Vaz Vaez Gomes PARA INÍCO DE CONVERSA Neste tema você estudará a avaliação nacional da educação básica. Vale lembrar, nesse sentido, que este é um sistema que está em construção. Neste contexto são trazidas à memória as preocupações diagnosticadas nas décadas de 1960 e 1970, as quais Pestana (2009) considera fundamentais para o estudo. Ou seja, os recursos disponibilizados para a área da educação e as oportunidades educacionais que garantiriam uma distribuição social igualitária eram ínfimos. Na década de 1980, com as crises sociais e econômicas do pós-guerra, o processo de competição no mercado mundial, exigiu uma qualificação educacional para a classe trabalhadora. Dessa forma, as políticas de educação demandaram uma agenda pautada na liberação de recursos, e principalmente em metodologias que verificassem o resultado do investimento. Pestana (2009, p. 54) afirma que “ampliaram- se e aprofundaram-se as análises de eficiência da administração escolar, as mensurações de ganhos de aprendizagem e de eficácia dos currículos e, mais recentemente, as de aquisição e domínio de competências e habilidades cognitivas”. Continuando Até o final da década de 1970, no Brasil, o foco estava na construção de prédios escolares e na garantia de equipamentos mínimos. Não se tinha uma avaliação com informações sobre a localização da comunidade sem escola e principalmente sobre a oferta de vagas. É a partir de 1980 que o Ministério da Educação e Cultura (MEC) implementa programas como o EDURURAL e o MONHANGARA, com recursos do BIRD. Esses programas tinham foco principal numa avaliação a partir de sua implementação, mas também nos impactos e no próprio sistema de ensino. Na sociedade contemporânea sem educação não existem cidadania, justiça social e solidariedade. Sem ela, dificulta-se principalmente a entrada no mercado de trabalho tão concorrido, que cada vez mais exige capacitação técnica. Se entende-se que a formação do indivíduo, em sua participação democrática na sociedade, depende de como foi a educação básica recebida, logo se tem que criar mecanismos de averiguação deste ensino (PESTANA, 2009). É a partir dessa preocupação e por causa dela que, segundo a autora, “ampliaram-se e aprofundaram-se as análises de eficiência da administração escolar... ...as mensurações de ganhos de aprendizagem e de eficácia dos currículos e, mais recentemente, as de aquisição e domínio de competências e habilidades cognitivas” (PESTANA, 2009, p. 56). Vamos Praticar? O resultado desse intenso trabalho de avaliação criou na sociedade uma demanda no sentido de utilizar as informações dos processos e os resultados na formulação e nas tomadas de decisões. E é isso que aos poucos vai se ampliando e vai consolidando o movimento pela avaliação do desempenho do ensino brasileiro (PESTANA, 2009). A implementação do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB), a partir de 1988, é decisiva para criar na sociedade brasileira uma “cultura” de avaliação. Segundo Pestana (2009, p. 58), embora os desafios fossem tantos, o primeiro era “o de pesquisar, selecionar ou construir um modelo para o sistema de avaliação que articulasse as várias dimensões da realidade educacional” e paralelamente a isso havia as demandas de gerar informações para o processo de decisão das instâncias competentes por definir e implementar a política de educação. Para entender as demandas das políticas educacionais e atender a elas, Stufflebeam (apud PESTANA 2009, p. 59), define a avaliação “como o processo de delinear, obter e fornecer informações úteis para o julgamento de decisões alternativas”. E aponta uma forma com quatro jeitos de avaliar: contexto, insumo, processo e produto. Finalizando Essa forma é denominada modelo CIPP, o qual sugere que no contexto estão as decisões de planejamento; no insumo são projetadas e analisadas alternativas de procedimentos; a implementação é acompanhada pelo processo; e, por fim, nos produtos estão os resultados como argumento para as decisões. Pode-se dizer então que esta é a base da estruturação do sistema nacional de avaliação da educação básica. Esse modelo de avaliação é amplo, segundo a autora, e tem condições de trazer informações diversas sobre o sistema educacional, como “rendimento de alunos, atuação de professores, supervisores e administradores, eficácia de programas, currículos e processos de ensino, infra-estrutura e condições de funcionamento das escolas” (PESTANA, 2009, p. 59). O SAEB é considerado “um marco referencial da avaliação da educação básica no país”. Seus resultados mostram avanços e “redirecionam” a atuação da educação básica em “outros graus e modalidades de ensino” e são principalmente referências para outras instituições de ensino no país e fora dele. Os princípios e as diretrizes do SAEB são os próprios desafios do sistema, que são visibilidade social; responsabilidade compartilhada; legitimidade; continuidade, qualidade; equidade e eficiência.