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Espiritualidade racional sem superstições e preconceitos

INTRODUÇÃO

O conhecimento da espiritualidade, de forma racional, sem superstições e sem


preconceitos de qualquer espécie, é, para mim, o bem mais importante da vida. O
objectivo deste texto é, em primeiro lugar, a expressão da minha gratidão a Deus e a
todos aqueles que contribuíram para que esse conhecimento fundamental me chegasse, e,
em segundo lugar, é a minha obrigação. Seria egoísmo possuir algo tão precioso e não o
partilhar com quem o procura, como eu tenho procurado ao longo da minha vida.

Este conhecimento não é nenhum segredo, bem pelo contrário. Basta ter Internet
para o encontrar. E não é preciso gastar dinheiro, nem submeter-se a outras pessoas,
incluindo lideres espirituais, sacerdotes, gurus, etc., nem é preciso realizar rituais, sejam
eles de que espécie forem. É, antes de mais, um processo de auto-conhecimento e auto-
aperfeiçoamento e não superstição nem irracionalidade.

Em “bibliografia” pode ver as fontes consultadas e estudadas e alguns sites mais


próximos daquilo em que acredito, que me serviram de base. A minha intenção é fornecer
informação e pistas para que o leitor que ainda não se dedicou ao estudo, possa encontrar
uma nova perspectiva para a espiritualidade. O julgamento sobre a utilidade e a
viabilidade dessa perspectiva cabe ao leitor.

Para que o conhecimento espiritual seja útil não basta memorizar a informação. É
necessário que o individuo a aceite para si e a interiorize. A aceitação deve ser
simultaneamente da razão (entender) e do coração (sentir). Primeiro é preciso estudar o
assunto, sem preconceitos, e, depois, então, temos bases para aceitar ou para rejeitar a
visão da vida que nos é proposta.

O facto de as pessoas aceitarem ou rejeitarem a espiritualidade ou não terem uma


visão da vida parecida com a minha, não me preocupa, pois isso não está nas minhas
mãos e não é da minha responsabilidade. Aqui cabe-me apenas passar a informação que
julgo válida. Se ela servir para chamar a atenção de uma única pessoa que seja, para que
essa pessoa inicie a sua própria busca espiritual, já ficarei muito satisfeito.

Felizmente, cada pessoa é livre de pensar, aceitar ou rejeitar o que bem entender.
Se ninguém quiser saber das minhas palavras para nada, é porque o texto foi mal escrito
ou simplesmente porque as crenças e o sentir das pessoas é demasiado diferente da
minha forma de ver o mundo. Dai não vem mal nenhum. Terá sido apenas um esforço
inglório.

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Espiritualidade racional sem superstições e preconceitos

PORQUÊ ESPIRITUALIDADE?

Conhecimento espiritual não é uma fórmula para ter sucesso material aqui na terra.
É a resposta às velhas questões essenciais: quem sou? O que faço aqui? De onde venho?
Para onde vou?, etc. A sobrevivência material é imprescindível, no nosso
estado actual, mas esse problema resolve-se através do trabalho. Eu não
vendo promessas, e ninguém faz milagres. Tudo está sujeito às leis da
natureza. Mesmo aquilo que a ciência ainda não consegue explicar, são,
simplesmente, fenómenos naturais desconhecidos.

O preconceito é uma forte limitação ao progresso, como nos mostra a


história da humanidade terrestre. Os preconceitos tanto podem vir do lado das
instituições religiosas, como do lado dos que se dizem ateus. Os primeiros querem
convencer-nos de que a sua intercepção é imprescindível para evoluirmos
espiritualmente, os segundos estão convencidos e/ou querem convencer-nos que, acima
do homem, nada mais pode existir.

A força de vontade é fundamental para encetar o processo interior de mudança,


mas, em meu entender, o caminho é um ciclo continuo:

sentir → querer → entender → interiorizar → mudar

A ideia que nos pode bloquear é a ideia de que a natureza espiritual do homem não
se pode mudar. Pelo contrário, a mudança para melhor é uma lei da natureza
incontornável, no que diz respeito às leis espirituais, como veremos adiante.

A felicidade, a meu ver, está muito ligada ao facto de agirmos tal como somos,
independentemente de juízos morais.

Aquele que age como um bruto, se é realmente um bruto, sente-se feliz assim,
porque é essa a sua natureza. Se ele não é assim, enquanto assim agir, não se pode sentir
feliz.

Todos nós passamos pela fase da brutidade, na infância espiritual. Mas se


já não estamos na infância espiritual, sentimo-nos forçosamente culpados e
inquietos, ainda que, por vezes possamos não o admitir a nós mesmos.

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Espiritualidade racional sem superstições e preconceitos

Aquele que nos parece ter um comportamento moralmente irrepreensível, pode ser
de boa natureza, ou ter apenas um verniz de bondade, que estala com facilidade quando
os seus interesses forem colocados à prova.

Quem simula um comportamento moral exemplar, sem o sentir no coração, não só


não é feliz, como, submetido a condições que o ponham à prova, rapidamente deixa
estalar o verniz e mostra quem realmente é.

É preciso também desmistificar que a boa prática moral não deve ser concretizada
por medo de julgamentos divinos. Se a intenção se resumir a isso, assim que as pessoas
são confrontadas com algo que afronta os seus interesses mais fortes e profundos,
dificilmente manterão a sua coerência e acabarão por violar as regras da boa moral e da
boa ética, pelo menos em ocasiões mais criticas.

Os julgamentos a que estamos submetidos, de um ponto de


vista espiritual, são sempre auto-julgamentos e não
julgamentos divinos. Depois de compreendermos que os nossos
defeitos, que temos dificuldade de confessar até a nós próprios, são
os verdadeiros motivos das nossas subjugações e o impedimento de
progredirmos mais rapidamente, ou seja, que são os nossos maiores
algozes e que castram a nossa liberdade de agir mais de acordo com o que está escrito no
nosso coração, digamos assim.

MAS O QUE É ISSO DE ESPIRITUALIDADE?


A ESPIRITUALIDADE PODE SER RACIONAL?

Para dar sentido às minhas palavras, necessito de explicar qual é o meu modelo
teórico em relação à espiritualidade. Vamos a isso (sem preconceitos, de preferência)!

O universo é composto pelos seguintes elementos:

– Deus, ou seja a Inteligência Suprema, Causa Primeira primeira de todas as


coisas;
– A matéria, que todos sabemos mais ou menos o que é;
– Os espíritos, que são de uma natureza distinta da matéria;
– Um elemento intermédio entre o espírito e a matéria, através do qual os
espíritos agem sobre a mesma;

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O homem não é uma máquina biológica. Dizer isso, a meu ver, é confundir o corpo
de carne, que é um acessório, com o ser essencial.

O homem é um espírito individual, independente, não material, associado


provisoriamente a um corpo de carne. O que é acessório e provisório é o corpo e não o
espírito. A inteligência é do espírito e não do corpo. Para além deste corpo físico, já fomos
associados, no passado, a muitos outros corpos, que entretanto foram falindo, tal como
acontecerá com este, a que nos encontramos associados actualmente. E, com grande
probabilidade, voltaremos a encarnar muitas vezes, enquanto for necessário. Senão na
Terra, noutros mundos, pois a terra não é o único planeta habitado. E podem existir mais
universos, não vejo porque não, mas não tenho dados sobre isso. A nossa vida é só uma,
a vida do espírito, as circunstâncias em que estamos é que diverge.

Sendo Deus a Inteligência Suprema,


sendo Ele poderoso ao ponto de criar o
universo, imaginar que o Criador sequer
se ofende, não me parece fazer sentido
algum. Isso corresponde a levar à letra
ensinamentos antigos, olhados de uma
perspectiva limitada. Ao pensar assim, o
homem caracteriza Deus à imagem do
homem. Se até entre grande parte dos
homens seria impensável julgar e
condenar de forma definitiva ou demasiado dura a criança que fez um pequenos disparate
porque não compreende mais, Porque iria Deus ofender-se connosco, pobres espíritos da
terra? Se Ele não quisesse que pudéssemos ter aqui a liberdade de fazer o bem ou o
mal, quem teria poder para fugir às suas ordens?

Tudo o que acontece, resulta das leis que Deus estipulou, ao criar o universo. O que
consideramos mal, não é uma obra de entidades que escapam ao controle de Deus, ao
contrário do que dizem as religiões tradicionais, que inventaram a personagem do Diabo.

Para compreender isso, temos de ter uma visão que


extravase os estreitos limites a que estamos submetidos nesta
encarnação. Temos de olhar para a nossa vida de espírito imortal
e compreender que as razões que nos levam a estar aqui na
terra, planeta precário, que nos submete a sofrimentos (mas não
só a sofrimentos!), estão muito para além dos horizontes da
matéria.

Depois de desencarnar, os espíritos ganham a capacidade


de olhar a vida passada em retrospectiva. E compreendem aquilo
que fizeram contra o seu próprio interesse, que nada tem a haver

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com os interesses materiais da terra. Agora já não mais necessita de alimentar e proteger
o corpo de carne e estão mais livres para a usar a inteligência para outros fins, alcançando
mais longe e compreendo melhor a futilidade que deixaram na terra. Que importa o tempo
de uma reencarnação? Não é mais do que um pequeno instante na eternidade. É a
felicidade eterna que interessa conquistar. E isso depende do nosso esforço
pessoal e não de favores divinos. A vida eterna está garantida à partida.

Até aqui na terra compreendemos que vale a pena fazer sacrifícios para obter um
bem maior no futuro. Aquele que não sabe aproveitar a vida, no sentido do seu próprio
interesse, de um ponto de vista espiritual, é como o homem imprudente, que só vê o
momento presente, e que não pode esperar o bem futuro, se não trabalhou e se
disciplinou para isso.

ESPIRITUALIDADE E CIÊNCIA, SÃO INCOMPATIVEIS?

Em meu entender a ciência é um conhecimento válido, embora não definitivo.


Como nos demonstra a história da humanidade, as teorias cientificas evoluem e, mesmo
em ciência, não há certezas absolutas. Os mesmos factos podem vir a ser interpretados,
no futuro, de outras formas, com base em novas tecnologias e novas perspectivas de
abordagem da realidade. Assim acontece também com o conhecimento espiritual, vai
evoluindo com a humanidade.

Parece-me evidente que a ciência nem confirma nem desmente aquilo em que
acredito. Independentemente daquilo que cada cientista, a titulo individual,
acredita ou sabe sobre o assunto, enquanto representante sério e
honesto da ciência, tanto para confirmar como para desmentir,
precisa de provas. Para ter provas é preciso estudar o assunto a fundo. Por
enquanto há muito poucos investidores, públicos ou privados, interessados
nisso. Mesmo assim há investigações sérias realizadas nessa área, por
investigadores de ciência, universidades e empresas, que vão avançando
timidamente (ver bibliografia). Todavia ainda não foi o suficiente para convencer a
comunidade cientifica mundial e os investidores a apostar a fundo nesta área, canalizando
para o efeito todos os meios humanos e materiais necessários.

A ciência não diz que Deus existe, mas as teorias em vigor, na


actualidade, defendem que o universo foi criado, ou seja, que não
existe desde sempre. Até calculam que a idade do universo esteja
entre 10 000 e 20 000 milhões de anos. Mais milhar de milhão, menos
milhar de milhão, pouco interessa, mas a ideia de que o universo foi
criado é muito actual e aceite pela maioria dos investigadores, das

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universidades e centros de investigação a nível mundial. A razão pela qual o universo


existe a ciência não conhece.

As ideias que adoptei, no âmbito da espiritualidade, tal como a ciência, incluem


também a crença de que o universo foi criado. Analisando racionalmente a questão, não
me parece lógico crer que, de nada, possa sair alguma coisa, muito menos algo tão
complexo como a parte deste universo que nos é dado conhecer.

Pensar que, de nada, se criou este universo, é mais conversa de


ilusionista do que de cientista. Por outro lado, pensar que o universo existe
de sempre, e não foi criado, é legitimo, mas não é uma posição
coincidente com a da ciência actual.

Parece-me mais plausível pensar que existe uma Causa Primeira


para a criação, a que chamo Deus, que me transcende completamente e
que estou longe de compreender ou conhecer, mas a quem tudo devo. Sem Ele nem
sequer estaria aqui a escrever isto, porque eu nem sequer não existiria. O orgulho de
muitos homens leva-os a pensar que acima deles nada pode existir.

Uma vez criado o universo, ficaram determinadas pelo Criador as leis que regem o
mesmo, muitas das quais a ciência convencional vai descobrindo progressivamente, no
que diz respeito à matéria.

Como não admitem a existência de Deus, muitos imaginam que o


universo é o resultado de combinações fortuitas da matéria. Ou seja, em meu
entender, tomam a consequência pela causa (só estão a ver uma parte do
filme...). Mas reconhecem a inteligência humana em obras completamente
insignificantes, se comparadas com a complexidade do universo material que a
ciência lhes mostra...

Tal como a teoria cientifica da geração espontânea da vida sofreu um golpe fatal,
quando, ainda no séc. XIX, Pasteur demonstrou experimentalmente que a vida não foi
nem é gerada espontaneamente, estou convicto de que as teorias de geração espontânea
do universo também têm os dias contados. O futuro o dirá.

Um cientista tem mais noção da complexidade do universo e do pouco que


sabemos sobre o mesmo. Deixo a seguir um pequeno discurso de Albert Einstein, que nos
demonstra isso:

“O espírito científico, fortemente armado com seu método, não existe sem a religiosidade
cósmica. Ela se distingue da crença das multidões ingénuas que consideram Deus um Ser
de quem esperam benignidade e do qual temem o castigo - uma espécie de sentimento

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exaltado da mesma natureza que os laços do filho com o pai, um ser com quem também

estabelecem relações pessoais, por respeitosas que sejam. Mas o sábio, bem convencido,
da lei de causalidade de qualquer acontecimento, decifra o futuro e o passado submetidos
às mesmas regras de necessidade e determinismo. A moral não lhe suscita problemas
com os deuses, mas simplesmente com os homens. Sua religiosidade consiste em
espantar-se, em extasiar-se diante da harmonia das leis da natureza, revelando
uma inteligência tão superior que todos os pensamentos humanos e todo seu
engenho não podem desvendar, diante dela, a não ser seu nada irrisório. Este
sentimento desenvolve a regra dominante de sua vida, de sua coragem, na medida em
que supera a servidão dos desejos egoístas. Indubitavelmente, este sentimento se
compara àquele que animou os espíritos criadores religiosos em todos os tempos.”

E será que a ciência é incompatível com a ideia de que somos espíritos imortais?

A investigação levada a cabo pelos neurocientistas, entre os quais o famoso


investigador português, residente nos EUA, António Damásio, leva-nos a pensar que a
nossa consciência de nós mesmos, a nossa inteligência, etc., são explicadas apenas por
impulsos nervosos e que a razão de ser do ser humano se resume à adaptação à vida
terrena da máquina biológica que é o nosso corpo.

Eu acredito plenamente que as investigações dos neurocientistas são válidas e que


a sobrevivência do corpo ocupa grande parte da inteligência humana, pois a terra é um
planeta hostil, que obriga a um grande e permanente esforço, consciente e/ou
inconsciente. Assim, é normal que os investigadores identifiquem a necessidade de
sobrevivência física como uma das mais fortes razões dos processos cerebrais. Mas as
conclusões de Damásio e de outros têm um pressuposto: o homem é uma máquina
biológica. Este preconceito leva-os a interpretar os resultados das suas experiências,
dentro de limites estreitos, deixando por explorar muitas possibilidades alternativas de
explicação.

Se em vez de dizerem que o homem é uma máquina biológica, disserem que o


nosso corpo de carne, é uma máquina biológica, concordo plenamente.

Para descrever os conhecimentos, que para mim adoptei, a este respeito, ocorre-
me contar uma pequena história de ficção cientifica, que talvez permita ilustrar
adequadamente o meu pensamento:

Dois homens do séc. XIX, adeptos convictos do positivismo de Auguste Comte,


foram trazidos à terra, numa máquina do tempo, por acidente e no ano de 2100. Nessa
época as fábricas que funcionavam de forma autónoma, sem nenhuma presença humana,
controladas à distância. Como não necessitavam de operadores humanos as fábricas eram
construídas em zonas desérticas, não habitadas. Foi junto de uma dessas fábricas que o

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nosso homem do séc. XIX, foi largado, sem que os operadores da máquina do tempo
dessem por isso.

Ao entrar na fábrica, que, por coincidência tinha os detectores de presença humana


desligados, os nossos homens do séc. XIX ficaram deslumbrados e intrigados, como é
natural. Descobriram um frigorífico com muitos alimentos, que se destinava aos
trabalhadores da manutenção, que, de vez em quando tinham de ficar na fábrica vários
dias. Com a barriga cheia, começaram então a investigar a fábrica.

Os comandos das máquinas estavam situados numa sala onde existia uma enorme
consola cheia de leds de várias cores (para quem não sabe, um led – iniciais de light
emissor diode - é uma lâmpada pequenina, como aquelas que vemos nos
electrodomésticos, no interior dos automóveis, etc.).

Um dos homens encontrou um bloco de notas e um lápis. Fez então o seguinte


relatório, 3 meses volvidos após a chegada:

“O local onde nos encontramos, é um animal que mais parece uma máquina viva
que funciona de forma autónoma”. E já descobrimos onde é o
cérebro da mesma. Não sabemos explicar como tudo isto
funciona, mas já descobrimos que é esse cérebro que comanda
tudo. Efectivamente, as inúmeras luzinhas que existem no
mesmo, acendem, por zonas, de acordo com o funcionamento
de tudo o resto. A máquina viva parece alimentar-se da luz do
sol, tal como as plantas e as árvores. Os dejectos são de uma
espécie de cartão, que fica armazenado numa determinada
zona. De vez em quando chega outra máquina, voadora, no
interior da qual são colocados os dejectos. Serão o equivalente
às carochas que transportam os dejectos dos animais nas nossas florestas? O cérebro da
máquina parece falar, mas não entendemos o que diz, nem como produz os sons.
Contudo, parece querer interagir connosco, reagindo às nossas palavras.”

Entretanto os detectores de presença humana foram reparados. Os operadores da


máquina do tempo recambiaram os homens para o séc. XIX, onde pertenciam. Mas o
bloco de notas ficou na fábrica.

Quando o pessoal da manutenção da fábrica lá foi, encontrou o bloco de notas, e o


levou para ser analisado, pois não percebiam bem a linguagem, pois entretanto o inglês
evoluiu.

O bloco de notas foi analisado por um especialista em tradução de textos antigos.


Depois da obra traduzida, todos se riram, ao ver a forma como os homens do séc. XIX
interpretaram os factos.

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Espiritualidade racional sem superstições e preconceitos

Podemos fazer um paralelo entre esta história e a investigação levada a cabo pelos
neurocientistas de hoje. Tal como os homens do séc. XIX observaram os leds, os
investigadores têm observado as áreas do cérebro, que são activadas em determinadas
circunstâncias. Daí não se pode concluir que a nossa consciência, que nos leva a nos
concebermos como um “eu”, se explica por essa análise tão limitada.

Não há dúvida que o cérebro controla a máquina biológica de que faz parte. Até já
é possível fazer comandos electrónicos que ligam ou interligam os nervos humanos,
comandando assim funções motoras. Também acredito que a maior parte da nossa
atenção e do funcionamento do cérebro está ligado à sobrevivência física.

Contudo, a interpretação dos factos observados, por parte do António Damásio, por
exemplo, tal como a investigação dos homens do séc. XIX da história, pode estar limitada.
Se fosse demonstrada a esses homens que existia uma relação causa-efeito entre as
instruções de comando, por parte dos funcionários que tinham a seu cargo a configuração
de comando remoto da fábrica, eles poderiam ficar confusos com a tecnologia, mas a
investigação conduziria a um resultado completamente diferente, tornando até as
conclusões anteriores quase ridículas.

Um dia poderemos chegar à conclusão que a explicação de Damásio, para os factos


que observou, era apenas relativa a uma parte circunscrita do fenómeno. O preconceito
dele, a meu ver, é não admitir outras possibilidades que não explicar o homem como
sendo uma mera máquina de carne.

Contudo, se um dia isso ficar devidamente provado e fundamentado, de forma que


eu considere credível, abdicarei de imediato das minha ideias. Eu não quero ter razão,
mas estar o mais próximo da verdade que as minhas limitações permitem. Eu não tenho a
pretensão nem a necessidade de demonstrar nada a ninguém.

Os factos que ocorrem que me levam a chegar a essa conclusão, são de várias naturezas
distintas:

• O que me diz o coração e que a razão não rejeita;


• Os fenómenos de natureza espiritual, como a capacidade de servir de intermediário
para comunicações sérias e inteligentes, dos espíritos, que se verifica em certas
pessoas, ou seja a mediunidade, trouxe-nos relatos dos espíritos, que nos
explicaram a forma como percepcionam o mudo, do lado lá, digamos assim. Alguns
dos relatos foram confirmados por muitos médiuns, de diferentes locais e países. O
fenómeno apresentou-se e explicou-se a si mesmo.
• Os fenómenos que eu mesmo já presenciei, apesar de não ser médium, que foram
úteis para mim, mas que não tenho forma de provar a outras pessoas, nem foram
provocados voluntariamente por mim;

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• A interpretação das palavras de Jesus de Nazaré, como base no modelo do universo


proposto pelos próprios espíritos, torna-se muito mais clara e lógica;

UMA BASE IMPORTANTE DA MINHA ESPIRITUALIDADE

Ao descobrir a obra de Allan Kardec, académico do séc. XIX, a quem foi


dado investigar estes fenómenos e legar à humanidade uma obra, fez-se
luz para mim, embora, com os anos (já lá vão dez anos, pelo menos),
tenha amadurecido muito as minhas ideias a este respeito.

Para mim não há santos nem milagres. Allan Kardec era um homem,
bem como Jesus. Contudo tanto um como outro encarnaram como a
missão de esclarecer a humanidade, salvas as devidas distâncias.

Jesus foi o espírito mais avançado que alguma encarnou


na terra, segundo nos dizem os espíritos, mas não foi o único
espírito avançado que a pisou, como me parece óbvio. Tendo
em conta que o filho de um carpinteiro mudou a face da terra,
mesmo sem ser bem compreendido, há mais de 2000 anos, e
que a leitura dos evangelhos, que relatam uma parte da sua
vida e reproduzem as suas palavras, demonstram a inegável
elevação moral e intelectual do autor, eu acredito nisso.

Os ditos milagres, a terem existido, não passam, decerto, de fenómenos


desconhecidos, pelo menos para os homens daquela época. Decerto que a natureza tem
mais segredos que o homem ainda não conhece, do que aqueles que ele já desvendou.

O espírito que encarnou e que adoptou, na sua última encarnação conhecida, o


pseudónimo “Allan Kardec”, de nome Hippolyte Rival, era um académico (matemático e
pedagogo).

A certa altura tornaram-se moda, tanto na Europa, como nos EUA e noutros países
da chamada civilização ocidental, as reuniões para comunicar com os espíritos. A maior
parte dessas reuniões era uma galhofa, em que as pessoas perguntavam tudo aos
espíritos, desde as coisas mais fúteis até ao que ocorria, na altura, aos participantes.

Allan kardec (trato-o pelo pseudónimo e não pelo verdadeiro nome porque o
primeiro é muito mais conhecido), não era do tipo de pessoa que se prestava a esse tipo
de reuniões.

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Espiritualidade racional sem superstições e preconceitos

Contudo, um dia, uma pessoa que para ele era credível, assegurou-lhe que,
naquelas reuniões havia manifestações inteligentes de entidades distintas dos encarnados
presentes na sala. Mais tarde Kardec resolveu ir desmascarar aquilo, achando, talvez, que
estava na hora de desmistificar aquelas reuniões, que estavam a levar pessoas sérias e
credíveis a pensar tais disparates.

Depois de muitas observações sérias e rigorosas, em ambientes menos frívolos,


Kardec acabou por se curvar ao fenómeno, ao contrário do que ele previa inicialmente.

Havia mesmo manifestações de entidades inteligentes, que comunicavam, por


intermédio de um médium. Não havia possibilidade de classificar esses fenómenos como
eventos materiais fortuitos ou ocasionais. A explicação dos próprios espíritos revelou-se
como a única explicação lógica e racional. Já por volta dos cinquenta anos, Kardec
publicou os seus estudos, que incluem a reprodução de respostas a muitas questões que
lhes foram colocadas.

Muitos elementos da comunidade académica de então, adoptaram para si mesmos,


por toda a Europa, nos EUA, no Brasil, e em muitos outros países de cultura ocidental.
Assim foi também em Portugal. A certa altura o Estado novo, de Salazar, decretou o
encerramento das instalações utilizadas pelas associações espíritas portuguesas e
contribuiu para atenuar o crescimento do número de adeptos da mesma, mas não as
calou. Na clandestinidade, o movimento manteve-se vivo.

Kardec chamou à nova doutrina, espiritismo, doutrina dos espíritos ou doutrina


espirita. E aos adeptos da mesma, espíritas. Essas palavras, infelizmente, têm sido
utilizadas por gente ignorante acerca do significado que Kardec deu às mesmas. Daí
nasceram preconceitos, que me tocaram a mim mesmo. Quando ouvia falar de espíritas e
espiritismo, vinham-me logo à memória que se tratava de charlatães (e há por aí muitos,
infelizmente...), que se aproveitam do desespero e da ingenuidade das pessoas, para lhes
extorquir dinheiro

Foi um livrinho de um padre católico, a declarar a prática espirita como moralmente


reprovável que levou o meu filho mais velho a procurar livros de Allan Kardec. E foi a
leitura desses livros que me mostrou o que quer dizer espiritismo.

Ser médium não significa ser espirita, nem ser espirita significa ser médium. Há
médiuns espíritas como os há ateus e de todas as religiões e crenças. Ser espirita é
simplesmente ser adepto das ideias essenciais da obra de Kardec, ou seja as relacionadas
com a espiritualidade. No que diz respeito à visão cientifica do mundo material, a obra de
Kardec seria, talvez, um pouco diferente, se ele vivesse actualmente, pois a tecnologia
evoluiu muito. Já o nível moral da humanidade cresce mais lentamente, quando
comparado com o desenvolvimento cientifico da mesma, segundo me parece.

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Espiritualidade racional sem superstições e preconceitos

Logo à partida a doutrina espirita distingue-se das religiões tradicionais e dos cultos
das instituições religiosas, pois ela ensina que a evolução espiritual não depende das
instituições religiosas, de lideres espirituais, de sacerdotes, gurus, etc. Muito menos
depende de rituais.

As associações espíritas são associações livres, da responsabilidade exclusiva dos


seus sócios, que se unem por serem adeptos da mesma doutrina. Em regra, pelo menos
no caso das que já frequentei, os serviços públicos prestados (divulgação – palestras e
cursos, essencialmente) são gratuitos.

A tentação de alguns espíritas para se tornarem vendilhões do tempo, também


existe. Dizer-se espirita não é, só por si, nenhuma bandeira de credibilidade. Dar um
exemplo de vida que incorpore a doutrina espirita, isso já é outra conversa...

Para mim, a não existência de lucros pessoais, de qualquer espécie, nem


de remunerações, pelo tempo gasto, são condições necessárias para garantir
uma divulgação credível do espiritismo. Sendo condições necessárias, podem,
contudo, não ser suficientes. Eu identifico-me com a doutrina espirita de Kardec, mas
não me identifico com todos os livros que são publicados à pala do espiritismo,
com visões muito diferentes da vida em relação à doutrina de Kardec. Não
abdico da minha liberdade de pensamento e expressão do mesmo, nem me
sinto preso a organizações ou a pessoas por se dizerem espíritas.

Com isso não quero dizer que os sócios das associações espíritas têm de pagar, do
seu bolso, os custos de livros, de aluguer de auditórios, etc., para que os outros deles
possam usufruir. Não devem, em meu entender, é obter proveitos materiais pessoais, de
qualquer espécie.

Contudo, conheço várias pessoas que, nas suas horas livres, prestam
serviços em associações espíritas e que ainda suportam as quotas de sócios,
das suas associações. Acabam por pagar para prestar serviços. Isso é muito
bom, mas já é mais do que se poderia pedir, em minha opinião. É uma
demonstração da gratidão dessas pessoas pelo bem que lhe fez o conhecimento
da doutrina e por quem lha apresentou. Aproveito também para agradecer aqui,
a essas pessoas fantásticas e incansáveis que tenho conhecido. São eles, com o
seu exemplo, os elementos chave da divulgação espirita. São as formiguinhas e
não as cigarras de boa voz e bom discurso que fazem realmente a diferença, no
terreno e não apenas em palanques.

Na Internet pode fazer-se o download das obras de Kardec de forma


gratuita. Para conhecer a doutrina espirita não é necessário gastar dinheiro
nenhum.

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Espiritualidade racional sem superstições e preconceitos

E mesmo a quem não se identifica com a doutrina espirita, e até aos


ateus, aconselho a guardar na memória, para o futuro, a lembrança destas
coisas, para o caso de estarem enganados. Saber não ocupa lugar. Mais vale
prevenir do que remediar. Sabemos que muitos espíritos têm dificuldade de se
reconhecer como tal, na confusão da perturbação que provoca a separação do
corpo. Isso pode causar algum sofrimento psicológico evitável.

No dia da morte do corpo, ou desencarne, mencionado por Jesus, de forma


simbólica, como o último dia, ou dia do juízo final, essa informação poderá ser-nos muito
útil.

A minha interpretação em relação às palavras “juízo final”, não se refere a um


julgamento de Deus, mas ao juízo do próprio espírito, em relação a si mesmo, ao ver a
vida passada em retrospectiva, sem as limitações impostas pelo corpo de carne. Cai a
ilusão e o homem é obrigado a enfrentar a verdade da sua situação.

É uma grande decepção constatar que perdemos o tempo em que estivemos


encarnados num planeta tão precário e tão material, em que tudo é efémero, em vez de
usar esse tempo de forma que era a melhor para nós mesmos. Teremos de voltar a
encarnar em planetas da mesma natureza, para realizar o trabalho que já podíamos ter
realizado, em vez de prosseguir para encarnações menos precárias e muito mais felizes.

A vida é como um campo de cultivo. Os frutos


que se colhem dependem da força de vontade e dos
conhecimentos técnicos do agricultor. Aquele que
herda o campo de cultivo e se deita à sombra de
uma árvore, em vez de trabalhar, não verá frutos
nenhuns. E quando lhe acabar o dinheiro e as
provisões arrepender-se-à da sua própria
irresponsabilidade. Não se trata propriamente de um
castigo, mas de uma consequência da própria
preguiça e/ou ignorância.

Enquanto, aqui na terra, o agricultor


preguiçoso acabaria por perder a terra, para os
credores ou a teria de vender, para angariar fundos,
as leis de Deus determinam que, mesmo o espírito
preguiçoso, recebe um novo campo cultivo (novo corpo de carne), onde terá nova
oportunidade.

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PORQUE ESTAMOS AQUI? SOMOS TODOS IGUAIS?

As razões pelas quais estamos aqui não são iguais para todos. Dependem da
maturidade do espírito que encarna.

Existem aqui espíritos na infância espiritual, digamos assim, que ainda são
muito ignorantes. São aqueles que se sentem bem a cometer atrocidades contra os
outros. Aquelas pessoas a quem a consciência não acusa. Agem de acordo com a
sua própria natureza. Podem nem estar aqui por vontade própria.

As leis de Deus podem obrigar os espíritos a encarnar. Isso acontece, imagino eu,
porque, de outra forma, o espírito seria ignorante, e, por consequência, infeliz, para a
eternidade. Isso sim, seria o tal inferno inventado pelas religiões tradicionais. Não se
trata de uma concessão de Deus aquele espírito, em particular, mas de uma lei
geral e universal, a que ninguém escapa.

Existem aqui espíritos na adolescência espiritual, que já se arrependeram de


não ter aproveitado a encarnação anterior e que decidiram, depois, encarnar
voluntariamente, conscientes que as lutas da vida material lhes ajudarão a desenvolver a
inteligência e a proporcionar conhecimentos para se tornarem espíritos mais felizes. Não
tendo ainda a maturidade suficiente, são como adolescentes, e erram muito. Contudo já
não se sentem muito bem quando fazem algo que reprovariam em outrem. Têm
a intuição de que esse não é o melhor caminho, mas, muitas vezes, na sua
fraqueza, optam por calar a voz da consciência.

Existem por aqui espíritos já espiritualmente jovens, digamos assim, que são
as pessoas que desejam ser úteis e que sentem o desejo de fazer o bem (aquilo
que não reprovam em outrem e que gostavam que lhes fosse feito). Não quer dizer que
não tenham falhas, mas é a fazer o bem que se sentem realmente mais felizes.
Quando assim não procedem sentem-se muito mal e são infelizes. São pessoas sensíveis
ao sofrimento alheio. Quando fazem o bem retiram prazer disso.

Os espíritos que são adultos espirituais, nesta


classificação simbólica que utilizo para me fazer compreender, mas
que não deve ser interpretada de forma absoluta e/ou à letra, são
pessoas cujo exemplo máximo será, talvez, o que Teresa de Calcutá
foi aqui na terra. Estão aqui em missão, para nos ensinar e dar
o exemplo.

Não significa que essas pessoas tenham de ser conhecidas.


Nem são, normalmente, pessoas preocupadas como a promoção da
sua imagem pessoal, a não ser que isso seja relevante para levar a
cabo a sua missão. Reconhecem-se na aceitação da sua

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Espiritualidade racional sem superstições e preconceitos

condição terrestre, aceitação essa simultânea da razão e do coração. Não dão


grande importância à obtenção de bens materiais, para si mesmos, para além
do estritamente necessário (não confundir isso com baixa auto-estima). Fazem o
bem e não o mal, com determinação.

É importante fazer aqui uma distinção entre aceitar e conformar-se sem lutar e
procurar melhorar. É nossa obrigação lutar sempre por melhorar e conservar as nossas
condições de saúde. Para isso são necessários bens materiais e disciplina. Não podemos
ignorar as necessidades do corpo, senão ele morre antes do tempo, obviamente. Mas o
ideal é não viver apenas em função das necessidades do corpo. Caso contrário temos uma
perspectiva demasiado estreita da vida, em meu entender.

No topo desta escala simbólica, que é limitada aos que encarnam aqui na terra,
está Jesus. Espírito cuja encarnação era um estado que, aparentemente lhe limitava pouco
a percepção espiritual. Daí as curas que ele fazia, usando capacidades só possíveis em
estados de maior liberdade, em relação ao corpo. A elevação destes espíritos confere-lhes
uma autoridade muito grande sobre os outros, autoridade essa que só utilizam para bons
fins.

A libertação do corpo, no fim da missão cumprida, é um alivio muito


grande, quase para todos os espíritos, mas especialmente para aqueles que
são mais maduros e/ou para aqueles que sofriam na carne. O estado de
imaturidade espiritual nada tem de grave. A resolução do
problema é apenas uma questão de tempo, mais fácil de suportar
para o espírito dócil e menos para o espírito revoltado. A revolta
contra aquilo que não podemos mudar é uma atitude insensata, Não acha?

As variedades dos espíritos que vivem encarnados na terra são inúmeras. As


minhas limitações não me permitem saber o que cada espírito é ou foi, nem quero
insinuar ou transmitir tal ideia. O que eu vejo não é o espírito das pessoas, mas um corpo
de carne que constrange imenso a manifestação do espírito. Um espírito muito inteligente
pode encarnar num corpo que o impede de manifestar a sua inteligência. Um espírito
menos inteligente, poderá parecer mais inteligente do que outro muito mais inteligente, se
tem um corpo que o facilita nisso. O meio, a família no seio da qual nasceram, e outras
condicionantes exteriores das pessoas terão, decerto, uma grande influência. Para
conseguir identificar a natureza espiritual das pessoas que vou conhecendo era necessário
ter muita elevação em relação às mesmas, o que não acontece, de maneira nenhuma.
Tomara eu conhecer-me melhor a mim próprio, quanto mais aos outros...

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Espiritualidade racional sem superstições e preconceitos

A tipificação encontrada apenas serve para transmitir a ideia de que a maturidade


espiritual de cada pessoa varia muito, aqui na terra. As razões que presidem às decisões
dos espíritos menos maduros, são muito diferentes das razões das decisões dos espíritos
mais elevados. Uns escolhem encarnar voluntariamente aqui, outros são forçados a isso.
Uns encarnam como alunos nesta escola terrestre, outros como professores (entre os
quais Jesus é o exemplo máximo).

RESUMO DOS PILARES DA DOUTRINA ESPIRITA

Por fim deixo um resumo dos pilares do conhecimento espirita e da coerência dos
mesmos com alguns ensinamentos de Jesus, entendidos na minha perspectiva, que em
regra, foi adoptada da interpretação de Kardec. A quem estou eternamente grato.

Resumo dos princípios espíritas:


• Existência de Deus (Inteligência Suprema, Causa Primeira de todas as
coisas);
• O homem é um espírito eterno provisoriamente associado a um corpo de
carne (um espírito encarnado);
• Os espíritos desencarnados, que não são mais do que os espíritos dos
homens, podem, reunidas determinadas condições (a presença de um
médium é uma delas), comunicar-se connosco; os nossos pensamentos
podem ser induzidos por outros espíritos. Em regra não temos consciência
disso, nem teria grande utilidade tê-la. O homem é sempre livre de aceitar
ou rejeitar os próprios pensamentos e os induzidos por outros espíritos;
• A reencarnação, ou seja, a ideia de que o homem é um só espírito, com uma
só vida, eterna, e que as encarnações são estados provisórios.
• Os espíritos são criados simples e ignorantes. Numa primeira fase da vida
espiritual, encarnam (são associados a corpos físicos) numerosas vezes, com
o objectivo de desenvolver a inteligência. A partir de determinado grau de
inteligência e conhecimento, o espírito desenvolve também a sensibilidade
moral; Numa segunda fase a reencarnação deixa de ser necessária; Num
estado muito avançado, os espíritos informaram-nos que é possível
compreender e interagir directamente com Deus, mas isso está demasiado
distante no tempo, para mim, para eu perder tempo a pensar muito nisso.

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Espiritualidade racional sem superstições e preconceitos

Em relação ao facto de a natureza humana ser essencialmente espiritual, e não


carnal, na minha opinião está expresso nas palavras de Jesus. Deixo aqui uma passagem
do Evangelho segundo João, como pista para o leitor:

“1 E Havia entre os fariseus um homem, chamado Nicodemos, príncipe dos judeus. 2 Este
foi ter de noite com Jesus, e disse-lhe: Rabi, bem sabemos que és Mestre, vindo de Deus;
porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele.
3 Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não
nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.
4 Disse-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura,
tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer?
5 Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e
do Espírito, não pode entrar no reino de Deus.
6 O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito.
7 Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo.
8 O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem,
nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito.

Há quem imagine que Jesus quer dizer baptismo, ao dizer “nascer da água”. Cada
um adopta o que bem entende, mas essa interpretação das palavras de Jesus não me
parece lógica, com base na leitura integral dos Evangelhos. Também temos de
compreender que Jesus falava para homens que viveram na terra há mais de 2000 anos.
Ainda hoje há muitas pessoas com pouca capacidade de abstracção, de forma a
aceitar a realidade, que é mais fantástica e intrigante do que qualquer obra
humana de ficção.

ESPIRITUALIDADE RACIONAL NÃO É SUPERSTIÇÃO

É preciso demarcar bem a diferença entre superstição e espiritualidade.

O fomento da superstição baseia-se na crença em milagres e no


estabelecimento de uma lei causa-efeito, entre rituais e mezinhas e a
sorte das pessoas.

Muitas pessoas jogam com as fragilidades alheias, como o


medo, a ganância, ódio e/ou a ingenuidade, ou a ignorância. O
objectivo é a exploração comercial destas fragilidades humanas. Mas
há sempre pessoas impressionáveis que acreditam ou querem
acreditar nessas coisas

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Espiritualidade racional sem superstições e preconceitos

A atitude da espiritualidade racional, baseada em Kardec, não crê em milagres, mas


que tudo tem uma explicação nas leis que Deus determinou para este universo. Os ditos
milagres ou são factos mal interpretados, que se podem explicar com base na ciência que
estuda as leis que regem a matéria (a biologia, a física, a química, etc.), ou são
fenómenos naturais, mas que a ciência ainda não explica. Deus, na nossa limitada
imaginação, é a Inteligência Suprema do universo, e não está sujeito às nossas limitações
actuais. As leis que Ele criou não terão necessidade de ser alteradas, como acontece
sistematicamente com as leis humanas, muito menos ao sabor de cada um ou de cada
grupo ou instituição. Mas bem longe de mim está conhecer os desígnios de Deus, disso
não tenho dúvidas.

Aqui na terra, em regra, cada trabalhador é (ou deve ser) seleccionado de acordo
com as capacidades. Assim, o cientista tem de ser alguém com uma enorme formação
cientifica. Não faria sentido colocar um analfabeto a trabalhar em ciência, num centro de
investigação. O analfabeto pode ser um espírito extremamente inteligente. Pode ser até
bastante mais inteligente do que um académico de elevado grau de formação cientifica.
Mas não tem meios para prestar um serviço dessa natureza.

Desde o elemento mais baixo na hierarquia de uma grande empresa bem gerida, no
sentido de garantir os interesses da mesma e obter bons lucros, as tarefas e as
remunerações são atribuídas em função das capacidades das pessoas.

Generalizando este principio à espiritualidade, as tarefas de Deus serão as


adequadas à Inteligência Suprema do Universo. Rejeito por isso a ideia de Deus que
corresponde a um homem de barbas, preocupado com questões materiais e mesquinhas
da nossa vida. Acredito que existem espíritos mais avançados do que nós, com a missão
de nos ajudar a avançar espiritualmente. Mas não têm nenhuma varinha mágica. Ajudam,
na medida em que nos induzem pensamentos encorajadores, para minimizar o nosso
desânimo, quando as circunstâncias da vida são, ou nos parecem ser, muito duras. Eles
não fazem o nosso trabalho e estão preocupados com o que tem consequências para a
vida do espírito, e não para a vida do corpo.

Como existem bons espíritos que nos influenciam, através da indução de bons
pensamentos, existem outros que estão num baixo grau de maturidade e que nos
induzem maus conselhos. Em regra não conseguimos distinguir os nossos pensamentos
dos induzidos pelos espíritos. Mas há ocasiões, em que, se estivermos atentos, damos
connosco a ter pensamentos que não são coerentes com a nossa natureza, a nossa
maneira de pensar e os nossos hábitos.

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Espiritualidade racional sem superstições e preconceitos

SUICIDIO

O suicídio, de um ponto de vista do espirita, é um disparate enorme.

Como o homem é um espírito imortal e a experiência no corpo é parte das lições


que nos ajudam a elevar a alma, é um grande sofrimento, para quem tem intenções
suicidas, em perfeito juízo, ver que, na realidade, não morreu. E que dificultou a sua
própria vida, no sentido da vida do espírito.

É frequente que os suicidas bem sucedidos, tenham dificuldade de abandonar o


corpo. Eles sentem-se ainda vivos. Na grande confusão em que se encontram, por vezes
falam no seu próprio corpo físico como se não fosse deles, mas continuam junto a ele. Já
não têm sofrimentos físicos, porque deixaram de sofrer as dores da carne, mas a
imaginação, muito mais viva do que a do ser encarnado, recorre às sensações
memorizadas da vida carnal que já deixou, e pode dar ao espírito a ilusão psicológica,
digamos assim, de estar a sofrer as dores da degradação do corpo, se ele permanece
junto do corpo.

DIZER-SE QUE SE É NÃO SIGNIFICA SER

O que nós dizemos aos outros sobre as nossas crenças, nada ou pouco significa,
como é fácil de entender. O problema é se acreditamos firmemente que nada mais existe
do que a matéria. Todos aqueles que assim pensam têm dificuldade de se reconhecer do
lado de lá da vida, ao partir.

Mesmo os que são crentes sinceros podem sofrer problemas dessa natureza.
Cremos que a natureza e duração da perturbação depende do grau de maturidade do
espírito e das circunstâncias da morte e não do que ele diz acreditar. Quanto mais maduro
o espírito, mais fácil e maior é a satisfação de acordar no além. Sendo um espírito mais
maduro, é mais provável que os objectivos que delineou antes de encarnar sejam
alcançados. Não tendo feito mal a ninguém, não deixou ressentimentos durante a sua vida
carnal. De qualquer forma, entre dois espíritos hipoteticamente de igual maturidade,
aquele que aceita como possibilidade a crença na vida para além do corpo de carne, ainda
que não se sinta seguro a esse respeito, vai ter, decerto, mais facilidade em se reconhecer
após o desencarne. Aquele que rejeita sinceramente esta possibilidade, terá sempre
dificuldade.

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Espiritualidade racional sem superstições e preconceitos

QUEM SEMEIA VENTOS, COLHE TEMPESTADES

Os espíritos menos maduros que nos conhecem e que, eventualmente nos possam
odiar, pelo que lhes fizemos, ou que pensam que lhes fizemos, em regra, não têm ainda a
capacidade de perdoar e podem tentar vingar-se (tal como demonstram aqui na terra,
enquanto cá estão). Quanto apanham do lado de lá o espírito que odeiam, ainda
desorientado, podem fazê-lo sofrer muito.

Para além do mal que nos pode poupar a nós mesmos, em termos de saúde física e
prolongamento evitável de um sofrimento já passado, o perdão tem vantagens inegáveis
no que diz respeito à perspectiva espiritual da vida.

Quando encarnamos, se deixámos semeado o ódio, em encarnações anteriores,


sinal de que ainda não somos espíritos muito maduros, podemos ser submetidos à
vingança daqueles que nos odeiam, do lado de lá da vida, que são espíritos pouco
maduros, necessariamente. Cansam-nos com a indução de pensamentos que nos podem
perturbar e causar baixa auto-estima, tal como fazem aqui na terra aqueles que nos
querem subjugar. Podem dificultar-nos muito a vida, se lhes damos ouvidos. Podem
também influenciar aqueles que nos rodeiam.

Quando tentam exorcismos e rituais contra eles, eles divertem-se imenso e não
ligam nada a isso.

Em algumas associações espíritas há grupos de médiuns que têm por missão


receber as comunicações de espíritos perturbados que ali são levados por bons espíritos,
ou que os evocam, para tentar ajudar pessoas que julgam estar sob obsessão espiritual e
os próprios espíritos obsessores. São as chamadas reuniões de desobsessão, que não são
públicas.

Com paciência tentam convencer os espíritos da sua situação real e das vantagens
de se dedicarem a obras mais nobres do que atormentar e vingar-se das pessoas. O
doutrinador (pessoa que dirige os trabalhos e comunica com o espírito, através de um
médium) é parecido com o trabalho que um psicólogo que tenta mostrar ao paciente a
melhor forma de encarar a vida, para contornar ou resolver as suas dificuldades. O espírito
tem, contudo, que confiar e aceitar voluntariamente aquilo que lhe dizem, como o
paciente tem de aceitar voluntariamente os argumentos do psicólogo, que no fundo é um
facilitador do auto-conhecimento e aceitação da situação presente. Isso nem sempre é
fácil.

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Espiritualidade racional sem superstições e preconceitos

Grande parte dos fenómenos que as pessoas atribuem aos espíritos nada têm a
haver com isso. Sobretudo aqueles em que não se vislumbra nenhuma acção que
possamos considerar característica de um ser inteligente.

ESPIRITA POR TEMOR DA MORTE?

O espirita não tem mais razões para temer a morte do que o descrente.

Sobretudo quando sofremos muito, a perspectiva de que o sofrimento podia acabar


definitivamente com o mal que nos atinge, poderia até ser uma consolação, ou uma fuga.
Mas, para o espirita convicto, e em pleno uso da capacidade de discernir, essa
“consolação” não existe, pois seria o aumento dos sofrimentos, embora de outra natureza.
O espiritismo desencoraja o suicídio, enquanto a descrença pode potenciá-lo,
em casos de grande sofrimento.

A posição espirita em relação à vida, que não é mais do que o que ensinou
Jesus de Nazaré, bem interpretado, conduz à solidariedade, à preservação do
corpo físico, evitando aquilo que o possa danificar e acelerar a sua inevitável
degradação, à compreensão de que o amor, a tolerância, o perdão, a paz são
objectivos indispensáveis ao progresso da humanidade.

Podemos dizer que esses valores morais são antigos. É verdade. Eles foram
ensinados de forma mais clara há mais de 2000 anos de idade, na terra. Mas há uma
grande diferença entre conhecer esses valores, interiorizá-los e aplicá-los em
concreto à nossa vida. A diferença na doutrina espirita é mostrar as vantagens da
mudança para a adopção progressiva desses valores, e que é esse o nosso interesse e
alvo principal, que devemos ter como objectivo mais do que esta estadia efémera na terra.

Cada um a seu tempo compreenderá estas coisas, porque é essa a lei que Deus
imprimiu no universo que Criou. A paz de espírito, amar e ser amado fraternalmente, eis a
face da verdadeira felicidade. Aquela felicidade que condiz com o que está imprimido na
nossa consciência, que liberta e nos aproxima de Deus.

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Espiritualidade racional sem superstições e preconceitos

RELATO DO ALÉM

Vejam a seguir os conselhos de um espírito que deu esta comunicação em Paris, na


associação que Kardec fundou (retirado do livro “O Céu e o Inferno”, de Allan Kardec), que
poderá ser parecido com um relato nosso, no futuro, após o desencarne:

JOSEPH BRÊ

(Falecido em 1840 e evocado em Bordéus, por sua neta, em 1862)

O homem honesto segundo Deus ou segundo os homens

P. Caro avô, podeis dizer-me como vos encontrais no mundo dos Espíritos, dando-me
quaisquer pormenores úteis ao nosso progresso?

R. Tudo que quiseres, querida filha. Eu expio a minha descrença; porém, grande é a bondade de Deus, que
atende às circunstâncias. Sofro, mas não como poderias imaginar: é o desgosto de não ter melhor
aproveitado o tempo aí na Terra.

- Como? Pois não vivestes sempre honestamente?

R. Sim, no juízo dos homens; mas há um abismo entre a honestidade perante os homens e a honestidade
perante Deus. E uma vez que desejas instruir-te, procurarei demonstrar-te a diferença. Aí, entre vós, é
reputado honesto aquele que respeita as leis do seu país, respeito arbitrário para muitos.
Honesto é aquele que não prejudica o próximo ostensivamente, embora lhe arranque muitas
vezes a felicidade e a honra, visto o código penal e a opinião pública não atingirem o culpado
hipócrita.

Em podendo fazer gravar na pedra do túmulo um epitáfio de virtude, julgam muitos terem pago sua dívida à
Humanidade! Erro! Não basta, para ser honesto perante Deus, ter respeitado as leis dos homens; é preciso
antes de tudo não haver transgredido as leis divinas. Honesto aos olhos de Deus será aquele que,
possuído de abnegação e amor, consagre a existência ao bem, ao progresso dos seus
semelhantes; aquele que, animado de um zelo sem limites, for activo na vida; activo no
cumprimento dos deveres materiais, ensinando e exemplificando aos outros o amor ao
trabalho; activo nas boas acções, sem esquecer a condição de servo ao qual o Senhor pedirá
contas, um dia, do emprego do seu tempo; activo finalmente na prática do amor de Deus e do
próximo.

Assim o homem honesto, perante Deus, deve evitar cuidadoso as palavras mordazes, veneno oculto sob
flores, que destrói reputações e acabrunha o homem, muitas vezes cobrindo-o de ridículo. O homem
honesto, segundo Deus, deve ter sempre cerrado o coração a quaisquer germes de orgulho, de inveja, de
ambição;

Deve ser paciente e benévolo para com os que o agredirem; deve perdoar do fundo da alma, sem esforços e
sobretudo sem ostentação, a quem quer que o ofenda; deve, enfim, praticar o preceito conciso e grandioso
que se resume "no amor de Deus sobre todas as coisas e do próximo como a si mesmo".

Eis aí, querida filha, aproximadamente o que deve ser o homem honesto perante Deus. Pois bem: tê-lo-ia eu
sido? Não. Confesso sem corar que faltei a muitos desses deveres; que não tive a actividade necessária; que
o esquecimento de Deus impeliu-me a outras faltas, as quais, por não serem passíveis às leis humanas, nem

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Espiritualidade racional sem superstições e preconceitos

por isso deixam de ser atentatórias à lei de Deus. Compreendendo-o, muito sofri, e assim é que hoje espero
mais consolado a misericórdia desse Deus de bondade, que perscruta o meu arrependimento. Transmite,
cara filha, repete tudo o que aí fica a quantos tiverem a consciência onerada, para que reparem suas faltas
à força de boas obras, a fim de que a misericórdia de Deus se estenda por sobre eles. Seus olhos paternais
lhes calcularão as provações. Sua mão potente lhes apagará as faltas.

“A lei de Deus”, no sentido empregado nesta comunicação e em meu entender,


pode encontrar-se nos ensinamentos morais de Jesus de Nazaré. Na realidade as leis
morais, são ensinamentos que servem para nos facilitar o progresso espiritual, tendo em
vista as incontornáveis leis da natureza, que Deus estipulou para o universo que criou.
Ninguém escapa a estas últimas, e ninguém é preveligiado ou prejudicado, em relação a
outrem. Todos cumprem as leis da natureza, mas as leis morais são opcionais, como é
fácil de compreender.

Amar Deus é facilitar a própria progressão espiritual, nos actos da nossa vida
material, compreender a infinita bondade e justiça das leis de Dele. Na verdade as
encarnações são oportunidades de progresso, no sentido da felicidade e no âmbito da
eterna vida do espírito.

PRUDÊNCIA NUNCA É DEMAIS

Ao ler Kardec, devemos ter atenção a esta importante informação, que ele escreveu
e que foi retirada do livro “O evangelho segundo o espiritismo”:

Sabe-se que os Espíritos, em virtude da diferença entre as suas


capacidades, longe se acham de estar, individualmente considerados, na posse
de toda a verdade; que nem a todos é dado penetrar certos mistérios; que o saber de
cada um deles é proporcional à sua depuração;

que os Espíritos vulgares mais não sabem do que muitos homens; que entre eles,
como entre estes, há presunçosos e sofômanos, que julgam saber o que ignoram;
sistemáticos, que tomam por verdades as suas ideias; enfim, que só os Espíritos da
categoria mais elevada, os que já estão completamente desmaterializados, se
encontram despidos das ideias e preconceitos terrenos;

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Espiritualidade racional sem superstições e preconceitos

mas, também é sabido que os Espíritos enganadores não escrupulizam em tomar


nomes que lhes não pertencem, para impingirem suas utopias. Daí resulta que,
com relação a tudo o que seja fora do âmbito do ensino exclusivamente moral,
as revelações que cada um possa receber terão carácter individual, sem cunho
de autenticidade; que devem ser consideradas opiniões pessoais de tal ou qual
Espírito e que imprudente fora aceitá-las e propagá-las levianamente como
verdades absolutas.

O primeiro exame comprovativo é, pois, sem contradita, o da razão, ao qual


cumpre se submeta, sem excepção, tudo o que venha dos Espíritos. Toda teoria
em manifesta contradição com o bom senso, com uma lógica rigorosa e com os
dados positivos já adquiridos, deve ser rejeitada, por mais respeitável que seja
o nome que traga como assinatura.

Incompleto, porém, ficará esse exame em muitos casos, por efeito da falta de luzes de
certas pessoas e das tendências de não poucas a tomar as próprias opiniões como juízes
únicos da verdade. Assim sendo, que hão de fazer aqueles que não depositam confiança
absoluta em si mesmos? Buscar o parecer da maioria e tomar por guia a opinião desta. De
tal modo é que se deve proceder em face do que digam os Espíritos, que são os primeiros
a nos fornecer os meios de consegui-lo.
A concordância no que ensinem os Espíritos é, pois, a melhor comprovação.
Importa, no entanto, que ela se dê em determinadas condições. A mais fraca de
todas ocorre quando um médium, a sós, interroga muitos Espíritos acerca de
um ponto duvidoso. É evidente que, se ele estiver sob o império de uma
obsessão, ou lidando com um Espírito mistificador, este lhe pode dizer a mesma
coisa sob diferentes nomes. Tampouco garantia alguma suficiente haverá na
conformidade que apresente o que se possa obter por diversos médiuns, num
mesmo centro, porque podem estar todos sob a mesma influência.

Uma só garantia séria existe para o ensino dos Espíritos:


- a concordância que haja entre as revelações que eles façam
espontaneamente, servindo-se de grande número de médiuns estranhos uns
aos outros e em vários lugares.

Nós não somos pedaços de Deus, somos seres individuais, independentes do


Criador a quem tudo agradecemos, quanto compreendemos a perfeição e grandiosidade
da pequena parte da obra divina que nos é dado alcançar e a felicidade a que estamos
destinados, cada vez maior, ao longo da nossa vida eterna de espíritos.

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Espiritualidade racional sem superstições e preconceitos

Aos bons espíritos agradeço que ajudem os seus protegidos a compreender estas
coisas através deste texto, se assim acharem por conveniente, que, quem sabe, possa ter
sido inspirado por eles, não obstante as minhas limitações como espírito e como ser
humano.

Aos leitores agradeço a atenção, e a paciência por terem chegado ao fim da leitura.

Portugal, 17 de Maio de 2010,

Um companheiro de jornada, simpatizante da doutrina dos espíritos de Kardec

Que os raios da luz divina nos envolvam e confortem a todos!

Obrigado Senhor, Pai de infinita bondade, por tudo, sem qualquer excepção!

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Espiritualidade racional sem superstições e preconceitos

BIBLIOGRAFIA E SITES PROPOSTOS PARA INVESTIGAÇÃO

1) “O livro dos espíritos”, de Allan Kardec (primeiro a ler dos livros de Kardec, na minha
opinião);
2) “O evangelho segundo o espiritismo”, de Allan Kardec (interpreta os evangelhos de
Jesus, numa perspectiva espirita);
3) “O céu e o inferno”, de Allan Kardec (contém a transcrição de comunicações de
espíritos, de vários graus de maturidade, sobre a experiência do desencarne e sobre a
forma como percepcionam o mundo espiritual);
4) “O livro dos médiuns”, de Allan Kardec (para quem pretende conhecer melhor o
fenómeno da mediunidade, as suas causas e consequências);
5) “A génese”, de Allan Kardec (é um livro em que Kardec disserta e em que transcreve
dissertações de espíritos, uma parte das quais, são, na minha opinião, opiniões
pessoais que carecem de maior comprovação);
6) www.adeportugal.pt – Associação divulgação espiritismo em Portugal (pode encontrar
várias entrevista de membros da ADEP, nos meios de comunicação social, em Portugal)
7) http://www.healthsystem.virginia.edu/internet/personalitystudies/ : site da Universi-
dade da Virgínia, em que estão mencionados estudos de vários casos sugestivos de
reencarnação (crianças que dizem lembrar-se de uma vida anterior); O Dr Ian.
Stevenson, desencarnado ainda há pouco tempo, fez milhares de estudos sobre o
assunto ao longo da vida. Mas o site não se resume a este tipo de estudos

A Internet é hoje um dos meios mais usados para a divulgação da espiritualidade,


não sendo muito difícil encontrar material relacionado. É preciso ter cuidado com os
vendilhões do templo da actualidade, que são numerosos.

Como em tudo, é sensato ter um juízo critico e, sobretudo, tentar avaliar se


poderão existir interesses materiais, ocultos ou não, que possam prejudicar a credibilidade
do conteúdo de sites ou livros. Há grandes charlatões que se apresentam como espíritas,
e até os há que se apresentam como cientistas. A necessidade de sobrevivência é uma
força muito grande, para já não falar na ganância e na tentação do lucro fácil.

Um espirita, que se comporte como tal, não divulga a doutrina para obter lucros ou
remunerações de qualquer espécie, pelo tempo gasto nessa actividade. Nem dá sinais de
querer forçar a opinião alheia. Os espíritas não são profissionais do espiritismo, são
pessoas como quaisquer outras, que trabalham nas suas profissões. Alguns pertencem a
associações espíritas, a que se dedicam apenas nas horas livres.

Ser espirita não é pertencer a nenhuma organização, mas ser adepto dos
conhecimentos que tentei explicar, embora de forma sumária.

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