Sunteți pe pagina 1din 16

Informação

para o
desenvolvimento
agrícola
dos países ACP

N.o 60
Abril 2004

Comércio justo
Encetar um círculo virtuoso 1

Distribuição
Os supermercados e a revolução
no mercado retalhista 3

TIC
Pobres mas ligados 4

PALOP 6

BREVES 8

REFERÊNCIAS 11

PUBLICAÇÕES 12

ENTRE NÓS 14

Ilustração: C. Ollagnon
PONTO DE VISTA
A mulher e a descentralização
Se o teu marido te ouve… 16

Web Site: spore.cta.int Comércio justo

Neste número
Enquanto que os
Encetar um círculo
produtores africanos
descobrem as exigências
dos supermercados, os europeus
virtuoso
impõem às grandes cadeias de
distribuição que se interessem mais Vender a um preço justo é o desejo de todos os agricultores.
pelo comércio justo e pelos produtos O comércio justo tornou-se a sua divisa. Apreciado por um
biológicos. Tanto num caso como no
outro, apenas uma minoria de
número crescente de europeus, no entanto não toca senão uma
produtores do Sul já aproveita estas ínfima parte dos agricultores do Sul, que esperam acima de
novas pistas da comercialização. tudo uma alteração das regras do comércio internacional.
O conceito do comércio solidário
levou trinta anos para sair da sua

O
comércio justo está na moda na Eu- A grande distribuição, sempre atenta às novas
marginalidade militante. Hoje, com as ropa. Comprar os produtos de pe- tendências, compreendeu-o bem. Todas, ou
tecnologias da informação, as novas quenos agricultores do Sul, pagos a quase todas as grandes marcas apresentam alguns
tendências dos mercados circulam um preço justo, é, para os consumidores do produtos de comércio justo, mesmo que por
mais depressa. Os consumidores do Norte, demonstrar a sua solidariedade para com vezes sejam difíceis de encontrar nas prateleiras.
Norte e os produtores do Sul têm os produtores marginalizados, esmagados pela “Consumir melhor é urgente”, proclama a úl-
tudo ao alcance do rato do globalização. É tornar-se “consumidor-actor” tima campanha publicitária do Carrefour, a ca-
computador. Estes últimos estão longe por um mundo menos injusto e mais humano. deia líder de hipermercados no mundo, que não
Os grandes fóruns internacionais e as campa- se esquece de precisar que é necessário “respeitar
de estar todos ligados, mas os que o
nhas levadas a cabo pelas associações que de- o homem e o seu ambiente”… enquanto asse-
estão, aprendem depressa a captar as
nunciam regularmente a iniquidade do comér- gura aos seus clientes os mais baixos preços pos-
oportunidades e a tecer a sua teia na cio internacional e a exploração dos produtores síveis. Na Suíça, mesmo a McDonald’s, o rei da
Web. agrícolas dos países em desenvolvimento fize- restauração rápida, deixou-se persuadir e serve
ram com que, de alguma forma, se alterassem hoje café do comércio justo aos seus clientes.
as mentalidades. Os Europeus querem “consu- Uma forma de dourar a sua imagem de marca.
mir melhor” e são mais sensíveis às condições Por sua vez, os organismos de cooperação
de produção dos seus alimentos, sejam condi- também se interessaram. Assim, a União Eu-
ções sociais ou ecológicas. ropeia apoia as iniciativas do comércio justo

ESPORO 60 • PÁG. 1
Comércio justo •
nos países ACP financiando, por exemplo, das três vezes mais caras do que no mercado se mostrarem muito diminutas, “dará a mecha
campanhas de promoção destes produtos na local por uma associação suíça: “A minha pro- para o sebo”?
Europa. Num recente relatório sobre o café, o dução é de uma tonelada por semana e a Ter- Pois, por agora, este tipo de comércio aplica-
próprio Banco Mundial reconhece que o co- respoir compra 58 kg!”, queixa-se um dos pro- -se apenas a produtos para exportação de grande
mércio justo melhora claramente as condições dutores. Um problema frequente nos frutos e consumo, como o café ou a banana, ou a nichos
de vida dos produtores do Sul. vegetais frescos que são geralmente biológicos e de mercado como o das frutas e vegetais bioló-
Os números testemunham este entu- simultaneamente de comércio justo, o gicos. É o que contestam os seus críticos que ad-
siasmo: entre 2000 e 2002, as vendas do que raramente é o caso do café. vogam que longe de ajudar os agricultores po-
comércio justo aumentaram mais de Numerosas iniciativas provêem de bres, o comércio justo lhes cria ainda mais
40% no mundo. Em França e na No- pequenas associações do Norte que fun- dependência face aos consumidores do Norte e
ruega, dois países até então pouco en- cionam frequentemente com recursos perpetua a divisão do trabalho entre países de
volvidos, duplicaram entre 2001 e 2002! voluntários mas reduzidos. Elas têm produtores pobres e de consumidores ricos. Ou-
Mas encontram-se ainda longe do Reino mais de boa vontade do que de profis- tros lamentam que os custos ecológicos não
Unido e da Suíça, os campeões desta sionalismo, e estão sujeitas, em particu- sejam tomados verdadeiramente em conta.
forma de comércio solidário, em volume lar para os produtos frescos, às contin- Neste contexto, a Max Havelaar Foundation,
de vendas. Contudo, cada cidadão suíço gências do transporte aéreo. Resumindo, que lidera as vendas de produtos justos na Eu-
apenas despende em média 10 € por vendem os produtos limitando o nú- ropa, tem sido fortemente criticada por trazer
ano para ajudar os produtores do Sul. mero de intermediários, através de redes de avião para a Suíça flores produzidas em es-
Porque mesmo que as ideias generosas de pequenas lojas especializadas, que tufa à base de produtos químicos, no Zimba-
sejam amplamente partilhadas, meter a apenas podem absorver quantidades mí- bué. Os gastos energéticos para a produção e
mão no porta-moedas, para pagar uns nimas. A força dos grandes distribuido- transporte são aberrantes e bem longe de qual-
cêntimos a mais do que os artigos do co- res reside no aprovisionamento por cen- quer princípio de desenvolvimento sustentado!
mércio convencional, é mais difícil… trais de compra, que rotulam os Finalmente, alguns acham que este movimento
Não obstante esta fulgurante progressão, produtos vendidos e podem escoar não leva suficientemente em conta os interesses
o café, o chá, as bananas, os sumos de quantidades muito maiores. dos pequenos agricultores do Norte que en-
frutas, o açúcar, o arroz, os principais frentam a concorrência dos do Sul.
produtos vendidos com certificado de Rótulos incómodos O próprio mundo do comércio justo é agi-
comércio justo, representam somente… tado por diversos debates quanto à sua finali-
0,01% do comércio mundial. O comércio ético inicial normalizou- dade. Deste modo, a associação Minga que
se, ao sair da sua marginalidade. Não é reúne cerca de trinta associações em França, de-
propriamente “justo” o que se pretende. nuncia “uma visão Norte-Sul que tem a ten-
800 000 agricultores
Para serem “justos” os produtos têm de dência a reduzir o comércio justo a uma nova
abrangidos
corresponder a um certo número de pa- forma de ajuda ao Terceiro mundo e aos pro-
Não é assim de estranhar que, no Sul, drões internacionais estritamente defini- dutores” enquanto que na sua origem, durante
este tipo de comércio baseado na equi- dos desde de 2000 pela FLO (Fair trade os anos 70, a divisa do comércio justo era jus-
dade, na parceria, na confiança e no inte- Labelling Organizations international), tamente “o comércio e não a ajuda”.
resse comum permaneça mal compreen- um organismo reconhecido pelos diver-
dido. É certo que os grupos e cooperativas sos intervenientes neste sector, preocupa-
Tornar o comércio justo
que beneficiam do comércio justo apreciam dos em ter um certificado reconhecido
vender as suas produções a um preço mais por todos. Os pequenos produtores do Sul É necessário continuar a aumentar o volume
elevado que o de mercado, obter pré-finan- marginalizados, reconhecidos como de- de vendas ou antes fazer evoluir as práticas e as
ciamentos para as suas campanhas agrícolas e vendo ser os beneficiários deste sistema, regras do comércio internacional a fim de que
poder contar com contratos de longo prazo. têm também critérios a respeitar. Assim, os a maioria dos produtores, e não apenas uma
Beneficiam ainda de infra-estruturas (es- benefícios deverão ser equitativamente re- pequena minoria, possa tirar proveito de pre-
colas, centros de saúde...) instaladas gra- partidos entre todos aqueles que parti- ços mais justos? A Oxfam, organização britâ-
ças ao bónus de desenvolvimento atri- cipam na produção (em particular as nica pioneira desta forma de comércio, optou
buídos aos grupos, em complemento mulheres), o funcionamento do agru- pela segunda via e pôs em movimento uma vi-
do preço pago pelo produto. Mas só pamento deve ser transparente e demo- gorosa campanha intitulada “tornar o comércio
800 000 agricultores no mundo benefi- crático. Há regras por vezes mal com- justo”. Muitos militantes crêem que é mais efi-
ciam destas vantagens. É na América Latina preendidas pelos agricultores. Por exemplo, caz os consumidores exercerem pressão sobre
que está a maioria deles, o movimento ainda é produtores do Burkina Faso compreendem mal as empresas para promover os valores ecológi-
marginal no Sudeste da Ásia e em África. que se lamente o facto das mulheres carregarem cos e sociais sustentados, mesmo que esta acção
Poucos são os abrangidos e além disso, na grandes cargas de fruta em cestos, e que se queira só dê frutos a longo prazo, do que comprar al-
maior parte das vezes apenas uma ínfima parte forçar os agricultores a partilharem os ganhos guns produtos a um preço justo.
da produção dos agricultores é vendida com cer- das suas colheitas com elas. “De tanta atenção Segundo todas as previsões, o comércio justo
tificado de comércio justo. Quantidades insufi- dada ao destino da mulher, passa a discrimina- vai ainda desenvolver-se não só na Europa mas
cientes para mudar verdadeiramente as suas ção. O essencial é satisfazer a família”, comen- também nos Estados Unidos. Por si só, não irá
vidas. Porque, como diz um técnico agrícola do tou um extensionista após o seu regresso de uma alterar o destino dos agricultores do Sul, no en-
Burkina Faso, “o que interessa aos camponeses reunião da FLO. tanto o seu impacto não é desprezável. Com
não é a terminologia ‘comércio justo’. Aquilo As exigências do Norte parecem tanto mais efeito, ele contribui para a tomada de cons-
que querem é o concreto, é o dinheiro que entra incompreensíveis aos camponeses, quanto mui- ciência do Norte sobre a necessidade de mudar
no seu bolso”. Assim acontece com os produ- tas vezes os produtos são simultaneamente as regras do comércio mundial e permite aos
tores de manga na cooperativa onde trabalha, equitativos – pagos a um preço justo – e bio- produtores do Sul integrarem-se melhor nos
que em 2002 ficaram felicíssimos por ver as suas lógicos, cultivados sem produtos químicos. Se circuitos do comércio tradicional. Porque mais
mangas biológicas serem compradas por duas bem que independentes, os dois movimentos do que o aumento de 10 a 25 % do seu nível
vezes o preço de exportação das mangas co- andam frequentemente de mãos dadas. Os de vida, o interesse para os agricultores de tra-
muns, mas no ano passado ficaram muito de- consumidores europeus estão tanto ou mais balhar com as organizações do comércio justo
sapontados, quando apenas 300 toneladas preocupados com o respeito pelo ambiente e é sobretudo a aquisição de competências sobre
foram compradas dum total de 40 000 tonela- pela sua saúde do que com o bem-estar dos métodos de gestão e negociação com os parcei-
das produzidas. O mesmo problema nos Ca- produtores. As regras que eles impõem são ros comerciais, para saberem eles próprios de-
marões, onde as papaias biológicas são compra- muito restritivas. E se as quantidades vendidas fender os seus interesses.

ESPORO 60 • PÁG. 2
Distribuição Clientes e produtores

Foto: M. Seck © Syfia International


locais cada vez vão
mais ao supermercado.

Os supermercados Representa segurança


para os primeiros, mas
dificuldades embora
também oportunidades

e a revolução no para os segundos.

mercado retalhista
A rápida expansão de supermercados em amplas zonas do
mundo em desenvolvimento constitui uma ameaça para os
pequenos agricultores. Mas também oferecerá novas
oportunidades aos produtores rurais, se conseguirem marcar
presença no novo mercado.

É
sexta-feira à tarde em Antanarivo, e cados impõem aos fornecedores condições de
como muitas outras pessoas na capital negócio duras. Os produtores têm de ser ca-
malgaxe, Hanitra Randrianarivelo está a pazes de fornecer produtos prontos para ir para
fazer uma grande compra semanal no seu su- a prateleira 365 dias por ano, com padrões cadeia de supermercados Score. Para ganhar o
permercado local Champion. Agrada-lhe a va- constantes de sabor, aparência e segurança. contrato, teve de proceder à embalagem, eti-
riedade de escolha, as frutas e os vegetais fora “Os tomates têm não só que ser saborosos, quetagem e distribuição, mas declara que o in-
de estação e o facto de poupar tempo fazendo mas terem bom aspecto”, afirmou Stamoulis. vestimento valeu a pena. “Estou a ganhar um
as compras aqui. “No final, o preço fica o “Têm também de ter baixos níveis de resíduos bom dinheiro,” disse, descarregando no super-
mesmo”, diz Randrianarivelo, enquanto guarda de pesticidas, ser entregues nos prazos e forne- mercado de Dakar, onde as prateleiras estão co-
no seu carrinho de compras os produtos. “Se cidos em quantidades regulares. Os supermer- bertas por uma grande variedade de frutos, ve-
comparar com os feijões que se compram no cados não querem as suas prateleiras vazias getais, galinhas e leite produzidos por outros
mercado, que não foram seleccionados, e que parte do tempo.” fornecedores locais.
se tem de escolher. De qualquer forma é mais À medida que a rede de retalho alarga, exis-
rápido aqui.” Randrianarivelo tem um bom As novas regras do jogo tem mais oportunidades para o comércio re-
emprego, e poucas preocupações com a conta A embalagem, o armazenamento e o trans- gional. Actualmente, as bananas que se encon-
que a espera na caixa. Mas em outros cantos de porte requerem investimento e novas práticas tram num supermercado de Cape Town podem
África, famílias com rendimentos muito infe- para os pequenos produtores. É esperado que provir do Zimbabwe, enquanto que os vegetais
riores estão a virar-se para as lojas de self-service cerca de 90% da produção fornecida ao Fresh- e abacates podem ser do Quénia ou da Zâm-
como solução para as suas necessidades. mark, a subsidiária da Shoprite para as aquisi- bia. Com a ajuda adequada os agricultores
Os supermercados têm feito incursões maci- ções, chegue lavada, embalada, etiquetada e com podem ser bem sucedidos. Um projecto na
ças no sistema de retalho alimentar em grande código de barras. Como a maioria dos super- Zâmbia permitiu a pequenos agricultores da re-
parte do mundo em desenvolvimento, trans- mercados compradores mais importantes, a gião de Chipata produzir para a Shoprite cou-
formando os mercados agro-alimentares e os Freshmark opera centros de distribuição que co- ves, tomates e feijão verde de alta qualidade.
hábitos de consumo de milhões. Mas a rápida brem regiões inteiras, o que pode implicar que
transformação do mercado alimentar de reta- os produtores tenham que transportar mercado- Aprovisionamento local
lho é um importante desafio para muitos pro- ria a grandes distâncias, em veículos frigoríficos “Há ameaças, mas também há oportunida-
dutores. Os pequenos agricultores, incapazes de apropriados. A segurança alimentar pode colocar des, “afirmou Stamoulis. Explorar estas opor-
responder às novas necessidades de produção mais entraves, com muitas cadeias internacionais tunidades irá levar tempo, mas na FAO existem
alimentar, incluindo o embalamento e a distri- a insistirem em padrões para a produção e para planos para estabelecer ligações entre produto-
buição, podem ser afastados da economia ali- a embalagem que são mais rigorosos do que os res, ONG e os próprios supermercados. Para
mentar se não conseguirem adaptar-se. impostos a nível nacional. À medida que o im- proteger a sua imagem, algumas cadeias estão a
pacto dos supermercados se tornou mais visível, fazer mais esforços para se abastecerem local-
Adaptar-se ou morrer emergiram tensões. Na Tanzânia, horticultores mente. Na Namíbia, os estabelecimentos estão
“Os agricultores mais pequenos estão em pe- lançaram um protesto contra um novo super- a prestar assistência técnica, fornecendo se-
rigo de ser marginalizados se não tiverem ajuda mercado que abriu com fruta fresca importada mentes aos pequenos agricultores, conheci-
tecnológica, capital para arranque e o que for da África do Sul. mentos e apoio na certificação. Após o tumulto
necessário para entrar neste mercado”, disse Mas para aqueles capazes de responderem às na Tânzania, a Shoprite reivindica que 90% do
Kostas Stamoulis, um economista da FAO. novas exigências, as recompensas são atractivas. fornecimento do stock do estabelecimento de
“Eles necessitam de ajuda para instalações de O advento dos supermercados representa um Arusha provem de fornecedores locais.
embalagem e armazenamento, para a obtenção mercado estável, com pagamentos imediatos Os produtores de países em desenvolvimento
das sementes certas, para a aquisição de co- para os fornecedores. Outros benefícios poten- estão precariamente inseridos em cadeias de
nhecimentos sobre produtos químicos e cré- ciais incluem melhoramentos na qualidade e se- produção orientadas para os gostos dos consu-
dito.” gurança alimentar nos alimentos vendidos lo- midores – uma escorregadela e podem ser “des-
A América Latina, incluindo as Caraíbas, calmente, uma vez que os agricultores se listados”, um termo assustador, com conse-
está na crista da onda dos supermercados, mas esforçam para cumprir os padrões mais eleva- quências assustadoras. Mas ser pequeno não
embora mais lenta no arranque, a África está a dos dos supermercados. Isto resultará não só no significa necessariamente exclusão. No distrito
aproximar-se rapidamente, sobretudo no Sul e melhoramento dos géneros alimentares para de Solwezi na Zâmbia, o supermercado local
no Leste. A África do Sul domina com duas ca- consumo doméstico, colocará, também, os pro- fez da pequena escala dos seu fornecedores um
deias, Shoprite/Checkers e Pick’N Pay. dutores numa melhor posição para competir argumento de venda. Todos os dias, uma mul-
Através de sistemas centralizados de aquisi- nos mercados de exportação. tidão constante de agricultores entrega alface,
ção, margens diminutas e insistência em pro- No Senegal, o pequeno agricultor Aboubacar espinafres e cebolas, não de camião, mas sim
dutos e qualidade normalizados, os supermer- Fall vende toda a sua produção de arroz para a de bicicleta ou de carrinho de mão.

ESPORO 60 • PÁG. 3
TIC

Pobres mas ligados


Pensa-se actualmente que não existe desenvolvimento

Foto: S. Ouattara © Syfia International


sem acesso às TIC – Tecnologias de Informação
e de Comunicação. De facto, os agricultores
ligados ao mundo são mais bem
sucedidos. Mas são raros.

Foto: N. Ackbarally © Syfia International


R
eatar ligações entre as pessoas para pessoas, essencialmente nos centros urbanos,
“ uma vida melhor” foi o lema da al- têm acesso directo. Após alguns anos de expe-
deia global instalada por ocasião da riência, parece que a informação sobre os mer-
Cimeira Mundial da Sociedade de Informação cados é sem dúvida o serviço cuja utilidade é
(CMSI), realizada em Genebra em Dezembro mais rapidamente apercebida pelos agriculto-
de 2003 (ver Breves). Como mostraram as 265 res: ao estarem mais bem informados tiram
melhor proveito das suas produções. No Sene- Os «sites» agrícolas do mundo inteiro
organizações de 80 países que intervieram na
finalmente acessíveis ao Sul.
cimeira, as ICT4D, acrónimo inglês das “Tec- gal, os horticultores de Sébikotane, na região
nologias da informação e da comunicação para de Dakar, visualizam nos seus telemóveis as co-
o desenvolvimento” entraram definitivamente tações dos frutos e legumes dos cinco merca- sobre a saúde animal e os riscos de epizootia
nos hábitos das pessoas em toda a parte do dos de Dakar. T2M (Time To Market), um sis- uma vez que não existem laboratórios capazes de
mundo. Nos países do Sul, apesar dos cons- tema de informação em tempo real sobre “os fazer diagnósticos. A base de dados PAHIS (Pa-
trangimentos que regularmente se levantam, preços e a disponibilidade dos produtos agrí- cific Health Information Service) remedeia esta
tais como a fragilidade das ligações, a falta de colas e do mar”, desenvolvido por Manobi no situação e para quem não tem facilidade de
linhas telefónicas ou o analfabetismo, o sentido Senegal, foi premiado na CMSI. acesso à Internet, existe actualmente um CD-
inventivo e de desembaraço juntam-se para Numerosas outras iniciativas viram igual- -Rom que é actualizado todos os anos.
combinar as diferentes TIC procurando tirar mente a luz do dia. No Uganda, as rádios tra- É no e-comércio, que permitiria aos produ-
delas o melhor partido. duzem em línguas locais e voltam a transmitir tores exportar sem intermediários e conseguir
Os camponeses, a priori mais afastados des- as informações sobre os mercados até aos con- deste modo preços mais atractivos, que os paí-
tas técnicas modernas, não ficam contudo à fins do mato. Na República Dominicana, os ses africanos se encontram mais atrasados, se-
margem. Assim, no Níger, a aldeia de Banki- produtores podem igualmente ouvir informa- gundo o relatório da CNUCED sobre o co-
laré, situada no ponto mais ocidental do país, ções meteorológicas e os contactos de compra- mércio electrónico e o desenvolvimento em
não dispondo de água nem de electricidade, dores potenciais… Estes serviços são particu-
consegue ainda assim comunicar como o larmente apreciados nas ilhas do Pacífico muito
mundo inteiro. A rádio-piloto aí instalada pelo isoladas. Destinado aos empresários das ilhas Agricultores maurícios
programa Rádios rurais e os centros de infor- Salomão, Online Business Information Service agarrados à Net
mação para o desenvolvimento (RURA- (OBIS), gerado a partir de um único compu-
NET/CID) descarregam documentos através tador instalado no Ministério do Comércio, Na Ilha Maurícia os agricultores têm sorte.
do satélite Afristar. São recebidos graças a um fornece informações sobre os mercados e com- Tudo foi preparado pelo governo para os
receptor digital ligado a um computador, que pradores, possibilidades de financiamento e tornar incondicionais da Internet. De há
funciona a energia solar! Através do seu rádio matérias-primas, a todos os que o desejarem e quatro anos a esta parte, beneficiam de
empréstimos à taxa de 3% para adquirir
à manivela, os nómadas e os agricultores da re- enviarem as suas questões por fax, telefone ou
computadores, como de resto todos os ha-
gião escutam conselhos e notícias que os abrem por outros meios, a partir de qualquer ilha. bitantes da ilha. Cerca de 700 dos 33 000
ao exterior, traduzidos na sua língua pelos ani- Outros projectos destinam-se ao enquadra- agricultores da ilha encontram-se assim
madores da rádio. Como por exemplo: como mento da agricultura e procuram favorecer uma ligados à Internet em casa. Os outros pre-
circulação activa da informação entre os inves- ferem dirigir-se às cooperativas, pratica-
utilizar a energia solar para ver televisão, bom-
mente todas equipadas com meios infor-
bear água, secar frutos e legumes ou moer os tigadores, os ministérios da agricultura e os ex- máticos, porque em geral os agricultores
seus cereais. Mas têm sempre dificuldade em tensionistas. É o caso, por exemplo, da AGRI- não sabem utilizar estas tecnologias.
apanhar a rádio nacional! NET no Gana que reúne as informações de Alguns sites foram especialmente conce-
várias instituições. Na África do Sul, o AGIS, o bidos para os agricultores pelos ministé-
sistema de informações geográficas para a agri- rios da Agricultura e das Cooperativas. Re-
Vender melhor graças cheados de informações úteis sobre os
ao telemóvel cultura, um serviço de informação suportado fi- serviços para os agricultores, as ajudas
nanceiramente pelo CTA, permite aos decisores técnicas ou os incentivos fiscais, servem-
Em África, nas zonas rurais, a rádio e o te- e vulgarizadores conhecer os solos, os recursos -lhes de guias nas suas diligências, que
lemóvel continuam a ser os dois instrumentos naturais ou informação de natureza económica podem fazer por correio electrónico, para
evitar terem de se deslocar. Outros orga-
mais utilizados. Retransmitem, através das rá- e social das regiões onde trabalham. Do mesmo
nismos, como o instituto de investigação
dios digitais, as informações recebidas pela In- modo, nas ilhas do Pacífico, The South Pacific da indústria açucareira, encontram-se
ternet, à qual apenas uma ínfima minoria de Applied Geoscience Commission (SOPAC) co- igualmente presentes na rede, apresen-
loca à disposição dos agricultores informações tando informações práticas que podem
Para mais informação sobre as TIC consultar a sobre a água e os recursos naturais, que orien- ser directamente utilizadas pelos agricul-
página Referências. Sobre as TIC para a agri- tores. Isto é também do agrado destes or-
tam as suas escolhas de cultura. A criação de ganismos, que valorizam deste modo os
cultura e o Desenvolvimento Rural:
http://ictupdate.cta.int.
gado não é esquecida. É igualmente difícil, nes- seus trabalhos de investigação.
tas pequenas ilhas, ter informações actualizadas

ESPORO 60 • PÁG. 4
• TIC
dar aos pobres – diz a declaração final da CMSI sião da CMSI, o Fundo E-quality Fund for
“Obrigado Internet!” – particularmente àqueles que vivem nas zonas African Women and Innovation foi lançado
rurais e isoladas (…), os meios para se tornarem para ajudar as mulheres a participar mais acti-
Seis anos após a sua primeira ligação à In- autónomos, aceder à informação e utilizar as vamente nesta revolução da informação de que
ternet, o entusiasmo de Dramane Traoré TIC, como instrumento, nos esforços que de- muitas continuam à margem.
encontra-se intacto. O coordenador de Ci-
senvolvem para erradicar a pobreza”. Não fal-
kelaw, uma modesta organização de pro-
dutores rurais do Burkina Fasso, sediada tam grandes declarações, mas o fosso digital
em Bobo-Dioulasso, na parte ocidental de oculta sempre o fosso social entre os países ricos Solidariedade digital
Burkina, não dá o braço a torcer: “A In- e os países pobres. Apenas um africano em cada
ternet foi inventada por organizações de cem tem acesso à Internet, contra um em dois
camponeses”. Actualmente, Cikelaw or- O Fundo de Solidariedade Digital é uma
gulha-se de ter um ficheiro de 150 ende-
ou três na América do Norte e na Europa se- iniciativa africana lançada pelo presidente
reços e de receber cerca de 500 e-mails gundo o relatório da CNUCED. E um com- senegalês Abdoulaye Wade por ocasião da
por ano. Se esta “linha relacional” como putador custa 18 meses de um salário médio no Cimeira da informação. O objectivo era
a designa D. Traoré permite estar em con- Quénia e dois anos no Gana. criar um fundo alimentado pelas contri-
tacto com os seus correspondentes, o im- buições voluntárias da indústria, dos Esta-
Quanto ao telemóvel, explode em África, dos e dos consumidores do Norte. Por
portante é a seu ver os financiamentos re-
cebidos via Internet, a ligação em rede e onde conhece o maior crescimento mundial exemplo, uma percentagem sobre a venda
as informações técnicas. dos últimos cinco anos. Mas as comunicações de cada computador financiaria os projec-
A associação conseguiu vários créditos continuam muito onerosas e inacessíveis para tos de equipamento no Sul. Rejeitado
graças à Internet: 10 000 euros para fi- pelos Estados, verá no entanto o dia gra-
uma grande parte da população. A implanta-
nanciar durante dois anos o crédito às ças ao apoio de várias grandes cidades
ção dos telemóveis depende, na verdade, do (Genebra, Lyon e Turim) que já promete-
mulheres, uma subvenção para realizar
uma avaliação das suas actividades, 7000 sector privado que visa acima de tudo rentabi- ram importantes contribuições para o ali-
euros para um projecto de economia soli- lizar os seus investimentos. Todos os que não mentar. O Senegal anunciou que irá con-
dária levado a cabo com uma rede de tiverem um poder de compra suficiente serão tribuir com 400 000 euros. O Fundo será
cinco ONG… gerido de forma transparente e não bu-
postos de lado, caso não se instaurem parcerias rocrática a partir de Genebra, por uma
A fim de relançar a batata e a soja, Cike- entre os Estados, as empresas e a sociedade civil Fundação que reunirá membros da socie-
law navega e encontra muitos endereços
de produtores de sementes nos Países Bai-
dos países do Sul, adverte Marie Thorndal da dade civil, do sector privado e dos Estados.
xos e em França e uma ficha técnica mar- associação Redes e Cooperação. Porque para re- www.solidaritenumerique.org
roquina que ele adapta para os produto- duzir o fosso digital é preciso reduzir a factura
res do Burkina Faso. Para a soja, a dos pobres. É desta questão que se ocupa o
associação estabelece ligações com a Ame-
Partenariat mondial du savoir (GKP), entidade Outros vão mais longe e questionam-se se é
rican soybean, que lhe envia brochuras
sobre esta planta e sua utilização. organizadora da plataforma de Genebra, uma legítimo investir nestes meios de comunicação
Os vírus informáticos, o relâmpago que rede mundial que favorece os contactos entre sofisticados enquanto as necessidades primárias
causa danos no modem, o custo da nave- parceiros potenciais. não são satisfeitas. “As nossas prioridades são a
gação, nada desencoraja os membros desta saúde, a água e a educação. A Internet não nos
associação. Para estes as vantagens são Auto-estradas, pode trazer soluções para isso”, resume Ould
mais importantes que os inconvenientes.
mas também estradas Najem Shindouk, o primeiro internauta tuare-
Cikelaw
01 BP 186 Bobo-Dioulasso, Torna-se necessária uma vontade política gue de Tombouctou. Estar ligado não nos
Tel/fax: 226 97 30 27
como a do presidente do Mali, Amadou Tou- torna necessariamente mais ricos. Podemos co-
E-mail: cikelaw@fasonet.bf nhecer os preços nos mercados, mas de que
mani Toure, que deseja ligar 700 autarquias do
seu país à rede mundial, ou a de Wade, o pre- serve se não existir uma estrada para ir vender
sidente senegalês que compreendeu a impor- os produtos? É verdade. Mas permanecer à
2003. A única excepção é o Quénia que orga- tância para África de não ficar na cauda do margem das auto-estradas da informação mar-
niza leilões on-line para vender o seu café, mundo. Mas estes dois países são excepções. O ginalizaria ainda mais os países ACP, que
como já o fazem diversos países da América La- grosso dos governos interessa-se pouco pelo as- podem deste modo encontrar o seu lugar na
tina. Os raros sites na Internet de venda de pro- sunto, ou temem a multiplicação dos pontos mundialização. Com a condição das assinatu-
dutos agrícolas são pouco atractivos, excepto de acesso a informações fora do seu controlo. ras não serem demasiado caras.
na África do Sul, e não dispõem de um sistema Além disso, aceder a estas tecnologias não é
de pagamento das transacções on-line. um fim em si mesmo. Também se torna ne-
cessário que os instrumentos e as informações Apesar de ser caro cada vez se usa
Brinquedos sofisticados sejam adaptados aos usos locais. O que está mais o telemóvel.
ou instrumentos longe de ser o caso da Internet. Os conteúdos
de desenvolvimento? especificamente concebidos para, e sobretudo
Não faltam projectos de laboratórios para pelos, representantes do Sul são raros. Para na-
técnicas inovadoras ou instrumentos de desen- vegar na Internet, é preciso saber ler e com-
volvimento concebidos para romper o isola- preender o inglês ou o francês! Algumas pes-
mento dos produtores agrícolas e permitir-lhes soas acreditam ainda que estas redes de
viver melhor. Quando são simples e bem adap- comunicação electrónica criam uma nova
tados às necessidades, os progressos são per- forma de dependência cultural face aos países
ceptíveis. Mas permanecem muito localizados ocidentais uma vez que o fluxo se processa
e ainda é demasiado cedo para medir o seu im- num único sentido.
pacto global sobre a agricultura de um país. O desenvolvimento não reside apenas na téc-
Não impede que hoje se tenha tornado pra- nica, constata o Fundo Internacional de De-
Foto: S. Ouattara © Syfia International

ticamente um dogma: as TIC são indispensáveis senvolvimento Agrícola (FIDA), o importante


ao desenvolvimento e aqueles que rejeitam estas é formar homens e mulheres para fazer bom
tecnologias colocam-se no campo dos perdedo- uso dela e melhorar as suas capacidades. Com
res. Reduzir o famoso “fosso digital” que divide este intuito, o FIDA favorece as trocas entre os
o mundo, entre os que têm acesso à Internet e projectos agrícolas que gere no seio de uma re-
os que não têm, torna-se assim a prioridade das gião: entre produtores que têm os mesmos pro-
políticas de cooperação. “Estamos dispostos a blemas é mais fácil o entendimento. Por oca-

ESPORO 60 • PÁG. 5
Palop •

A produção de leite
em ambiente tropical
– o caso de Angola
Uma pequena homenagem a um amigo Kuanhama, Kakolete de seu nome, sékulu de muita virtude
e conhecimento, que no Katófe me ensinou a gostar verdadeiramente de vacas e me iniciou no
gosto do leite fermentado, o mahine, muito antes do iogurte. Saudades minhas, tempos bons!

A
produção leiteira e a transformação entre os 38,4 o a 39 o C e é mantida através do • redução da produção de leite (podendo atin-
do leite é praticada por várias etnias, acerto entre o calor produzido e a sua dissipa- gir 25%), dos teores de gordura (menos
especialmente no Sul de Angola, ção para o ambiente. Parte desse calor é pro- 0,1% por cada 10% de aumento na tempe-
desde tempos imemoriais, assumindo o leite, duzido em consequência da fermentação mi- ratura máxima diária) e redução da proteína;
no seu estado natural ou fermentado (mahini crobiana no retículo-rúmen. As forragens de • aumento da incidência de mamites;
dos mumuhuílas e kuanhamas ou mavele dos muito baixa qualidade geram mais calor de fer- • perda de peso;
mucubais), um papel importante na dieta e na mentação, contribuindo para uma maior carga • aumento da transpiração e ritmo respirató-
cultura desses povos: Kuanhamas, Humbes, calórica total. rio (arfar) (>80 movimentos respiratórios/
Mumuhuílas, Kuvales (Mucubais). A manteiga Quando a temperatura corporal se eleva sig- /minuto);
é usada como cosmético, o leite é de uso obri- nificativamente, vários eventos homeotérmicos • aumento da temperatura corporal (de 38,5 o C
gatório na alimentação, o boi é o centro da cul- tem lugar, dentre os quais tem particular im- para 39,5 o C).
tura destas gentes. portância a evaporação da humidade através da
Ruy Duarte de Carvalho, no seu livro, Vou superfície do corpo (sudação) e pelos pulmões A diminuição da ingestão da matéria seca
lá visitar pastores (Ed. Círculo de Leitores) re- (arfando). Quando a temperatura ambiental depende da digestibilidade do alimento, afec-
fere: “Detém-te agora um pouco sobre as opera- elevada diminui a capacidade do animal para tando especialmente as forragens. Se forem ad-
ções de recolha e de distribuição deste leite. Só de- irradiar o calor corporal, o equilíbrio do ba- ministrados em separado, a diminuição da in-
pois disso poderás presumir saber alguma coisa lanço térmico verifica-se à custa da diminuição gestão é maior nestas do que nos concentrados.
sobre o consumo alimentar entre os Kuvale e a da ingestão e do metabolismo, da perda de Quando o Índice de Temperatura e Humi-
partir daí encontrarás algumas das linhas de força peso corporal e da baixa da produção de leite. dade aumenta acima de 72 (equivalente a 25 o C
que fundamentam o seu sistema socioeconómico.” A zona de conforto térmico para produção e 50% de humidade) mesmo antes de se veri-
Também, no seu livro Etnografia do Sudoeste de leite ocorre entre 10 o e 20 o C, sendo que a ficar o declínio da produção leiteira, a perfor-
de Angola, refere Carlos Eastermann, “a grande vaca adulta em lactação é mais tolerante ao frio mance reprodutiva das vacas leiteiras diminui,
ambição de um homem adulto é ser proprietário do que ao calor. O efeito negativo do aumento o que se deve mais à mortalidade embrionária
de manadas de bois” e ainda “É quase impossível de temperatura é tanto maior quanto mais ele- do que à insuficiência hormonal. A mortalidade
saber-se o número de cabeças na posse de um vada for a humidade ambiente. O Prof. Frank embrionária poderá estar relacionada com o au-
grande proprietário, pois é ele o primeiro a igno- Wiersma reduziu esta relação a um único ín- mento da temperatura intra-uterina.
rá-lo, pela incapacidade em que se encontra de dice, designado por Índice de Temperatura e
Estratégias para aliviar
fazer uma contagem exacta. Andaria porém en- Humidade (ITH). A perda de calor por eva-
os efeitos do calor
ganado quem julgasse que por isso ele desconhece poração funciona bem com humidades baixas,
os seus bois. Sabe-lhe a cor, a forma dos chifres, o que justifica que produções muito elevadas se Várias estratégias de maneio podem ser uti-
sabe se são velhos ou novos e poderá indicar mui- verifiquem em zonas muito quentes, mas secas, lizadas para obviar a severidade do stress tér-
tas vezes a genealogia de grande número deles”. como por exemplo em Israel. mico sobre a vaca leiteira:
Pode assim Angola contar com a tradição, o • Proporcionar sombra eficaz e alguma forma
saber e a cultura zootécnica das suas gentes Consequências metabólicas de acelerar o arrefecimento evaporativo;
para, associando-lhe conhecimentos e tecnolo- na produção de leite • Optar por uma época de reprodução/inse-
gias modernas, relançar o sector da produção Quando a temperatura corporal aumenta, minação nos meses mais frios;
de leite. actividades como a ingestão de alimentos e os • Usar tratamentos hormonais para a sincro-
esforços físicos são reduzidos. Para dissipar nização dos cios;
O stress térmico: mais calor, a circulação de sangue pela pele au- • Adoptar estratégias de alimentação que
aspectos fisiológicos menta e, em consequência, diminui a circula- façam aumentar a ingestão e minimizem a
As vacas, como os outros mamíferos, são ho- ção nos órgãos internos. Ocorre um aumento perca de peso após o parto.
meotermas. A sua temperatura normal situa-se da transpiração e da frequência respiratória
para elevar a proporção de calor perdido pela Modificação da nutrição
Girolando – uma vaca leiteira adaptada
ao ambiente tropical. evaporação da água. Este arrefecimento Acredita-se que a composição da dieta é im-
activo, recorrendo ao aumento da fre- portante no alívio do stress térmico, pois sabe-
quência respiratória, aumenta as necessi- -se que as vacas que atingem um estádio hipe-
dades de manutenção (energia) do ani- rémico, embora recusem a forragem, conti-
Foto: Assoc. Bras. Criadores de Girolando

mal. Assim se explica o impacto do stress nuam a comer concentrados.


térmico em vacas de alta produção em Por outro lado, as vacas sob stress térmico, para
início de lactação, altura em que o con- além de diminuírem a ingestão de alimentos, au-
sumo de energia é crítico. mentam a excreção de minerais através da trans-
piração e da urina. Os rins aumentam a excre-
Os efeitos do calor incluem:
ção de Na+ e K+, como forma de compensar a
• redução da ingestão de alimentos (10 alcalemia originada pelo aumento da frequência
a 15%); respiratória e excreção excessiva de CO2 pela res-

ESPORO 60 • PÁG. 6
• Palop
piração. Estudos feitos na Universidade da Flo- ração, ajudando-as a manter a temperatura dores de vento. As sombras reduzem a radiação
rida mostraram vantagem na adição de mais normal e a produção de leite. Para tal são in- incidente em cerca de 30%.
sódio, potássio e magnésio na alimentação da dicadas nebulizações ou chuveiros muito finos, A água deve ser a maior preocupação nos pe-
vaca leiteira durante períodos de stress pelo calor. localizados junto à área de manjedouras, ou à ríodos de maior calor, sendo essencial a sua dis-
área de espera para a ordenha, funcionando de ponibilidade ad-libitum pelas vacas leiteiras su-
Arrefecimento por evaporação forma intermitente. O efeito evaporativo po- jeitas a stress térmico.
e disponibilidade de água derá ser acentuado com ventoinhas ou apro-
Prof. José Estevam Matos, Universidade dos Açores,
veitando correntes de ar predominantes. Por condensação de palestra proferida
Nos períodos de maior calor, há que pro- exemplo, localizando estrategicamente cortinas no Encontro Desafios da Agricultura Tropical
porcionar às vacas formas de acelerar a evapo- de árvores que proporcionem sombra e corre- no Início do Milénio, Lisboa, 2003 .

Comércio justo
utensílios de madeira, que podem constituir
uma importante fonte de rendimentos adicio-
nais para as pequenas comunidades.

Para além do mercado,

na Guiné-Bissau o contexto, a estratégia e…


Este projecto, para além das questões de ín-
dole comercial, irá ainda debruçar-se sobre a

D
esde Setembro de 2003 que o CIDAC Lojas do Mundo canal ideal para o seu escoa- capacidade organizativa e institucional dos
– Centro de Intervenção para o De- mento, o que já não acontece com os produtos agricultores e dos agentes comerciais para a fu-
senvolvimento Amílcar Cabral, em frescos, muito mais exigentes em termos técni- tura promoção do comércio justo na Guiné-
colaboração com o INEP – Instituto Nacional cos e logísticos. Não esqueçamos ainda que a ac- -Bissau. Trata-se de identificar a sua capacidade
de Estudos e Pesquisa da Guiné-Bissau e com tual legislação comunitária sobre a qualidade ali- de responderem com sucesso às solicitações dos
apoio da cooperativa espanhola IDEAS, im- mentar e ambiental exige processos de controlo mercados exigentes do Norte, atendendo ao
portadora de produtos de comércio justo, vem sanitário, fitossanitário e técnico-laboratorial nos facto da Guiné-Bissau apresentar múltiplos
desenvolvendo um trabalho de investigação países de origem, serviços que no caso da Guiné- constrangimentos do lado da oferta, desde a ca-
sobre as potencialidades e dificuldades de in- -Bissau são, na sua maioria, inexistentes. rência das infra-estruturas físicas e sociais, ao
trodução de produtos da Guiné-Bissau nos cir- É assim irrealista procurar concretizar a curto generalizado contexto de pobreza, que leva os
cuitos europeus do comércio justo. prazo o potencial de comercialização do pescado produtores a privilegiarem estratégias de redu-
Tradicionalmente, a Guiné-Bissau tem sido da Guiné-Bissau e não podem ser esquecidas as ção de riscos no curto prazo, em detrimento de
um actor marginal nos circuitos do comércio questões relativas ao comércio das frutas frescas estratégias de acumulação no longo prazo.
internacional, com excepção do caju, onde o levantadas no artigo já referido. Quanto às ma- Este trabalho de inquérito permitirá aferir se
país, com 70 000 toneladas exportadas em deiras tropicais da Guiné-Bissau, um importante as relações de produção nas comunidades e os
2003, é o 5.o produtor mundial de amêndoa recurso potencial, são simultaneamente pauta- modos de organização existentes permitem sus-
não processada. Existe no entanto um dinâ- das por uma exploração irresponsável e insus- tentar a produção dentro dos circuitos de co-
mico tecido de pequenos promotores de ini- tentável e a sua exploração exige avultados in- mércio justo ou, em alternativa, se as mudanças
ciativas comerciais, que operam informalmente vestimentos em logística e certificação. necessárias para a integração serão assimiladas,
com especial ênfase no sector dos bens ali- Deste modo, para as equipas de investigação, sem contradições sociais, culturais ou económi-
mentares, envolvendo actividades de importa- a partir da informação recolhida no terreno du- cas pelas comunidades envolvidas. O passado
ção/exportação para os mercados da sub-região: rante os últimos meses, as prioridades são claras: mostra-nos que a falta de atenção a este tema
Senegal, Gâmbia e Guiné-Conakry. O que sig- levou à rejeição generalizada de novos produtos,
• utilização exclusiva de produtos em relação
nifica que existe uma experiência no país que novas tecnologias ou novos modelos de organi-
aos quais não se coloque em dúvida a origem
poderá constituir a base de desenvolvimento de zação, que se mostraram desadaptados na res-
e que maximizem o aproveitamento das tec-
iniciativas de exportação para outros mercados, posta às necessidades e expectativas das comu-
nologias e saberes locais, sem necessidade de
a partir de redes de comércio interno capazes nidades guineenses.
investimentos avultados em novas tecnolo-
de agregarem a oferta. O resultado final procurará associar o ‘po-
gias ou capital fixo;
tencial dos produtos’ – Procura – ao contexto
Os circuitos abertos pelo • preferência por produtos já introduzidos no
em que são produzidos, às estratégias a adoptar
comércio justo passado em circuitos de comércio justo – ainda
pelos actores relevantes em cada fileira e ao acu-
que a origem, qualidade e quantidade fossem
À primeira vista, para além do cajú, os pro- mulado de experiências de ‘desenvolvimento’ e
distintos – e cuja aceitação por parte dos con-
dutos guinenses potencialmente exportáveis ‘capacitação’ dos pequenos produtores em pro-
sumidores se mostrou satisfatória ou boa;
serão as frutas tropicais, frescas ou transforma- jectos anteriores.
• preferência por produtos cuja exportação,
das, o pescado e as madeiras. Produtos que, importação e distribuição no mercado euro-
com especial destaque para as frutas tropicais, peu seja possível à escala das organizações de Têxteis
representam uma importante fonte de receitas comércio justo e sobre os quais não existam tradicionais
de exportação para alguns países vizinhos da barreiras significativas à sua comercialização; promovidos
Guiné-Bissau. Porém, como as questões nos • preferência por produtos de elevada procura pelo
circuitos do comércio convencional são na rea- local e cujos excedentes de exportação sejam comércio
lidade mais complexas do que aparentam (ver justo.
absorvidos pelos mercados locais.
Exportar é Preciso, in Esporo 59), é oportuno
analisar o que se poderá esperar dos circuitos A escolha final da equipa de trabalho incidiu
do comércio justo, que se dirigem a dois tipos sobre produtos das gamas agrícolas-florestais,
de canais: nomeadamente hortofrutícolas (manga, cajú,
óleo de palma, arroz) e os subprodutos do em-
• as Lojas do Mundo – pequenos retalhistas; bondeiro (frutos, sumo de cabaceira). Trata-se de
• o circuito do comércio convencional – após produtos a que adicionalmente poderá ser con-
certificação por parte das organizações de co- ferida a designação de produção biológica. Pa-
mércio justo competentes. ralelamente foram escolhidos produtos de arte-
Foto: CIDAC

Os produtos não alimentares, ou produtos ali- sanato, nomeadamente têxteis tradicionais


mentares não frescos, podem encontrar nas produzidos em teares manuais e ainda figuras e

ESPORO 60 • PÁG. 7
Breves •
Funciona ou não?
Alerta ovos, carne e animais vivos. Em-
bora não existam implicações sérias
mundiais de perus vivos são a
França, a Alemanha, a Holanda e o
É agora a altura do mercado
da medicina tradicional se nos perus para a saúde pública, a doença Reino Unido. Para evitar animais
organizar na África do Sul. Os pode causar perdas financeiras e infectados os compradores têm que
institutos de investigação e as mortalidade nos bandos de aves. procurar garantias do vendedor ou
■ Será que não há fim para a pro-
universidades estabeleceram O problema é agravado pelo requerer medidas de quarentena.
em conjunto um Centro virtual
vação das doenças animais na agri-
cultura europeia? Desde Outubro facto de os únicos produtos quími- Prevenir a doença não é fácil; é
de medicinas tradicionais para
estimular a investigação e de 2003, ocorreram surtos de cos (dimetridazol e nifursol) dispo- possível apenas tratando o peru
fortalecer a validade das suas doença da cabeça-preta nas explo- níveis para tratar a doença terem com anti-helmínticos para matar os
pretensões terapêuticas. Um rações de perus em França, na Bél- sido banidos pela Comissão no ini- vermes nos intestinos, ou man-
primeiro estudo incidiu sobre a gica, na Alemanha e na Holanda. É cio de 2003, por serem canceríge- tendo os perus em instalações fe-
Shutherlandia microphylla nos para as pessoas. Importar ani- chadas, ou no exterior sobre gravi-
utilizada no combate ao
causada por um protozoário (orga-
nismo unicelular) das minhocas da mais pode assim comportar riscos. lha, para evitar o contacto com as
VIH/SIDA.
terra; entram nos intestinos das África importou mais 7 milhões minhocas.
Website: www.sahealthinfo.org/
traditionalmeds/traditionalmeds.htm aves, afectam o fígado e os intesti- de perus vivos da Europa em 2002:
nos e tornam o sangue dos perus só Madagáscar importou 2 mi-
Teremos que estar atentos
O peixe Chambo azulado – escurecendo a cabeça. lhões. Os maiores exportadores
às manchas negras na cabeça
está de volta A doença encontra-se presente vermelha?
Os stocks de peixe chambo no na maioria dos países, mas é menos
lago Malawi estão a ser contagiosa do que a gripe das aves
restabelecidos através de um que varreu o Sudeste Asiático no
plano lançado pelo início de 2004. Apesar de serem
Departamento de Pescas nos
portadoras, as galinhas não são
finais de 2003. As capturas
baixaram de 12 000 toneladas
afectadas. Os perus, no entanto,
por ano, nos anos 70, para as uma vez contraída a infecção, per-
actuais 800 toneladas por ano, manecem infectados por muito
devido à pesca excessiva, aos tempo, tal como as capoeiras onde
aparelhos de pesca ilegal, a vivem. A cabeça-preta não está na

Foto: Wilson @ Holt Studios


um número crescente de lista das doenças da classe A da Or-
pescadores e à destruição dos
habitats. Através de uma
ganização Mundial de Saúde Ani-
abordagem ao ecossistema mal (OIE/OMSA), e a sempre
envolvendo áreas protegidas e atenta Comissão Europeia não de-
santuários, as comunidades cidiu ainda proibir a exportação de
formaram, nas aldeias situadas
nas margens, comissões para
policiar o lago. O objectivo é o
de aumentar as capturas de
chambo para 8000 toneladas
por ano, em 2015.
Um pequeno ligados ao acesso universal, a ligação
em zonas rurais, e a importância de
mento regional de prevenção de
inundações; os grupos de jovens

Dar a volta à quarentena


prodígio colmatar todos os fossos digitais. A Initial e Webtrotteurs (ver Referên-
questão central, que consiste em nos cias da Esporo 59); e o Open Kno-
A permuta de material interrogarmos sobre quem produz, wledge Network, um consórcio de
genético de coco traz sangue ■ Foram precisos 30 anos para que possui o domínio essencial das tec- grupos africanos e asiáticos que lan-
novo aos programas de o desenvolvimento sustentado surja nologias e dos programas-chave foi çaram experiências nos domínios da
multiplicação, mas as medidas
numa Cimeira Mundial das Na- iludida; as sociedades visadas sim- agricultura, da saúde e da educação
de quarentena têm de ser
ultrapassadas. A resposta:
ções Unidas em 2002. A agricul- plesmente sorriram com benevolên- com “um conteúdo local, das po-
remover o embrião da noz e tura já existia há 13 000 anos, cia, prometendo alguns projectos pulações locais e das línguas locais”.
fazê-lo crescer por meio de quando a primeira Cimeira Mun- piloto de parceria e esperaram deli- Nos corredores do bazar, os pe-
cultura. A Steward Research dial de Alimentação foi organizada cadamente que a baforada de calor quenos prestadores de serviços ti-
Station na Papua Nova Guiné em 1996, e as mulheres tiveram a se dissipasse no ar fresco do exterior. nham pequenos espaços e os for-
(PNG), estabelecida em 2000 primeira conferência mundial em Isto lembra-nos uma vez mais que a necedores de serviços comerciais de
para produzir variedades de
coco para o Pacífico, efectuou
1995. Mas com as tecnologias de liderança mundial é também a lide- acesso, espaços maiores. Os maio-
uma permuta de 200 pequenas informação e comunicação, as re- rança das empresas. res, que não estavam no seu lugar,
plantas produzidas em cultura gras mudaram. Eram ainda recen- A atmosfera era completamente eram ocupados por novos tipos de
meristemática, de sete tes quando tiveram em Genebra o diferente na zona das exposições, agências de intermediação e de
variedades da PNG, por 200 primeiro Encontro Mundial da So- um bazar de lojas e de cafés onde as coordenação, todas tentando con-
pequenas plantas do Instituto ciedade da Informação, em De- jovens empresas dinâmicas expu- quistar novos parceiros locais para
do Sri Lanka.
zembro de 2003, com a continua- nham os seus serviços e fechavam se afirmarem. Alguns veteranos, re-
Uma árvore para curar… ção prevista para Tunes em 2005. os seus negócios. O investimento visitando a sociedade da informa-
Entrámos – era preciso um cartão feito por várias agências, dentre as ção que eles ajudaram a criar há 20
Investigadores da Universidade
electrónico – num novo estilo de quais o CTA, para assegurar uma anos, resmungaram nos seus
Nkrumah no Gana e o King’s
College no Reino Unido encontros mundiais. A parte oficial, forte presença dos países ACP afim modem e nos seus ficheiros: “Não
provaram que a casca do com delegações governamentais e de lhes dar a conhecer as suas reali- teríamos em mente uma hierarquia
tronco da Spathodea perto de 60 chefes de Estado era in- zações, foi recuperado. Alguns diferente?”
campanulata (tulipa africana) e sípida (terá sido concebida pela Mi- exemplos: Manobi, o fornecedor de
os rebentos de Secamone crosoft?), com a habitual pressão das acesso ao comércio electrónico no ✍ Open Knowledge Network
afzelii, usados ambos numa
ONG e dos grupos industriais, Senegal; Moçambique, que fez uma Africa Programme Office
pasta pelos ashanti para curar C/o AKC – Melrose Arch
feridas, funcionam mesmo e
como nos encontros precedentes. demonstração da maneira como ex-
Joanesburgo – África do Sul
são eficazes contra as bactérias De facto, a sociedade civil, bem re- plora os sistemas de informação E-mail: akinsanmi@oneworld.net
comuns. presentada, sublinhou os problemas geográfica (SIG) para o planea- Site Web: www.openknowledge.net

ESPORO 60 • PÁG. 8
• Breves

Poluição atinge lago queniano O enxofre e o fogo


Não obstante os ensaios de
campo, o milho da região da
savana guineense no Norte da
Nigéria nunca correspondeu às
expectativas. Em vez das 5
toneladas esperadas, utilizando
fertilizantes, os agricultores
obtiveram 1 a 2 toneladas.
Investigadores do Instituto
Internacional de Agricultura
Tropical (IITA) culparam a falta
de enxofre, causada pela

Foto: F. Hoogervorst @ Panos Pictures


queima dos restos das
colheitas. Apenas uma
pequena quantidade de
enxofre pode duplicar o
rendimento da colheita.

Vamos juntar as cabras


A International Goats
Association irá organizar uma
Quanto mais as flores florescem, menos conferência científica
■ A poluição devido à produção espécies dão flor. internacional sobre caprinos,
em larga escala de flores pode estar sua produção e utilizações, de
a semear a destruição no lago que- 3 a 7 de Julho de 2004 em
colaboração com a
niano de Naivasha, segundo a
Universidade de Pretória da
France Press, citando um investiga-
dor ambiental. As chuvas torren-
Libertando o potencial África do Sul.
ICGSA 2004-03-10
ciais no Quénia, em 2000, arrasta- das mulheres no Sudão PO Box 102100
Moreleta Plaza
ram enormes quantidades de
■ Foi um início modesto, segundo O melhoramento do acesso aos Pretória 0167
produtos químicos para o lago, ma- África do Sul
tando “milhões de peixes e outros Mohammed Majzoub, director do mercados é uma vantagem chave Fax: +27 12 420 3290
seres aquáticos”. Intermediate Technology Develop- das AMD, porque as mulheres Website: www.icgsa.co.za
As flores são a terceira fonte de ment Group no Sudão (ITDG podem usar a sua força colectiva
Sudan). “Começámos por imple- para exigir mais licenças para ban- Mais segurança
divisas estrangeiras, a seguir ao chá
e ao (agora em declínio) sector do mentar um projecto de formação cadas no mercado. Com o aumento Boas novas para a segurança.
em agroprocessamento. Mais tarde da procura de produtos lácteos, 24 de Fevereiro é a data para
turismo, rendendo mais de 100 mi- a Convenção de Roterdão –
lhões de US$. As grandes exigên- tomámos consciência de que tínha- uma mulher tem tido tanto sucesso que dá aos países a capacidade
cias de irrigação fizeram baixar o mos conseguido criar organizações em conquistar o mercado local com de dar autorização prévia
nível do lago Naivasha – a origem comunitárias para mulheres – As- o seu iogurte que agora compete sobre o uso, comércio e gestão
sociações de Mulheres para o De- com a Cabo, uma marca nacional. de pesticidas perigosos – se
chave de água para a extensa zona
tornar operacional (ver
de produção de flores do país. senvolvimento (AMD)”. Ela emprega 5 pessoas para vender
Referências, Esporo 57).
A poluição pelos agroquímicos – No final de 2003, existiam cerca o seu produto no mercado. Cinquenta e oito países – o
alguns deles já banidos – mais a so- de 16 AMD no Sudão, com planos “O benefício do rendimento ge- mínimo requerido era 50 –
breexploração das pescas, fugas de para mais 8 em 2004. Seis opera- rado tornou o movimento das mu- ratificaram o tratado.
combustível de maquinaria das ex- vam no Este, e tinham formado lheres tão popular que um novo www.pic.int

plorações e pressões populacionais, 9200 mulheres, e 10 no Oeste e ti- projecto está a ser formulado”, diz
Informação no combate
estão a ser o toque de finados da nham formado 2000 mulheres. Mohammed Majzoub. “ Irá con-
à seca
biodiversidade do lago, diz o rela- Mais de 80 % das mulheres aplica- centrar-se no apoio à comercializa-
ram em casa os seus novos conheci- ção de alimentos processados e no O Comité Permanente Inter-
tório da investigação. Estados para a Luta contra a
James Kelmanson, gestor técnico mentos para melhorar a nutrição, e fortalecimento do movimento.” Seca no Sahel (CILSS), acolheu
da Oserian Flowers, de propriedade cerca de 500 iniciaram o seu pró- várias dezenas de especialistas
holandesa, uma das cerca de trinta prio negócio. A segurança alimentar em direito fundiário em
melhorou e muitas mulheres agora Mesmo no mercado, Bamako, no Mali, em meados
explorações hortícolas em Nai-
o trabalho de uma mulher de Novembro, por ocasião do
vasha, nega o impacto da indústria podem adquirir medicamentos.
nunca acaba. Seminário Praia+9 sobre
sobre o lago: “Nós temos aqui ex- “Ordenamento fundiário e
celentes instalações de tratamento desenvolvimento sustentável
das águas e dos esgotos”. Não dei- no Sahel e na África
Ocidental”. Esta reunião foi
xamos nenhum químico que seja ir realizada na continuidade do
para o lago. Somos muito cons- anterior encontro na Praia,
cienciosos das nossas técnicas de capital de Cabo Verde, em
exploração”. 1994. As principais questões
tratadas foram o reforço das
Dois outros lagos – Bogoria e organizações da sociedade
Foto: L Taylor @ Panos Pictures

Baringo – irão desaparecer dentro civil, o quadro jurídico, a


de 10 anos devido à desflorestação paridade homens/mulheres e o
extensiva das suas captações de água reforço das capacidades
através do acesso à
e ao assoreamento da região das ex-
informação. O CTA
plorações florícolas, avisaram cien- encontrava-se entre as 10
tistas e ambientalistas em 2002. agências patrocinadoras.

ESPORO 60 • PÁG. 9
Breves •
O futuro das ervas
do passado
Dando
Uma forma de preservar a conhecer
plantas selvagens e os
conhecimentos sobre os seus o trabalho
usos é cultivá-las. Trabalho
nesta área deu um prémio à ■ Acha que os investigadores são
Rukararwe Partnership
um pouco tímidos? Não é o caso
Workshop for Rural
Development (RPWRD) no no Instituto Nacional de Investiga-
distrito de Bushegi no Uganda ção Agrícola da Papua Nova Guiné
Ocidental concedido pelo (NARI), onde responsáveis e cien-
Consultative Group on tistas, e seis centros de recursos re-
International Agricultural gionais têm de dedicar 30% do seu
Research (CGIAR) nos finais
de 2003.
tempo e dos seus recursos à comu-
nicação, nos dois sentidos, com os
RPWRD
Po box 275 agricultores e com as agências de
Busheny-Uganda extensão: “O objectivo da NARI é
E-mail:nyinebitahwa@yahoo.com a informação”.
Website: rukararwe.kabissa.org
Estando já familiarizados com
programas de rádio, feiras, cober-
Banco de sementes
tura de jornais e panfletos, os in-
em Angola
vestigadores do NARI expandiram
Em Janeiro de 2004, o Centro

Foto: NARI - PNG


a sua caixa de ferramentas de co-
Nacional de Recursos
Fitogenéticos de Angola
municação, adicionando mecanis-
inaugurou um laboratório para mos formais de divulgação. Eles
caracterização molecular, que agora divulgam publicamente va-
permite determinar riedades desenvolvidas e tecnolo- O que diz a investigadora ao
marcadores genéticos que nas camponês? Envie as suas
gias, devidamente testadas, resul- biológico das mãos dos cientistas da
sementes melhoram o sugestões para spore@cta.int
tantes de resposta às necessidades NARI e sua entrega a um dirigente (endereço postal em Entre Nós).
crescimento e características
das plantas. A investigação prioritárias ou a oportunidades in- agrícola ou a um extensionista.
será usada para melhorar os dicadas dos agricultores. Entre os lançamentos estavam
programas de multiplicação. Tendo lançado inicialmente três quatro variedades de arroz, varieda- mensagem. Alguns dias depois, os
O laboratório possui uma variedades de inhame, aproveitaram des de batata-doce e de mandioca fundos do NARI foram aumenta-
unidade de armazenamento a grande inauguração da sua nova de maturação precoce e resistentes dos no orçamento nacional de
no frio que pode servir como
sede, em Novembro de 2003, para à seca, cinco variedades de banana 2004, o que são também boas no-
banco de genes e sementes.
publicitar o lançamento de 9 novas de qualidade para ensaio; e dois ticias. A lista de lançamentos futu-
A vaca dá dinheiro variedades. Os dignitários – o pri- agentes de controlo biológico: uma ros inclui pesticidas derivados de
meiro-ministro Sir Michael Somare, vespa para a peste da traça da couve plantas, controlo biológico da peste
A produção de leite no
Uganda triplicou em dez anos três governadores provinciais e di- e uma vespa para a erva daninha da manga e dos citrinos; alimenta-
para quase mil milhões de plomatas – tiveram o papel de inter- Chromolaena. ção não intensiva para galinhas e
litros em 2002. O país é agora mediários na recepção das sementes, Não foi apenas a multidão reu- patos; e a multiplicação de inhame,
um exportador líquido, propágulos ou agentes de controlo nida e os media que perceberam a taro e banana.
obtendo valiosas divisas.
O ministério da agricultura
atribui o crescimento ao
melhoramento do controlo das
doenças do gado, como a
peste bovina, e à distribuição O sucesso gera sucesso
de raças melhoradas aos
agricultores. ■ Reparou nisso ultimamente? Há União Europeia e agências interna- convergência na conservação da
de certeza qualquer coisa de sucesso cionais e centros de investigação – água e solos, para a replicação de
A água é qualidade no ar em África, e não menos na era permitir a replicação de alguns tecnologias com provas dadas na
de vida agricultura. Um sinal mais: a con- sucessos bem documentados. Exem- multiplicação e processamento de
A primeira conferência ferência “Sucesso na agricultura plos: revitalização da mandioca, ele- mandioca, a cultura meristemática
regional africana da africana: construir o futuro”, que vação das exportações hortícolas, da banana e de arroz Nerica, infra-
International Comission on decorreu em Pretória, África do Sul, desenvolvimento dos lacticínios de estruturas de comercialização e sis-
Irrigation and Drainage (ICID) no início de Dezembro de 2003, pequena escala, algodão na África temas de informação melhorados,
que irá incidir sobre
com a participação de cerca de uma Ocidental, incremento da produção cadeias verticais de abastecimento e
“Drenagem em África: Desafios
e oportunidades para melhorar centena de agro-optimistas, uma de milho, técnicas de conservação cooperação regional.
a qualidade de vida”, iniciativa conjunta do Instituto In- na exploração, plantação zaï no A diferença reside nas firmes in-
decorrerá entre 6 e 9 de ternacional de Investigação de Polí- Sahel e pousios melhorados – a tenções dos responsáveis pelas mu-
Dezembro de 2004, no Cairo, ticas Alimentares (IFPRI), da Nova maioria destes tópicos muitas vezes danças que estavam presentes. Eles
Egipto. Parceria para o Desenvolvimento de tratados na Esporo. irão lançar sobre África um novo
Conference Secretariat África (NEPAD) e do CTA. São familiares as longas e com- vento de mudança. Eles represen-
C/o Dr M H Amer ENCID
Coastal Protection Building
Os objectivos dos participantes – plexas mensagens, como a dura tam – vão ver – uma nova força de,
Fum Ismailiya Canal ministros, responsáveis políticos, “Declaração de Pretória sobre o digamos, agroevangelismo. Avante,
Soubra El-Kheima 13411 agricultores, empresários, adminis- futuro da agricultura africana”: com as novas tecnologias e as novas
Cairo tradores, dirigentes de orga- “pouco progresso sem boa governa- parcerias para os campos! Os da-
Egipto
nizações de agricultores, investiga- ção e sem mais fundos para a in- dores irão atrás. Vão ver!
Fax: +202 446 45 04
E-mail: arcod@encid.org.eg dores, comunicadores e parceiros vestigação agrícola e extensão”. E
Website: www.encid.org.eg/arcod externos e doadores de África, da ainda um apelo para uma firme www.ifpri.org

ESPORO 60 • PÁG. 10
• Referências

TIC cada pelo Instituto Universitário


de Estudos do Desenvolvimento
(IUED) e disponível também em

Sigam o fio da Rede CD-ROM. Trinta autores do Sul


e do Norte confrontam os seus
pontos de vista e exploram os de-
safios da “sociedade da informa-
ção” para o desenvolvimento.
Dos grandes discursos sobre técnicas de ponta, passando pelas Depois não terá mais que seguir
microexperiências locais, a escolha das informações sobre as TIC de novo o fio na Rede, mas já
com outro olhar!
é muito vasta e facilmente nos perdemos. Um pequeno itinerário
para se reencontrar. Para mais informações:

01 Africa’nti:

A
ntes de pesquisar infor-
www.africanti.org
mação sobre as TIC é
melhor saber exacta- 02 African Internet Connectivity:
http://demiurge.wn.apc.org/africa
mente o que se procura, para evi- (em inglês)

Ilustração. N. Mahmoud
tar perder-se… nas teias de ara-
03 Worldspace:
nha da rede das redes. Visto que
www.worldspace.com/sitemap.html
para um tal assunto é logicamente

Ilustração. Dziwornli
para aceder directamente ao plano
para a Internet que nos viramos do site (em inglês)
em primeiro lugar. É lá que en- 04 Para encomendar o DVD Construire
contramos a maioria das infor- le cyberespace (ou as versões
mações bem como em alguns precedentes em CD-Rom):
UNESCO, Division de la société
CD-ROM e mais raramente nos de l’information, 1 rue Miollos,
livros ou revistas. cyberespace (4), realizado pelo úteis avaliações dessas experiên- 75015 Paris.
Para fazer uma ideia da diver- programa Sociedade da informa- cias. Outros programas foram de- • Contacto : Mme Annick Ongouya
sidade de dados sobre este as- ção do instituto das Nações Uni- senvolvidos na América Latina e (a.ongouya@unesco.org);
InfoDev, The World bank, 1818 H
sunto, não obstante recente, abra das para a formação e investiga- nas Caraíbas bem como na Ásia: Street, N.W. Washington, DC
o site da Africa’nti (1) que é um ção (UNITAR) em parceria com, as informações encontram-se dis- 20433 U.S.A.
observatório da inserção e do entre outros, a UNESCO e o poníveis no site. • Contacto: Jacqueline Dubow:
(Jdubow@worldbank.org).
impacto das TIC em África, um Banco Mundial. É uma ferra- Se lhe interessa mais determi-
projecto de investigação que menta muito completa, que vai nada região ou país eis algumas 05 CRDI:
reúne investigadores franceses e na sua terceira reedição e reúne pistas. No portal da UNESCO www.crdi.org
Technologies de l’information et de
africanos. Este site, em francês, uma vasta documentação: mate- (6) a rubrica Communication et la communication pour le
reúne uma impressionante lista rial de apoio a cursos, documen- information dá acesso a todas as développement en Afrique.
de links, boletins e obras, em tos multimédia, obras, textos de actividades desta organização em • Vol.1: Potentialités et défis pour
le développement communautaire,
francês e inglês, dividida por reflexão, estudos de caso, docu- matéria de TIC, região a região, CODESRIA/CRDI, 2003, 220 p.
grandes temas e acompanhados mentos jurídicos… bem como país a país, links a ou- ISBN 1-55250-000-4
na maioria por uma curta e útil Se é neófito e deseja sobretudo tros programas ou sites locais. • Vol.2 : L’expérience des télé-centres
communautaires,
apresentação. No menu: o estado compreender e conhecer as apli- Em cada zona, existem tam-
CODESRIA/CRDI, 2004, 220 p.
das infra-estruturas e da conecti- cações concretas destas tecnolo- bém portais que reúnem nume- ISBN 1-55250-006-3
vidade (telecomunicações, redes gias, irão interessar-lhe mais as rosos dados. Para as ilhas do Pa- • Vol. 3: La mise en réseau
electrónicas, rádio rural, satélites, experiências e os projectos em cífico, por exemplo, abra o site d’institutions d’apprentissage,
Schoolnet, CODESRIA/CRDI, 2004
sistemas por cabo…), os progra- curso. Aí, o leque das fontes de Pacific ICT portal, em inglês (7), ISBN 1-55250-006-3
mas internacionais, as organiza- informação é muito grande, uma muito claro e de fácil acesso. Na 30 US $ o volume, 75 US $ os três
ções locais que têm projectos e, vez que todos os que gerem os África Ocidental, quase que cada volumes da colecção. Venda online
no site do CRDI ou escrever para
por fim, os aspectos económicos programas têm o seu próprio site, país tem um site dando acesso aos CRDI: BP 8500, Ottawa (Ontário)
e jurídicos da Internet. o seu boletim ou seu fórum de diferentes programas e actores do K1G 3H9, Canadá
Aqueles que desejam um ser- discussão. Mas muitas vezes é país. No Senegal, o site do obser-
06 UNESCO:
viço à escolha devem portanto bem difícil, sem se ser um espe- vatório sobre os sistemas de in- www.unesco.org
fazer a sua opção. Para os adep- cialista destas questões, avaliar a formação, as redes e as estradas
07 The Pacific ICT portal:
tos da técnica, por exemplo, o site pertinência das abordagens pro- da informação do Senegal (OSI- www.pacificforum.com/ict/index.
da African Internet Connectivity postas. RIS) (8) e no Benin, o site ORI- shtml (em inglês)
(2) fornece todas as informações O Centro de Investigação para DEV (9) são dois sites particular-
08 OSIRIS:
úteis sobre as ligações país a país. o Desenvolvimento Internacional mente bem fornecidos que dão www.osiris.sn
Outro site interessante, é o do (CRDI) (5), foi um dos pionei- acesso a numerosos links de ou-
09 ORIDEV:
Worldspace (3) cujos satélites ros na utilização das TIC para o tros países da região. A ter em www.oridev.org
Afristar e Asiastar cobrem larga- desenvolvimento. A partir de atenção também o site IAFRIC
mente estes continentes. Encon- 1997, o seu programa Acacia (10), um site de voluntários que 10 IAFRIC:
www.iafric.net
trará aí informações sobre os ma- apoia os esforços desenvolvidos permite aos estudantes e aos in-
teriais utilizáveis para captar as pelas comunidades da África sub- vestigadores dar a conhecer os 11 Annuaire suisse de politique
de développement – 2003, 240 pp
informações destes satélites, bem sariana para colocar as TIC ao seus trabalhos sobre estas tecno- Société de l’information et
como os programas difundidos serviço do seu desenvolvimento logias. coopération internationale:
em cada região. Se pretende saber social e económico. O CRDI Enfim, se deseja exercer o seu dévelopment.com,
como pode utilizar esta ferra- tem então já uma perspectiva su- espirito crítico, leia a recente obra ISSN 1-660-593-4
IUED Service des publications
menta mágica, não hesite em ficiente para propor uma colec- “Société de l’information et coo- Case postale 136
procurar o DVD Construir le ção de três livros que apresentam pération internationale” publi- CH-1211 Genève 21

ESPORO 60 • PÁG. 11
Publicações •
O comércio em CD
É possível uma outra exploração das florestas
Este CD-ROM (em inglês
e francês) comporta mentos, relações com as Division de l’information
todos as actas do seminário do populações, nada é negli- Viale delle Terme di Caracalla
00100 Roma
CTA sobre comércio (ver genciado para orientar os Itália
Esporo 54), que decorreu em responsáveis, a quem ele é E-mail: FO-publications@fao.org
Bruxelas, na Bélgica, em vivamente recomendado, Website: www.fao.org/forestry
Novembro de 2002, e um como uma matriz para
confiável conjunto de Gestion durable des forêts tropicales en
conceber normas nacionais. Afrique centrale: recherche
publicações sobre questões do
O segundo documento d’excellence
comércio.
da FAO mostra que vários Por I. Amsallem et al., FAO,
Meeting the challenge of effective países da África central se Collection Études FAO Forêts
ACP participation in agricultural n.o 143, 2003,
empenharam numa “inves- 136 p., ISBN: 92-5-204976-2
trade negotiations: the role of
ICM/Pour une participation
tigação de excelência”. 38 US$ • 30,20 €
efficace des pays ACP aux Conscientes das ameaças que pai- FAO
■ Aqueles que têm responsabilida- ram sobre os seus ecossistemas flo- Ver endereço em cima
négociations sur le commerce des
des na gestão das florestas africanas restais, multiplicam os esforços
produits agricoles: le rôle de la
GIC
não se poderão queixar. A FAO pu- com vista ao ordenamento susten-
Produzido pela SOLAGRAL blica neste momento um fluxo tado das suas florestas, pela adop-
para o CTA, 2003. CD-ROM contínuo de obras destinadas a ção de novas políticas, revisão das
Número CTA 1143.
20 unidades de crédito
ajudá-los. Após os “Princípios de
boa gestão de licenças e contratos
leis florestais e elaboração de pro- Procedimentos
gramas florestais nacionais. Dá
Ponha-as a crescer
relativos a florestas públicas” (Es-
poro 59), eis duas obras mais “po-
exemplos e fornece análises mais de segurança
aprofundadas sob forma de 14 es-
Poderiam chamar a isto Tudo o líticas” (em francês), que vêm em tudos de caso.
que sempre quis saber sobre comum afirmar que é possível ex-
propagação de árvores plorar as florestas tropicais segundo Code régional d’exploitation forestière
tropicais. É a reedição de um métodos que preservam a sustenta- à faible impact dans les forêts
muito prático, educativo e, bilidade e limitam significativa- denses tropicales humides d’Afrique
acima de tudo, sempre actual mente os impactos negativos. Centrale et de l’Ouest
manual (em inglês), contendo FAO, 2003, 138 pág.,
A primeira é um código de boa ISBN: 92-5-204982-7
um incitamento à cópia, conduta, cuja a elaboração mobiliza 45 US$ • 35,75 €
disseminação e tradução dos o departamento de florestas da Ficheiros PDF (20 a 500 Kb por
seus conteúdos. Como capítulo) em:
FAO desde 1996: questões a prever
qualquer propagador que se www.fao.org/DOCREP/006/Y4864F/Y
antes, durante e depois da explora- 4864F00.HTM
preze se sentiria obrigado a
dizer.
ção, gestão da fauna, construção de FAO – Groupe des ventes et de la
estradas, manutenção de equipa- commercialisation
Raising seedlings of tropical trees
Por A Longman, (Volume 2),
Commonwealth Secretariat,
Papel económico 56, 2003. 118 p.
ISBN 0 85092 656 4 ■ Mesmo tendo um nome bár-
16 GBP • 24 € Segurança baro, o HACCP não é desconhe-
The commonwealth Secretariat, cido, porque nós já apresentámos
Marlborough House, Pall Mall, Alimentar largamente esta metodologia de
Londres SW1 Y 5HX, UK controlo das micotoxinas em Refe-
Fax: +44 20 7930 0827 ■ Nos últimos anos sucederam-se rências consagrada à segurança ali-
Website: www.publications.
crises alimentares que muito alar- mentar (ver Esporo 54, pág.11). Eis
thecommonwealth.org/
maram a opinião pública e consti- o manual (em francês) que lhe per-
tuem motivo de preocupação por mitirá compreender e aplicar o mé-
A quem pertence
parte das entidades responsáveis em todo. É um verdadeiro estojo de
esta terra?
todos os países. As polémicas a que ferramentas: bases teóricas, mode-
A compreensão das relações temos assistido sobre a segurança los de formulários, exemplos de
fundiárias é recente, mas dos alimentos põem em confronto aplicação (em nenhum país ACP,
apoia-se actualmente em interesses diversos e visões distintas, infelizmente), análise de riscos e
numerosas experiências mas acima de tudo revelam uma procedimentos a empregar.
concretas de reformas da
enorme ignorância sobre as matérias tervenientes na cadeia alimentar para
legislação sobre a terra e os a compreensão dos perigos e, assim, Manuel sur l’application du Système
em discussão, não apenas da parte
recursos naturais. Estas actas seja possível minimizar os riscos. de l’analyse des risques – points
(em francês) dão uma visão de
das pessoas que assistem a esses con- critiques pour leur maîtrise (HACCP)
frontos, mas também e infelizmente Destina-se este pequeno livro a
conjunto dos debates em pour la prévention et le contrôle des
por parte dos seus intervenientes. profissionais e estudantes das áreas mycotoxines
curso.
Com base no conhecimento dos das Ciências Agrárias e da Nutri- FAO, Collection FAO Document
Pour une sécurisation foncière des ção e ainda a políticos, jornalistas e technique Alimentation et Nutrition
producteurs ruraux: Actes du
processos produtivos e na expe-
público culto, interessado em co- n.o 73, 2003,
séminaire international riência adquirida no ensino de Nu- 94 p.,
trição, o autor descreve os princi- nhecer os principais riscos de ori- ISBN: 92-5-204611-9
d’échanges entre chercheurs et
décideurs pais perigos biológicos (bacterioses, gem alimentar. 13 US$ • 10,35 €
Edições Gret, micotoxicoses e parasitoses) e quí- Ficheiros HTML
Segurança Alimentar – Perigos (20 a 150 Kb
2003, – 175 p., micos (dioxinas, nitratos, pesticidas Biológicos e Químicos por capítulo) em:
ISBN: 2-86844-134-3 e metais pesados). Por Manuel Chaveiro Soares www.fao.org/DOCREP/005/Y1390F/
21 €
Numa linguagem simples e clara, Publicações Ciência e Vida, Lda Y1390F00.HTM
Gret librairie Apartado 44, 2676-901 Odivelas, Ficheiro PDF (788 Kb) em:
211-213, rue La Fayette
apresenta de forma rigorosa os ac-
Portugal ftp://ftp.fao.org/docrep/fao/005/
75010 Paris, França tuais conhecimentos científicos publicienciaevida@sapo.pt y1390F/y1390F00.pdf
E-mail: diffusion@gret.org sobre a segurança dos alimentos, ISBN 972-590-074-X FAO
Website: www.gret.org com o objectivo de informar os in- 8€ Ver endereço em cima

ESPORO 60 • PÁG. 12
• Publicações

Os mais recentes livros em A Cultura da Soja e de Outras


Leguminosas Bananeiras-bebé
Por Rienke Nieuwenhuis torturadas
português da AGRODOC e Joke Nieuwelink
A fusariose, as doenças devidas
Agrodoc n.o 10
práticas agrícolas, a Parte Co-edição Agromisa/CTA ao Mycosphaerella spp. e os
2003, 82 pp. – ISBN: 90-77073-61-2 nemátodos são os principais
II: A fertilidade do solo e
N.o CTA 1158 destruidores das bananeiras.
a fertilização e a Parte III: 5 unidades de crédito Este guia técnico (em francês)
Quadro teórico, que ao Maneio da Fertilidade do Solo descreve os procedimentos
contrário do que sugere, Por Laura van Schöll simplificados que permitem
faz uma abordagem emi- e Rienke Nieuwenhuis medir a resistência das
nentemente prática dos Agrodoc n.o 2 cultivares / híbridos a estes
Co-edição Agromisa/CTA destruidores.
fundamentos da fertili- 2003, 97 pp – ISBN: 90-77073-51-5
dade do solo. Évaluation globale de la résistance
N.o CTA 1159
des bananiers à la fusariose, aux
Finalmente o quarto 5 unidades de crédito
maladies foliaires causées par les
livro, Agrossilvicultura, Agrossilvicultura Mycosphaerella spp. et aux
que aborda sob diversos Por Ed Verheij nématodes
Quatro novos guias práticos ângulos um tema que nos é muito Agrodoc n.o 16 Por J. Carlier, D. De Waele,
Co-edição Agromisa/CTA J.V. Escalant, Edições INIBAP,
da colecção AGRODOC caro, os sistemas agroflorestais, e 2003, 95 pp 2003,
agora traduzidos para português. para deixar referências bem concre- ISBN: 90-77073-81-7
60 p,
O primeiro, intitulado Criação tas, termina com um sumário de 83 N.o CTA 1160
ISBN: 2-910810-60-7
de Patos nas Regiões Tropicais, cons- árvores tropicais adaptáveis aos 5 unidades de crédito
Ficheiro PDF (1,1 Mb) em:
titui um manual prático muito útil mais diversos ambientes www.inibap.org/publications/
para quem queira dedicar-se à cria- ecológicos. technicalguidelines/guideline7_fre.
pdf
ção destas aves. INIBAP
O segundo, designado A Cultura Criação de Patos nas Parc Scientifique Agropolis II
da Soja e de Outras Leguminosas, dá Regiões Tropicais 34397 Montpellier cedex 5
uma rápida perspectiva sobre a cul- Por S. J. van der Meulen França
tura desta preciosa planta, sem es- e G. den Dikken Fax: + 33 (0)4 67 61 03 34
Agrodoc n.o 33 E-mail: inibap@cgiar.org
quecer a sua utilização como ali- Website: www.inibap.org
Co-edição Agromisa/CTA
mento. 2003, 96 pp
O terceiro, com o título Maneio ISBN: 90-77073-71-X Para rir um pouco
da Fertilidade do Solo, contém a N.o CTA 1157
Se já sabia que o NH3
Parte I: A fertilidade do solo e as 5 unidades de crédito
identifica o amoníaco, o NO o
monóxido de azoto e o N2O o
protóxido de azoto
(antigamente designado gás
Pensemos naqueles que nunca lêem hilariante), achará graça a esta
obra austera (em francês) que
nhos para aqueles relata em detalhe a forma
que não sabem como os elementos nutritivos
de todo ler. das terras cultivadas se
Pu b l i c a m - s e escapam para a atmosfera.
muito poucas Estimations des émissions gazeuses
de NH3, NO et N2O par les terres
obras deste tipo.
agricoles à l’échelle mondiale
Saudemos pois a FAO, Association internationale
série de obras pu- Reboisement en Bas-Congo de l’industrie des engrais, 2003,
blicadas pelo pro- P. Latham, ed., Armée du Salut, 2002, 120 p, ISBN: 92-5-204689-5
56 p., ISBN: 0-9543012-1-8 13 US$ • 10,35€
jecto Desenvolvi- 2 US $ • 1,60 € FAO
mento integrado
Les champignons comestibles Groupe des ventes
do Exército de du Bas-Congo et de la commercialisation
Salvação na Re- P. Latham, ed., Armée du Salut, 2002, Division de l’information
■ Editores, obrigado por todas as pública Democrática do Congo. 40 p., ISBN: 0-9543012-3-4 Viale delle Terme di Caracalla
vossas publicações destinadas aos Eles explicam como diversificar a 2 US $ • 1,60 € 00100 Roma – Itália
Chenilles comestibles du Bas-Congo Fax: + 39 06 5705 3360
cientistas, aos agentes do desenvol- alimentação com legumes ou cogu- E-mail: land-and-water@fao.org
P. Latham, ed., Armée du Salut, 2002,
vimento rural a todos os níveis, aos melos locais, como criar lagartas co- Website: www.fao.org
24 p., ISBN: 0-9543012-2-6
profissionais da agricultura e do sec- mestíveis ou abelhas, como reflo- 2 US $ • 1,60 €
tor agro-alimentar, a todos aqueles restar ou criar uma reserva florestal. Les chenilles comestibles et leurs plantes Comer e ser comido
que lêem regularmente, a todos Não são volumosos, não são caros; nourricières dans la province Este detalhado manual (em
aqueles que receberam uma educa- vão ajudar alguns milhares de pes- du Bas-Congo inglês) advoga a conservação
ção. Obrigado por eles, cada um soas na região do Baixo-Congo. P. Latham, ed., Mystole Publications,
de lagartas comestíveis e das
Canterbury, UK, 2003,
dos vossos livros ajuda-os a progre- Não será grande coisa, mas já é 72 p., ISBN: 0-9543012-2-6-9
plantas de que se alimentam
dir nos seus conhecimentos e a me- muito. E se ainda puder inspirar 5 US$ • 4 t (ver Esporo 59). Estas lagartas
lhorar a sua produção. Mas… po- outras boas vontades… do Baixo-Congo ocorrem
✍ Projet Développement intégré também noutras zonas
deriam responder a outras neces- de l’Armée du Salut
Apiculture en Bas-Congo húmidas.
sidades? Por exemplo, às das comu- P. Latham, ed., Armée du Salut,
République démocratique du Congo
BP 8636 Edible caterpillars and their food
nidades rurais isoladas que necessi- 2002, 46 p., plants in Bas-Congo
Kinshasa 1
tam de obras modestas respon- ISBN: 1-904160-61-1
República Democrática do Congo Por P. Latham, Mystole Publications,
dendo às suas questões simples? 2 US $ • 1,60 € Canterbury, UK,
E-mail: Gracia_matondo@kin.
Obras escritas com linguagem cor- Quelques légumes locaux salvationarmy.org 2003. 60 p. ISBN 09543012 7 7
rente, ou melhor: com uma tradu- du Bas-Congo ✍ Paul Latham 16.50 GBP • 24.75 €
P. Latham, ed., Armée du Salut, Croft Cottage Mystole Publications
ção na língua local para aqueles e 2002, 24 p., Forneth, Blairgowrie Mystole Farm
aquelas que não sabem inglês nem ISBN: 0-9543012-4-2 Perthshire PH10 6SW – Reino Unido Canterbury, CT4 7Db, UK
francês. E ainda melhor: com dese- 2 US $ • 1,60 € E-mail: paul@latham9.fsnet.co.uk Website: www.nhbs.com

ESPORO 60 • PÁG. 13
Entre nós •

Um impulso no escritório ONG. Uma importante tarefa será a de au-


mentar a consciencialização das actividades do
CTA dentro de todos estes grupos. O objectivo
de Bruxelas é o de assegurar que as iniciativas do CTA fun-
cionem em harmonia com as prosseguidas por

A
o escritório do CTA em Bruxelas, como uma antena, sintonizando e captando os outras organizações, em vez de as duplicar ou
que até recentemente desempenhou desenvolvimentos entre os actores de Bruxelas sobrepor-se a elas.
um papel essencialmente adminis- que afectam os países ACP e actuando como “Bruxelas não é mais meramente um local
trativo, está a ser confiada uma nova activi- ligação entre o que agora é um espaço em rá- onde os planos do CTA e a sua agência irmã
dade. A expansão das competências e áreas de pido alargamento dos parceiros ACP-UE e o são aprovados”, disse o Director do CTA, Carl
actuação da filial faz parte dum plano para as- CTA. De forma análoga, o escritório irá pro- Greenidge. “pode desempenhar um papel cen-
segurar que o perfil do CTA se mantém no curar criar um maior fluxo de informação com tral no aprofundamento do diálogo. Assim, o
topo, na estratégica capital belga, e que o Cen- grupos chave, incluindo o Secretariado ACP, o escritório tem de desempenhar um papel mais
tro se encontra bem posicionado para se inse- Secretariado do Conselho da UE, a Comissão activo no processo do movimento de ideias e
rir nas questões que afectam os países ACP. Europeia, a Assembleia Parlamentar Paritária e resultados, entre um leque mais alargado de ac-
Até Janeiro deste ano, quando as alterações ti- o Parlamento Europeu, a sociedade civil e tores”.
veram efeito, o escritório de Bruxelas tinha a seu
cargo predominantemente ligações – com o se-
cretariado ACP e o Grupo ACP, com a Comis-
são Europeia e com o Ministério dos Negócios
Estrangeiros belga em assuntos como vistos.
Caixa postal
Mas a partir de agora, a filial irá desempe-
nhar um papel muito mais dinâmico. Irá actuar É sempre um prazer receber respostas
dos nossos leitores. É bom saber que

@
existem tantos por aí fora, lendo o
fruto do nosso trabalho! Mas é espe-
cialmente animador ouvir de pessoas
que têm experiências concretas que de-
sejam transmitir aos outros. Que o
grupo de leitores da Esporo continue a
crescer sem parar.
A revista Esporo
Esporo é uma publicação
Informação
para o
desenvolvimento
agrícola
dos países ACP

N.o 60
Abril 2004

bimestral do Centro
Comércio justo
Encetar um círculo virtuoso 1

Distribuição

Um futuro florido
Os supermercados e a revolução
no mercado retalhista 3

TIC
Pobres mas ligados 4

PALOP 6

Técnico de Cooperação
BREVES 8

REFERÊNCIAS 11

PUBLICAÇÕES 12

ENTRE NÓS 14
Ilustração: C. Ollagnon

PONTO DE VISTA
A mulher e a descentralização
Se o teu marido te ouve… 16

Web Site: spore.cta.int Comércio justo

Agrícola e Rural (CTA)


Neste número
Enquanto que os
produtores africanos
descobrem as exigências
dos supermercados, os europeus
impõem às grandes cadeias de
distribuição que se interessem mais
pelo comércio justo e pelos produtos
Encetar um círculo
virtuoso
Vender a um preço justo é o desejo de todos os agricultores.
O comércio justo tornou-se a sua divisa. Apreciado por um Julius Lambi, que nos escreve dos Cama-
– ACP-UE. O CTA rege-se
biológicos. Tanto num caso como no
outro, apenas uma minoria de
número crescente de europeus, no entanto não toca senão uma
produtores do Sul já aproveita estas ínfima parte dos agricultores do Sul, que esperam acima de
novas pistas da comercialização. tudo uma alteração das regras do comércio internacional.

rões, trabalha para os Community Develop-


O conceito do comércio solidário
levou trinta anos para sair da sua

O
comércio justo está na moda na Eu- A grande distribuição, sempre atenta às novas
marginalidade militante. Hoje, com as ropa. Comprar os produtos de pe- tendências, compreendeu-o bem. Todas, ou
tecnologias da informação, as novas quenos agricultores do Sul, pagos a quase todas as grandes marcas apresentam alguns
tendências dos mercados circulam um preço justo, é, para os consumidores do produtos de comércio justo, mesmo que por
mais depressa. Os consumidores do Norte, demonstrar a sua solidariedade para com vezes sejam difíceis de encontrar nas prateleiras.
Norte e os produtores do Sul têm os produtores marginalizados, esmagados pela “Consumir melhor é urgente”, proclama a úl-

pelos Acordos de
tudo ao alcance do rato do globalização. É tornar-se “consumidor-actor” tima campanha publicitária do Carrefour, a ca-
computador. Estes últimos estão longe por um mundo menos injusto e mais humano. deia líder de hipermercados no mundo, que não
Os grandes fóruns internacionais e as campa- se esquece de precisar que é necessário “respeitar
de estar todos ligados, mas os que o
nhas levadas a cabo pelas associações que de- o homem e o seu ambiente”… enquanto asse-
estão, aprendem depressa a captar as
nunciam regularmente a iniquidade do comér- gura aos seus clientes os mais baixos preços pos-
oportunidades e a tecer a sua teia na cio internacional e a exploração dos produtores síveis. Na Suíça, mesmo a McDonald’s, o rei da

ment Volunteers for Technical Assistance


Web. agrícolas dos países em desenvolvimento fize- restauração rápida, deixou-se persuadir e serve
ram com que, de alguma forma, se alterassem hoje café do comércio justo aos seus clientes.
as mentalidades. Os Europeus querem “consu- Uma forma de dourar a sua imagem de marca.
mir melhor” e são mais sensíveis às condições Por sua vez, os organismos de cooperação
de produção dos seus alimentos, sejam condi- também se interessaram. Assim, a União Eu-
ções sociais ou ecológicas. ropeia apoia as iniciativas do comércio justo

Cotonou entre o grupo


ESPORO 60 • PÁG. 1

(CDVTA), uma ONG que procura promover o


dos países de África, Caraíbas
e Pacífico (ACP) e a União Europeia. desenvolvimento sustentável nas bases. Ele
transborda de entusiasmo com uma inicia- rede viária para as áreas urbanas adjacen-
© CTA 2004 – ISSN 1019-9381 tiva de produção de flores na província su- tes”, continua o Sr Lambi. “Estes jovens agri-
Editor: doeste dos Camarões, onde cerca de 25 jo- cultores produzem flores utilizando insecti-
vens agricultores e jovens que terminaram a cidas baratos e fertilizantes disponíveis
Centro Técnico de Cooperação Agrícola
e Rural (CTA) – Acordos de Cotonou escolaridade descobriram um futuro na flo- localmente, como excrementos de galinha.
ACP-UE ricultura. Embora ainda não haja nenhuma união cor-
CTA, Postbus 380, porativa de qualquer tipo para os produto-
“Para que África se mantenha a par com o
6700 AJ Wageningen, Países-Baixos res de flores nesta localidade, o futuro da
Ocidente no que diz respeito à agricultura,
Tél.: +31 317 467 100 floricultura aqui é cada vez mais promissor,
tem de aprender a diversificar a sua produ-
Fax: +31 317 460 067 com os agricultores a experimentarem es-
ção agrícola. Nesta comunidade rural onde
E-mail: cta@cta.int pécies de flores raras e exóticas, e novas téc-
Website: http://www.cta.int mais de 80% da população está envolvida
nicas de produção de flores. O sucesso da
na produção de culturas alimentares e onde
Redacção: floricultura passa assim uma mensagem:
as instalações de armazenamento são más,
“Agricultores africanos, tentem cultivar o in-
A Esporo é produzida pela Syfia existem sempre dificuldades de abasteci-
vulgar enquanto simultaneamente cultivam
International (França), com a mento e preços muito baixos para produ-
participação na edição em língua o usual”.
ções alimentares,” escreve Mr. Lambi. “A
portuguesa de produção de flores aqui é uma excelente
António S.A. Vieira fonte de rendimento para pessoas com bai-
Rua Nuno Gonçalves, 10 – Mercês xos rendimentos. Como não exige dema-
2635-438 Rio de Mouro – Portugal
siada atenção, a floricultura parece ser indi- Ensinando novos processos
E-mail: antónio.a.vieira@sapo.pt
cada.” Entretanto, na Zâmbia, Aswelo Tembo, an-
Participaram neste número:
Os empreendedores jovens fruticultores cul- tigo conferencista agrícola, está desejoso de
Nasseem Ackbarally, Taye Babaleye, tivam um leque de cerca de 250 espécies de partilhar a sua vivência de uma reforma ac-
Catherine Barnard, Fabrice Boulé, Robert plantas de flor decorativas, como rosas hí- tiva com outros leitores da Esporo. Em vez
Huggan, André Linard, Médiascope, bridas, hibiscos, rabo de gato, lírios e ‘glória de aceitar o que deveria ser um bem mere-
Souleymane Ouattara, Madieng Seck,
da manhã’. As flores são vendidas nas cida- cido descanso, o Sr. Tembo tem ajudado
Etienne Tassé e José Estevam Matos, com
des próximas de Buea, Limbe e Tiko, sendo camponeses agricultores de Kacholola, na
o apoio editorial do CTA
no entanto a maior fatia das vendas para Zâmbia Oriental.
Paginação: Intactile (França) clientes de Douala, a capital comercial dos
e Edições 70 (Portugal) “A maioria dos habitantes são camponeses
Camarões. Encorajando esta iniciativa os ho- agricultores. Alimentam-se principalmente
Execução gráfica: téis e escritórios estão a começar a comprar de milho, combinado com legumes e carne.
Edições 70, Lda também. Alguns jovens cultivadores apre- No entanto, a situação é geralmente má
Rua Luciano Cordeiro, 123-2.0 Esq.o sentam ganhos mensais de cerca de 700 000 após uma fraca estação das chuvas. A prin-
1069-157 Lisboa – Portugal FCFA (1077 €), três vezes mais do que pode- cipal cultura é o milho, que proporciona co-
E-mail: edi.70@mail.telepac.pt riam obter com culturas alimentares. mida e rendimento, mas eles não têm acesso
Impressão: Soc. Industrial Gráfica, “A floricultura nesta localidade tem sido ao crédito, à formação e à informação agrí-
Lisboa, Portugal promovida pela água barata e pela boa cola”, explica. Com a ajuda do Sr Tembo, os

ESPORO 60 • PÁG. 14
• Entre nós

DORA Serviços para os leitores

Muitos livros da DORA Escreva à Esporo


Caixa Postal
CTA
PO Box 380

O
renovado programa do CTA, DORA de livros gratuitos. Os seleccionados foram es- 6700 AJ Wageningen
(acrónimo afectuoso para distribui- colhidos entre os parceiros do CTA e subscri- Pays-Bas
ção de livros agrícolas de referência) tores do Serviço de Distribuição de Publicações Fax: + 31 317 460067
E-mail: spore@cta.int
arrancou bem e está a ser ainda mais desen- (SDP).
volvido este ano, com uma grande profusão de O Programa DORA foi adaptado ao já con- Assinatura da Esporo
títulos para os leitores escolherem. Para recapi- solidado e muito popular sistema de unidades
■ Para receber a versão impressa
tular, a iniciativa lançada no ano passado subs- de crédito. Este, como muitos dos nossos lei- • A assinatura é gratuita para as
tituiu o antigo sistema que oferecia livros gra- tores sabem, oferece a possibilidade de se tor- organizações e pessoas residentes nos países
tuitamente apenas a uma mão-cheia de nar um subscritor SDP e obter unidades de ACP (África,
Caraíbas e Pacífico) e na UE:
instituições – cerca de dez. crédito que podem ser usadas para encomen- CTA Spore subscriptions,
Com as novas regras de jogo, nada menos do dar publicações da lista CTA. Para se poder PO Box 173
que 1250 organizações beneficiam do esquema candidatar ao sistema de unidades de crédito, 6700 AJ Wageningen
os candidatos – organizações ou particulares – Pays-Bas
ou spore@cta.int
tem de estar sediados num país ACP e exercer • A assinatura é paga para os restantes
agricultores introduziram o girassol, cujo
óleo proporciona rendimento e cujas a sua actividade na agricultura ou no desen- endereços: 36 € por ano (6 números):
plantas combatem as ervas daninhas na volvimento rural. Todos os anos, os subscrito- Assinatura a subscrever junto do distribuidor
rotação com o milho. Ele também ajudou comercial (ver em baixo).
res recebem uma cota de unidades de crédito,
a organizar seminários para ensinar boas ■ Receber o resumo gratuito por e-mail
para utilizarem como quiserem, seleccionando
práticas agrícolas e rega gota-a-gota. Subscreva a edição e-mail (90 kb) em:
títulos do catálogo CTA, muitos dos quais são http://esporo.cta.int
“Eu iniciei uma feira agrícola na nossa
área e formei uma sociedade cooperativa
objecto de recensão na Esporo. ou envie um e-mail em branco para
O programa DORA é restrito a organiza- join-esporo-pr@lists.cta.int
agrícola, que orgulhosamente oriento
Para a versão unicamente de texto:
com os meus contactos”, escreve o Sr. ções, e funciona apenas por convite. É dada join-esporo-text-pr@lists.cta.int
Tembo. “Uma das minhas fontes de inspi- prioridade a instituições agrícolas que possuam
ração e conhecimento é a revista Esporo. ■ Leia a Esporo no seu ecrâ
Obrigado Esporo, em nome dos agriculto- uma biblioteca e/ou conheçam bem o esquema • na internet: spore.cta.int
res de Kacholola”. E obrigado Sr. Tembo, de unidades de crédito, uma vez que o com- • por satélite: capte as emissões da Esporo
em nome de todos aqui na Esporo. promisso de partilha dos livros fornecidos é Plus nos canais da Afristar dos programas
multimédia da Fundação WorldSpace.
uma das condições de escolha para o esquema. Informações detalhadas: spore@cta.int
Metade das instituições escolhidas são de ex-
Nos números antigos! pressão inglesa e metade francesa, tendo o CTA Reproduza a Esporo com autorização
feito seu melhor na escolha de beneficiários de • Para fins não comerciais, os artigos da
Macodou Sow, um técnico agrícola, es- Esporo podem ser livremente reproduzidos
creve para lembrar aos leitores um clube
um largo leque de países ACP e de uma varie-
sob a condição de ser mencionada a fonte.
da Spore/Senegal que ele fundou em dade de organizações (incluindo organizações Agradecemos o envio de uma cópia para a
1991. A Esporo deu a notícia no seu nú- de género e associações de mulheres). redacção.
mero 33! Uma vez convidados a tomarem parte da • Para fins comerciais terá de ser solicitada
“Actualmente”, escreve, “o clube tem 836 autorização prévia.
DORA, são atribuídos aos subscritores unida-
membros, incluindo 575 mulheres, espa-
lhados por 18 zonas em 10 das 11 regiões
des de crédito extras, as quais podem ser usa- PUBLICAÇÕES
do Senegal. Entre eles encontram-se téc- das para encomendar publicações. A novidade
nicos do mundo rural, mulheres trabalha- aqui é o facto de os membros da DORA po- Como obter as publicações?
doras, formadores em alfabetização, hor- derem usar as suas unidades para encomendar Todas as publicações do CTA identificadas
ticultores, artesãos, criadores de gado, na Esporo pelo símbolo (folha verde)
técnicos informáticos, etc.
não só livros do catálogo CTA mas também li-
encontram-se disponíveis gratuitamente
O nosso único obstáculo é que nós não
vros de referência editados por outros editores.
para os assinantes do Serviço de Distribuição
possuímos um parceiro que nos possa Títulos não-CTA podem ser escolhidos de um de Publicações (SDP) do CTA. Os restantes
apoiar verdadeiramente. Trabalhamos só catálogo expedido para os subscritores todos os leitores podem adquiri-las junto
com meios próprios. Devido à pobreza, anos. O catálogo inglês inclui cerca de 250 pu- do distribuidor comercial do CTA.
falta-nos de tudo para realizar os nossos Apenas as organizações agrícolas e rurais
projectos de desenvolvimento nos meios
blicações para escolha e o francês cerca de 150. e as pessoas residentes nos países ACP podem
rurais, onde os camponeses se arrastam Para 2004, os 1250 subscritores escolhidos ser assinantes do SDP. Os assinantes do SDP
sem apoio. A informação que providen- para membros da DORA permanecerão inal- beneficiam anualmente dum certo número
ciam na revista Spore encoraja-nos muito.” terados. Está-lhes a ser enviado um catálogo ac- de unidades de crédito gratuitas para obter
as publicações do catálogo do CTA. Consulte
“Os diferentes subscritores da Spore de- tualizado de publicações não-CTA para anali- lista das publicações disponíveis no catálogo
veriam poder conhecer-se e desenvolver
sarem, bem como um suplemento do catálogo electrónico do CTA (www.cta.int).
parcerias entre eles. Seria bom se o CTA
pudesse com frequência organizar reu- CTA, que incluirá vários novos títulos. Mas ■ As restantes publicações, que são
niões de descoberta e partilha para os aquelas organizações que não foram seleccio- referenciadas por um quadrado cor de
subscritores. Gostaríamos de ver num fu- laranja, encontram-se disponíveis junto
nadas não devem perder a esperança. Embora
turo uma rede de clubes da Spore, que dos editores ou nas livrarias mencionados.
reunisse subscritores de todos os países.”
a lista de membros para este ano esteja fechada,
novos subscritores serão procurados para 2005. Distribuidor comercial
A sua fidelidade e o seu dinamismo dão
verdadeiramente prazer de ver! Também E entretanto, o esquema de unidades de crédito (a partir de 01 de Maio de 2004)
esperamos que tal venha a inspirar leito- está ainda em aberto. SMI (Distribution Services) Limited
res de outros países e que a Spore/Esporo P.O.Box 119
venha deste modo a favorecer boas per- Stevenage
mutas entre vós. Por muito simpáticas que Hertfordshire SG1 4TP
nos pareçam tais iniciativas a Spore/Es-
O nosso distribuidor comercial Reino Unido
poro não tem vocação para as apoiar. mudou. Veja a nova morada Fax: +44 1438 748844
Apenas moralmente… aqui ao lado E-mail: CTA@earthprint.co.uk
Website: www.earthprint.com

ESPORO 60 • PÁG. 15
Ponto de vista •

A mulher e a descentralização

Se o teu marido
te ouve…
Agente no terreno e
directora-geral do Centro de A presença de mulheres no seio das instâncias de decisão
Estudos Sociais da África
Ocidental (CESAO), a não garante de maneira alguma um bom exercício
Sr.a Rosalie Ouoba, não parou
de se bater durante 20 anos
da democracia, e ainda menos o início de um desenvolvimento
para fazer ouvir a voz das real. Para que a descentralização, embora cheia de promessas
mulheres rurais. Actualmente,
estabelecida por conta para as mulheres, não seja apenas uma moda passageira,
própria, anima uma rede de
avaliação para a África
é necessário, antes de mais, privilegiar o diálogo no seio
Ocidental e Chade. da família.

T
extos de leis voluntaristas, profissões de parte a reservar à mulher para os seus vegetais. conselheiro municipal ou de freguesia, etc., é
fé, intenções louváveis… Pode dificil- Estas mudanças prolongam-se nas instâncias necessário estar numa lista de um partido po-
mente acusar-se os governos africanos locais sobre outros temas, sem, por essa razão, lítico. Sabendo que poucas mulheres são filia-
de não favorecerem a inclusão de mulheres na tomar a aparência de contestação. Porque ho- das em partidos, têm poucas possibilidades de
gestão das instâncias descentralizadas. Mas esses mens e mulheres aprenderam já a dialogar em aceder a essas responsabilidades. A modificação
esforços falham, devido a uma grave omissão: casa sobre assuntos importantes para a família. das leis impõe-se para permitir às organizações
no meio rural a mulher não toma a palavra O que não era o caso no passado. da sociedade civil, nomeadamente associações
diante dos homens para decidir sobre o destino Se esta atitude, por modesta que seja, alastrar, femininas, apresentar candidatos, com a espe-
da comunidade. Geralmente, apenas as mulhe- um diálogo real poderá estabelecer-se entre o rança de os fazer eleger, para se envolverem nas
res de “orelhas moucas”, que desafiam a ordem homem e a mulher. As vantagens principais: estruturas de decisão e defenderem o ponto de
estabelecida, se exprimem em público. uma maior produtividade agrícola e um esta- vista das mulheres. Isto poderá assegurar uma
O número limitado de mulheres no seio de tuto melhor da mulher no seio da família. Por- maior presença de mulheres no seio dessas ins-
instâncias dominadas pelos homens constitui que quanto mais a mulher se empenhe, e in- tâncias.
também um travão suplementar à livre expres- vista, mais ela força a admiração do seu marido
são feminina. Como podem os homens, apesar e da sociedade… Primeira etapa da cidadania: Aprender a tomar a palavra
de toda a sua boa vontade, tomar boas decisões
O efeito do número conta, as mulheres serão
para as mulheres? Eles terão tendência, por «O diálogo no seio da encorajadas a tomar a palavra para se apoiarem
exemplo, a minimizar a escavação de poços em
número suficiente na aldeia, porque, ao con- família, condição para mutuamente e dar a sua opinião sobre pontos
precisos na gestão da comunidade. Em pri-
trário das mulheres, não vivem quotidiana-
mente a estopada do transporte da água, pon-
uma participação das meiro lugar, elas poderão igualmente concertar-
-se e designar uma porta-voz. Essa poderá ex-
tuada por longas marchas e esperas esgotantes mulheres nos assuntos primir-se mais facilmente em nome das outras
em volta do poço. É preciso ter atenção por-
que esta falsa participação pode abrir mais o da comunidade» mulheres do que em seu nome pessoal. Em se-
gundo lugar, as mulheres deverão ter formação
fosso homens-mulheres e bloquear o desenvol-
em negociação, no lobbying, no domínio do
vimento na base. decidir com a mulher e com os filhos, que cons-
jogo e na compreensão das grandes questões
Felizmente as coisas podem mudar. Não de- tituem a força de trabalho da família, o pro-
em debate. Isso permitirá ter capacidade de
vido às leis impostas, declarações… mas por grama de actividades familiares. É a melhor ma-
apresentar propostas e de defender os seus in-
uma tomada de consciência das realidades lo- neira de obter mudanças de atitudes e
teresses. Pois, geralmente, elas estão presentes
cais. Uma boa noticia do Mali, por exemplo: comportamento face à mulher. Uma mulher
mas não dominam muito bem os assuntos.
uma associação membro da União das mulhe- considerada será encorajada a exprimir-se livre-
Neste caso elas evitam abrir a boca, para não
res rurais da África Ocidental e do Chade ( a mente. Caso contrário, ela pode pensar para si,
se ridicularizarem. Mesmo que elas estejam
UFROAT arrancou em 2000, em Bobo-Diou- “se eu falo, como o vão aceitar? Que irão dizer?”
presentes fisicamente, não podem dar nem o
lassso, pela Sr.a Ouoba, então directora-geral do Mas se a sua família lhe der a possibilidade de
seu ponto de vista e menos ainda defendê-lo.
CESAO, NtRd) conta com numerosas mulhe- se exprimir, ela poderá mais facilmente fazer
Uma tal mini-revolução não prestará serviço só
res eleitas nos municípios rurais. ouvir a sua voz nas instâncias públicas e fazer
às mulheres, mas a toda a comunidade. Dimi-
valer o seu ponto de vista, como mulher e como
Dialogar sobre as apostas nuirá assim o fosso entre homens e mulheres,
cidadã. Poderemos então dizer que ela participa
importantes para a família homens e jovens…
na gestão da comunidade onde vive.
A seu tempo, nós aconselhámos isto: “De O diálogo no seio da família é então uma
E-mail: da UFROAT: resafra_t@yahoo.fr
volta a vossas casas, negoceiem a criação de um condição para uma participação plena e com-
espaço de debate com o vosso marido e come- pleta das mulheres nos assuntos da comuni-
cem pela gestão da exploração agrícola”. Alguns dade. Mas não dispensa “medidas de acompa-
As opiniões expressas neste Ponto de vista
homens aceitam então discutir com a mulher, nhamento”. Existem certamente muitas. são as do autor e não reflectem
para saber qual a área do campo a consagrar ao Insistiremos na revisão de leis e na formação. forçosamente as ideias do CTA.
algodão, à produção de alimentos, e qual a Actualmente, para ser presidente da câmara,

ESPORO 60 • PÁG. 16

S-ar putea să vă placă și