A inflamação crônica é uma inflamação de longa duração (mais de 6 meses). Nela
ocorrem ao mesmo tempo: resposta inflamatória, destruição do tecido e reparação dessa destruição por fibrose. Características:
Infiltrado com células mononucleares; macrófagos (principalmente!), linfócitos,
plasmócitos. Produtos das células inflamatórias promovem destruição tecidual. Reparo com angiogênese e fibrose. A inflamação aguda pode evoluir para uma crônica ou a inflamação já pode começar crônica mesmo. Para ocorrer a evolução de aguda para crônica deve haver persistência do agente lesador ou falha na resolução da infecção. Reações imunológicas e algumas infecções virais já começam de modo crônico. Desencadeiam inflamação crônica:
Infecções persistentes: os mecanismos são difíceis de erradicar. Ex:
micobactérias, Treponema pallidum. Doenças inflamatórias imunomediadas (distúrbios de hipersensibilidade): ativam de modo excessivo ou inapropriado o sistema imune. Se o sistema imune age contra antígenos próprios têm-se as doenças autoimunes; se for contra antígenos ambientais, as doenças alérgicas. Ex. de autoimunes: artrite reumatoide, doença inflamatória intestinal, psoríase. Ex. doença alérgica: asma brônquica. Como o antígeno está sempre ali, há sempre ativação da inflamação e as doenças se tornam crônicas e intratáveis. Exposição a agentes tóxicos por muito tempo: sílica (gera a doença crônica silicose) e cristais de colesterol (gera aterosclerose). Doenças não associadas à inflamação diretamente tem progressão crônica: Alzheimer, aterosclerose, DM tipo 2, alguns cânceres. Células e mediadores da inflamação crônica Macrófagos São as células dominantes na inflamação crônica. São monócitos plasmáticos que migram para o tecido. Estão difusos pelos tecidos, podendo ser específicos e receber denominações diferentes com cada um deles (Kupffer – fígado, histiócitos sinusais – baço e linfonodos, micróglias – SNC, macrófagos alveolares – pulmões). Todas essas células em conjunto formam os fagócitos mononucleares. Ação: filtram partículas, micróbios e células velhas. Monócitos tem meia vida menor que os macrófagos. Monócitos migram através das moléculas de adesão para o sítio de inflamação. Podem ser ativados por duas vias:
Via clássica: ativados por produtos microbianos, sinais de células T (INFγ
principalmente) e substâncias estranhas. Eles, em resposta à ativação, produzem espécies de oxigênio e nitrogênio e também citocinas para o prosseguimento da inflamação. VIA INFLAMATÓRIA. Via alternativa: ativados por citocinas que não IFN-gama (IL-4, IL-13). São produzidas por linfócitos T, mastócitos, esosinófilos, etc. Esses macrófagos estão envolvidos no reparo tecidual e secretam fatores de crescimento que promovem angiogênese, ativam fibroblastos, estimulam síntese de colágeno. Em geral os macrófagos são primeiro classicamente ativados e depois alternativamente. VIA RESOLUTIVA. Funções dos macrófagos:
Ingerem e eliminam micróbios e tecidos mortos.
Iniciam o reparo tecidual e cicatriz e fibrose associados. Secretam mediadores da inflamação: citocinas (TNF, IL1, quimiocinas, outras) e eicosanoides. Iniciam e propagam a inflamação. Expõem antígenos aos linfócitos T ao mesmo tempo que respondem a esses linfócitos T, promovendo uma alça de feedback. NA inflamação crônica, há recrutamento contínuo de macrófagos, que continuam lá. IFN-gama pode induzir a fusão deles em células gigantes multinucleadas. Linfócitos Linfócitos são metabolizados por estímulos específicos, como os que acontecem nas infecções e nas inflamações não mediadas imunologicamente (necrose isquêmica ou trauma). Doenças autoimunes e inflamatórias crônicas. Linfócitos T e B migram para o local do mesmo jeito que todos os leucócitos. Linfócitos B viram plasmócitos no tecido e secretam anticorpos, enquanto que os TCD4 passam a secretar citocinas. É o TCD4, por liberar citocinas, que promove a progressão da inflamação e o seu caráter. Os 3 tipos de TCD4 liberam citocinas diferentes que promovem inflamaçãoes de caráter diferentes:
TH1: secretam IFN gama, que ativa macrófagos (via clássica).
TH2: secretam IL-4, 5 E 13, que recrutam eosinófilos, que ativam macrófagos (via alternativa). TH17: secretam IL-17 e citocinas que secretam quimiocinas, que recrutam neutrófilos e monócitos. TH1 e TH17: defesa contra bactérias e vírus. TH2: defesa contra helmintos e na alergia. A interação bidirecional de macrófagos e linfócitos é importante na manutenção da inflamação crônica: macrófagos apresentam antígenos para as células T, possuem coestimuladores para eles e produzem citocinas para estimular LT. Já os LT produzem citocinas que recrutam macrófagos. Vira um ciclo que mantem a inflamação. EM alguns casos, essas células se organizam como órgãos linfoide, com centros germinativos e tudo. Comum na sinóvia na artrite reumatoide. Outras células Eosinófilos: comuns em infecções parasitárias ou as mediadas por IgE (alergias). Recrutado usando moléculas de adesão semelhantes às dos outros leucócitos, quimiocinas específicas produzidas pelos leucócitos e células epiteliais. Grânulos possuem a chamada proteína básica principal, tóxica para parasitas e que causa necrose epitelial. Mastócitos: sentinelas no conjuntivo. Pode participar de aguda e crônica. Comuns nas alergias, nas quais as pessoa propensas possuem IgE para antígenos ambientais. Quando encontra o antígeno, o IgE promove liberação de histamina e derivados do AA. Produzem também citocinas como TNF e quimiocinas. Têm papel benéfico em algumas infecções. Em algumas infecções crônicas há a permanência de neutrófilas. Essa inflamação é chamada aguda em crônica. Ex: osteomielite (inflmação de ossos). Inflamação granulomatosa É um padrão específico de inflamação crônica causado por só algumas condições (importante para diagnóstico). Caracterizado por infiltrado de macrófagos e alguns linfócitos esparsos. Condições que desenvolvem granuloma:
Infecções por Mycobacterium tuberculosis, T. pallidum ou fungos. Células T
ativam cronicamente macrófagos. Doenças inflamatórias imunomediadas (ex: Doença de Crohn) Sarcoidose (tem etiologia desconhecida). Corpos estranhos (sutura, farpa) Há nos granulomas células epitelioides (citoplasma róseo e limites celulares indistintos, circundados por um colar de linfócitos), células gigantes (muitos citoplasmas e núcleos). Se antigos, granulomas têm uma orla de fibroblastos. Pode haver uma zona central de necrose (necrose caseosa) por causa da hipóxia e lesão por radical livre. Os da Doença de Crohn, sarcoidose e reações a corpo estranho são não-caseosas. A cura dos granulomas é por fibrose.