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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA

CURSO DE DIREITO
DIREITO DAS PESSOAS

FELIPE SOARES DA SILVA


GABRIELLE ROCHA DE BARROS MORAES
INGRID DA SILVA MELO
PAULA PINHO CARNEIRO
THIAGO BASSON MEIRA RODRIGUES

DIREITOS DA PERSONALIDADE
Tribunal de Exceção

Rio de Janeiro
2015
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 3
1.1 DIREITOS DA PERSONALIDADE ................................................................................. 3
1.1.1 Conceitos ...................................................................................................................... 3
1.1.2 Contexto Histórico ...................................................................................................... 3
1.1.3 Classificações ............................................................................................................... 4
1.1.4 Características ............................................................................................................. 4
1.1.5 Direitos da Personalidade e Direitos Fundamentais ................................................ 5
1.1.6 Direitos da Personalidade e Tribunal de Exceção .................................................... 5
2. TRIBUNAL DE EXCEÇÃO ............................................................................................. 5
2.1 PRINCÍPIOS INFRINGIDOS PELO TRIBUNAL DE EXCEÇÃO ................................... 7
2.2 EXEMPLOS DE TRIBUNAIS DE EXCEÇÃO PELO MUNDO ...................................... 8
2.2.1 Tribunal de Leipzig ..................................................................................................... 9
2.2.2 Tribunal de Nuremberg .............................................................................................. 9
2.2.3 Tribunal de Tóquio .................................................................................................... 10
2.2.4 Tribunal Penal Internacional da Antiga Iugoslávia ............................................... 11
2.2.5 Tribunal Penal Internacional da Ruanda ................................................................ 12
3. CONCLUSÃO .................................................................................................................. 13
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 15
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1. INTRODUÇÃO

1.1 DIREITOS DA PERSONALIDADE

1.1.1 Conceito

Os direitos da personalidade podem ser conceituados como sendo aqueles direitos


inerentes à pessoa e à sua dignidade. São direitos autônomos e, em verdade, não se pode negar
que foi, sem dúvida, no direito público que, inicialmente, os direitos da personalidade foram
reconhecidos para, depois, ingressarem no direito positivo privado, sendo eles considerados
subjetivos.
Os direitos da personalidade, novo grupo de direitos protegidos pelo Código Civil de
2002, compreendem a proteção às esferas física (envolve o direito ao corpo), psíquica (diz
respeito à intimidade e privacidade) e moral, abordando o direito a honra e ao nome. Abrangem
principalmente os desdobramentos do princípio constitucional da dignidade da pessoa humana,
estes direitos e suas respectivas lesões são devidamente elencados nos artigos 11 a 21 do Código
Civil. Entretanto, ante a complexidade das relações e para efetiva defesa destes direitos,
qualquer lesão a direito da personalidade, ainda que não especificada em lei, poderá ser
combatida, devido a uma cláusula geral de tutela dos direitos da personalidade, constante do
Código Civil.

1.1.2 Contexto Histórico

Em seu contexto histórico, teve grande influência na Declaração de Direitos francesa de


1789. Embora desde a Antiguidade já houvesse preocupação com o respeito aos direitos
humanos, incrementada com o advento do Cristianismo, o reconhecimento dos direitos da
personalidade como subjetivos só são firmados após 1948 com a Declaração Universal de
Direitos Humanos, em que após a Segunda Guerra Mundial com o atentado à dignidade
humana, houve a conscientização da importância dos direitos da personalidade no mundo
jurídico.
No Brasil, estes direitos também têm sido tutelados em leis especiais e principalmente
na jurisprudência, a quem coube a tarefa de desenvolver a proteção à intimidade do ser, sua
imagem, seu nome, seu corpo e sua dignidade. O grande passo para a proteção destes direitos
foi dado com o advento da Constituição de 1988, que expressamente a eles se refere no artigo
5º, X, nestes termos: “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das
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pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação”.

1.1.3 Classificações

Os direitos da personalidade dividem-se em duas categorias: os inatos, como o direito à


vida e à integridade física e moral, e os adquiridos, que decorrem do status individual e existem
na extensão da disciplina que lhes foi conferida pelo direito positivo.

1.1.4 Características

Os direitos da personalidade são inatos à pessoa, em todas as suas projeções, sendo que
são dotados de certas características peculiares, quais sejam:
a) Intransmissibilidade e irrenunciabilidade — Essas características acarretam a
indisponibilidade dos direitos da personalidade. Não podem os seus titulares deles dispor,
transmitindo-os a terceiros, renunciando ao seu uso ou abandonando-os, pois nascem e se
extinguem com eles, dos quais são inseparáveis. Evidentemente, ninguém pode desfrutar em
nome de outrem, bens como a vida, a honra, a liberdade etc.
b) Absolutismo — O caráter absoluto dos direitos da personalidade é consequência de sua
oponibilidade erga omnes. São tão relevantes e necessários que impõem a todos um dever de
abstenção, de respeito. Sob outro ângulo, têm caráter geral, porque inerente a toda pessoa
humana.
c) Não limitação — É ilimitado o número de direitos da personalidade, malgrado o Código
Civil, nos artigos. 11 a 21, tenha se referido expressamente apenas a alguns. Reputa-se tal rol
meramente exemplificativo, pois não esgota o seu elenco, visto ser impossível imaginar-se um
numerus clausus nesse campo.
d) Imprescritibilidade — Essa característica é mencionada pela doutrina em geral pelo fato de
os direitos da personalidade não se extinguirem pelo uso e pelo decurso do tempo, nem pela
inércia na pretensão de defendê-los.
e) Impenhorabilidade — Se os direitos da personalidade são inerentes à pessoa humana e dela
inseparáveis, e por essa razão indisponíveis, certamente não podem ser penhorados, pois a
constrição é o ato inicial da venda forçada determinada pelo juiz para satisfazer o crédito do
exequente.
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f) Não sujeição à desapropriação — Os direitos da personalidade inatos não são suscetíveis de


desapropriação, por se ligarem à pessoa humana de modo indestacável. Não podem dela ser
retirados contra a sua vontade, nem o seu exercício sofrer limitação voluntária.
g) Vitaliciedade — Os direitos da personalidade inatos são adquiridos no instante da concepção
e acompanham a pessoa até sua morte. Por isso, são vitalícios. Mesmo após a morte, todavia,
alguns desses direitos são resguardados, como o respeito ao morto, à sua honra ou memória e
ao seu direito moral de autor, por exemplo.

1.1.5 Direitos da Personalidade e Direitos Fundamentais

Existe uma proximidade muito grande entre os direitos fundamentais e os


personalíssimos, a sutil diferença entre ambos é que nos direitos fundamentais o Estado sempre
vai estar presente, enquanto nos direitos da personalidade a presença do Estado é irrelevante.
Mas em direito público, além da constitucionalização de alguns desses direitos, no
campo penal a sua proteção tem sido efetiva, na generalidade dos sistemas mundiais, através da
instituição de diferentes formas de delitos para atentados contra os direitos de personalidade
(nos crimes contra a vida; à honra; à integridade física, violação dos direitos autorais; respeito
ao segredo; respeito aos mortos; liberdade individual e outros). Ocorre então, a tutela reflexa
desses direitos, em face, porém da concorrência do interesse público.

1.1.6 Direitos da Personalidade e Tribunal de Exceção

Depois de dissertado sobre os direitos da personalidade, é preciso enfocar no tema


principal do trabalho que é a questão dos tribunais de exceção, estes totalmente vedados na
constituição na gama dos direitos fundamentais no artigo 5º, XXXVII, Constituição Federal:

“Artigo 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção”.

2. TRIBUNAL DE EXCEÇÃO

É preciso então conceituá-los para posteriormente destacar aqueles que já existiram na


história mundial.
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Assim pode-se dizer que um tribunal (ou juízo) de exceção é aquele formado
temporariamente para julgar um caso (ou alguns casos) específico após o delito ter sido
cometido. Também são conhecidos por juízos ad hoc ou tribunais de segurança nacional. Por
ter caráter temporário ou excepcional, não condiz com o estado democrático de direito, é mais
comum em estados ditatoriais.
Foram eles instituídos logo após a segunda guerra mundial, para condenar os crimes de
guerra cometidos pelos nazistas, nesse julgamento a defesa negou ofensa ao princípio da
legalidade que era baseado nos postulados do direito penal tradicional, os réus foram
condenados por crimes de guerra.
Assim, os tribunais de exceção, em sua grande maioria, são expressões de países
totalitários ou formas de repressão pública de alguns indivíduos “desviados” ou que, aos olhos
da população, mereçam severa repreensão. Países que se dizem democráticos, como o Brasil,
devem abolir todo e qualquer tipo de tribunal de exceção. Por isso, hoje eles foram extirpados
do mundo jurídico e passou-se a admitir, apenas, a existência dos chamados tribunais comuns.
É necessário considerar os percalços na existência deles. O primeiro e mais claro é que
eles invariavelmente não são imparciais, uma vez que a sua criação é direcionada para um caso
em especificidade. Ou seja, só é criado um tribunal de exceção quando há algum interesse na
direção das decisões e do resultado. O segundo é que aquele a ser julgado sob este tipo de
tribunal perde alguns direitos e garantias do processo como o duplo grau de jurisdição do juiz
natural. Não só estes como também se pode destacar que tais tribunais não são sempre formados
por juristas, pois podem ser compostos por qualquer pessoa.
Não se deve confundir os tribunais de exceção com os juízos especiais, já que estes
últimos são previstos na própria Constituição Federal. Não obstante seja una a jurisdição, a fim
de agilizar e de propiciar a prestação jurisdicional específica, existem as justiças especializadas,
com competência expressa. Tudo isso, obedecidos aos critérios impostos pela norma que
disciplina o ordenamento jurídico, o que afasta desde logo, qualquer dúvida acerca da remota
possibilidade das especializadas se constituírem em tribunais de exceção.
Conclui-se, portanto que o tribunal de exceção é uma farsa jurídica, pois, não é
legitimada pela constituição para regular o exercício de direito. O julgamento tem a carência de
legalidade e o veredicto é previsível, a defesa e a acusação não têm direitos iguais no tribunal.
Então essencialmente o tribunal de exceção é constituído ao oposto dos direitos básicos
constitucionais, tais como: contraditório e ampla defesa, legalidade, igualdade, dignidade da
pessoa humana, juiz natural todos os demais princípios relacionados ao devido processo legal.
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2.1 PRINCÍPIOS INFRINGIDOS PELO TRIBUNAL DE EXCEÇÃO

Conforme fora supramencionado, o tribunal de exceção é totalmente defeso


principalmente por infringir os essenciais princípios do Direito que garantem a segurança
jurídica e a integridade da pessoa humana, além disso, afeta sua plenitude de usufruto dos
direitos. Abaixo serão elencados e explicados os mais importantes individualmente:
Dignidade da pessoa humana: A dignidade da pessoa humana é um valor supremo que
atrai o conteúdo de todos os direitos fundamentais do homem, desde o direito à vida. O conceito
de dignidade da pessoa humana obriga a um aprofundamento valorativo que tenha em conta o
seu amplo sentido normativo-constitucional, não uma qualquer ideia apriorística do homem,
não podendo se reduzir o sentido da dignidade humana à defesa dos direitos pessoais
tradicionais, esquecendo-a nos casos de direitos sociais, ou invocá-la para construir “teoria do
núcleo da personalidade” individual, ignorando-a quando se trate de garantir as bases da
existência humana.
A Isonomia, também chamada de princípio da igualdade, segundo o qual todas as
pessoas são iguais perante a lei. O princípio da igualdade prevê a igualdade de aptidões e de
possibilidades virtuais dos cidadãos de gozar de tratamento isonômico pela lei. Por meio desse
princípio são vedadas as diferenciações arbitrárias e absurdas, não justificáveis pelos valores
da Constituição Federal, e tem por finalidade limitar a atuação do legislador, do intérprete ou
autoridade pública e do particular.
Ampla defesa é o princípio que garante a defesa no âmbito mais abrangente possível. É
a garantia de que a defesa é o mais legítimo dos direitos do homem. Contém duas regras básicas:
a possibilidade de se defender e a de recorrer. A ampla defesa abrange a autodefesa ou a defesa
técnica (o defensor deve estar devidamente habilitado); e a defesa efetiva (a garantia e a
efetividade de participação da defesa em todos os momentos do processo). É princípio básico
da ampla defesa que não pode haver cerceamento infundado, ou seja, se houver falta de defesa
ou se a ação do defensor se mostrar ineficiente, o processo poderá ser anulado. Caso o juiz
perceba que a defesa vem sendo deficiente, ele deve intimar o réu a constituir outro defensor
ou nomear um, se o acusado não puder constituí-lo.
O princípio do contraditório é um corolário do princípio do devido processo legal, e
significa que todo acusado terá o direito de resposta contra a acusação que lhe foi feita,
utilizando, para tanto, todos os meios de defesa admitidos em direito. O contraditório é,
portanto, a opinião contrária daquela manifestada pela parte oposta da lide.
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Na atividade particular tudo o que não está proibido é permitido; na Administração


Pública tudo o que não está permitido é proibido. O administrador está rigidamente preso à lei
e sua atuação deve ser confrontada com a lei (princípio da legalidade).
O princípio do devido processo legal garante a todos o direito a um processo com todas
as etapas previstas em lei, dotado de todas as garantias constitucionais. Caso não haja respeito
por esse princípio, o processo se torna nulo. É considerado o mais importante dos princípios
constitucionais, pois dele derivam todos os demais. Ele reflete em uma dupla proteção ao
sujeito, no âmbito material e formal, de forma que o indivíduo receba instrumentos para atuar
com paridade de condições com o Estado persecutor.
O Princípio do juiz natural estabelece que deva haver regras objetivas de competência
jurisdicional, garantindo a independência e a imparcialidade do órgão julgador. Assim,
podemos entender que Juiz Natural é aquele previamente constituído, como competente para
julgar determinadas causas abstratamente previstas. Ou seja, segundo tal o juízo de uma causa
se determina prévia e abstratamente pelas normas gerais de competência e organização
judiciária. Este princípio está intimamente ligado à vedação dos Tribunais de exceção, visto
que nestes não há prévia competência constitucional.
Ante o exposto, pode-se verificar que o tribunal de exceção vai contra cada um destes
princípios essencialmente, sendo eles totalmente imparciais em sua formação e focados em
casos específicos deixam de respeitar o princípio do juiz natural. Não há também respeito aos
devidos procedimentos do processo penal, já que tem caráter excepcional, possui suas próprias
regras e não seguem o princípio do devido processo legal, que, por conseguinte inibe a ampla
defesa dos réus os quais não tem a possibilidade de reagir às acusações, sem exercer plenamente
seus direitos de combater a “verdade já sabida” que somado a isso não tem o poder do
contraditório, de tomar conhecimento dos fatos alegados e manifestar-se sobre a veracidade
deles. Além disso, se todas as pessoas são iguais perante a lei, conforme o princípio da
isonomia, o tribunal de exceção não deveria julgar de forma diversa nenhum ser humano
independentemente do crime cometido, ferindo, portanto, também este princípio. Não só isso
como em adjunto fere a dignidade humana, muitas vezes com penalidades extremas que chegam
a pena de morte, tortura e fuzilamento. Com isto, chega-se a algumas razões para a total vedação
dos tribunais ou juízos de exceção no Direito brasileiro, e será aprofundado em sequência cada
um dos tribunais que marcaram a história mundial.

2.2 EXEMPLOS DE TRIBUNAIS DE EXCEÇÃO PELO MUNDO


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2.2.1 Tribunal de Leipzig

Ao final da Primeira Guerra Mundial os países vencedores (Estados Unidos da América,


União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, Grã-Bretanha, França, Itália e Japão)
responsabilizaram o Kaizer Guilherme II pelas barbáries cometidas em guerra e pela quebra do
Tratado de Versalhes (1919). Instituiu-se um tribunal para o julgamento do Kaiser alemão, mas
este acabou refugiando-se na Holanda. Os países aliados requereram a extradição do Kaiser
mas a Holanda refutou o pedido pois entendeu que tratava-se de um crime político (alegou-se
direito de asilo). Além disso, a Holanda argumentou que não havia obrigação de sua parte em
acatar decisões das potências vencedoras ainda mais em relação a um tribunal sem precedentes
legais.
Com o objetivo de julgar os militares alemães relacionados aos crimes de guerra, a
Alemanha promulgou competência à Suprema Corte Alemã, com base em lei que implementava
os artigos 228 e 229 do Tratado de Versalhes. Assim, dos 900 suspeitos 40 entraram na lista da
Corte e somente 12 foram processados pelo Julgamento de Leipzig.
Nota-se que o Kaiser Guilherme II não fora processado e julgado pelo tribunal, muito
menos pela Suprema Corte Alemã, porém inicia-se uma preocupação pelos direitos humanos e
punição para os infratores, ainda que o mecanismo vá contra os princípios de direito
internacional e fira os direitos da personalidade.

2.2.2 Tribunal de Nuremberg

A Segunda Guerra Mundial demonstrou o grande descaso pelos direitos humanos, visto
principalmente pelos alemães nazistas que provocaram a morte de aproximadamente 6 milhões
de judeus, 11 milhões de russos, vários ciganos, homossexuais, outras minorias e prisioneiros
de guerra. Ocorreram inúmeras perdas tanto na Primeira quanto na Segunda Guerra Mundial,
porém o que assustou nesta foi a “coisificação” do homem, o tratamento desumano de modo
que ele fosse um objeto.
O Tribunal Militar Internacional de Nuremberg foi esquematizado durante todo conflito,
onde Aliados e representantes dos governos da Europa encontravam-se para imputar a punição
e pena dos responsáveis nazistas. Sua criação deu-se em 8 de agosto de 1945, e de acordo com
a Carta de Londres (1945) o tribunal tinha a competência para julgar os réus pelos crimes contra
paz, contra humanidade e contra a guerra. O Tribunal Militar Internacional foi sediado no
Palácio da Justiça de Nuremberg, na Alemanha. Os procedimentos duraram aproximadamente
1 ano e dos 24 indiciados, somente 22 foram efetivamente julgados (12 condenados à morte, 3
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à prisão perpétua, 3 absolvições e os demais sentenciados a penas entre 10 e 12 anos), além do


julgamento de 6 organizações.
Importante ressaltar que nenhum militar aliado foi julgado pelo tribunal, o que reforçou
a alegação dos julgados que se tratava de um tribunal político, dos vencedores. Outro ponto
levantado pela defesa foi a violação ao princípio da reserva legal, pois os acusados foram
processados e julgados por lei posterior aos fatos por eles praticados. O tribunal contava com 4
juízes e 4 suplentes, sendo estes indicados pelos países Aliados, o que demonstra a ausência do
princípio do juiz natural e a notória parcialidade da Corte. A pena de morte, pena aplicada pelo
tribunal, fere o princípio da dignidade humana e o princípio da retroatividade da lei penal para
benefício do réu.
O significado do Tribunal de Nuremberg é duplo pois consolida a ideia da necessidade
de limitar a soberania nacional e promove o indivíduo como sujeito do Direito Internacional.
Outro ponto importante, no ponto de vista da legislação interna do Brasil, foi a vedação do
tribunal de exceção; externamente contribuiu para a construção do atual Tribunal Penal
Internacional.

2.2.3 Tribunal de Tóquio

O Tribunal Militar Internacional para o Extremo Oriente ocorreu de forma praticamente


simultânea ao de Nuremberg, passando a funcionar 6 meses depois de seu antecessor, tendo
duração de aproximadamente 2 anos e meio. Os fundamentos do tribunal estão presentes na
Declaração do Cairo de 1° de dezembro de 1943, a qual foi assinada pelos representantes dos
Estados Unidos, Grã-Bretanha e China. Os responsáveis japoneses foram julgados pelos
mesmos crimes previstos para Alemanha no Tribunal Militar Internacional de Nuremberg. Uma
das atrocidades cometidas durante a Segunda Guerra Mundial pelos japoneses foi o Massacre
de Nanquim, cidade da China, onde calcula-se uma perda de cerca de 200.000 chineses e saques
no ano de 1937.
O tribunal foi criado em 19 de janeiro de 1946 e anunciado pelo General Douglas Mac
Arthur, comandante-chefe das forças aliadas da região. Cabe salientar que o Japão estava sob
ocupação norte-americana durante o julgamento e por isso os Estados Unidos contribuíram com
fundos e pessoal para o tribunal, demonstrando a ausência de parcialidade da Corte. Algo
interessante neste tribunal foi a tipificação dos crimes de acordo com a participação de cada
réu, ou seja, responsabilização dos líderes, organizadores, instigadores e cúmplices que tivesse
participado na formulação ou execução de qualquer plano de conspiração para cometer um ou
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mais crimes tipificados no artigo 5° do Estatuto do Tribunal Militar de Tóquio (nota-se aqui
uma semelhança com o Código Penal brasileiro para atenuação da pena). Tanto o Estatuto do
Tribunal de Nuremberg como de Tóquio vedavam a impunidade dos delitos por obediência aos
superiores, o que culminou num grande marco para o Direito Internacional.
Dos 80 suspeitos de terem praticados os crimes, somente 28 deles foram a julgamento
(9 civis e 19 militares de carreira), sendo todos eles pessoas físicas. As sentenças foram as
mesmas proferidas no Tribunal de Nuremberg, tais como enforcamento e prisão perpétua. Vale
ressaltar que o imperador Hirohito não foi a julgamento pois entendeu-se que o mesmo seria
indispensável para a administração do país. Uma diferença entre ambos os tribunais realizados
após a Segunda Guerra Mundial foi que no Tribunal de Tóquio havia a possibilidade de recurso
à Suprema Corte Americana.
Salienta-se que os princípios violados neste tribunal são os mesmos vistos no Tribunal
Militar Internacional de Nuremberg.

2.2.4 Tribunal Penal Internacional da Antiga Iugoslávia

O Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia foi criado a partir da resolução 808
de 22 de fevereiro de 1993 do Conselho de Segurança da ONU, com objetivo de julgar os
responsáveis pelas violações ao Direito Internacional Humanitário cometidos no território da
ex-Iugoslávia, onde ocorreu uma guerra civil, que ocasionou na fragmentação em diversos
Estados.
Dessa forma, no dia 3 de maio de 1993, o Conselho de Segurança das Nações Unidas
aprovou, através da resolução 827, um relatório feito pelo Secretário Geral da ONU, que deu
origem à criação do Tribunal ad hoc (para esta finalidade), que buscava julgar os crimes
cometidos na ex-Iugoslávia, onde havia grande ocorrências de massacres, expulsões e
deslocamentos de populações, buscando uma limpeza étnica.
O Tribunal é formado por 2 câmaras de 3 juízes e uma corte de apelação. Ele possuiria
a autoridade para processar os crimes que violassem os princípios básicos, como graves
violações às Convenções de Genebra de 1949, violações às leis e costumes da guerra, além do
genocídio e crimes contra a humanidade. Esse tribunal não julgava apenas os sérvios, mas
também os croatas, albaneses, bósnios e todos envolvidos nesse conflito na região.
Esperava-se que o julgamento do principal acusado por esse Tribunal fosse um exemplo
de advertência pelos crimes que cometeu, porém ele foi encontrado morto dentro de sua cela.
Trata-se do ex-presidente da antiga Iugoslávia e da Sérvia, o Slobodan Milosevic, que era
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acusado de cometer crimes de guerra e contra a humanidade, além de diversas acusações de


genocídio durante as guerras da Croácia e Bósnia, que ocorreram por conta de uma série de
conflitos e irregularidades políticas. Porém, Milosevic não era acusado de cometer homicídio
com as próprias mãos, sendo assim, a acusação tinha de demonstrar sua responsabilidade de
comandante ordenando os crimes ou, sabendo delas, nada fazendo para impedi-las. Porém, as
acusações conseguiram provar que o Milosevic estava no comando do processo de limpeza
étnica e do planejamento de crimes contra a humanidade através de testemunhos, conversas
telefônicas gravadas ou cartas endereçadas a ele.
Os tribunais ad hoc da ONU representaram avanços na jurisdição penal internacional,
contribuindo para que a justiça internacional não fosse mais considerada como a justiça dos
vencedores sobre os vencidos.
A diferença entre os tribunais anteriormente citados e o da antiga Iugoslávia seria que
este apresentou uma Corte militar, já os outros foram constituídos por civis. Outra diferença
importante é que em Nuremberg e Tóquio os vencedores julgaram os vencidos, o que não
acontecia na antiga Iugoslávia.

2.2.5 Tribunal Penal Internacional da Ruanda

Ruanda é um país marcado por conflitos, principalmente pelas etnias hutu (maioria da
população local) e os tutsi. Em abril de 1994 os líderes extremistas hutu, iniciaram uma
campanha de extermínio contra a minoria tutsi.
Um indivíduo que ficou conhecido nesse genocídio foi Jean-Paul Akayesu (prefeito de Taba)
que até o início do massacre conseguiu manter sua cidade violência. No entanto, após uma
reunião com os líderes do governo ruandense interino (os mesmos que planejaram e
orquestraram o genocídio), Akayesu adotou a violência contra os tutsi. Provavelmente, ele
acreditava que seu futuro político e social dependia da sua integração com as forças
governamentais.
Com a mudança de rumo daquela guerra, Akayesu fugiu para o Zaire, atual República
Democrática do Congo, e depois para Zâmbia, onde foi preso em outubro de 1995. Foi
condenado por genocídio em 1998 e cumpre pena de prisão perpétua em Mali.
Este genocídio teve fim em julho de 1994, quando a Frente Patriótica Ruandesa, uma
guerrilha comandada pelos tutsi, expulsou os extremistas genocidas e todo seu governo
provisório. O massacre concluiu-se com um saldo de 800.000 mortos, em sua maioria tutsi,
num extermínio de um décimo da população na época. As consequências do genocídio
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continuam a ser sentidas ainda hoje pois Ruanda ficou devastada, com centenas de milhares de
sobreviventes traumatizados, a infraestrutura do país arruinada, e tendo que manter mais de
100.000 criminosos nas suas prisões. Desde 1996 a República Democrática do Congo, país
vizinho à Ruanda, transformou-se em um campo de batalha, com sucessivos conflitos armados
entre o governo atual de Ruanda e os assassinos hutus que para lá fugiram após o massacre do
povo tutsi.
Em julho de 1994, o Conselho de Segurança, por meio da Resolução n. 935, estabeleceu
uma comissão para investigar as violações humanitárias ocorridas ao longo da guerra civil em
Ruanda. As investigações tiveram como resultado dois relatórios que levaram ao
estabelecimento de um Tribunal ad hoc para Ruanda. O Estatuto do Tribunal de Ruanda não
faz menção a penas específicas para cada delito cometido. Dessa forma, pode-se dizer que
houve uma violação ao princípio da individualização das penas, tendo em vista que serão os
juízes que irão decidir qual pena deve ser aplicada no caso. Em 1995, o Tribunal foi sediado
em Arusha, na Tanzânia. Após muitas etapas preparatórias, no ano de 1997 fora convocada em
Roma uma Conferência de Plenipotenciários com o intuito de concluir as negociações do
referido Estatuto.
O Tribunal tem jurisdição sobre genocídio, crimes contra a humanidade e crimes de
guerra, que são definidos como violações de artigos relativos a genocídios cometidos em
conflitos internos pela Convenção de Genebra. Este Tribunal ficou bastante conhecido,
principalmente, por ter sido o primeiro Tribunal a julgar o genocídio como crime após a sua
criação Legal na Convenção contra o crime de Genocídio, em 1948.
Até maio de 2012, o Tribunal Penal Internacional ad hoc para Ruanda havia proferido
sentenças relativas a 73 casos. Deste universo, 35 acusados foram absolvidos; 15 casos
encontram-se em fase de apelação; 2 acusados foram liberados (tiveram a acusação retirada); 2
acusados morreram ao longo do processo; e 9 acusados encontram-se foragidos. Remanescem,
ainda, em andamento perante o tribunal 2 casos sobre a prática de graves violações de Direito
Internacional Humanitário no território de Ruanda. Quanto às prisões, até junho de 2012, 58
acusados estavam detidos, 22 estavam cumprindo penas em outros Estados e 36 estavam detidos
em Arusha (Tanzânia), sede do tribunal. Dentre eles, destaca-se a prisão de 10 líderes políticos;
8 líderes militares; 7 administradores do Governo; 1 líder religioso; e 4 outros.

3. CONCLUSÃO
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Os Direitos da Personalidade são extremamente importantes porque é a partir deles que


a pessoa se realiza, sendo a inclinação para ser titular direitos e deveres inatos. Uma
possibilidade de ser sujeito de direitos estruturado de forma ínsita, e não mais de acordo com o
papel social desempenhado.
O direito brasileiro não aceita qualquer tipo de tribunal de exceção, prestigiando assim,
o princípio do juiz natural, já que sendo o Brasil, um Estado Democrático de Direito, nada mais
justo e correto de que as pessoas sejam julgadas por órgão devidamente constituído pelo poder
competente, fixado, inclusive, seus raios de extensão, sendo ainda aplicada uma legislação pré-
existente. Diferente disto seria atribuir regalias a determinadas pessoas ou coletividades, indo
de encontro a um outro princípio insculpido na nossa Lei Constitucional, que é o princípio da
igualdade.
Vigora, portanto, em nosso ordenamento, sem qualquer sombra de dúvida, o princípio
do juiz natural ou constitucional, bem assim a proibição dos tribunais de exceção, um
complementando o outro, e garantindo aos cidadãos, o amplo direito de serem julgados por
órgão competente e devidamente investido neste mister.
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REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Paula Wojcikiewicz et al. Guia de estudo: visita aos Tribunais Internacionais
da Haia, 2011. Disponível em: <
http://direitorio.fgv.br/sites/direitorio.fgv.br/files/Guias_de_estudo_tribunais_internacionais.p
df>. Acesso em: 27 maio 2015.

ARAÚJO, Priscilla; Carvalho, Luiza. O Tribunal Penal Internacional e a consagração do


princípio da responsabilidade penal internacional individual. Disponível em:
<http://www.cedin.com.br/static/.../artigos/Luiza%20e%20Priscilla%20DH.pdf>. Acesso em:
28 maio 2015.

AWAD, F. O Princípio Constitucional da Dignidade da Pessoa Humana. Revista Justiça do


Direito. Passo Fundo, v. 2°, n. 1, p. 11-120, 2006.

BENSIMAN, Lucas; CARNEIRO, Vitor; João Gabriel. Tribunal Penal Internacional, 2008.
Disponível em: <http://academico.direito-rio.fgv.br/wiki/Tribunal_Penal_Internacional>.
Acesso em: 29 maio 2015.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, 1988. Brasília, DF: Senado


Federal.

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