Acusado de falsificação de documentos
Ja
Notas Soltas
SEMANÁRIO GRATUITO
ANO I • N.º 8 • 10 Setembro 2010
Director: Vlademiro Marçal
Propriedade: Medi@Capital, SA
Greve histórica
mostra
insatisfação social
Dois dias de paralisação da CV
Telecom foram barómetro: os traba-
lhadores já não vão em conversas –
querem mesmo melhorar as suas
condições de vida. Reivindicam, pre-
tendem que as coisas mudem de rumo
e não têm medo de ir para a greve.
Este fato vale por todas as sondagens
encomendadas para dar a aparência
que “tudo vai pelo melhor”
Pág. 13
O que por aí vai
Mindelo:
gangs atacam
a polícia
Perante a incapacidade policial
para neutralizar os bandos
marginais, a cidade do Porto
Grande fica à mercê dos gangs:
as denúncias desta situação
altamente perigosa foram
ignoradas. Agora, há combates de
rua entre quadrilhas e a polícia é
corrida à pedrada. Aconteceu na
segunda-feira à noite em
Mindelo. Será que, finalmente,
serão tomadas medidas para
acabar com isto?
Pág. 8
Dirigente da JPAI
atrás das grades
Zeny já está na Cadeia de S. Martinho – trata-se de um
caso de burla e falsificação para arranjar vistos destinados à
emigração para Portugal. Era negócio altamente rendoso e
há suspeitas de envolvimento de funcionários da Câmara
Municipal de S. Lourenço dos Órgãos. Zeny é o responsável
local da Juventude do PAICV - nem mais nem menos.
Agora amarga na penitenciária, à espera de julgamento
Pág. 5
Verdade veio ao de cima
Cabo Verde
safou-se de ser
lixeira tóxica
Ponto final: empresa foi dissolvida
Ao liquidar, por decreto, a Unidade de Incineração da Praia, UIP, o Governo veio reconhecer toda a
manigância que foi uma negociata que ameaçava pôr em risco a saúde de cabo-verdianos: a importação
de lixos tóxicos para serem incinerados na ilha de Santiago. Há dois anos, quando o caso rebentou, foi o
escândalo. Jorge Santos, que o denunciou no Parlamento, foi insultado e enxovalhado aos gritos. Mas
toda a documentação existente era indesmentível – Já recorda o teor do protocolo assinado com testas
de ferro emigrados nos States. A derrota de Filú nas autárquicas de 2008 travou o negócio criminoso.
Dois anos depois, impedido de levar por diante o atentado, o Governo fechou a UIP e os cabo-verdianos
respiram de alívio. Mas foi por um triz que Cabo Verde não se tornou uma enorme lixeira tóxica
Centrais
O que por aí vai Em jogo
Ulisses reclama Programa de Emergência
Seleção acerta,
SOS: casas da Cidade televisão não
“Tubarões azuis” mereciam mais
da Praia ameaçam cair respeito. Bateram-se com galhardia no
estádio da Várzea, repleto de público, e
derrotaram a forte seleção maliana,
A s primeiras habitações já ruíram e em Achada Grande Frente ia havendo
tragédia. A Câmara da capital fez contas: a cidade tem 4 mil casas cujos
tetos podem desmoronar se não forem reabilitadas. Para isso são necessários
onde brilhava Diarra, a coqueluche.
Mas a televisão do Estado, paga por
todos os cabo-verdianos, entendeu que
um milhão e duzentos mil contos, verba que não está ao alcance da autarquia.
os cabo-verdianos não tinham direito à
Por outras palavras – esse Programa de Emergência só pode ser realizado pelo
transmissão do jogo: a TCV, há muito
Governo, como de resto é competência sua. A Câmara está disposta a colabo-
que se sabe, não existe para servir Cabo
rar e desafia o Poder Central a mostrar “rosto humano”. Vamos ver
Verde
Pág. 8
Pág. 16
2 • Já • Sexta-feira 10 Setembro 2010
marco do correio
O Já reserva-se o direito de seleccionar e, eventualmente, reduzir os textos não solicitados,
Desejo um verdadeiro
Primeiro Ministro
Mais do que nunca coloque Cabo
Verde no comboio da modernização
sem atropelos, por isso mais do que
preferir trata-se de escolher e bem, no
futuro que se avizinha. Dito ainda
com mais clareza: a hipótese mais
provável de alternativa ao país e ao
executivo «sem forças e desgastado»
de Dr. José Maria Neves é, sem
dúvida, o Dr. Carlos Veiga. Cabo
Verde precisa de um governo que
fomente a capacidade de intervenção
da juventude, que dialogue com as
associações juvenis e estudantis e que
os apoie de forma clara e sem
paternalismo. Que evite a sua
fabricação por militância e satélites
partidárias, melhor dizendo, ainda um
governo, que sem demagogia, saiba
apostar e confiar nas novas gerações.
Diria ainda: um governo que permita e
estimule a qualidade e excelência no
Ensino Superior e instituições de
ensino em particular, que, em relação
à classe de médicos, tenha a coragem
Outras cartas recebidas:

JAILSON SEMEDO, Praia – Não somos contra a Polícia Nacional. Não atacamos a Polícia. O que condenamos é o
comportamento de certos polícias. Pensamos que o editorial junto é esclarecedor.

MARGARIDA FONSECA, S. Vicente – É verdade que apontamos o dedo ao PAICV: porque é este partido que tem (mal)
governado nos últimos 10 anos e os seus resultados estão à vista. Porque pensamos que quem conquistou o poder aos gritos de
“Ética! Ética!” deve ser implacavelmente punido, em nome da Ética, por provar que, afinal, não teve nem tem Ética alguma.
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As cartas destinadas a esta secção devem indicar o nome e a morada do autor,
bem como um número telefónico de contacto.
nem se prestará informação postal sobre eles.
de avançar com uma avaliação
credível na categoria dos médicos a
fim de dar mais transparência aos
concursos para fazer face à oferta hoje
disponível(…)
Desejo que tenhamos um governo que
padronize a nossa administração
pública, que leve em consideração
critérios de seleção de pessoas por
mérito e excelência na ocupação de
cargos públicos; ao invés de serem
providos nos cargos por paternalismo,
nepotismo e cor política, a que vimos
acompanhando.
Deveremos ter um governo que
privilegie os investimentos públicos
na infra-estruturação que seja
equitativa em todas as ilhas do país,
acompanhados de boas políticas
públicas na área de saúde, educação e
investigação científica, sem os quais
não almejaremos desenvolvimento
equilibrado e harmonioso de todas as
regiões do País. Só assim é que o
governo é capaz de distribuir riqueza,
conciliando ambiente de tranquilidade,
felicidade e segurança, dando voz e
esperança aos mais necessitados e
marginalizados (…) Que, para tal, o
governo deva apostar sem medo em
verdadeiros e não falsos
empreendedores que já causaram
prejuízos junto das instituições de
crédito, devido a burla, como vem
acontecendo, contanto com aqueles
que entendem que o investimento não
seja sinónimo de lucro fácil, de
trabalho mal assalariado, especulativo
e de emprego precário.
(…) Daí dizer-se que se deve destacar
uma das figuras ímpares da nossa
democracia, Carlos Veiga, que não é
demagogo e muito menos mentiroso,
enquanto esteve no exercício do poder
democrático instituído pelo MpD nas
décadas de 90. Na verdade, trata-se de
um governante realista, com pés
assentes no chão, por ter prometido o
que só era possível conseguir, a prova
disso é o 13 de Janeiro de 1991 e os
10 anos de governação, o que
dispensa quaisquer comentários. (…)
Durante os anos que Veiga esteve no
poder, governou com coragem e
tolerância, significando uma lição de
democracia em pleno sentido do
termo, isto é, o respeito por todas as
forças políticas que concorrem para
uma disputa pelo poder em sã
convivência democrática, a prova
disso na altura não se vedou o direito
às minorias.
Convém lembrar que Carlos Veiga se
não fosse este homem, corajoso com
carácter e espírito de moderação e
equilíbrio, o que seria da nossa jovem
democracia, face à fraude que
aconteceu na disputa do cargo de
Presidente da República de Cabo
Verde entre ele e Pedro Pires.
Recorde-se que este homem não
concordou e nem podia patuar com
fraude e com os resultados viciados;
contudo, respeitou-os a bem da Nação
cabo-verdiana e por isso deu
tranquilidade às pessoas, ao país, pelo
que a nossa democracia fortaleceu
com a sua determinação e por isso,
valeu a Nação.
Armindo Francisco Monteiro Silva
(“Zingapinga”)
20 000
exemplares!
Já SEMANÁRIO GRATUITO
Administração e Redação:
Largo Eusébio Ferreira da Silva,
Achada de Santo António, Cidade da Praia,
Ilha de Santiago, Cabo Verde C.P. 669
editorial
Vlademiro
Osvaldo Marçal
Chamem a polícia
O
cidadão, em perigo, pensa duas vezes antes de chamar a po-
lícia: o pedido é uma inutilidade (o mais das vezes, apela-se
à polícia e ela não aparece); depois, pode ser um risco. Su-
cedem-se casos em que a ação policial se confunde com a violência
contra o cidadão: em Mosteiros (um chefe usa a farda ao serviço de
um partido para espancar militantes do outro); na cidade da Praia a
barbárie invade esquadras; na Ribeira Grande de Santiago, a Polícia
recusa-se cobrir a autoridade municipal; a selvajaria chega à Brava e
à ilha da Boavista. A Polícia desconhece as normas do Estado Demo-
crático.
Este retrato não deve ser generali- A parte sã da Polícia (a
zado: há bons polícias, que respei- maioria) é conspurcada por
tam a farda e a sua nobre missão. um grupo de agentes
Essa parte sã da Polícia (a maior- desqualificados que
ia) é conspurcada por um grupo envergonham a corporação.
de agentes desqualificados que Foram recrutados elementos
envergonham a corporação. Fo- com cadastro (isso foi
ram recrutados elementos com ca-
denunciado) e o comando,
dastro (isso foi denunciado) e o
em vez de obedecer ao
comando, em vez de obedecer ao
império da lei, submete-se a or- império da lei, submete-se a
dens emanadas do partido no po- ordens emanadas do partido
der. Há desenquadramento polici- no poder. Há
al e há desmando – polícias que se desenquadramento policial
confundem com bandidos, violên- e há desmando – polícias
cia desmedida nas esquadras, cor- que se confundem com
rupção. O cidadão perde o respei- bandidos, violência
to a esta Polícia e tem medo.
desmedida nas esquadras,
Há uma parte da Polícia que tudo
corrupção
espezinha: prende (abusivamente)
militares, substitui-se aos juízes dos tribunais, chega a roubar, vicia-
se na droga – há até o caso de um agente (Esquadra de Fazenda) com
perturbações mentais, que já esteve internado na Trindade e que, ape-
sar dos seus desacatos, é mantido ao serviço.
Isto resulta da inépcia de um comando partidarizado e da desautoriza-
ção feita pelo Primeiro Ministro que, ao invés de arredar o lamentá-
vel Lívio Lopes do cargo de ministro da Administração Interna por
triste e má figura, arvora os marginais em parceiros sociais e defende
entendimentos com os thugs.
Na sociedade cabo-verdiana, onde a insegurança campeia, há um res-
ponsável: este Governo. A maioria dos agentes da Polícia, a sua parte
sã, tem consciência que, para recuperar a dignidade e o respeito dos
cidadãos, é imperioso que este Governo vá embora para que, então,
se depurem as fileiras da corporação abandalhada. E os cidadãos têm
consciência que, para haver segurança e recuperar a sua Polícia, e ter
nela confiança, é preciso mandar para casa este Governo. Daqui a uns
meses será a hora. É preciso aproveitá-la.

Telefone: (00238) 2601415
E-mail: semanarioja@gmail.com
Propriedade: Medi@capital, SA
Director: Vlademiro Marçal
Design e Paginação: Medi@capital, SA
Impressão: Grafedisport SA
Tiragem: 20.000 exemplares
 Já • Sexta-feira 10 Setembro 2010 • 3

na rota dos dias

Cinco anos depois da elevação a cidade

Porto Novo na esquina

do desenvolvimento

Estava escrito que Porto Novo, a grande chã onde se celebrava o S. João, seria a primeira cidade da ilha de Santo Antão. Não estava escrito como seria o seu
desenvolvimento. Há cinco anos, quando a Vila foi elevada a cidade, havia mais dúvidas do que certezas. Hoje, há mais certezas que o desenvolvimento está aí.
Ao virar da esquina. É claro que é difícil dobrar a esquina. Mas, uma coisa já ninguém retira aos portonovenses: a certeza que vão dobrar essa esquina

A
madeu Cruz admite que a ci-
dade tem o crescimento que
se esperava - crescimento or-
ganizado, nomeadamente a nível de in-
fra-estruturas, habitação social, abaste-
cimento de água, requalificação urba-
na, mas aponta constrangimentos ain-
da por ultrapassar. O mais importante
tem a ver com a necessidade de um
plano sanitário, que resolva a questão
da rede de esgotos e do tratamento de
águas residuais. Para o Presidente da
Câmara do Porto Novo, a cidade não
avança muito mais, se persistir o pro-
blema dos esgotos.
“Porto Novo não consegue avançar,
nem a nível urbanístico nem tão pouco
nos setores ambientais e do saneamen-
to, se o Governo não conseguir resol-
ver o problema dos esgotos”, subli-
nhou o edil, que partilha a opinião dos
munícipes de que, do ponto de vista
dos investimentos públicos, o plano
sanitário é a “prioridade”. De fato, os
munícipes concordam que houve ga-
nhos nestes cinco anos de Porto Novo-
Cidade, mas há dificuldades, e apon-
tam logo o problema dos esgotos, que
começa a ser insustentável.
O problema do saneamento
O Governo reconhece o problema,
garante que está à procura de parcerias
para implementar o plano sanitário de
Porto Novo, mas em termos de solu-
ções concretas: nada. A actual rede,
instalada em 2000, só cobre 20% dos
portonovenses. Está saturada há mui-
tos anos e a situação está um caos, com
esgotos a vazarem em vários pontos da
orla marítima da cidade.
Alcindo Rocha, líder da bancada do
MpD na Assembleia Municipal, disse
a Já que vai aproveitar para, na sua
intervenção na sessão espacial da As-
sembleia Municipal, voltar a pedir ao
Governo que procure resolver o pro- vimento do capital humano. Elísio Ro- mente a nível do abastecimento, do
blema dos esgotos na cidade. Alcindo cha entende que é preciso apostar mais turismo e da construção de estradas.
Rocha, em termos de balanço dos na valorização das pessoas.
cinco anos de vida da cidade, entende Josefá Barbosa foi um dos principais Conquistas marcantes
que a urbe cresceu, graças ao esforço mentores da ideia de cidade. Diz-se or- Em 2005, o problema de água para
global dos dois níveis gulhoso de pertencer ao consumo colocava-se com acuidade: a
de poder. Refere-se à “Porto Novo não grupo daqueles que instalação do dessalinizador era apon-
visão do desenvolvi- acreditaram nessa ideia. tada, pela generalidade dos munícipes,
mento traçada pela Câ- consegue avançar, Considera que as expe- como o projeto mais desejado. Em
mara para transformar nem a nível tativas inicialmente 2007, essa aspiração concretizou-se.
a cidade em pólo de urbanístico nem tão criadas foram concreti- Hoje, os citadinos consomem água de
atração de investi- zadas, embora haja ain- qualidade, graças ao projeto Águas do
mentos privados, o que
pouco nos setores da muito por fazer, so- Porto Novo, que resultou duma parce-
tem dado frutos. ambientais e do bretudo a nível da saú- ria público-privado. O investimento
Já Elísio Rocha, líder saneamento, se o de e educação (Ensino foi de 240 mil contos. Porto Novo é
da bancada do PAICV Governo não Superior). O estatuto de dos poucos centros urbanos do País
(Oposição) na Assem- cidade levou a que as com disponibilidade de água durante
bleia Municipal, consi- conseguir resolver o pessoas passassem a todo o dia.
dera que, a nível de problema dos esgotos” prestar atenção a Porto Outra infra-estrutura marcante: o está-
crescimento da cidade, Novo. O interesse no dio municipal, espaço desportivo mo-
o balanço é positivo, com investimen- Município aumentou, segundo Josefá derno, entre os melhores de Cabo
tos nos mais variados setores, mas, a Barbosa, para quem a urbe ganhou Verde. É um projeto da Câmara e cus-
seu ver, existe um défice de desenvol- importantes infra-estruturas, nomeada- tou mais de 200 mil contos.

Praia do Armazém: águas contaminadas

O que não mata, engorda

É na praia do Armazém que
se dá o vazamento de
esgotos da cidade do Porto
Novo. A praia foi interditada.
Mas as pessoas continuam a
usá-la. O que não mata,
engorda?
A praia do Armazém, em plena
cidade do Porto Novo, está inter-
ditada há três anos, devido ao vaza-
mento dos esgotos, mas os banhistas
nunca quiseram saber disso para nada.
Sempre ignoraram o aviso das autori-
dades competentes de que essas águas
estão contaminadas. E continuam aí a
tomar banho, a tratar o peixe e a fazer
atividades culturais e desportivas.
Com isto fazem jus ao velho ditado: o
que não mata, engorda!
Quem devia zelar pelo cumprimento
da interdição não o faz. E como não
há notícias de que alguém tenha sido
contaminado pelas águas dessa
praia… as pessoas continuam a usá-la
ao estilo: se não mata… O novo
Delegado de Saúde quer pôr cobro a
esta situação: já solicitou novas
análises às águas para se certificar do
grau de contaminação pelos esgotos
nesse espaço muito frequentado nos
períodos mais quentes do ano. Os
resultados devem estar a chegar. Se se
confirmar que a praia está contamina-
da, serão tomadas medidas para
impedir que continue a ser utilizada
tanto pelos banhistas como para a
atividade pesqueira. Os esgotos nunca
pararam de desaguar na praia do
Armazém.
4 • Já • Sexta-feira 10 Setembro 2010

na rota dos dias

Mais pessoal e meios para os bombeiros “Onde pára a Polícia?”
de S. Vicente
Jovitas contra
Zau toma concorrência
medidas
O Governo recusa
comparticipar no serviço
ilegal
social dos bombeiros.
Os soldados da paz de S.
Vicente reclamavam
e a Câmara Municipal
atendeu-os: Isaura
Gomes passa a ação,
deixando a descoberto
a ineficiência
do Executivo de José
Maria Neves

O
s bombeiros de São Vicente,
representados pelo seu sindi-
cato, o SINTAP (Sindicato
dos Trabalhadores da Administração
Pública), chegaram a acordo com a
Câmara Municipal de São Vicente,
CMSV. Exigiam melhores condições
de trabalho, mais e melhores ambulân-
cias, aprovação do Estatuto dos
Bombeiros, aumento do número do
pessoal.
A Presidente da CMSV, Isaura Gomes,
que dirigiu a reunião, aceitou as
exigências do corpo de bombeiros. Em
consequência, foi criada uma comis-
são para elaborar uma proposta de
Regulamento dos Bombeiros de S.
Vicente, que deverá ser posto em práti-
ca no próximo ano, após a aprovação
do Orçamento Municipal para 2011.
Zau comprometeu-se a tentar melhorar
Na cidade da Praia
o parque automóvel da corporação e a
aumentar o quadro do pessoal. Na ilha
existem apenas dezanove bombeiros,
insuficientes para prestar serviço de 24
sobre 24 horas. Para colmatar esta
brecha serão admitidos mais quatro
bombeiros profissionais e criado o
corpo de bombeiros voluntários para
auxiliar a Corporação.
Comparticipação do
Governo
A Presidente da CMVS chamou a
atenção para o fato do Governo não
comparticipar no serviço prestado pe-
las ambulâncias. Todas as despesas são
suportadas pelo Município, sem que
haja comparticipação do Governo por
um serviço que deveria ser subsidiado
por um Serviço Nacional de Saúde.
Este é mais um exemplo de como este
Governo vira as costas ao Poder Local,
sobretudo aos Municípios cabo-ver-
dianos que não alinham com as cores
governamentais. Esta atitude do Exe-
cutivo de José Maria Neves penaliza
seriamente as populações que, muitas
vezes, não se apercebem daquilo que é
realmente a competência do Governo e
a dos Municípios. À medida que os
autarcas conseguem separar clara-
mente as águas, a manobra do Go-
verno afunda-se, ficando em evidência
a sua política anti-social.
A edil sanvicentina, analisando esta si-
tuação, diz que nem sequer os utentes
pagam o serviço que lhes é prestado
pelas ambulâncias. Por isso, defende
um outro modelo para financiar o ser-
viço público efetuado pela corporação
de bombeiros. É algo agora na agenda
da Câmara Municipal de S. Vicente.
São cada vez mais as vozes que se levantam perante “o fechar
de olhos” da Polícia de Trânsito para situações de ilegalidade.
Agora são os proprietários das jovitas a acusar a PN de não
atuar sobre os carros ilegais e a concorrência fora da lei feita
pelos hiaces e táxis que transportam mercadorias
O s condutores das carrinhas de
caixa aberta, conhecidas como
“jovitas”, estão descontentes com
tratassem de veículos legais”.
Este assunto foi mesmo tratado de
forma mais particular por um propri-
situações que têm afetado a classe e etário que nos deu acesso a carta que
os tem deixado preocupados. Com a escreveu à Polícia, relatando o fato
escassez de fretes e o número de car- de sofrer renhida concorrência de um
ros em circulação a aumentar, enfren- carro ilegal, na linha de Tchon de
tam mais dois problemas: o aumento Holanda. Além das queixas, na carta
de carros sem licença e o que classifi- reclama contra a ineficácia da Po-
cam como concorrência “desleal” por lícia, que já tinha alertado, há muito
parte dos hiaces e dos táxis. tempo, para este tipo de situações.
Euclides Andrade, proprietário de Os motoristas apontam o dedo às au-
uma jovita, diz que “nestes tempos toridades policiais que, no seu enten-
der, pactuam com essa situação de
têm aparecido muitos carros ilegais, e

Quadrilhas desmanteladas
que fazem muito dinheiro porque não
precisam de pagar taxas”.
Outro motorista diz que os carros ile-
gais estão a dar-lhes cabo do negócio.
ilegalidade.
Gumercindo Brito é um dos muitos
motoristas que afirmam que a polícia
não está a fazer nada. “As autori-
dades só tomam medidas quando

A
Brigada de Investigação Cri-
minal (BIC) da Polícia Na-
cional desmantelou duas
quadrilhas que operavam na cidade
da Praia. A primeira dedicava-se ao
furto de viaturas na capital, para
depois revendê-las na cidade da
Assomada. Esta quadrilha, além de
roubar e vender viaturas, tinha por
hábito usá-las. Se não houvesse possi-
bilidade de as vender, eram então
abandonadas depois de vandalizadas.
O desmantelamento ficou a dever-se
ao fato de um dos elementos do grupo
ter participado no assalto à loja Visão,
no mercado de Sucupira, para depois
utilizar uma das viaturas roubadas na
colocação do produto do roubo no
mercado. Intercetado pela BIC, confes-
sou e denunciou os cúmplices, per-
mitindo assim a recuperação da totali-
dade das viaturas roubadas.
A mesma Brigada deteve também dois
indivíduos que, passando-se por jovens
empresários, burlaram a firma Khym
Negoce em largas centenas de contos
através da compra de vários eletrodo-
mésticos e outros produtos em nome de
uma empresa fictícia, fazendo o paga-
mento com um cheque sem cobertura.
Alertada a Brigada, a dupla de mal fei-
tores foi detida e a respectiva mercado-
ria devolvida aos donos.
Polícia assobia para o lado
Os motoristas já reportaram essa situ-
ação à Policia através de um abaixo-
assinado, onde expõem o seu proble-
ma de falta de trabalho e da ilegali-
dade dessas viaturas. Nesse texto lê-
-se: “Há a concorrência desleal de
veículos que se apresentam com cha-
pas de aluguer, sem licenças de
aluguer, fazendo fretes como se se
querem”.
Para Carlos Almeida: “somos uma
classe esquecida, devido à falta de
fiscalização nos carros ilegais, mas
também quando os táxis e os hiaces
fazem o nosso trabalho”.
Euclides diz que “hiaces e táxis
fazem o trabalho das jovitas, mas não
são culpados. A Policia é que os
deixa”.

sem perdão
São Lourenço dos Órgãos
Líder da JPAI preso na Cadeia
Central de São Martinho
É um caso que agita um
Município do interior de
Santiago (S. Lourenço dos
Órgãos) e se projeta para
outros Municípios: Santa
Cruz, Santa Catarina e
Ribeira Grande de Santiago.
Porque envolve um
responsável da JPAI, já
detido, ganha repercussões
especiais. Mas há suspeitas
de outros, e também graves,
envolvimentos
O
diretor do Centro de Juven-
tude de São Lourenço dos
Órgãos e presidente da JPAI
(Juventude do PAICV) no concelho,
Ângelo Lima, mais conhecido por
“Zeny”, foi transferido, no dia 31, se-
gunda-feira, por despacho do Juiz da
Comarca de Santa Cruz, para a Cadeia
Central de São Martinho, onde irá
aguardar a instrução do processo que
pode (ou não) acusá-lo por crime de
falsificação de documentos. Nas últi-
mas eleições autárquicas, Zeny fez
parte da lista de Victor Baessa para a
Câmara Municipal de São Lourenço
dos Órgãos (CMSLO)
Ângelo Lima foi preso por elementos
da Polícia Nacional da Esquadra de
Órgãos, no passado dia 16 de Agosto,
logo pela manhã, no seu local de traba-
lho, em cumprimento de um mandado
de captura da Policia Judiciária que
investigava o caso de falsificação de
documentos desde o inicio deste ano.
“A ser verdade, estamos perante um
fato deveras grave. É que tomámos co-
nhecimento, há dias, de um funcioná-
rio da Câmara Municipal de São Lou-
renço dos Órgãos que teria solicitado à
Embaixada de Portugal, em nome da
edilidade, 5 vistos de entrada e perma-
nência, a favor de um grupo de supos-
tos funcionários da Câmara que iriam
deslocar-se a Portugal para um inter-
câmbio, a convite do Rotary Club de
Portugal (RCP). Entretanto, quando a
representação diplomática portuguesa
no nosso País, solicitou-nos, através
duma missiva, esclarecimentos sobre o
processo de pedido de vistos começá-
mos a perceber que, realmente, havia
qualquer coisa que não batia certo,
pois a Câmara nunca endereçou qual-
quer pedido de vistos à Embaixada de
Já • Sexta-feira 10 Setembro 2010 • 5
Portugal”, conta fonte próxima do ma – Zeny, no passado 16 de Agosto. este caso de ”emissão de passaportes la, orquestrada por um grupo de cor-
presidente da CMSLO. Para além de pedido de vistos, “Zeny de serviços a falsos funcionários da ruptos da Câmara Municipal de São
contava com comparsas da Direção de CMSLO” está a ser acompanhado pela Lourenço dos Órgãos que, face a gra-
“As assinaturas eram Emigração e Fronteira (DEF) na emis- Judiciária portuguesa e pelos Serviços vidade deste fato, procuram agora um
forjadas” são de passaportes de serviço a favor de Emigração e Fronteira (SEF) que bode expiatório. E há, também, quem
A verdade é que, segundo a nossa fon- de 5 ‘supostos funcionários da aliás, têm coadjuvado as suas con- não acredite que Zeny esteja sozinho
te, deu entrada nos serviços consulares CMSLO’”, assegurou-nos fonte da géneres cabo-verdianas na identifica- nesta estória. “Eu, particularmente,
da Embaixada de Portugal, um dossiê DEF, que pediu anonimato, já que in- ção de outros indivíduos, tanto em Ca- não acredito que Zeny agiu sozinho.
de pedido de vistos, contendo os se- ternamente está em curso meticulosa bo Verde como em Portugal. Todos nós sabemos que ele era, até ao
guintes documentos: investigação mandada Qual era o modus fa- As assinaturas do momento da sua
uma nota do RCP, com Zeny receberia, por desencadear pela Dire- ciendi do alegado cri- detenção, o menino bo-
assinatura “falsifica- ção Nacional da PN, me? Ao que já se apu- Presidente de São nito do senhor
cada visto,
da”, a convidar “fun- através do diretor de rou, Zeny receberia, Lourenço dos Órgãos Presidente da Câmara,
cionários da CMSLO”
450.000$00. Igual Fronteiras, Júlio Milí- por cada visto, eram tão perfeitas que Victor Baessa. Por isso,
para intercâmbio; uma quantia era paga por cio, com quem o Já 450.000$00. Igual
conseguiram ludibriar se nunca trabalhou na
nota do presidente da cada emissão de tentou conversar, mas quantia era paga por ca- Câmara, como dizem
Câmara Municipal de passaporte de serviço. as tentativas foram in- da emissão de passa- os responsáveis dos agora, como é que teve
Ana Dias, com quem a frutíferas. porte de serviço. As serviços de emissão de acesso aos vários docu-
CMSLO tem protocolo As pessoas envolvidas, De acordo com fonte pessoas envolvidas, su- vistos. “Temos mentos, aos carimbos e
de geminação, cuja as- supostamente da DEF, as assinaturas postamente funcioná- às chaves dos vários
sinatura “é perfeita- funcionários da do Presidente da rios da CMSLO, são informações que um gabinetes?”, interroga a
mente adulterada”, a CMSLO eram de tal oriundas de diferentes indivíduo foi preso em nossa fonte que desafia
convidar uma equipa
CMSLO, são oriundas sorte perfeitas que con- partes da ilha de Santia- o Presidente a vir à pra-
Cova da Moura -
técnica deste Municí- de diferentes partes da seguiram ludibriar os go. Mas Tarrafal, Ri- ça pública esclarecer os
pio a deslocar-se àque- ilha de Santiago. Mas responsáveis dos servi- beira Grande de Santia- Buraca, concelho de laurentinos sobre o que
la edilidade portuguesa ços de emissão deste tí- go e Santa Catarina são Amadora, Portugal, realmente se passou.
Tarrafal, Ribeira
para missão de serviço; tulo de viagem. “Te- os concelhos com mais pelas autoridades A propósito de funcio-
Declaração de Venci- Grande de Santiago e mos informações que beneficiários desta
portuguesas e um nários corruptos na
mento dos supostos Santa Catarina são os um indivíduo foi preso “prodigiosa operação”. CMSLO, Já sabe da
funcionários; Contrato concelhos com mais em Cova da Moura - Segundo fonte da outro foi detido no envolvência do ex-dire-
de Trabalho; e uma Buraca, concelho de CMSLO, Zeny adulte- Sal, quando se tor de gabinete do Pre-
correspondência de co- beneficiários desta Amadora, Portugal, pe- rava as assinaturas do sidente, Laurentino
preparava para
bertura com assinatura “prodigiosa operação” las autoridades portu- presidente, Victor Ba- Garcia, no caso das
“forjada” do presidente guesas e um outro foi essa, bem como de ou- embarcar” vendas de vistos, por
da CMSLO. detido no Sal, quando se preparava pa- tras entidades envolvidas, nomeada- 400.000$00, a pessoas de outros con-
O cônsul português, continua esta fon- ra embarcar”, assevera a fonte da DEF, mente, Rotary Club de Portugal e celhos que são incluídas nas listas dos
te, ao receber o dossiê alertou a fun- que admite que este serviço terá emiti- Câmara Municipal de Ana Dias, para, alunos que se deslocam a Portugal
cionária da Embaixada para eventual do vários passaportes de serviço em ludibriar as autoridades consulares e para frequentar cursos profissionais e
irregularidade daquele processo. Foi nome dos “supostos altos funcio- da Policia Nacional. superiores. Esta suspeição foi levanta-
então que os serviços consulares nários” da edilidade de SLO. da por um deputado municipal numa
enviaram à Policia Judiciária a partici- “Zeny é vítima de cabala?” das sessões de Assembleia Municipal
pação para investigação, que culminou
PJ portuguesa apoia Entretanto, pessoas próximas de Zeny em que o mesmo questionava sobre a
na detenção do presidente da JPAI em congénere cabo-verdiana garantiram à nossa reportagem que es- transparência dos critérios utilizados
São Lourenço dos Órgãos, Ângelo Li- Já está em condições de avançar que te caso não passa de uma grande caba- aquando da seleção dos candidatos.
6 • Já • Sexta-feira 10 Setembro 2010
cá se fazem
Cockpit à luz das velas
Noite do apagão
com beldades luzidas
P
ara se falar das noites da Praia é imperi-
oso falar daquele que é o local do mo-
mento: o Cockpit. Fica situado na zona
industrial da Achada Grande Frente.
Um dos chamarizes desta discoteca de tipo eu-
ropeu são as suas noites especiais sempre dedi-
cadas a um tema diferente e sugestivo. Isto não
oferece dúvidas. Desta vez, o Cockpit quis
O Ténis bem representado no Cockpit
acertar o passo com a realidade da cidade e de-
dicou uma noite aos apagões, que infelizmente
marcam o triste quotidiano da nossa capital.
Assim, em charge apontada à maldosa Electra,
Cockpit celebrou festa, na passada segunda fei-
ra, à luz das velas contrastando apenas com os
laser e projetores da pista. Riola e crítica mor-
daz. Na “mouche”. Parabéns.
Juventude saudável
Apesar de ser “noite do apagão”, o público, na
grande maioria jovem, acorreu ao Cockpit.
Mas qual apagão, qual quê? Foi noite cheia de
energia, lá isso foi, com “beldades” a desfilar
pelos cantos e recantos da discoteca.
Liderado por Gilson Lima, Cockpit há muito
que vem consolidando o seu lugar na noite
praiense - não só devido à sua boa música, sin-
Adivinhem lá!!!!!
O Cockpit quis acertar o
passo com a realidade da
cidade e dedicou uma
noite aos apagões, que
infelizmente marcam o
triste quotidiano da nossa
capital
Ó sabura na Praia
tonizada com as camadas mais jovens, como
também por estas já famosas festas, organiza-
das em torno de temas especiais e que dão bra-
do.
Com segurança apertada, como se impõe num
lugar destes, Cockpit é hoje um dos locais mais
procurados para quem sai à noite. Talvez o
mais referenciado de toda a cidade da Praia.
 Já • Sexta-feira 10 Setembro 2010 • 7

notícias do jet-set

Ruth, Nair e Nunu Vasco Miranda em boa companhia

O quê? Strela? Ritmo em pleno apagão

Caló, ex-internacional cabo-verdiano entre amigos As luzes acenderam-se

Muita alegria na noite do apagão

8 • Já • Sexta-feira 10 Setembro 2010
o que por aí vai
Famílias sem teto na Praia
Ulisses pede
“rosto humano”
O desafio está feito: ou a prioridade para o Governo é instalar condignamente populações
cujas casas ameaçam ruir com as próximas chuvas ou a prioridade é instalar o próprio
Governo numa “cidade administrativa”. Ulisses compromete-se a colaborar com o
Governo num Programa de Emergência para a reabilitação das habitações da Praia – a
“bola” está agora no campo de José Maria Neves
O
edil da Praia, Ulisses Correia
e Silva, pediu esta semana ao
Governo que mostre “rosto
humano” e tome medidas urgentes
para pôr cobro à grave situação em
que milhares de famílias vivem na ca-
pital - mais de quatro mil famílias, nos
diversos bairros da Praia, estão na
eminência de assistirem ao desaba-
mento das suas casas.
“Na grande maioria são casas com te-
tos prestes a cair e que colocam várias
famílias em risco eminente de perda
de vida”, explicou o Presidente da
Câmara numa Declaração de Emer-
gência, na qual reclamou do Governo
medidas para responder, com firmeza
e seriedade, a esta situação, es-
timando que sejam necessários mais
de um milhão e duzentos mil contos
para realizar intervenções em mais de
Em Mindelo
Gangs apedrejam polícia de Intervenção
E lementos do gang da Cova,
Monte Sossego (S. Vicente), ape-
drejaram um agente do Corpo de
Intervenção da Policia Nacional e a
viatura da unidade. O agente, apa-
nhado de raspão por uma pedrada na
face, sofreu ligeiras escoriações. A
viatura ficou amolgada devido ao
impacto das pedras. O fato ocorreu na
4 mil casas que ameaçam ruir.
“A enormidade destes números inter-
pela o Governo a assumir as responsa-
bilidades que lhe cabem em situação
de proteção civil das populações, com
a urgência que a situação requer”, fri-
segunda-feira, por volta das 23horas,
quando o CI foi chamado a pôr fim a
desacatos entre os gangs de Fernando
Pó e Cova que se enfrentavam. Ao
chegar ao local, a brigada encetou
perseguição ao grupo da Cova que
fugiu para a sua zona. Alguns elemen-
tos do grupo esconderam-se numa casa
abandonada e, quando a Policia
sou Ulisses, porque, como se sabe, a
CM da Praia não dispõe de recursos fi-
nanceiros para executar o Programa de
Emergência que, em nome da popula-
ção da Praia, veio exigir. O Governo
deve considerar a reabilitação das
habitações como prioritária e urgente,
e mobilizar para isso, se for necessá-
rio, o apoio da Comunidade Interna-
cional. “É, repito, uma situação de
protecção civil!”, afirmou Ulisses
Correia e Silva.
Com o cair das últimas chuvas, regis-
taram-se desabamentos de tetos, sendo
um caso em Achada Grande Frente - o
de maior gravidade, uma vez que qua-
se ceifava as vidas de uma família in-
teira. Com o aproximar das próximas
chuvas, muitas outras casas estão em
eminência de ruir, colocando em risco
famílias inteiras, incluindo crianças.
chegou, foi atacada à pedrada. Três
elementos do grupo foram detidos e
presentes ao juízo de instrução crimi-
nal.
As rixas entre gangs são cada vez mais
recorrentes na cidade do Mindelo e a
zona da Cova torna-se zona “proibida”
para a Policia: todas as vezes que aí
entra, é recebida à pedrada.
Minó abusa e bisa
Comandante
desarma
agente que
prendeu um
amigo seu
Regional da Praia.
Nem mesmo depois do agente lhe ter
solicitado para falarem em privado,
evitando a “humilhação” por que esta-
va a passar, Cardoso se acalmou.
Disse a Adilson que há muito tinham
contas a acertar: “ali mi ki ta manda”,
disse-lhe Minó, para de seguida man-
dar o comandante Varela desarmar o
agente, mostrando assim a sua au-
toridade. Depois mandou soltar o emi-
grante amigo.
O caso “pendente” entre os dois po-
lícias já vem de longe. Certa vez, a
viatura de Minó embateu na de
Adilson. Guilherme Cardoso assumiu
a culpa e disse-lhe que nem era pre-
ciso chamar a polícia. Iria pagar os
estragos – o que não aconteceu. De
nada valeram os pedidos de Adilson
É
mais um caso envolvendo o para reparar o carro. Minó ficou com
Comandante Regional da Po- o agente “atravessado” até hoje, sabe
lícia Nacional, Guilherme Já da estória. Resultado: Adilson con-
Cardoso. O homem não está com tinua desarmado e à mercê dos
meias medidas. No dia 13 de Agosto “thugs”.
mandou desarmar um agente por ter As queixas contra Guilherme Cardoso
detido um amigo seu. O caso ocorreu não param: para além do cidadão
diante do comandante da Esquadra da comum, agora são os agentes que se
Achada de S. António, Manuel Varela, dizem vítimas da sua “prepotência”,
e de outros agentes que como se ele fosse o tri-
ali se encontravam. “ali mi ki ta manda”, bunal. De acordo com
“Foi uma humilhação”,
contou-nos quem viu. disse-lhe Minó, para as nossas fontes, todos
os graduados que têm
O agente Adilson Pe- de seguida mandar o demonstrado indig-
reira tinha acabado de comandante Varela nação pela forma como
levar para a esquadra
um indivíduo, alega-
desarmar o agente, “trata” os detidos estão
a ser transferidos.
damente emigrante em mostrando assim a sua E como há limites para
férias, acabado de ser
detido por desobedi-
autoridade. Depois tudo, há poucos dias,
mandou soltar o mandou prender uns
ência e tentativa de su-
borno. De acordo com
fontes ouvidas por Já,
emigrante amigo
jovens que estavam ao
pé do seu quiosque na
Achada, perto de “Di
de repente, o Comandante Guilherme Nôs”. No dia seguinte, o espaço (que
(Mino, como é conhecido) irrompeu é muito frequentado, principalmente
pela sala e, no meio de toda a gente aos fins-de-semana) estava completa-
(inclusive de outros agentes), chamou mente sujo: os jovens defecaram no
Adilson de “abusado”. Acusou-o de sítio. E esta, hein? Cá se fazem, cá se
estar a querer mandar no Comando pagam.

sem tirar nem pôr
Fogo ao rubro
abraçou Carlos Veiga
A
ilha do vulcão recebeu,
durante cinco dias, a visita do
líder do MpD, Carlos Veiga,
que calcorreou os três concelhos da
ilha, localidade a localidade, olhos nos
olhos com a população. Numa ilha
esquecida pelo actual governo, cheia
de promessas por cumprir, o
Presidente do MpD foi recebido com a
alegria de quem vê a esperança ao
fundo do túnel, mas também com a
revolta de um povo farto de uma déca-
da de esquecimento, discriminação e
medo.
Com as chuvas das últimas semanas,
DjarFogo vestiu-se de verde, dando
alento aos muitos agricultores de rega-
dio, que aproveitam esta benesse de
Deus para trabalhar as terras de sol a
Esperança...
sol, mas mesmo assim ninguém quis
perder a oportunidade de estar com
Carlos Veiga, que, quando necessário,
entrou pelos campos adentro para
levar a sua mensagem. De São Filipe a
Mosteiros e a Santa Catarina, a euforia
com que o líder foi recebido chegou
mesmo a ser emocionante: ele foi visto
como a única hipótese para retomar o
progresso e restabelecer a democracia
que, no Fogo, é débil e fragilizada pelo
medo instituído pelo poder reinante.
“Não tenham medo, nós estamos aqu”,
ou “Mudar Cabo Verde está nas mãos
de todos nós”, ou ainda, “Vamos go-
vernar a pensar nas pessoas de que
este governo se esqueceu”, “Vamos
criar trabalho, emprego e desenvolvi-
mento”, “O Fogo será uma prioridade
...Veiga levou esperança às gentes do Fogo
Já • Sexta-feira 10 Setembro 2010 • 9
“Não tenham medo, nós estamos aqui” , ou, “Mudar
Cabo Verde está nas mãos de todos nós”, ou ainda,
“Vamos governar a pensar nas pessoas de que este
governo se esqueceu”, “Vamos criar trabalho, emprego
e desenvolvimento”, “O Fogo será uma prioridade do
governo do MpD a partir de 2011” foram tónicos e
garantias que as populações receberam como certezas
porque acreditam em Carlos Veiga
Com populares em S.Filipe...
do governo do MpD a partir de 2011”
foram tónicos e garantias que as popu-
lações receberam como certezas
porque acreditam em Carlos Veiga. E
o povo do Fogo não foi parco em
responder: “Carlos Veiga nu sta ku
bô”, “Meste Muda”, “Bacho Deus, é
Carlos Veiga”, ou ainda, “Carlos Veiga
é o nosso homem”.
Nos campos, na cidade, nos mercados,
nas ruas e na estrada, o líder do MpD
foi recebido pelas gentes de DjarFogo
como próximo primeiro-ministro de
Cabo Verde e ficou, claramente, a
ideia de que este pode ter sido passo
determinante para o fim do medo na
ilha do vulcão, cujo povo está cheio de
determinação e coragem para ditar a ...entre mulheres...
mudança de rumo na sua terra.
...e homens do Fogo
10 • Já • Sexta-feira 10 Setembro 2010

isto vimos
“O Caso do Lixo Tóxico”: escândalo não pode ser esquecido

Dois anos depois, JM

Q uando, nos finais de 2008, o

então líder do MpD acusou
José Maria Neves de
preparar para fazer de Cabo Verde um
nos Estados Unidos da América que
tinha Nelson Gregor como “testa de
ferro”. Um negócio de camaradas.
Os meandros desta estória conta-se da
Oran Recyling Limited, a 18 de Ja-
neiro de 2008; dois meses depois, a 20
de Março de 2008, já foram Manuel
Inocêncio Sousa, ministro de Estado
tais e interesses de sociedades ou par-
cerias”. Portanto, em Julho de 2008
estaria tudo decidido.

recipiente de lixo tóxico para reci- seguinte forma: das Infra-estruturas, Transportes e Oposição denuncia “a teia”
clagem, “num processo intrasparente” - O Governo criou, em 2005, através Mar, e Madalena Neves, ministra do A Oposição descobriu o negócio se-
e de alegada corrupção, sem disso dar do Decreto-lei Nº 58/2005, uma Ambiente e Agricultura, a assinarem o creto e denunciou-o na abertura do
a conhecer aos Municípios, Jorge San- sociedade - a Unidade de Incineração Protocolo celebrado com os Muni- ano político de 2008. Afinal, a tal
tos foi atacado por todos os lados – da Praia, SA (UIP) - para resolver o cípios de Santiago, assinado por Felis- promessa de varrer o lixo de Cabo
Governo e Situação, problema do lixo na berto Vieira; e, finalmente, é Abrão Verde tinha um porquê: “uma
no seu conjunto, Praia. Passados três Andrade Lopes, Diretor Geral da teia de relações perigosas, en-
com a colaboração
A verdade é que o anos, essa decisão do Indústria e Energia, a assinar o Proto- volvendo uma empresa que
das habituais caixas Governo estava a Governo não tinha colo celebrado com a a Global En- tinha como sócios cabo-
de ressonância na preparar, secretamente, a avançado, pelo me- trepreneurial Endeavors, LP (Globa- -verdiano-americanos e
Comunicação So- nos que seja do co- lee) e a Freedom Renewable Energy o tratamento e importa-
instalação na ilha de nhecimento público. (FRE), um mês e meio depois, a 6 de
cial, proclamaram ção de lixo tóxico
que Santos “não ti- Santiago de duas “De repente”, não se Maio de 2008. através de incinera-
nha sentido de Esta- incineradoras, tendo para sabe ainda como Pode ler-se, por exemplo, num dos do- ção”. E nessa
do” e estava a ser isso assinado 3 (três) (porque José Maria cumentos que o sistema escolhido pe- “teia de rela-
“irresponsável”. Neves nunca expli- lo Governo era o Biosphere Process: ções perigo-
A verdade é que o
protocolos diferentes no cou), um “click” es- “… o sistema é flexível em função do sas”, José
Governo estava a espaço de 4 meses talou na cabeça do aumento da população, crescimento
preparar, secreta- Primeiro Ministro: industrial e importação de fontes re-
mente, a instalação na ilha de Santia- voltou a pensar na incineradora para a gionais, incluindo pneus, travessas de
go de duas incineradoras, tendo para ilha de Santiago. E deu a grande notí- ferrovia, resíduos hospitalares, resídu-
isso assinado 3 (três) protocolos dife- cia no Congresso dos autarcas do os petrolíferos e resíduos bioquími-
rentes no espaço de 4 meses. Com PAICV de que “ia varrer o lixo de Ca- cos”. Portanto, o mesmo é dizer que
esses protocolos, o Executivo liderado bo Verde e transformar esse lixo em ficou aberta a possibilidade de impor-
por José Maria Neves abria a possibi- energia”. tação de lixos tóxicos.
lidade de se importar lixo tóxico de Segundo os entendidos que na altura
outros países para serem incineradas seguiam o processo, “esta rede”,
na Praia, capital de Cabo Verde. Ago-
Mudar de opinião 3 vezes montada pelo Governo do PAICV e
ra, quase dois anos depois de ter sido em 4 meses que envolveu a Globalee, estava
espoletado o caso, o Governo vem dar Repentinamente, em 2008, em véspe- de tal forma urdida que, a esta
razão ao MpD e a Jorge Santos, aca- ras das eleições autárquicas e em ape- altura, não fossem os resulta-
bando por assumir o erro e extinguir a nas quatro meses, o Governo mudou dos eleitorais das autárqui-
empresa Unidade Incineradora da de opinião, pelo menos três vezes, so- cas de 2008 (que ditou a
Praia S.A. (UIP), com o argumento de bre o que fora considerado de “falta de derrota de Filú na Praia),
que “a opção para a incineração não é política definida” nesta área do sanea- já estaria tudo resolvi-
a mais adequada...”, conforme o mento. do, pois no contrato
Boletim Oficial n.º 29, de 2 de Agosto. Outro aspeto não menos importante previa-se “um acor-
Esta estória, que fez correr muita tinta neste “mato” todo, é o fato de o Go- do integrado num
na altura, teve contornos pouco claros, verno fazer-se representar por diversas prazo de 60
daí ter sido considerada “escândalo entidades neste negócio: primeiro foi o dias” para es-
nacional”, com traços de corrupção, próprio Primeiro-Ministro, José Maria tar tudo deci-
envolvendo o Governo de Cabo Verde, Neves, a assinar o Decreto-lei que cria dido relativa-
a Câmara Municipal da Praia (gestão a UIP em 2005; depois, já foi a Cabo mente à “sele-
de Felisberto Vieira) e um pequeno Verde Investimentos a assinar o Pro- ção de locais,
grupo de cabo-verdianos radicados tocolo que o Governo celebrou com a licenças ambien-

É um dos escândalos que marcam este Governo: a tentativa de importação de lixos tóxicos para serem incinerados em Cabo Verde.
Quando a negociata foi denunciada, a maioria parlamentar deu saltos, o Governo guinchou e quase lincharam Jorge Santos – foi chamado de tudo e mais alguma coisa. No entanto, os
protocolos assinados não deixavam a mínima dúvida: estava lá tudo preto no branco. A derrota de Filu impediu que o negócio se consumasse. O MpD levou o caso para a Procuradoria Geral
da República que o meteu no “arquivo do esquecimento”. Talvez para tentar apagar vestígios de má memória, José Maria Neves decidiu agora dissolver a UIP: com isso deu razão às vozes
que em 2008 denunciaram o negócio. Recordamos aqui os fatos, os documentos e os incidentes: há ameaças a que os cabo-verdianos estiveram sujeitos que não podem ser silenciadas
MN reconhece o erro
Maria Neves e Filu constituiam a
dupla perfeita para o negócio.
O assunto ganhou proporções interna-
cionais porque a União Europeia já
assumira um compromisso com Cabo
Verde para o tratamento de resíduos
sólidos no nosso arquipélago e que
permitia tratar esses lixos produzi-
dos pelas Câmaras Municipais em
aterros sanitários.
A súbita posição do Governo
fragilizou as relações entre
Cabo Verde e a União Eu-
ropeia, com Bruxelas a
ponderar na altura reti-
rar vários apoios fi-
nanceiros ao nosso
País. Em causa
estava o finan-
ciamento para
o projeto de
gestão integrada de resíduos sólidos
urbanos da ilha de Santiago, de 5
milhões de euros, a ajuda orçamental
de 2,5 milhões de euros e o financia-
mento de 1 milhão de euros para a fis-
calização.
Para além do negócio obscuro, a
Oposição denunciava também o fato
de o Governo ter assinado um proto-
colo que permitia a importação de lixo
tóxico de outros países para a incine-
ração na Praia, sem disso dar conheci-
mento aos Municípios que têm res-
ponsabilidade nessa matéria, de acor-
do com a lei cabo-verdiana.
Só após a denúncia do MpD, e a 27 de
Outubro, o Governo veio a público
reconhecer o dito protocolo com os
“empresários camaradas”, assinado
seis meses antes e a poucos dias das
autárquicas.
Governo defende-se
Como resposta, o Governo através de
comunicado do Ministério da Econo-
mia, Crescimento e Competitividade
dizia então que o discurso de Jorge
Santos era “irresponsável, falacioso,
calunioso e sem sentido de Estado”, e
que os dois protocolos para a insta-
lação das duas incineradoras, assina-
dos com a Globalee e a FRE, visa-
vam a recuperação, reciclagem e
reutilização de resíduos sólidos
urbanos, através de uma
tecnologia avançada de tra-
tamento de resíduos sóli-
dos, baseado no sistema
de gaseificação, que
permitia reciclar o li-
xo para a produção
de energia eléctri-
ca e água.
No ponto seis
desse comu-
nicado podia
ler-se que “a
afirmação de
que o protocolo
Já • Sexta-feira 10 Setembro 2010 • 11
teria previsto a importação do hecendo estes números, José Maria
estrangeiro de lixo tóxico é malévola e Neves teimou na incineração? E, pior
desprovida de todo o sentido. O proto- do que o custo, porque é que José
colo, no historial do processo referente Maria Neves aceitou a importação e a
à tecnologia do “Biosphere Process” e incineração de lixo tóxico, sabendo
referindo à experiência de outros país- os perigos de catástrofe ambiental
es, pretende mostrar que a tecnologia é que isso provoca?
suficientemente flexível para se adap- Mais: porque é que, depois de ter
tar a diferentes volumes de lixo pro- assinado, em Março de 2008, um
duzidos, o que é im- protocolo com a
portante num país
insular”.
A teia assim cerzida só União Europeia para
a implementação do
O Governo explica- não avançou porque o projeto de sistema
va que, caso optasse negócio só seria viável de gestão integrada
pela tecnologia da com Filú na Câmara da de resíduos sólidos
biosfera, seria um urbanos da ilha de
investimento priva- Praia, o que obrigou os Santiago, que previa
do e, portanto, sem acionistas a optarem pela o aterro sanitário,
custos para o Estado dissolução da sociedade, a José Maria Neves
de Cabo Verde. O autorizou o seu Go-
Executivo - ou a em- 4 de Maio de 2009, um verno a assinar ou-
presa de distribuição ano depois do acordo tro protocolo com a
de electricidade, a com Felisberto Vieira Globalee que previa
Electra, eventual- a incineração? E
mente – comprome- porque é que o refe-
tia-se a comprar a energia produzida rido acordo deveria ser imediata-
por um preço negociado e a introduzi- mente aplicado nos sessenta dias
la na rede para os consumidores. “Ora, subsequentes?
o preço indicativo citado, cerca de 9 A teia assim cerzida só não avançou
escudos por KW, é de longe inferior ao porque o negócio só seria viável com
custo de produção de eletricidade atual Filú na Câmara da Praia, o que
da Electra, que é de praticamente o obrigou os acionistas a optarem pela
dobro”, defendia-se o Governo. dissolução da sociedade, a 4 de Maio
Mas o MpD demonstrou, na altura, de 2009, um ano depois do acordo
que o investimento nas incineradoras com Felisberto Vieira (recorde-se
era quatro a seis vezes mais caro que o que as autárquicas aconteceram a 18
investimento num aterro sanitário. de Maio e o protocolo entre o Go-
Segundo documentos apresentados verno e a Globalee tem a data de 6 de
pela Oposição, “o custo da operação Maio - a duas semanas da escolha dos
da incineradora é estimado em 300 Presidentes das Assembleias e das
euros/tonelada”, ou seja quinze vezes Câmaras Municipais).
superior ao custo de operação do ater- O Governo decide agora extinguir a
ro sanitário. empresa de gestão de resíduos sóli-
dos, argumentando que essa decisão
O que JMN não explicou… permite “estudar a possibilidade da
O que não foi explicado pelo criação de uma nova, que possa
Governo, nem antes nem agora cobrir, de uma forma diferente e
(depois da decisão em extinguir a otimizada, os pressupostos da então
UIP): porque é que, mesmo con- UIP”.
12 • Já • Sexta-feira 10 Setembro 2010
isto vimos
O “caso do lixo tóxico”
As teias de um
negócio
opaco
Relembrando este famigerado caso, ressaltam diversas
“relações perigosas” que tiveram curso durante este
Governo, como que a provar que nada aconteceu por acaso
D
ois anos depois, ninguém
consegue explicar o que deu
na cabeça de José Maria
Neves na altura para, de repente,
“esquecer” um acordo com a União
Europeia sobre o tratamento de resí-
duos sólidos em Cabo Verde, optando
pelas incineradoras e pela hipótese de
importar lixo do estrangeiro. “A de-
cisão do Governo de José Maria Neves
em celebrar o ‘acordo’ com a Global
Entrepreneurial Endeavors, LP (Glo-
balee) e a Freedom Renewable Energy
(FRE) pode estar envolvida num
grande escândalo de corrupção”, dizia
a Oposição referindo-se a uma “teia de
relações perigosas” na qual José Maria
Neves e Felisberto Vieira, Filu, se en-
volveram até ao pescoço.
Um caso de polícia
O “caso do lixo tóxico” é um dos
muitos apresentados pelo maior
partido da Oposição que continuam
encalhados na Procuradoria Geral da
República. O MpD descobriu esse
negócio com a Globalee e deitou por
terra o argumento de que o protocolo
assinado com o Grupo se reportava
apenas à transferência de lixos inter-
ilhas e inter-municípios para uma cen-
tral de tratamento: “o Governo que
explique onde há travessas fer-
roviárias em Cabo Verde que surgem
referidas nesse protocolo”, pedia a
Oposição, apontando a circunstância
de, em poucos meses, o Governo ter
assinado três protocolos contraditórios
sobre este assunto. E reclamava que se
cumprisse a lei: o tratamento de lixos
é matéria dos Municípios e o Go-
verno não podia tomar decisões quan-
“Relações perigosas”: “havia um gru-
po de cabo-verdianos, liderado por
Nelson Gregor, bem conhecidos na
diáspora americana, que até bem
pouco tempo não tinham qualquer
riqueza pessoal de vulto, ligados ao
PAICV, partido no Poder, que agora
aparece como grande investidor em
Cabo Verde”. Mais grave: o Governo
anunciava, publicamente, um apoio de
100 mil contos a um dos projetos desse
grupo de cabo-verdianos, a pretexto de
ele desencravar algumas ilhas, nomea-
damente a Brava. Refere-se ao Fast
Ferry. Segundo a imprensa, esse mes-
mo Nelson Gregor encontrava-se tam-
bém envolvido no projeto das incine-
radoras a instalar na ilha de Santiago.
“Compreendem, agora, de onde sairia
to a isto sem consulta ao Poder Local.
A contestação era incisiva: um
Governo de bem e um Primeiro
Ministro com sentido de Estado não
assinam protocolos como se
estivessem a dar autógrafos. “Os pro-
tocolos, mesmo sendo de intenção,
vinculam o Governo a compromis-
sos”, dizia-se. Na realidade, o
Governo assinara três protocolos
sobre a mesma matéria, dando exclu-
sividade a uma empresa; e comprom-
etendo-se com o financiamento da
União Europeia para a criação de duas
empresas de recolha e tratamento de
lixo em Santiago.
Este tipo de matérias, noutras para-
gens é objeto de estudo de impato e
ampla discussão pública. No Governo
de José Maria Neves, foi uma decisão
ligeira escondida do povo, sem
o dinheiro para a compra dos cata-
marãs?”, perguntam.
“Estamos perante um caso de Polícia,
que merece investigação criminal séria
sobre todos os passos já dados por
esses ditos investidores”, para que
expliquem onde foram buscar tanto
dinheiro para, de repente, avançarem
com investimentos de milhões de
euros na aquisição dos catamarãs,
anunciava o MpD. O Governo deveria
explicar, publicamente, com que fun-
damentos pôde acreditar nesses inves-
tidores.
Globalee vs Fast Ferry
Não era para menos. Ninguém com-
preendia como é que o Governo de-
cidia um apoio de 100 mil contos a um
suporte técnico e em Decreto-Lei.
Pelo contrário, um parecer técnico
enviado ao Governo afirmava taxati-
vamente: “Ademais, a maior parte dos
resíduos será importada”, deitando
por terra o argumento de que seria
apenas o lixo inter-municipiaos e
inter-ilhas.
Afinal, o tom “histérico e guinchão”
com que o Governo reagiu às denún-
cias de Jorge Santos” em 2008 era
indicativo de que “foi atingido devido
a algo que não esperava que chegasse
desse modo à opinião pública”. “O
Governo foi dolorosamente ferido”,
reconhece-se hoje. Mas tanto a incin-
eração como a importação de resíduos
tóxicos ficaram irremediavelmente
travados – vão agora para o lixo.
projeto de catamarãs apresentado por
“camaradas seus”, quando negava
qualquer apoio ao Grupo Moura Com-
pany que tinha já inves-
tido em dois catamarãs.
“Que critérios são
esses?”, perguntava-se.
Para além da gravidade
desta decisão do Go-
verno, o acordo tinha
implicações muitíssimo Nelson e JMN
sérias, uma vez que da-
va “como provado em
Há coisas que
outros países, o sistema espantam, como a cano, sedeada na
(Biosphere Process) é lealdade de José Maria Geórgia e que funcio-
flexível em função do Neves neste negócio na, em regime de par-
aumento da população,
crescimento industrial e IMPOR-
TAÇÃO de fontes regionais de re-
síduos, incluindo pneus, travessas de
ferrovia, RESÍDUOS HOSPITALA-
RES, RESÍDUOS PETROLÍFEROS E
RESÍDUOS BIOQUÍMICOS” (trans-
crição do referido acordo). Pode ainda
ler-se nesse acordo: “o Governo, em
concertação com os Municípios, encar-
regar-se-á de tratar de todos os proces-
sos e expedientes com vista à obtenção
e entrega de Resíduos Sólidos
Municipais ou outra matéria-prima
aceitável (como resíduos petrolíferos,
resíduos hospitalares ou resíduos agrí-
colas e outros)”. Ou seja, era o próprio
Governo que se comprometia a entre-
gar à Globalee lixo tóxico.
Estudos feitos noutras paragens, por
peritos da área, consideravam que a
solução de incineração só é viável, téc-
nica e financeiramente, com a intro-
dução de lixos petrolíferos. E o Go-
verno nunca abordara o Poder Local
cabo-verdiano sobre esse assunto.
A ideia era trazer lixo
tóxico
Nesta negociata há coisas ainda mais
espantosas e assustadoras. Basta
analisar as empresas que estão por
detrás deste negócio para encontrar,
logo, duas empresas suspeitas: a
“Global Enterprena-
rial Endeavors”, cria-
da recentemente com
o objetivo exclusivo
de operar em Cabo
Verde, presidido pelo
tal Nelson Gregor; e a
“Global Waste to
Energy Corp., socie-
dade de direito ameri-
ceria, com a “Freedom
Renewable Energy Corporation” e
com a sociedade russa “Global Envi-
ronmental Energy Corporation”.
Ora, esta sociedade russa, por sua
vez, está ligada ao grupo chinês
Yankuang, que se dedica à explo-
ração de minas de carvão, produção
de alumínio e que tem joint venture
com o grupo Biosphere Deve-
lopment Corp., que fabrica incine-
radoras. Portanto, com empresas
destas, de certeza não faltaria “lixo
tóxico” para transportar para Cabo
Verde.
Há outras coisas que espantam: a
lealdade de José Maria Neves neste
negócio; as ligações entre a “Global
Waste to Energy Corp” e o Governo
foram estabelecidas através do ex-
-embaixador de Cabo Verde em
Washington e então Ministro da
Economia, José Brito, acusado bas-
tas vezes de estar ligado a grupos
“não muito sérios” como, aliás, ficou
demonstrado na recente história da
TACV, levada à falência por uma
empresa (a Sterling Merchant, da
qual fazia parte o canadiano Gilles
Filliatrault) também ela trazida por
José Brito.

nota$ solta$
CV Telecom parada dois dias
Greve histórica confirma Aí está a
insatisfação social Mercedes-Benz
Fica na história do sindicalismo em Cabo Verde. Sobretudo revelou-se um barómetro da
contestação social e, como tal, vale tanto ou mais que as sondagens que têm sido anunciadas
D
ois dias de greve na CV Tle-
com, dias 2 e 3 de Setembro:
apesar da divergência, entre
Administração da empresa e o sindica-
to que organizou a paralisação, sobre
os níveis de adesão que ela teve, os fa-
tos confirmam-lhe o impacto. Mesmo
tomando como válida a informação da
CV Telecom (o que não corresponde à
realidade, nem de perto nem de longe),
ela atesta que a greve teve dimensão
inusitada em Cabo Verde. A paragem
de dois dias na empresa de telecomu-
nicações assume importância histórica
no sindicalismo cabo-verdiano.
Empresa privada, com maioria de
capital português (PT Telecom) e par-
ticipação do Estado, a CV Telecom é
modelar no tecido empresarial do País.
Mas, este ano, ainda não procedera a
atualização salarial (contrariando
prática anual) e um conjunto de situ-
ações, que os trabalhadores consider-
am afrontosas, levava o descontenta-
mento a aumentar. Tendo em conta o
agravamento das condições de vida, o
sindicato colocou a reivindicação de
aumentos de 4 por cento, o que a
Administração rechaçou. Foi convoca-
da a greve.
Os níveis de adesão
Analisando os níveis de adesão à
greve, divulgados pelas duas partes (a
natural “guerra de números”), até nem
existem disparidades profundas entre
Sindicato e Administração: o SIT-
THUR calculou as percentagens,
restringindo-se ao universo de traba-
lhadores efetivos, enquanto a
Administração da CV Telecom fê-lo
sobre o total de trabalhadores (efetivos
+ contratados, aconselhados pelo
próprio Sindicato a não participar na
greve). Assim, na versão sindical: na
Praia - CV Multimedia, adesão de
100%; CVMóvel, 93%; CVTelecom,
95%. Em S. Vicente - 99%. No Sal e
no Fogo, 80%.
Aos números apresentados pelo SIT-
THUR, contrapõe a Administração:
CV Telecom, 65 %; CV Multimóvel,
48%; CV Móvel, 21%. Números ele-
vadíssimos no contexto nacional e que
forçaram, apesar da presença de con-
tratados, a que os serviços não fun-
cionassem mesmo nos pouquíssimos
locais que conseguiram manter portas
abertas, caso da sede nacional – o que
aponta à impossibilidade da empresa
organizar “serviços mínimos”.
Outras consequências: o “102” (ser-
viço de informação) esteve inativo; a
assembleia geral de acionistas, marca-
da para 3 de Setembro, foi adiada;
ainda no dia 6, pelo menos na cidade
da Praia, havia dificuldade de obter
recargas para o “Grilo”.
Questões de organização
Tudo indica que o SITTHUR, sindica-
to reformista, não enfeudado partidari-
amente, conseguiu resolver a contento
os problemas organizacionais da
greve: dispersão dos trabalhadores no
território nacional; dispersão por
empresas do mesmo grupo; repartição
por setores profissionais; separação
entre contratados e efetivos, evitando
choques entre estes segmentos. Dir-se-
ia que aprendeu as lições de Lozovsky
(“Estratégia e Tática de Greves” e
“Manual de Greves”, publicados em
Portugal logo a seguir ao 25 de Abril
de 1974) que, em termos organiza-
cionais, são o b-a-ba desta forma de
luta.
Tendo isto presente, supõe-se que o
comité de greve da CV Telecom foi
estruturado em todos os pormenores,
incluindo a organização dos piquetes,
a preparação de cartazes, a elaboração
de palavras de ordem e a animação
cultural de rua, visível em S. Vicente.
Essa terá sido outra das surpresas desta
greve.
Um barómetro
Mais que a capacidade organizativa
demonstrada, o sucesso da greve só se
fez possível porque deu expressão ao
mal-estar existente entre os trabalha-
dores – e na sociedade, que não hostili-
zou os grevistas. Quer isto dizer que a
paralisação da CV Telecom serve de
barómetro da insatisfação social: o
descontentamento relativamente a
políticas que geram desemprego e pau-
perização da população.
Empresa participada pelo Estado (por-
tanto, tendo o Estado como um dos
“patrões”), a greve da CV Telecom põe
assim em causa a política económica e
social em curso. Vale tanto ou mais
que qualquer das sondagens que vêm
sendo divulgadas. E este é um aspecto
a ter em conta.
Qualidade, segurança, conforto e design
D ia da Mercedes-Benz - a Hiper-
peças apresenta-se, esta sexta-
-feira, no Hotel Trópico, como novo
concessionário Mercedes–Benz em
Cabo Verde. Com ela, os cabo-ver-
dianos passam a ter qualidade, segu-
rança e conforto, para não falar do
design do veículo, que dispensa
apresentações. Marca de reconheci-
da notoriedade internacional, pelos
atributos qualitativos inerentes aos
veículos e peças da Mercedes, pro-
duzida e comercializada desde o iní-
cio do século XX.
A Hiperpeças tem acesso a todos os
modelos Mercedes-Benz comerciali-
zados no mercado europeu. Neste
momento já tem para exposição qua-
se toda a gama da marca, ou seja:
Classe B, Classe C, Classe E, Classe
SLK, Classe GLK, Classe ML e via-
turas comerciais Mercedes Vito e
Sprinter furgão.
Com 21 trabalhadores, o capital da
Hiperpeças é maioritariamente deti-
do por empresas cabo-verdianas
(Jorge Semedo é o Presidente do
Conselho de Gerência) e tem ainda
participação de uma empresa portu-
guesa do ramo.
Segundo o Diretor-Geral da empre-
sa, Mário Amaro, “o mercado auto-
móvel em Cabo Verde, não sendo
grande, é um mercado explorado por
poucas empresas e com posições do-
minantes. A Hiperpeças, dentro des-
sa realidade, quer oferecer um con-
junto de serviços diferenciadores de
elevada qualidade, com enorme en-
foque nas áreas de manutenção e re-
paração automóvel para todas as
marcas e fortemente orientado para
prestar serviços quer a particulares,
quer a frotas de empresas”.
Cabo Verde não tem a operar, de
momento, uma marca Premium
(gama média/alta): “a Mercedes apa-
Já • Sexta-feira 10 Setembro 2010 • 13
rece para preencher a lacuna, colo-
cando à disposição dos seus clientes
um serviço de pós-venda, totalmente
equipado e dotado de recursos
humanos capazes de corresponder às
necessidades de reparação e ma-
nutenção das viaturas”, sublinha
Amaro, acrescentando que “a Mer-
cedes-Benz e os seus produtos ga-
rantem oferta de serviços e produtos
com os mais elevados padrões de
qualidade”.
“As suas viaturas estão dotadas das
mais avançadas tecnologias: são via-
turas amigas do ambiente, com baixa
emissão de poluentes, baixos con-
sumos de combustível, elevadas per-
formances, dotadas de todos os equi-
pamentos de segurança ativa (Agility
control, ESP, ASR, BAS, aviso à
perca de pressão dos pneumáticos...)
e segurança ativa (Airbags múltip-
los, com kneebag e pelvisbag,
Adaptive brake, sistema pre-safe,
sistemas de luzes inteligentes, sis-
temas anti-encadeamento...)”. A jun-
tar a tudo isto, estão dotadas dos ele-
mentos de conforto caraterísticos da
marca, sistemas de som e entreteni-
mento, interiores com design e mate-
riais de elevada qualidade, sendo
resistentes às mais severas utiliza-
ções, sistemas de ar condicionado
multi-zona. “E temos um design
fascinante, inovador e elegante”,
conclui o DG da Hiperpeças, Mário
Amaro, concessionário sedeado na
Achada de S. Filipe, Cidade da Praia.
14 • Já • Sexta-feira 10 Setembro 2010
coisas do mundo
Moçambique a ferro e fogo
O povo
saiu à rua
Dois dias de tumultos e violência atingiram particularmente Maputo e Matola, mas também se
espalharam a outras cidades do centro e norte de Moçambique: Macia, Chibuto, Chókwè,
Maxixe, Beira e Nampula. Foram protestos contra a subida generalizada dos preços de bens
essenciais (pão, energia, arroz, transportes e água) em consequência da desvalorização da
moeda, o mitical – 40 por cento relativamente ao dólar e 20 por cento relativamente ao Rand
O
s balanços dos incidentes
em Moçambique são contra-
ditórios: o Governo de
Maputo não diz coisa com coisa – ora
fala em 4 mortos, ora em 6. Alguma
imprensa (Canalmoz) aponta para 16
mortos, entre eles crianças. A Polícia
moçambicana anunciou “quatro mor-
tos, 142 detidos, 27 feridos, 32 esta-
belecimentos comerciais vandaliza-
dos, diversas viaturas destruídas e
vários saques a vagões de milho”,
mas o porta-voz do Governo, Alberto
Nkutumula, falou em “6 mortos, 288
feridos, 23 estabelecimentos danifica-
dos e saqueados, 12 autocarros van-
dalizados, dois vagões contendo
milho e cimento saqueados, cinco
viaturas e duas motorizadas quei-
madas, quatro postes de transfor-
mação de energia queimados e duas
bombas de combustível vanda-
lizadas”. Em termos globais, segundo
o porta-voz do Governo, os prejuízos
estimam-se em 122 milhões de meti-
cais, o que corresponde “a uma perda
de 3910 postos de trabalho”
Greve convocada por SMS
31 de Agosto, à noite, começaram a
surgir mensagens SMS nos telemó-
veis, chamando à greve: “Moçam-
bicano. Prepara-te no grande dia de
greve. Reivindicamos sobre a subida
de preços: de energia, água, arroz,
chapa e pão. Envia para outros mo-
çambicanos. Boa noite”. As mensa-
gens evoluíram em boca a boca.
A manhã de 1 de Setembro apanhou
de surpresa Governo e polícia: o mo-
tim estava na rua. Relato da imprensa
moçambicana: “Nas diferentes
“Rebentamento pelas
artérias de Maputo foram usados
contentores de lixo, pedregulhos, costuras”
troncos, secções de condutas de água A razão de ser disto? A Imprensa mo-
e saneamento, enfim tudo o que çambicana explica: “O cenário que
pudesse constituir obstáculo para nos envolve é esclarecedor. Tudo a su-
paralisar a capital e arredores. Foram bir de preço e cada vez menos dinhei-
arrastados para as estradas pneus que ro para comprar. Pior: as empresas, de
incendiados impediam o trânsito de tão depauperadas, estão sem maneira
viaturas. Quem a qualquer custo ten- de pagar melhor. O pão subiu (…).
tava chegar aos seus Onde vão as
postos de trabalho promessas de Gue-
foi apedrejado”. Os moçambicanos buza durante as elei-
A repressão foi bru-
tal: o stock de gás
deixaram sério aviso não ções de 2009? (…)
Os governantes es-
lacrimogéneo esgo- só ao Governo da tão mais virados pa-
tou-se, o de balas de FRELIMO, mas a todos os ra os seus negócios
borracha também, a
Polícia acabou por
regimes similares privados do que para
governar. No Estado
recorrer ao tiro real. existentes em África: os imputam os custos.
povos estão fartos de
O partido FRE- Os familiares dão os
LIMO despiu a propagandas e seus nomes aos
farda democrática e negócios encobertos
retomou o “antigo demagogias – exigem dos ministros e até
estilo” (sina dos
partidos com expe-
agora emprego e
condições de vida
do Presidente. Os lu-
cros metem na al-
riência totalitária gibeira. Sociedades
que as circunstân- do lado de lá da
cias pareciam ter obrigado a “mo- fronteira é negócio chorudo…”.
dernizar” a roupagem), e o ministro Usando palavras de José Manuel de
do Interior, José Pacheco, acusou os Sousa, porta-voz do MDM: aconteceu
revoltosos de “bandidos”: foi óleo “um rebentamento pelas costuras...”.
atirado sobre as chamas. A Oposição O povo está farto: os amotinados
pareceu apanhada de surpresa: a atacaram e destruíram os grandes car-
RENAMO fechou-se. Daviz Siman- tazes da última campanha eleitoral da
go, do Movimento Democrático de FRELIMO, ainda colocados nas ruas.
Moçambique, apelou à calma e ao Os moçambicanos deixaram sério avi-
diálogo. A Cruz Vermelha, sem so não só ao Governo da FRELIMO,
ambulâncias, andou em roda-viva. mas a todos os regimes similares exis-
No dia 2, as Forças Armadas aparece- tentes em África: os povos estão fartos
ram ao lado da Polícia e o protesto, de propagandas e demagogias –
que fora previsto para três dias, exigem agora emprego e condições de
acabou. vida.
ETA: mais uma
“trégua”
A organização separatista basca
ETA anunciou, no sábado, em
mensagem transmitida pela BBC, um
“cessar fogo”, “para que, através do
diálogo e da negociação, os cidadãos
bascos possam decidir o futuro de
forma livre e democrática”. Nesta
mensagem, os etarras desafiam o
Governo de Espanha a negociar um
“acordo sobre os mínimos democráti-
cos necessários para empreender o
processo democrático”.
A declaração não comporta qualquer
novidade: refuta a solução autonómica
para o País Basco, continua a reclamar
a independência do Euskal Herria e
não fixa a duração do “cessar-fogo” –
ou seja, não aponta nenhuma alternati-
va para a sua acção de 40 anos, que já
provocou mais de 800 mortos.
Nascida nos 60 do século passado,
como emanação da forte burguesia
nacionalista basca e na sequência da
luta contra o franquismo durante a
Guerra Civil espanhola, quando o País
Paul Conrad:
morreu um dos maiores
T rês prémios Pulitzer (1964, 1971
e 1984), este o palmarés de Paul
Conrad, um dos maiores cartunistas
mundiais, falecido no dia 4, com 86
anos. O seu nome figurou na lista dos
Basco chegou a declarar-se República
independente, a ETA recebeu inicial-
mente largo apoio popular, inclusive
em setores religiosos ligados à
Companhia de Jesus. Mas nos fins dos
anos 60, infiltrada por correntes radi-
cais que criaram a chamada “ETA IV”
e “ETA Militar”, a organização envere-
dou pelo terrorismo. O nascimento do
Partido Nacionalista Basco, PNV, no
pós-franquismo, isolou os etarras,
entretanto minados por dissidências
(violentamente eliminadas) que recla-
mavam o “fim da luta armada” e nego-
ciações com Madrid.
Nos últimos cinco anos, a ETA foi
duramente atingida pela repressão
policial em França e em Espanha,
entrando em fase de grande fragiliza-
ção, o que pode explicar esta trégua,
uma das muitas já anunciadas desde os
princípios dos anos 80 – a mais impor-
tante em 1989, enquanto decorriam
negociações directas, em Argel, entre
etarras e Governo de Madrid.
“inimigos de Richard Nixon”: a
impiedosa veemência da sua crítica
política é lição para quantos se ocupam
no difícil (e anti-democraticamente
malquisto) ofício do cartunismo.
Trabalhou 30 anos no Los Angeles
Times. Durante mais de 50 anos de
carreira, as suas caricaturas foram
sempre amadas ou odiadas – nunca
suscitaram indiferença.
 Já • Sexta-feira 10 Setembro 2010 • 15

polichinelo
kasu-bodi
Justos e pecadores !?!
P
olichinelo teve conhecimento de que a Ribeira Grande de
Santiago se desunhou para enviar para Mértola três jovens
que estão a tirar um curso de canoagem, ao abrigo de um
!!
acordo com o Centro Náutico de Mértola. Houve sérias dificul-
dades (e atrasos) na obtenção dos vistos na Embaixada de Mentirómetro
Portugal. Sabe-se agora porquê: um rapazinho da JPAI (agora «A Electra efetuou um
preso) falsificava documentos para facilitar, a bom preço, emi-
gração clandestina para Portugal. O rapazinho é dos Órgãos: contrato de reforço de
Ribeira Grande de Santiago “comeu” por tabela. Moral da potência de 8 MW com a
história: Cabo Verde “deve muito” a estes jovens rapazes de empresa Energyst desde o
amarelo vestidos.
passado mês de Junho e
que irá continuar até
finais de Outubro. A
central da Gamboa e a
boka bedjo central da Energyst,
funcionam como centrais
de reserva de potência.»
Comunicado da Electra, de 30

MENTES
DEMENTES
DESMENTES de Agosto de 2010

Polichinelo registou mais

um apagão da Electra, na
Praia, nos dias 1 / 2
Setembro: 15 horas sem luz

A TAP, Transportadora Aérea
Portuguesa, vê a sua situação
económica agravar-se ao ritmo de
meio milhão de euros por dia.
A companhia chegou ao final de
Junho deste ano com os capitais
próprios negativos em 306,8
milhões de euros - um
agravamento, de 102 milhões,
relativamente ao ano passado.
São números da Parpública,
gestora das participações do
Estado português.
De certeza que os gestores
ficariam de mente mais aliviada
se comparassem estes números
com os da TACV em igual
período: até podiam concluir que,
afinal, a TAP é uma empresa
equilibrada.
Se a TAP e a TACV impõem tarifa
de monopólio numa das ligações
mais caras do mundo (Lisboa-Cabo
Verde), com grave prejuízo para o
desenvolvimento do turismo cabo-
verdiano (felizmente que há voos
charters, senão), ambas receiam,
para os meses próximos, situações
que podem levar à demência os
investidores neste mercado: é que
“para o final de 2010, a IATA
[Associação Internacional de
Transporte Aéreo] estima um
agravamento dos preços do
combustível”. Vai ser então o bom
e o bonito. Em Portugal, teme-se a
falência da TAP. Em Cabo Verde, a
TACV pouco teme: é que, dzem, já
tem a gestão de Tony Neves e pior
do que isso não pode acontecer.
Promessómetro
«Estamos a discutir com
empresários alemães um
sistema de transporte
super-rápido em Cabo
Verde para ligar todas as
ilhas do País. O projeto
já está a ser concebido,
deve envolver cerca de 30
milhões de euros e deve
A imprensa internacional refere que ligar todas as ilhas de
a situação económica portuguesa se Cabo Verde em cerca de
agravou, passando a cotar-se em 8º 24 horas.»
lugar entre os países ameaçados de palavras de José Maria Neves
bancarrota. Que não, não senhor, em 23 de Novembro de 2004
diz o Primeiro Ministro José «O projeto de ligação
Sócrates, o qual garante que, pelo rápida marítima foi-me
contrário, Portugal está bem e que o apresentado em 2005, em
crescimento foi maior do que o Mindelo, por uma
dobro do previsto. Os portugueses empresa alemã. O
pasmam: e alguns, conhecedores da tsunami, ocorrido em
realidade cabo-verdiana e das Dezembro 2005, deitou
calorosas relações entre Sócrates e por terra esse projeto.»
José Maria Neves, interrogam-se – José Maria Neves em entrevista
à TCV em 8 Março 2007
é Sócrates que vem aprendendo
com Neves ou Neves que vem Polichinelo esclarece: o
aprendendo com Sócrates? A tsunami foi na Ásia, não foi
na Alemanha. E em
semelhança das plumagens e do Dezembro de 2004, JMN
canto já não permite distinguir um garantiu na DjaBrava que o
pássaro do outro. navio já estava em
construção… na Alemanha

AVISO À NAVEGAÇÃO: polichinelo é sátira e xuxadera. Aqui não se respeita ninguém: são ditas as coisas sem recato. É o reino da má-
-língua, pura e dura. A quem tenha temores e pudores, um conselho: não leia. Quem goste de rumores e tenha bons humores, leia, leia!
16 • Já • Sexta-feira 10 Setembro 2010
em jogo
CAN 2012
Cabo Verde dá passo certo
Resultado um tanto inesperado, mas justo. O selecionado deu boa resposta às esperanças nele depositadas e
abriu caminho para o CAN 2012 – agora é fundamental conservar a atitude batalhadora mostrada na Várzea e ir
pontuar no Zimbabwe
A
pesar de estar longe de fa-
zer exibição convincente
contra o Mali (teorica-
mente mais forte), no passado sá-
bado, a vitória da Seleção de Cabo
Verde de futebol valeu mais pelo
resultado, 1 a 0, que acaba por abrir
boas perspectivas para o apura-
mento rumo ao CAN, a realizar no
Gabão e na Guiné Equatorial, em
2012.
Os selecionados de Lúcio Antunes
entraram no encontro com algum
nervosismo miudinho mas, aos
poucos, assentaram o seu jogo, não
permitindo grandes veleidades aos
malianos que só muito timida-
mente chegaram à baliza defendi-
da, e bem, por Fock, agora a defen-
der a baliza do Ceuta, da segunda
divisão espanhola.
O lado direito da seleção foi o setor
mais fraco, com Moreno e Rony a
falharem muitos passes e este últi-
mo a cometer demasiadas faltas.
Ambos receberem o cartão amare-
lo do árbitro argelino, Benouza Mo-
hamed, o qual, no nosso entender, abaixo daquilo a que habituou o
mostrou ser um grande juiz. público cabo-verdiano.
Os centrais Varela e Nando estive- Nota negativa para a TCV que,
ram bem, embora com deslizes que desta vez, não transmitiu o jogo em
poderiam ser fatais. Stopira jogou direto pela televisão, privando os
bem, a atacar e a defender. cabo-verdianos nas ilhas, e não só,
De resto, o setor médio cumpriu, de sentirem a vitória da nossa
com Dário a segurar os malianos, Seleção.
enquanto Babanco tentava pegar Cabo Verde deu provas, mais uma
na bola para iniciar lances de vez, de que é uma equipa forte em
ataque. O jogador campeão na- casa.
cional foi o melhor em campo, a
par de Fock. Diarra “dá cartas”
Os atacantes Lito e Dady acabaram Entre os malianos destacaram-se
por “sentir” a partida esforçada de os centrais: Coulibaly, jogador do
Cabo Verde, sem fio de jogo, ou de Auxerre, da França, e Berthe, a
jogadas que pudessem empolgar o atuar na África do Sul. Mas a
público que quase encheu o Es- estrela da companhia foi o jogador
tádio da Várzea. do Real Madrid, Mahamadou
Diarra. Não se viu o capitão dos
Golo de Varela malianos falhar sequer um passe no
O golo solitário de Cabo Verde foi sintético da Várzea.
apontado de cabeça pelo central No final do encontro, Lúcio
Varela, a dois minutos do intervalo, Antunes destacou a entrega dos
depois de uma jogada de insistên- jogadores que lutaram como um
cia e cruzamento certeiro de Marco grupo, do princípio ao fim. “O
Soares, que esteve muitos furos nosso objetivo era ganhar e esta-
Tem 35 internacionalizações por Cabo Verde e já foi
capitão da Seleção. Né, como é conhecido, procurou Já
para denunciar: “nem a um convite tenho direito para ver
os jogos da minha equipa”. Um entre muitos casos a
rever pela Federação Cabo-Verdiana de Futebol.
mos de parabéns”, disse o treinador
principal de Cabo Verde, prome-
tendo trabalho para encarar “o jogo
complicado” que a nossa seleção
vai ter em Harare, a 10 de Outubro,
contra o Zimbabwe, que empatou
(a uma bola) no domingo em
Monróvia, frente à Libéria, no
segundo jogo do Grupo A de quali-
ficação para o CAN.
Giresse desiludido
O ex-internacional da França e
treinador do Mali, Alain Giresse,
estava resignado com o resultado
mas triste com a derrota, pois não
esperava perder os três primeiros
pontos na abertura da qualificação.
Destacou a organização e a deter-
minação na forma de jogar de Cabo
Verde. Por isso, Alain Giresse
antevê dificuldades para o Mali se
qualificar.
Com este resultado, Cabo Verde
fica a uma vitória para alcançar o
score dos malianos nos embates
entre as duas seleções, 5-6.
Ponto de mira
João Dono
Serviço público
ou serviço
do PAICV?
N inguém duvida que a RTC deveria
prestar um serviço público. Pois,
sendo uma empresa pública, a RTC só tem
razão de existir enquanto prestar um serviço
público. De resto, é um dos requisitos para
a criação e manutenção de uma empresa
pública (artigo 4.º n.º 1 a) da Lei n.º
104/V/99, de 12 de Julho, que estabelece as
bases gerais das empresas públicas). A
imposição do serviço público volta a estar
na letra e no espírito dos Estatutos da RTC.
Contudo, infelizmente, diariamente,
deparamos com situações que comprovam
que a RTC está, vergonhosamente, ao
serviço do PAICV, em vez de prestar um
serviço público como impõe a lei.
Todos já sabemos que este Governo usa e
abusa da televisão pública para fazer
propaganda e ilusionismo político.
Outrossim, todos sabemos que este
Governo ignora e pisa na nossa cultura e no
desporto. Ninguém duvida que, se
dependesse deste Governo, os nossos
atletas nunca conheceriam o gosto da
vitória e do triunfo.
Esta é a triste realidade. Uma realidade que
se torna mais desoladora, quando todos os
cabo-verdianos rezam e vibram com uma
vitória da nossa seleção de futebol frente ao
Mali e a nossa televisão pública
simplesmente ignora o ato. Não transmite o
jogo, quando qualquer ato deste Governo é,
repetidamente, transmitido pela televisão do
Governo.
Talvez o mais sensato fosse mudar o nome
de TCV para TJMN (Televisão de José
Maria Neves). Pelo menos, todos
saberíamos que a televisão existe para e por
causa de José Maria Neves e a população
do Maio, da Brava, de São Nicolau, não
estaria a tarde toda a espera de assistir o
jogo de Cabo Verde pela televisão.
Mesmo assim, e apesar do desprezo do
Governo e da TJMN, a nossa seleção
continua a ser o nosso orgulho.
Continuaremos a apoiar a nossa seleção.
Vencemos o Mali, sem transmissão da
TJMN e continuaremos com mais vitórias.
Com tanto desperdiço com JMN não
sabemos se a TJMN transmitirá os
próximos jogos da seleção. Temos uma
certeza: o povo cabo-verdiano continuará a
apoiar a nossa seleção.
 Já • Sexta-feira 10 Setembro 2010 • 17

olhem para elas

Saúde bucal na nha terra

Os dentes Correio
do Coração
são órgãos do Tia Ló
Tia Ló dá aqui conselhos e dicas para o

nosso organismo sucesso no relacionamento.

Pedi que as mulheres fossem ao dentista antes de pensarem em engravidar. Num país do
primeiro mundo, é a rotina. Mas em Cabo Verde! Huuuuummm. Em 100 mulheres...
deixem-me ser otimista… uma o faria. E as restantes 99? Que razões teriam para não o
fazerem?
aula “Promoção de Saúde Bucal”.
Se o meu professor tivesse lido o tema
que escrevi na semana passada, certa-
mente sentiria orgulho de mim.
Mas… no final teria levado umas
“palmatoadas”. Se, cientificamente,
tudo estava correcto, a abordagem fei-
ta, tendo em conta a realidade de Ca-
bo Verde, com certeza deixou muito a
desejar.
Pedi que as mulheres fossem ao dentis-
ta antes de pensarem engravidar. Num
país do primeiro mundo, é a rotina.
Zarina Santos Mas em Cabo Verde! Huuuuummm.
Graduanda em Odontologia Em 100 mulheres... deixem-me ser
optimista… uma o faria. E as restan-
Para promover a saúde bucal, esta
semana aponto, como contribuição,
aspectos que falham no meu País. Não
me interessam os culpados. O que
quero é mudança de comportamento.
Desde logo proponho que a classe se
organize e trabalhe em conjunto.
Basta de falar mal um do outro. Que a
classe debata a situação e encontre,
em conjunto, o que está mal e as
soluções para uma mudança de com-
portamento do Poder e da população;
Não me venham dizer que os
pacientes só querem arrancar dentes.
Não passa de uma boa desculpa. Tal
como o braço, os dentes também são
Envie suas cartas para a redacção do Já – a
Tia Ló está sempre disponível para a ajudar
Juliana, 16 anos: Tive um namorado do qual gostei muito e
sentia que o rapaz também me queria de verdade. Ele começou
a namorar outra pessoa e eu soube. O rapaz disse-me que estava
com ela por causa de um problema grave, que até o podia levar
à cadeia e não me podia falar do assunto. Queremos reatar o
namoro, mas estou em dúvida - não sei se consigo dividi-lo
com a outra.
 Tente compreender a situação dele; se gosta do rapaz não
vai querer vê-lo na cadeia. Confie e o tempo dirá como as
coisas vão ser.
Solange, 17: Namorei um rapaz durante cinco meses. Depois
de algum tempo sozinha, apaixonei-me de novo e comecei a
namorar essa pessoa. Quando o meu ex soube do sucedido,
disse-me que estava decepcionado por namorar uma pessoa que
ele conhecia e não se davam muito bem. Quando terminei com
o rapaz ele soube e pediu-me uma nova oportunidade. Estou
com medo de decepcioná-lo de novo, mas não quero voltar a

E
sta semana pus-me a pensar
qual o tema abordar “higiene
bucal na infância”, e quando
me dei conta viajava pela minha in-
fância e adolescência em Cabo Verde,
primeiro em Sto Antão, aquela ilha
maravilhosa, depois na Praia, pertinho
do Poder. Hoje tenho consciência de
quão “porca higiene bucal” era a nos-
sa. Certamente continua a ser…
O termo “porca” não será forte de-
mais? A culpa teria sido minha? Não
teria sido dos meus pais? Ou dos
avós? Queria, a todo o custo encontrar
o culpado. Lembrei-me, então, de uma
tes 99? Que razões teriam para não o
fazerem? Seriam elas então “porcas”?
Pois é. Aí me pergunto que acessibili-
dade se tem a uma consulta odon-
tológica ou mesmo a informações
básicas de saúde bucal? Então, como
posso pedir que se use o fio dental
pelo menos uma vez por dia, se nem
se sabe do que se trata? Ou como se
sabe, no orçamento familiar existem
outras prioridades como o litro de fei-
jão e de milho para cachupa.
Realmente, para Cabo Verde, com o
meu primeiro texto não promovi
saúde bucal, o que espero fazer agora.
órgãos do nosso organismo. Arrancá-
-los é o mesmo que mutilação. É
nosso dever informá-los sobre as con-
sequências e recusar fazê-lo quando
existem outras medidas;
Por último, já é altura de se fazer um
levantamento epidemiológico. É pre-
ciso conhecer a população. É funda-
mental para se ter bases sólidas na
forma de abordar programas preven-
tivos, curativos e de reabilitação.
E, desta forma, isento-me a mim, aos
meus pais, aos meus avós, no que diz
respeito à minha “porca higiene
bucal”.
namorá-lo. O que faço?
 Seja clara e diga ao rapaz que já não gosta dele. O amor é
coisa séria. Por isso, não pode ficar com alguém por pena ou
por medo de decepcioná-lo.
Djenniffer, 19: Namoro um rapaz e conto tudo à minha melhor
amiga. Ela começou a seduzir o meu namorado mas ele resistiu
e contou-me tudo. Ela então lançou uma extra no nosso meio e
começou a levar recados dessa amiga para o gajo. Ele entrou no
jogo e acho que está interessado na miúda. Quais são os
conselhos neste caso?
 Espero que isso lhe sirva de lição - nunca se deve confiar
demasiado nas amigas. Converse com o rapaz e tente saber se
ele está mesmo interessado na outra. Peça-lhe que seja franco
consigo e só depois tome uma decisão. Cuidado com as
amigas!

Cristina, 20: Tenho um amigo muito querido. Gosto imenso

dele e fomos criados praticamente juntos. Ele foi meu vizinho
durante muito tempo, mas, agora, mora um pouco mais longe.
Apesar disso, ele vem me visitar todos os dias, inclusive à
noite. A namorada dele acha que estamos namorando e quando
me olha faz cara feia. De há uns tempos pra cá, até as amigas
dela estão contra mim e fazem o mesmo que ela. Como devo
me comportar diante disto?
 Não se preocupe; se são amigos desde a infância, e apesar
da distância, a amizade continua com a mesma intensidade,
não dê trela ao que outras pessoas pensam ou acham. Tente
conversar com a namorada dele e deixe claro que são apenas
bons e verdadeiros amigos e que não tem interesse algum pelo
rapaz. A amizade é boa e insubstituível quando verdadeira.
18 • Já • Sexta-feira 10 Setembro 2010

cachupada
Conto infantil

Horóscopo
Carneiro
21-3 a 20-4
Carta Dominante: A Papisa, que significa
Estabilidade, Estudo e Mistério.
Amor: As suas obrigações profissionais
podem não lhe permitir estar tanto tempo com
a pessoa amada, por isso, aproveite de uma
forma especial todos os momentos a dois.
Viva alegre e optimista!
Saúde: Procure ter uma alimentação
equilibrada.
Dinheiro: Poderão surgir novas perspectivas
nesta fase, mas não se deixe levar pelos
impulsos.
Número da Sorte: 2
Números da Semana: 8, 17, 11, 4, 2, 3
Dia mais favorável: quarta-feira
Lema da Semana: Oiço a voz da minha
intuição.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 11
Touro
21-4 a 21-5
Carta Dominante: O 9 de Paus, que significa
Força na Adversidade.
Amor: Seja mais carinhoso com o seu
parceiro. Procure intensamente sentimentos
sólidos e duradouros, espalhando em seu
redor alegria e bem-estar!
Saúde: Opte por refeições ligeiras.
Dinheiro: Poderá realizar investimentos a
título individual.
Número da Sorte: 31
Números da Semana: 8, 17, 14, 10, 2, 3
Dia mais favorável: domingo
Lema da Semana: Acredito em mim mesmo
nos momentos difíceis!
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 12
Gémeos
21-5 a 20-6
Carta Dominante: A Morte, que significa
Renovação.
Amor: Poderá ter de enfrentar uma forte
discussão com alguém da sua família. Que a
sua Estrela-Guia brilhe eternamente!
Saúde: O cansaço poderá invadi-lo, tente
relaxar.
Dinheiro: A sua conta bancária anda um
pouco em baixo, seja prudente nos gastos.
Número da Sorte: 13
Números da Semana: 9, 6, 5, 4, 7, 1
Dia mais favorável: sexta-feira
Lema da Semana: Estou sempre a tempo de
começar de novo!
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 13
Leão
23-7 a 22-8
Carta Dominante: 3 de Paus, que significa
Iniciativa.
Amor: O seu cansaço pode prejudicar a sua
relação amorosa. Procure estar calmo. Não se
canse vivendo agitado!
Saúde: Procure não andar tão atarefado.
Dinheiro: Poderá ter problemas com a sua
entidade patronal. Seja audaz.
Número da Sorte: 25
Números da Semana: 1, 8, 4, 10, 11, 6
Dia mais favorável: quarta-feira
Lema da Semana: Tenho espírito de
iniciativa para avançar com os meus
projectos.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 15
Virgem
23-8 a 22-9
Carta Dominante: 4 de Copas, que significa
Desgosto.
Amor: Uma pessoa próxima de si poderá
mostrar uma faceta menos agradável. O seu
bem-estar depende da forma como encara os
problemas.
Saúde: Poderá sentir dores musculares.
Dinheiro: Seja justo numa decisão que
poderá ter que tomar.
Número da Sorte: 40
Números da Semana: 8, 1, 14, 11, 17, 22
Dia mais favorável: terça-feira
Lema da Semana: eu venço os desgostos
através da confiança em mim próprio.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 16
Balança
23-9 a 22-10
Carta Dominante: 10 de Espadas, que
significa Dor, Depressão, Escuridão.
Amor: Tente pensar um pouco na sua
relação, e reflicta bem se esta o faz feliz. É
tempo de meditação. Ela é uma energia da
alma. Explore-a!
Saúde: O stress e o excesso de trabalho
poderão trazer-lhe alguns problemas de saúde.
Dinheiro: Poderá haver um crescimento
inesperado do seu poder material.
Número da Sorte: 60
Números da Semana: 8, 1, 4, 7, 17, 19
Dia mais favorável: sábado
Lema da Semana: a luz da minha fé ilumina
todos os desafios.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 17
Por Maria Helena
De 12 a 18 de Setembro
Sagitário
21-11 a 20-12
Carta Dominante: 6 de Espadas, que
significa Viagem Inesperada.
Amor: Um convite inesperado alegrará o seu
dia. Que os seus desejos se realizem!
Saúde: Mantenha o optimismo e procure
manter a sua energia habitual.
Dinheiro: Investigue as oportunidades de
emprego em empresas recentes.
Número da Sorte: 56
Números da Semana: 6, 5, 3, 2, 10, 11
Dia mais favorável: quarta-feira
Lema da Semana: Estou disponível para
embarcar em novas viagens.
Horóscopo Diário - Ligue já! 760 30 10 19
Capricórnio
21-12 a 20-1
Carta Dominante: Ás de Copas, que
significa Princípio do Amor, Grande Alegria.
Amor: O convívio com a pessoa amada
estará favorecido nesta fase. Aproveite estes
momentos e esqueça todos os seus receios.
Mantenha-se alegre e receptivo. A Vida espera
por si. Viva-a!
Saúde: Fase estável, mas esteja sempre alerta.
Dinheiro: Os seus problemas poderão ser
resolvidos, embora com lentidão.
Número da Sorte: 37
Números da Semana: 7, 10, 5, 22, 41, 1
Dia mais favorável: sexta-feira
Lema da Semana: O amor traz alegria ao
meu coração.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 20
Aquário
21-1 a 18-2
Carta Dominante: A Força, que significa
Força, Domínio.
Amor: Procure não esconder segredos ao seu
melhor amigo. Que a luz da sua alma ilumine
todos os que você ama!
Saúde: Evite adoptar posturas incorrectas.
Dinheiro: É possível que não consiga cumprir
um pagamento.
Número da Sorte: 11
Números da Semana: 8, 11, 6, 36, 22, 4
Dia mais favorável: quinta-feira
Lema da Semana: Sei que tenho uma grande
força interior.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 21
Mia,
a baleia do Bairro
Manguí - VIII
A
final, aquela mulher com barbatana de baleia também falava! Maior
foi o espanto de Juninho! Mas a verdade é que, de um momento
para o outro, lhe passou o medo, aproximou-se até dela e pergun-
tou-lhe:
– Mas quem és tu? Como te chamas? Porque apareces aqui sempre depois da
Mia?
– Tu és curioso… mas, para já, este tem que ser um segredo só nosso. Eu
chamo-me Mia!
– Aaaah! – admirou-se Juninho – Mas Mia é a baleia prateada que nós salvá-
mos!
– Eu sei, Juninho, por isso vais precisar de algum tempo para perceber algu-
mas coisas. Por isso tens de acreditar em mim e guardar segredo dos teus
amigos.
– Como é que tu sabes o meu nome? – perguntou Juninho
– Porque eu sei tudo e, no meu mundo, no mar, tudo se ouve muito melhor…
– Onde é que tu vives?
– Vivo no mar, num bairro diferente dos outros, onde todos somos iguais e
amigos, e todos são um segredo para as pessoas que vivem na terra.
– Podias mostrar-me o teu bairro…
– Não posso levar-te lá, mas posso contar-te como ele é. Ao longo do tempo,
podemos ir falando e tu vais ficando a saber quais as diferenças entre o meu
bairro do mar e o vosso bairro Manguí. Agora tenho de mergulhar para
regressar antes da meia-noite.
– Espera, Miiii, Mia! Amanhã de manhã podias vir aqui outra vez para me
contares mais coisas…
– Não, meu querido, não posso, porque eu só existo de noite. De dia apenas
poderás ver-me como me viste da primeira vez, uma baleia pequena e com
pele de prata.
– Mas isso é estranho!..., respondeu Juninho
– Não… não é estranho, é apenas o segredo que tens de guardar. De dia, eu
sou a Mia de todos, e à noite serei, para já, a tua Mia, mas só até à meia-noite.
Agora tenho de ir. Vai para casa sossegado que estarás sempre protegido e,
amanhã, eu prometo voltar logo depois do pôr-do-sol.
A Mia mulher que só o Juninho conhecia mergulhou para dentro das águas
muito devagarinho e parecia que nem tinha estado ali alguém, mas Juninho
sabia agora que não estava a sonhar e que tinha um segredo para guardar. Só
queria era conhecer o bairro daquela Mia no fundo do mar. Será que algum
dia ela o levaria lá?
José Braga-Amaral

Caranguejo Escorpião Peixes

21-6 a 22-7
Carta Dominante: Cavaleiro de Paus, que
significa Viagem longa, Partida Inesperada.
Amor: A sua vida afectiva poderá ganhar um
novo rumo. Dê tempo ao tempo e acredite
que é possível ser feliz.
Saúde: Cuide melhor da sua pele, está a
necessitar de uma limpeza facial.
Dinheiro: Sentir-se-á preparado para realizar
os projectos a que se propõe.
Número da Sorte: 34
Números da Semana: 7, 8, 47, 41, 45, 3
Dia mais favorável: segunda-feira
Lema da Semana: A vida é uma caminhada
cheia de surpresas boas.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 14
23-10 a 21-11
Carta Dominante: 9 de Ouros, que significa
Prudência.
Amor: rejeite pensamentos pessimistas e
derrotistas. Pratique o pensamento positivo e
as acções construtivas agora!
Saúde: Liberte-se da pressão do dia-a-dia
através da boa disposição.
Dinheiro: Apesar das divergências de
opiniões no seu ambiente de trabalho, não
desista dos seus objectivos.
Número da Sorte: 73
Números da Semana: 10, 20, 30, 4, 5, 9
Dia mais favorável: terça-feira
Lema da Semana: Sou prudente nas minhas
acções para evitar erros.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 18
19-2 a 20-3
Carta Dominante: O Julgamento, que
significa Novo Ciclo de Vida.
Amor: Sentirá necessidade de conhecer
pessoas diferentes. Viva o presente com
confiança!
Saúde: Probabilidade de ocorrência de
pequenos acidentes domésticos.
Dinheiro: Altura de fazer contenção de
despesas.
Número da Sorte: 20
Números da Semana: 17, 23, 44, 13, 26, 1
Dia mais favorável: sábado
Lema da Semana: Aceito as mudanças na
minha vida com optimismo.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 22
 Já • Sexta-feira 10 Setembro 2010 • 19

Telenovelas CURIOSIDADES
Farmácias
RECORD • Ribeirão do Tempo de serviço
O homem mais Praia

baixo do mundo
13/09: Farmácia Africana
14/09: Farmácia Avenida
15/09: Farmácia Santa

O colombiano Edward Nino Hernández, de 24 anos, mede 70

centímetros: foi reconhecido pelo Guinnes, livro dos
recordes, como o homem mais baixo do mundo. Hernández vai
Isabel
16/09: Farmácia 2000
aparecer na edição 2011 do livro. O chinês He Pingping, que era
17/09: Farmácia
antes considerado o homem mais baixo do mundo, morreu em
Março deste ano, aos 21 anos de idade. Moderna
18/09: Farmácia Central
Madame Durrel é morta por Dr. Flores no hospital
19/09: Farmácia Santo
F lores (Antônio Grassi) mata mais uma pessoa em Ribeirão do
Tempo. Dessa vez, a vítima é Madame Durrel (Jacqueline
Laurence), que sempre foi um empecilho nas estratégias que ele ela-
António
20/09: Farmácia Africana
bora com Nicolau (Heitor Martinez).
Flores manda a milionária “dessa para a melhor” para que Arminda
(Bianca Rinaldi), com quem Nicolau pretende se casar, assuma a
presidência da Património Eterno. S. Vicente
Para matar Durrel, o professor veste-se de enfermeiro e entra no hospi- 13/09: Farmácia Jovem
tal onde ela está internada sem ser visto.
Enquanto a milionária dorme, ele injeta um líquido no soro dela, que 14/09: Farmácia Higiene
logo de seguida tem uma paragem cardíaca. Flores sai do hospital sem 15/09: Farmácia Jovem
despertar suspeitas.
Em Ribeirão do Tempo. Não perca! 16/09: Farmácia Mindelo
17/09: Farmácia Avenida
SIC • Passione 18/09: Farmácia Leão
19/09: Farmácia Nena
20/09: Farmácia Higiene

Boa Mesa

Berilo continua tendo visões com Totó
G emma implora a Totó que não vá ao Brasil para se encontrar com
Clara. Diana afirma que não vai desistir de Mauro. Lorena deses-
pera ao ver Agnello e Chulepa enfrentando-se. Totó impede que
Gemma o acompanhe na viagem ao Brasil. Mimi beija Sofia quando vê
Benedetto aproximando-se e ela fica furiosa. Sinval pressiona Danilo e
deixa o irmão arrasado. Lorena leva Chulepa a sua casa, mas não con-
segue deixar de pensar em Agnello. Agostina cuida de Agnello. Berilo
tem outra visão de Totó enquanto está com Jéssica e fica apavorado.
Fortunato ameaça contar tudo o que sabe a Fátima se Candê não aceitar
seus galanteios. Clô exige que Guida vá conferir a decoração da sua
nova casa. Stela fica mais animada ao saber que Chulepa ainda gosta
de Lorena. Danilo sai de casa e preocupa a família. Saulo acredita que
Bete tenha escondido os seus documentos para impedi-lo de viajar.
Fred tenta seduzir Stela. Adamo leva Totó para o aeroporto. Clara
chega ao Brasil. Guida consegue entrar na antiga casa de Clô. Sinval
perde a paciência com Fátima, que fica magoada. Danilo chega a casa
e deixa Stela preocupada com o seu estado de saúde. Clara enfrenta
Valentina para defender Kelly. Bete tenta localizar Totó. Totó espera
para embarcar. Adamo e Francesca percebem que Alfredo e Gemma
não estão no sítio. Totó fica perplexo ao ver Gemma e Alfredo no avião
que seguirá para o Brasil.
Casa Nova:
sabores
açorianos
Cidade da Praia - Plateau,
Rua da Horta
“
É uma tasca. Não é um restaurante” - com humildade,
Sérgio e Yolanda falam da sua “casa”, há muito com
nome na praça, desde o ano 2000. Situada no Plateau, Rua
nhos, com especial destaque para os vinhos do Fogo -
sobretudo o branco que tem grande procura para acompa-
nhar o peixe defumado entre outros pratos.
da Horta, cidade da Praia é espaço relativamente pequeno, Porque Sérgio é açoriano (Yolanda é dos Picos), o casal não
com cozinha caseira dirigida pela própria patroa - segundo quis deixar os Açores fora do menú. Assim é possível co-
Sérgio, este é o segredo da afirmação Casa Nova no merca- mer ali uma boa alcatra, prato tradicional dos Açores.
do: “Por isso é que funciona”. Aberta de domingo a domingo, Casa Nova oferece
Muito asseada e acolhedora, a “tasca” tem as suas particu- pequenos-almoços a 400 escudos. Aos domingos o almoço
laridades: o peixe defumado pela própria casa e o pão casei- é self-service, a mil escudos por pessoa. O prato mais bara-
ro marcam diferença. Mas não se fica por ai. A especiali- to a 650 escudos - prato do dia, e o mais caro a 2500 escu-
dade com mais procura é o polvo, a par da caixinha, da pi- dos – salada de mariscos.
canha e, claro, do peixe defumado. A acompanhar esta Casa Nova - nota mais entre as casas que operam na cidade
variedade de pratos e petiscos, oferece uma variedade de vi- da Praia.
PUB