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EXTENSÃO E CIDADE: CAMINHOS DE INTERAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E VISIBILIDADES.

ISSN 1983-6554

ANAIS 33º SEMINÁRIO DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA DA REGIÃO SUL

Apresentações Orais

CULTURA

FURG Incubadora cultura viva_Roberto Domingues Souza

FURG Interferência Cultural_Janaina Amorim Noguez

FURG Panorama do centro de ensino de línguas estrangeiras_Eliane

Misiak

IFFARROUPILHA Festival estudantil da canção_André Luiz Turchiello de

Oliveira

IFFARROUPILHA Projeto Cine Campus_Antônio Cândido da Silva

IFRS Ceramicando 2015_Viviane Diehl

IFRS O compasso ternário do programa música no IFRS Campus

Osório_Agnes Schmeling

IFRS Roda leitura compartilhar afetos e literatura_Fabiana Cardoso Fidelis

IFRS Viva la vida a elaboração de arranjos no coral jovem do ifrs_Agnes

Schmeling

IFSUL PEL Cultura e lazer nos asilos de Pelotas_Gabriel Barros da Cunha

UDESC Laboratório de performance_Daiane Dordete Steckert Jacobs

UEL Laboratório de estudos dos domínios da imagem LEDI_Edméia

Ribeiro

UEM A arte é uma asa vamos voar_Tania Regina Machado

UEM Projeto Leituras ao vento_Maristela Melo Barroso

UFCSPA Banda de música da UFCSPA_Marcelo Rabello dos Santos

UFCSPA Coral UFCSPA_Marcelo Rabello dos Santos


EXTENSÃO E CIDADE: CAMINHOS DE INTERAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E VISIBILIDADES.

UFCSPA Doutores-palhaços_Elizabeth de Carvalho Castro

UFCSPA Miscelânea Cultural a universidade integrada a


comunidade_Claudia Giuliano Bica

UFFS Memória histórico-geográfica do planalto e oeste de Santa


Catarina_Marlon Brandt
EXTENSÃO E CIDADE: CAMINHOS DE INTERAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E VISIBILIDADES.

INCUBADORA CULTURA VIVA:


DA IMPLEMENTAÇÃO A EXECUÇÃO DE AÇÕES NO EXTREMOSUL DO
BRASIL
Área Temática: Cultura

Msc. Roberto Domingues Souza (Coordenador da Ação de Extensão)1


Esp. Laurício Antônio Tissot dos Santos2
Rosi Marrero Duarte3
Vinicius da Costa Rocha4
Mariana Costa de Moraes Fernandes5

Resumo: Este trabalho possui o objetivo de explicitar as estratégias da


implantação de uma ação conjunta entre a Universidade Federal do Rio
Grande – FURG e Ministério da Cultura – MinC do Brasil, por meio das ações
da Política Nacional Cultura Viva da Secretaria de Cidadania e Diversidade
Cultural, uma parceria para estruturar uma Incubadora de Base Cultural-
Comunitária, que vise capacitar e articular os Pontos e Pontões de Cultura;
Coletivos Culturais não Organizados Juridicamente; mestres e mestras,
artistas, iniciativas premiadas e juventude rural através de ações de fomento ao
Cultura Viva como bolsas, prêmios, cursos, circuitos, pesquisas e ações de
comunicação.
Palavras-chave: Arte, Cultura Viva, Economia Criativa, Políticas Públicas,
Educação.

Abstract: This work has the objective of explaining the strategies of


implementation of a joint action between the Federal University of Rio Grande -
FURG and Ministry of Culture - Ministry of Culture of Brazil, through the actions
of the National Policy Living Culture of the Department of Citizenship and
Diversity cultural , a partnership to structure an incubator - cultural Community-
based , aiming to qualify and articulate points and Pontoons culture; Cultural
Collective Legally not organized ; masters and teachers, artists, award-winning
initiatives and rural youth by fostering actions to Living Culture as scholarships ,
awards , courses , circuits, research and communication activities .
Keywords: Art , Living Culture , Creative Economy , Public Policy , Education .

1
Mestre em Educação e Pós-Graduando em Gestão Cultural pela Universidad Nacional de
Córdoba. Diretor de Arte e Cultura, Músico e Coordenador da Incubadora Cultura Viva da
Universidade Federal do Rio Grande – FURG, Brasil. robertosouza@furg.br
2
Especialista em Artes e Arte-educador pela FURG. Coordenador de Apoio a Cultura, Editor de
Imagens e Produtor Audiovisual da Diretoria de Arte e Cultura da Universidade Federal do Rio
Grande – FURG, Brasil. lauriciotissot@furg.br
3
Mestranda em Antropologia e Bacharel em Serviço Social pela Universidade Católica de
Pelotas. Educadora Social da Incubadora Cultura Viva da Universidade Federal do Rio Grande
– FURG, Brasil. rosias@outlook.com
4
Arte-Educador pela FURG. Produtor Cultural da Incubadora Cultura Viva da Universidade
Federal do Rio Grande – FURG, Brasil. vini.xp77@gmail.com
5
Graduanda em Arqueologia pela FURG. Bolsista de pesquisa da Incubadora Cultura Viva da
Universidade Federal do Rio Grande – FURG, Brasil. donah.mariana@gmail.com
EXTENSÃO E CIDADE: CAMINHOS DE INTERAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E VISIBILIDADES.

INTRODUÇÃO
A Universidade Federal do Rio Grande – FURG atua como parceira do
Ministério da Cultura – MinC do Brasil desde o ano de 2010 através do
convênio pioneiro para criação e gestão de uma Rede Intermunicipal de Pontos
de Cultura, com área de abrangência nas regiões sul e centro-sul do Rio
Grande do Sul, cujas ações são desenvolvidas principalmente em pequenos
municípios, zonas rurais e na fronteira com o Uruguai.
Pretende-se com este projeto ampliar esta parceria da Universidade
Federal do Rio Grande – FURG com o Ministério da Cultura – MinC por meio
das ações da Política Nacional Cultura Viva da Secretaria de Cidadania e
Diversidade Cultural para estruturar uma Incubadora de Base Cultural-
Comunitária, que vise capacitar e articular os Pontos e Pontões de Cultura;
Coletivos Culturais não Organizados Juridicamente; mestres e mestras,
artistas, iniciativas premiadas e juventude rural através de ações de fomento ao
Cultura Viva como bolsas, prêmios, cursos, circuitos, pesquisas e ações de
comunicação.
O desenvolvimento das ações da incubadora procura consolidar a Política
Nacional Cultura Viva neste território e reposicionar o papel da Universidade
Federal do Rio Grande – FURG como uma referência no Rio Grande do Sul, e
possível modelo de atuação para outras universidades do Brasil.
A atuação da Incubadora Cultura Viva será norteada pela Política
Nacional Cultura Viva como uma estratégia de protagonismo no
desenvolvimento sociocultural desta região, buscando uma aproximação com o
Plano da Secretaria da Economia Criativa (de acordo com suas políticas,
diretrizes e ações 2011 – 2014).
Pretende-se que a área de atuação da incubadora seja os pequenos
municípios localizados nas mesorregiões do sudeste e sudoeste (que somadas
correspondem a 1.725.000 habitantes aproximadamente, conforme estimativas
publicizadas pelo IBGE em 2013). Conforme o Relatório Geral do RS –
Programa Cultura Viva – Versão 5/2014 - estes municípios apresentam
necessidades para acessar as ações da Política Nacional Cultura Viva.

DESENVOLVOLVIMENTO
Este texto é uma síntese do projeto que está sendo implantado em
parceria entre as duas instituições, logo pretendemos compartilhar a proposta a
fim de qualificar mesma como estratégia de implantação do projeto.
A partir do Diagnóstico 01/2014 – Rede FURG nas comunidades das
regiões sul, centro-sul, de fronteira e do pampa do RS, identificou-se a
necessidade de formação, articulação, promoção e circulação agentes culturais
que atuam neste território. O Estado do Rio Grande do Sul possui 496
municípios e 267 Pontos de Cultura cadastrados. Sendo que apenas 7% (34
municípios) são beneficiados pela Política Nacional Cultura Viva. Hoje a Rede
Cultura Viva RS possui 202 Pontos de Cultura em atividade.
Outro aspecto relevante é que o RS é um dos Estados do Brasil com
maior número de municípios. Sendo que a sua grande maioria apresenta uma
população com menos de 10.000 habitantes (331 municípios). Apenas 4%
EXTENSÃO E CIDADE: CAMINHOS DE INTERAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E VISIBILIDADES.

destes 331 municípios (12 municípios) foram alcançados pela Política Nacional
Cultura Viva. Pretende-se que a área de atuação da incubadora seja nestes
pequenos municípios localizados nas mesorregiões do sudeste e sudoeste
(que somadas correspondem a 1.725.000 habitantes aproximadamente,
conforme estimativas publicizadas pelo IBGE em 2013). Conforme o Relatório
Geral do RS – Programa Cultura Viva – Versão 5/2014 - estes municípios
apresentam necessidades para acessar as ações da Política Nacional Cultura
Viva.

Objetivos do Projeto

A Incubadora Cultura Viva no conjunto de suas ações possuirá os


seguintes objetivos de acordo com os eixos abaixo:

I. Formação
1. Oferecer subsídios aos produtores culturais para que desenvolvam
seus projetos com maior rigor técnico.
2. Realizar formação estética e narrativa, através de oficinas nas diversas
áreas das artes visuais, artes cênicas, audiovisual e musical para
potencializar o protagonismo dos agentes culturais e autonomia criativa
de seus projetos com vistas a uma sustentabilidade de suas ações.
3. Promover a formação de jovens prioritariamente da zona rural, junto ao
Programa de Formação Agente Cultura Viva.
4. Formação aos gestores comunitários quanto aos aspectos técnicos-
administrativos na elaboração, acompanhamento, supervisão e
prestações de contas dos projetos culturais.
5. Instrumentalizar os gestores comunitários a atuar na perspectiva
empreendedora com base na economia criativa.

II. Articulação
1. Agenda permanente de discussões com objetivo de promover os
projetos em comum de acordo com as características e necessidades
socioculturais das comunidades.
2. Promover o equilíbrio entre o desenvolvimento social e econômico,
através de projetos com base na economia criativa e na economia
solidária. Entende-se que é necessário renovar as formas de
financiamento dos projetos.
3. Potencializar a diversas cadeias produtivas da área cultural no território
de abrangência.
4. Estimular a realização de eventos que venham potencializar a
economia da cultura com vista a sua internacionalização latino-
americana, tais como rodadas de negócios, conferências e jornadas.

III. Promoção
1. Contribuir para a municipalização da Política Nacional Cultura Viva no
território de abrangência da incubadora.
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2. Promover a visibilidade das ações comunitárias com foco prioritário nos


Mestres Tradicionais, Indígenas e Quilombolas.
3. Reconhecer as iniciativas de base comunitária protagonizada pelos
jovens.

IV. Circulação
1. Potencializar o compartilhamento dos espaços públicos para produção,
circulação e fruição das produções culturais locais e regionais.
2. Viabilizar a criação de circuitos artísticos.
3. Promover a circulação de bens e serviços culturais.

Formas de Avaliação das Ações


A avaliação será coordenada pela equipe de gestão da Incubadora
Cultura Viva, através de acompanhamento e ajustes das ações no decorrer da
execução, conforme as metas estabelecidas abaixo:
a) Diagnósticos junto as Comunidades;
b) Revisão do plano de ação com base nos diagnósticos;
c) Produções de Audiovisual;
d) Elaboração dos editais;
e) Encontros de Integração e Formação;
f) Definir roteiro dos circuitos;
g) Avaliação e Acompanhamento da execução das ações.

Os resultados serão mensurados através de indicadores a serem


elaborados conforme as metas estabelecidas abaixo:
a) Produção e exibição de vídeos em veículos de comunicação públicos,
site específico e redes sociais;
b) Divulgação dos editais em jornais de circulação regional e
participação das comunidades nas visitas de formação realizadas pela
equipe;
c) Publicização dos resultados através da elaboração de materiais de
divulgação em site específico, redes sociais e eventos científicos;
d) Acompanhamento do processo de prestação de contas do projeto
com base no cronograma de realização das ações;
e) Elaboração continuada de relatório de cumprimento de objeto com
base no acompanhamento das comunidades durante a realização das
ações.

Resultados Esperados pelo Projeto


Os resultados esperados da ação da Incubadora Cultura Viva estão
mensurados através das seguintes áreas:

Área Cultural:
a) Oferecer subsídios aos produtores culturais para que desenvolvam
seus projetos com maior rigor técnico;
EXTENSÃO E CIDADE: CAMINHOS DE INTERAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E VISIBILIDADES.

b) Realizar formação estética e narrativa, através de oficinas nas


diversas áreas das artes visuais, artes cênicas, audiovisual e musical
para potencializar o protagonismo dos agentes culturais e autonomia
criativa de seus projetos com vistas a uma sustentabilidade de suas
ações;
c) Promover a visibilidade das ações comunitárias com foco prioritário
nos Mestres Tradicionais, Indígenas e Quilombolas;
d) Viabilizar a criação de circuitos artísticos.

Área social:
a) Promover a formação de jovens prioritariamente da zona rural, junto
ao Programa de Formação Agente Cultura Viva;
b) Formação aos gestores comunitários quanto aos aspectos técnicos-
administrativos na elaboração, acompanhamento, supervisão e
prestações de contas dos projetos culturais;
c) Agenda permanente de discussões com objetivo de promover os
projetos em comum de acordo com as características e
necessidades socioculturais das comunidades;
d) Contribuir para a municipalização da Política Nacional Cultura Viva
no território de abrangência da incubadora;
e) Reconhecer as iniciativas de base comunitária protagonizada pelos
jovens.

Área econômica:
a) Instrumentalizar os gestores comunitários a atuar na perspectiva
empreendedora com base na economia criativa;
b) Promover o equilíbrio entre o desenvolvimento social e econômico,
através de projetos com base na economia criativa e na economia
solidária. Entende-se que é necessário renovar as formas de
financiamento dos projetos;
c) Potencializar a diversas cadeias produtivas da área cultural no
território de abrangência;
d) Estimular a realização de eventos que venham potencializar a
economia da cultura com vista a sua internacionalização latino-
americana, tais como rodadas de negócios, conferências e jornadas;
e) Potencializar o compartilhamento dos espaços públicos para
produção, circulação e fruição das produções culturais locais e
regionais;
f) Promover a circulação de bens e serviços culturais.

Área Ambiental:
a) Estimular a sustentabilidade socioambiental das atividades culturais
com base nos princípios da Política Nacional Cultura Viva;
b) Contribuir na promoção do turismo cultural sustentável através do
fomento às cadeias produtivas da cultura;
c) Fomentar a aproximação dos jovens com a paisagem cultural das
comunidades.
EXTENSÃO E CIDADE: CAMINHOS DE INTERAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E VISIBILIDADES.

CONCLUSÕES
A Universidade Federal do Rio Grande – FURG atua como parceira do
Ministério da Cultura – MinC desde o ano de 2010 através do convênio pioneiro
para criação e gestão de uma Rede Intermunicipal de Pontos de Cultura, com
área de abrangência nas regiões sul e centro-sul do Rio Grande do Sul, cujas
ações são desenvolvidas principalmente em pequenos municípios, zonas rurais
e na fronteira com o Uruguai.
A Rede Intermunicipal de Pontos de Cultura da FURG, que é a espinha
dorsal do território de atuação da incubadora, corresponde aproximadamente a
25% dos investimentos públicos na área de atuação da Política Nacional
Cultura Viva no RS. Nos últimos anos, as ações da FURG no âmbito da Política
Nacional Cultura Viva, atingiram um patamar de consolidação interna, visto que
o setor de cultura da universidade se estruturou em torno das ações
desenvolvidas pela Rede de Pontos de Cultura.
Logo pretende-se ampliar esta parceria da Universidade Federal do Rio
Grande – FURG com o Ministério da Cultura – MinC por meio das ações da
Política Nacional Cultura Viva da Secretaria de Cidadania e Diversidade
Cultural para estruturar uma Incubadora de Base Cultural-Comunitária, que
vise capacitar e articular os Pontos e Pontões de Cultura; Coletivos Culturais
não Organizados Juridicamente; mestres e mestras, artistas, iniciativas
premiadas e juventude rural através de ações de fomento ao Cultura Viva como
bolsas, prêmios, cursos, circuitos, pesquisas e ações de comunicação.
Esta incubadora – nomeada Incubadora Cultura Viva – terá a missão de
consolidar a atuação da FURG através de ações de formação, articulação,
promoção e circulação das produções culturais de base comunitária e rural nas
regiões sul, centro-sul, fronteira e pampa, no Estado do Rio Grande do Sul.
Além de permanecer atenta, aos amplos aspectos políticos do Mercosul.
A parceria entre a Universidade Federal do Rio Grande – FURG,
através da Diretoria de Arte e Cultura (DAC/PROEXC) e a Secretaria da
Cidadania e a Diversidade Cultural SCDC/MinC convergem para possibilitar a
efetivação e acesso da Política Nacional Cultura Viva no RS – com foco
prioritário nos jovens e nas comunidades tradicionais das zonas rurais – com
base nas ações de criação e manutenção da Incubadora Cultura Viva.

REFERÊNCIAS
BRASIL, Política Nacional de Cultura Viva. Lei nº 13.018, de 22 de julho de
2014.

Ministério da Cultura. Plano da Secretaria de Economia Criativa: políticas,


diretrizes e ações 2011-2014. Brasília: Minc, 2011. 148 p. Disponível em:
http://www2.cultura.gov.br/site/wp-content/uploads/2011/09/Plano-da-
Secretaria-da-Economia-Criativa.pdf. Acesso em: 05 dez. 2011.
INTERFERÊNCIA CULTURAL: UMA PROPOSTA DE INTEGRAÇÃO COMUNITÁRIA

Área temática: Cultura

Janaina Amorim Noguez1 (Coordenadora da Ação)


Iviliane Gautério da Silva2

Palavras-chave: formação inicial, cultura, práticas pedagógicas, comunidade.

RESUMO: O Programa Interferência Cultural: uma proposta de integração comunitária é


uma ação de extensão financiada pelo Programa de Extensão Universitária do Ministério
da Educação para o período de 2015 e 2016. Tem por objetivo ampliar e melhor articular
as ações de cultura, arte e educação que vem sendo desenvolvidas no Centro de Atenção
Integral à Criança e ao Adolescente - CAIC da Universidade Federal do Rio Grande -
FURG. Essa ação possui dois grandes objetivos. O primeiro refere-se à busca pela
garantia do empoderamento da comunidade frequentadora do Centro, proporcionando a
construção de espaços dialógicos com ênfase no resgate e no direito de aprender, por
meio da Arte, Cultura e Integração Comunitária. O outro objetivo busca dar melhor
visibilidade às ações culturais desenvolvidas no CAIC. O programa articula as ações
culturais do Centro vinculadas à uma proposta de Comunicação Comunitária, por
acreditarmos que o exercício da cidadania pode ser aprendido na ludicidade do trabalho
desenvolvido com cultura, arte e comunicação. As ações previstas pela proposta são
voltadas para as práticas de educação musical, desenho, teatro, cultura e tradições
gaúchas, cultura afrobrasileira, jornal escolar e biblioteca itinerante. Todas essas ações
culminam nas apresentações artístico-culturais da Mostra Artística Cultural do CAIC.
Alguns destes projetos encontram-se em fase intermediária de execução, pois já
receberam aprovação em outros PROEXTs e programas como o Mais Educação. Já
outras ações estão sendo previstas para os anos de 2015/16 que surgiram como
demandas sociais provocadas por políticas públicas nacionais, bem como resultado das
ações anteriormente desenvolvidas. Compreendemos que criar estratégias e formas de
informar, discutir, debater, integrar e interagir, oportunizam a vivência da cidadania. Nesse
sentido, a busca pela qualificação desses processos no cotidiano do CAIC contribuem
sobremaneira para a melhoria das relações de integração da comunidade acadêmica, os
usuários do Centro e seus profissionais.

Contexto da ação

O Centro de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente, da Universidade Federal


do Rio Grande, (CAIC/FURG) situa-se no Campus Carreiros da referida instituição de
ensino superior. O CAIC é uma instituição de caráter sociocultural e educativa vinculada à

1
Mestre em Educação Ambiental, Centro de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente,
PROEXC/FURG,janainanoguez@furg.br.
2
Pedagoga e Acadêmica do Curso de História-Licenciatura, Centro de Atenção Integral à Criança e ao
Adolescente,FURG, ivihist@yahoo.com.br
Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da FURG que atende crianças, jovens e adultos, em
três frentes de trabalho: Educação, Saúde e Integração Comunitária. Com uma trajetória
de 21 anos de história, o Centro se caracteriza pelo convênio FURG X Prefeitura
Municipal, desenvolvendo ações nas áreas da Educação, Saúde e a Integração
Comunitária. Nos deteremos neste texto mais especificamente às ações que acontecem
no contexto da educação básica que buscam a qualificação dos processos de
aprendizagem, além do aprimoramento das relações entre CAIC-Universidade-
Comunidade riograndina.
A proposta educacional do Centro persegue os princípios da Educação Popular.
Neste contexto, o CAIC se estabelece por meio de um efetivo diálogo com a comunidade,
nos espaços de formação e na valorização das pessoas e seus processos identitários,
buscando a constituição da autonomia, através da construção de um conhecimento formal
socialmente aceito e que vise o empoderamento das comunidades que constituem a
história do Centro.
Empoderamento é uma palavra que advém do termo correspondente inglês
empowerment e refere-se ao processo em que alguém é atribuído de poder para tomada
de decisões. No contexto desta ação social, empoderamento diz respeito à possibilidade
de uma pessoa (família ou comunidade) assumir uma atitude autônoma e responsável em
relação a seu próprio destino, de modo que possa realizar as mudanças que julga
pertinentes para alcançar melhores condições de vida. Assim, dentro desta perspectiva
esta proposta visa garantir processos de protagonismo aos estudantes do CAIC, de forma
que estes possam proporcionar ações de empoderamento a outros territórios. O território
é um espaço vivo, marcado tanto por seus recursos naturais quanto pelas pessoas e
instituições que o animam. Nesse sentido, o termo é utilizado para designar um
determinado espaço geográfico e todas as relações nele estabelecidas.
Além do empoderamento, outra categoria-chave que se apresenta para o
desenvolvimento desta ação extensionista é a compreensão que a ação sociocultural
quando caracterizada pelo diálogo pode agir como um espaço de pertencimento social e
vivência da cidadania. Freire (2011) afirma que o fundamental na ação cultural, 'no
processo de organização das classes dominadas, é possibilitar a estas a compreensão
crítica da verdade de sua realidade', e este é um dos princípios que embasa nossa
proposta, o respeito e a valorização aos modos de vida, cultura e organização das
comunidades envolvidas.
Para caracterizar as comunidades atendidas pelo CAIC (zona oeste da cidade de
Rio Grande-RS), faremos referência a uma pesquisa realizada em 20113. Com essa
investigação quanti-qualitativa foi possível fazer um detalhamento contextual da
comunidade, suas características, problemas socioeconômicos, desemprego e renda,
déficit habitacional, das estratégias de sobrevivência e da degradação ambiental, isto é,
das precariedades de suas condições de vida. Os indicadores socioeconômicos
revelaram a acentuada situação de vulnerabilidade social e pessoal na qual esta
comunidade está inserida.
Em relação à escolaridade, identificou-se índices elevados de cidadãos que
possuem o Ensino Fundamental Incompleto. Muitas famílias sobrevivem de alguns
programas do governo federal como o Bolsa Família. A violência doméstica/violência

3
Essa pesquisa pode ser consultada na Revista da Extensão da UFRGS (2012).
contra a mulher foi outro fator investigado pela pesquisa. Indivíduos vítimas de violência
doméstica produzem silêncios e invisibilidades.
Esses dados revelam a necessidade de propostas de intervenções sociais,
culturais e educativas que contribuam para o empoderamento dessas pessoas,
fomentando a construção de um conhecimento capaz de elucidar acerca dos direitos
sociais, especialmente aqui, o direito de aprender. A educação é direito de todos,
garantido pela Constituição Federal. Sendo assim, é fundamental que sejam realizadas
medidas colaborativas de incentivo e conscientização, visando o pleno desenvolvimento
das pessoas e a construção do direito a ser cidadão. A cidadania não é algo dado
socialmente, precisa ser construída, questionada, refletida, exercida.
Com os dados apresentados, podemos perceber que é neste território, marcado
por inúmeras questões socioculturais e econômicas que o Centro vem potencializando,
através do desenvolvimento de ações arte, educomunicação e cultura, possibilidades de
ações dialógicas para escutar, propor e efetivar o exercício cotidiano da cidadania. O
planejamento desta de ação apresenta-se como resposta à pesquisa realizada com a
comunidade em questão.
Em tempo, as ações extensionistas que serão relatadas a seguir relacionam-se
com a formação dos estudantes universitários (bolsistas Proext), na perspectiva da
integração dos saberes/fazeres acadêmicos com os saberes/fazeres populares, por meio
da relação estabelecida com a comunidade frequentadora do CAIC (estudantes e
familiares). Essas relações se estabelecem no âmbito das características da cidade de
Rio Grande e da vocação institucional da FURG, que tem como missão de formação de
profissionais comprometidos preocupada com “os problemas nacionais, regionais e
comunitários”4.

1. VIVÊNCIAS EM EDUCAÇÃO MUSICAL


O projeto TóCaic! movimentos e vivências em educação musical teve seu início em
2008 com um grupo de estudantes da educação básica e um educador musical
contratado para executar a ação. No início do projeto existia muita vontade de trabalho e
pouco recurso material para o desenvolvimento da ação. Com o passar do tempo, o
projeto ganhou força e financiamento. Hoje contamos com o educador musical
concursado e lotado no espaço do CAIC, desenvolvendo a ação juntamente com os
acadêmicos do Instituto de Letras e Artes da FURG e estudantes da educação básica
inseridos no Programa de Educação Integral, o Mais Educação.
Além do educador, os acadêmicos e estudantes envolvidos, o projeto conta com
um grupo de estudantes formados no CAIC, o que potencializa a ação a partir do
envolvimento dos egressos, vislumbrando aos matriculados, possibilidades futuras a partir
da música.
O principal objetivo do trabalho é o de oportunizar o ensino de música em espaços
formais da Educação Básica, apresentando novos repertórios musicais e potencializando
novas compreensões de mundo por meio da história da música. Espera-se com a ação
que os estudantes do CAIC assumam o lugar de produtores de cultura, qualificando o
desenvolvimento integral da infância e da adolescência, no exercício de sua cidadania,

4
Resolução nº 014/87 do CONSUN de 20 de novembro de 1987. Alterada pela Resolução nº 10/94 de 27
de junho de 1994 e Resolução nº 029/95 de 27 de dezembro de 1995
identidade e diversidade cultural, a partir da realização de processos artísticos e culturais
no contexto da educação integral.

2. BIBLIOTECA ITINERANTE: desbravando o mundo da leitura


A leitura não é uma prática cotidiana realizada pela comunidade atendida pelo
CAIC. Sabe-se que a leitura do mundo é anterior a leitura da palavra (FREIRE, 2005), e o
gosto pela leitura se desenvolve quanto mais próxima ela estiver do interesse e
necessidade do leitor. Não há texto sem contexto!
Para que a comunidade do CAIC/FURG possa se aventurar no hábito da
imaginação e da leitura propõe-se a circulação de uma biblioteca itinerante5 que irá
circular no Bairro Castelo Branco II (principal comunidade atendida pelo CAIC) chamando
a comunidade para a leitura e empréstimo livros e demais materiais de leitura, bem como
a utilização do espaço da Asociação de Moradores do Bairro para o desenvolvimento de
oficinas de contação de históricas para as crianças.
Estão previstas, também, oficinas de produção textual e escritas coletivas. Isso
significa dizer que, os moradores serão convidados a adentar o “Mundo da leitura e da
Escrita”, escrevendo textos, relatos, poemas, e outras produções.

3. ATELIÊ LIVRE – OFICINAS DE DESENHO


O projeto Ateliê Livre, configura-se como um espaço de formação em arte,
contando com oficinas e cursos na área, que possibilitem vivências, discussão e produção
de conteúdo a ser apreciado pelo público do CAIC, nos lugares de exposição constituídos.
Um ateliê de arte coletivo é um convite para trocas substanciais no que se refere à
sensibilidade e criação. Em outras palavras, um local em que, a partir da interação entre
os sujeitos, o ser humano vivencia uma fina sintonia com materiais, técnicas e cores.
Ao iniciar o trabalho com estudantes e comunidade, foram apresentadas as
experiências passadas e os planos futuros em relação à aplicação de técnicas e padrões
nos usos cotidianos.
Em seguida surgiram as primeiras propostas de confecção artesanais de diários ou
cadernos de desenhos, priorizando a personalização em cada um. Neste caderno, foram
feitas as experimentações em desenho, colagem e escrita, fortalecendo as etapas
seguintes de produção no ateliê.
Uma das práticas mais efusivas da produção dos participantes pode ser vista nas
colunas de concreto que sustentam a sala de artes do CAIC. Estas por serem da cor
cinza, sofreram o apelo coletivo para receber a técnica do lambe-lambe, que consiste na
produção, arte, finalização, recorte e colagem de desenhos. Essa técnica trouxe também
notoriedade para os padrões e elementos importantes a cultura do grupo, tornando o
ambiente humanizado e convidativo a novas produções.

4. CAIC ENCENA: ESCOLA É LUGAR DE TEATRO


O principal objetivo dessa ação é pedagógico, ou seja, não pretendemos formar
atores, mas sim aproveitar as contribuições dessa arte para a garantia do direito de

5
A biblioteca itinerante é uma Kombi adaptada. Funciona como uma biblioteca móvel, que vai ao encontro
da comunidade com livros para empréstimos e consultas locais. Além da prestação desse serviço de
biblioteca, propõe-se a “hora do conto na comunidade”, em que estão previstas a contação expressivas de
histórias infantis e infanto-juvenis. Essa metodologia proporcionará aos estudantes o contato lúdico com a
leitura, estimulando esse hábito.
aprender através do lúdico, da comunicação e da imaginação criadora. Pretendemos
contribuir para a capacidade lúdica e comunicativa dos estudantes do CAIC qualificando
as ações de teatro desenvolvidas no Centro e oportunizando aos estudantes da Educação
Básica o contato com a linguagem teatral e todas as suas contribuição para o exercício da
cidadania.
Como estratégias de trabalho temos organizado o grupo de estudantes e
acadêmico em reuniões semanais para ensaios, organização de cenário e figurino. Essa
prática está pautada no desenvolvimento de ações de leitura e escrita para a
memorização dos textos e elaboração de roteiros próprios. Além disso estão previstas
discussão sobre determinadas temáticas pertinentes a ação, como: postura de palco,
dicção, técnicas vocais, entre outros
Como resultados esperados pretendemos qualificar metodologias e ações na área
de educação teatral em contextos escolares e contribuir no desenvolvimento integral dos
estudantes com vistas ao exercício de sua cidadania, identidade e diversidade cultural, a
partir da realização de processos artísticos e culturais no contexto da educação formal.

5. FRONTEIRAS EM MOVIMENTO: CULTURA E TRADIÇÕES GAÚCHAS EM


CONTEXTOS ESCOLARES
Este projeto tem por objetivo potencializar ações sócioeducativas e culturais acerca
da cultura e tradições gaúchas, valorizando a cultura do Rio Grande do Sul, bem como
dos países vizinhos, percebendo influências e pertencimentos no contexto da América
Latina. A ação busca articular o prazer da dança com a produção de novos saberes
sociais, visando garantir espaços de reflexão e diálogo entre os sujeitos envolvidos,
facilitando a percepção das identidades culturais do povo gaúcho dentro de seus
diferentes contextos.
Através da realização de encontros semanais o grupo formado por estudantes e
acadêmico tem como estratégias de trabalho: a) a promoção de vivências de produções
artísticas sobre a cultura gaúcha no espaço escolar e comunitário, utilizando as danças
Tradicionais Gaúchas como linguagem cultural, pedagógica e multidisciplinar e b) o
desenvolvimento de atividades que valorizem os usos e costumes do povo gaúcho por
meio de palestras, oficinas de canto, declamação e outras manifestações artísticas
genuinamente gaúchas.

6. AFRICANIDADES: IDENTIDADES E CULTURAS


A proposta desta ação encontra-se em fase inicial de execução. Tem como
propósito o resgate de valores, o compartilhamento de histórias de vida e a ampliação do
universo cultural dos estudantes acerca das origens do povo latino-americano,
especialmente o povo brasileiro, assim visa promover um espaço de vivência cultural que
resgata a cultura afro-brasileira, potencializando um conhecimento histórico social que se
faz por meio da luta, da dança e da música, bem como de outros aspectos ligados à
cultura africana.
Como estratégias de ação, pretende-se organizar um grupo de trabalho composto
por profissionais da educação para o estudo da Cultura afro-brasileira e construção de
materiais didático-pedagógicos a serem utilizados com estudantes e famílias. Nesses
materiais poderão estar presentes histórias sobre lendas africanas. Além disso, conta-se
com a preparação de oficinas de criação de produção de bonecas negras e materiais
artesanais da cultura afro-brasileira, e a realização de oficinas artísticas culturais
embasadas na obra de Jean Baptiste Debret.
A música, a dança e a religiosidade do povo africano estarão representados nas
rodas de capoeiras e aulas de percussão previstas para serem realizadas junto ao
Programa Mais Educação da escola.

7. JORNAL COMUNITÁRIO
O Acontece no CAIC é um informativo impresso com periodicidade quinzenal,
composto por duas páginas, que tem como objetivo discutir temáticas relevantes para a
comunidade do CAIC, difundir saberes, aproximar o centro da comunidade, estimular o
sentido de pertencimento da comunidade ao CAIC. Este informativo tem sido importante
na garantia de documentação e registro das ações desenvolvidas no centro. Além disso,
ele é utilizado em sala de aula por professores o que muitas vezes auxilia no processo de
aquisição da leitura e da escrita, do sentido investigativo e de pesquisa, bem como o
estímulo à curiosidade discente.
Nesta ação, atuam profissionais do Centro, acadêmicos extensionistas e alguns
estudantes da educação básica selecionados pelo projeto. Juntos, essa equipe vem
construindo um trabalho significativo de registro e informação, fomentando nos estudantes
envolvidos, além do gosto pela leitura, sonhos viáveis no que se refere a construção de
uma possível identidade profissional.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Logo no início deste texto foram apresentadas as principais características
socioeconômicas da comunidade atendida pelo CAIC. Marcada pela invisibilidade no
contexto da cidade, os caminhos propostos no desenvolvimento desta ação estão
pautados na construção de saberes capazes de questionar e propor algo novo: o
empoderamento e o questionamento das contradições sociais apresentadas por processo
excludentes .
Assim, em parceria com a Universidade e a Comunidade, as referidas ações
previstas pelo programa de Extensão Universitária pretendem qualificar os processos
educativos, tanto de estudantes e comunidade quanto de acadêmicos (figuras
protagonistas nas ações).

REFERÊNCIAS:

CARVALHO, Adriana Matos (et. all.). Ações socioambientais em comunidades do


Município de Rio Grande-RS. Revista da Extensão da UFRGS: a extensão vista de
perto. N°4 julho, 2012 (p. 53-58).

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 2011.

FREIRE, Paulo. Conscientização: teoria e prática da libertação: uma introdução ao


pensamento de Paulo Freire. 3.ed. São Paulo: Centauro, 2005.
EXTENSÃO E CIDADE: CAMINHOS DE INTERAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E VISIBILIDADES.

PANORAMA DO CENTRO DE ENSINO DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS


(CELE/FURG): POLÍTICAS LINGUÍSTICAS EM EXTENSÃO PARA O
ENSINO SUPERIOR

Área Temática: Cultura

Eliane Misiak1 (Coordenadora da Ação de Extensão)

Eliane Misiak (autora)²

Palavras-chave: Cultura, Ensino, Línguas Estrangeiras.

Resumo:

O domínio de uma língua estrangeira consolidou-se como uma necessidade


contemporânea reconhecida. Considerando as peculiaridades e necessidades
específicas da Universidade Federal do Rio Grande (FURG), criou-se, em
2011, o Programa Centro de Ensino de Línguas Estrangeiras (CELE),
desenvolvido pela área de Língua Estrangeira do Instituto de Letras e Artes e
voltado para o ensino das Línguas Espanhola, Francesa, Inglesa, Italiana e
Portuguesa (como língua estrangeira) O programa objetiva oportunizar, de
forma gratuita, o estudo dos idiomas mencionados aos alunos de graduação e
pós-graduação da FURG, aos técnicos administrativos da instituição, à
comunidade externa e aos imigrantes de diferentes nacionalidades. Quer,
também, contribuir para a formação do graduando, pós-graduando e egressos
das Licenciaturas em Língua Estrangeira ao oferecer um espaço para a prática
do ensino e pesquisa em sua área de estudo. O presente projeto, orientado por
uma concepção pragmática de aprendizagem de uma língua, segue como
referência a abordagem comunicativa de ensino proposta pelo Marco Comum
Europeu de Referência (MCER), documento elaborado pelo Comitê de
Educação do Conselho Europeu. Os resultados parciais apontam uma grande
procura pelos cursos de parte das comunidades universitária e externa.
Semestralmente, 250 alunos, em média, são inscritos. Porém, a oferta de
cursos diversificados e do número de turmas está abaixo da demanda. O
programa pretende, assim, ampliar suas estruturas de modo a poder atender,
com a qualidade que se deseja, os anseios da comunidade.

Texto:

1
Profa. MSc. Eliane Misiak, Instituto de Letras e Artes, FURG, elainemisiak@furg.br.
EXTENSÃO E CIDADE: CAMINHOS DE INTERAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E VISIBILIDADES.

 Contexto da ação (contextualizar a ação, apresentando o objeto e os


objetivos);

Atualmente, a mundialização das trocas, a aceleração dos fluxos de


mobilidades espaciais e virtuais, a difusão de saberes em redes, entre outros
exemplos, conduzem os estabelecimentos de ensino superior a refletirem sobre
a maneira pela qual integrar em suas orientações e seus programas as novas
realidades da formação e da pesquisa. Na maior parte das instituições, essas
questões são traduzidas pela revisão, ou mesmo criação, de políticas
linguísticas e pela reflexão sobre o papel das diferentes instâncias e serviços
na implementação das mesmas.
Por entender que os centros de línguas das IES estão diretamente
implicados nesse contexto, foi criado o Centro de Ensino de Línguas
Estrangeiras (CELE), ação de extensão desenvolvida pela área de Línguas
Estrangeiras do Instituto de Letras e Artes (ILA) da Universidade Federal do
Rio Grande (FURG). O programa, hoje, é composto de seis projetos: Espanhol
Língua Estrangeira, Francês Língua Estrangeira, Inglês Língua Estrangeira,
Italiano Língua Estrangeira, Português Língua Estrangeira para intercambistas
dos editais PAEC/OEA/GCUB, e Português Língua Estrangeira para Imigrantes
da comunidade externa.
Em sua primeira fase, o programa teve como objetivos principais
oportunizar o estudo de línguas estrangeiras (espanhol, francês e inglês) aos
alunos dos cursos de graduação e de pós-graduação da FURG, bem como
contribuir para a formação docente dos graduandos do Curso de Letras
(habilitação português-espanhol, habilitação português-francês e habilitação
português-inglês) e formação continuada dos alunos da pós-graduação. Os
cursos eram ministrados por acadêmicos das respectivas Licenciaturas sob a
orientação pedagógica dos professores da área de Língua Estrangeira do ILA.
Em sua segunda fase, foram criados os projetos de Italiano Língua
Estrangeira e Português Língua Estrangeira, ofertados aos alunos
intercambistas da pós-graduação e aos imigrantes senegaleses e haitianos em
situação de vulnerabilidade social residentes na cidade do Rio Grande. Os
técnicos administrativos também foram integrados ao público-alvo. Além de um
espaço de docência, o programa transformou-se em um local para a realização
de estágios obrigatórios de docência, além de objeto de pesquisa dos
docentes, dos ministrantes e dos discentes da instituição na área de
metodologia e didática de ensino de línguas estrangeiras.

 Detalhamento das atividades (explanar sobre o desenvolvimento da ação;


população beneficiada, metodologia utilizada);

Os cursos Regulares de Línguas Estrangeiras do CELE visam a


oportunizar o desenvolvimento das quatro habilidades linguísticas -
compreensão escrita, compreensão oral, expressão escrita e expressão oral,
tendo como base o Marco Comum Europeu de Referência (MCER), documento
elaborado pelo Comitê de Educação do Conselho Europeu. Os referidos cursos
se compõem de oito níveis, cada qual com 48 horas/aula, correspondendo a
EXTENSÃO E CIDADE: CAMINHOS DE INTERAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E VISIBILIDADES.

um 'saber linguístico-comunicativo' específico, adequado às situações reais de


comunicação e à progressão estabelecida pelo MCER. Cada nível é composto
de dois encontros semanais de 1h30 ou de um encontro semanal de 3h00, ao
longo de 12 semanas.
Os cursos de Leitura e Compreensão Textual visam a desenvolver
estratégias de leitura em língua estrangeira, instrumentalizando o aluno para
leituras de textos no idioma original e para provas de proficiência. Os referidos
cursos são compostos de dois módulos de 36 horas, com um encontro semanal
de 2h15, ao longo de 12 semanas.
Os cursos de Português para os alunos intercambistas dos cursos de
pós-graduação são compostos dos níveis básico, intermediário e avançado,
cada qual com carga horária de 60 horas/aula distribuídas ao longo de 15
semanas.
Eventualmente, são ofertados cursos avulso como, por exemplo, os
cursos de conversação ministrados pelos ETAs do programa Inglês sem
Fronteiras.
Cada projeto orienta-se pela adoção do método que julgar mais
adequado, considerando os critérios e exigências do MCER. Os métodos são
dirigidos, na primeira fase, ao público jovem e adulto, considerando os
acadêmicos da FURG, e estabelecendo, desta forma, não apenas um eixo
comum para Programa CELE, mas a sua própria identidade.
Além disso, são consideradas as características e as especificidades de
cada idioma ministrado para a organização de novos cursos, com outros
enfoques, que não considerem apenas os saberes linguísticos, mas também
aspectos socioculturais, os objetivos dos alunos ou das futuras instituições
parceiras.
A forma de ingresso ao programa ocorre por meio eletrônico na página
da FURG, com auxílio da equipe de profissionais do NTI da universidade, e por
ordem de inscrição. As inscrições, sobretudo para os cursos regulares,
encerram-se em poucos minutos. Cabe ressaltar a gratuidade dos cursos
oferecidos pelo programa CELE, que vem democratizando o conhecimento de
línguas estrangeiras aos acadêmicos da FURG e à comunidade externa.
O presente projeto é orientado por uma concepção pragmática de
aprendizagem de uma língua. Comunicar-se de modo eficaz em uma língua
não compreende unicamente o conhecimento de um conjunto de estruturas
linguísticas, de sua forma. Dentro de sua abordagem comunicativa, a língua
expressa intenções entre locutores em situação de interação e, por essa razão,
torna-se de fundamental importância a escolha de uma forma linguística mais
adequada tanto à mensagem quanto à situação de comunicação, bem como o
conhecimento do contexto sociocultural em que a língua se insere.
Contrariamente à abordagem estruturalista dos anos 50-60, a aprendizagem
das estruturas se dá através da comunicação, e não antes desta. Desse modo,
destaca-se a importância dada para o sentido, para a situação de comunicação
e para a motivação do aluno do programa CELE.
EXTENSÃO E CIDADE: CAMINHOS DE INTERAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E VISIBILIDADES.

Gráfico 1. Demanda por línguas 2011, 2012.1, 2012.2 e 2013.1.


60%

50%

40%
INGLÊS
FRANCÊS
30%
ESPANHOL
ITALIANO
20%

10%

0%
2011/2 2012/1 2012/2 2013/1

Gráfico 2. Demanda por línguas 2013.2, 2014.1, 2014.2 e 2015.1


60%

50%

40%
INGLÊS
FRANCÊS
30%
ESPANHOL
ITALIANO
20%
PORTUGUÊS

10%

0%
2013/2 2014/1 2014/2 2015/1

 Análise e discussão (apresentar e discutir resultados mensuráveis e


qualitativos da ação);
EXTENSÃO E CIDADE: CAMINHOS DE INTERAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E VISIBILIDADES.

Embora seja um programa recente, se comparado aos centros de outras


instituições de ensino superior, o CELE já apresenta resultados positivos em
termos de atuação na vida acadêmica da Universidade e começa a apresentar
seus primeiros resultados na comunidade externa. Os gráficos abaixo
demonstram em números a relação entre a oferta e a demanda dos cursos
ofertados. Destaca-se, igualmente, a experiência proporcionada aos
ministrantes, em diferentes fases da Licenciatura, principalmente àqueles que
reconhecem no CELE a primeira oportunidade de exercício docente, bem como
aos egressos que retornam como contratados. Também os técnicos
administrativos são beneficiados, pois a formação no CELE é aceita para o
cálculo da progressão funcional dos mesmos. Os alunos, primeiramente, são
beneficiados pelo aperfeiçoamento linguístico que tem permitido maior
qualidade na formação, mas também pela aprovação em seleções para
programas de pós-graduação ou para programas de mobilidade como, por
exemplo, o Programa Ciência sem Fronteiras. Já no caso dos alunos
estrangeiros, da comunidade interna ou externa, estes também têm tido a
possibilidade de desenvolverem competências comunicativas, pragmáticas ou
socioculturais, facilitadores de sua inserção na comunidade local. Para os
alunos imigrantes, em particular, o desenvolvimento das competências já
citadas têm sido fundamentais para a sua qualificação e consequente inserção
no mercado de trabalho.

 Considerações finais.

Por se entender que os centros de línguas das IES desenvolvem ações


que interligam os eixos ensino, pesquisa, extensão e mobilidade, pois estão
diretamente implicados no contexto de internacionalização do ensino superior e
na qualificação linguística de sua comunidade interna e externa, o Centro de
Ensino de Línguas Estrangeiras (CELE) da Universidade Federal do Rio
Grande tem estado atento às demandas que se apresentam e, assim,
promovido os ajustes necessários.
Como dificuldades, reconhece-se a necessidade de expansão do
programa por meio da criação de mais cursos, sobretudo de cursos para
formações específicas (turismo, hotelaria, gestão, diplomacia, entre outros), e
mais turmas, de modo a poder atender às demandas que se apresentam
semestralmente. Também identifica-se a necessidade de ampliar a estrutura
física do Centro e de recursos humanos. Faz-se, ainda, necessário um estudo
sobre as causas da evasão e outro para o aprimoramento do processo seletivo
para o ingresso dos alunos.

Referências:

ALONSO, Encina. ¿Cómo ser profesor/a y querer seguir siéndolo?


Principios y prácticas de la enseñanza del español como segunda lengua.
Madrid: Edelsa, 1997.
EXTENSÃO E CIDADE: CAMINHOS DE INTERAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E VISIBILIDADES.

ARAÚJO, D.; SAMPAIO, S. Inglês Instrumental: caminhos para leitura.


Teresina: Alínea Publicações Editora, 2002.
BROWN, D. Teaching by Principles: an interactive approach to language
pedagogy. Prentice Hall Brasil, 2007.
CONSEIL DE L’EUROPE. Cadre européen commun de référence pour les
langues. Apprendre, enseigner, évaluer. Paris : Editions Didier, 2000.
COSTE, D. et GALISSON, R. Dictionnaire de didactique des langues. Paris :
Hachette, 1976.
COURTILLON, J. Élaborer un cours de FLE. Paris : Hachette, 2007.
CUQ, J.-P. Une introduction à la didactique de la grammaire en français
langue étrangère. Paris : Didier, 1996.
CUQ, J.-P. et GRUCA, I. Cours de didactique du français langue étrangère
et seconde. Grenoble : Presses Universitaires de Grenoble, 2002.
CUQ, J.-P. Dictionnaire de didactique du français langue étrangère et
seconde, Paris : Asdifle, CLE International, 2004.
FILHO, José Carlos Paes de Almeida. Dimensões comunicativas no ensino
de línguas. 2 ed. Campinas: Pontes, 1998.
FREIRE, M., VIEIRA-ABRAHÃO, M. H. e BARCELOS, A. M. Linguística
Aplicada e Contemporaneidade. Campinas: Pontes, 2005.
GIOVANNINI, Arno. Profesor en acción 1: proceso de aprendizaje. Madrid:
Edelsa, 1996.
______. Profesor en acción 2: áreas de trabajo. Madrid: Edelsa, 1996.
______. Profesor en acción 3: destrezas. Madrid: Edelsa, 1996. (p. 3 a 46).
HARMER, J. The Practice of English Language Teaching (4 ed.) Harlow:
Longman, 2006.
LEFFA, Vilson J. (Org). O Professor de Línguas Estrangeiras: Construindo
a profissão. Pelotas: Educat, 2001.
MARTINEZ, P. La didactique des langues étrangères. Paris : PUF, 2011.
PORCHER, L. Le français langue étrangère. Paris : Hachette, 1995.
PORCHER, L. L’enseignement des langues étrangères. Paris : Hachette,
2008.
RAMOS, R.C.G., LIMA LOPES, R., GAZOTTIVALLIM, M.A., “Análise de
necessidades: identificando gêneros acadêmicos em um curso de leitura
instrumental”. The ESPecialist, São Paulo, v. 25, n. 1, p. 1-29, 2004.
RAMOS, R.C.G., “Gêneros textuais: uma proposta de aplicação em cursos de
inglês para fins específicos”. The ESPecialist, São Paulo, v.25, n. 2, PP. 107-
129, 2004.
RICHARDS, J. C.; NUNAN, D. (Eds.) Second language teacher education.
Cambridge: Cambridge University Press, 1990.
SANCHÉZ LOBATO, Jesús y SANTOS GARGALLO, Isabel: Vademécum para
la formación de profesores: enseñar español como segunda lengua
(L2)/Lengua Extranjera (LE). Madrid: SGEL, 2004.
SANTOS, D. Como Ler Melhor em Inglês – Estratégias 1. Barueri: Disal,
2011.
TAGLIANTE, C. L'évaluation et le Cadre Européen Commun. Paris : CLE,
2005.
TAGLIANTE, C. La classe de langue. Paris : CLE, 2006.
EXTEN“ÃO E CIDADE: CAMINHO“ DE INTERAÇÃO, DE“ENVOLVIMENTO E VI“IBILIDADE“.

FESTIVAL ESTUDANTIL DA CANÇÃO

Área Temática: Projetos Culturais e Artísticos.

André Luiz Turchiello de Oliveira¹(Coordenador da Ação de Extensão)


Cristiano Martins Vieira, Rogério Luis Reolon Anése, Leticia Silva².

Palavras-chave: festival estudantil, projeto de extensão, música.

Resumo:

O projeto de extensão Festival Estudantil da Canção possuiu seu principio no


município de São Vicente do Sul, com o envolvimento de algumas Escolas
Estaduais e Municipais, e de Projetos Culturais e Secretarias Municipais do
Vale do Jaguari - RS. O público alvo da ação foi a Comunidade Escolar do Vale
do Jaguari, totalizando aproximadamente 600 beneficiados, entre participantes
e expectadores. Foi realizado no Instituto Federal Farroupilha – Campus São
Vicente do Sul (IF Farroupilha – SVS), durante o 2º semestre de 2014. O
objetivo principal era promover o intercâmbio cultural entre o Câmpus SVS e as
cidades da região, incentivando o movimento musical, desenvolvendo a
sensibilidade e a criatividade entre os estudantes do Vale do Jaguari. A
metodologia utilizada baseou-se na realização de um festival de música, com
participantes pertencentes à região mencionada, onde foram aceitos trabalhos
de todos os gêneros, o interprete obrigatoriamente deveria ser estudante, e as
composições inscritas deveriam ser conhecidas e terem sido gravadas,
separados por categorias de idade e musical, ambos premiações aos melhores
avaliados. Já os resultados alcançados foi difundir a cultura através da musica,
proporcionando a oportunidade da apresentação, incentivando a sociedade
local no gosto pela música, e fortalecendo o vínculo do IF Farroupilha - SVS e a
comunidade regional. Notou-se então a relevância do evento no fato de que
com a criação deste com o foco artístico e cultural, oportunizou-se que a
comunidade regional conhecesse estudantes cujos talentos estavam
escondidos e principalmente porque a equipe que elaborou esta proposta
acreditou que proporcionar momentos culturais também faz parte do ato de
ensinar.

¹ Especialista em Políticas Públicas de Desenvolvimento Local, Servidor, Instituto


Federal Farroupilha - Campus São Vicente do Sul, email:
andre.oliveira@iffarroupilha.edu.br

² Me. , Administrador, Docente, Instituto Federal Farroupilha - Campus São Vicente do


Sul, email: cristiano.vieira@iffarroupilha.edu.br

² Dr. , Economia, Docente, Instituto Federal Farroupilha – Campus São Vicente do Sul, email:
rogerio.anese@iffarroupilha.edu.br

² Aluna de Administração, Instituto Federal Farroupilha - Campus São Vicente do Sul,


email: lesilvasil@gmail.com
EXTEN“ÃO E CIDADE: CAMINHO“ DE INTERAÇÃO, DE“ENVOLVIMENTO E VI“IBILIDADE“.

Desenvolvimento

A música é reconhecida por muitos pesquisadores como uma espécie de


modalidade que desenvolve a mente humana, promove o equilíbrio,
proporcionando um estado agradável de bem-estar, facilitando a concentração
e o desenvolvimento do raciocínio, além de proporcionar a inclusão nos mais
diversos ambientes da sociedade contemporânea. Muitos aprendem música
como terapia, pois sabem e percebem o quanto ela nos traz paz e nos lembra
os bons momentos vividos, seja com os amigos, em casa com a família ou até
mesmo na escola.
O desenvolvimento de qualquer projeto de extensão tem como objetivo
principal trazer melhorias e satisfação para a comunidade na qual a Instituição
está inserida.
Por isso teve-se a ideia de desenvolver o Festival Estudantil da Canção,
primeiramente no ano de 2013, tendo grande aceitação, tanto interna, como
externamente, o que deu aval e mais confiança para a comissão organizadora
a repetir no ano de 2014, com mais responsabilidade e experiência para fazer
com que este evento pudesse se fortalecer e virar referência cultural dentro do
Vale do Jaguari, inserindo cada vez mais o Instituto Federal Farroupilha –
Câmpus São Vicente do Sul, dentro destes municípios como referência nesta
temática também.
Para isso foram trabalhados parcerias com todos os municípios do Vale do
Jaguari e uma vasta divulgação, publicidade esta pensada de uma maneira
especial, por se tratar de um público jovem digital, sedento por interagir em
todos os momentos, possibilidade pensada através da criação de página do
evento na rede social Facebook, utilizada pela grande maioria dos estudantes
do Brasil e do mundo.
Para isto, o projeto Festival Estudantil da Canção, buscou como
objetivos específicos: possibilitar a auto-expressão, desenvoltura e integração
entre os alunos de diversos níveis e instituições de ensino; permitir aos
educandos o contato com diferentes linguagens expressivas desenvolvendo o
gosto pela música; e sensibilizar o público da região para a apreciação de
atividades artístico-culturais, proporcionando momentos de confraternização e
troca de experiências.
Dentre as ações previstas estiveram:
1. Aprovação do projeto em edital específico;
¹ Especialista em Políticas Públicas de Desenvolvimento Local, Servidor, Instituto
Federal Farroupilha - Campus São Vicente do Sul, email:
andre.oliveira@iffarroupilha.edu.br

² Me. , Administrador, Docente, Instituto Federal Farroupilha - Campus São Vicente do


Sul, email: cristiano.vieira@iffarroupilha.edu.br

² Dr. , Economia, Docente, Instituto Federal Farroupilha – Campus São Vicente do Sul, email:
rogerio.anese@iffarroupilha.edu.br

² Aluna de Administração, Instituto Federal Farroupilha - Campus São Vicente do Sul,


email: lesilvasil@gmail.com
EXTEN“ÃO E CIDADE: CAMINHO“ DE INTERAÇÃO, DE“ENVOLVIMENTO E VI“IBILIDADE“.

2. Elaboração do regulamento e montagem comissão organizadora;


3. Divulgação do evento e convite às secretarias municipais de educação e
escolas do Vale do Jaguari;
4. Convite e montagem da comissão julgadora;
5. Contratação de sonorização e show de encerramento;
6. Compra das premiações e elaboração dos certificados de participação;
7. Realização efetiva do festival;
8. Avaliação do evento pelos participantes;
9. Relatório com a divulgação dos resultados;
10. Apresentação e publicação de resultados em Eventos Científicos.
Para ser beneficiado do projeto no pré-requisito, constava ser aluno regular
de uma instituição de ensino (fundamental, médio ou superior) lotada em um
dos 9 (nove) municípios pertencentes ao Corede Vale do Jaguari.

Resultados

Sabendo da responsabilidade maior por ser o segundo Festival


Estudantil da Canção desenvolvido pela Instituição, numa continuação com a
expectativa de todos de que obtivesse melhores resultados do que a primeira
edição, a comissão trabalhou arduamente e com objetivos desafiadores para
inserir o evento como referência regional.
Através das parcerias com as secretarias municipais dos municípios,
principalmente através das secretarias de educação, e muitas visitas a escolas
estaduais, particulares, municipais e Federal (IF Farroupilha – Câmpus
Jaguari), levou-se o evento e a possibilidade de que talentos regionais
pudessem concorrer do festival, bem como levar até eles o Instituto Federal
Farroupilha – Câmpus São Vicente do Sul, para que pudessem conhecer os
cursos desenvolvidos, alguns projetos, e toda a infraestrutura oferecida a todos
que queiram vir a estudar nela.
Por isso que somos sabedores de que muito além das pessoas que
puderem participar como interpretes ou assistir ao Festival Estudantil da
Canção, o alcance em público foi muito além disso, através de cada visita
realizada, de cada comentário de quem esteve presente com seu amigo,
familiar, bem como cada foto, comentário nas redes sociais, cada notícia na
imprensa falada, possibilitando com que a região tivesse mais conhecimento de

¹ Especialista em Políticas Públicas de Desenvolvimento Local, Servidor, Instituto


Federal Farroupilha - Campus São Vicente do Sul, email:
andre.oliveira@iffarroupilha.edu.br

² Me. , Administrador, Docente, Instituto Federal Farroupilha - Campus São Vicente do


Sul, email: cristiano.vieira@iffarroupilha.edu.br

² Dr. , Economia, Docente, Instituto Federal Farroupilha – Campus São Vicente do Sul, email:
rogerio.anese@iffarroupilha.edu.br

² Aluna de Administração, Instituto Federal Farroupilha - Campus São Vicente do Sul,


email: lesilvasil@gmail.com
EXTEN“ÃO E CIDADE: CAMINHO“ DE INTERAÇÃO, DE“ENVOLVIMENTO E VI“IBILIDADE“.

um dos muitos projetos desenvolvidos na Instituição que fazem dela uma


referência no tripé ensino-pesquisa-extensão na região e fora dela.
Portanto dentre os objetivos esperados, praticamente todos foram
alcançados, visto que o evento teve grande presença de público, inclusive
muitos destes alunos puderam ingressar a estudar na Instituição no ano de
2015, além de poder proporcionar um momento de descontração aos nossos
alunos e comunidade regional que se fez presente, demonstrando que mais do
que nunca atividades culturais fazem parte da educação da nossa juventude,
tornando-se uma necessidade vital na perspectiva formativa de cada um.

Referências:

FARIA, Márcia Nunes. A música, fator importante na aprendizagem. Assis


Chateaubriand – Pr, 2001. 40f. Monografia (Especialização em
Psicopedagogia) – Centro Técnico-Educacional Superior do Oeste Paranaense
– CTESOP/CAEDRHS.
GAINZA, V. Hemsy de. Estudos de Psicopedagogia Musical. São Paulo:
Summus, 1988.
PDE, MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, GOVERNO FEDERAL. Concepções e
Diretrizes: Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia. Brasil, 2008.
STEFANI, Gino. Para entender a música. Rio de Janeiro: Globo, 1987.

¹ Especialista em Políticas Públicas de Desenvolvimento Local, Servidor, Instituto


Federal Farroupilha - Campus São Vicente do Sul, email:
andre.oliveira@iffarroupilha.edu.br

² Me. , Administrador, Docente, Instituto Federal Farroupilha - Campus São Vicente do


Sul, email: cristiano.vieira@iffarroupilha.edu.br

² Dr. , Economia, Docente, Instituto Federal Farroupilha – Campus São Vicente do Sul, email:
rogerio.anese@iffarroupilha.edu.br

² Aluna de Administração, Instituto Federal Farroupilha - Campus São Vicente do Sul,


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EXTEN“ÃO E CIDADE: CAMINHO“ DE INTERAÇÃO, DE“ENVOLVIMENTO E VI“IBILIDADE“.

PROJETO CINE CAMPUS

Área Temática: Cultura;

Antônio Cândido da Silva.

Ana Júlia Kaster Tavares e Grazziotin Silva, Lucas Ribas Liscano.

Palavras – Chave: Cultura, informação, comunidade.

Resumo: Projeto de cinema onde é realizado a projeção de um filme

O projeto de cinema oferecido pelo Instituto Federal Farroupilha – Campus São Borja visa proporcionar
entretenimento, lazer, cultura e, principalmente, informação e reflexão, por meio de debates iniciados a
partir da exibição de filmes, de maneira dinâmica e interativa, uma vez que a participação do público
ouvinte é um dos pressupostos. O objetivo principal é estabelecer um local de cultura, lazer e estudo,
aliando entretenimento e reflexão por meio de exibição de filmes. Além disto, procura ampliar a visão
cinematográfica dos envolvidos e propiciar um local em que todos possam expor suas opiniões, inte-
grando assim alunos, servidores e a comunidade são-borjense. O projeto tem como metodologia organi-
zar-se através de ciclos, sendo que neste ano de 2015 está sendo realizado o VII Ciclo, sendo o mesmo
dividido em categorias. São organizadas equipes de debatedores compostas por quatro integrantes, e
cada uma destas equipes propõe um filme para ser exibido e uma proposta de debate em torno deste
filme. Após a etapa de inscrições das equipes, contendo servidores, estudantes e externos, ocorre a
escolha das datas e inicia-se a divulgação utilizando as redes sociais, que estão disponíveis para a comu-
nidade e para os alunos e servidores. Espera-se com este projeto sensibilizar alunos, servidores e a co-
munidade são-borjense para a importância do cinema, aproximando a comunidade do câmpus e vice-
versa, buscando-se minimizar esta distância e, desta forma, concretizando a posição do Câmpus do
Instituto Federal Farroupilha como parte integrante desta comunidade e como um lugar de referência
cultural e intelectual.

Referências:
EXTEN“ÃO E CIDADE: CAMINHO“ DE INTERAÇÃO, DE“ENVOLVIMENTO E VI“IBILIDADE“.
GRAZZIOTIN, Ana Júlia(¹,²); FAVA, Alessandra(³); SCHNEIDER, André (4);
FENDT, Bernardino(5); FELICIO, Daniele (4); MATOS, Elisandra(6); GARCIA,
Fernanda (5); SEVERO, Lerena (4);RODRIGUES, Leticia (¹); ACHILLES, Lucas
(4); LISCANO, Lucas (¹,²); PAIVA, Thiago (4); LEMES, Tifani (5); BIANCHINI,
Valéria(5); ESCOBAR,Victor Hugo (4); CÂNDIDO, Antônio(7).
(¹)Alunos do 3º ano do Curso Técnico em Informática Integrado; (²) Bolsistas programa institucional de
incentivo a extensão (PIIEX); (³) Aluna do Curso de Gestão de Turismo Subsequente; ( 4) Alunos do 2º
ano do Curso Técnico em Informática Integrado; (5) Alunos do 3º ano do Curso Técnico em Eventos
6
Integrado; ( ) Aluno do 1º ano do Curso Técnico em Eventos Integrado; (7) Orientador, Servidor do
Instituto Federal Farroupilha – Campus São Borja.

¹
7
Titulação, Unidade, Instituto Federal Farroupilha – Câmpus São Borja,
antonio.silva@iffarroupilha.edu.br .

Unidade e Instituto Federal Farroupilha – Câmpus São Borja,


¹²Titulação,
Curso Técnico em Informática Integrado ao Ensino Médio,
anajuliakastertgrazziotins@gmail.com .

Unidade e Instituto Federal Farroupilha – Câmpus São Borja, Curso


¹²Titulação,
Técnico em Informática Integrado ao Ensino Médio, lucasribasliscano@gmail.com .
“EXTENSÃO E CIDADE: CAMINHOS DE INTERAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E VISIBILIDADES.”

CERAMICANDO 2015: a cerâmica educando

Área Temática: Cultura

Viviane Diehl
Pauline Krindges Bisutti1
Viviane Diehl2

Palavras-Chave: cerâmica artística, educação, cultura, visibilidade.

Resumo:
Ao pensarmos as possibilidades das linguagens artísticas destacamos a arte
cerâmica na educação e propomos o desenvolvimento de ações extensionistas
diferenciadas para dar visibilidade a cerâmica artística no Vale do Rio Caí, região do
sul do Brasil, que se destaca pela produção nesta área e oferece oportunidades de
trabalho e renda para a comunidade da região. Para tanto, reeditamos o projeto
Ceramicando que se propõe a colocar em visibilidade a cerâmica artística
oportunizando modos de ver e pensar as potencialidades dessa área. A ação
extensionista diversificada, educativa e cultural, por meio de atividades teóricas e
práticas oferecidas para escolas e para a comunidade, atende a demanda recebida
dos docentes da região. Na proposta são desenvolvidas experiências educacionais
vivenciadas nos diálogos, nas exposições, nas oficinas de reciclagem e no
desenvolvimento dos processos cerâmicos, nas mostras e demais atividades, para
que possamos desaprender as obviedades. O conjunto do que realizamos
coletivamente revela motivações, reflexões e investimentos, gerados num contexto
que se desdobra continuamente para oportunizar experiências perceptivas
singulares e sensíveis. As ações trazem à tona os modos de ver e pensar a
cerâmica artística e sua potencialidade na formação educativa, movimentando o
pensamento, a criação para promover as relações pessoais e coletivas no âmbito da
cultura.

1
Bolsista de extensão, estudante do 2º ano do curso Técnico em Informática Integrado ao Ensino
Médio, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul - Câmpus Feliz. E-
mail: paulinekrindgesbisutti@gmail.com

2
Professorartista do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul,
Câmpus Feliz, na área Artes/Cerâmica. Doutoranda em Educação na Universidade Federal de Santa
Maria, RS. Mestre em Educação, Especialista em Cerâmica. Integrante do Grupo Kitanda e Líder do
Coletivo de Estudos em Linguagens e Artes – CELinA, diretório CNPq. E-mail:
viviane.diehl@feliz.ifrs.edu.br
“EXTENSÃO E CIDADE: CAMINHOS DE INTERAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E VISIBILIDADES.”

Começando a pensar a partir do que a arte cerâmica pode nos oferecer

A cerâmica está presente na vida do homem deste o princípio da história


fazendo parte do cotidiano, nos utensílios domésticos e nas figuras ritualísticas,
como pequenas esculturas e outros objetos.
Desde então, temos conhecimento da cerâmica especialmente nos registros
que permaneceram ao longo dos anos e nas produções que têm acompanhado o
desenvolvimento das civilizações e, neste contexto, a cerâmica tem destaque e
potência em algumas culturas.
O processamento cerâmico é uma arte antiga, porém uma ciência aplicada
relativamente jovem (REED,1995).
O Brasil, mais especificamente o Rio Grande do Sul, possuem expressivas
jazidas de matérias-primas cerâmicas, permitindo assim a fabricação dos mais
variados produtos como: tijolos, telhas, pisos, azulejos, porcelanatos, vidros,
refratários, cimentos, dentre outros (ZORZI et al., 2012).
No Vale do Rio Caí, onde se localiza o município de Feliz, RS, a produção de
cerâmica vermelha é intensa e destaca-se especialmente na área da construção
civil, oferecendo oportunidades de trabalho e renda, movimentando a economia da
região.
É neste entorno que o segmento da cerâmica artística começa a conquistar
espaços para colocar em visibilidade aspectos de um campo com outras
possibilidades de produção.
Quando abordamos a cerâmica artística, dialogamos com a proposta do IFRS
- Câmpus Feliz, para produzir, disseminar e aplicar o conhecimento tecnológico e
acadêmico contribuindo para o progresso sócio econômico na perspectiva do
desenvolvimento sustentável e da integração com aos arranjos produtivos locais,
sociais e culturais (IFRS, 2012).
Neste contexto, a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão "deve
promover a articulação das diferentes áreas do conhecimento e a inovação
científica, tecnológica, artística e cultural promovendo a inserção do IFRS”, na
sociedade (2011, p.21).
Considerando estes aspectos buscamos desenvolver processos educativos
em vários âmbitos institucionais, para que os participantes possam refletir a partir da
cultura, da arte e da cerâmica.
O projeto Ceramicando 2015 propõe-se a colocar em visibilidade a cerâmica
artística oportunizando modos de ver e pensar as potencialidades dessa área, por
meio de ações extensionistas educativas e culturais diversificadas, em atividades
teóricas e práticas oferecidas para escolas e para a comunidade microrregional.
Desta forma, mobilizar aproximações da comunidade regional com o universo
da arte e da cerâmica, para além do que é compartilhado no cotidiano, insere-se
quando podemos estabelecer outras relações sociais e educativas que reinventem
uma perspectiva na cerâmica artística com a participação das pessoas.
“EXTENSÃO E CIDADE: CAMINHOS DE INTERAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E VISIBILIDADES.”

Tratar de cerâmica, por princípio, já é lidar com contrastes: seja na oposição


entre a maleabilidade da massa e a resistência alcançada na queima, seja
pelas referências recorrentes, ainda que no senso comum, de um fazer que
resulta tanto em utilitários cotidianos, quanto em esplêndidos exemplares de
sofisticação plástica.' (GRINBERG, s/d).

Entre tantas manifestações produzidas, as experimentações técnicas e


criadoras apresentam resultados para movimentar a arte cerâmica e suas
repercussões.
Cada artista pesquisa, cria e produz com suas condições de espaço e
materialidade, numa diversidade de expressões singulares que surgem neste
contexto artístico onde podemos identificar provocações estéticas.
A arte promove interações perceptivas, experimentais, criativas, críticas e
participativas, apresentadas em determinados produtos artísticos para que
possamos desaprender as obviedades. Dessa forma,

provoca, instiga e estimula nossos sentidos, descondicionando-os, isto é,


retirando-os de uma ordem preestabelecida e sugerindo ampliadas
possibilidades de viver e de se organizar no mundo. [...] Ela parece
esmiuçar o funcionamento dos processos da vida, desafiando-os, criando
para novas possibilidades. A arte pede um olhar curioso, livre de ‘pré-
conceitos’, mas repleto de atenção (CANTON, 2009, p.12).

condições que a arte e a cerâmica operam nos convocam para um diálogo


intercultural com a educação, pois, ao mesmo tempo em que movimentam
subjetividades, evocam uma compreensão constituída dos saberes da experiência
que fundam o conhecimento a partir das relações.
Conhecer as possibilidades da cerâmica numa proposição educativa
construída e compartilhada significativamente a partir de vivências teóricas e
práticas, técnicas e artísticas, promove experiências criativas e singulares que
repercutem na valorização da cultura vivida cotidianamente.
O saber construído na experiência, que não é comum no nosso cotidiano
acelerado, promove modos de ver e pensar. Esta ideia sobre o saber da experiência
é pensada a partir de Larrosa (2002, p. 21), que escreve: “a experiência é o que nos
passa, o que nos acontece, o que nos toca. Não o que se passa, não o que
acontece, ou o que toca. A cada dia se passam muitas coisas, porém, ao mesmo
tempo, quase nada nos acontece.”
A experiência é compreendida para além do processamento de informações,
é quando nos sentimos tocados por aquilo que vivenciamos, experienciamos e o
sentido que atribuímos. Para isso, faz-se necessário dispor de tempo, tempo para
refletir, para dialogar, para experimentar. Estabelecer significações a partir da
cerâmica é formar, é fazer, é experimentar. Experimentar nos forma, transforma
(OSTROWER, 1977).
“EXTENSÃO E CIDADE: CAMINHOS DE INTERAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E VISIBILIDADES.”

As escolhas do aprender com a arte cerâmica são experiências existenciais,


compõem processos de criação, envolvimento com materialidades, que envolvem a
todos sensivelmente, refletindo em ideias e ações.

Provocando modos de aprender e ensinar com a cerâmica artística

O desenvolvimento das potencialidades da cerâmica pode ser oportunizado


nos processos educativos em Arte como uma alternativa produtiva e criativa,
ampliando o reconhecimento de suas aplicações.
Dentre os modos de educar com a arte cerâmica, temos movimentando o
conhecimento por meio de vídeos, exposições, oficinas, workshop, mostras, visitas
técnicas, diálogos com artistas ceramistas e outros colaboradores da área, para que
possamos proporcionar experiências sensíveis, criadoras e relacionais aos
participantes.
Entre as ações deflagradas, iniciamos o projeto extensionista “Dia do artista
ceramista na América Latina”, em 2013, envolvendo todos os alunos e servidores da
instituição, bem como a comunidade. Foi quando inauguramos a participação no
movimento intenso desencadeado em toda a América Latina, que hoje se expande
pelo mundo todo, no dia 28 de maio, para a divulgação da cerâmica artística por
meio de diversas ações que colocam em visibilidade as produções desta área,
muitas vezes pouco conhecidas. (DIEHL, 2014).
A partir de 2014, e reeditado em 2015, o projeto Ceramicando acontece ao
longo do ano e inclui as ações do “Dia do artista ceramista” para difundir as
diferentes possibilidades da cerâmica artística.
Na edição do Ceramicando 2015 iniciamos com as ações no “Dia do Artista
Ceramista”. As diversas oficinas são movimentadas a partir da temática “Cerâmica
no Céu”, que nomeia a exposição itinerante das produções de artistas ceramistas da
América Latina, promovida pelo coletivo Bando de Barro 3, que está percorrendo
várias cidades do Rio Grande do Sul. A exposição será apresentada na 4ª Mostra
Técnica do câmpus Feliz, em outubro.
As oficinas de modelagem e engobes 4, para os alunos das escolas da região,
atendem a demanda de professores interessados em conhecer mais desta
linguagem artística, de modo a construir aproximações com a cerâmica a partir do
reconhecimento das aves que povoam a região sul. As peças produzidas vão
integrar a exposição “Cerâmica no Céu”. Essa mostra oportuniza o contato com a
produção da cerâmica artística, compartilhada numa ação coletiva para a ocupação
de um espaço público, de forma a aproximar o universo criativo da arte ao espaço
cultural cotidiano.

3
Coletivo independente, inicialmente formado por ceramistas, que é aberto a propostas marginais ou
institucionais. http://bandodebarro.blogspot.com.br/
4
Argilas de diferentes cores, em consistência cremosa, usada para decorar a superfície das peças
cerâmicas. Este processo técnico é de origem primitiva indígena.
“EXTENSÃO E CIDADE: CAMINHOS DE INTERAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E VISIBILIDADES.”

As oficinas de reciclagem por meio da fusão de vidro e de técnicas para


acabamento à frio, na recuperação de cerâmicas descartadas por defeitos no
processo de produção, contemplam reflexões das relações com o descarte e a
sustentabilidade. Os projetos estão abertos às demandas da região que podem
agregar valor à cerâmica artística e, sendo assim, mais ações podem ser inseridas.

Reconhecendo o que foi dado a ver e compartilhando as experiências

Compreender o processo compartilhado e reconhecer o caminho percorrido


destaca a relevância das edições do projeto Ceramicando, que integra o ensino, a
pesquisa e a extensão5. Alcançando os objetivos propostos, a ação oportuniza
experiências perceptivas e criativas singulares, para compreensão dos aspectos
culturais, artísticos, técnicos e econômicos do campo da cerâmica artística.
As reflexões a partir da cultura, da arte e da cerâmica proporcionam a criação
e a produção, num processo construído coletivamente a partir de vivências teóricas
e práticas, técnicas e artísticas, cujas experiências repercutem na valorização dos
participantes em meio à cultura e a arte.
O conjunto do que é apresentado no projeto, para colocar em visibilidade a
cerâmica artística, envolve a comunidade regional e institucional e, especialmente
nessa edição, os alunos da educação básica, das escolas da microrregião.
As atividades propostas nas oficinas oferecem alguns processos cerâmicos
acessíveis ao público em geral, empolgando os participantes com as possibilidades
de criação e produção, bem como reverberações possíveis nesta área.
As exposições e mostras do projeto Ceramicando continuam a dar visibilidade
para a cerâmica artística, ampliando o conhecimento para além do senso comum, e
provocando relações estéticas, sentidos e significados, na construção do
conhecimento.
O campo da arte cerâmica tem uma vasta abrangência e o conhecimento
pode ser ampliado. Ainda permanecem como objetivos intensificar a divulgação,
para ampliar o número de participantes, e o reconhecimento do potencial educativo
da cerâmica artística e suas reverberações.
O projeto Ceramicando vai prosseguir para apresentar e valorar culturalmente
a cerâmica artística, compartilhando experiências educativas estéticas que possam
ser geradoras de intervenções sensíveis, criadoras e relacionais para os
participantes.

Referências

5
O projeto produziu material para divulgação em eventos como o 2ºSEMEX, 32º SEURS, a 1ª edição
da Rede de Expressão, 1º SEMPT e a 3ª Mostra Técnica do Câmpus Feliz.
“EXTENSÃO E CIDADE: CAMINHOS DE INTERAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E VISIBILIDADES.”

BORGES, Adélia. Design+artesanato: o caminho brasileiro. São Paulo: Terceiro


Nome. 2011.

DIEHL, Viviane. Dia do artista ceramista na América Latina. Revista viver IFRS, ano
2, nº 02, jun. 2014.

IFRS. Regimento interno do IFRS – Câmpus Feliz. 2012.

IFRS. Projeto Pedagógico Institucional. Câmpus Feliz. 2011.

LARROSA, Jorge. Notas sobre a experiência e o saber da experiência.


Disponível em:
<http://www.anped.org.br/rbe/rbedigital/RBDE19/RBDE19_04_JORGE_LARROSA_
BONDIA.pdf>. Acesso em: 20 out 2013.

OSTROWER, Fayga. Criatividade e Processos de Criação. Rio de Janeiro:


Vozes,1977.

CANTON, Katia. Do moderno ao Contemporâneo. Coleção Temas da arte


contemporânea. São Paulo: Martins Fontes, 2009.

GRINBERG, Norma. Gestos de contemporaneidade: um recorte sobre a


cerâmica ocidental na China. Disponível
em:<http://normagrimberg.com.br/artista/palestras/palestra/gestos-de-
contemporaneidade-um-recorte-sobre-a-ceramica-ocidental-na-china>. Acesso em
20 fev. 2014.

REED, J. S. Principles of ceramic processing. 2nd. ed. New York: John Wiley,
1995.

ZORZI, J. E.; ECHEVERREGARAY, S. G.; EMILIANO, J. V.; WARDELL, R.; Wardell,


C. H. Joy of Fusing - Glass Fusing Basics, Molds & More. Fort Lauderdale: Wardell
Pub Inc. 2011.
“EXTENSÃO E CIDADE: CAMINHOS DE INTERAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E VISIBILIDADES.”
O COMPASSO TERNÁRIO DO PROGRAMA MÚSICA NO IFRS CÂMPUS
OSÓRIO – 2015: EXPANSÃO E CONSOLIDAÇÃO DAS PRÁTICAS
EXTENSIONISTAS

Área Temática: Cultura


Coordenadora do Programa: Agnes Schmeling
Agnes Schmeling 1
João Miguel Erig Bohn 2
Larissa Dalla Corte Euzebio3
Palavras-chave: música, expansão, consolidação, programa.
Resumo:
As atividades do Programa Música no IFRS Câmpus Osório iniciaram em 2013 e
estão no terceiro ano de atividades, após a implementação, verticalização e
afirmação. Neste ano, os esforços da Equipe de Execução concentram-se na
consolidação e expansão das práticas, Projetos e Ações vinculadas. O Programa
objetiva a realização do II Festival Cultural, Atividades Vocais, Banda Polisenso,
Oficinas de Instrumentos, FICMUS e o Grupo Instrumental além da consolidação
geral no Câmpus Osório. Entende-se que a prática musical auxilia no processo de
formação do estudante e ajuda-o a firmar-se como protagonista musical na Região,
resultando no desenvolvimento cultural e econômico devido ao refino e a
qualificação propiciada. Pretende-se a realização de atividades articuladoras com o
Ensino, como o Festival Cultural e o Processo de pesquisa existente na produção
das atividades e no vínculo com o Projeto de Pesquisa “A Música nos Institutos
Federais do Estado do Rio Grande do Sul”.
Texto:
Contextualização do Programa
Tal como um compasso ternário em seu último tempo, o ano de 2015 marca o
reinício de outro ciclo no Programa Música no IFRS Câmpus Osório, cujas fases
delimitam-se pelos próprios tempos deste compasso extensionista. O Programa é
regido pela Lei 11.769/2008, que determina o ensino da Música na Educação
Básica, e pela Lei 11.645/2008, que estabelece a obrigação da oferta de conteúdos
históricos, artísticos e culturais da população afro-brasileira e indígena.

As atividades do Programa começaram em 2013 após a seleção dos


primeiros bolsistas e a primeira fase: a implementação. A comunidade interna não
conhecia e não acreditava inteiramente na proposta apresentada pelo Programa.
Contudo, perceberam, ao longo da execução do Programa em 2013, que as práticas
musicais favorecem e auxiliam no desenvolvimento e refino de suas próprias
características, com aplicações no mundo do trabalho e na própria expressão
1
Mestre, Câmpus Osório, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul,
agnes.schmeling@osorio.ifrs.edu.br
2
Câmpus Osório, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, Técnico
em Informática – Integrado ao Ensino Médio, oaojmiguel@outlook.com
3
Câmpus Osório, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, Técnico
em Administração – Integrado ao Ensino Médio, larissa.dce@hotmail.com
“EXTENSÃO E CIDADE: CAMINHOS DE INTERAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E VISIBILIDADES.”
corporal, por coordenação e intelecto, além de desenvolver o estudo matemático e
lógico, intrinsicamente ligado ao estudo musical.
Em 2014, o Programa iniciou a segunda fase: a verticalização e afirmação.
As ações e projetos vinculados foram verticalizados e inseridos em intensidade
maior no compasso do Câmpus Osório. Iniciaram-se as aulas no Currículo do
Ensino Médio Integrado, promoveu-se a realização do I Festival Cultural em 11 de
Agosto de 2014, expandiram-se as aulas de instrumentos e elevou-se o número de
apresentações e a equipe de execução. Além, a Banda Polisenso constituiu-se
como estandarte do pop rock do Câmpus e a cultura de produção e arranjo cultural e
musical foi expandida. Desta forma, os presentes contemplaram o Programa de
Música como um dos diferenciais do Câmpus para com a Rede Federal Técnica do
Rio Grande do Sul. Em termos quantitativos, a execução do Programa envolveu
diretamente aproximadamente 450 alunos, técnicos-administrativos e docentes do
Câmpus Osório e do Município de Osório e, diretamente, 2300 pessoas nas 21
apresentações realizadas em 2014.

Objetivos
Neste ano, após as duas primeiras edições do Programa, iniciamos a fase da
consolidação e expansão. Em continuidade aos trabalhos realizados no final de
2014, o Programa operacionalizou a produção do espetáculo musical intitulado “Um
pouquinho de Brasil, iá, iá”, que representou o Câmpus, em abril de 2015, no
Acampamento Científico em General Ramírez – Argentina. A Equipe de Execução
do Programa é formado por 10 bolsistas (2 selecionados em abril, 3 em maio e 5
bolsistas voluntários).
O Programa objetiva em 2015 realizar concertos didáticos a partir do
espetáculo “Um pouquinho de Brasil, iá, iá”; oficinas musicais na ONG Catavento,
entidade não governamental que realiza trabalho de recuperação social com jovens
em vulnerabilidade social; preparar professores unidocentes da rede estadual e
municipal através de oficinas do tipo FICMUS (Formação Inicial e Continuada em
Música) em parceria com a 11ª Coordenadoria Regional de Educação do Estado do
Rio Grande do Sul e Prefeituras Municipais do Litoral Norte; ofertar oficinas/aulas de
violão, flauta doce, teclado e técnica vocal para a comunidade interna e externa;
manter e expandir os Corais (Coral Jovem e Coral Adulto); aprofundar os trabalhos
para com o Grupo Instrumental; reformular e ramificar as atividades da Banda
Polisenso, ao incluir outros vocalistas e protagonistas no processo de
desenvolvimento; promover o processo de musicalização no âmbito institucional;
propiciar a realização do II Festival Cultural do IFRS, Câmpus Osório; entender e
desenvolver metodologias para o aproveitamento das experiências musicais dos
alunos; incentivar e possibilitar a utilização da música no ambiente escolar, como
área do conhecimento; analisar e refletir sobre a música no contexto social e a
promoção da cidadania e valorizar a música no cotidiano dos discentes, técnicos-
administrativos e docentes como importante elemento sociocultural.
A vinda de um servidor concursado Técnico em Audiovisual, no final de 2014,
constitui-se como importante parceria para a execução das atividades do Programa,
de tal forma que este coordena o desenvolvimento da Banda Polisenso do IFRS –
“EXTENSÃO E CIDADE: CAMINHOS DE INTERAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E VISIBILIDADES.”
Osório auxilia no desenvolvimento do Grupo Instrumental e outras ações e como
apoio técnico às ações ofertadas, de modo a qualificar o trabalho desenvolvido.

Atividades e Projetos vinculados em 2015

Figura 1. Logo do Programa Música no IFRS Câmpus Osório

 II Festival Cultural do Câmpus Osório


Configura-se, neste ano, como Festival Cultural a ser realizado durante
todos os turnos do dia 11 de agosto de 2015 no Câmpus Osório e, de forma
itinerante, nos espaços culturais do Município de Osório nas noites da semana do
dia 11 de agosto de 2015. Desta forma, os munícipes de Osório e Litoral Norte
podem também apreciar a produção e o arranjo produtivo cultural da região.
Neste evento ofertaremos oficinas, apresentações artísticas e outras atividades.

 Atividades Vocais
Coral Jovem do IFRS – Osório: Constitui-se como coral destinado para
jovens de 14 – 21 anos em processo de muda vocal. Atualmente é formado por
aproximadamente 30 adolescentes matriculados nos Cursos Técnicos Integrados
e Subsequentes. Executa repertório específico e intrínseco dos componentes, que
varia do Rock ao Pop, da MPB ao erudito e ecumênico. Os ensaios ocorrem nas
terças-feiras e quintas-feiras, das 12 horas às 13 horas e 30 minutos.
Coral Adulto do IFRS – Osório: Firma-se como grupo vocal direcionado
para jovens e adultos que executam canções a quatro vozes (soprano, contralto,
tenor e barítono) com e sem acompanhamento instrumental. Este grupo reúne-se
todas as terças, das 16 horas e 15 minutos às 17 horas e trinta minutos. Hoje,
conta com a participação efetiva de 5 membros da comunidade externa e de 10
servidores do Câmpus Osório.

 Banda Polisenso do IFRS, Câmpus Osório:


A Banda Polisenso, formada em 2013 pela primeira turma de bolsistas de
Extensão do Projeto, modifica, em 2015, o formato de gerenciamento dos
membros e formação. Constitui-se de bolsistas e convidados (alunos do IFRS).
Desenvolve repertório diversificado, entre o rock, pop e MPB (Música Popular
Brasileira) e visa apresentações em escolas e espaços afins no intuito de discutir
a prática com outras bandas presentes nesses espaços.

 Oficinas de Instrumentos Musicais:


“EXTENSÃO E CIDADE: CAMINHOS DE INTERAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E VISIBILIDADES.”
Assim como nos anos anteriores, o Programa oferta, através de seus
bolsistas e coordenadora, aulas de flauta doce, piano e violão, em horários
demandados pelos discentes, docentes e técnicos-administrativos. Objetiva-se
também ofertar aulas de flauta doce para alunos das escolas públicas de Osório e
jovens atendidos pela ONG Catavento de Osório.

 Grupo Instrumental
O Grupo Instrumental estabelece-se como momento de construção
coletiva musical para a comunidade interna e externa que dispõe de interesse em
praticar e compartilhar seus conhecimentos musicais. Os ensaios são realizados
às quartas-feiras das 18 horas às 20 horas e trinta minutos. A formação
instrumental deste grupo é tão diversificada quanto seu repertório.

 FICMUS
A Formação Inicial e Continuada para Professores em Música (FICMUS),
constitui-se como importante maneira para a certificação do aumento da garantia
da implementação da Lei 11.769/2008. A Região do Litoral Norte do Rio Grande
do Sul anseia por mais profissionais que possam atender a esta demanda. Esta
iniciativa propõe a instruir e qualificar o educador de modo a propiciar aumento da
qualidade da aula para o educando.

Atuação entre Ensino – Extensão – Pesquisa


Em 2014 o Programa Música no IFRS Câmpus Osório articulou e iniciou as
atividades no Ensino através de aulas no Currículo para as turmas do Curso Técnico
Integrado em Administração e Informática na disciplina de Música. Desta forma, as
turmas dispõem de atendimento completo no decorrer do ano com os bolsistas e a
coordenadora, que intermedia o processo criativo sugerindo práticas e novas
possibilidades e promove exercícios, atividades e trabalhos com o objetivo de
desenvolver as capacidades e competências sócio-artístico-musicais. Assim como
realizado no ano de 2014, em 2015 as turmas do Integrado desenvolvem produção
colaborativa de arranjos em sala de aula.
A realização do Festival Cultural em 2014 propiciou ação integrada entre a
Extensão e o Ensino, visto que os estudantes do Curso Técnico Integrado em
Administração organizaram e desenvolveram o evento, utilizando de técnicas,
conceitos e conteúdos aprendidos em sala de aula com os professores. Da mesma
forma, objetiva-se realização da segunda edição do Festival para o ano de 2015.
Outrossim, o Programa mantém um Projeto de Pesquisa intitulado “A Música
nos Institutos Federais do Estado do Rio Grande do Sul”, que propõe o mapeamento
e a identificação de metodologias, práticas e projetos de ensino, extensão e
pesquisa que tratem da questão musical nos campi do Instituto Federal do Rio
Grande do Sul (IFRS), Instituto Federal Farroupilha (IFFarroupilha) e Instituto
Federal Sul-Riograndense (IFSul). Os dados preliminares revelam que
aproximadamente 22% dos campi realizam alguma atividade vinculada a
projetos/programas que objetiva a prática musical. A Pesquisa, como processo
investigativo, existe também na execução das atividades, quando os integrantes
“EXTENSÃO E CIDADE: CAMINHOS DE INTERAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E VISIBILIDADES.”
refletem entre períodos de ensaios sobre metodologias e ações de palco, formas de
arranjo, novo repertório e outras adições desejadas.

Expansão
Abertura de Cursos – Pretende-se expandir o número de cursos atualmente
ofertados no Câmpus Osório. Dentre as possibilidades demandadas pelas
comunidades interna e externa encontra-se a elaboração de um Curso Técnico em
Música.
Constituição de um espaço permanente para cultura com aporte
financeiro – Objetiva-se a consolidação de um espaço permanente para prática
cultural no câmpus, com o devido tratamento acústico e instrumentação disponível,
de modo que as atividades já existentes possam operacionalizar-se mais facilmente.
Aumento do número de docentes e técnicos vinculados – A concentração
e a centralização de trabalhos em um só docente oneram a qualidade do trabalho,
visto que a conciliação dos compromissos profissionais não possibilita o trabalho em
frentes diversas e permanentes, tal qual devem ser ofertadas.
Recursos financeiros e Processo Extensionista modificado – Mesmo com
os auxílios da Pró-Reitoria de Extensão do IFRS em relação a transporte e compra
de alguns instrumentos, a submissão a um mesmo calendário dificulta a
operacionalização do Programa, ao torna-lo volátil e não transcendental. Sugere-se,
para fins de adequação de processo, a construção de uma agenda extensionista que
permita o devido amparo e auxílio aos projetos culturais e musicais mencionados
acima, de modo a constantemente incentivar sua produção tal qual são pensados.
Desta maneira, o Programa não mais dependeria da execução estritamente ligada
aos outros Projetos, e sim, caracteriza-se como atividade permanente e
independente, em execução constante no Câmpus.

Desafios e dificuldades
Os principais desafios e dificuldades encontrados encontram-se devido ao
processo de desenvolvimento da Instituição e da Região do Litoral Norte. O
Câmpus, ainda em implantação, não dispõe de recurso financeiro suficiente para
atender todas as necessidades do Programa. Mesmo com o auxílio da Pró-Reitoria,
o recurso ainda é escasso. Recentemente a Pró-Reitoria de Extensão (PROEX)
investiu na locação de transporte para contemplar realização de apresentação e
participação do Programa em evento científico em General Ramírez – Argentina.
Ainda, a PROEX contribuiu com o suporte financeiro para o pagamento de 5 bolsas
de 16 horas semanais.
Entretanto, o município de Osório ainda não oferta transporte em horários
estratégicos que possam propiciar maior participação da comunidade externa nas
ações do Programa, que, por falta de veículo oficial adequado, também encontra
dificuldades para realizar atividades fora do Câmpus devido ao número de
instrumentos musicais a serem deslocados.
“EXTENSÃO E CIDADE: CAMINHOS DE INTERAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E VISIBILIDADES.”
Outro desafio é a permanência de todos no câmpus durante horário de
refeição, devido a inexistência de um bloco de convivência e oferta de almoço no
Câmpus. Muitos relataram não participar das atividades do Programa em virtude de
problemas logísticos envolvendo refeições e transporte.
Há também enrijecimento de alguns docentes em liberar os discentes para
participação em eventos e apresentações, visto que não percebem as atividades
realizadas como atividades complementares ao Ensino.

Resultados e considerações
Os participantes e integrantes das atividades promovidas pelo Programa
Música no IFRS Câmpus Osório são impactados em sua formação por conta das
qualidades, competências e conhecimentos desenvolvidos nos Projetos e Ações
vinculados. Adquirem também com seus pares e exercitam as competências sócio-
artístico-musicais, que auxiliam e desenvolvem o educando no mundo do trabalho e
na própria expressão corporal, refletindo resultados profissionais, sensoriais e
emocionais.
O Programa, no decorrer de suas atividades, promove a transformação social
ao apresentar conhecimentos musicais teóricos e práticos, o que permite interação
maior entre o integrante e outros cidadãos. O participante torna-se protagonista e
intérprete cultural da sua região de origem, ao receber a capacidade formal da
produção e interação sócio-artístico-cultural. A região desenvolve-se culturalmente e
economicamente ao receber a produção cultural dos seus integrantes, que
contribuem para o refino da produção e dos conhecimentos já existentes.
O Programa classifica-se como garantia da exposição da produção e do
estudo musical dos membros da comunidade interna e externa do Câmpus Osório. E
para o constante aprimoramento do Processo, requer-se expansão e consolidação
do Programa como estrutura extensionista de caráter permanente, vinculada ao
sentimento de pertencimento e bem-estar do Câmpus, aliado a políticas públicas
que propiciam a constante expansão das atividades vinculadas.

Referências:
HENTSCHKE, Liane; DEL BEN, Luciana (Org.). Ensino de Música: propostas para
pensar e agir em sala de aula. São Paulo: Moderna, 2003
“EXTENSÃO E CIDADE: CAMINHOS DE INTERAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E VISIBILIDADES.”

RODA LEITURA: COMPARTILHAR AFETOS E LITERATURA

Área Temática: Cultura

Coordenador: Fabiana Cardoso Fidelis 1

Jade Gabrielle Cruz Nogueira2


Cimara Valim de Melo3

Palavras-chave: Leitura, mídias, educação, literatura.


Resumo: Em suas origens, o Roda Leitura ocorre no Câmpus Canoas e em
espaços externos periodicamente desde o ano de 2011. Em 2013, tornou-se uma
das ações realizadas pelo programa Múltiplos Espaços de Leitura; em 2015, o
projeto Roda Leitura está sendo desenvolvido como um projeto independente. Seu
objetivo é promover ações culturais que contribuam para o desenvolvimento das
mais diversas formas de leitura do mundo e valorizem o patrimônio artístico-cultural,
utilizando espaços físicos e virtuais responsáveis por ampliar o prazer pela leitura.
Para isso, conta com a formação e utilização de espaços físicos de reflexão e
experimentação do textual, em sua multiplicidade discursiva e artística. Trata-se de
uma atividade de leitura coletiva realizada nas dependências do Campus Canoas e
em espaços externos. Técnicos administrativos, docentes, alunos e membros da
comunidade externa reúnem-se em uma roda de chimarrão com pipoca para ler
seus textos preferidos, possibilitando a partilha de experiências de leitura. A atuação
do projeto resulta na humanização do espaço acadêmico, pois o sujeito que está
inserido no meio institucional é valorizado, tornando o espaço educacional mais
plural e diverso. Com a inserção do livro e da leitura em voz alta no espaço
acadêmico e escolar, há a possibilidade de desenvolvimento da comunidade interna
e externa nos aspectos culturais e educativos.
Texto:

1
Doutora em Literatura (UFSC), Professora do Instituto Federal do Rio Grande do Sul – Campus
Canoas, e-mail: fabiana.fidelis@canoas.ifrs.edu.br.
2
Bolsista de extensão. Estudante do curso técnico de Administração integrado ao ensino médio do
Instituto Federal do Rio Grande do Sul – Campus Canoas, e-mail: jade.nogueira7@outlook.com.
3
Doutora em Letras (UFRGS). Professora de Língua Portuguesa e Língua Inglesa do Instituto Federal
de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS) – Campus Canoas, e-mail: cimara.-
melo@canoas.ifrs.edu.br.
“EXTENSÃO E CIDADE: CAMINHOS DE INTERAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E VISIBILIDADES.”
O presente projeto engloba as conexões entre manifestações literárias e
tecnologias, que contribuem para a ampliação de horizontes sobre indivíduo,
sociedade, processos transculturais, práticas discursivas e pedagógicas,
transformando os modos de olhar a própria realidade em transformação e
valorizando o patrimônio literário. Para isso, a compreensão dos conceitos teóricos
que envolvem cultura, sociedade, discursividade, letramento e memória ampliam as
discussões a respeito das práticas de leitura e das intersecções entre leitura,
história, língua, literatura, artes e suas tecnologias.
Do latim legère, que significa “recolher, apanhar, escolher, captar com os
olhos”, a palavra “ler” remete-nos ao contato efetivo que se estabelece entre o
indivíduo e o mundo. É pela leitura, atitude tão solitária quanto solidária, que
enigmas são decifrados, caminhos são descobertos, sentimentos são
reencontrados, conhecimentos são partilhados. Em tempos de tecnologias cada vez
mais avançadas e complexas, as noções de mundo, indivíduo e realidade tornaram-
se flexíveis, principalmente pelo fato de que elas estão intimamente ligadas à de
textualidade e hipertextualidade devido ao movimento acelerado das informações
que circulam ininterruptamente pela grande rede global. A Internet, concebida nos
anos de 1970, é responsável por transformar as noções de tempo, espaço e
linguagem no mundo contemporâneo. Desse modo, face às mudanças por que
passam as cidades e as sociedades na atualidade, faz-se necessário e essencial o
redimensionamento da habilidade de leitura dentro das instituições de ensino, pois
estas precisam acompanhar em tempo real as transformações tecnológicas, as
quais interferem no modo de o indivíduo ler e interpretar o mundo em que vive.
O Roda Leitura é uma atividade que destaca a importância do afeto e do
compartilhamento de leituras para que a leitura não corra o risco de esbarrar em
dois problemas: o tédio e a dificuldade. Por meio do compartilhamento e do falar
sobre livros, as leituras se tornam mais interessantes e atrativas. E, para isso, é
preciso um espaço onde a leitura possa ser desenvolvida, incentivada e
compartilhada.
O projeto fazia parte das ações desenvolvidas pelo Programa MEL- Múltiplos
Espaços de Leitura criado a partir da união dos projetos Redes Digitais de Leitura e
Literatura na Mão consolidados em 2011. Na sua primeira edição como projeto
independente, compreende que a leitura é a principal ferramenta para a
aprendizagem. É através dela que o cidadão fomenta a escrita e a fala, como
também o pensamento crítico. Desse modo, o objetivo do projeto é desenvolver
ações interdisciplinares que articulem projetos de ensino, pesquisa e extensão
existentes no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande de
Sul (IFRS) – Campus Canoas, com vistas ao desenvolvimento das diferentes formas
de leitura e à preservação do patrimônio cultural pelas comunidades interna e
externa. Dentre os objetivos específicos estão: (i) Estimular a leitura de livros, em
formato físico e digital, pela comunidade interna e externa campus. (ii) Gerar
produção científica e tecnológica e propagação de novos conhecimentos e
metodologias, viabilizando a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.
(iii) Entender o livro de literatura como suporte de múltiplas formas de leitura,
“EXTENSÃO E CIDADE: CAMINHOS DE INTERAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E VISIBILIDADES.”
propiciando a pesquisa aplicada e a produção científica sobre as manifestações
culturais do mundo contemporâneo. (iv) Intervir nas ações de ensino-aprendizagem
por meio de ações de extensão que consolidem a inserção de práticas de leitura do
mundo e dos fenômenos culturais pela comunidade. (v) Desenvolver práticas de
integração comunidade-instituição de ensino, através da aproximação intercultural e
do estabelecimento de novas relações dos sujeitos envolvidos com o complexo
universo cultural e global a sua volta. (vi) Buscar ações interdisciplinares, em
conformidade com os objetivos do PDI e dos PPCs do IFRS, que interliguem as
novas tecnologias, as diferentes mídias, a salvaguarda cultural e a formação de
leitores críticos e atuantes socialmente.
No ano de 2011, a atividade Roda Leitura teve sua primeira edição, fazendo
parte de umas das comemorações da Semana do Livro. A partir dela, surgiram o
vídeo a e exposição fotográfica Retratos de Leitura. O vídeo consistiu na
apresentação de fotos tiradas durante o Roda Leitura, retratando os alunos,
servidores e seus familiares lendo seus textos e uma apresentação musical
realizada por uma aluna do campus Canoas. Além das edições realizadas em 2011
e 2012, foram realizadas três edições em 2013, que envolveram espaços vinculados
a eventos culturais e acadêmicos: 29ª Feira do Livro de Canoas, 31º
Seminário de Extensão Universitária da Região Sul (SEURS) em Florianópolis e 2º
Salão de Extensão do IFRS – Campus Canoas. Em 2014 ouve uma edição,
vinculada à IV Feira das Cidades, no Campus Canoas.
O Roda Leitura terá diferentes edições durante o ano de 2015. Em uma roda
composta por alunos, servidores, familiares do Campus Canoas e comunidade
externa, mediante a presença de aluno de escolas públicas da região, os
participantes leem seus textos preferidos partilhando a leitura com os demais
integrantes da roda. A atividade consiste em preparar, com os alunos e professores
envolvidos, as leituras a serem realizadas, definindo um tema. Os textos devem ser
curtos e previamente informados. Na data da atividade, sob a coordenação da
equipe do projeto, cada participante lê e comenta sua leitura em voz alta. Além da
partilha dos textos, os alunos podem apresentar miniesquetes sobre o livro
escolhido. O ambiente também é preenchido com música, tocada pelos
participantes. Chimarrão e pipoca também fazem parte da roda, formando um
ambiente amigável e confortante. Os atores envolvidos na ação encontram a
oportunidade de integração entre saberes técnicos, acadêmicos e culturais. Tal
integração está diretamente ligada à proposta dos Institutos Federais e, portanto, é
de extrema importância que sua manutenção seja incentivada. O estímulo à leitura
de livros em formato digital é feito através da página do Facebook e do blog do
projeto, onde são divulgadas as atividades e há interação com a comunidade. São
postadas sugestões de leitura, abrindo espaço para que os seguidores da página e
do blog deem suas próprias sugestões de livros.
Ao inserir o livro no espaço acadêmico, ele deixa de ser uma porta fechada e
se abre para seus novos leitores, tornando-se um construtor de indivíduos com visão
ampla do mundo, pois enriquece o intelecto e a criatividade, bem como influencia
diretamente a vida escolar e facilita o desenvolvimento da capacidade leitora.
“EXTENSÃO E CIDADE: CAMINHOS DE INTERAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E VISIBILIDADES.”
Devido à sua natureza cultural, o projeto interliga pesquisa, ensino e extensão, tendo
em vista que contém em sua proposta a relação entre práticas de
ensino/aprendizagem, investigação científica acerca de estudos literários,
discursivos e Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC) e promoção do
patrimônio literário brasileiro.
A avaliação pelo público-alvo ocorrerá ao longo da execução do projeto, com
a consulta ao público interno participante e de avaliação realizada em conjunto por
servidores e discentes, considerando os seguintes instrumentos: (i) Por meio de
sugestões/críticas no blog e página do Facebook. (ii) Por meio de questionários
aplicados aos participantes, conforme as ações realizadas. A avaliação pela equipe
de execução ocorrerá ao longo e ao final do projeto, por meio de reuniões de
avaliação realizadas periodicamente por servidores e bolsistas, utilizando os
seguintes instrumentos: (i) verificação da realização das atividades propostas e da
produção científica/cultural/técnica elaborada; (ii) coleta de sugestões/críticas ao
projeto; (iii) elaboração de relatórios.

Referências
BRITO, Luiz Percival Leme. Leitura e participação. In: BRITO, Luiz Percival Leme.
Contra o consenso: cultura escrita, educação e participação. Campinas: Mercado de
Letras, 2003.
INSTITUTO PRÓ-LIVRO. Retratos da leitura no Brasil. Pró-Livro: 2011. Disponível
em: <http://www.prolivro.org.br/ipl/publier4.0/texto.asp?id=48>. Acesso em: 17 set.
2012.

MACHADO, Ana Maria. Como e por que ler os clássicos universais desde cedo. Rio
de Janeiro: Objetiva, 2002.
“EXTENSÃO E CIDADE: CAMINHOS DE INTERAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E VISIBILIDADES.”
VIVA LA VIDA: A ELABORAÇÃO DE ARRANJOS NO CORAL JOVEM DO IFRS,
CÂMPUS OSÓRIO
Área Temática: Cultura
Agnes Schmeling 1(Coordenadora do Projeto de Extensão)
Agnes Schmeling¹
Larissa Dalla Corte Euzebio²
João Miguel Erig Bohn³
Palavras-chave: arranjo, coral, motivação, jovens.
Resumo:
O Coral Jovem do IFRS - Câmpus Osório faz parte do projeto “Atividades Vocais”,
vinculado ao Programa de Música do IFRS - Câmpus Osório. O projeto é
desenvolvido desde o ano de 2013, abrange adolescentes de 14 a 21 anos, que
estão em ‘muda vocal’. Este processo físico e emocional não possibilita a execução
e elaboração de qualquer arranjo vocal e sim, de arranjos vocais que precisam ser
construídos de modo a favorecer a mudança vocal e o processo de musicalização
dos participantes. A partir dessa premissa, muitas vezes, é necessário adaptar as
tonalidades, acompanhamentos instrumentais, rítmicos e extensões vocais das
músicas originais escutadas pela mídia. Quando essas adaptações não ocorrem, os
integrantes da atividade podem desistir e/ou desmotivar por não se sentirem
confortáveis na tonalidade sugerida ou por não atingirem as alturas corretas, entre
outros aspectos. Por isso, é feito um estudo pelos bolsistas do projeto em relação às
canções que os integrantes desejam cantar, das tonalidades e extensões vocais que
possam compor os arranjos, possibilitando maior inserção dos integrantes do grupo
para com o trabalho desenvolvido. Mas muito mais que o aprendizado da música, o
grupo proporciona uma relação social entre os integrantes, bem como a formação
para a cidadania. O grupo realiza apresentações o ano todo em torno da região
Litoral Norte do Rio Grande do Sul, havendo a inclusão das cidades vizinhas com a
atividade de extensão.

Texto:
Contexto da ação
O Coral Jovem do IFRS – Campus Osório é uma das atividades
desenvolvidas no projeto Atividades Vocais (2015), que por sua vez, faz parte do
Programa “Música no IFRS – Campus Osório”, presente desde o ano de 2013 no
campus Osório.

1Mestre,
Câmpus Osório, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul,
agnes.schmeling@osorio.ifrs.edu.br

²Câmpus Osório, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul . Técnico
em Administração – Integrado ao Ensino Médio, larissa.dce@hotmail.com

³Câmpus Osório, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul . Técnico
em Informática – Integrado ao Ensino Médio, oaojmiguel@outlook.com
“EXTENSÃO E CIDADE: CAMINHOS DE INTERAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E VISIBILIDADES.”
Tem como objetivos: inserir a música no IFRS - Campus Osório; ofertar aos
alunos a atividade coral, a técnica vocal, palestras e apresentações artísticas
músico-vocais; conscientizar a comunidade sobre o/do instrumento 'voz', que é
ferramenta de trabalho e de comunicação; promover o processo de musicalização
por meio de atividades que envolvam a voz; valorizar a música no cotidiano dos
alunos como importante elemento sociocultural; desenvolver metodologias para o
aproveitamento das experiências musicais dos alunos; analisar e refletir sobre a
música no contexto social e a promoção da cidadania.
Figura 1: Coral Jovem do IFRS – Câmpus Osório.

Fonte: Bruno Acosta (2015).


As parcerias realizadas com os municípios da Região do Litoral Norte do Rio
Grande do Sul resultam em apresentações e eventos para os moradores e
promovem intercâmbio de produção cultural da região. Os alunos do câmpus Osório
pertencem em grande maioria aos municípios e levam seus aprendizados às
comunidades provenientes. O público externo participante das atividades vocais são
em geral adultos, que participam do Coral (adulto) do IFRS – Câmpus Osório. No
coral jovem, por enquanto, não temos participação da comunidade externa, devido a
problemas de transporte, localização e acessibilidade ao IFRS referido.

Metodologia: questões vocais e de pertença


O Coral Jovem é voltado para adolescentes entre 14 a 21 anos de idade, que
estão em “muda vocal”, sendo um trabalho que visa, entre outros aspectos, o
desenvolvimento do aparelho vocal do participante e a sua musicalização.
Atualmente, o coral é formado por aproximadamente 30 jovens, entre meninos e
meninas com idades de 14 a 19 anos. Os arranjos, as tonalidades e os exercícios
vocais a serem utilizados devem ser pensados de forma a contemplar a mudança
vocal destes jovens.
Muitas vezes, a ineficiente produção e gestão dos arranjos das canções a
serem executadas dificulta a percepção musical, levando a possíveis desafinações
vocais individuais e/ou em grupo. Além disso, se as músicas forem escritas em
extensões vocais inapropriadas, é possível a danificação do aparelho vocal. Em
virtude disso, requer-se atenção à construção dos arranjos, bem como constante
acompanhamento das performances.
Os alunos participantes, em sua grande parte, não possuem conhecimento
sobre e da atividade de canto coral ou em teoria musical. Sua bagagem musical
concentra-se nas canções que ouvem por intermédio das mídias. Participam do
“EXTENSÃO E CIDADE: CAMINHOS DE INTERAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E VISIBILIDADES.”
coral por gostarem de cantar, por gostarem da prática musical e vocal em grupo e
por gostarem de estar com seus pares.
A gestão do coral é feita de forma democrática. Os integrantes tem a
possibilidade de sugerirem e votarem nas músicas, apresentações e ensaios. A
democracia é o que mais os motiva a estarem participando da atividade.

Processo de criação do arranjo “Viva La Vida”


Logo após o processo de escolha entre os integrantes, é dado o início para a
criação do arranjo, neste caso, para três vozes (soprano, contralto e barítonos). Os
bolsistas de extensão dão início ao processo de elaboração do arranjo: analisa-se o
alcance vocal, a tonalidade mais apropriada e agradável para sua execução e para
“o ouvido” (que esteja na tonalidade da canção ouvida pela mídia).
Na elaboração dos arranjos, os coralistas escutam a canção original e
discutem as ideias para a execução da peça: desde as partes cantadas, as
possibilidades de canto em uníssono ou em vozes distintas e complementares até a
existência ou não de movimentos de palco.
A canção original, tal como se constitui, não favorece a execução vocal da
linha dos contraltos, pois a região e a tonalidade vocal requeridas são muito agudas
para as coralistas contraltos participantes. Desta forma, o arranjo para a canção
“Viva La Vida” foi pensado de forma a valorizar a linha dos contraltos, que em outras
canções tinham que cantar em regiões mais agudas ou tinham acompanhamentos
monótonos. Os bolsistas que elaboraram o arranjo estão classificados vocalmente
como barítono e contralto, e zelaram para que as suas vozes tivessem linhas
melódicas interessantes de serem executadas. No mais, também cuidaram para que
as linhas melódicas de cada voz fossem encontradas na canção original, o que cria
uma relação mais verdadeira do arranjo coral para com o que ouvem na mídia.
Para as contraltos foi escolhida a mescla de vozes de pano de fundo e
melodia. Para os barítonos e tenores foi designada a execução de vozes de
acompanhamento, base harmônica e rítmica, as quais também são importantes no
controle do tempo e na pulsação da música. Para as sopranos foi escolhida a parte
da melodia principal, pois elas possuem a extensão vocal mais apropriada para essa
música. Todas as vozes têm o seu tempo de três melodias distintas, e no refrão as
vozes soam em uníssono. Esse arranjo foi pensado para ser executado ‘a capela’,
ou seja, sem acompanhamento instrumental.

Figura 2: Trecho da partitura da música Viva La Vida adaptada para o Coral Jovem.
“EXTENSÃO E CIDADE: CAMINHOS DE INTERAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E VISIBILIDADES.”

Fonte: João Miguel Bohn (2015).

Aplicação
Nos primeiros dias de sua aplicação, todos estavam animados com a nova
música, pois todos fizeram a escolha dela e queriam cantá-la. Durante os ensaios,
foram apontadas algumas modificações, em virtude da nova formatação que se
constituía. Por problemas de timidez e insegurança, alguns integrantes de início
cantavam a um volume vocal baixo. Após muitas repetições, isso foi ficando cada
vez menos perceptível, resultando em um ganho no mesmo.
Nos próximos ensaios, desenvolveu-se o arranjo e a prática das diferentes
partes da música, aplicando exercícios vocais ou vocalizes para trabalhar a projeção
vocal e afinação, dinâmicas corporais que favoreçam a percepção de diferentes
parâmetros musicais (altura, duração/ritmo, harmonia, intensidade).

Resultados
Observa-se um engajamento melhor dos participantes quando estes
escolhem seu próprio repertório. O aceite de suas sugestões resulta em uma
percepção de inserção maior. Com a adaptação das vozes, foi analisado que
nenhum integrante desistiu durante a construção do canto com três vozes distintas.
Todos conseguem cantar sem sentirem-se acanhados ou excluídos do grupo.
A formação do grupo firma o laço de amizade entre os integrantes. Muito mais
do que música, os integrantes formam um grupo social, e sua cidadania forma-se
através das constantes práticas, performances e interações.
A constante prática e o desenvolvimento vocal resultam no aprimoramento da
oratória existente dos membros. A superação de medos e timidez, em virtude das
constantes apresentações em eventos e ensaios, aprimora a capacidade de
apresentação de trabalhos e expressão de todos os participantes, o que constitui
importante ferramenta a ser utilizada na Instituição e no mundo do trabalho. Em
especial atenção ao curso de Administração, os membros entendem e aplicam os
conceitos existentes, a exemplo de PODC (Planejamento, Organização, Direção e
Controle), em todas as instâncias de realização dos trabalhos do Coral.
“EXTENSÃO E CIDADE: CAMINHOS DE INTERAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E VISIBILIDADES.”
A presença das aulas de Música no currículo para os Cursos Técnicos
Integrados constitui importante parceria no que diz respeito ao processo de
desenvolvimento constante do educando, ofertadas pela equipe de execução do
Programa. Os conceitos musicais são abordados também pelo Ensino, para os
discentes e técnicos-administrativos, quando do interesse dos mesmos. Em relação
à Pesquisa, os bolsistas e voluntários mantém um projeto denominado “A música
nos Institutos Federais do Estado do Rio Grande do Sul”, cujo processo instala-se
pela pesquisa de trabalhos e métodos nos diferentes campi do Instituto Federal do
Rio Grande do Sul (IFRS), Instituto Federal Sul-Riograndense (IFSul) e Instituto
Federal Farroupilha (IFFarroupilha).
Além disso, os alunos utilizam de processo investigativo a fim de estarem
continuamente buscando repertório, técnicas e metodologias de apresentação, de
forma a constantemente refinarem o processo, incrementando a qualidade do grupo.
Desta forma, qualifica-se a relação com a Pesquisa, Extensão e Ensino. A partir da
definição pelo Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Instituições Públicas de
Educação Superior Brasileiras (FORPROEX, 2010):
“A Extensão Universitária, sob o princípio constitucional da indissociabilidade entre
ensino, pesquisa e extensão, é um processo interdisciplinar educativo, cultural,
científico e político que promove a interação transformadora entre universidade e
outros setores da sociedade”.
Entretanto, muitos pontos observados precisam ser melhorados.
O estado emocional (insegurança, timidez) é um ponto a ser superado no
processo de desenvolvimento vocal adolescente. Foi observado ao longo dos três
anos que o volume/intensidade vocal dos adolescentes no canto, não é alto. Para
solucionar esta questão, são realizadas práticas vocais e corporais e apresentações
que refletem na autoestima dos integrantes.
A falta de planejamento viário das Prefeituras do Litoral Norte resulta em
problemas na locomoção dos integrantes, dificultando sua permanência nas
atividades deste Projeto.
A não existência de um espaço próprio do câmpus para alimentação e a
localização distante dos restaurantes faz com que o almoço dos jovens, nos dias de
ensaios, seja mais corriqueiro do que o habitual. A conclusão do Bloco de
Convivência do Câmpus Osório, prevista para 2015, solucionará isso.
A oferta orçamentária não suficiente leva a disposição de instrumentos
musicais insuficientes ou, quando existentes, de qualidade razoável, o que provoca
baixa qualidade das performances instrumentais e de amplificação do coral.

Considerações finais
Trabalhos artísticos, tal qual o desenvolvido no Projeto Atividades Vocais
(2015), vinculado ao Programa Música no IFRS Câmpus Osório – 2015, promove,
inicialmente, ganho substancial da visibilidade dos integrantes para com sua
comunidade, através da promoção de práticas e ganho cultural propiciado por
apresentações e constante ensaio.
Desenvolve-se, na região, cidadãos com capacidade de interação
aprimorada. Além, contribuem com o crescimento cultural da Região, ao firmarem-se
como produtores de arranjos culturais ao promover, compartilhar e propagar seus
conhecimentos. São, portanto, agentes e protagonistas da transformação e da
afirmação cultural para com a população.
“EXTENSÃO E CIDADE: CAMINHOS DE INTERAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E VISIBILIDADES.”
Referências:
TEIXEIRA, L. H. P. Oficina de Sensibilização Musical: uma proposta de
musicalização junto ao Movimento Coral Feevale, em Novo Hamburgo – RS. In
CONGRESSO ANUAL DA ABEM, 14º, 2010, Goiânia. Anais do 14º Congresso
Anual da ABEM. Goiânia, GO: [s.n.], 2010. p. 1-7.
TEIXEIRA, L. H. P. Elaboração coletiva de um arranjo vocal. In ENCONTRO
REGIONAL DA ABEM SUL, 13º, 2010, Porto Alegre. Anais do 13º Encontro
Regional da ABEM/Sul. Porto Alegre, RS: [s.n.], 2010. p. 1-13.
SANTOS, M. A. O.; MOURA, J. M. P.; DUPRAT, A. C.; COSTA, H. O.; AZEVEDO, B.
B. A interferência da muda vocal nas lesões estruturais das pregas vocais. Revista
Brasileira de Otorrinolaringologia, São Paulo, v. 73, n. 2, mar./abr. 2007. Disponível
em: <http://www.scielo.br>. Acesso em: 23/05/15.
EXTENSÃO E CIDADE: CAMINHOS DE INTERAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E VISIBILIDADES.

CULTURA E LAZER NOS ASILOS DE PELOTAS

Área Temática: Cultura

Gabriel Barros da Cunha¹(Coordenador da Ação de Extensão)

Gabriel Barros da Cunha¹


Eduarda Silveira Bilharva²
Rafaela Mello Blodorn²
Iasmim Casser da Silva²
Tainá Melo da Fontoura²

Palavras-chave: Idosos ,Cultura, Lazer, Qualidade de Vida.

Resumo:

A equipe executora do projeto é composta por quatro professores e quatro alunos,


sendo cada professor e aluno ligado a uma determinada área de ação do projeto –
Recreação, Dança, Música e Literatura. O projeto tem como proposta desenvolver
ações de cultura e lazer no Lar de Idosos Reviver. O referido Lar possui
aproximadamente 40 idosos residentes de ambos os sexos, entre 56 e 95 anos
(média 83 anos), em diferentes situações de saúde. As ações possuem o objetivo de
resgatar a autoestima, a identidade e a autonomia funcional, além de levar mais
alegria e interação aos idosos aumentando sua qualidade de vida. São realizados
dois encontros semanais de aproximadamente sessenta minutos cada, que ocorrem
nas dependências do próprio Lar. Semanalmente o coordenador e os alunos
reúnem-se para organizar as atividades que serão desenvolvidas. A atividade mais
desenvolvida com os idosos é a música, utilizando o violão e instrumentos de
percussão como principais ferramentas. As atividades musicais conseguem envolver
uma quantidade maior de idosos simultaneamente, favorecendo maior interação
entre os residentes. Esse é um fator importante, pois mesmo os idosos passando a
maior parte do tempo juntos, notamos que momentos de interação no Lar são raros.
As atividades de recreação e literatura, conforme foram sendo realizadas ganharam
características diferentes, pois ao contrário da música, tiveram que ser trabalhadas
de forma individualizada, respeitando as limitações dos idosos. Por fim, a dança
ainda encontra desafios, muito pela situação física dos idosos que permite trabalhar
apenas atividades rítmicas simples como batidas de palmas e movimentos com os
braços e tronco no ritmo da música. O projeto está em fase embrionária, porém já
conseguimos perceber a receptividade dos residentes, a alegria com que eles nos
recebem a cada visita, sendo essa mudança de astral um dos nossos maiores
indicadores de resultado positivo.
EXTENSÃO E CIDADE: CAMINHOS DE INTERAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E VISIBILIDADES.

Texto:

As alterações provocadas na situação demográfica do país mostram a sociedade


hodierna caminhando para a maior longevidade (FLEURÍ et al., 2013). Dessa forma,
a população idosa cresce consideravelmente nas últimas décadas, sendo que esta
população exige maior cuidado, atenção e tolerância por parte dos familiares e
amigos. Contudo, em alguns casos a família não apresenta a estrutura adequada
para dar suporte a este ente que requer atenção, carinho e cuidados e, como
solução, esses idosos são inseridos em instituições de longa permanência.

É sabido que em muitas instituições de longa permanência, a preocupação da


administração está no controle das doenças apresentadas pelos idosos. No entanto,
por vezes é negligenciado que o estado de solidão e a falta de atenção vivenciada
pelos idosos podem provocar desde pequenos sofrimentos psíquicos como a tristeza
até problemas mais graves como a depressão (FLEURÍ, et al, 2013). Somando-se a
esse quadro, outra peculiaridade do mundo contemporâneo é a relação entre
produtividade e utilidade. O ser humano moderno é formado para a lógica da
produção, é preparado para o trabalho. Não somos preparados para o lazer. É muito
comum a população idosa ter problemas ao deparar-se com o tempo livre, tempo
esse que é muito maior quando se está aposentado.

Essa é uma fase difícil, onde é frequente a sensação de inutilidade e a busca de


alguma ocupação para o corpo e a mente. Este tempo de trabalho substituído pelo
tempo para o lazer tem provocado múltiplas conseqüências, como ansiedade,
depressão e diminuição das relações sociais (BRASILEIRO, et al., 2011).

Para alguns autores como Gaspari e Schwartz (2005), a transição da fase adulta
para a terceira idade pode ser acompanhada de uma crise de aceitação de si
mesmo, de rebaixamento da autoestima e de insegurança quanto à identidade, tal
como na adolescência.

Sendo assim, é de suma importância desenvolver atividades de cultura e lazer


direcionadas para o resgate da autonomia, autoestima e identidade desta
população. As atividades físicas, musicais, artísticas, artesanais ou culturais podem
EXTENSÃO E CIDADE: CAMINHOS DE INTERAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E VISIBILIDADES.

auxiliar na diminuição do estresse, depressão, angústia e ansiedade, sendo uma


estratégia para melhorar a qualidade de vida e promover momentos de integração.

Nos últimos anos, o meio acadêmico ligado à área da ciência do movimento


humano buscou desmistificar certos dogmas da sociedade. Diversos estudos
(CHEIK, et al., 2003; ALVES, et al., 2004; SANTOS, et al., 2009) comprovam que a
atividade física também é indicada para pessoas com idades avançadas. O exercício
físico realizado dentro da intensidade, duração e volume adequado apresenta
benefícios de ordem cardiovascular, respiratório, articular e muscular aos seus
praticantes, independente da idade (POWERS; HOWLEY, 2006). Além dos aspectos
físicos já mencionados, as atividades físicas de caráter lúdico-recreativo auxiliam no
estreitamento dos laços interpessoais, na interação entre os idosos, favorecem a
valorização das características individuais melhorando o bem estar físico e mental
(FLEURÍ et al., 2013).

A música é uma ferramenta reconhecida pela literatura especializada como


poderosa influenciadora no estado afetivo-emocional do ouvinte. No caso dos
idosos, Clair (1996) defende que atividades musicais promovem integração social,
expressão emocional, afastamento da rotina, respostas físicas e emocionais e
associações extra-musicais.

Dessa forma, a proposta do projeto contempla uma intervenção multidisciplinar


envolvendo a área da Educação Física, Música, Dança e Literatura desenvolvendo
ações de cunho artístico, cultural e do lazer.

O projeto tem como objetivo geral proporcionar maior qualidade de vida no


processo de envelhecimento para os idosos residentes em casas de repouso
geriátrico. Já os objetivos específicos são:

 Resgatar a sua identidade e autoestima através de atividades literárias e


artísticas que contemplem o reconhecimento da sua importância enquanto
edificador da comunidade na qual está inserida;

 Aumentar a autonomia funcional dos idosos através de atividades recreativas


que promovam aumento da força e mobilidade articular e o desenvolvimento
EXTENSÃO E CIDADE: CAMINHOS DE INTERAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E VISIBILIDADES.

da extensibilidade muscular, para que assim possa diminuir a sua perda de


flexibilidade e resistência;

 Desenvolver atividades lúdicas que aumentem a sensação de alegria e bem-


estar, satisfação pela vida e que proporcione um momento de entretenimento
e diversão aos idosos;

 Proporcionar através de atividades musicais, momentos de integração social


que estimulem a construção de relações interpessoais e desenvolvam
aspectos afetivo-emocionais.

O Lar Reviver é uma casa geriátrica situada no centro de Pelotas. Reconhecendo


uma rotatividade comum a toda instituição desse caráter, o Lar apresenta, no
período diagnóstico do projeto aproximadamente 40 idosos residentes de ambos os
sexos, com faixa etária entre 56 e 95 anos (média 83 anos), apresentando diferentes
situações de saúde. Um bom número de residentes do lar apresentam doenças
como alzheimer, parkinson e depressão. Somado a elas, ainda apresentam
debilitações naturais da idade, como dificuldade para ouvir, enxergar e diminuição
da massa muscular ocasionando a perda de equilíbrio e limitações para
deslocamentos simples como caminhar.

Com alguns desafios identificados já no momento do período diagnóstico,


montamos a equipe executora do projeto com um aluno e um professor dedicado a
cada uma das áreas trabalhadas no projeto – Música, Dança, Recreação e
Literatura. Os professores atendem, semanalmente, os alunos bolsistas por área,
ouvindo suas dificuldades e fazendo sugestões de atividades. Essas sugestões são
levadas a reunião geral entre alunos e coordenador com igual periodicidade, alinhar
as atividades que são desenvolvidas em cada encontro. As ações desenvolvidas no
lar são realizadas com a presença e supervisão do professor coordenador. Os
professores que fazem parte da equipe executora já visitaram o lar ao menos uma
vez para conhecer a realidade e conversar com os idosos, tendo assim, maior
propriedade para sugerir as atividades aos alunos.

A atividade mais desenvolvida com os idosos é a música, utilizando o violão e


instrumentos de percussão como principais ferramentas. As atividades musicais
EXTENSÃO E CIDADE: CAMINHOS DE INTERAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E VISIBILIDADES.

conseguem envolver uma quantidade maior de idosos simultaneamente,


favorecendo maior interação entre os residentes. Esse é um fator importante, pois
mesmo os idosos passando a maior parte do tempo juntos, notamos que momentos
de interação no Lar são raros. As atividades de recreação e literatura, conforme
foram sendo realizadas ganharam características diferentes, pois ao contrário da
música, tiveram que ser trabalhadas de forma individualizada, respeitando as
limitações dos idosos. Por fim, a dança ainda encontra desafios, muito pela situação
física dos idosos que permite trabalhar apenas atividades rítmicas simples como
batidas de palmas e movimentos com os braços e tronco no ritmo da música.

Para realizar a avaliação permanente do trabalho desenvolvido, os alunos


realizam o preenchimento de um diário de campo com as ações desenvolvidas nos
dias de encontro. Além disso, as alunas incluem a percepção de como os idosos
receberam as atividades, qual era o astral dos residentes no dia do encontro. Dessa
forma, temos uma ferramenta de avaliação muito precisa, já que esse
preenchimento é feito sempre logo após as visitas, evitando assim lapsos de
memória. Ao final de cada mês, o coordenador do projeto faz a leitura do diário de
campo das quatro alunas para auxiliar no processo de preenchimento, bem como
para ajudar na avaliação das atividades realizadas no mês por cada aluna. Ainda
com objetivo de avaliar as atividades do projeto, é realizado a cada trimestre de
trabalho uma reunião com o gestor do lar e um idoso residente para identificar a
visão dos mesmos sobre as ações desenvolvidas, nos proporcionando uma visão
externa do projeto.

Inicialmente, tínhamos o objetivo de utilizar o questionário MOSF-36 para avaliar


autopercepção de qualidade de vida no início e no final do ano de atividade.
Contudo, com o andamento do projeto, vimos que muitos idosos não teriam
capacidade de responder com fidedignidade as perguntas do questionário, ficando
um grupo muito pequeno para a aplicação do mesmo, o que não seria representativo
enquanto resultado quantitativo. Dessa forma, enquanto não reconhecermos um
número significativo de idosos com potencial para responder aos questionamentos
do MOSF-36, nossa avaliação de resultados estará suportada nos diários de campo
e na avaliação feita com o gestor e os idosos. Sendo assim, concluímos que apesar
EXTENSÃO E CIDADE: CAMINHOS DE INTERAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E VISIBILIDADES.

do projeto estar em fase embrionária, com três meses de atividade já conseguimos


perceber a receptividade dos residentes, a alegria com que eles nos recebem a cada
visita, sendo essa mudança de astral um dos nossos maiores indicadores de
resultado positivo.

Referências:

ALVES, R.V. et al. Aptidão física relacionada à saúde de idosos: influência da


hidroginástica. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. v. 10, n. 1, p. 31-37,
2004.
BRASILEIRO, M.D.S. et al. Do diagnóstico à ação: uma proposta de lazer ativo e
envelhecimento. Revista Brasileira de Atividade Física & Saúde. v. 16, n. 3, p.
271-274, 2011.
CHEIK, N.C. et al. Efeitos do exercício físico e da atividade física na depressão e
ansiedade de indivíduos idosos. Revista Brasileira de Ciência e Movimento. v. 11,
n. 3, p. 45-52, 2003.
CLAIR, A.A. Therapeutic uses of music with older adults. Baltimore: Health
Profession Press, 1996.
ECLÉA, B. Memória e Sociedade - Lembranças de Velhos, São
Paulo: Companhia das Letras, 1994.
FLEURÍ, A. C. et al. Atividades lúdicas com idosos institucionalizados. Enfermagem
Revista. v.16, n. 1, p. 50-57, 2013.
GASPARI, J.C.; SCHWARTZ, G.M. O idoso e a ressignificação emocional do lazer.
Psicologia: Teoria e Pesquisa. v. 21, n. 1, p. 69-76, 2005.
POWERS, S. K.; HOWLEY, E. T., Fisiologia do exercício: Teoria e aplicação ao
condicionamento e ao desempenho. 5 ed., São Paulo: Manole, 2006.
SANTOS P.L. et al. Atividades físicas e de lazer e seu impacto sobre a cognição no
envelhecimento. Revista Medicina. v. 42, n. 1, p. 54-60, 2009.

¹Mestrado em Ciências do Desporto - Faculdade de Desporto – Universidade do Porto, Professor


Efetivo do Instituto Federal Sul-Rio-Grandense câmpus Pelotas, gabrielcunha@ifsul.edu.br.

²Aluno do ensino médio técnico integrado do Instituto Federal Sul-Rio-Grandense, câmpus Pelotas.
EXTEN“ÃO E CIDADE: CAMINHO“ DE INTERAÇÃO, DE“ENVOLVIMENTO E VI“IBILIDADE“.

LABORATÓRIO DE PERFORMANCE – ANO III

Área Temática: Cultura

Daiane Dordete Steckert Jacobs(Coordenadora da Ação de Extensão)


Maíra Wiener
Alyssa Tessari

Palavras-chave: cultura, programa de extensão, performance art.

Resumo: O programa de extensão Laboratório de Performance é desenvolvido


desde o ano de 2012 sob a coordenação da profª. Ms. Daiane Dordete Steckert
Jacobs, do Departamento de Artes Cênicas, no Centro de Artes da UDESC.
Neste texto são apresentados os dados referentes à realização do programa de
extensão no ano de 2014. O programa Laboratório de Performance – ano III
teve por objetivo promover a pesquisa, criação, reflexão e disseminação da
Arte da Performance através de suas ações. A primeira ação foi o curso de
extensão Laboratório Permanente de Performance, ministrado pela
coordenadora do programa com colaboração dos bolsistas do mesmo. A
segunda ação foi o projeto de extensão Performance em foco: ciclo de
palestras e workshops, com ações formativas na área da performance. A
terceira e última ação do programa foi o evento denominado Semana
Performática, que consistiu em duas apresentações da performance Apneia:
suspensão do tempo-dor, criada pelos participantes do primeiro semestre do
curso de extensão do programa, e 02 apresentações da performance Abraço
Vocal, desenvolvida pelos participantes do segundo semestre do curso de
extensão, na cidade de Florianópolis-SC. As três ações do programa foram
complementares e visaram suprir parcialmente uma lacuna presente na
formação cultural de nossa própria comunidade (acadêmica e geral), que ainda
apresenta pouco conhecimento e envolvimento com a arte da performance. As
ações procuraram atender ao ensino e experimentação artística (laboratório),
divulgação (apresentações) e qualificação (palestras/workshops) dos
envolvidos direta e indiretamente no programa de extensão (participantes e
público). O retorno da comunidade nas três ações foi positivo, o que motivou e
garantiu a continuidade do programa de extensão Laboratório de Performance
– ano IV, em desenvolvimento no ano de 2015.
EXTEN“ÃO E CIDADE: CAMINHO“ DE INTERAÇÃO, DE“ENVOLVIMENTO E VI“IBILIDADE“.

Introdução

Realizado entre março e dezembro de 2014 nas dependências do


Departamento de Artes Cênicas do Centro de Artes da UDESC, o programa
Laboratório de Performance - ano III deu continuidade ao programa Laboratório
de Performance, que teve início em 2012 na mesma instituição.
O programa teve por objetivo geral promover a pesquisa, criação,
reflexão e disseminação da arte da Performance, e como objetivos específicos:
• Oferecer um curso de extensão com espaço de ensino e criação na Arte
da Performance na Udesc, aberto à comunidade acadêmica e comunidade em
geral;
• Apresentar intervenções e performances criadas pelos participantes do
Laboratório de Performance;
• Promover palestras e/ou oficinas com artistas e pesquisadores da Arte
da Performance na Udesc, para a comunidade acadêmica e comunidade em
geral;
• Explorar nas experimentações práticas e divulgar através das
apresentações e palestras/workshops as relações intrínsecas entre Teatro
Performativo e Performance;
• Suprir parcialmente a carência curricular do curso de Licenciatura em
Artes Cênicas da Udesc na área da Performance e Teatro Performativo;
• Oferecer à comunidade em geral acesso tanto à prática quanto a
apresentações e palestras/workshops sobre a Arte da Performance.

Atividades desenvolvidas e resultados alcançados

O Programa foi constituído por três ações: o curso Laboratório


Permanente de Performance, ministrado pela professora coordenadora do
projeto e seus bolsistas, com encontros semanais durante os dois semestres
do ano; o projeto de extensão performance em Foco – ciclo de palestras e
workshops, com ações planejadas para trazer artistas e pesquisadores da área
para ministrar workshops e/ou palestras; e o evento Semana Performática, no
qual foram apresentadas as performances criadas pelos participantes do curso
de extensão Laboratório Permanente de Performance.
O curso Laboratório Permanente de Performance teve cerca de 20
participantes ativos durante todo o ano de 2014. Os participantes eram
membros da comunidade acadêmica da UDESC (graduandos e pós-
graduandos), alunos de outras IES da cidade, artistas e comunidade em geral.
O projeto de extensão Performance em Foco – ciclo de palestras e
workshops possibilitou a realização do workshop “A voz em estado de escuta
EXTEN“ÃO E CIDADE: CAMINHO“ DE INTERAÇÃO, DE“ENVOLVIMENTO E VI“IBILIDADE“.

na ambiência da cena”, de 09 h/a, ministrado pela Drª. Juliana Rangel (UFC)


para 30 pessoas da comunidade, bem como a palestra “A voz em estado de
escuta na ambiência da cena” também com a Drª. Juliana Rangel (UFC), para
cerca de 40 pessoas da comunidade, em novembro de 2014.
O evento Semana Performática foi constituído pela primeira edição do
evento de mesmo título, com o tema “Olhares sobre a violência”, que durou 04
dias em junho de 2014 e reuniu artistas e pesquisadores da arte da
performance na cidade de Florianópolis com apresentações de 07
performances distintas de artistas de toda a cidade, uma exposição de obras
visuais e duas mesas-redondas, com os temas “Violência, Gênero e Política” e
“Violência, Gênero e Performance”, respectivamente. Dentro da programação,
foram realizadas 02 apresentações da performance Apneia: suspensão do
tempo-dor, criada pelos integrantes do curso Laboratório Permanente de
Performance no primeiro semestre do ano. O público estimado nas
apresentações foi de 80 pessoas e em tod o evento, 250 pessoas. Também
foram realizadas 02 apresentações da performance Abraço Vocal,
desenvolvido pelos integrantes do segundo semestre do curso Laboratório
Permanente de Performance. O público estimado nestas apresentações foi de
100 pessoas.

Imagem 01 – Performance Apneia: suspensão do tempo-dor


EXTEN“ÃO E CIDADE: CAMINHO“ DE INTERAÇÃO, DE“ENVOLVIMENTO E VI“IBILIDADE“.

Avenida Madre Benvenuta, 2007 (em frente à UDESC), junho de 2014. Foto: Ricardo Goulart

Imagem 02 – Performance Abraço Vocal

Feira da Lagoa da Conceição, novembro de 2014. Foto: Cleiton Jacobs

Considerações finais

O desenvolvimento do programa de extensão Laboratório de


Performance tem se mostrado muito rico em vários aspectos. Primeiro, por
possibilitar espaços de pesquisa, formação continuada, criação e
apresentações artísticas para grupos ecléticos de participantes: alunos da
graduação e da pós-graduação em teatro (mestrado e doutorado) da UDESC,
alunos de outros cursos de graduação da UDESC, alunos de outras IES,
artistas e comunidade em geral. Estes grupos, com formação e experiência
diversificadas, possibilitam uma interessante troca de impressões, reflexões e
procedimentos criativos nas ações do programa.
Um segundo ponto positivo é o desejo demonstrado pelos participantes
do curso Laboratório Permanente de Performance em criar projetos finais
coletivos de apresentações de performances, o que reflete os estímulos de
interação e composição coletiva em tempo real (improvisações) oferecidos
durante o curso, e a necessidade depensar as interações humanas na
coletividade social, e problematizá-las no trabalho artístico.

Referências
EXTEN“ÃO E CIDADE: CAMINHO“ DE INTERAÇÃO, DE“ENVOLVIMENTO E VI“IBILIDADE“.

CARLSON, Marvin. Performance: a critical introduction. New York: Routledge,


2001.
COHEN, Renato. Performance como Linguagem. São Paulo: Perspectiva,
2002. GOLDBERG, RoseLee. A arte da performance: do futurismo ao
presente. São Paulo: Martins Fontes, 2006.
SCHECHNER, Richard. Performance Studies: an introduction. London and
New York, Routledge, 2002.
“EXTENSÃO E CIDADE: CAMINHOS DE INTERAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E VISIBILIDADES.”
LABORATÓRIO DE ESTUDOS DOS DOMÍNIOS DA IMAGEM (LEDI):
PESQUISA, ENSINO E EXTENSÃO

Área Temática: Cultura e Arte

Edméia Ribeiro1

Palavras-chave: Imagens, Ensino, Cultura, Laboratório

Resumo:O Laboratório de Estudos dos Domínios da Imagem promove a


integração entre professores(as), alunos(as) e comunidade externa, através do
tema da imagem. Fomenta o desenvolvimento da pesquisa a partir da imagem
enquanto objeto de estudo; a disseminação dos resultados das pesquisas junto
às comunidades escolar e externa; a elaboração de materiais didáticos
pedagógicos voltados para o ensino fundamental e médio; produção e
disseminação de material de caráter artístico e cultural visando o
desenvolvimento de sensibilidade e reflexão sobre a cultura visual;
disseminação de produção imagética associada a temas de interesses
presentes nas Diretrizes Curriculares; o estudo em grupo de trabalho
problematizando a imagem como fonte e/ou objeto; organização de eventos
regionais, nacionais e internacionais que congregam profissionais de áreas
diversas que tenham a imagem como objeto e/ou tema de reflexão.

Várias são as áreas de conhecimento que têm a imagem como seu objeto de
análise. Por meio dela historiadores(as), antropólogos(as), psicólogos(as),
sociólogos(as), pesquisadores(as) da semiótica entre outros(as), podem
compreender a ação humana ou, ao menos, compreendê-la melhor: como se
construiu e constrói, o que representou, o que representa e como se manifesta,
o que se fez prevalecer e o que preferiu silenciar, quais as visões de mundo
identificáveis entre outras indagações. Um pré-requisito que adotamos, e que
nos possibilita um exame sobre as imagens que elegemos é o de que estas
são, antes de tudo, objetos, coisas que se prestam a vários usos e, inclusive,
como documento. Uma imagem se torna documento na medida em que
fornece informação a um observador. Sua funcionalidade é múltipla: além de
fonte de informação, pode assumir vários papéis, produzindo diversos efeitos,
inclusive sendo reciclada. Assim, é de fato ilusória a ideia de que basta nomear
o que ela representa, decodificá-la para esclarecer sua representação. Sua
1Doutora pela Universidade Estadual Paulista – UNESP/Assis, professora da Universidade Estadual de
Londrina – UEL/Departamento de História. edmeialondrina@uel.br
“EXTENSÃO E CIDADE: CAMINHOS DE INTERAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E VISIBILIDADES.”
função é menos representar uma realidade exterior do que construir o real
(uma imagem de algo) de um modo próprio, tão particular que muitas vezes
não se encaixa em nossas classificações, como as características dos estilos e
modelos artísticos.

A História Social, em uma visão mais ampla, a História Cultural, numa visão
mais específica, além da Semiótica (no ramo da linguagem e imagem), a
Antropologia (centrada no homem), a Psicologia (pelo aspecto da atenção
visual, seja pela relação homem-objeto), a Comunicação (sendo os estudos da
linguagem cinematográficos, fotográficos, dos quadrinhos etc. sua base íntima)
entre outras disciplinas, descobriram a Imagem como importante objeto de
estudo. Estas áreas de conhecimentos (ou Ciências) não mais estão isoladas,
pois dialogam entre si, trocando experiências, conceitos e métodos. Podemos
afirmar que a imagem ultrapassa os limites impostos pela moldura que a cerca.
Se partirmos do conceito de Iconografia no seu sentido de representação por
meio da imagem registrada, podemos desde já ampliá-lo para o que não foi
registrado, o que está fora da moldura, para as leituras possíveis em suas
múltiplas dimensões. Promovemos, assim, através deste Laboratório, a
educação e o desenvolvimento de uma sensibilidade quanto à cultura visual.

O Objetivo geral deste Laboratório configura-se em desenvolver, promover e


disseminar o conhecimento a partir da imagem como forma de promover o
desenvolvimento de sensibilidade no campo da visualidade e da cultura visual
junto aos(as) alunos(as), professores(as) e comunidade externa de Londrina e
Região. Para isso, desenvolvemos junto aos professores de História da rede
pública e privada oficinas sobre o uso de imagens no ensino de História;
oportunizamos aos graduandos(as) do curso de história da Universidade
Estadual de Londrina uma experiência prática quanto ao desenvolvimento de
conteúdos utilização de recursos alternativos, como a imagem (vídeo, foto etc.)
para o ensino de História; realizamos exposições com material imagético
temático pelos membros do LEDI; produzimos vídeos temáticos pelos membros
do LEDI (continuidade da coleção dos vídeos e livros da coleção História na
Comunidade - disponibilizados no site do Laboratório); oferecemos aos(as)
professores(as) dos ensinos Médio e Fundamental, através de oficinas, novas
possibilidades práticas e teóricas de abordar e desenvolver seus respectivos
ensinos; favorecemos o intercâmbio do conhecimento sobre a imagem nos
diversos campos do saber por meio de eventos específicos
(ENEIMAGEM/EIEIMAGEM, evento internacional bianual), entre outras ações.

O LEDI foi fundado em 2006 e, desde então, realiza oficinas, exposições,


palestras e evento nacional/internacional. Com esta experiência e o tempo de
execução do projeto, este Laboratório possui espaço físico para encontros de
orientação, reuniões, armazenamento dos materiais, além de equipamentos
específicos para edição e trabalho com as imagens e textos (ilha de edição). A
Universidade (UEL) disponibiliza anfiteatros, auditórios e salas para a execução
“EXTENSÃO E CIDADE: CAMINHOS DE INTERAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E VISIBILIDADES.”
dos eventos, palestras e exposições que o Laboratório organiza e realização de
exposições, vídeos, livros, oficinas e eventos. Estão disponibilizados na página
do LEDI nove vídeos e nove livros produzidos até o presente momento. Os
livros compõem a coleção ''História na Comunidade'' e vêm sendo distribuídos
em todos os estabelecimentos de ensino público e privado e instituições
culturais da região, assim como nas principais bibliotecas brasileiras. As
exposições têm atraído grande número de observadores e recebido acolhida
na imprensa e outros meios de comunicação local.

Para a realização deste projeto são organizados encontros quinzenais com


toda a equipe do Laboratório para discussão de textos e organização das
demais atividades. São definidos previamente bibliografia e materiais
imagéticos para discussão/análise pelo grupo e definidas pelo conjunto dos
membros do LEDI, as temáticas dos materiais a serem produzidos. No decorrer
dos encontros são avaliadas a pertinência e viabilidade dos materiais e textos
selecionados e produzidos pelo grupo e apontadas necessárias readequações.
Ressaltamos que as atividades e ações deste projeto configuram-se em
exposições, vídeos, livros, oficinas e eventos. Os materiais já produzidos estão
disponibilizados na página do LEDI - vídeos, livros, Revista Domínios da
Imagem, exposições e os eventos realizados até o ano de 2015.
(www.uel.br/cch/his/ledi/ledi2015/)

O Ledi, incialmente, agrupou estudiosos(as) da imagem e buscou transcender


o espaço acadêmico e proporcionar aos(às) professores(as) e alunos(as),
principalmente da rede pública, o acesso a reflexões desenvolvidas em
ambientes mais restritos. Do mesmo modo, buscou o intercâmbio junto à
comunidade externa. O LEDI se preocupa em estabelecer contato direto com o
ambiente escolar e espaços culturais não necessariamente acadêmicos de
modo a reforçar a relação dialética universidade-comunidade. Neste sentido,
desde sua criação várias ações foram promovidas: projetos individuais relativos
ao estudo de imagem; oferta de disciplinas de graduação e de pós-graduação
problematizando o tema; oferta de cursos de extensão; orientação de trabalhos
de conclusão de curso, monografias de especialização e dissertações de
mestrado; realização de oficinas voltadas a professores(as) da rede pública;
montagem de diversas exposições; realização e disseminação de materiais
didáticos-pedagógicos (livros e vídeos); organização de eventos
(nacionais/internacionais); produção da Revista Domínios da Imagem e
abertura de curso de especialização pela UAB. A produção de materiais
pedagógicos/expositivos, voltados para as escolas e para a comunidade, de
modo geral, nos possibilita a aproximação da universidade com o meio social
em que ela se insere. As exposições, pela abrangência de público que
podemos conquistar, permitem a democratização quanto ao acesso de
imagens que muitas vezes acabam circunscritas em espaços específicos. Os
“EXTENSÃO E CIDADE: CAMINHOS DE INTERAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E VISIBILIDADES.”
contatos estabelecidos são fundamentais para o intercâmbio e circulação de
conhecimento.

Desta forma, este projeto, através da experiência concreta, desenvolve as


funcionalidades da instituição de ensino superior ou seja, diálogo estreito entre
ensino, pesquisa e extensão. A proposta desenvolvida pelos membros do LEDI
implica no reconhecimento de que vivemos em uma sociedade que privilegia os
recursos visuais, os quais merecem reflexão a partir dos vários campos do
conhecimento e fruição entre os mais variados seguimentos sociais.

Referências Bibliográficas

BURKE, Peter. Testemunha ocular: história e imagem. Bauru: Edusc, 2004.

CANCLINI, Néstor García. A produção simbólica: teoria e metodologia em


sociologia da arte.Tradução de Glória Rodríguez. RJ: Editora Civilização
Brasileira, 1979.

CARDOSO, Ciro F. Iconografia e História. In: Resgate - Revista interdisciplinar


de cultura (Campinas), v1, pp 917, 1990.

ELIADE, Mircea. Imagens e Símbolos. São Paulo: Martins Fontes, 1990.

GOMBRICH, E. H. Imágenes simbólicas. Barcelona: Alianza Editorial, 1986.

GOMBRICH, E.H. Arte e ilusão: um estudo da psicologia da representação


pictórica. São Paulo:Martins Fontes, 2007.

MENESES, Ulpiano T. Bezerra. Fontes visuais, cultura visual, história visual


Balanço provisório, propostas cautelares. In: Revista Brasileira de História.
São Paulo, ANPUH/Humanitas Publicações, vol 23, n 45, 2003.

OLIVEIRA, Terezinha; VISALLI, Angelita Marques Visalli (orgs). Leituras e


imagens da Idade Média. Maringá: Eduem, 2010.

PANOFSKY, Erwin. Estudios sobre Iconologia. Madrid: AlianzaUniversidad,


1980.

PANOFSKY, Erwin. Iconografia e Iconologia: uma Introdução ao Estudo do


Renascimento In:Significado nas Artes Visuais. São Paulo: Perspectiva,
1991.

SANTAELLA, Lúcia; NÖTH, Winfried. Imagem Cognição, semiótica, mídia.


São Paulo: Iluminuras, 1999.
“EXTENSÃO E CIDADE: CAMINHOS DE INTERAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E VISIBILIDADES.”

A ARTE É UMA ASA...VAMOS VOAR! - VISIBILIDADES DA EXTENSÃO


UNIVERSITÁRIA

Área Temática: Cultura

Tania Regina Machado¹(Coordenadora)

Karen Bettinardi Couto2


Lucia Marques Augusto Amadeu3
Marlene Adélia Marchi4

Palavras-chave: artes visuais,ação educativa ,produção, apreciação..

Resumo: A experiência da ação educativa pela arte desenvolvida na extensão


da Universidade Estadual de Maringá nestes últimos 30 anos demonstrou que
a proposta articulando os conhecimentos fundamentais em história da arte, lin-
guagem visual e prática artística, na forma de cursos, grupos de estudos, proje-
tos e mostras da produção visual, é plenamente absorvida pela comunidade,
receptora e geradora das propostas. Esta reconhece o poder transformador da
arte resultante desta relação, produzindo assim a integração e revelando a
identidade social e cultural, o posicionamento crítico, o desenvolvimento da
percepção e a sensibilização pelo olhar da arte. O projeto de extensão A ARTE
É UMA ASA...VAMOS VOAR! É um convite à apreciação da produção visual
realizada na extensão da UEM, e dele o complemento do encontro com a mani-
festação artística exposta nos espaços oficiais da cidade, nas paredes públicas
do campus da UEM e a experimentação nas oficinas de ação criativa específi-
cas para cada proposta; com isso criando vínculos entre universidade e a co-
munidade através da arte.

1 Especialista, PEC/UEM . taniaescher@hotmail.com


2 Mestre,PEC/UEM,bolsista do Grupo APIS/UEM . karenbcouto@gmail.com
3 Especialista, PEC/UEM, bolsista do Grupo APIS/UEM.augustomlucia@hotmail.com
4.Especialista, PEC/UEM, bolsista do Grupo APIS/UEM.marlenemarchi@hotmail.com
“EXTENSÃO E CIDADE: CAMINHOS DE INTERAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E VISIBILIDADES.”

 Contexto da ação

A ação artística e cultural na Extensão da Universidade Estadual de


Maringá nestes últimos 30 anos tem se caracterizado por programas, projetos,
cursos e eventos, nas diferentes áreas das artes, estimulando assim o
desenvolvimento de competências e habilidades, associados à criação e a
expressão, ao ensino e a prática artística.
Nessas ações, o participante da comunidade, interna ou externa à
instituição, muitas vezes aprende com a diversidade, desenvolvendo e
aperfeiçoando a sua comunicação com o meio: ele vê o seu entorno,os seus
desejos, as dificuldades, a realidade presente, e se expressa pela arte. Essa
vivência, contribui na elaboração crítica e reflexiva, de seus pensamentos e
ações, e na forma que visualiza o mundo, pois a arte, enquanto objeto de
saber, desenvolve a habilidade perceptiva, a capacidade reflexiva e a
formação da consciência crítica, não se limitando à autoexpressão e à
criatividade.
Elaborar os pensamentos, discutir sobre os processos e desenvolver a
prática artística: produzir e criar um percurso .A experiência real da produção
em arte é a oportunidade de experimentar novas técnicas, como grafitar,
fotografar,pintar,recortar,adesivar,desenhar: momentos de testes e escolhas,de
diferentes cores, formatos, gestos, movimentos corporais e sons; de se
mostrar, mudar de ideia, decidir novamente. "O estudante deve ter a chance de
experimentar com diferentes formas e procedimentos para desenvolver um
percurso próprio", diz Rosa Iavelberg. Essa criação alicerçada em um novo
caminho deve ser instigante. Essa produção se alimenta de diversas
referências e cria a poética pessoal. Os cursos de extensão em Artes Visuais,
porta de entrada para os participantes do grupo APIS, é representado
anualmente por uma média de 55 alunos/ano, entre os iniciantes e os que
frequentam os cursos de avançado. Destes, serão 12 participantes das mostras
e das produções, tanto da Diretoria de Cultura, setor no qual o grupo APIS está
vinculado, como na Divisão de Artes Plásticas e Cênicas, setor aonde os
cursos são administrados, Então é à partir dos cursos que se forma o Grupo,
os seus integrantes. Muitos estão continuamente se reciclando nos cursos de
aperfeiçoamento, o que possibilita um maior contato com o Grupo, e por
consequência a continuidade dos projetos de eventos. E isso se dá também
com os outros grupos na extensão da UEM: de dança, de teatro e de cerâmica.
Pela abertura que a extensão possibilita, dentre os integrantes do grupo podem
ser encontrados alunos da graduação, profissionais liberais, diletantes,
professores da graduação.

 Detalhamento das atividades

O projeto A ARTE É UMA ASA...VAMOS VOAR! relata o processo de


criação, representação e exposição da produção artística visual dos alunos e
dos bolsistas de artes que frequentam os cursos e são integrantes do Grupo
APIS na extensão da Universidade Estadual de Maringá no período de 30
anos. Todo o processo tem sido, em primeiro lugar, a vinda da comunidade,
que se inscreve nos cursos de extensão; posteriormente alguns participam dos
“EXTENSÃO E CIDADE: CAMINHOS DE INTERAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E VISIBILIDADES.”
grupos de estudos, e eventualmente se tornam bolsistas de artes,
compromisso esse que reafirma a sua representatividade diante da
comunidade. Atualmente são 12 bolsistas produtivos e mais de 50 alunos
matriculados em diferentes níveis. Posteriormente, a experiência de
pesquisa,criação e apresentação da produção artística do APIS – Artes
Visuais na Extensão da UEM- prevê encontros na forma de mostras e oficinas
com o público. As mostras são agendadas no Museu Histórico Helenton
Borba Cortes- Teatro Calil Haddad,e no Museu da Bacia do Paraná. As
coordenações destes museus estabelecem contatos com as escolas
municipais e regionais. Depois de agendadas as visitações, desenvolve-se a
ação educativa: encontro com os artistas expositores no espaço da exposição,
palestra e conversa informal. São nessas mostras - 27 apresentadas nesse
período de 30 anos - aonde poéticas, técnicas e público-alvo são vivenciados.
Outra ação importante são as oficinas realizadas nestes espaços, aonde os
materiais são disponibilizados pela instituição e a escolha de técnicas
dependerá do tema explorado. Quando, por exemplo, a mostra sobre ilustração
“Tu Vês” foi apresentada, o tema desenvolvido foi a ilustração criativa. O
encontro com a ilustradora foi agendado com os alunos das oitavas séries do
ensino fundamental das escolas municipais,e seu desdobramento foi o
desenvolvimento do desenho e da colagem, tendo como tema as ilustrações da
fábula de La Fontaine, O Lobo e os Sete Cabritinhos, editado pela Editora
Moderna.

Figura 1 - Vista parcial da mostra "Cidades Imaginárias", Maringá, 2007.

Na Mostra Cidades Imaginárias, a base da pesquisa foi na obra de Ítalo


Calvino, Cidades Invisíveis. A produção artística na forma de pinturas de
grandes formatos foi realizada por 12 integrantes do grupo APIS; o tema
explorado nas oficinas foi a criação de cidades, a descoberta de sua cidade,
com suas características arquitetônicas, pessoas, cores e formas.

 Análise e discussão
O projeto de extensão A ARTE É UMA ASA...VAMOS VOAR! pretende
continuamente estimular a discussão sobre certos temas das artes visuais,
promovendo o contato direto com a sua produção artística na realização de
mostras bienais, de diferentes formatos e poéticas,nos murais desenvolvidos
no campus, aliando encontros com artistas visuais contemporâneos e nas
oficinas de ação criativa, no espaço dos museus da cidade de Maringá e da
Universidade Estadual de Maringá. Essas ações aproximam o artista do público
em formação - em média 250 alunos das escolas municipais por mostra, e da
região circunvizinha - e das pessoas que frequentam estes espaços- média de
700 visitantes por mostra ,oportunizando aos produtores de arte expor sua
“EXTENSÃO E CIDADE: CAMINHOS DE INTERAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E VISIBILIDADES.”
trajetória, suas ideias, suas fontes de criação, recebendo em troca o feedback
do seu espectador. O Museu Helenton Borba Cortes e o Museu da Bacia do
Paraná, enquanto espaços oficiais em Maringá e que abrigam as
manifestações culturais, são espaços indissociáveis da cidade e estão
integrados à vida cotidiana a partir dos seus acervos e das mostras da
produção de vários níveis.São espaços de reflexão e convivência por
excelência, importantes nos dias de hoje, pois refletem, a partir de seus
acervos, o registro da visão humana em diferentes meios, geralmente de forma
didática e atualizada.
A escolha dos espaços oficiais para a realização da maioria das mostras
criadas pelo Grupo APIS, diz respeito à forma como a arte pode ser absorvida,
aonde, segundo Hugues de Varine (1969) o ponto focal do museu não é mais o
artefato, mas o homem na sua plenitude. Então, a visita à exposição de artes
que se encontra no museu deve ser um momento de descontração e alegria,
divertimento também. E é essa atitude que se verifica em vários museus de
diferentes níveis. Nesse sentido, existem várias formas de interpretação, onde
cada um precisa encontrar diferentes maneiras de sentir o objeto artístico. Em
todo o processo de criação e execução dos trabalhos artísticos realizados na
extensão da Universidade Estadual de Maringá pelo Grupo APIS, na área de
artes visuais, a contextualização histórica é o meio de identificação, revelação
e desenvolvimento das habilidades de representação expressiva. Além disso, o
desenvolvimento e o entendimento da gramática visual e a reflexão acerca
das imagens, tanto da arte, quanto em seu meio” (PILLAR, 1999, p. 96) está
como uma das suas principais metas. Assim,a união equilibrada dos
componentes do ensino da arte – contextualização histórica da arte, a
apreciação do objeto artístico e a praxis, permitem a criação de caminhos para
o entendimento e envolvimento com a arte,além de evidenciar as relações com
as outras disciplinas, como por exemplo, a geografia, a anatomia,a história a
matemática, conhecimento esse vivenciado na Mostra do Museu Dinâmico
Interdisciplinar, durante a Semana de Artes da UEM, em 2004, que uniu ciência
e arte.
E também, mediados pelo olhar curioso e amoroso diante da expressão
artística e a atualização da expressão visual, o Grupo APIS tem se dedicado
também à realização de expressões murais, inicialmente em 03 paredes,uma
interna e duas externas, em prédios do campus sede da UEM, permitindo a
maior visibilidade e contato com um maior número de pessoas, passantes que
frequentam o campus. Isso também faz com que as pessoas incorporem outras
formas de representação plástica. Em um trecho de jornal, o jornalista Fábio
Cipryano ( Folha- setembro 2004) nos diz que o espectador, participante,
observa os fatos visuais, as informações extraídas do meio ambiente que
podem ser reconhecidas como símbolos passíveis de definição,os elementos
constituintes, as técnicas, a essência; repara nos múltiplos significados
disponíveis nesta prolífica produção, que aborda certas questões de hoje: a
cultura de massa, a representação, os campos de cor, os sistemas, o ambiente
onírico, o corpo, a paisagem, cidade/espaço e pintura/pictorialismo. Ou seja, o
espectador analisa tais conteúdos, pois toda experiência visual está fortemente
sujeita à interpretação individual.
“EXTENSÃO E CIDADE: CAMINHOS DE INTERAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E VISIBILIDADES.”

Figura 2: Realização de desenho mural em salas administrativas do Bloco A-34, campus da UEM, 2010.

A apreciação artística aumenta este repertório. Ao visitar diferentes


propostas de exposições em diferentes espaços expositivos, visitas a
instituições culturais e outras apresentações artísticas,passar pela arte mural
do seu entorno, que permitem o desenvolvimento do pensamento crítico e a
percepção da importância da arte como elemento transformador, o espectador
amplia a variedade de produções conhecidas, e analisando, estabelece
ligações com o que já sabe e constrói um rol de conhecimentos. A reflexão
sucede a apreciação, aonde o espectador analisa o que sentiu e percebeu no
seu objeto observado, que foi criado e desenvolvido em um determinado
contexto, que integra uma história.
Nesse momento desenvolve a capacidade de entendimento dos
significados atribuídos a ele: constata e observa que existem outras maneiras
de entender a arte. Compreender esse percurso é essencial,pois possibilita ao
espectador o seu crescimento intelectual e pessoal. Verificou-se em algumas
exposições, que certos alunos das escolas municipais e com o público visitante
que não tinham até aquele momento adentrado em um museu e muito menos
havia visitado uma exposição de artes. Além disso, ser conduzido pelos seus
professores, ou mesmo ver e ouvir o próprio artista que realizou o objeto
artístico é de fundamental importância.
Entretanto,a visita e a apreciação artística deve ser algo que gere não
apenas um acontecimento de saída da escola,ou uma visita à um espaço
especial, mas sim que possa ser encarado como parte integrante do
conhecimento global, e que seja entendido como uma parceria efetiva entre os
produtores de arte, a escola, o público, o museu e a universidade, como
espaço destinado à fruição artística.

 Considerações finais.

Oferecer meios para que se amplie este olhar sensual, sobre as


particularidades do mundo: esta é uma dinâmica que a universidade realiza
também na extensão. O nosso olhar está sempre impregnado de experiências,
lembranças, fantasias, buscando significados e interpretações, nosso arquivo
pessoal de conhecimentos e intuições. Captar e filtrar são meios de entender
“EXTENSÃO E CIDADE: CAMINHOS DE INTERAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E VISIBILIDADES.”
pelos sentidos, pela sensibilidade que é própria do ser humano. Seja
acordando aquela sensibilidade latente, a arte consegue resgatar do indivíduo
a capacidade de ser livremente capaz de entender o seu sentir sem necessitar
verbalizar, apenas sentindo e transferindo para si e aos que vivem ao seu redor
o que significa criar.
A realização de mostras da produção visual de vários pensamentos e
pessoas diferentes, oriundas da comunidade, sendo eles estudantes,
profissionais liberais, diletantes, sugere que existe um potencial e prazer em
produzir visualidades e , à partir dela se conectar com outras, usando para isso
seus filtros pessoais de ver o mundo. Tendo como poéticas textos da literatura,
como foi o caso de Italo Calvino, usando temas do cotidiano como a paisagem
que nos cerca, como foi na mostra "Versões do Cotiano", e, usando as paredes
dos prédios da Universidade como se fosse uma grande folha de papel, e nela
deixar os pensamentos fluírem: isso tudo demonstra que o espaço da
universidade é um campo vasto, aberto, rico de possibilidades. Este espaço
oferece aos interessados, uma relação de trocas, vivências, alicerçadas no
tempo e no conhecimento.
Aberta àqueles que querem conhecê-la e dela usufruir, as possibilidades
são infinitas. A arte, membro por excelência da academia, desempenha papel
essencial oferecendo o conhecimento da humanidade na forma do patrimônio
artístico que ilumina o caminho para a identidade coletiva de uma comunidade.
A Extensão Universitária é de fato, uma forma de interação que deve
existir entre a universidade e a comunidade na qual está inserida, uma inter
relação, aonde a universidade presta assistência e leva conhecimentos à
comunidade, e em troca recebe dela importantes informações sobre as suas
necessidades, suas expectativas, além de aprender com o seu saber, seus
valores e sua cultura.

Referências: conforme normas ABNT.

BARBOSA, Ana Mae. A imagem no ensino da arte. São Paulo: Perspectiva,


2002.
BARBOSA, Ana Mae (org.). Inquietações e mudanças no ensino da arte.
São Paulo: Cortez, 2002.
BRONOWSKI, Jacob. Arte e conhecimento: ver, imaginar, criar. São Paulo,
Martins Fontes,1983.
COSTA, Cristina. Questões de arte: o belo, a percepção estética e o fazer ar-
tístico. São Paulo: Moderna, 2004.
MANGUEL, Alberto. Lendo imagens: uma história de amor e ódio. São Paulo:
Companhia das Letras, 2001.
OSINSKI, Dulce Regina Baggio. Arte História e ensino: uma trajetória. São
Paulo: Cortez, 2001.
PILLAR, Analice Dutra (Org). A educação do olhar no ensino das artes. Por-
to Alegre: Mediação, 1999.
SILVA, Oberdan Dias. Integração ensino, pesquisa extensão, palestra proferida
no II Simpósio Multidisciplinar “A Integração Universidade e Comunidade” em
10 de outubro de 1996, publicado em Integração ensino, pesquisa e exten-
são. v. 3, n. 9, p. 148-9, maio 1997.
“EXTENSÃO E CIDADE: CAMINHOS DE INTERAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E VISIBILIDADES.”
ZAMBONI, Silvio. A pesquisa em arte: um paralelo entre arte e ciência.
Campinas: Autores associados, 1998.
“EXTENSÃO E CIDADE: CAMINHOS DE INTERAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E VISIBILIDADES.”

PROJETO LEITURAS AO VENTO

Área Temática: Cultura

Maristela Melo Barroso 1(Coordenadora da Ação de Extensão)


Wagner Oliveira Candido2 (Coordenador da Ação de Extensão)
Verônica Regina Müller 3
Lucas Tagliari da Silva4

Palavras-chave: incentivo à leitura, cultura da leitura, diálogo.

Resumo:
O Projeto Leituras ao Vento é um projeto de extensão de incentivo à leitura
desenvolvido pelo PCA – Programa Multidisciplinar de Estudos, Pesquisa e
Defesa da Criança e do Adolescente, da Universidade Estadual de Maringá –
UEM. Surgiu e é realizado ao ar livre, nos gramados da Praça da Catedral de
Maringá, com livros pendurados em varais atados aos troncos das árvores,
esteiras coloridas, puffs, bichos de pelúcia e baús de livros para serem
explorados pela curiosidade de crianças, adolescentes e suas famílias, todos e
total liberdade no trato com o objeto livro. Expandiu depois suas atividades
para escolas e instituições públicas e privadas, e promovendo eventos
relacionados à literatura e a outras artes, como a música, a pintura, o desenho,
o teatro e o cinema. Tem por objetivo a construção e consolidação de uma
cultura da leitura, dentro de um ambiente dialógico e livre de pressões que
possibilite o desenvolvimento de uma identidade relacionada à leitura, levando-
a a integrar-se ao discurso e à prática cotidianos de crianças, jovens e seus
familiares. Sua metodologia tem base em Paulo Freire e seu método dialógico,
em que a leitura do mundo em relação com a leitura da palavra é sempre o
tema presente, desdobrados em subtemas que surgem das próprias
experiências desenvolvidas com o público e com ele discutidos e aproximados
à realidade. Já atendeu, em seus quatro anos de vida, mais de dez mil pessoas
na cidade de Maringá e região. O permanente interesse do público e das
instituições pelo Projeto, bem como os níveis de participação, apontam para o
seu grande potencial para interferir na realidade, o sentido do alcance de seus
objetivos.

1
Mestra em Educação pela Universidade Estadual de Maringá -UEM mariahmel@hotmail.com
2
Especialista em Metodologia do Ensino Superior pela Universidade Federal de Rondônia -
UNIR firstjohnreed1@hotmail.com
3
Doutora em Educação pela Universidade Estadual de Maringá -UEM veremuller@gmail.com
4
Licenciado em Educação Física pela Universidade Estadual de Maringá -UEM
lu.cas.ts@hotmail.com
“EXTENSÃO E CIDADE: CAMINHOS DE INTERAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E VISIBILIDADES.”

Introdução

O projeto Leituras ao Vento nasceu da iniciativa de dois professores:


Maristela Melo Barroso, pedagoga e especialista em Administração Escolar; e
Wagner Oliveira Candido, historiador e especialista em Metodologia do Ensino
Superior. Nasceu espontaneamente, a partir de suas idas em família à Praça
da Catedral de Maringá, para estudar, ler um bom livro, brincar de bola com a
filha Adah, estender um lençol para relaxar junto ao gramado. Em um certo
domingo do verão de 2011 surgiu a idéia: Por que não compartilhar nosso
acervo de livros infantis e juvenis com as crianças e jovens que vinham
passear na praça?
Assim, no dia 13 de março de 2011 aconteceu a primeira edição do
Projeto, com a montagem, no gramado da Praça da Catedral, do cenário que
se tornaria a sua estrutura básica: dois ou três varais de nylon estendidos entre
duas ou três árvores; um bauzinho de livros – depois foi adquirido mais um
outro – cestinhas de livros, esteiras de nylon estendidas no gramado para
leitura confortável dos convidados, algum mobiliário (um “puff”, ao qual se
juntou depois uma cadeira de praia e uma banqueta) e uma centena de livros
infantis e juvenis.
O Projeto Leituras ao Vento surgiu como um projeto de incentivo à
leitura, com objetivo de possibilitar o acesso aos livros infantis e juvenis de boa
qualidade literária e gráfica a crianças e jovens de todos os segmentos e
classes sociais, com o objetivo da construção e consolidação de uma cultura
da leitura. Os eventos de leitura acontecem sempre ao ar livre num ambiente
de absoluta liberdade para consulta dos títulos, leitura no local e troca de
experiências entre os leitores e destes com suas famílias e com os
coordenadores e colaboradores do Projeto. As crianças e jovens se servem
dos livros nos varais, remexem curiosas nos bauzinhos, retiram livros das
cestinhas, movem as esteiras para onde querem, lendo por si mesmas ou em
família, ouvindo a voz carinhosa de seus familiares enquanto participam, com
seu encantamento, das histórias contadas. É princípio do Projeto a total
liberdade no trato com o objeto livro – a liberdade total de leitura, com o intuito
de desmistificar o livro, tirando-o de sua posição convencional na cultura
ocidental como objeto de culto, cercado de cuidados, e, como tal, inacessível a
uma aproximação íntima com o leitor e seus interesses.
Apresentados à Academia por uma amiga e futura colaboradora do
Leituras ao Vento, a pedagoga Maria Angelita da Silva – que havia
recentemente conquistado uma vaga no mestrado – Maristela e Wagner
integraram-se ao PCA – programa da UEM focado na pesquisa e defesa dos
direitos de crianças e adolescentes e a seu grupo de estudos correspondente;
e passaram também a militar nos movimentos sociais por sua participação no
núcleo regional do Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua. Essas
parcerias serviram para fortalecer a base teórica do Projeto e para ampliar sua
ação social, alcançando a partir daí várias cidades da região e visitando
escolas e instituições públicas e particulares, participando de Congressos e
Seminários, eventos de extensão e promovendo eventos em parceria com
outros setores da universidade e com a as bibliotecas da rede de bibliotecas da
“EXTENSÃO E CIDADE: CAMINHOS DE INTERAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E VISIBILIDADES.”

cidade, ligadas à Secretaria de Cultura do Município. A partir de 2013 o Projeto


se torna Projeto de Extensão da UEM, passando a contar com um número fixo
de colaboradores, além dos colaboradores eventuais.
Ao longo de quatro anos foram realizados quase uma centena de
eventos, que chegaram a mais de dez mil pessoas. Suas atividades se
diversificaram, com a promoção de exposições de arte, mostras de cinema e
eventos que reuniam, sob o mesmo tema, variadas manifestações artísticas,
como teatro, música, desenho, pintura, contação de histórias, malabares,
poesia, brincadeiras.

Objetivo geral:

O Projeto tem, como objetivo geral, construir e consolidar uma cultura da


leitura, por meio da facilitação do acesso aos livros infantis e juvenis de boa
qualidade literária e gráfica a crianças e jovens de todos os segmentos e
classes sociais, num ambiente de liberdade e propício ao diálogo.

Objetivos específicos:

O Projeto tem os seguintes objetivos específicos:

1. Aproximar crianças e jovens da leitura, aproximando-as de seu objeto


(desmistificar o livro);

2. Promover a leitura em comunidade, trazendo o diálogo entre pais e


filhos, entre amigos, entre crianças e destas com os adultos (promover a
leitura em comunidade);

3. Levar, através da leitura, o conhecimento do mundo e de si mesmos


ao público leitor, de diferentes classes sociais, desenvolvendo a
autoconfiança própria do leitor iniciado nos caminhos do conhecimento
da sua própria realidade, da natureza, da imaginação (estreitar a relação
entre leitura, conhecimento, identidade e autoestima);

4. formar multiplicadores que possam difundir a cultura da leitura em


espaços coletivos (escolas, instituições, praças)

Pressupostos teóricos

A partir da discussão de Castoriadis sobre a língua e a linguagem,


Bauman nos apresenta um conceito de cultura que, tendo como base uma
estrutura sincrônica de características que lhe dá identidade, subsiste por seus
elementos diacrônicos, “permanece pela mudança” (BAUMAN, 2012, p. 42-3),
ou seja, possui “abertura para o futuro” (idem, p. 43) por meio da ação dos
“EXTENSÃO E CIDADE: CAMINHOS DE INTERAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E VISIBILIDADES.”

sujeitos históricos, que também são sujeitos da cultura. É a ação dos sujeitos,
que vivem e trabalham os elementos comuns e mais ou menos permanentes
de sua sociedade, a que novos elementos são combinados, renovando a
cultura e permitindo sua sobrevivência.
A aproximação, feita por Bauman, entre a linguagem e a cultura não é
casual; a extensão de uma à outra e o papel dos sujeitos como fatores
indispensáveis á sua permanência/mudança nos coloca em condições de
introduzir o tema da cultura da leitura.
Esse papel dos sujeitos, por mais que possa ser evocado, no caso da
linguagem, a partir da ação aparentemente solitária do escritor, se inscreve na
verdade, num diálogo amplo, do escritor com sua própria experiência passada
e presente, com os escritores que o precederam, com a sociedade que lê seus
livros, com o retorno que as diversas visões sobre sua obra lhe propiciam, e até
com a construção de seu próprio discurso, que se mantém e se fortalece a
partir das mudanças surgidas de seu esforço de constante reestruturação.
Paulo Freire, ao falar do ato de estudar fala desse dialogismo do estudante que
lê, que podemos estender, sem dúvida, ao sujeito leitor em geral, interlocutor
privilegiado desse conjunto de interlocutores, que mantém contato com o
escritor por meio de sua obra e de todas as influências que a informam, e
divide com outros sujeitos - alguns deles sujeitos leitores como ele – essa
experiência, que mistura leitura com suas próprias experiências e impressões
(FREIRE, 1981). É a esse círculo virtuoso de aquisição de saberes, e à sua
consolidação e fortalecimento a partir de seu próprio movimento, que tem como
conteúdo e motor o diálogo, que chamamos cultura da leitura.
A cultura da leitura, tal qual nós a pensamos, tem, portanto, um caráter
essencialmente dialógico. Entendendo o diálogo como o entende Paulo Freire,
como uma “relação horizontal de A com B” (FREIRE, 2009, p. 115),
comunicação entre iguais, construída na confiança, amorosidade e
compromisso, e num ambiente livre de pressões, pensamos o Projeto Leituras
ao Vento como uma oportunidade de entabular esse diálogo, estabelecido
pelos leitores com autores, familiares e colaboradores, no interesse da
construção de uma identidade coletiva relacionada à leitura. A construção
dessa identidade – pensada a partir da modernidade não mais como algo óbvio
e dado, mas “como uma tarefa” (BAUMAN, 2012, p. 44), toma o caminho, pela
continuidade e expansão do Projeto, da entrada da leitura, consolidada como
cultura da leitura, na prática e no discurso cotidiano de crianças, jovens e seus
familiares, aptos cada vez mais a reconhecer nos livros – e nos que os
promovem, como escritores, ilustradores, tradutores e editoras – seus
companheiros no prazer da leitura e da aquisição de conhecimentos,
contribuindo para a compreensão crítica da realidade que os rodeia. Para esse
resultado, uma nova postura em relação ao objeto livro é essencial, no sentido
de que este deixe o isolamento das estantes, a espera de momentos “solenes”
de consulta, delimitados pela igreja e pela escola, e ganhe as mãos do leitor,
um lugar á cabeceira de sua cama, nos gramados embaixo das árvores nos
dias de estio e aragem leve, que com ele vá embaixo do braço para onde o
braço apontar e a vontade de dialogar com o autor, com as lembranças e com
o mundo em volta apareça.
“EXTENSÃO E CIDADE: CAMINHOS DE INTERAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E VISIBILIDADES.”

Metodologia

A partir do Método Dialógico freiriano, nos seus três momentos, listados


por Moacir Gadotti (GADOTTI,1996) pensamos o tema da leitura como tema
permanente, desdobrado em subtemas que acompanham as experiências
vividas com os leitores frequentadores do Projeto, ou a partir de inquietações e
interesses surgidos de nossas próprias experiências e de nossa vivência
acadêmica e social, como os subtemas relacionados à liberdade e à defesa
das minorias, os temas relacionados á própria literatura, ao cinema e ao teatro.
O livro é subtema frequente, assim como aqueles que surgem das preferências
pelos diversos gêneros literários (o romance, o drama, a aventura, a comédia)
e que são abundantes: a incerteza, o amor, o medo, o luto, a alegria, a tristeza,
a amizade, a lealdade, a bondade, a maldade, a honra, o orgulho, a
solidariedade, a colaboração, a solidão, a esperança, a ambição, a fraqueza, a
força, a confiança, a dor. Nos eventos de formação parte-se do tema da
formação, assim como nos Seminários, Conferências e eventos escolares
parte-se do tema em pauta. Na Praça, além do tema geral da leitura do mundo
em relação com a leitura da palavra – em que colhemos impressões, a todo o
momento, do confronto entre leitura e experiência concreta – temos o
“Soprando Histórias”, momento de contação de histórias e diálogo com o
público, em que se aborda um tema específico, surgido casualmente da
escolha prévia do livro pelo convidado-leitor, ou em função de uma discussão
em voga, que assim direciona a escolha da obra. As exposições, mostras,
festas e encontros promovidos também obedecem a uma orientação temática,
que guia a sua organização.
Se a escolha do tema obedece a questões diversas, sua codificação é o
livro – a história, materializada no texto e nas ilustrações – e também a peça
fílmica, o desenho, a pintura, a brincadeira, a poesia. Sua decodificação, ou
seja, a apresentação do tema pela busca de sua percepção pelo público, surge
do diálogo entre mediadores de leitura e leitores – ou de comentaristas e
espectadores, fruidores, convivas, etc. – a partir de seu saber e suas
experiências pessoais tomadas coletivamente.
No caso dos projetos de leitura como o Leituras ao Vento, algumas
pistas simples nos dão alguma indicação de que as experiências vividas no
Projeto caminham para a possibilidade de intervenção na vida real, ou seja,
para a transformação desejada na realidade: o retorno e a assiduidade do
público na Praça, nas festas, nas mostras; os convites reiterados ao Projeto
para retornar a escolas e instituições; a notoriedade que Projeto vai tomando
aos poucos, principalmente entre crianças e jovens, que se lembram de nós e
até de histórias por nós contadas; as parcerias firmadas e a confiança
adquirida no nosso trabalho; o interesse por temas introduzidos por nós, como
a cultura da leitura; e o interesse em reproduzir o Projeto em outros lugares.
Percorrendo-se os cadernos de registros e os relatórios – que compõem uma
massa de informações que ficam a disposição de pesquisadores e do próprio
Projeto, em seu esforço por aperfeiçoar-se – constatamos o grande alcance do
Projeto: em pouco mais de quatro anos são, em termos estimados, mais de dez
mil pessoas beneficiadas, numa frequência de público que varia de cerca de 30
“EXTENSÃO E CIDADE: CAMINHOS DE INTERAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E VISIBILIDADES.”

a 40 pessoas, nos eventos na Praça da Catedral, passando por nossa


presença em escolas – onde são atendidas duas a três centenas de crianças
em um único dia – até nossa participação na Semana Literária do SESC, que
atinge, em uma semana mais de 1100 pessoas.

Considerações finais

O Projeto Leituras ao Vento existe a quatro anos, enquanto um projeto


inovador, no sentido do tratamento dado à leitura de um modo não
convencional, diferente da leitura solitária e de apreensão individual de seus
sentidos, como conhecemos, mas, ao contrário, baseada na interação coletiva,
dialógica, livre, com o autor, os outros leitores e o livro. A interação das
crianças e jovens com familiares e amigos, tendo como mediação a leitura
confirma o sucesso dessa fórmula, que valoriza, na organização do espaço
físico e na metodologia, o acolhimento e a liberdade como premissas do
diálogo. Por outro lado, a expansão e a diversificação das ações do Projeto
apontam para a sua sintonia com a complexidade do ato de ler o mundo, que
sempre deve preceder a leitura da palavra, que contribui para organizar aquele
mesmo mundo. As discussões temáticas apontam para a responsabilidade do
Projeto para com os grandes temas de caráter social e político, e para com os
temas que são caros ao seu público. E, finalmente, o retorno do público e seu
permanente interesse nos dão evidências da medida do sucesso do Projeto.

Referências:

BAUMAN, Z. Ensaios sobre o conceito de cultura. Tradução Carlos Alberto


Medeiros. Rio de Janeiro: Zahar, 2012.

FREIRE, P. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra,


2009.

_________ Ação cultural para a liberdade. 5 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1981.

GADOTTI, M. A voz do biografo brasileiro: a prática á altura do sonho. In:


GADOTTI, M (Org.). Paulo Freire: uma biografia. São Paulo: Cortez, 1996. p.
69-110.
BANDA DE MÚSICA DA UFCSPA: FORMANDO MULTIPLICADORES

Área Temática: Cultura

Marcelo Rabello dos Santos1

Isabella Amaral Lopes2

Palavras-chave: banda de música; multiplicadores; aprendizagem informal.

Resumo: O artigo apresenta ações do Projeto de Extensão Banda Comunitária


da UFCSPA (da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre),
em especial o Curso de Formação de Regentes de Banda da Música. Desde
sua formação, em 2013, a Banda Comunitária conta com pelo menos 20
participantes e promove efetiva integração entre academia e comunidade –
com ênfase para o Distrito Docente Assistencial da UFCSPA, localizado na
Zona Norte de Porto Alegre. O Curso de Formação de Regentes foi realizado
em 2014, tendo como público-alvo professores da rede pública e lideranças
comunitárias. A Metodologia do Projeto inclui elementos da educação musical
informal, por oposição à formal, que é baseada na partitura musical. O curso
formou 15 regentes, aptos a iniciarem Bandas em suas escolas e
comunidades.

INTRODUÇÃO

A banda de música – conjunto formado por instrumentos de sopro e


percussão – faz parte do cenário musical brasileiro desde o período colonial e
está no cerne da formação da brasilidade musical (KIEFER, 1984). Ao longo da
história, bandas vêm promovendo fusões, um palco de encontro cultural dos
diferentes, de amplo diálogo social (COSTA, 2010). Por isso mesmo, essa
formação instrumental foi escolhida pela UFCSPA como parte integrante de
suas ações de extensão junto à comunidade.

O Projeto Banda Comunitária da Universidade Federal de Ciências da


Saúde de Porto Alegre iniciou-se em 2013. Desde então, a banda vem tendo
sucesso em promover efetiva integração entre a academia e comunidade, com
atuação especial na Zona Norte de Porto Alegre, de acordo com convênio
estabelecido entra a UFCSPA e a Secretaria Municipal da Saúde, que institui o
Distrito Docente Assistencial (DDA). Trata-se de um território geográfico dentro

1
Marcelo Rabello dos Santos. Bacharel em Música / Habilitação em Regência Coral pela UFRGS. Regente
do Coral UFCSPA. E-mail: marcelors@ufcspa.edu.br
2
Isabella Amaral Lopes. Aluna da Graduação em Fonoaudiologia da UFCSPA. Bolsista do Banda
Comunitária da UFCSPA. E-mail: isabellalop02@gmail.com
da cidade de Porto Alegre com população total de cerca de 90.000 habitantes,
e que apresenta em certas áreas características periféricas, de acordo com o
conceito de Rolnik (2002). Assim, é também objetivo do projeto Banda
Comunitária é desenvolver a inclusão sociocultural da juventude dessa região
através da música, com ativa participação e colaboração dos estudantes da
UFCSPA. Essa vocação específica das Bandas de Música é atestada pela
literatura (Higino, 2006, p.130).

O Projeto optou por constituir, dentre as diferentes formações


instrumentais possíveis, a chamada Banda Marcial, formada por instrumentos
de metal (trompetes, trombones, bombardinos, sousafones) e a percussão
característica. Liras, flautas doces e escaletas, por vezes arroladas como
instrumentos facultativos (Lima, 2000), são empregadas no projeto como
instrumentos de iniciação musical.

Desde o início, o projeto vem sendo realizado em dois polos de atividade


musical: a sede da UFCSPA, no Centro de Porto Alegre, e o Centro Vida
Humanístico, localizado junto à comunidade alvo. Uma ONG – a Alvo
Associação Cultural –, sediada no Centro Vida, é parceira da Banda e contribuí
com a divulgação das atividades e apoio logístico. A banda conta, desde sua
fundação, com um número médio de 20 participantes, entre estudantes da
UFCSPA e residentes da comunidade alvo.

No início de 2014 estabeleceu-se parceria com o Programa RS na Paz


da Secretaria de Segurança Pública do estado, em prol do objetivo comum de
estabelecer uma cultura de Paz na região, especialmente entre os jovens. Para
tanto, idealizou-se um curso de formação de regentes de banda, a ser
realizado no segundo semestre daquele ano, com o objetivo de formar
multiplicadores; a Banda Comunitária da UFCSPA atuaria como grupo
laboratório para os participantes do grupo.

O CURSO DE FORMAÇÂO DE REGENTES DE BANDA DE MÚSICA

Foi estabelecido como objetivo oferecer aos docentes de escolas


públicas e às lideranças comunitárias, bem como à comunidade acadêmica,
um curso de caráter introdutório à regência de bandas de música, entendida no
sentido mais amplo – a mobilização e organização de grupos musicais desse
gênero.

O curso desenrolou-se entre setembro e novembro, com carga horária


total de 33 horas: 11 encontros de 03 horas. Destes encontros, quatro foram
teóricos – com noções sobre teoria musical e história das bandas –, quatro
foram práticos – apresentando instrumentos musicais e os comandos de ordem
unida –, e três foram dedicado à visitação escolar. Foram oferecidas 40 vagas,
mas apenas 15 alunos completaram o curso. Mesmo assim, a abrangência
geográfica atingida foi significativa, pois os alunos eram lideranças de
diferentes partes da cidade. Os 22 participantes da banda na ocasião
participaram dos trabalhos, como grupo de apoio. O módulo teórico foi
realizado na Sede da UFCSPA, e o prático realizado no Parque da Redenção,
no Centro de Porto Alegre, proporcionando momentos de interação entre os
alunos e o público.

A educação musical formal, que em última análise remonta à instituição


francesa do conservatório de música, está centralizada na leitura da partitura
musical (MARTINS, 2005). Entretanto, a metodologia do curso amparou-se na
conceituação do aprendizado musical informal. Green (2008) pontua alguns
princípios de tal aprendizado:

Motivação. O aprendizado informal é motivado por uma música ou uma prática


com a qual o aprendiz se identifica. Já o ensino tradicional da música valoriza o
aprendizado de peças que o aluno não conhece, escolhidas pelo professor.

Ouvido. Aprender a música ouvindo uma gravação é permitido, ao passo que


na abordagem tradicional o aprendizado seria a partir da partitura. De fato, os
próprios participantes gravam vídeos de aprendizado em seus celulares.

Grupo. O aprendizado informal pode dar-se om um colega ou em grupo: neste


processo dão-se trocas conscientes e inconscientes através do ver, do ouvir,
do imitar e do conversar. A relação aluno-professor não é a única fonte do
aprendizado. Paralelamente, a identificação com um grupo social, tal como
uma subcultura particular, é fator motivador significativo.

Criatividade. Se o aprendizado tradicional enfatiza a reprodução, o informal


envolve a escuta, execução e improvisação.

A BANDA ITINERANTE

A atividade final deste curso constituiu-se de visitação escolar realizada


pelo grupo constituído pelos alunos e participantes da banda. Cada visita teve
aproximadamente o seguinte roteiro:

1. A Banda Comunitária apresentou-se sob a regência alternada dos


alunos.

2. A seguir, os alunos da escola foram convidados a juntaram-se a essa


banda, empregando os instrumentos musicais excedentes do Projeto
Banda Comunitária. Nesse momento, os alunos do curso – e mesmo
os participantes da banda - atuaram já como instrutores musicais,
auxiliando as crianças a rapidamente adquirirem algum grau de
domínio sobre os instrumentos. Finalmente, era formada uma grande
banda, com cerca de 50 figuras, encerrando o evento.

3. Grupos musicais da escola ou vizinhança se apresentavam, em uma


grande troca musical.

Esta prática de visitação e formação de uma banda-relâmpago recebeu


o nome de Banda Itinerante. Das três escolas visitadas em 2014, uma já iniciou
sua própria banda, dirigida por um dos egressos do curso; outra trabalha para
adquirir instrumentos. Estima-se a Banda Itinerante tenha proporcionado, em
2014, contato direto com os instrumentos a 150 crianças, e que pelo menos
300 tenham acompanhado as ações como expectadoras.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O grande sucesso das intervenções da Banda Comunitária da UFCSPA


em escolas, através da chamada Banda Itinerante, ensejou a continuidade
deste modelo de ação no presente, ao longo de 2015. Assim, todos os
participantes da banda passaram a perceber-se como potenciais
multiplicadores, aptos a compartilhar o que conhecem com o outro.

Por fim, conclui-se que a banda vem atingindo não somente seu objetivo
social – expresso pelo congraçamento entre pessoas de diferentes formações,
faixas etárias, graus de conhecimento musical, profissões – mas também seu
objetivo musical, contribuindo com difusão de seus saberes musicais. .

Visitação à Escola Neuza Brizola – Bairro Cavalhada, Porto Alegre.


Referências:

CISLAGHI, Mauro César. Concepções e ações de educação musical no projeto


de bandas e fanfarras de São José – SC: três estudos de caso. 2009. 178 p.
Dissertação (Mestrado em Educação Musical) – Universidade do Estado de
Santa Catarina. Florianópolis, 2009.
COSTA, Manuela Areias. Música e História: as Interfaces das Práticas de
Bandas de Música. Caminhos da História, Vassouras, v. 6, n. 2, p.109-120,
jul./dez., 2010.
GREEN, Lucy. Music, Informal Learning and the School: A New Classroom
Pedagogy. Aldershot, U.K.: Ashgate Publishers, 2008.
HIGINO, Elizete. Um século de tradição: a banda de música do colégio
Salesiano Santa Rosa (1888-1988). 2006. 141 p. Dissertação (Mestrado em
Bens Culturais e Projetos Sociais) – Fundação Getúlio Vargas, Centro de
Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil. Rio de
Janeiro, 2006.
KIEFER, Bruno. Bandas de música no Brasil. Boletim da Sociedade Brasileira
de Musicologia, Rio de Janeiro, n. 2, p.71-3, 1984-5.
LIMA, Marcos Aurélio de. A banda e seus desafios: levantamento e análise das
táticas que a mantêm em cena. 2000. 213 p. Dissertação (Mestrado em Artes)
– Instituto de Artes, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2000.
MARTINS, Denise Andrade de Freitas. A institucionalização do ensino de
música – do século XVIII aos dias de hoje. In: 14º Encontro Anual da
Associação Brasileira de Educação Musical, 2005, Belo Horizonte. Anais…
Belo Horizonte: ABEM, 2005. p. 1-6.
ROLNIK, R. É possível política urbana contra a exclusão? . Serviço Social e
Sociedade, São Paulo - Editora Cortez, v. 72, p. 53-61, 2002.
CORAL UFCSPA: UMA ABORDAGEM INCLUSIVA

Área Temática: Cultura

Marcelo Rabello dos Santos1

Daniele Leyter Zilio2

Palavras-chave: canto coral; abordagem inclusiva.

Resumo: O artigo apresenta o Projeto de Extensão Coral UFCSPA (da


Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre), que iniciou suas
atividades em 2012. Desde então, conta com cerca de 80 participantes, entre
discentes, docentes, técnicos-administrativos e comunidade em geral. É
apresentada a metodologia empregada, dita inclusiva, por oposição ao canto
coral excludente. Também são apresentados os cuidados vocais que permeiam
o trabalho, em especial a realização de aquecimento e desaquecimento vocal
nos ensaios por alunos do curso de Fonoaudiologia. No ano de 2014, o Coral
UFCSPA apresentou-se para cerca de 5.000 pessoas, participando de eventos
acadêmicos e também se apresentando ao grande público.

INTRODUÇÃO

O canto coral é uma das mais antigas e difundidas práticas musicais.


Além de sua relação com a educação musical, é também reconhecida como
“uma trama rica de possibilidades formadoras de humanização e socialização”
(PEREIRA; VASCONCELOS, 2007, p. 100). Consoante à centralidade da
perspectiva humanística no Projeto Político-pedagógico Institucional da
UFCSPA (1998), em 2012 o Projeto de Extensão Coral UFCSPA iniciou suas
atividades, com os seguintes objetivos:

 Oportunizar efetiva integração entre os participantes (alunos,


professores, técnicos administrativos e comunidade em geral).
 Proporcionar espaço privilegiado de prática vocal aos alunos da
Graduação em Fonoaudiologia.
 Oferecer a comunidade um calendário de concertos de elevado nível
técnico-cultural.
 Contribuir com a formação integral e cidadã dos participantes.

Para a consecução destes objetivos, foi adotada uma abordagem


inclusiva, de acordo com a acepção de Andrade (2010). A autora identifica uma
abordagem excludente, baseada na seleção dos participantes a partir do
discurso do dom musical, e uma inclusiva, pautada pela constante pesquisa

1
Marcelo Rabello dos Santos. Bacharel em Música / Habilitação em Regência Coral pela UFRGS. Regente
do Coral UFCSPA. E-mail: marcelors@ufcspa.edu.br
2
Daniele Leyter Zilio. Aluna da Graduação em Fonoaudiologia da UFCSPA. Bolsista do Coral UFCSPA. E-
mail: danizinha.zilio@gmail.com
metodológica dos responsáveis pela condução do trabalho às dificuldades dos
participantes – inclusive de afinação.

Um conjunto bastante específico de dificuldades é aquele relacionado à


própria emissão vocal. Assim, a abordagem inclusiva implica em cuidados
vocais: práticas que promovam a boa saúde vocal de todos os participantes.
Dentre elas, destacam-se o aquecimento antes dos ensaios e o
desaquecimento após, realizados com apoio de estudantes do curso de
fonoaudiologia. Andrade, Fontoura e Cielo (2007, p. 97) apontam que “o
aquecimento (…) prepara o aparelho fonador para as exigências do canto, uma
vez que a musculatura envolvida em uma tarefa vocal específica passa a ter
melhores condições de manter a atividade por mais tempo e com maior
intensidade”.

METODOLOGIA INCLUSIVA

Os seguintes pontos ilustram a metodologia que vem sendo empregada


pelo Coral UFCSPA:

Entrevista, não seleção. Não há o temido “teste de seleção”, mas uma


entrevista para classificação vocal e identificação de dificuldades.

Repertório semestral. A cada semestre, novo repertório é escolhido.


Evita-se a situação em que participantes mais antigos já dominam o repertório
e os novatos, não. Assim, semestralmente, todos aprendem novas canções,
por vezes escolhidas através de enquete realizada na plataforma Moodle. Ao
fim de cada semestre, esse repertório é apresentado como um concerto à
comunidade acadêmica. Frequentemente, o regente elabora arranjos
específicos para o grupo, adequados às exigências musicais e vocais dos
participantes.

Horários Flexíveis. São oferecidos cinco horários de ensaio semanais,


em diferentes turnos. O participante pode escolher o horário mais conveniente,
promovendo efetiva participação não somente dos estudantes, mas também da
comunidade externa. Os horários são: segunda-feira, das 17h30min. às
18h30min.; segunda-feira, das 19h30min. às 20h30min.; terça-feira, das 10h às
11h30min; quinta-feira, das 15h às 16h30min; e quinta-feira, das 17h00min. às
18h30min.. O local dos ensaios, a capela universitária, comporta um número
máximo de 30 pessoas, mas a diversidade de horários permite a participação
de um número maior – historicamente, o coral vem contando com cerca de 80
coralistas ao longo de sua trajetória.

Ensaios gerais. Aproximadamente uma vez a cada mês, ou em ocasião


anterior a realização de concerto, é realizado um ensaio geral – num sábado ou
domingo – em que os participantes de todos os horários se reúnem no palco do
Salão Nobre da UFCSPA.
Gravações de Ensaio. O regente canta e grava as canções previamente.
São disponibilizadas na plataforma Moodle para estudo complementar.

Atenção à Saúde Vocal. Princípios de higiene vocal são abordados


constantemente. Alunos do Curso de Fonoaudiologia tem a oportunidade de
realizar o aquecimento vocal a cada ensaio, bem como o desaquecimento.

Solidariedade. Os experientes contribuem com os inexperientes.

Concertos temáticos. O Coral UFCSPA realiza pelo menos um concerto


temático aberto à comunidade em geral a cada semestre, no Salão Nobre da
universidade, com público médio de 400 pessoas – sem mencionar
apresentações diversas em eventos acadêmicos. Os temas desses concertos
variam semestralmente e permitem efetiva contextualização das canções
interpretadas.

ALGUNS RESULTADOS

O Coral UFCSPA conta hoje, ao final do primeiro semestre de 2015,


com 106 participantes inscritos: 56 são da comunidade em geral, 18 alunos da
UFCSPA, 18 alunos de outras instituições de ensino, 04 docentes, 04 técnicos
administrativos, e 06 profissionais egressos da instituição. A distribuição etária
dos participantes é a seguinte: 9% tem menos de 20 anos; 30% tem de 21 a 30
anos; 14% tem de 31 a 40 anos; 13% tem de 41 a 50 anos; 10% de 51 a 60
anos; e os restantes 24% mais de 60 anos. Esses dados indicam que o
trabalho vem atendendo ao primeiro objetivo indicado na Introdução, de
promover a integração entre a comunidade acadêmica e comunidade em geral,
congregando inclusive estudantes e aposentados, lado a lado.

O grupo conta hoje com uma bolsista, uma egressa e dois voluntários do
curso de fonoaudiologia que contribuem com os cuidados vocais do grupo sob
supervisão de docente do curso. Este grupo comunica-se constantemente com
o regente em busca de soluções para os diferentes desafios constantemente
propostos pelo trabalho com o coro. Os coralistas também já foram alvo de
trabalho acadêmico sobre a voz cantada, evidenciando a relação entre
extensão e pesquisa. O grupo é parceiro regular das atividades do Dia Mundial
da Voz, 16 de abril, promovidas pelo Curso de Fonoaudiologia da UFCSPA
(FEIDEN, 2014). Todas essas ações contribuem com a formação específica
destes profissionais.

Apresentamos a seguir um recorte do histórico de apresentações e


concertos do Coral: o calendário artístico de 2014. As ações realizadas fora da
UFCSPA são indicadas como tal.

Março: Recepção dos calouros.

Abril: Semana Nacional da Humanização; Dia Mundial da Voz.


Maio: Formatura do Programa de Línguas Adicionais.

Junho: “Luz, Câmera… Canção! ”: Concerto Semestral.

Julho: “Trilhas de Cinema”, em parceria com a Orquestra da PUCRS.

Agosto: Formatura da Toxicologia Analítica; e o Encontro de Coros do DMAE


(Departamento Municipal de Água e Esgotos), realizado na Igreja da
Reconciliação – IELB.

Setembro: VI Fórum de Fonoaudiologia na Saúde Pública do RS.

Outubro: “Luz, Câmera…Canção! ”, no Centro Humanístico Vida (Zona Norte


de Porto Alegre). Também participa de série Concertos Especiais PUCRS: “Do
Clássico ao Popular”, com a Orquestra da PUCRS – Salão de Atos da PUCRS.

Novembro: 10 Anos do Curso de Nutrição; 10 Anos do Curso de Biomedicina.

Dezembro: Natal na Praça (Praça Dom Sebastião, Centro de Porto Alegre); por
fim, o Concerto Semestral com tema PAZ.

Este recorte evidencia a aceitação da atividade do coral junto à UFCSPA


e à comunidade em geral. Em perspectiva histórica, o público do coral vem
crescendo anualmente: cerca de 2.000 pessoas em 2012, 4.000 em 2013 e
5.000 em 2014. Este dado revela o aumento da frequência do público aos
concertos do coral e o incremento dos convites que o coral recebe para
apresentar-se em eventos, possivelmente como reflexo do crescimento técnico
e artístico do grupo ao longo do período. Assim, a atividade do coral vem
cumprindo o objetivo relacionado ao oferecimento de calendário musical de
qualidade.

Ainda não estão disponíveis dados sobre o impacto deste projeto na


formação dos estudantes, mas a percentagem de egressos – pequena, mas
crescente –, bem como de estudantes de outras instituições, sugere que o
trabalho é percebido pelos que dele participam como importante para sua
formação e sua vida.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em sua definição ampla, “Extensão Universitária é o processo educativo,


cultural e científico que articula o Ensino e a Pesquisa de forma indissociável e
viabiliza a relação transformadora entre Universidade e Sociedade” (BRASIL,
2001). Ao propor a dimensão da pesquisa metodológica constante como eixo
do trabalho e reconhecê-la como consequência inevitável da diversidade
cultural e vocal dos participantes do coro, a abordagem inclusiva constitui-se
como uma articulação possível entre canto coral e extensão universitária.
Naturalmente, as abordagens ditas “excludentes”, baseadas em teste de
aptidão e que constituem a metodologia de muitos grupos corais universitários,
também são Extensão. A pesquisa de repertório contemporâneo de concerto
realizado por tais grupos é valor cultural inexcedível, para citar um único
exemplo. Entretanto, parafraseando Andrade (2010), acreditamos que pode ser
suficiente responder positivamente a pergunta “Você quer cantar? ”, em vez de
“Você sabe cantar? ”.

Fig. 1: Aquecimento vocal conduzido por bolsista.

Fig. 2: O Coral UFCSPA em apresentação.


Referências:

ANDRADE, D. A Metodologia de Bartle para o Trabalho com Crianças


“Desafinadas” por Meio do Canto Coral: Uma Prática Inclusiva. Tecer, v. 7, n.
13, 2014.

ANDRADE, S. FONTOURA, D. CIELO, A. Inter-relações entre Fonoaudiologia


e Canto. Música Hodie, v. 7, n. 1, 2007.

BRASIL. Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas


Brasileiras e SESu/MEC. Plano Nacional de Extensão Universitária – versão
atualizada, Brasil - 2000/2001.

FEIDEN, F. Coral UFCSPA integra comunidade acadêmica e sociedade.


Comunicar, n. 60, p. 34, jan-mar. 2014.

PEREIRA, E. VASCONCELOS, M. O processo de socialização no canto coral:


um estudo sobre as dimensões pessoal, interpessoal e comunitária. Música
Hodie, v. 7, n. 1, 2007.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DE PORTO ALEGRE.
Projeto Político-pedagógico Institucional. Porto Alegre: UFCSPA, 2008.
EXTEN“ÃO E CIDADE: CAMINHO“ DE INTERAÇÃO, DE“ENVOLVIMENTO E VI“IBILIDADE“.

DOUTORES-PALHAÇOS - O USO DO RISO COMO INSTRUMENTO


TERAPÊUTICO

Área Temática: Cultura

Elizabeth de Carvalho Castro (Coordenador da Ação de Extensão) ¹


Anne-Rose Rezende Batista ²
Carolina Lara Rippel ³
Cecília Vieira Peruch4
Natália Fernandes Martins Ferreira5

Palavras-chave: Terapia do riso, criança hospitalizada, humanização


hospitalar e voluntariado.

Resumo: O Programa de Extensão Acadêmica “Doutores - Palhaços: O Uso do


Riso como Instrumento Terapêutico- tem como objetivo manter um grupo de
palhaços atuante dentro do ambiente hospitalar e desenvolver ações educativas
com as instituições parceiras. O intuito é melhorar o bem-estar do paciente
internado e da comunidade em geral. Contribuir para a humanização das
instituições parceiras, bem como dos acadêmicos envolvidos. Capacitar e
desenvolver o indivíduo para o cumprimento do trabalho voluntário e enriquecer
a comunidade acadêmica tanto pela melhoria da formação, quanto pela visão da
sociedade frente à integração da universidade com um novo programa social. O
público alvo são os pacientes e familiares atendidos por hospitais parceiros e
sua equipe de profissionais. A metodologia do programa consiste em visitas
semanais aos pacientes por voluntários caracterizados de doutores-palhaços

1 Professora Assistente e Coordenadora do Curso de Biomedicina Noturno da Universidade


Federal de Ciências de Saúde de Porto Alegre; coordenadora do programa “Doutores-Palhaços
- O Uso do Riso como Instrumento Terapêutico”. E-mail: ecastro@ufcspa.edu.br 2 Acadêmica
de Fisioterapia da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre e-mail:
anne_batista@hotmail.com; 3 Acadêmica de Nutrição da Universidade Federal de Ciências da
Saúde de Porto Alegre e-mail: carol.rippel27@gmail.com 4 Acadêmica de Fonoaudiologia da
Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre emailceciliavperuch@gmail.com 5
Acadêmica de Enfermagem da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre e-
mail: nataliafmferreira@gmail.com
EXTEN“ÃO E CIDADE: CAMINHO“ DE INTERAÇÃO, DE“ENVOLVIMENTO E VI“IBILIDADE“.

capacitados na arte do riso, levando atividades cômicas e lúdicas aos internados


e ao público em geral, visando à melhoria da qualidade de vida durante a
hospitalização. Espera-se permitir que a permanência no hospital tenha um
menor impacto sobre o paciente e seus responsáveis. O programa encontra-se
em fase de aprimoramento, com dois anos e seis meses de experiência,
atingindo cerca de 54.192 pacientes. Conta-se com uma equipe de 14 bolsistas,
os quais amadurecerem com a participação na coordenação, não só como
palhaços, mas também como pessoas e futuros profissionais.

Texto:

Contexto da ação:

A internação exerce um forte impacto negativo na rotina infantil. Atividades como


o convívio escolar e com outras crianças, relações familiares, lazer, banho,
alimentação e sono são prejudicadas pela nova rotina hospitalar e pela
debilidade na saúde do paciente. Mesmo os adultos, que em tese, possuem
mecanismos de enfrentamento mais amadurecidos que as crianças sofrem com
os estressores da internação (presença constante de luminosidade e ruídos dos
aparelhos, a falta de privacidade, alteração dos ciclos circadianos,
procedimentos invasivos, desconforto, solidão, entre outras), pois estes têm
responsabilidades perante a sociedade, tanto no âmbito familiar como
profissional. Deve-se ressaltar também na mudança da rotina familiar, visto que
os entes queridos sofrem com a internação do paciente gerada pelas
perspectivas negativas intrínsecas de uma enfermidade.

Diante da vivência estressante, torna-se essencial oferecer estratégias que


promovam uma melhor qualidade de vida durante a hospitalização. O humor é
uma modalidade terapêutica fácil, acessível e natural, que combinada com a
intervenção médica melhora a qualidade de vida do paciente. Alivia, mesmo que
temporariamente, as experiências estressantes que acometem a população
adulta e infantil. Portanto, é de grande serventia para o bem-estar dos pacientes
e familiares levar o humor neste momento de debilidade física e emocional.
Ressaltando que o riso é um evidente sintoma de saúde física e mental,
individual e coletiva (MENEZES, 1974). Além do humor, a conversa também
funciona como uma ótima modalidade terapêutica. Segundo Paulo Freire, o
diálogo não impõe, não maneja e não domestica. Através dele, cria-se uma
importante ferramenta de vínculo, fluxos, sentidos e informações necessárias
EXTEN“ÃO E CIDADE: CAMINHO“ DE INTERAÇÃO, DE“ENVOLVIMENTO E VI“IBILIDADE“.

que colaboram nas ações de promoção da saúde. Por isso, muitas vezes a
atuação do palhaço não se restringe ao humor, mas abrange também o diálogo,
uma interação mais intensa com os pacientes que aumenta a capacidade de
recuperação.

Segundo Lima (1995), a dramatização é uma via de comunicação altamente


eficaz com o público infantil, pois através dela consegue-se angariar sua simpatia
e confiança, preparando-os para enfrentar novas situações. Por meio dessa
técnica a criança pode conhecer detalhes da vida no hospital. A mesma vivencia
a função real do ambiente hospitalar como lugar de cura e não a visão fantasiosa
do hospital e das técnicas empregadas durante a assistência como um
“purgatório” onde a dor é associada aos profissionais ali presentes. Durante a
dramatização é possível que os profissionais da saúde observem se as
informações foram ou não assimiladas. Aspecto este que geralmente lhes
escapam, já que as crianças não manifestam, muitas vezes, espontânea e
abertamente o que estão pensando ou sentindo, tampouco respondem de
maneira satisfatória às perguntas diretas.

Em 1986, Michael Christensen, diretor do Big Apple Circus de Nova Iorque, foi
convidado para uma apresentação em comemoração ao Dia do Coração no
Columbia Presbyterian Babies Hospital. Optou por fazer uma sátira às rotinas
médicas e hospitalares mais conhecidas, realizando transfusão de milk-shake e
transplante de nariz vermelho entre outras utilizando técnicas do teatro Clown
(mistura de técnicas circenses e teatrais). A reação positiva do público encorajou
Michael a pedir permissão para visitar as crianças que não tinham sido capazes
de participar do evento, apresentando-se como o mais novo médico em um dos
quatro andares da pediatria do hospital. O resultado surpreendeu a todos:
crianças que se encontravam deprimidas e apáticas esforçavam-se ao máximo
para participar dos jogos propostos. Após outras visitas, o hospital decidiu
investir na continuidade do trabalho nascendo então a Clown Care Unit, o qual
originou diversas iniciativas semelhantes (DOUTORES, 1997).O presente
programa visa ser um recurso terapêutico no qual o doutor palhaço (DP) abre
canais diferenciados de comunicação. Constituindo, assim, uma via de acesso
que possibilita ao paciente exteriorizar seus medos, dores, angústias e
limitações. O intuito é melhorar o bem estar do paciente internado e da
comunidade em geral. Contribuir para a humanização das instituições parceiras,
bem como dos acadêmicos envolvidos. Capacitar e desenvolver o indivíduo para
o cumprimento do trabalho voluntário e enriquecer a comunidade acadêmica
EXTEN“ÃO E CIDADE: CAMINHO“ DE INTERAÇÃO, DE“ENVOLVIMENTO E VI“IBILIDADE“.

tanto pela melhoria da formação, quanto pela visão da sociedade frente à


integração da universidade com um novo programa social.

Detalhamento das atividades:

Os DPs são selecionados por meio de uma entrevista e presença em aula


explicativa do propósito da atuação e da demanda do curso. São capacitados
durante seis meses antes de adentrarem nos hospitais. Nesse tempo aprendem
a lidar com a aceitação e a rejeição, respeitando o medo e a aflição que o
enfermo e demais assistentes podem apresentar em relação à figura do palhaço.
Treinam como podem abordar os pacientes e contornar situações adversas.
Aprendem a maquiagem e a vestimenta adequadas para o ambiente hospitalar.
São ministradas aulas de biossegurança, artes cênicas, entre outros. Enquanto
estão nesse processo de criação do doutor palhaço, eles têm a oportunidade de
treinar o que é visto em aula e em programas de extensão da universidade a fim
de amadurecer o personagem e a atuação. Os DPs se valem de recursos que
abrangem alguns dos cinco sentidos: como a visão, por meio das cores vibrantes
que se destacam entre o branco do hospital e a audição, com músicas, histórias
e piadas. Neste exercício, os doutores-palhaços possuem abordagem mais
humanizada, pois diferente das tradicionais, enfocam a melhoria da autoestima
e da coragem do paciente para enfrentar sua doença. Após o processo de
aprendizagem, começam o trabalho voluntário nos hospitais parceiros ( Hospital
Materno Infantil Presidente Vargas- HIMPV- e Grupo Hospitalar Conceição-
GHC) semanalmente durante três horas, sendo a primeira visita acompanhada
pelos bolsistas. São realizados esquetes, atividades físicas e lúdicas, cômicas,
musicais, de acolhimento e inúmeras outras. As intervenções acontecem nos
andares dos hospitais, na sala de emergência e na sala de pré internação. Ainda,
por meio de capacitações continuadas, que acontecem quinzenalmente, os
voluntários discutem situações vivenciadas e aprimoram os seus DP com o
auxílio dos demais voluntários e professores. Além disso, os voluntários
participam de alguns eventos como, por exemplo, Casa de Acolhida e corrida
pela vida do Instituto do Câncer Infantil - parceiros do projeto.

O público alvo é constituído pelos pacientes, acompanhantes, equipe de saúde


e profissionais que trabalham nas instituições parceiras. Contribuímos para a
quebra da rotina dos profissionais e acompanhantes, que por vezes também são
afetados pela rotina hospitalar e pelo ambiente enfermo, causando uma melhoria
no humor através da "terapia do riso".

Análise e discussão:
EXTEN“ÃO E CIDADE: CAMINHO“ DE INTERAÇÃO, DE“ENVOLVIMENTO E VI“IBILIDADE“.

A terapia do riso por meio da atuação dos doutores-palhaços pode significar a


forma mais eficaz para diminuir o estresse. Sendo capaz de tornar o ambiente
hospitalar menos traumatizante e mais alegre, auxiliando no processo de
adaptação da criança à hospitalização. Uma vez que possibilita que sentimentos
como temores, frustração, ansiedade e raiva, oriundos, principalmente, da
doença e da internação, sejam expressos.

O programa encontra-se em fase de aprimoramento, tendo realizado dois anos


e seis meses de intervenção, atingindo cerca de 54.192 pacientes. Os números
estimados concretizam de maneira positiva o trabalho dos doutores palhaços na
internação do paciente. Resultados que foram obtidos em pesquisas anteriores,
como o do grupo Cia do Riso, da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da
Universidade de São Paulo. Nessa pesquisa, foi observado que a intervenção
do doutor palhaço valoriza o processo de recuperação e o desenvolvimento
infantil, pois abre espaço para a fantasia, o riso, a alegria e facilita a adaptação
ao cotidiano hospitalar. Funcionando como uma extensão do processo
terapêutico e que privilegia as necessidades afetivas, emocionais e culturais da
criança e de sua família, buscando um cuidado menos traumático (LIMA et al.,
2009).

O riso e o bom humor são importantes recursos de promoção da saúde. Atuam


no sistema imunológico, liberando serotonina que age como inibidor das vias da
dor na medula (GARCIA et al., 2009).

Segundo os próprios coordenadores dos hospitais atuantes, a participação dos


DP têm feito diferença na internação das crianças, no trabalho dos profissionais
e na estadia dos acompanhantes. Em alguns casos, a participação do DP tornou-
se fundamental para a recuperação do acamado, através de auxílio na
alimentação, amparo afetivo, entre outras situações que necessitem de atenção
especial.

Considerações finais:

Os benefícios promovidos pela terapia do riso não se limitam apenas aos


pacientes e acompanhantes, estendendo-se àqueles que se dispõe a praticá-la
– os doutores palhaços e os profissionais atuantes nas instituições parceiras.
Uma via de mão dupla se estabelece e aspectos positivos também são trazidos
para a vida do DP. Dessa forma, é possível a criação, a manutenção e o
aperfeiçoamento da relação estável entre a criança, a família, a equipe de saúde
e o DP.
EXTEN“ÃO E CIDADE: CAMINHO“ DE INTERAÇÃO, DE“ENVOLVIMENTO E VI“IBILIDADE“.

Para os bolsistas responsáveis, que são da área da saúde, a visão social se


modifica. O contato com as crianças, acompanhantes e profissionais permitem
que o bolsista em sua vida profissional tenha um atendimento humanizado e
integral com o seu paciente. A inserção em questões administrativas, reuniões
com instituições parceiras e com a pró reitoria da universidade possibilita que
desenvolva postura e comunicação adequada nas diversas situações. O trabalho
em grupo respeitando as limitações e potencialidades de cada um, bem como o
manejo e resolução de diversas situações e o exercício de liderança refletem na
vida acadêmica do futuro profissional da saúde. Portanto, o trabalho voluntário
do doutor palhaço e o papel de bolsista possibilitam crescimento pessoal e
profissional necessários e fundamentais.

Referencias:

DOUTORES da alegria: música e pirueta nas enfermarias infantis. Diálogo


Médico, v.12, n.1, p.10-12, 1997.

GARCIA, D. T. R.; SILVA, J. G. et al. A influência da terapia do riso no tratamento


do paciente pediátrico, São José dos Campos, SP, Universidade do Vale do
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LIMA, R.A.G. A enfermagem na assistência à criança com câncer. Goiânia: AB,


1995. 109p.

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arte do teatro clown no cuidado às crianças hospitalizadas, Rev Esc USP, 2009;
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MENEZES, E. D. B. O riso, o cômico e o lúdico. Revista de Cultura, v.68, n.1,


p.5-15, 1974.

MATRACA, Marcus Vinicius Campos; WIMMER, Gert e ARAUJO-JORGE,


Tania Cremonini de. Dialogia do riso: um novo conceito que introduz alegria
para a promoção da saúde apoiando-se no diálogo, no riso, na alegria e na
arte da palhaçaria. Ciênc. saúde coletiva [online]. 2011, vol.16, n.10, pp. 4127-
4138. ISSN 1413-8123.

Freire P. Pedagogia do Oprimido. 17 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra; 1987.


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Care; Fátima Lucchesi*; Paula Costa Mosca Macedo**; Mario Alfredo De Marco;
Universidade Federal de São Paulo Rev. SBPH v.11 n.1 Rio de Janeiro jun. 2008
EXTEN“ÃO E CIDADE: CAMINHO“ DE INTERAÇÃO, DE“ENVOLVIMENTO E VI“IBILIDADE“.

MISCELÂNEA CULTURAL: A UNIVERSIDADE INTEGRADA A


COMUNIDADE

Área Temática: CULTURA

Claudia Giuliano Bica¹(Coordenador da Ação de Extensão)

Francyelle Oliveira²

Palavras-chave: Cultura, Folclore, Universidade, Comunidade.

Resumo: A integração da universidade a comunidade é um fator imprescindível


na ação extensionista. O bom relacionamento com a comunidade, cria laços de
confiança e assim permite a inserção de ideias que favorecem a troca de saberes
de ambos grupos e possibilita a formação de um profissional aproximado da
realidade e a contribui para o desenvolvimento social comunitário. A arte e
cultura são características sociais que devem ser valorizadas e respeitadas
dentro de sua diversidade. A miscelânea cultural propõe a troca e integralização
da arte e cultura entre os indivíduos favorecendo o fortalecimento não apenas
histórico, mas também a difusão cultural agregando assim valores que contribui
no desenvolvimento da comunidade. A atividade tem com publico alvo a
comunidade em geral e oi realizada na praça central da cidade atraindo em torno
de 400 participantes. Realizou-se a confecção de artefatos culturais e
encenações tradicionais agrupando diferentes indivíduos e grupos artísticos e
folclóricos, denominando - se miscelânea cultural. Houve a união de diferentes
grupos artísticos e trocas culturais significativa com a comunidade que
respondeu positivamente a proposta. Concluiu-se que a oficina tem impacto
favorável na comunidade e na universidade contribuindo com a formação
acadêmica e social.

Texto:

A miscelânea cultural é uma oficina que visa a valorização da arte e diversidade


folclórica, proporcionando a troca de cultura entre a comunidade e a
universidade. Esta atividade foi realizada no ano de 2013 na cidade de
Japaratuba no estado de Sergipe. Tendo como público alvo a comunidade em
geral e a média de 400 participantes. A oficina possuiu três momentos que
favoreceram a integração dos participantes. Na primeira fase temos a confecção
de cabacinhas, artefato comumente utilizado para celebrar a festa de santos Reis
¹ Doutorado, Bióloga. Departamento de Ciências Básicas da Saúde (DCBS), Universidade
Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA); claudia@ufcspa.edu.br
²Graduanda, campus central, UFCSPA.Biomedicina
EXTEN“ÃO E CIDADE: CAMINHO“ DE INTERAÇÃO, DE“ENVOLVIMENTO E VI“IBILIDADE“.

e São Benedito. As cabacinhas de acordo com o histórico cultural também eram


conhecidas como limões de cheiro,eram confeccionadas com parafina e
perfume para que ao se jogar em outra pessoa quebre e exale o cheiro, sendo
utilizada primeiramente pelas moças com intuito de atração para um futuro
pretendente, porem com o passar do tempo foi readaptada e aderida por adultos
e crianças causando a alvoroço e divertimento com a água contida no recipiente,
alegrando jovens e adultos, tornando-se uma brincadeira denominada guerra
das cabacinhas. Reuniu-se grupos na praça central da cidade e com o auxilio de
crianças e outros moradores confeccionou-se e guardou-se o material. Ao
prosseguir com a oficina passou-se a segunda fase de integração cultural,
elegendo-se então um membro da comunidade para ser o Rei da festa e uma
Rondonista, dos quais participaram a caráter realizando um desfile na praça
acompanhados do Maracatu grupo responsável por fazer o cortejo aos Reis e
foram homenageados pela população presente conforme a tradição. Ao término
do cortejo as cabacinhas foram usadas por todos a fim de alegrar a todos os
participantes da festa. Após esta segunda fase, reuniu-se diversos grupos
folclóricos da cidade para se apresentar na praça central entre eles: maracatu,
reisado da mãe rainha, reisado de são Jose, capoeira, “maculelê”, samba de
roda. Todos os grupos fizeram sua concentração no clube social da cidade as
17hs e após partiram para a praça da matriz, na qual realizou-se homenagens
as autoridades presentes, e os rondonistas apresentaram uma dança típica da
sua cultura, e para fortalecer a ideia de troca, convidou-se os participantes a
aprenderem como se dança formando-se um baile em plena praça. Ao termino
da oficina entregou-se camisetas da universidade e do projeto aos cidadãos que
auxiliaram e contribuíram para o desenvolvimento das atividades a longo do
período no município.

A oficina proporcionou a troca de experiência cultural não apenas entre


os visitantes do município, mas também entre os próprios moradores da cidade
presentes, pois além de atingir um numero significativo de participantes também
se tornou atrativa para todas as faixas etárias, aproximou camadas sociais
reduzindo as desigualdades sociais, uma vez que esta atividade foi realizada em
local central comum a todos aberta ao publico em geral, fortaleceu entre as
crianças e adultos a cultura local. Contribui para o fortalecimento de
organizações populares e socioeconômicas da cidade. Permitiu a diversidade
cultural agregando a participação de grupos não apenas folclóricos, mas
igualmente importantes socialmente agregou diferentes indivíduos a festa.
Valorizou o respeito cultural e a possibilidade de formação profissional cidadã. A
comunidade mostrou-se receptiva e recíproca as ideias propostas e foi possível

¹ Doutorado, Bióloga. Departamento de Ciências Básicas da Saúde (DCBS), Universidade


Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA); claudia@ufcspa.edu.br
²Graduanda, campus central, UFCSPA.Biomedicina
EXTEN“ÃO E CIDADE: CAMINHO“ DE INTERAÇÃO, DE“ENVOLVIMENTO E VI“IBILIDADE“.

alcançar o objetivo de trocas culturais a fim de integralizar a universidade e a


comunidade, valorizando a diversidade folclórica e cultural.

¹ Doutorado, Bióloga. Departamento de Ciências Básicas da Saúde (DCBS), Universidade


Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA); claudia@ufcspa.edu.br
²Graduanda, campus central, UFCSPA.Biomedicina
EXTEN“ÃO E CIDADE: CAMINHO“ DE INTERAÇÃO, DE“ENVOLVIMENTO E VI“IBILIDADE“.

AGRADECIMENTOS

Agradeço a presença e contribuição dos rondonistas colaboradores do


projeto, Daniela Tietzmann, Carina de Brito, Carolina Pereira, Thiagos Bastos,
Tierre Aguiar,Cesar Lima, Ernani Bohrer e demais participantes.

¹ Doutorado, Bióloga. Departamento de Ciências Básicas da Saúde (DCBS), Universidade


Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA); claudia@ufcspa.edu.br
²Graduanda, campus central, UFCSPA.Biomedicina
“EXTENSÃO E CIDADE: CAMINHOS DE INTERAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E VISIBILIDADES.
MEMÓRIA HISTÓRICO-GEOGRÁFICA DO PLANALTO E OESTE DE SANTA
CATARINA: IMAGENS E ORALIDADES – REFLEXÕES DE SEU PRIMEIRO ANO
DE ATIVIDADES

Área Temática: Cultura

Marlon Brandt(Coordenador da Ação de Extensão)


Marlon Brandt1
Melânia Olmira Höhn2
Maria Neusa Castaman3
Cristiane Danieli Deimling4

Palavras-chave: memória, imagens, colonização.

Resumo

O texto traz algumas reflexões e resultados do primeiro ano de atividades do projeto


de extensão intitulado “Memória histórico-geográfica do Planalto e Oeste de Santa
Catarina: imagens e oralidades”, inciado no ano de 2014. O projeto tem por objetivo
colaborar com a preservação da memória oral e visual das práticas espaciais dos di-
versos grupos étnicos que habitaram e habitam o Planalto e o Oeste Catarinense.
Buscou-se, ao elaborar um acervo fotográfico e de memória oral da região, contribuir
para uma reflexão histórico-geográfica sobre a diversidade das expressões culturais
da população do Planalto e Oeste Catarinense.

Texto:

O projeto de extensão tem por objetivo colaborar com a preservação da me-


mória oral e visual das práticas espaciais dos diversos grupos étnicos que habitaram
e habitam o Planalto e o Oeste Catarinense. Registrar essas memórias visuais e
orais torna possível preservar e reconstruir espaços que representam a história e a
geografia onde estes moradores circulavam e contruíam laços afetivos e efetivos
com o lugar onde viviam.
1 Coordenador do Projeto. Prof. Dr. do curso de Geografia – Licenciatura, da Universidade Federal da
Fronteira Sul campus Chapecó. Endereço eletrônico: marlon.brandt@uffs.edu.br.
2 Aluna voluntária. Graduanda do curso de Geografia – Licenciatura, da Universidade Federal da
Fronteira Sul campus Chapecó. Endereço eletrônico: melaniahohn@gmail.com.
3 Aluna voluntária. Licenciada em Geografia pela Universidade Federal da Fronteira Sul campus Cha -
pecó, marycastaman@yahoo.com.br
4 Aluna voluntária. Licenciada em Geografia pela Universidade Federal da Fronteira Sul campus Cha-
pecó, crisdeimling@gmail.com
“EXTENSÃO E CIDADE: CAMINHOS DE INTERAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E VISIBILIDADES.
Assim, esse projeto apóia-se nas ideias de autores como Maurício de Almeida
Abreu (1997, p. 240), para quem, ao se analisar o espaço geográfico, não basta
apenas “desvendar as suas múltiplas dimensões atuais. Há de se investigar também
o processo histórico que lhe deu origem”. Apoiando-se nas ideias de Chris Philo
(1996, p. 270-274), para quem, “a complexa geografia do mundo está estreitamente
ligada com o que acontece em sua história”, procura-se evidenciar nesse projeto, ao
promover o registro das memórias histórico-geográficas através da oralidade e das
imagens, registrar não apenas os fenômenos de materialidade óbvia, mas também
os fenômenos de natureza “imaterial” na pesquisa geográfica, levando em conside -
ração “todo um conjunto de acontecimentos passageiros (guerras, fomes), entidades
abstratas [como as representações sociais, os costumes, a religiosidade] e estrutu-
ras mais profundas”. Longe se restringir a conservação e elaboração de meras des-
crições de formas ou paisagens no passado, o que se procura é fornecer subsídios
para compreender, nas palavras de Paul Claval (2004, p. 71), “as relações comple-
xas que se estabelecem entre os indivíduos e os grupos, o ambiente que eles trans -
formam, as identidades que ali nascem ou se desenvolvem”.
Sobre a importância do registro e preservação de fontes históricas recentes,
como no caso de imagens e da documentação oral, autores como Danièle Voldman
(2005, p. 33) ressaltam que a proximidade temporal que possuem os pesquisadores
do século XX e início do XXI faz com que estes se deparem com uma abundância e
multiplicidade de fontes, o que lhes possibilitam certas “facilidades documentais que
não raro causam inveja aos analistas de períodos anteriores”. Na região alvo desse
projeto de extensão, essas documentações podem ser obtidas sob diversos meios,
dentre eles a fotografia e a história oral.
No caso das imagens, estas, em sua maioria, foram produzidas pelos descen-
dentes de imigrantes europeus que passaram a ocupar a região no século XX. Mui-
tas destas imagens ilustram bem o ideal de modernização dos quais eram imbuídos
os colonos e muitos dos pequenos industriais da região. Rute Coelho Zendron
(2002, p. 87) atenta, neste caso, para um fator importante da imagem fotográfica: a
sua construção. Nesta, o fotógrafo, ou quem possui a intenção de produzir a ima-
gem, “está fazendo uma escolha, portanto, a fotografia não é apenas ‘a emanação
do referente’, mas a emanação de um referente previamente escolhido, enquadrado,
focalizado”. Assim estas fotografias podem ser úteis, se trabalhadas não somente
como mera ilustração, mas como uma fonte para avaliar a dinâmica sócio-espacial
da região.
Apesar da importância que a documentação escrita e visual possuem na pes-
quisa de cunho histórico e geográfico, estas possuem alguns limites, como apontam
autores como Raphael Samuel (1990, p. 224). O autor cita alguns exemplos destas
limitações como no caso da documentação sobre a terra:
documentos de grandes propriedades podem ter muitas informações [...]
embora tenham pouco ou nada a dizer sobre atividades agropecuárias; es-
crituras, apesar de todos os seus detalhes, podem dizer-nos muito pouco
sobre o seu aproveitamento – o modo como os prédios e fazendas eram
usados.
“EXTENSÃO E CIDADE: CAMINHOS DE INTERAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E VISIBILIDADES.
Limitações que fazem com que as fontes orais assumam vital importância
para a compreensão histórica e geográfica da região. Revisitando as memórias e ex-
periências daqueles “cuja existência é tão freqüentemente ignorada, tacitamente
aceita ou mencionada apenas de passagem” (SHARPE, 1992, p. 41), é possível
buscar os silêncios produzidos pelas produções “oficiais” e incorporá-las, aos estu -
dos, tornando-se assim possível um novo olhar sobre a organização e as práticas
sócio-espaciais dos habitantes da região. O recurso a fonte oral também possibilita,
como aponta Jorge Lozano (2001, p. 16), “obter e desenvolver conhecimentos novos
e fundamentar análises históricas com base na criação de fontes inéditas ou novas”.
Afirmação corroborada por Robert Frank (1999, p. 110), para quem estas fontes são
“insubstituíveis, não apenas para cobrir lacunas, mas também para apreender todo
um sistema de informações”, ainda mais ao se analisar conhecimentos e técnicas
tradicionais, muitas delas compartilhadas apenas pela oralidade.
Tendo por base essas ideias da importância das imagens e da memória para
a produção do conhecimento, é que projeto visa, a partir da preservação da memória
e das fontes visuais, proporcionar uma reflexão histórico-geográfica sobre a diversi -
dade das expressões culturais da população do Planalto e Oeste Catarinense. As-
sim o projeto busca formar, a partir de depoimentos e imagens, um acervo fotográfi-
co e de memória oral da região, disponibilizando a outros pesquisadores, alunos,
professores e a comunidade geral, o acesso a esses materiais 5.
No seu primeiro ano de atividades, o projeto, que envolveu quatro alunos de
graduação, centrou-se em duas temáticas: a continuidade de práticas culturais cabo-
clas na paisagem do espaço rural do Vale do Rio Uruguai e a colonização e peque-
na produção mercantil no município de São Carlos.
Ocupado historicamente por diversos grupos indígenas, o planalto de Santa
Catarina e Oeste passaram a ser ocupados, a partir do século XVIII, com a abertu-
ra dos primeiros caminhos de tropas ligando o Rio Grande do Sul ao Sudeste por
imensas fazendas de criação nas áreas de Campos. Nesse contexto, a florestas re-
presentavam um espaço marginal para a economia predominante, impedindo a mai-
or extensão dos campos e, portanto, de pasto para o gado. No entanto, essa mesma
floresta, de pouco interesse para o pecuarista, foi uma das responsáveis pela interio-
rização do povoamento a partir do final da primeira metade do século XIX. Como
agentes dessa interiorização rumo à floresta, encontravam-se ex-escravos, negros li-
bertos, foragidos da justiça, ex-agregados, peões e fazendeiros, partindo principal-
mente das fazendas pastoris dos Campos. Ao se instalar nas novas terras, esses
moradores, conhecidos como “caboclos”6 poderiam viver da coleta da erva-mate, da
5 Os materiais, ainda em fase de catalogação e transcrição, serão disponibilizados online a partir da
criação de um website do projeto. No momento, a documentação pode ser obtida a partir do contato,
via e-mail, com o coordenador do projeto.
6 Nesse texto trabalho utilizamos a definição de população cabocla adotada por Paulo Pinheiro Ma-
chado (2004, p. 48), que os descreve como “[...] os habitantes do planalto, ou seja, o habitante pobre
do meio rural”. Embora, conforme o autor, “não haja uma conotação étnica nesta palavra, frequente-
mente o caboclo era mestiço, muitas vezes negro”. Mas a principal característica desse conceito é
que denota uma condição social e cultural, sendo os caboclos homens pobres que se dedicavam
a agricultura, criação ou extrativismo, vivendo como sitiantes independentes nos interstícios das gran-
des fazendas pastoris, na maioria das vezes sendo posseiros, ou agregados ou peões.
“EXTENSÃO E CIDADE: CAMINHOS DE INTERAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E VISIBILIDADES.
criação de animais à solta, compartilhando o espaço em comum com moradores vi-
zinhos e a agricultura, onde plantavam, em um mesmo espaço, o milho, consorciado
ao feijão, abóboras e melancias (BRANDT E NODARI, 2011).
A colonização desse espaço por imigrantes e migrantes de origem alemã e
italiana provenientes, em sua maioria, dos núcleos coloniais do Rio Grande do Sul e
significou um momento de ruptura para essa população, transformando a paisagem
através da inserção de atividades sócio-econômicas externas, baseadas na agricul-
tura voltada ao comércio e a exploração madeireira (BRANDT E NODARI, 2011).
Boa parte desses antigos moradores, agora destituidos de suas terras, passaram a
viver de forma marginalizada em áreas de pouco valor econômico, localizadas, em
sua maioria, nas encostas de rios e em locais de difícil acesso.
Porém ainda persistem elementos da cultura cabocla e suas práticas sócio-
espaciais na paisagem e memória de moradores de origem cabocla da região. Fo-
ram realizadas visitas a duas localidades do município de Chapecó para a realização
de entrevistas e obtenção de imagens. Algumas dessas entrevistas, por exemplo, fo-
ram realizadas na comunidade de Linha Nossa Senhora de Lurdes. Esta comunida-
de é formada por caboclos, onde a principal atividade econômica das famílias ba-
seia-se na agricultura de subsistência. Ressalta-se que os entrevistados antes de
ocupar essas terras foram atingidos pelaconstrução da UHE Foz do Chapecó, sendo
então transferidos para este local. As entrevistas vem acompanhadas de imagens
obtidas durante as visitas, como pode ser visto através do exemplo da Figura 1,
onde se destaca a agricultura praticada pela população, combinando diversas cultu-
ras em um mesmo espaço:

Figura 1:Elementos da cultura cabocla na paisagem rural de Chapecó.


Fonte: Projeto de Extensão Memória histórico-geográfica do Planalto e Oeste de
Santa Catarina: imagens e oralidades. Autora: Melânia Olmira Höhn.

Em São Carlos, os moradores partilharam suas experiências pessoais do pe-


ríodo de 1930 até o ano de 1970, através de relatos e imagens. Buscou-se registrar,
através de depoimentos e imagens, o surgimento da pequena produção mercantil de
carnes no município a partir de sua colonização que se inicia na década de 1930. No
catarinense, com o inicio da colonização na década de 1920, instalaram-se, nos
“EXTENSÃO E CIDADE: CAMINHOS DE INTERAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E VISIBILIDADES.
nascentes quadros urbanos que se formavam, diversos artesãos, comerciantes,
padeiros, sapateiros e fabricantes de banha e embutidos, cuja produção visava so-
bretudo o atendimento do mercado local, dentre eles alguns comerciantes que atua-
vam na compra e venda dessa produção. Estes se dedicavam à atividade de inter-
médio entre a pequena produção mercantil e a venda para outros centros urbanos,
sobretudo as grande cidades do Sul e Sudeste (DEIMLING E BRANDT, 2014). Algu-
mas dessas atividades, como o transporte de animais para a comercialização, po-
dem ser observados na imagem da Figura 2:

Figura 2: Propriedade e caminhões de transporte de animais, pertencentes à família


Hoss de São Carlos. Meados da década de 1960.
Fonte: Acervo pessoal Atílio Hoss.

As fotografias coletadas fazem parte do acervo pessoal de cada um dos en-


trevistados que retratam a experiência de vida do período de colonização, tendo re-
lação direta com a família de cada um dos entrevistados, onde foram registrados seu
cotidiano e trabalho, relacionadas, por exemplo, à agricultura e criação de animais,
as técnicas agrícolas e as atividades comerciais.
A realização dessas atividades demonstraram a importância da preservação
da memória dos moradores da região. Muitos dos seus conjuntos de práticas espaci-
ais, técnicas e costumes no que cabe a práticas sociais e usos da terra paulatina-
mente vem desaparecendo dos espaços rurais e urbanos do Oeste e Planalto, so-
bretudo a partir da modernização agrícola e do crescimento da urbanização da regi-
ão. O projeto também apontou a necessidade de se investigar a memória da popula-
ção dentro dos espaços urbanos da região, sobretudo através do intenso e seletivo
processo de urbanização da região que atinge sobretudo cidades médias como
Chapecó nas últimas três décadas. Analisar a memória e a percepção de antigos
moradores da área rural, bem como o processo de inserção dessas populações no
espaço urbano surgem, juntamente com a intensificação da segregação espacial na
cidade, como um tema instigante para a continuidade do projeto. Trazer à tona a
memória desses antigos moradores e suas práticas sócio-espaciais significa tam-
bém a valorização desses sujeitos na construção da história e geografia da região.
“EXTENSÃO E CIDADE: CAMINHOS DE INTERAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E VISIBILIDADES.
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