOR DAS INDÚSTRIAS NA BACIA DO RIO GRAMAME – RIACHO


MUSSURÉ

Tema:
Poluição Industrial e Potencial Poluidor

Trabalho de Conclusão do Curso apresentado ao


Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da
Universidade Federal da Paraíba, como parte dos
requisitos necessários para obtenção do grau de
Engenheira Civil.

Orientadora: Professora Doutora Carmem Lúcia Moreira Gadelha

João Pessoa - PB
Novembro 2012

2
AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus por tudo em minha vida.


A minha mãe Luciene Maria de Sousa Simões por todo o apoio dado e dedicação.
A todos os colegas de sala, graças a eles os anos de Universidade se tornaram
divertidos.
A todos os professores que transmitiram com muita competência seus conhecimentos
para nós alunos.
A minha orientadora Carmem Lúcia Moreira Gadelha que, com todo trabalho,
disponibilizou tempo e paciência para me ajudar nessa etapa.
Por fim, a todos que de alguma maneira participaram da minha vida.

João Pessoa - PB
Outubro 2012

3
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a minha mãe Luciene


Maria de Sousa Simões e família que esteve em
todos os momentos da minha vida ao meu lado.

4
RESUMO

Este estudo teve como objetivo central investigar e discutir o impacto dos
lançamentos de efluentes domésticos e principalmente industriais, em corpos hídricos
da bacia do rio Gramame, no Estado da Paraíba. Para um estudo mais detalhado
limitou-se a analisar a sub-bacia do riacho Mussuré, que está inserida na bacia em
estudo. Ao longo de sua extensão, o riacho Mussuré recebe lançamento de esgotos
domésticos e efluentes industriais, já que atravessa o Distrito Industrial da cidade de
João Pessoa. A metodologia do trabalho desenvolvido consistiu em estimar
quantitativamente o lançamento de poluentes pelas indústrias e pela população. Para
tal estimativa utilizou-se o Cadastro Industrial da Federação das Indústrias do Estado
da Paraíba (FIEP) e padrões de valores proposto por Von Sperling (2005). As indústrias
foram classificadas a partir da norma MN-050 proposta pela Fundação Estadual de
Engenharia do Meio Ambiente (FEEMA, 2010). Concluiu-se que 44,87% das indústrias
apresentam potencial baixo e 35,98% tem um potencial poluidor alto. Este é um fato
preocupante para a poluição dos corpos hídricos da bacia do rio Gramame, em
especial o reservatório Gramame/Mamuaba.

Palavras chave: Indústria; riacho Mussuré; Efluente.

5
ABSTRACT

This study aimed to investigate central and discuss the impact of releases of
mainly industrial and domestic effluents in water bodies Gramame river basin in the
state of Paraíba. For a more detailed study was limited to analyzing the sub-basin of
the creek Mussuré, which is embedded in the basin under study. Throughout its
length, the creek receives Mussuré of domestic sewage and industrial effluents, since
crosses the Industrial District of the city of João Pessoa. The methodology of the work
was to estimate quantitatively the release of pollutants from industries and the public.
For this estimate we used the Industrial Register of the Federação das Indústrias do
Estado da Paraíba (FIEP), patterns of values proposed by Von Sperling (2005), and
classifying the industries from the MN-050 standard proposed by the Fundação
Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (FEEMA, 2010). It was concluded that
44.87% of industries have low potential and 35.98% have a high pollution potential.
This is a worrying fact for the pollution of water bodies Gramame river basin,
particularly the reservoir Gramame / Mamuaba.

Keywords: Industry; Mussuré stream; Effluent.

6
SIGLAS

AESA - AGÊNCIA EXECUTIVA DE GESTÃO DAS ÁGUAS DO ESTADO PARAÍBA


CAGEPA - COMPANHIA DE ÁGUA E ESGOTOS DA PARAÍBA
CECA - COMISSÃO ESTADUAL DE CONTROLE AMBIENTAL
CHESF - COMPANHIA HIDROELÉTRICA DO SÃO FRANCISCO
CINEP - COMPANHIA DA INDUSTRIALIZAÇÃO DO ESTADO DA PARAÍBA
COMANA - CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE
FEEMA - FUNDAÇÃO ESTADUAL DE ENGENHARIA DO MEIO AMBIENTE
FIEP - FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DA PARAÍBA
IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA
SCIENTEC - ASSOCIAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA
SLAP - SISTEMA DE LICENCIAMENTO DE ATIVIDADES POLUIDORAS
SUDEMA - SUPERINTENDÊNCIA DA ADMINISTRAÇÃO DO MEIO AMBIENTE
SUDENE - SUPERINTENDÊNCIA DO DESENVOLVIMENTO DO NORDESTE
ONU - ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS

7
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Divisão de sólidos totais ................................................................................ 20


Figura 2 - Representação das DBO5, DBOu e DQO ........................................................ 21
Figura 3 - Localização da bacia do rio Gramame .......................................................... 27
Figura 4 - Municípios que compõem a bacia do rio Gramame ..................................... 28
Figura 5 - Curso e Localização do riacho Mussuré ........................................................ 30
Figura 6 - Trechos do riacho Mussuré ........................................................................... 45

8
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Número de Indústria por tipologia .............................................................. 47


Gráfico 2 - Análise cruzada entre porte e tipologia das indústrias ............................... 50
Gráfico 3 - Análise cruzada entre potencial poluidor e tipologia das indústrias .......... 51
Gráfico 4 - Comparação das Metodologias ................................................................... 53

9
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Modelo para exemplificação a classificação da norma MN-050.R5 ........... 43

10
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Classificação das fontes poluidoras .............................................................. 18


Tabela 2 - Principais parâmetros de importância nos efluentes industriais, em função
do ramo de atividade da indústria ................................................................................ 34
Tabela 3 - Vazão específica média de algumas indústrias ............................................ 35
Tabela 4 - Características das águas residuais das indústrias ....................................... 37
Tabela 5 - Parâmetros para Avaliação de Potencial Poluidor ....................................... 40
Tabela 6 - Porte da atividade ........................................................................................ 40
Tabela 7 - Classificação das indústrias quanto ao porte seguindo norma NA-051.R56
....................................................................................................................................... 41
Tabela 8 - Classificação proposta pela norma MN-50-R5 ............................................ 42
Tabela 9 - Vazão das indústrias lançadas no riacho Mussuré ....................................... 44
Tabela 10 - Carga de DBO lançada pelas Indústrias por trecho .................................... 45
Tabela 11 - Concentração de DBO ................................................................................ 45
Tabela 12 - Carga e Concentração de DBO de efluentes domésticos ........................... 46
Tabela 13 - Parâmetros do Riacho Mussuré obtidos em loco ...................................... 46
Tabela 14 - Classificação das indústrias quanto à norma MN 050.R5 .......................... 48
Tabela 15 - Comparação das Metodologias .................................................................. 52

11
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 14
2 OBJETIVOS ......................................................................................................... 16
2.1 Objetivo geral .............................................................................................. 16
2.2 Objetivos específicos ................................................................................... 16
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .............................................................................. 17
3.1 Poluição de corpos hídricos.......................................................................... 17
3.1.1 Poluição Química ......................................................................................... 17
3.1.2 Poluição Física .............................................................................................. 17
3.1.3 Poluição biológica ........................................................................................ 18
3.2 Fontes Poluidoras ........................................................................................ 18
3.3 Caracterização das fontes poluidoras ........................................................... 19
3.3.1 Esgoto doméstico ......................................................................................... 19
3.3.2 Depósitos de lixo .......................................................................................... 23
3.3.3 Agricultura.................................................................................................... 23
3.3.4 Indústrias...................................................................................................... 23
3.4 Fatores que afetam o comportamento dos poluentes .................................. 25
4 IMPORTÂNCIA E CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ................................... 27
4.1 Bacia do Rio Gramame ................................................................................. 27
4.1.1 Importância da bacia do Gramame ............................................................. 28
4.2 Riacho Mussuré ........................................................................................... 30
4.3 Distrito Industrial de João Pessoa ................................................................ 31
5 METODOLOGIA .................................................................................................. 32
5.1 Estimativa da DBO ....................................................................................... 32
5.1.1 Vazão do Esgoto doméstico ......................................................................... 32
5.1.2 Vazão do esgoto industrial........................................................................... 33
5.1.3 Carga e Concentração de DBO ..................................................................... 36
5.1.4 Equivalente populacional ............................................................................. 36
5.1.5 DBO industrial de João Pessoa ..................................................................... 36
5.1.6 Medição da vazão em loco e obtenção de parâmetros do riacho Mussuré. 38
5.2 Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (FEEMA) .................... 39
5.2.1 Quanto ao porte das indústrias ................................................................... 39
5.2.2 Quanto à tipologia e o potencial poluidor ................................................... 41
6 RESULTADOS ...................................................................................................... 44

12
6.1 Estimativa da DBO ....................................................................................... 44
6.2 Classificação das fontes poluidoras (FEEMA) ................................................ 47
6.3 Análise cruzadas .......................................................................................... 50
7 COMPARAÇÃO DE METODOLOGIAS .................................................................... 52
8 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 54
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 55

13
1 INTRODUÇÃO

A poluição da água é a introdução diretamente ou indiretamente de partículas


estranhas ao ambiente natural dos corpos hídricos, sendo potencialmente nociva à
fauna, flora, bem como populações humanas, vizinhas a tal local ou que utilizem essa
água.
Há três formas principais de poluição dos corpos hídricos, a forma química, a
física e a biológica: a química altera a composição da água e com esta reage; a física,
ao contrário da química, não reage com a água, porém afeta negativamente a vida do
ecossistema; a biológica consiste na introdução de organismos ou microorganismos
estranhos ao ecossistema, ou então no aumento danoso de determinado organismo
ou microorganismo já existente.
“A cada dia, milhões de toneladas de esgoto tratado inadequadamente,
resíduos agrícolas e industriais são despejados nas águas de todo o mundo. (…) Todos
os anos, morrem mais pessoas das conseqüências de água contaminada do que de
todas as formas de violência, incluindo a guerra. (…) A contaminação da água
enfraquece ou destrói os ecossistemas naturais que sustentam a saúde humana, a
produção alimentar e a biodiversidade. (…) A maioria da água doce poluída acaba nos
oceanos, prejudicando áreas costeiras e a pesca”. (da Declaração da “ONU Água” para
o Dia Mundial da Água, 2010).
A água doce, com salinidade igual ou inferior a 0,5 ‰ conforme a Resolução
357/2005 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) acumula inúmeras
funções, como exemplo: transporte de nutrientes, regulagem de temperatura corporal
(função biológica para os seres vivos), abastecimento urbano, irrigação agrícola,
geração de energia, abastecimento industrial, transporte de cargas e passageiros, etc.
Também os corpos hídricos recebem efluentes domésticos e industriais, com alta carga
de poluentes, muitas vezes sem nenhum tratamento prévio. Porém esses corpos
hídricos têm a capacidade de se recuperar das cargas poluidoras recebidas, processo
esse chamado de autodepuração. De acordo com Sperling (2005), a autodepuração
pode ser entendida como um fenômeno de sucessão ecológica, em que o
restabelecimento do equilíbrio no meio aquático, ou seja, a busca pelo estágio inicial

14
encontrado antes do lançamento de efluentes é realizada por mecanismos
essencialmente naturais. Claro que existe um limite de lançamento de poluentes que
cada corpo hídrico pode receber, variando conforme as características de cada um.
A bacia do rio Gramame (Paraíba, Brasil) abriga o Pólo Industrial da cidade de
João Pessoa que é responsável pelo lançamento de efluentes com diversos tipos de
substâncias poluidoras. O riacho Mussuré atravessa o Distrito Industrial desaguando
no rio Mumbaba, que é um dos efluentes do rio Gramame, a jusante do reservatório
de Gramame/Mumbaba. Este reservatório é maior responsável pelo abastecimento de
água das cidades de João Pessoa, Bayeux, Santa Rita (apenas o distrito de Várzea Nova)
e Cabedelo. Além dos efluentes industriais, a inadequada coleta, transporte,
tratamento e destino final de esgotos domésticos e resíduos sólidos aumentam a
parcela de poluição nos corpos hídricos.
O grande volume de efluentes lançados diretamente no riacho Mussuré
prejudica sua assimilação afetando o processo de autodepuração, fazendo com que ele
não se recupere totalmente da carga poluidora recebida. Outro agravante é a questão
da chuva, pois ela ajuda na diluição da poluição. Nesta região as chuvas se concentram
praticamente em seis meses do ano. (CIÊNCIA HOJE, Vol.39. Purificar o Mussuré,
2007).
Os efeitos desta carga poluidora no referido Riacho podem ser percebidos, de
forma subjetiva, em praticamente todo o seu curso. Portanto, é evidente a
importância de uma investigação sobre os impactos destes efluentes na qualidade da
água do riacho Mussuré.

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral


Estudar o potencial poluidor das indústrias que atinge os corpos hídricos da
bacia do rio Gramame, em especial o riacho Mussuré, e mostrar sua origem,
capacidade, composição e os tipos de poluentes que são mais comuns.

2.2 Objetivos específicos


Levantar as principais fontes poluidoras presentes na bacia do rio Gramame.
Descrever os padrões de lançamento de efluente qualificando-os quanto aos
padrões da legislação.
Classificar as indústrias quanto a sua capacidade de poluição, tipologia e porte.

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3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 Poluição de corpos hídricos


A poluição dos ecossistemas aquáticos tem aumentado consideravelmente nas
últimas décadas, fator causado pelo grande desenvolvimento da sociedade pós-
industrial. A qualidade da água é afetada pelas diversas atividades humanas, sejam
elas domésticas, industriais ou comerciais. Cada uma dessas atividades afeta de modo
diferente o ecossistema. Então qualquer estudo nessa área deve levar em
consideração a atividade individual e interação com as outras fontes de poluição.
Assim a poluição da água é causada pela introdução de matéria ou energia no corpo
hídrico pela atividade antrópica, que venha alterar suas características físicas, químicas
e biológicas.

3.1.1 Poluição Química


Dois tipos de poluentes caracterizam a poluição química:
Biodegradáveis: são produtos químicos que ao final de um tempo, decompõem
pela ação de bactérias.
Persistentes: são produtos químicos que se mantém por longo tempo no meio
ambiente e nos organismos vivos. Estes poluentes podem causar graves problemas
como a contaminação de alimentos, peixes e crustáceos. Exemplos de poluentes
persistentes o DDT (diclodifenitricloroetano), o mercúrio, etc.

3.1.2 Poluição Física


Denomina-se poluição física aquela que altera as características físicas da água,
sendo as principais: poluição térmica e poluição por sólidos.
Poluição térmica: decorre do lançamento nos rios de água aquecida, usada no
processo de refrigeração de refinarias, siderúrgicas e usinas termoelétricas.
Poluição por resíduos sólidos: podem ser sólidos suspensos, coloidais e
dissolvidos. Em geral esses sólidos podem ser provenientes de ressuspensão de fundo
devido à circulação hidrodinâmica intensa, provenientes de esgotos industriais,
domésticos, da erosão de solos carregados pelas chuvas ou erosão das margens.

17
3.1.3 Poluição biológica
A água pode ser infectada por organismos patogênicos, existentes nos esgotos.
Assim, ela pode conter:
Bactérias: provocam infecções intestinais, epidérmicas e endêmicas (febre
tifóide, cólera, shigelose, salmonelose, leptospirose);
Vírus: provocam hepatites e infecções nos olhos;
Protozoários: responsáveis pelas amebíases e giardíases;
Vermes: esquistossomose e outras infestações.

3.2 Fontes Poluidoras


As fontes de poluição podem ser divididas, quanto ao modo de lançamento, em
três tipos: fonte de poluição pontual, difusa e mista (Tabela 1). Poluição pontual:
refere-se àquelas onde os poluentes são lançados em pontos específicos dos corpos
d’água e de forma individualizada, as emissões ocorrem de forma controlada,
podendo-se identificar um padrão médio de lançamento. Exemplos típicos de fontes
pontuais de poluição são as indústrias e estações de tratamento de esgotos (Mierzwa,
2001).
Tabela 1 – Classificação das fontes poluidoras.
Micropoluentes Óleos
Fontes Bactérias Nutrientes Pesticidas/Herbicidas Orgânicos e
Industriais Graxas
Atmosfera 1 3-G 3-G
Fontes Pontuais
Esgoto doméstico 3 3 1 3
Esgoto industrial 1 3-G 2
Fontes Difusas
Agrícolas 2 3 3-G
Drenagem 1 2 3 1
Navegação e portos 1 1 1 3
Fontes Mistas
Escoamento Urbano e 2 2 2 2 2
depósitos de lixo
Depósitos de cargas 1 1 3 1
industriais
Tabela: características das fontes de poluição (FONTE: Tucci,1998)
(1) Fonte de significância local
(2) de moderada significância local/regional
(3) de significância regional
(G) de significância global

18
A poluição difusa: se dá quando os poluentes atingem os corpos d’água de
modo aleatório, não havendo possibilidade de estabelecer qualquer padrão de
lançamento, seja em termos de quantidade, freqüência ou composição. Exemplos
típicos de poluição difusa são os lançamentos das drenagens urbanas, escoamento de
água de chuva sobre campos agrícolas e acidentes com produtos químicos ou
combustíveis. As fontes mistas: são aquelas que englobam características de cada uma
das fontes anteriormente descritas (Mierzwa, 2001).

3.3 Caracterização das fontes poluidoras


Cada atividade emite poluentes em diferentes quantidades e características, e
cada um destes contaminantes causam efeitos variados nos corpos hídricos. A seguir
serão listadas diversas atividades potencialmente geradoras de poluição dos sistemas
hídricos em geral, identificados os principais poluentes emitidos e seus efeitos no
ambiente onde são lançados.

3.3.1 Esgoto doméstico


As águas que compõe o esgoto doméstico compreendem as utilizadas para
higiene pessoal, cozinhar alimentos, lavagem de alimentos e utensílios, além da usada
em vasos sanitários. Os esgotos domésticos são constituídos, principalmente por
matéria orgânica biodegradável, microorganismos (bactérias, vírus, etc.), nutrientes
(nitrogênio e fósforo), óleos, graxas, detergentes e metais.

Características Físicas:
- Temperatura:
Ligeiramente superior a da água de abastecimento;
Variação conforme as estações do ano (mais estável que a temperatura do ar);
Influência da atividade microbiana;
Influência da solubilidade dos gases;
Influência da viscosidade do líquido.
- Cor:
Esgoto fresco: ligeiramente cinza;
Esgoto séptico: cinza escuro ou preto.

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- Odor:

Esgoto fresco: odor oleoso, relativamente desagradável;


Esgoto séptico: odor fétido (desagradável), devido ao gás sulfídrico e a outros produtos
da decomposição;
Despejos industriais: odores característicos.
- Turbidez:
Causada por uma grande variedade de solos em suspensão;
Esgotos mais frescos ou mais concentrados: geralmente maior turbidez.

Características Químicas:
- Sólidos totais:
Suspensão: fração dos sólidos orgânicos e inorgânicos que são filtráveis (não
dissolvidos). Divididos em Fixos e Voláteis.
Dissolvido: fração dos sólidos orgânicos e inorgânicos que não são filtráveis. Divididos
em Fixos e Voláteis.
Sedimentáveis: fração dos sólidos orgânicos e inorgânicos que sedimentam em 1 hora
no cone Imhoff.
A Figura 1 mostra a divisão dos sólidos totais contidos numa amostra de água.

Figura 1 – Divisão de sólidos totais.


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- Matéria orgânica:

Mistura heterogênea de diversos compostos orgânicos. Principais componentes:


proteínas, carboidratos e lipídios.
DBO5: Demanda Bioquímica do Oxigênio. Medida no 5º dia, a 20°C. Está
associada à fração biodegradável dos componentes orgânicos carbonáceos. É uma
medida do oxigênio consumido após 5 dias pelos microorganismos na estabilização
bioquímica da matéria orgânica.
DQO: Demanda Química de Oxigênio. Representa a quantidade de oxigênio
requerida para estabilizar quimicamente a matéria orgânica carbonácea. Utilizam
fortes agentes oxidantes em condições ácidas.
DBO última: Demanda Última de Oxigênio. Representa o consumo total de
oxigênio, ao final de vários dias, requerido pelos microrganismos para a estabilização
bioquímica da matéria orgânica.
COT: Carbono Orgânico Total. É uma medida direta da matéria orgânica
carbonácea. É determinado através da conversão do carbono orgânico a gás carbônico.
Na Figura 2 encontra-se a representação das DBO5 , DBOu e DQO.

Figura 2 – Representação das DBO5 , DBOu e DQO.

21
- Nitrogênio Total:
O nitrogênio total inclui o nitrogênio orgânico, amônia, nitrito e nitrato. É um nutriente
indispensável para o desenvolvimento dos microrganismos no tratamento biológico. O
nitrogênio orgânico e a amônia compreendem o denominado Nitrogênio Total Kjeldahl
(VON SPERLING, M,2005).
Compostos orgânicos decomposição bacteriana NH3(amônia)
Nitrogenados
NH3 + O2 nitrificação bacteriana NO3- (nitrato)

NO3- + AH2 desnitrificação A + H2O + N2

- Fósforo:
O fósforo total existe na forma orgânica e inorgânica. É um nutriente indispensável no
tratamento biológico.
- Ph:
Indicador de características ácidas ou básicas do esgoto. Uma solução é neutra em pH
7. Os processos de oxidação biológica normalmente tendem a reduzir o pH.
- Alcalinidade:
Indicador da capacidade tampão do meio (resistência as variações do pH). Devido à
presença de bicarbonato, carbonato e íon hidroxila (OH-).
- Cloretos:
Provenientes da água de abastecimento e dos dejetos humanos.
- Óleos e graxas:
Fração da matéria orgânica solúvel em hexanos. Nos esgotos domésticos, as fontes são
óleos gorduras utilizadas nas comidas.

Características Biológicas:
Bactérias;
Fungos;
Protozoários;
Vírus;
Helmintos;

22
3.3.2 Depósitos de lixo
Os depósitos de lixo contêm resíduos sólidos de atividades domésticas,
hospitalares, industriais e agrícolas. A composição do lixo depende de fatores como
nível educacional, poder aquisitivo, hábitos e costumes da população.
Entre os principais impactos nos sistemas hídricos está o acúmulo deste
material sólido em galerias e dutos, impedindo o escoamento do esgoto pluvial e
cloacal. Pode-se ainda citar que a decomposição do lixo, produz um líquido altamente
poluído e contaminado denominado chorume. Em caso de má disposição dos rejeitos,
o chorume atinge os mananciais subterrâneos e superficiais. Este líquido contém
concentração de material orgânico equivalente a uma escala de 30 a 100 vezes o
esgoto sanitário, além de microrganismos patogênicos e metais pesados (Benetti e
Bidone, 1995).

3.3.3 Agricultura
Os principais poluentes da atividade agrícola são os defensivos e fertilizantes.
Os defensivos químicos empregados no controle de pragas são pouco específicos,
destruindo indiferentemente espécies nocivas e úteis. Existem praguicidas
extremamente tóxicos, mas instáveis. Eles podem causar danos imediatos, mas não
causam poluição em longo prazo. Um dos problemas do uso dos praguicidas é o
acúmulo ao longo das cadeias alimentares. Os inseticidas quando usados de forma
indevida, acumulam-se no solo, os animais se alimentam da vegetação prosseguindo o
ciclo de contaminação. Com as chuvas, os produtos químicos usados na composição
dos pesticidas infiltram no solo contaminando os lençóis freáticos e acabam
escorrendo para os rios continuando a contaminação.

3.3.4 Indústrias
As águas residuárias industriais apresentam uma grande variação tanto na sua
composição como na sua vazão, refletindo seus processos de produção. Originam-se
em três pontos:
Águas sanitárias: efluentes de banheiro e cozinhas;
Águas de refrigeração: água utilizada para resfriamento;
Águas de processos: águas que têm contato direto com a matéria-prima do
produto processado.

23
As características das águas sanitárias são as mesmas dos esgotos domésticos.
Já as águas de resfriamento possuem dois impactos importantes que devem ser
destacados. O primeiro é a poluição térmica, pois para os seres vivos, os efeitos da
temperatura dizem respeito à aceleração do metabolismo, ou seja, das atividades
químicas que ocorrem nas células. Em segundo lugar é que as águas de refrigeração
são fontes potenciais de cromo, as quais são responsáveis por parte das altas
concentrações de cromo nos corpos hídricos. As águas do processo industrial têm
características próprias do produto que está sendo manufaturado.
Em termos do processo biológico dos tratamentos dos despejos industriais,
assumem importância os aspectos:
Biodegradabilidade:
Capacidade dos despejos de serem estabilizados por processos bioquímicos,
através de microrganismos.
Tratabilidade:
Facilidade dos despejos de serem estabilizados por processos biológicos
convencionais.
Concentração de matéria orgânica – DBO dos despejos, a qual pode ser:
- Mais elevada do que os esgotos domésticos (despejos predominantemente
orgânicos, tratáveis por processos biológicos).
- Inferior aos esgotos domésticos (despejos não predominantemente orgânicos, em
que é menor a necessidade de remoção da DBO, mas em que o caráter poluidor pode
ser expresso em termos de outros parâmetros de qualidade).
Disponibilidade de nutrientes:
O tratamento biológico exige um equilíbrio harmônico entre os nutrientes
C:N:P. Tal equilíbrio é normalmente encontrado em esgotos domésticos.
Toxidez:
Determinados despejos industriais possuem constituintes tóxicos ou inibidores,
que podem afetar ou inviabilizar o tratamento biológico.
É considerada uma prática que surte bons resultados a integração dos despejos
industriais com os esgotos domésticos, na rede pública de esgotamento sanitário, para
posterior tratamento conjunto na estação. Para que tal prática seja eficaz, é necessário

24
que sejam previamente removidos dos despejos industriais os contaminantes que
possam causar um dos seguintes problemas:
- Toxidez ao tratamento biológico;
- Toxidez ao tratamento do lodo e à sua disposição final;
- Riscos à segurança, problemas na operacionalidade da rede coletora e interceptação;
- Presença de contaminante no efluente do tratamento biológico, devido ao fato do
mesmo não ser removido pelo tratamento.

3.4 Fatores que afetam o comportamento dos poluentes


Ao atingirem os corpos hídricos os poluentes são submetidos a diversos
mecanismos físicos, químicos e biológicos. Estes mecanismos alteram o
comportamento dos poluentes e suas respectivas concentrações, o que pode ser
benéfico ou não. Os fatores que afetam o comportamento dos poluentes são:
Diluição:
Refere-se à redução da concentração do poluente quando este atinge o corpo
d’água. A diluição só é efetiva se a concentração do poluente no corpo d’água é
significativamente menor do que no efluente que está sendo lançado.
Ação hidrodinâmica:
Fenômeno associado ao deslocamento da água nos corpos hídricos. O
transporte dos poluentes é afetado pelo campo de velocidade no meio, ou seja,
quanto mais intenso o campo de velocidade, mais rapidamente o poluente será
afastado do ponto de despejo. A dinâmica do sistema tem grande influência sobre o
processo de diluição, que ocorre por difusão molecular ou turbulenta. Os movimentos
intensos de água favorecem as trocas gasosas, mas podem resultar na ressuspensão de
contaminantes.
Ação da gravidade:
Pode favorecer a sedimentação dos contaminantes que sejam mais densos que
o meio líquido no qual se encontra.
Luz:
A presença de luz é a condição necessária para a presença de algas, as quais
são fontes básicas de alimento para a biota aquática, além de produzir oxigênio
durante a fotossíntese.

25
Temperatura:
Influencia vários processos que ocorrem nos corpos d´água (cinética das
reações químicas, atividade microbiológica e características físicas do meio).
Ação microbiológica:
Contaminantes biodegradáveis têm a sua concentração reduzida pela ação de
microrganismos presentes no meio aquático. O processo de redução da concentração
de contaminantes por microrganismos é conhecido como autodepuração, e contempla
as seguintes etapas: a) decomposição da matéria orgânica, que é quantificada por
meio da Demanda Bioquímica Oxigênio (DBO); b) recuperação do oxigênio dissolvido
ou reaeração. O processo de autodepuração depende do potencial poluidor do
despejo, concentração do oxigênio dissolvido na água, características hidrodinâmicas
do corpo e da temperatura.

26
4 IMPORTÂNCIA E CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

4.1 Bacia do Rio Gramame


A bacia do rio Gramame localiza-se entre as latitudes 7º11’ e 7º23’ Sul, as
longitudes 34º48’ e 35º10’ Oeste (Figura 3). Situa-se na região denominada Litoral Sul
do Estado da Paraíba, próximo a capital do Estado. Abrange os municípios de Alhandra,
Conde, Cruz de Espírito Santo, João Pessoa, Santa Rita, São Miguel do Taípu e Pedras
de Fogo.

Figura 3 - Localização da bacia do rio Gramame.

A área de drenagem da bacia é de 589,1 km². O principal curso d’água é o rio


Gramame, com extensão de 54,3 km, e seus principais afluentes são os rios Mumbaba,
Mamuaba e Água Boa.
A Bacia apresenta um formato ligeiramente arredondado, de forma compacta e
regular. Esta forma influencia no escoamento do curso da água, podendo assim dizer
que a bacia do rio Gramame não está muito sujeita a enchentes. A área da bacia
hidrográfica do rio Gramame possui um histórico de conflitos motivados
principalmente pela questão da degradação ambiental, em função da extensa área de

27
plantio da cana-de-açúcar e os elevados índices de assoreamento do rio principal,
devido às atividades industriais.

Figura 4 - Municípios que compõem a bacia do rio Gramame.

4.1.1 Importância da bacia do Gramame


As bacias hidrográficas são responsáveis pelo abastecimento de água de uma
região. A prioridade da demanda é dada para o abastecimento da população, em
segundo plano atende as necessidades do setor de irrigação, industrial e outros. A
bacia do rio Gramame possui três usos principais: Abastecimento urbano, irrigação e
exportação para a barragem de Marés que auxilia no abastecimento da cidade de João
Pessoa.
Oficialmente é registrada na Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado
Paraíba (AESA), a montante da barragem, 18 (dezoito) pontos de captação para
atendimento as demandas, sendo os dois maiores pertencentes à Companhia de Água
e Esgotos da Paraíba (CAGEPA), captando 2.469,97 l/s, uma média anual de 94,69% de
toda a água que é retirada com a concessão de outorga. Os outros 5,31% ficam
distribuídos para as outorgas de irrigação, uma média de 138,39 l/s ao mês. (FONSECA,
F, 2008).

28
Abastecimento Urbano:
O abastecimento urbano da bacia hidrográfica do rio Gramame atende aos
municípios de: João Pessoa com 683.280 habitantes, Bayeux com 96.124 habitantes,
Cabedelo com 53.017 habitantes, Pedras de Fogo com 26.282 habitantes e o Conde
com 20.864 habitantes e ao distrito de Várzea Nova pertence ao município de Santa
Rita com uma população estimada de 12.403 habitantes. (IBGE, 2006-2007).
Atualmente a demanda de João Pessoa é de 2.165,10 l/s atendidas através dos
mananciais Gramame-Mamuaba, Marés (não está inserido na bacia do Gramame e sim
na bacia do rio Paraíba) e poços. A cidade de Bayeux e o distrito de Várzea Nova são
atendidos com 180,20 l/s e 32,80 l/s, respectivamente, com águas vindas de Marés e
Mumbaba. A demanda da cidade de Pedras de Fogo é de 17,80 l/s sendo captadas em
uma barragem de nível no Alto Gramame. A cidade de Cabedelo tem uma demanda de
140,20 l/s atendida diretamente do Gramame-Mamuaba. A cidade do Conde tem
demanda de 23,20 l/s atendida por poços, dentro da bacia hidrográfica a montante das
barragens. As demandas para abastecimento urbano foram determinadas através de
dados disponíveis em planilhas de controle interno utilizadas pela CAGEPA no ano de
2007 (FONSECA, F, 2008).
Irrigação:
A área onde se localiza a bacia do rio Gramame, possui uma intensa irrigação,
com variados tipos de cultivos (predominantemente inhame, feijão, batata-doce,
abacaxi, cana-de-açúcar e capim). O de maior destaque e consumo de água é o cultivo
de cana-de-açúcar pela fazenda GIASA, que atua desde 1971 no setor sucroalcooleiro e
produz cerca de 90 milhões de litros de álcool por ano. A demanda se acentua nos
meses entre agosto e fevereiro, que é período de crescimento vegetativo da cana.
Indústria:
Segundo a Companhia da Industrialização do Estado da Paraíba (CINEP), o
Distrito Industrial da cidade de João Pessoa conta, atualmente, com 155 empresas,
estando 83 em funcionamento. Essas indústrias são de pequeno, médio e grande
porte, de diversos gêneros, sendo os principais: indústrias de alimentos e bebidas,
metalúrgicas, indústrias de reciclagem, fabricação de móveis, tubos PVC, pré-
moldados, produtos elétricos, indústrias têxteis, de calçados, produtos plásticos,
tintas, gráficas, industrialização de algas marinhas, borracha, papel, adesivos, espuma,

29
produtos cerâmicos, beneficiamento de granito e bentonita. Aproximadamente 4700
pessoas estão diretamente empregadas no Distrito Industrial de João Pessoa
(SCIENTEC, 2000).
O abastecimento de água é de responsabilidade da CAGEPA, utilizando-se a
rede da cidade. Algumas indústrias auxiliam o abastecimento com água proveniente de
poços particulares ou retira diretamente do rio.

4.2 Riacho Mussuré


Inserido na bacia do rio Gramame, o riacho Mussuré cruza o Bairro das
Indústrias, onde está localizado o Distrito Industrial de João Pessoa. Por esta
localização o índice de poluição dos recursos hídricos nesta área é elevado, recebendo
efluentes não tratados provenientes das indústrias e da população que reside na
região. A Figura 5 mostra o trajeto do riacho Mussuré.
O riacho Mussuré segue seu curso até desaguar no rio Mumbaba que em
seqüência deságua no rio Gramame. O índice de poluição vem aumentando com o
passar dos anos, a industrialização da cidade de João Pessoa. Há ainda um
agravamento da degradação da bacia do rio Gramame, causado pela grande
irregularidade na distribuição da precipitação que ocorre na região da bacia e a baixa
vazão desses cursos d’água, que não poderiam ser usados como diluidores de
despejos.
Figura 5 - Curso e Localização do riacho Mussuré.

30
4.3 Distrito Industrial de João Pessoa
Como todos os Estados nordestinos, a Paraíba recebeu, na década de 60, os
incentivos fiscais e creditícios, oriundos dos planos de desenvolvimento da
Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE). Foram criados Distritos
Industriais nas principais cidades (João Pessoa, Campina Grande, Guarabira, Sousa,
Cajazeiras, Santa Rita, Patos), porém não se pode afirmar que tal fato provocou
transformações no quadro industrial do Estado. Muitas indústrias, que se
aproveitaram dessa política, estabelecendo-se aqui, eram desvinculadas da realidade
paraibana, e terminando os incentivos, fecharam suas portas.
O Distrito Industrial de João Pessoa está localizado às margens da BR 101, entre
os quilômetros 85 e 92, no sentido João Pessoa – Recife, estando aproximadamente 6
km do centro da capital paraibana e contando com uma área de 646 ha.
O serviço de energia elétrica utilizado pelo Distrito Industrial faz parte do
sistema através da concessionária ENERGISA, com tensão de fornecimento 13,8kV,
tensão de saída 220/380V e freqüência de 60Hz. O Distrito também dispõe de
abastecimento de gás natural e o abastecimento de água é efetuado pela CAGEPA.
O Bairro das Indústrias, onde se localiza o Distrito Industrial tem uma densa
área residencial que é atendida pelo serviço de transporte coletivo, mas deixa a
desejar com a questão de coleta de lixo e esgotamento sanitário. Apenas parte da
população tem acesso a esses dois últimos serviços.
A área do Distrito industrial é cortada pelo riacho Mussuré, passando este a ser
o principal receptor de cargas poluidoras provenientes das indústrias. Os efluentes
lançados pelas indústrias são de sua total responsabilidade, estes devem possuir um
tratamento adequado para poder ser lançado no corpo hídrico, neste caso o riacho
Mussuré.
Como a fiscalização é falha, o lançamento dos efluentes industriais, em sua
grande maioria, não possui nenhum tratamento, o que fica impossibilitado um estudo
mais profundo ligando o tipo da indústria e a composição de seus rejeitos.

31
5 METODOLOGIA

5.1 Estimativa da DBO


Para o cálculo estimado do potencial poluidor das indústrias foi necessário a
determinação ou o levantamento dos parâmetros descritos a seguir.

5.1.1 Vazão do Esgoto doméstico


Este engloba rejeito de residência, instituições e comércio. Proveniente de
águas utilizadas para higiene, cozimento de alimentos, etc. O esgoto doméstico é
geralmente perene. Sua composição é essencialmente orgânica. É constituído de
elevada percentagem de água (99,9%), sólidos suspensos, coloidais e dissolvidos
(0,1%). Normalmente a vazão doméstica é calculada com base no consumo de água da
população. Uma quota per capita do consumo de água por habitante é multiplicado
pelo número da população.
Para obter o valor da quota per capita, representada na Equação 1, foi
necessário ter a informação da renda familiar média da região. Neste caso
considerado que a renda média para uma família é de dois salários mínimos.

qm renda /(0,021 0,003 renda) (1)

qm = quota per capita de água (l/hab dia).


Renda = renda familiar em números de salários mínimos.
Vazão média:
De maneira geral a produção de esgoto corresponde aproximadamente ao
consumo de água. No entanto, a fração de esgotos que entra na rede coletora pode
variar, pois parte da água consumida pode ser incorporada à rede pluvial (Ex: rego de
jardins e parques). Outros fatores de influência em um sistema separador absoluto
são:
- A ocorrência de ligações clandestinas dos esgotos à rede pluvial;
- Ligações individuais dos esgotos à rede pluvial;
- Infiltração.
A fração de água fornecida que adentra a rede de coleta na forma de esgoto é
denominada coeficiente de retorno (R: vazão de esgotos / vazão de água). Os valores
32
de R variam de 60 % a 100 %, sendo que um valor usualmente adotado tem sido o de
80 % (R = 0,8).
O cálculo da vazão média é dado pela Equação 2:

P qm R
Qméd (2)
86400 (l / s )

P = população.
R = coeficiente de retorno
O consumo de água e geração de esgotos em uma localidade varia ao longo do
dia (variações horárias), ao longo da semana (variações diárias) e ao longo do ano
(variações sazonais). Para computar essa diferença de vazão de esgoto, utilizam-se os
coeficientes abaixo:
K1 = 1,2 (coeficiente do dia de maior consumo).
K2 = 1,5 (coeficiente da hora de maior consumo).
K3 = 0,5 (coeficiente da hora de menor consumo).
Qmax Qmed K1 K 2 (3)
Qmim Qmed K 3 (4)

5.1.2 Vazão do esgoto industrial


A vazão de esgoto proveniente dos despejos industriais é função do tipo e
porte da indústria, processo, grau de reciclagem, existência de pré-tratamento etc. Na
Tabela 2 estão presente os principais parâmetros existentes nos efluentes industriais
dependo da atividade exercida.
Caso não se disponha de informações específicas da indústria, a Tabela 3 pode
servir como uma orientação inicial para estimativa da sua provável faixa de vazão. Por
simplicidade, pode-se admitir que a vazão de esgotos seja igual ao consumo de água.
O padrão de lançamento dos despejos industriais, ao longo do dia, não segue a
vazão doméstica, variando substancialmente de indústria para indústria. Os picos
industriais não coincidem necessariamente com os picos domésticos, ou seja, a vazão
máxima total (doméstica + industrial) costuma ser, na realidade, inferior ao somatório
simples das vazões máximas.

33
Tabela 2 – Principais parâmetros de importância nos efluentes industriais, em
função do ramo de atividade da indústria.
Óleos
DBO
Ramo Tipo SS e Fenóis Ph CN- Metais
DQO
graxas
Usinas de açúcar e álcool X X X X
Conservas carne/peixe X X X
Produtos Laticínios X X X X
Alimentícios Matadouros e frigoríficos X X X
Conservas de frutas e vegt. X X X
Moagem de grãos X X
Refrigerantes X X X X
Bebidas
Cervejaria X X X X
Algodão X X
Lã X X X
Têxtil
Sintéticos X X
Tingimento X X X X
Curtimento vegetal X X X X X
Couro e peles
Curtimento ao cromo X X X X X
Process. Da poupa
Papel celulose X X X X
Fabric de papel e papelão X X X X
Vidros e espelhos X X X X
Produtos
Fibra de vidro X X X X
minerais não
metálicos Cimento X X X
Cerâmica X X X
Artefatos de borrachas X X X X
Borrachas
Pneus e câmaras X X X X
Produtos químicos (vários) X X X X
Lab fotográfico X
Produtos
Tintas e corantes X
químicos
Inseticidas X X
Desinfetantes X X
Plásticos Plásticos e resinas X X X X X
Perfum. E sabão Cosmét, deterg e sabão X X X
Produção de peças
Mecânica
metálicas X X
Produção de ferro gusa X X X X X X X
Metalúrgica Siderúrgicas X X X X X
Tratamento de superfícies X X X X X X
Mineração Atividades extrativas X X
Combustíveis e
Derivados de
lubrificantes X X X X
petróleo
Usinas de asfalto X X
Artig. Elétrico Artigos elétricos X X
Madeira Serrarias, compensados X
Serv. Pessoais Lavanderias X X X
FONTE: (Von Sperling, 2005).

34
Tabela 3 - Vazão específica média de algumas indústrias.

Ramo Tipo Unidade Consumo de água por


unidade (m³/unid) (*)
Frutas e legumes em conserva 1 ton conserva 4 - 50
Doces 1 ton produto 5 - 25
Açucar e cana 1 ton açucar 0,5 - 10
Matadouro 1 boi ou 2,5 porcos 0,3 - 0,4
Laticíneos (leite) 1000 l leite 1 - 10
Alimentícia
Laticíneos (queijo ou manteiga) 1000 l leite 2 - 10
Margarina 1 ton margarina 20
Cervejaria 1000 l cerveja 5 - 20
Padaria 1 ton pão 2-4
Refrigerantes 1000 l refrigerante 2- -5
Algodão 1 ton produto 120 - 750
Lã 1 ton produto 500- 600
Rayon 1 ton produto 25 - 60
Têxtil Nylon 1 ton produto 100 - 150
Polyester 1 ton produto 60 - 130
Lavanderia de lã 1 ton lã 20 - 70
Tinturaria 1 ton produto 20 - 60
Curtume 1 ton pele 20 - 40
Couro e curtume
Sapato 1000 pares de sapato 5
Fabricação de polpa 1 ton produto 15 - 200
Embranquecimento de polpa 1 ton produto 80 - 200
Polpa e papel
Fabricação de papel 1 ton produto 30 - 250
Polpa e papel integrados 1 ton produto 200 - 250
Tinta 1 empregado 110 l/d
Vidro 1 ton vidro 3 - 30
Sabão 1 ton sabão 25 - 200
Ácido, base, sal 1 ton cloro 50
Borracha 1 ton produto 100 - 150
Borracha sintética 1 ton produto 500
Refinaria de petróleo 1 barril (117l) 0,2 - 0,4
Indústria química
Detergente 1 ton produto 13
Amônia 1 ton produto 100 - 130
Dióxio de carbono 1 ton produto 60 - 90
Gasolina 1 ton produto 7 - 30
Lactose 1 ton produto 600 - 800
Enxofre 1 ton produto 8 - 10
Produtos farmacêuticos 1 ton produto 10 - 30
Mecânica fina, ótica, eletrônica 1 empregado 20 - 40 l/d
Produtos
Cerâmica fina 1 empregado 40 l/d
manufaturados
Indústria de máquinas 1 empregado 40 l/d
Fundição 1 ton gusa 3-8
Laminação 1 ton produto 8 - 50
Metalúrgia Forja 1 ton produto 80
Deposição eletrolitica de metais 1 m³ de solução 1 - 25
Indústri de chapas,ferro e aço 1 empregado 60 l/d
Ferro 1 m³ minério lavado 16
Mineração
Carvão 1 ton carvão 2 - 10
(*) Fonte em m³ por unidade produzida ou l/d por empregado.
FONTE: (Von Sperling, 2005).

35
5.1.3 Carga e Concentração de DBO
A carga corresponde à quantidade de poluente (massa) por unidade de tempo,
a unidade mais usual é kg/d, sendo determinada pela Equação 5.
população (hab) c arg a per capita ( g / hab.dia)
c arg a (kg / d ) (5)
1000 ( g / kg)

A concentração de efluente pode ser obtida pelo rearranjo da relação, carga


igual à concentração multiplicada pela vazão. Segundo a Equação 6.
c arg a (kg / d ) 1000 ( g / kg)
concentração ( g / m³ mg / l ) (6)
vazão (m³ / d )

5.1.4 Equivalente populacional


Um importante parâmetro caracterizador dos despejos industriais é o
equivalente populacional. Ele traduz a equivalência entre o potencial poluidor de uma
indústria (comumente em termos de matéria orgânica) e uma determinada população,
a qual traduz essa mesma carga poluidora. Assim, quando se diz que uma indústria
tem equivalência populacional de X habitantes, equivale falar que a carga de DBO do
efluente industrial corresponde à carga gerada por uma localidade com uma
população de X habitantes. A Equação 7 é usada para o cálculo do equivalente
populacional de DBO:
c arg a de DBO da indústria(kg / d )
E.P(equivalente populacional ) (7 )
contribuição per capita de DBO (kg / hab.d )

Normalmente adota-se o valor de 54 g DBO/hab.dia para o cálculo do


equivalente populacional.

5.1.5 DBO industrial de João Pessoa


Um método simples para calcular a DBO lançada pelas indústrias é a proposta
feita por Marcos Von Sperling (2005) através da Tabela 4 que apresenta os valores
padrões para o lançamento de cargas poluidoras pelas indústrias, em que a
variabilidade desses valores vai depender da tipologia e da sua produção industrial. A
Tabela 4 possui mais informações (sua versão completa), mas para o estudo que está
sendo proposto os dados a seguir são suficientes.

36
Tabela 4 – Características das águas residuais das indústrias.
Unidade de Carga específica de DBO
Gênero Tipo
produção (kg/unid)
Conserva (Frutas e
1 ton 30
Legumes)
Doces 1 ton 2-8
Açúcar de cana 1 ton açúcar 2,5
Alimentícia Laticinio sem quejaria 1000 l leite 1-4
Laticinio com quejaria 1000 l leite 5 - 40
Margarina 1 ton 30
Matadouro 1 boi / 2 porcos 4 - 10
Produção de levedura 1 ton 1100
Destilação de álcool 1 ton 220
Cervejaria 1 m³ 8 -20
Bebidas
Refrigerantes 1 m³ 3-6
Vinho 1 m³ 0,25
Algodão 1 ton 150
Lã 1 ton 300
Rayon 1 ton 30
Nylon 1 ton 45
Têxtil
Polyester 1 ton 185
Lavanderia de lã 1 ton 100 - 250
Tinturaria 1 ton 100 - 200
Alvejamento de tecido 1 ton 16
Curtume 1 ton de pele 20 - 150
Couro e Curtume
Sapatos 1000 pares 15
Fab. De polpa sulfatada 1 ton 30
Polpa e Papel Fabricação de papek 1 ton 10
Polpa de papel integrados 1 ton 60 - 500
Tinta 1 empregado 1
Sabão 1 ton 50
Indústria Química
Refinaria de petróleo 1 barril 0,05
PVC 1 ton 10
Indústria Não- Vidro e subprodutos 1 ton -
Metálica Cimento 1 ton -
Fundiçao 1 ton gusa 0,6 - 1,6
Siderúrgica Laminção 1 ton 0,4 - 2,7

NOTA: dados não preenchidos (-) podem significar dados não significativos ou dados não obtidos.
FONTE: (Von Sperling, 2005).

Para exemplificar o modo de cálculo que será utilizado para obter o valor total
de DBO (quando não se tem dados totais das indústrias o resultado é apenas uma
aproximação) lançada pelas indústrias, escolheu-se uma das indústrias disponível no
cadastro da FIEP, onde estas seguem uma numeração (1 ao 87).

37
Para demonstração utilizou-se a indústria de número 76, que é classificada
como Têxtil (quanto a sua tipologia). A sua produção é basicamente fios de algodão,
incluindo tecelagem, chegando a 66 toneladas por mês. Para calcular a DBO lançada
mensalmente por essa indústria utilizam-se os parâmetros dispostos na Tabela 4, que
sugere que uma indústria têxtil de algodão lança 150 kg de DBO por tonelada de fios
de algodão produzido. Os cálculos necessários estão representados abaixo:
Indústria Têxtil n º 76
Pr odução 66 Ton ao mês
Valor Tabelado 150 kg para produzir 1 Ton
DBO Indústria 76 66 * 150 9900 kg / mês 330 kg / dia

Este processo foi repetido para todas as indústrias presentes no cadastro do


FIEP que tiverem o quantitativo de sua produção. Com o somatório de todos os valores
industriais e do efluente doméstico será obtido à carga de poluição lançada no Riacho
Mussuré diariamente.

5.1.6 Medição da vazão em loco e obtenção de parâmetros do riacho


Mussuré.
Para a medição de vazão foi utilizada uma tampa de garrafa pet, um
cronômetro, trena e régua. Para se encontrar a área de cada seção escolhida armou-se
uma trena nas margens do riacho, mediu-se sua profundidade e constantes distâncias
da margem.
Para medir a velocidade do rio soltou-se a tampa no meio da seção e
cronometrou-se o tempo que a tampa levou para percorrer a distância estabelecida de
cinco metros. Este procedimento foi repetido por três vezes para obter-se uma maior
precisão no cálculo da velocidade média.
Posteriormente os dados obtidos foram organizados em uma planilha e
trabalhados no programa MolinX, desenvolvido pelos professores Luiz Simão de
Andrade Filho e Cristiano das Neves Almeida, a partir de estudos feitos no âmbito do
Laboratório de Recursos Hídricos e Engenharia Ambiental - LARHENA.
Os três pontos de coleta de água para análise foram os mesmos das medições
de vazão, ou seja, os denominados Carrefour, Ponte e Exutório. As amostras de água
superficial foram coletadas sempre no período da manhã.

38
No momento das coletas foram realizadas as determinações de OD e
temperatura, utilizando um oxímetro de campo tendo acoplado um sensor de
temperatura da marca Lutron. Já no laboratório foram determinados os seguintes
parâmetros da qualidade da água: pH, cor, condutividade, turbidez, Sólidos Dissolvidos
Totais (STD), Dureza Total, Alcalinidade Total, Cloretos, Odor, Sabor, Acidez, Demanda
Química de Oxigênio (DQO), Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), Nitrito (NO 2),
Nitrato (NO3), Fosfato (PO4), Sulfato (SO4) e Amônia (NH4). Para tanto foram coletadas
alíquotas de 2.000 ml em frascos PET, previamente lavados e condicionados para a
coleta. As análises referentes a esses parâmetros seguiram os métodos recomendados
no APHA (1998) (LIRA, 2010).

5.2 Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (FEEMA)


A norma da FEEMA MN-050.R5 – Classificação de Atividades Poluidoras foi
aprovada pela Deliberação Comissão Estadual de Controle Ambiental (CECA) 2.842, de
16/03/1993. Ela apresenta a classificação de atividades industriais e não industriais, o
respectivo potencial poluidor, como instrumento integrante do Sistema de
Licenciamento de Atividades Poluidoras (SLAP).
O SLAP é o principal instrumento de execução da política ambiental. De acordo
com esse sistema, todas as pessoas físicas ou jurídicas estão sujeitas ao licenciamento,
inclusive os órgãos de administração pública, que estiverem ou vierem a se instalar no
País, e cujas atividades, de qualquer natureza, possam causar efetiva ou
potencialmente, qualquer forma de poluição. O processo de licenciamento do SLAP é
dividido em três partes: Licença Prévia (LP), Licença de Instalação (LI), Licença de
Operação (LO).
A Norma MN-050.R5 desenvolvida pela FEEMA classifica as indústrias quanto à
sua tipologia, porte e potencial poluidor total. A seguir serão explicados os passos
necessários para obter a classificação.

5.2.1 Quanto ao porte das indústrias


A norma NA-051.R56 – “Indenização dos Custos de Processamento de Licenças”
estabelece que o porte da empresa deve ser calculado de acordo com o número de
funcionários da empresa e a área total de construção, utilizando a média aritmética
dos pesos atribuídos à estes fatores. Os detalhes estão na Tabela 5 a seguir:

39
Tabela 5 - Parâmetros para Avaliação de Potencial Poluidor.
PARÂMETROS PARA AVALIAÇÃO
ÁREA EMPREGADOS
Área total construída (m2) (A) Pesos (PA) Número de empregados (E) Pesos (PE)
A < 200 0,25 E < 10 0,25
200 < A ≤ 500 0,5 10 < E ≤ 50 0,5
500 < A ≤ 2000 1 50 < E ≤ 100 1
2000 < A ≤ 10000 2 100 < E ≤ 500 2
10000 < A ≤ 40000 3 500 < E ≤ 5000 3
A > 40000 4 E > 5000 4

Calculando-se a média aritmética do peso atribuído à área total construída (PA)


com o peso atribuído ao número de funcionários (PE), Seguindo a equação 8 chega-se
a um valor médio M, que definirá o porte da atividade segundo a Tabela 6.

Tabela 6 - Porte da atividade

PORTE DA ATIVIDADE MÉDIA ARITMÉTICA (M) DOS PESOS


Micro M < 0,5
Mínimo 0,5 ≤ M < 1
Pequeno 1<M≤2
Médio 2<M≤3
Grande 3<M≤4
Excepcional M>4

Este método de classificação do porte das indústrias não é bem aceito, pois
leva em consideração apenas dois parâmetros (área e número de trabalhadores). Se
uma indústria tem alta tecnologia, terá uma grande produtividade em pequenas áreas
com poucos trabalhadores e não necessariamente será de micro ou mínimo porte.
No cadastro das indústrias da FIEP é dada a informação do número de
empregados de cada empresa, mas nada é declarado sobre a área ocupada por cada
uma delas. Para aplicar o método proposto pela norma NA-051.R56 foi necessário o
número de empregados e área que a indústria ocupa. Como não se tem o dado da área
ocupada foi necessário fazer algumas modificações para aplicar o método. Não será
mais necessário fazer a média aritmética proposta, procurou-se apenas encontrar o
peso correspondente para o número de trabalhadores de cada empresa e comparar

40
com o valor de M, na Tabela 6. Podendo assim classificar as indústrias em micro,
mínimo, pequeno, médio, grade e excepcional. A Tabela 7 mostra o número de
indústria de cada porte encontrada a partir da norma NA-051.R56 modificada.
Tabela 7 - Classificação das indústrias quanto ao porte seguindo norma NA-051.R56.
PORTE Nº DE INDUSTRIAS %
Micro 22 26,19
Mínino 37 44,05
Pequeno 12 14,29
Médio 11 13,10
Grande 2 2,38
Excepcional 0 0,00

Para compor a tabela final com as tipologias, potencial poluidor e porte, será
utilizada a classificação proposta pelo cadastro da FIEP (e não a obtida pela norma NA-
051.R56, já que não tem-se dados suficientes para seguir corretamente a norma). Esta
divide as indústrias em: micro, pequeno médio e grade. A metodologia considerada
para a esta classificação (FIEP) não é informada, mesmo com essa omissão esta
classificação será a utilizada.

5.2.2 Quanto à tipologia e o potencial poluidor


A codificação para tipologias adotadas consiste de seis dígitos, onde o primeiro
e o segundo dígito indicam o gênero, o terceiro e o quarto indica o grupo e os quinto e
sexto indicam o subgrupo. Em conseqüência cada estabelecimento industrial será
codificado de acordo com o produto final obtido. No caso de empresas cujas atividades
resultem em diversos produtos, cada processo produtivo deve ser codificado
separadamente e a empresa deve ser codificada pelo processo que contribuir com o
maior potencial poluidor, ou em último caso, pelo produto que tiver a maior parcela
do total produzido.
A metodologia da norma para classificar o potencial poluidor de cada grupo e
subgrupo de atividade é a seguinte:
Alto;
Médio;
Baixo;
Insignificante.
A Tabela 8 contém os grupos e códigos propostos pela norma MN-50-R5.

41
Tabela 8 - Classificação proposta pela norma MN-50-R5.
CÓDIGO
GRUPOS DE ATIVIDADES
(Gênero)
00 Extração de minerais
02 Agricultura, extração de vegetais e silvicultura
03 Pecuária e criação de outros animais
10 Produtos de minerais não metálicos
11 Metalúrgica
12 Mecânica
13 Material elétrico e de comunicações
14 Material de transporte
15 Madeira
16 Mobiliário
17 Papel e papelão
18 Borracha
19 Couros, peles e produtos similares
20 Química
21 Produtos farmacêuticos e veterinários
22 Perfumaria, sabões e velas
23 Produtos de matérias plásticas
24 Têxtil
25 Vestuário, calçados e artefatos de tecidos
26 Produtos alimentares
27 Bebidas
28 Fumo
29 Editorial e gráfica
30 Diversos
31 Unidades auxiliares de apoio industrial e serviços de natureza industrial
33 Construção civil
34 Álcool e açúcar
35 Serviços industriais de utilidade pública
47 Transporte rodoviário, hidroviário e especial
51 Serviços de alojamento, alimentação, pessoais e de higiene pessoal e saúde
55 Serviços auxiliares diversos
FONTE: (FEEMA norma MN-50-R5).

Após a classificação em gêneros pode-se encontrar os códigos do grupo e


subgrupo. Na Norma se encontra uma tabela com os códigos dos gêneros, grupos e
subgrupos, suas descrições e a classificação do potencial poluidor de cada atividade
industrial. O modelo desta segue o representado na Figura 6. A tabela original da
norma MN-50-R5 é muito grande, então optou-se em colocar apenas uma parte para
demonstração, mostrando suas divisões de gênero, grupo e subgrupo.

42
Quadro 1 - Modelo para exemplificação a classificação da norma MN-050.R5.

43
6 RESULTADOS

6.1 Estimativa da DBO


Na Tabela 9 estão mostrados os valores de vazão estimado que as indústrias
lançam em trechos do riacho Mussuré. Para esse cálculo dividiu-se o curso do riacho
em três trechos, Carrefour, Ponte e Exutório. Em seguida separou-se as indústrias, que
pela sua localização na bacia, lançou seus efluentes no trecho próximo. A localização
dos três pontos está mostrada na Figura 6. Os dados para obter a vazão foram
retirados do Cadastro das Indústrias da Paraíba, mas como eles não são completos o
cálculo da vazão pode ser prejudicado.
Tabela 9 – Vazão das indústrias lançadas no riacho Mussuré.
CARREFOUR (l/s) PONTE (l/s) EXUTÓRIO (l/s)
0,026234568 0,007716049 0,038580247
7,060185185 0,999228395 0,014660494
2,237654321 0,146604938 0,005015432
0,001929012 0,617283951 68,75
0,007716049 0,007716049 0,038580247
1,284722222 2,700617284
Total Ponte 1,78 l/s
0,069444444 100
0,020061728 0,103009259
0,038580247
Total Exutório 171,65 l/s
11,07638889
0,005787037
1,543209877
0,027006173
0,096450617
0,021219136
7,8125
Total Carrefour 31,33 l/s

Total Geral 204,76 l/s

A Tabela 10 apresenta a carga de DBO lançada pelas indústrias no riacho


Mussuré, nos três trechos analisados. Esses dados foram obtidos com auxílio do
Cadastro das Indústrias e a Tabela 4 de Von Sperling (2005), que contém valores de
DBO padrão conforme o tipo e produção de cada indústria.
É importante deixar bem claro que o valor obtido com os cálculos é um valor
aproximado, pois o Cadastro Industrial não possui a produção de todas as indústrias,
dificultando assim obter um dado mais consistente. Além dos dados serem
insuficientes muitas vezes eles estão desatualizados.

44
Figura 6 - Trechos do riacho Mussuré.

Tabela 10 – Carga de DBO lançada pelas Indústrias por trecho.


CARGA DE DBO (kg/dia) POR TRECHO
Carrefour Ponte Exutório
26684,00 105,00 13997,00
TOTAL = 40786,00 kg/dia

Com os valores das cargas de DBO em mãos obteve-se o valor da concentração


de DBO (Equação 6), dividindo essas cargas pela vazão total de cada trecho. Assim
obteve-se a concentração de DBO por trecho, que está representado na Tabela 11.
Tabela 11 - Concentração de DBO.
CONCENTRAÇÃO DE DBO (mg/l) POR TRECHO
Carrefour Ponte Exutório
9857,73 682,74 943,80

De posse do valor da carga de DBO total lançada no riacho Mussuré calculou-se


o equivalente populacional (Equação 7). Para uma carga de 40786 kg/dia dividi-se pelo
valor adotado de 0,054 kg hab/dia, obtendo o valor de 755297 hab.
O lançamento dos efluentes domésticos foi computado levando em
consideração apenas a população do Bairro das Indústrias, 8712 habitantes (IBGE,

45
2010). Considerando que cada habitante consome diariamente 100 litros de água e
que o coeficiente de retorno (R) é de 0,8. Obteve-se uma vazão de 8,07 l/s.
Com o dado da vazão, calculou-se a carga e a concentração de DBO (pelas
respectivas equações 5 e 6) dos efluentes domésticos lançados no riacho Mussuré. A
Tabela 12 mostra os resultados de carga e concentração.
Tabela 12 - Carga e Concentração de DBO de efluentes domésticos.
EFLUENTES DOMÉSTICOS
Carga de DBO kg/dia Concentração de DBO mg/L
470,45 675,00

A Tabela 13 mostra os resultados da análise da qualidade de água coletada nos


três trechos (Carrefour, Ponte, Exutório) onde foram medidas as vazões. Informa-se
que a coleta para análise de água foi realizada no período de estiagem. Nesse período,
a vazão do Mussuré estava pequena devido à baixa intensidade pluviométrica. (LIRA,
2010).
Tabela 13 - Parâmetros do riacho Mussuré obtidos em loco.
PARÂMETROS (CARREFOUR) (PONTE) (EXUTÓRIO) VMP
Data 24/3/2010 24/3/2010 24/3/2010 -
-1
Vazão (Ls ) 149,58 129,23 415,68 -
o
Temperatura (C ) 29,1 27,8 27,7 -
o
pH (Temp. = 26 C) 6,74 7,11 6,5 6-9
-1
Cor (mg L Pt) 30 70 100 100
o
Condutividade (mS/cm a 25 C) 165,8 669 193 -
Turbidez (NTU) 10,6 10,2 26,6 100
-1
Sólidos Dissolvidos Totais (mg L ) 95,9 346 98,7 500
-1
Dureza Total (mg L CaCO3) 100 100 88 -
-1
Alcalinidade Total (mg L CaCO3) 75,48 239,7 79,6 -
-1
Cloretos (mg L Cl) 48 168 40 250
Odor Ausente Ausente Ausente Ausente
Sabor Ausente Ausente Ausente Ausente
-1
Acidez (mg L CaCO3) 18 22 16 -
-1
Oxigênio Dissolvido( mg L ) 1,9 2,9 1 * 4,0
-1
DQO ( mg L O2) 149,4 348 382 -
-1
DBO ( mg L O2) 2 59 21 -
-1
Amônia (mg L N) 0,66 2,22 1,7 -
-1
Nitrito (mg L N) 31,93 0,8 9,83 -
-1
Nitrato (mg L N) 3,8 4,9 1,1 -
-1
Fosfato (mg L ) 0,75 6 0,75 -
-1
Sulfato (mg L N) 0,03 0,05 0,06 -
VMP - Valor Máximo Permitido para água da classe 3, segundo a Resolução 357/2004 do CONAMA
(*) VMiP - Valor Mínimo Permitido para água da classe 3, segundo a Resolução 357/2004 do
CONAMA

46
6.2 Classificação das fontes poluidoras (FEEMA)
Com base no cadastro das indústrias da FIEP tem-se 87 empresas no Distrito
Industrial em funcionamento, sendo que 4 delas estão com informações sobre
produção e tipologia indisponível. O Gráfico 1 mostra as indústrias instaladas no
Distrito, separadas por tipologia.
Gráfico 1 - Número de Indústria por tipologia.
Produtos minerais não metálicos
Tipologia das Indústrias
Metalúrgia

14 Mobiliário

Borracha
12
Produtos e matériais plásticas
10
Têxtil

8 Vestuário,calçadose artefato de
tecido
Produtos alimentares
6
Bebidas
4
Editorial e gráfica

2 reciclagem

0 outros

Observa-se que as indústrias de produtos plásticos (embalagem e artefato de


plástico, filmes, etc.) e metalúrgicas apresentaram um maior número de
representantes. Em segundo lugar as tipologias que se destacam são as indústrias de
borracha e produtos minerais não metálicos.
Para classificar as indústrias conforme seu potencial poluidor utilizou a tabela
da norma MN-050.R5 ( que está representada pelo Quadro 1). As indústrias que se
encaixam em mais de um gênero de tipologia, foram classificadas conforme a tipologia
que tivesse maior potencial poluidor.
Após uma análise conjunta do cadastro das Indústrias de João Pessoa e a
Norma MN-050.R5, obteve-se a classificação quanto a tipologia, porte (utilizado a
classificação original da FIEP, por falta de informação) e potencial poluidor geral. Esses
dados estão presentes na Tabela 14. Informa-se que nas colunas de potencial poluidor
e potencial poluidor geral, as letras A, M, B e I têm os respectivos significados: Alto,
médio, baixo e insignificante.

47
Tabela 14 - Classificação das indústrias quanto a norma MN 050.R5.
NUMERAÇÃO DAS POTENCIAL
PORTE GÊNERO GRUPO SUBGRUPO POTENCIAL POLUIDOR GERAL
INDÚSTRIAS (*) POLUIDOR
18 99 99 A
1 Média A
23 91 99 B
10 61 10 A
2 Micro A
33 11 99 -
3 Pequena 24 31 99 B B
26 98 10 M
4 Micro M
27 43 99 B
5 Pequena 29 22 99 B B
6 Micro 16 12 99 B B
7 - - - - - -
8¹ Micro - - - - -
9 Média 27 41 99 B B
16 21 10 B
10 Micro A
11 06 99 A
11 Micro 27 41 99 B B
26 2 99 M
12 Pequena M
27 41 99 B
10 61 10 A
13 Micro A
33 11 99 -
14 Micro 16 41 99 I I
00 25 99 A
15 Média A
10 61 10 A
16 Média 10 41 99 B B
16 21 10 B
17 Pequena A
11 06 99 A
18 Grande 29 22 99 B B
19 Pequena 29 12 50 B B
18 99 99 B
20 Micro M
23 81 99 M
21 Micro 11 06 99 A A
22 Pequena 11 06 99 A A
18 99 99 B
23 Pequena B
23 91 99 B
18 99 99 B
24 Pequena B
23 91 99 B
25 Média 20 11 10 A A
26 Pequena 27 41 99 B B
27 Pequena 16 12 99 B B
10 52 99 A
28 Micro A
33 11 99 -
29 Pequena 21 11 99 M M
10 52 99 A
30 Pequena A
33 11 99 -
10 52 99 A
31 Pequena A
33 11 99 -
32 Média 33 11 99 - -
33 Micro RECICLAGEM
34 Micro 11 6 99 A A
18 99 99 B
35 Micro M
23 81 99 M
36 Grande 10 41 99 B B
37 Pequena 33 11 99 - -
18 99 99 B
38 Micro M
23 81 99 M
39 Micro 17 42 99 I I
40 Pequena 11 6 99 A A
41 Pequena 29 22 99 B B
26 5 10 M
42 Pequena M
27 41 99 B
43 Pequena 11 74 99 B B

48
44 Pequena 16 12 99 B B
18 99 99 B B
45 Micro
23 51 99 B
46 Grande 25 11 99 I I
47 Pequena 27 43 99 B B
48 Micro 11 53 10 B B
49 Pequena 11 06 99 A A
50 Micro 11 53 10 B B
51 Pequena 11 53 10 B B
52 Pequena 00 11 99 A A
53 Pequena 11 53 10 A A
54 Média 24 31 99 B B
55 Micro 23 51 99 B B
56 Grande 24 21 50 B B
57 Micro 26 14 99 B B
18 99 99 A
58 Micro A
23 91 99 B
59 Pequena RECICLAGEM
18 99 99 A
60 Micro A
23 91 99 B
18 99 99 A
61 Micro A
23 91 99 B
62 Pequena 23 31 10 B B
63 Micro RECICLAGEM
18 99 99 A
64 Pequena A
23 91 99 B
65 Pequena 23 91 99 B B
66 Pequena 25 31 10 I I
67 Pequena 13 29 99 M M
68 Grande 24 21 50 B B
69 Micro 11 6 99 A A
70 Média 10 11 99 A A
71 Pequena 25 31 10 I I
72 Média 25 31 10 I I
73 Micro 23 91 99 B B
74 Micro 23 91 99 B B
75 ² Média - - - - -
76 Pequena 24 21 75 B B
27 41 99 B
77 Grande B
27 31 99 B
18 99 99 A
78 Pequena A
23 51 99 B
18 99 99 A
79 Micro A
23 91 99 B
18 99 99 A
80 Média A
23 91 99 B
81 Média 23 51 99 B B
18 99 99 A
82 Pequena A
23 51 99 B
83 Pequena 26 9 99 M M
26 12 50 B
84 Média B
27 43 99 B
85 Pequena 17 21 10 A A
86 Micro 24 21 50 B B
87 Pequena - - - - -
(*) Segue a numeração do cadastrodo FIEP
¹ A indústria se localiza no centro
² A indústria se localiza na Zona Rural do Conde
Fonte: elaboração própria, a partir dos dados apresentados na norma MN-050.R1.
OBS: Para as empresas que possuem mais de um código de tipologia (por realizarem diferentes atividades
na mesma unidade fabril) adotou-se o potencial poluidor geral mais alto para a empresa.

49
Então, 35,9% das indústrias apresentam potencial poluidor alto, 11,54% do
total tem o potencial poluidor médio, 44,87% das indústrias possuem o potencial
poluidor baixo e 7,7% tem potencial poluidor insignificante.
As indústrias com a tipologia de reciclagem não possuem uma classificação para
o potencial poluidor na norma MN 050.R5, então se limitou a colocar apenas a
tipologia e porte.

6.3 Análise cruzadas


Para facilitar a análise dos dados obtidos o Gráfico 2 mostra a relação entre as
tipologias das indústrias e o porte de cada uma. Nota-se que há uma predominância
das indústrias de micro e pequeno porte. Isso está de acordo com a realidade, já que a
cidade de João Pessoa não tem um parque industrial muito desenvolvido como ocorre
em outras capitais dos estados brasileiros.
No Gráfico 3 é mostrado a classificação das indústrias por tipologia e potencial
poluidor. Este cruzamento de informações permite a visualização de como os
potenciais poluidores estão distribuídos em relação às tipologias. As indústrias
químicas, extração de minerais e de borracha tem o potencial poluidor classificado
como alto em todas as suas unidades. O potencial poluidor classificado como baixo
também teve vários representantes conforme a Norma MN-050.R5.
Gráfico 2 - Análise cruzada entre porte e tipologia das indústrias.

14

12

10 GRANDE
8 MÉDIA
Nº de indústrias

PEQUENA
6
MICRO
4

0
Têxtil
Química
Borracha
Extração de

Metalúrgia

Bebidas
farmacêutico e
Mobiliário

alimentares

Construção civil
Editorial e gráfica
Produtos minerais

Papel e papelão
minerais

Vestuário,calçadose
matériais plásticas

Produtos
artefato de tecido
não metálicos

Produtos

Produtos e

50
Gráfico 3 - Análise cruzada entre potencial poluidor e tipologia das indústrias.

14

12

10
ALTA
8 MÉDIA
6 BAIXO
INSIGNIFICANTE
4

Têxtil
Química
Borracha
Extração de

Metalúrgia

Bebidas
farmacêutico e
Mobiliário

alimentares

Construção civil
Editorial e gráfica
Produtos minerais

Papel e papelão
minerais

Vestuário,calçadose
matériais plásticas

Produtos
artefato de tecido
não metálicos

Produtos

Produtos e

A classificação do potencial poluidor proposta FEEMA leva em consideração o


tipo de produção de cada indústria (Quadro 1 mostra o estilo da tabela e como ela
descreve as características da indústria conforme sua produção). Indústrias com
mesmo tipo de produção e portes diferentes podem ser classificadas com mesmo
potencial poluidor. Isso nem sempre é verdade, pois elas podem ter tecnologia e
tratamentos de efluentes diferenciados.
O que chama atenção nesses resultados obtidos (Gráficos 2 e 3) é o baixo
potencial poluidor atribuído às indústrias de bebidas e ,principalmente, têxtil que,
tradicionalmente, liberam uma carga elevada de poluentes. Certamente, o fato das
metodologias empregadas não considerar o tipo de efluente gerado pelas indústrias,
coloca as indústrias do gênero têxtil e de bebida em uma situação confortável com
baixo potencial poluidor. Quando, na verdade, não são.

51
7 COMPARAÇÃO DE METODOLOGIAS

No método de cálculo através da Tabela de Von Sperling (Tabela 4 -


Características das águas residuais das indústrias) obteve-se o valor de DBO (kg/dia)
por trecho. O trecho com maior lançamento de DBO (kg/dia) foi o Carrefour, o que
pode ser justificado pelo alto número de indústrias encontradas nas proximidades
(Tabela 10 - Carga de DBO lançada pelas Indústrias por trecho).
Para comparar as duas metodologias foi necessário recorrer novamente ao
Cadastro Industrial da FIEP. Este só oferece a produção de algumas indústrias, então a
comparação dos resultados foi baseada nessas informações disponíveis. Outros
problemas encontrados foram à falta de localização geográfica de algumas indústrias,
impossibilitando assim sua localização nos trechos de Carrefour, Ponte ou Exutório e
também o nome de algumas indústrias (na parte que indica a produção) que não casa
com o registro geral. Todos esses impasses dificultam na obtenção de resultados
totalmente confiáveis. Após a junção das duas metodologias Cálculo com auxílio das
Tabelas Von Sperling + Classificação MN-050.R5 obteve-se a Tabela 15 e Gráfico 4.
Tabela 15 - Comparação das Metodologias.
POTENCIAL % POTENCIAL
Carrefour PONTE EXUTÓRIO
POLUIDOR POLUIDOR
Insignificante 2 1 0 15,80
Baixo 2 1 3 31,58
Médio 1 0 0 5,26
Alto 4 3 2 47,37

52
Gráfico 4 - Comparação das Metodologias.

Comparação de M etodologia

INSIGNIFICANTE
3
BAIXO
MÉDIO
2
ALTO

0
CARREFOUR PONTE EXUTÓRIO

A divisão dos pontos de lançamento de efluente no Riacho Mussuré em três


partes deixou a região do Carrefour com o maior número de indústrias lançando seus
resíduos, isso pode justificar o número superior de indústrias. Lembra-se, no entanto,
que a comparação é referente às indústrias que possuem os dados completos no
cadastro industrial.
Tanto o trecho da Ponte quanto o Carrefour apresentam um valor de destaque
de indústrias com alto poder poluidor. Como previsto a parte do Carrefour possui o
maior número de indústria com potencial poluidor elevado, chegando à conclusão que
esta parte é a mais poluída e crítica do riacho Mussuré.

53
8 CONCLUSÃO

O riacho Mussuré corta o parque industrial de João Pessoa, recebendo altos


teores de poluentes de diversos tipos, proveniente de diversas indústrias. Conforme as
metodologias utilizadas, as tipologias das indústrias que apresentam maior número de
representantes são as metalúrgicas, de produtos plásticos, produtos minerais não
metálicos e borracha. Mas também existem empresas têxtil, alimentícia, de bebidas,
etc. A norma da FEEMA com o auxilio do cadastro das indústrias forneceu uma
classificação para as indústrias quando ao potencial poluidor, onde 44,87% das
indústrias apresentaram um potencial poluidor baixo e 35,9% potencial poluidor alto.
A estimativa de DBO quantificou os efluentes lançados pelas indústrias e a
população, junto a ela demonstrou-se os valores de parâmetros para cada ponto onde
foi feito a coleta da água (Carrefour, Ponte e Exutório). No geral o trecho da ponte
possuiu os maiores valores dos parâmetros, isso pode ser explicado pelo elevado
número de indústrias que lançam seu efluente no trecho anterior a este (Carrefour).
Todo o estudo feito sobre o potencial poluidor das indústrias mostrou a falta de
compromisso das empresas com o tratamento dos seus efluentes (que são lançados
nos rios com pouco ou nenhum tratamento), afetando a fauna e flora da região como
também a população que necessita diretamente da água dos rios. Outro problema
notório é o descaso com que a fiscalização é feita. Chegou-se a conclusão que a
solução para essa situação é a junção de uma fiscalização eficaz e um maior
compromisso das empresas com o meio ambiente.

54
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABRAHÃO,R. GADELHA, C.L.M. HERNANDEZ, M.I.M. Purificação do Mussuré. Ciência


Hoje, v.39. Nº 234. 2007. Disponível em:
http://lecota.paginas.ufsc.br/files/2011/09/Abrah%C3%A3o-GadelhaHern%C3%A1nde
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010/86. Padrões de Lançamentos de Efluentes Líquidos. Disponível em:
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http://www.inea.rj.gov.br/downloads/MN-050-R-5.pdf. Acesso em: 15 de Julho, 2012.

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