Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
Plano Cruzado I
O plano Cruzado foi um plano econômico lançado durante o governo de José Sarney. O
plano foi criado em 1986 pelo ministro da Fazenda (Dilson Funaro), o Brasil vivia um
grande estado de euforia (grandes inflações, eleições, escassez de alguns produtos...).
Foi um ano conturbado, pois em 1985 havia morrido o presidente eleito Tancredo
Neves.
Logo que assumiu, Sarney procurou nortear as diretrizes de seu governo, buscava se
legitimar no cargo para evitar um retrocesso político. Poderia ter o mesmo destino dos
presidentes depostos. No terreno da economia, a fórmula apresentada a Sarney foi
àquela aplicada em todo o mundo na época, um processo recessivo, de restrições
profundas aos investimentos e que levaria a um aumento substancial do desemprego no
país.
Sarney não aceitou, considerava essencial não sacrificar os mais pobres e criar
desemprego. Secretamente, o presidente Sarney combinou com o ministro do
Planejamento, João Sayad, que mandasse a Israel um economista para estudar em
profundidade o plano israelense. Pérsio Arida foi o escolhido.
De volta ao Brasil, Arida deu as linhas gerais do plano, que tinha uma dificuldade muito
grande: estabelecer um pacto interno no qual as forças políticas sustentariam as
consequências do processo de ajuste. Este pacto se revelou inviável, mas o presidente
decidiu aplicar o Plano mesmo sem ele. Inicialmente, a equipe econômica baixou um
primeiro decreto, de alinhamento de preços — ninguém sabia do que se tratava. Preços
e salários foram reajustados linearmente.
- A moeda corrente brasileira que era o Cruzeiro foi transformada em Cruzado, seguido
de sua valorização (O cruzado valia 1000 vezes mais);
- Congelamento dos preços em todo o varejo, os quais eram fiscalizados por cidadãos
comuns (fiscais do Sarney);
- O governo não era responsável o suficiente para controlar seus gastos, além de fazer o
país perder grandes quantias de reserva internacional;
- A proximidade das eleições fez com que o governo tomasse algumas atitudes
populistas, evitando tomar atitudes impopulares para garantir a sobrevida do plano
Cruzado.
Plano Cruzado II
No final de 86, o boicote do mercado ao Plano Cruzado, refletido no desabastecimento
de vários produtos deu origem a um mercado negro, o que levou o governo a lançar um
plano de reajuste econômico.
Segundo Sarney, “o Cruzado II foi o maior erro que cometemos no governo e por ele,
paguei muito caro”. A avaliação dos economistas era de que o aumento dos impostos
sobre cinco produtos de consumo da elite, não traria impacto na inflação. A teoria e as
ações propostas não cumpriram as expectativas. Dentro da própria equipe econômica,
havia divergências, o ministro Sayad defendia que o ajuste fosse feito por meio do
imposto de renda. Cinco meses após a edição do Cruzado II, o ministro Dílson Funaro
foi substituído por Luis Carlos Bresser Pereira.
Plano Bresser
Terceiro pacote econômico do governo José Sarney, o Plano Bresser foi lançado em 12
de junho de 1987 para tentar estabilizar a economia, após os Planos Cruzado e Cruzado
II, pelo ministro da Fazenda Luiz Carlos Bresser Pereira, logo após a inflação bater
23,26% no mês de maio. Em uma reunião extraordinária com o Conselho de
Desenvolvimento Econômico (CDE), foram divulgadas as novas medidas, entre as
quais, congelamento de preços por 90 dias, unificação de orçamentos públicos e maior
independência ao Banco Central, conforme a edição do GLOBO noticiou do dia
seguinte.
Na ocasião, presidente José Sarney afirmou que com as novas medidas a inflação iria
despencar. Segundo o jornal, o Plano Bresser não foi recebido com entusiasmo pelos
demais ministros, nem mesmo pelo presidente, já que com a queda do ministro Dilson
Funaro, responsável pelos planos anteriores, e do titular do Planejamento, João Sayad,
Sarney sonhava em emplacar Tasso Jereissati (PSDB-CE) na Fazenda. Mas o presidente
do PMDB, Ulysses Guimarães, pressionou por Bresser e acabou vencendo.
Em edição de 14 de junho de 1987, o jornal informa que os ''pais do Plano Cruzado''
estariam satisfeitos com o irmão caçula. O Plano Bresser foi oficialmente chamado de
Novo Plano Cruzado, pois as condições seriam “mais favoráveis’’, como disse o
economista Chico Lopes, um dos mentores dos dois primeiros planos”.
As críticas, porém, não demoraram a vir. Três dias depois, o presidente da
Confederação das Associações Comerciais, Amaury Temporal, afirmou que estava
“assistindo ao mesmo filme de 1985, quando veio o pacote fiscal”. Ele criticava
principalmente o fato de o próprio governo não baixar significativamente seus gastos,
além de aumentar a carga tributária.
Segundo o Centro de Pesquisa e Documentação da Fundação Getúlio Vargas, o elevado
poder de compra dos salários verificado durante o apogeu do Plano Cruzado, provocado
pela valorização real da taxa de câmbio, a compressão de tarifas públicas e o
aquecimento da atividade econômica sob o regime de congelamento de preços,
ocorridos anteriormente, não poderiam ser reeditados. O descongelamento da taxa de
câmbio, tarifas públicas e preços após a eleição de novembro de 1986 provocou um
descontrole de preços, que o Cruzado II também não conseguiu conter.
Lançado por um governo com legitimidade questionada, em um momento em que o país
estava sem reservas internacionais e em estado de moratória, o novo plano não podia
contar com a valorização cambial para conter preços. Além disso, a elevação repentina
da inflação mostrava desalinhamento grande de preços. Decepcionada com o Cruzado
II, a população não se mostrava disposta a colaborar e poderia mesmo dificultar o
trabalho do governo, fazendo estoques com medo de novos congelamentos e
desaparecimento de produtos.
O plano de Bresser aliava componentes heterodoxos e ortodoxos, como o congelamento
de preços e salários por 90 dias; e o estabelecimento de um fator de conversão de
créditos aplicável a obrigações e títulos emitidos antes do lançamento do plano com
valores nominais prefixados, além da substituição do gatilho salarial por outro sistema
de reajuste, que levava a perdas salariais. Além disso, a taxa de câmbio foi
desvalorizada em 10,6% e as tarifas públicas foram reajustadas (eletricidade: 45%,
telefone: 34%, aço: 32%, combustíveis: 13%). Estes reajustes elevaram a inflação de
junho à inédita taxa de 26,1%, que foi expurgada do cômputo do cálculo de reajuste
salarial. Segundo o Cpdoc, "a opção por um congelamento flexível era um sintoma de
que Bresser, ao contrário dos criadores do Plano Cruzado, não tinha a pretensão de
eliminar a inflação, mas apenas de criar uma trégua para que se implantassem
gradualmente reformas destinadas a permitir seu controle efetivo".
No mês de julho, a taxa de inflação caiu para 3,1% e a balança comercial alcançou
superávit de 1,4 bilhão de dólares, dando a impressão de que o plano daria certo. Mas
em agosto, com o início da liberação dos preços, a inflação bateu 6,4%. Em dezembro, a
alta já chegava a 14%%. Encurralado pelos trabalhadores, com ameaças de greve, pelos
empresários, anunciando demissões e lockout, e até mesmo por seu partido, o PMDB,
Bresser pede demissão depois de 233 dias à frente da pasta, no dia 18 de dezembro de
1987 com a inflação em 363%.
- Saio na hora correta. Quando existe uma situação, que no fundo é de desconfiança é
hora de sair - disse na ocasião.
Plano Verão
O Plano Verão foi anunciado em 15 de janeiro de 1989. Foi o terceiro choque
econômico e a segunda reforma monetária do Governo Sarney. O mesmo foi elaborado
sob a supervisão dos ministros Maílson da Nóbrega, João Batista de Abreu, Dorothea
Werneck, Ronaldo Costa Conto. O Plano Verão teve a mesma concepção dos pacotes
anti-inflacionários aplicados anteriormente no Brasil e em outros países, diferenciados
destes apenas na extinção da correção monetária.
Foi por meio do recurso constitucional da medida provisória, que dependeu da posterior
aprovação pelo Congresso, que o Plano Verão adotou, dentre outras providências:
• Congelamento dos preços, serviços e tarifas públicas por tempo indeterminado;
• O não realinhamento dos preços dos combustíveis e da energia elétrica.
Em abril daquele ano o governo criou os Bônus do Tesouro Nacional (BTN), atendendo
a reivindicação por um sistema de indexação que pudesse conviver com a inflação que
então ressurgia. O BTN seria corrigido pelo índice medido pelo IPC. Por meio da
análise das medidas adotadas pelo Plano Verão observou-se que as mesmas geraram
uma reação dos capitalistas que largaram os ativos financeiros e tomaram ativos reais.
Para se evitar a fuga de ativos financeiros o governo garantiu uma taxa de juros elevada.
Os agentes econômicos fugiram dos papéis do governo e pegaram os ativos reais.
Como consequência deste fato, o aumento da taxa de juros, no início, fez com que
caíssem alguns preços relativos, só que isso perdurou somente até o mês de abril. Dessa
forma, a taxa de juros continuou subindo até o mês de maio. Naquele mês, o governo
estava com estoque da dívida maior do que no início do plano. Dessa maneira, o
congelamento de preços que vigorou nos primeiros meses foi prejudicial devido ao
realinhamento dos combustíveis e da energia elétrica, antes de serem congelados.
No mês de junho de 1989 algumas das medidas adotadas foram suspensas: a principal
foi à volta da correção monetária, que se tornou necessária devido à reescalada do
processo inflacionário.
A inflação no fim do governo Sarney é alta, pois aos poucos, os preços são
descongelados e a inflação alcança 1972% ao fim do ano, mas seus efeitos sobre a
economia popular são reduzidos pela manutenção do regime de correção monetária
plena, que mantinha o poder de compra dos salários. Ao mesmo tempo, não houve
estagnação: os dados indicavam crescimento da economia, manutenção do emprego e
recuperação da renda per capita.
Plano Collor I
Collor conquistou a simpatia da população, que o elegeu com mais de 42% dos votos
válidos. Seu discurso era de modernização e sua própria imagem validou a ideia de
renovação. Collor era jovem, bonito e prometia acabar com os chamados “marajás”,
funcionários públicos com altos salários, que só oneravam a administração pública.
Sua primeira medida, ao tomar posse no dia 15 de março de 1990, foi anunciar seu
pacote de modernização administrativa e vitalização da economia, através do plano
Collor I, que previa, entre outras coisas:
O objetivo deste plano, segundo Collor, era conter a inflação e cortar gastos
desnecessários do governo. Porém, estas medidas não tiveram sucesso, causando
profunda recessão, desemprego e insatisfação popular.
A medida mais polêmica do Plano Collor foi à retenção das poupanças nos bancos, para
os correntistas que tivessem depósitos acima de 50.000 cruzeiros. Rapidamente, isto foi
chamado de “confisco” pela população.
Em entrevista à revista Veja, Pedro Collor, irmão do presidente, foi quem revelou os
esquemas, que envolviam também Fernando Collor. A notícia caiu como uma bomba. A
população, já insatisfeita com a crise econômica e social, revoltou-se contra o governo.
Plano Real
Plano Real foi o programa brasileiro de estabilização econômica que promoveu o fim
da inflação elevada no Brasil, situação que já durava aproximadamente trinta anos. Até
então, os pacotes econômicos eram marcados por medidas como congelamento de
preços.
O Plano passou por três fases: O Programa de Ação Imediata, a criação da URV
(Unidade Real de Valor) e a implantação da nova moeda, o Real.
Para os economistas, a chave do sucesso do Real foi a URV, que entrou em vigor em 1º
de março de 1994. A adoção de uma moeda virtual para fazer a transição foi a melhor
solução encontrada para desindexar a economia e uma alternativa ao congelamento de
preços. Na prática, funcionou assim: todos os preços foram remarcados com valores em
URV, que era atrelada ao dólar. A moeda que efetivamente circulava era o cruzeiro real
e todos os dias era divulgado o valor equivalente da URV em cruzeiros reais. Ou seja,
se você entrasse no supermercado para comprar frango, na prateleira ele estaria marcado
com o preço “1 URV”. No caixa, o valor seria convertido na moeda “de verdade” para
realizar o pagamento. Pouco a pouco, a inflação inercial arrefeceu e a economia se
acostumou aos preços estáveis. A população, já calejada após tantos planos e com a
ajuda do governo e de jornalistas, conseguiu entender a economia da URV e contribuir
para o sucesso nessa fase do plano.
No dia 30 de junho de 1994, foi editada a Medida Provisória que implantou a nova
moeda, o Real. Essa era a terceira fase do plano.
Todo o programa tinha como base as políticas cambial e monetária. A política
monetária foi utilizada como instrumento de controle dos meios de pagamentos (saldo
da balança comercial, de capital e de serviços), enquanto a política cambial regulou as
relações comerciais do país com os demais países do mundo.
Foi estabelecida a paridade nos valores de reais e dólares, defendida através da política
de intervenção, na qual o governo promoveu a venda de dólares e o aumento das taxas
de juros nos momentos de pressão econômica.
O capital especulativo internacional foi atraído pelas altas taxas de juros, o que
aumentou as reservas cambiais, mas causou certa dependência da política cambial a
esses investimentos não confiáveis em caso de oscilações econômicas.
O Plano Real possibilitou a vitória de Fernando Henrique Cardoso nas eleições para a
Presidência em 1994, sendo reeleito nas eleições seguintes.
Fontes:
http://www.infoescola.com/economia/
http://20anosdoreal.epocanegocios.globo.com/
http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2014/06/1477505-pais-teve-varios-planos-economicos-
para-controlar-a-inflacao-conheca.shtml
http://www.josesarney.org/o-politico/presidente/
http://acervo.oglobo.globo.com
http://opiniao.estadao.com.br
http://www.gazetadopovo.com.br
https://www.todamateria.com.br/
https://www.portaleducacao.com.br/
http://www.fgv.br/