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UFRJ

Curso de História
Disciplina Filosofia II
Professor Felipe Castelo Branco
Aluna: Luciana Lourenço Gomes

Kant e o cosmopolitismo:

o desenvolvimento pleno das disposições naturais

A proposta para o presente trabalho era a apresentação e comparação de ideias e


autores discutidos ao longo do semestre. Decidimos, para tanto, eleger um tema que nos
despertou maior atenção e nos guiarmos por ele para execução do mesmo, no caso, o
cosmopolitismo. De todos os autores discutidos, aquele no qual o tema se encontra mais
fortemente presente é Immanuel Kant. Infelizmente não chegamos a discutir outros autores que
dialogassem mais com ele, destarte, nos dedicaremos â discussão de duas obras de Kant: Ideia
de uma história universal com um propósito cosmopolita e Paz perpétua. Inicialmente vamos
tratar brevemente do conceito de cosmopolitismo, em seguida apresentaremos um pequeno
resumo de cada obra, apresentando a seguir os pontos de interesse para nós, para, por fim,
expor nossas conclusões.

Cosmopolitismo significa, stricto sensu, princípio ou característica do que é relativo


àquele que é cosmopolita, um cidadão do mundo, ou seja, que, mais do que se preocupar com
laços de afinidade culturais locais, se identifica como membro da humanidade. O termo é
romano e foi discutido por duas das quatro escolas de filosofia pós-socráticas: os cínicos, que
viam o cosmopolitismo como uma forma de cuidar dos interesses pessoais deixando de lado os
coletivos, e os estóicos, que viam o cosmopolitismo como uma obrigação moral para com a
humanidade; todos os homens racionalmente são capazes de perceber as necessidades da
humanidade e contribuir para dirimí-las. Para Kant, o cosmopolitismo depende do engajamento
individual, como veremos.

Em Ideia de uma história universal com um propósito cosmopolita Kant introduz


seu texto afirmando que a manifestação da vontade nas ações humanas é assente com leis
estabelecidas pela natureza, que guia a humanidade, e não diretamente os indivíduos, cujas
ações, isoladamente, parecem confusas e desordenadas, tendendo quase à loucura, mas que no

1
todo, na espécie, seguem lentamente em direção à realização total das disposições originais do
homem1. Homens e até mesmo povos inteiros ao seguirem seus próprios desígnios, por vezes
discordantes entre si, seguem o "fio condutor" da intenção da natureza2. Não haveria meios de
detecção de um propósito racional particular, restando buscar desvendar a intenção da natureza,
ao que Kant se propõe, oferecendo e discutindo nove proposições, que, por nossa vez,
apresentaremos, brevemente, a seguir. Daremos enfoque especial às questões relacionadas ao
tema do cosmopolitismo, que neste trabalho é nosso interesse precípuo, como dito
anteriormente.

A primeira proposição afirma que todas as disposições naturais atingem sua


finalidade, de outro modo haveria uma contradição na doutrina teleológica da natureza3. Já a
segunda, que as disposições naturais que utilizam a razão desenvolve-se somente na espécie,
não no indivíduo e que a razão é a capacidade de ampliação do uso das forças para além do que
é ditado pelo instinto, mas precisa se desenvolver paulatinamente. A terceira proposição é que a
natureza dotou o homem de razão para que mediante essa ferramenta desenvolva por si mesmo
todo o necessário à manutenção e reprodução de sua existência. A razão trabalha em paralelo
com a liberdade da vontade.4

Em seguida, da quarta proposição em diante, a argumentação é mais extensa. Essa


proposição trata sobre a sociabilidade insociável do homem. É o antagonismo entre indivíduos,
através da formação de um todo moral em consonância, que os leva progressivamente à
construção de uma sociedade, para o que o homem tem uma propensão, ainda que
concomitantemente haja uma propensão ao isolamento. A quinta proposição diz que o maior
problema da sociedade é a administração do direito, que, idealmente, seguiria os ditames de
uma constituição civil perfeitamente justa. Os homens concordam em se colocar sob a tutela
das leis com restrições à sua liberdade por necessidade. A sexta proposição diz que este
problema, pois para seguir às leis e não agir em detrimento de seus congeneres o homem
precisa de um senhor, que também é um homem, é o último a ser resolvido e o mais difícil. A
sétima proposição fala da relação entre Estados, que ajudaria a manutenção de constituição
civil supracitada. A mesma necessidade que obriga os homens a aceitarem a constituição
levaria os Estados a estabelecer uma comunidade que restringiria a ação individual dos Estados,
mas ao mesmo tempo os permitiria o desenvolvimento mais completo. A oitava proposição diz

1
KANT, I. Ideia de uma história universal com um propósito cosmopolita. Tradução de Artur Morão. Lisboa:
[s/l], [s/d] (1784), p. 3.
2
Ibid, p. 4.
3
Ibid, p. 5.
4
Ibid, pp. 5-7, passim.
2
que a história humana é a história da execução do plano oculto da Natureza, que é o
estabelecimento de uma constituição estatal que interna e externamente seja totalmente justa e
permita o desenvolvimento de todas as disposições naturais humanas.5

Por fim, a nona, e última, proposição diz que um ensaio filosófico que se proponha
a tratar sobre a história segundo o plano da Natureza não somente é possível como incentiva o
desenvolvimento desse plano, já que mostra aos homens a evolução desde o passado à época
coetânea e presta alento em relação ao futuro, que promete maior evolução, que deve se dar no
sentido de que se estabeleçam as estruturas que aqui citamos.6

Em nossas próprias palavras, o que Kant afirma é que o antagonismo entre


indivíduos leva à formação da sociedade, logo do Estado, o que demanda que os homens abram
mão de liberdades individuais em prol de um liberdade coletiva. Por sua vez essa liberdade
permite o desenvolvimento pleno das disposições naturais. Depois da formação dos Estados o
mesmo ajuste que se deu em relação aos indivíduos deve acontecer em relação àqueles, deve
haver o estabelecimento de regras que restrinjam a ação de um Estado em benefício próprio
somente. Apenas esse pleno equilíbrio de forças seria a materialização do plano oculto da
Natureza para o homem.

As ações humanas não estão submetidas a essa teleologia, mas ao mesmo não estão
completamente livres dela. A observação da Natureza pelo homem com o uso da razão leva â
percepção de que há uma teleologia nesta. O homem, porém, é livre para agir como desejar.
Acaba agindo de acordo com uma teleologia própria, projetando seus objetivos. Sem a
liberdade da vontade não haveria moral ou ética e o engajamento individual voluntário, como
primeiro passo da formação da sociedade, ficaria comprometido, pois é por uma razão moral
que se dá tal engajamento, além de outros fatores acima mencionados. De igual forma é
livremente que os povos se juntariam em uma federação.

Em A Paz perpétua esse filósofo afirma que armistício não é paz, porque a qulquer
momento novas guerras podem ser iniciadas e a ocupação com a guerra impede o
desenvolvimento das disposições naturais. Ele propõe um modelo de paz que seria eterna. Essa
paz não pode ser fundada no Estado, que deseja usar a ferramenta que nesse momento a guerra
é para o seu crescimento. Há uma lenta substituição de exércitos estatais por um exército
internacional e nenhuma dívida externa deve ser contraída pelos Estados em prol da guerra. Se
o belicismo não for travado de alguma forma o que há é o domínio de umas nações, mais

5
Ibid, pp. 7-17, passim.
6
Ibid, pp. 17-19, passim.
3
fracas, por outras, mais fortes. Além de provocar problemas para a população interna, isto
geraria um efeito em cadeia em relação aos vizinhos, que, observando outro Estado
geograficamente próximo se armar, vão fazê-lo também para se proteger de eventuais ataques.
É necessário que haja um engajamento interno antes de mais nada, de adesão voluntária. Em
um primeiro momento haveria uma liga de nações, de adesão voluntária e, vez que todas as
nações tenham aderido a tal liga, a formação de uma federação.7

A ideia de Kant é que instituições internacionais sirvam de mediadoras dos


conflitos que transcendessem o Estado. O Direito Internacional trataria diretamente com os
cidadãos, â revelia do próprio Estado inclusive. Essa forma de direito é um primeiro passo em
direção ao Direito Cosmopolita, que tende â dissolução dos Estados e manutenção apenas dos
povos. Uma justiça global que tenda a uma reunião internacional não impede completamente o
patriotismo, vez que cada indivíduo precisa se engajar localmente com a promoção do
aperfeiçoamento da humanidade e solução de problemas também localizados.

Após todo o exposto, gostaríamos inicialmente de comentar o quão utópicas nos


pareceram as ideias kantianas, que prevêm um equilíbrio tal que beira o milenarismo.
Percebemos que a razão ocupa papel fundamental nessas duas obras e que esta guiaria a
humanidade para a total execução das disposições naturais, outro tema recorrente nessas obras,
seguindo uma teleologia dada pela própria Natureza como modelo e seguida pelo homem, mas
não obrigatoriamente, através da liberdade da vontade, do livre arbítrio. Tudo isso levaria a
uma organização política que paulatinamente deixaria de lado o Estado como hoje o
conhecemos em prol de um cosmopolitismo. Esse cosmopolitismo permite o desenvolvimento
das disposições naturais, já que permitiria uma paz duradoura entre os povos.

Referências bibliográficas

KANT, I. A paz perpétua: um projecto filosófico. Tradução de Artur Morão. Lisboa: [s/l], [s/d]
(1795).

KANT, I. Ideia de uma história universal com um propósito cosmopolita. Tradução de Artur
Morão. Lisboa: [s/l], [s/d] (1784).

7
KANT, I. A paz perpétua: um projecto filosófico. Tradução de Artur Morão. Lisboa: [s/l], [s/d] (1795), passim.
4

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