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Sistema Eleitoral Angolano: Vantagens e Desvantagens1

Este texto serve de base à apresentação2 sobre o Sistema Eleitoral


Angolano através da qual procurarei demonstrar de que forma está este
sistema estruturado, dando especial destaque à descrição das suas virtudes e
dos seus defeitos, conforme solicitado pela organização. Antes de indagar
directamente sobre o tema em debate, gostaria de esclarecer que comecei por
preparar uma introdução durante a qual me dedicarei a enunciar as definições
associadas aos sistemas eleitorais, os tipos de sistemas eleitorais e o
funcionamento dos sistemas eleitorais. Na parte central desta apresentação
focar-me-ei no modus operandi do sistema eleitoral angolano, tendo como base
o último escrutínio eleitoral realizado no país. Por último, numa perspectiva
de enunciar algumas conclusões, exemplificarei alguns efeitos de algumas
alterações aos sistemas eleitorais angolanos de forma a suprir algumas
insuficiências do próprio sistema.
De uma forma simplicista podemos observar que um sistema eleitoral
é definido como a fórmula de transformação de votos em mandatos através de
um sistema matemático. Este processo de transformação de votos em
mandatos pode ocorrer através de um sistema maioritário ou proporcional. De
facto, no âmbito das ciências sociais há diferentes tipos de sistemas eleitorais,
sendo que os primeiros foram os maioritários, estando estes, por sua vez,
subdivididos entre a maioria simples e qualificada. O sistema de maioria
simples estabelece que o candidato que obtiver maior percentagem de votos
ganha. Por exemplo, este é o sistema eleitoral de Inglaterra e dos Estados
Unidos da Améria (EUA).
Sistema Eleitoral Maioritário Simples/a uma volta
Listas de candidatos Percentagem de votos Elegibilidade do
candidato
Lista A 30% Excluído
Lista B 14% Excluído
Lista C 16% Excluído
Lista D 40% Eleito

1Este texto foi inicialmente apresentado na Universidade Católica de Angola. Gostaria de agradecer
o Convite do Professor Precioso Domingos e os comentários do Professor Nelson Pestana.
2 O presente texto acomoda, igualmente, algumas observações e comentários decorrentes da

respectiva apresentação, particularmente por parte do Professor Nelson Pestana.

1
Por sua vez, a maioria qualificada estabelece que o candidato deve
obter mais de 50% dos votos, assim, o candidato D ainda não tem, neste caso,
as condições de ser eleito. Tornando-se, assim, necessário realizar uma
segunda volta, onde apenas concorrem os dois candidatos mais votados. Este
era o sistema eleitoral angolano para as eleições presidenciais até à alteração
da Constituição em 2010.
1ª Sistema Eleitoral Maioritário Qualificado /a duas voltas
Listas de Percentagem de votos Elegibilidade do
candidatos candidato
Lista A 30% Eleito
Lista B 14% Excluído
Lista C 16% Excluído
Lista D 40% Eleito

2ª Sistema Eleitoral Maioritário Qualificado /a duas voltas


Listas de Percentagem de votos Elegibilidade do
candidatos candidato
Lista A 60% Eleito
Lista D 40% Excluído

O sistema eleitoral maioritário foi o primeiro a ser utilizado nos


processos de eleições para os representantes do povo, em razão dos dois
primeiros países que o implementaram, precisamente, a Inglaterra e os EUA,
terem vivenciados revoluções liberais. Neste contexto uma das revindicações
políticas e sociais consistia, precisamente, no direito a eleger os
representantes do povo ou comuns, utilizando um léxico inglês, hoje
designados por deputados. Por conseguinte, foi adoptado nessas realidades
um sistema maioritário simples e de simples contagem matemática, deste
modo quem obtém maior percentagem de votos acaba por levar tudo,
introduzindo uma lógica política de soma zero e, consequentemente, uma
exclusão política de outras sensibilidades políticas significativas em termos de
percentagens eleitorais numa determinada realidade social (Cruz, 1998:8).
Por exemplo, na primeira tabela, que trata da maioria simples, observa-se uma
exclusão de 60% do eleitorado e com apenas 40% o candidato passa a ter o
direito ao lugar. Já, no segundo exemplo, no caso da maioria qualificada a duas

2
voltas, a exclusão observada dos votos é de apenas 40% dos votos, sendo o
candidato escolhido com 60% dos votos validos.
Este facto acabou por motivar um conjunto de críticas, veiculadas, por
exemplo, pelo filósofo, John Stuart Mill, e pelo advogado, Thomas Hare, ambos
ingleses. John Stuart Mill criticava o facto de o sistema de maioria eleitoral
simples provocar objectivamente uma exclusão política da minoria derrotada,
anulando, por conseguinte, qualquer influência política na tomada de decisões
sobre a vida política. Isto acabava por contrariar, no entender de John Stuart
Mill (1998:38), o princípio de igualdade basilar no funcionamento de um
regime democrático. Assim, Mill apresentava como solução a adopção do
sistema eleitoral proporcional, designadamente o modelo desenvolvido por
Thomas Hare.
No entanto, segundo Cruz (1998:9-10), o movimento em favor do
sistema proporcional acabou por ter maior impacto apenas em países
pequenos, a braços com problemas de minorias, ou atravessados por fortes
clivagens étnicas, religiosas ou linguísticas (nomeadamente a Dinamarca, em
1855, a Suíça, em 1891, e a Bélgica, em 1899). Contudo, mais tarde, este
sistema eleitoral ganhou popularidade e notoriedade, sendo mesmo adoptado
nos países europeus, africanos e americanos (excepto os EUA). Convém
salientar que este sistema apresenta uma elevada variação, de acordo com
Hermens (1998:63), já foram inventado mais de trezentos. Podemos, assim,
agrupar os proporcionais entre o sistema de voto único transferível3 e o de
listas4 (aberta5, fechada6 e flexível7).
Como acabamos de evidenciar o primeiro nível de discussão acerca da
opção por um determinado sistema eleitoral centra-se, ainda hoje, no seu nível
de exclusão ou inclusão política. Por outras palavras, no nível de relação entre
o sistema eleitoral e a representação política numa determinada realidade.
Esperamos, desta forma, esclarecer, na fase de desenvolvimento do texto, qual
é o grau de exclusão do sistema eleitoral angolano. Numa perspectiva teórica,

3 Este foi criado pelo jurista Thomas Hare.


4 Este foi elaborado pela primeira vez pelo belga Victor D´Hondt.
5 Países que utilizam as listas Abertas são, por exemplo, Brasil, Chile e Finlândia.
6 Países que utilizam as listas fechas são, por exemplo, África do Sul, Argentina, Espanha e Israel.
7 Países que utilizam as listas flexíveis são, por exemplo, Áustria, Bélgica e Dinamarca.

3
um sistema proporcional exclui menos que um sistema maioritário, mas a
realidade tem fornecido alguns elementos em sentido contrário. Observamos,
por exemplo, que o sistema proporcional moçambicano funciona, claramente,
como um sistema bipartidário, onde apenas dois partidos reúnem condições
para atingir o poder. Isto ocorre porque nos acordos de Roma de 1992, por
iniciativa da RENAMO, foi estabelecido a cláusula barreira de 5% (ver,
precisamente, o efeito dessa cláusula barreira no estudo de Luís Brito, 2010).
O segundo nível de debate acerca dos sistemas eleitorais centrou-se
na questão da estabilidade governamental, depois da expansão do sistema
eleitoral proporcional nos países europeus a seguir à Primeira Guerra Mundial,
onde os governos dependiam exclusivamente da confiança política do
parlamento (Cruz, 1998:11). Por exemplo, Ferdinand Hermens (1998) chega
ao ponto de responsabilizar directamente o sistema proporcional pelo colapso
da República de Weimar e pela ascensão de Hitler ao poder na Alemanha.
Historicamente, a representação proporcional apresenta um grau mais
elevado de instabilidade política face à representação maioritária. Isto ocorre
em razão dos sistemas maioritários influenciarem uma situação de
bipartidarismo. Por seu turno, os sistemas de representação proporcional
conduzem a um sistema de partidos múltiplos, rígidos e independentes
(Duverger, 1998:116).
Actualmente, há mecanismos jurídicos e políticos suficientes para
reduzir a tradicional instabilidade governamental associada à representação
proporcional, por exemplo, a moção construtiva e a cláusula barreira. Contudo,
nenhum mecanismo jurídico ou político impede uma convulsão do próprio
sistema político, neste sentido, a diferença significativa no funcionamento dos
sistemas de governo de base parlamentar reside, sobretudo, na cultura política
dos partidos e das elites em estabelecerem acordos políticos. Este facto explica
a enorme estabilidade dos governos alemães, holandeses, dinamarqueses e
suecos, contrariamente aos governos italianos. Por exemplo, a Holanda,
Dinamarca, Suécia e Noruega apresentam uma elevada estabilidade
governamental, por sua vez, a Itália é um país altamente instável em termos
governamentais (Lanchester, 1998). Assim, o problema não está apenas na
relação entre o sistema de governo e o sistema eleitoral, mas, acima de tudo,

4
na cultura política das elites políticas envolvidas na luta pelo poder. Esta
matéria não será analisada minuciosamente no texto, porque a questão das
condições de governabilidade nunca se pôs na realidade angolana, em virtude
de o sistema de governo ter funcionado quase sempre com a hegemonia de um
único partido.
O terceiro nível de debate sobre os sistemas eleitorais resulta da
influência dos sistemas eleitorais na vida política, nomeadamente o impacto
directo no sistema de partidos e na organização interna dos partidos. Por
exemplo, se de facto o sistema eleitoral angolano no seu funcionamento tem
suscitado um sistema de partidos rígidos e independentes, bem como a sua
capacidade de colher novas tendências políticas através da criação de novos
partidos políticos, de acordo com a perspectiva do Duverger (1998).
Igualmente, as proposições de Douglas W. Rae (1998), à semelhança de
Maurice Duverger, são de extrema importância no processo de compreensão
do funcionamento dos sistemas eleitorais, porque o autor analisa o impacto
das leis eleitorais sobre os sistemas de partidos. Por exemplo, a magnitude dos
distritos eleitorais e fórmulas eleitorais adoptadas acabam por ter um impacto
na distorção da representação política. Convém, assim, atender ao impacto das
leis eleitorais no sistema de representação em Angola.

Caracterização do Sistema Eleitoral


O sistema eleitoral angolano, estabelecido na Constituição da
República de Angola (CRA) de 2010, é designado como um sistema eleitoral de
representação proporcional contendo um duplo círculo (provincial e
nacional), de lista fechada e rígida, reconhecendo-se apenas os partidos e
coligações de partidos a prerrogativa de apresentação de candidaturas às
eleições gerais, que visam a eleição dos deputados, do Presidente e do Vice-
Presidente (Art. 32º, da Lei n.º 36). O círculo provincial elege 5 deputados em
cada província, perfazendo um total de 90 deputados eleitos, através do
método D’Hondt (art.27, da Lei n.º 36). Por seu turno, o círculo nacional elege
130 deputados (Art. 144º, nº 2, a, da CRA)., o Presidente e o Vice-Presidente,
quer o Presidente quer o Vice-Presidente acabam por ser o primeiro e o
segundo membro da lista mais votada no escrutínio (Art. 109º, nº1, e Art. 131,
nº 2 da CRA). A distribuição de mandatos no círculo nacional ocorre através
5
do sistema Hare-Niemeyer. Assim, a Assembleia Nacional é constituída por
cerca de 220 deputados.
Esta é a forma como está estruturado legalmente o sistema eleitoral
angolano. Posto isto, passaremos a explicar como este sistema funciona. Para
este efeito, devemos atender ao impacto das leis eleitorais no funcionamento
dos métodos eleitorais, nomeadamente na distribuição dos assentos, quer ao
nível do círculo provincial quer ainda ao nível do círculo nacional. Igualmente,
o impacto do duplo círculo, é uma questão que tem sido explorada nos estudos
eleitorais como uma vantagem, quando serve, sobretudo, para suscitar uma
proximidade entre o deputado e o eleitorado, por isso devem ser estabelecidos
círculos uninominais ou de reduzida dimensão e um círculo nacional (Lijphart,
1998:294-5). No caso angolano, o problema coloca-se pelo facto de as
candidaturas serem restritas aos partidos, ou seja, um sistema de lista. Isto
retira o efeito positivo da medida. Restando-nos, assim, apenas apurar o efeito
da proporcionalidade real desse duplo círculo.

Como funcionam os círculos provinciais através do método D’Hondt:

No âmbito dos estudos eleitorais, o método D'Hondt é considerado


como um dos métodos que gera maior desproporcionalidade na distribuição
de mandatos, acabando, por conseguinte, por beneficiar os partidos mais
votados, como está ilustrado na tabela 1 infra.

Tabela: 1 (sem o efeito da lei)


Partido
Divisor
A B C D
1 15000 (1º) 10000(2º) 9000 (3º) 5000
2 7500 (4º) 5000 4500 2500
3 5000 (5º) 3333 3000 1666

A eleição no quadro do método D'Hondt resulta da divisão sucessiva


do total de votos por cada candidatura pelos divisores (1, 2, 3, 4 e 5),
atribuindo os mandatos em disputa por ordem decrescente aos quocientes
mais altos que resultam das divisões operadas. Daí este método ser conhecido
também como método do divisor mais alto. Desta forma, para evitar o efeito
do método, a lei eleitoral angolana estabelece, à semelhança da lei eleitoral
portuguesa, que no caso de empate no quociente entre um partido que tenha
obtido e outro que não tenha nenhum, deve ser beneficiado o partido que não
6
tenha elegido nenhum representante (Art. 27º, nº2, da Lei n.º 36), como
podemos observar na tabela 2:

Tabela: 2 (com efeito da lei)


Partido
Divisor
A B C D
1 15000 (1º) 10000 (2º) 9000 (3º) 5000 (5º)
2 7500 (4º) 5000 4500 2500
3 5000 3333 3000 1666

Esta medida de correcção positiva a favor dos pequenos partidos no


sistema eleitoral angolano revelou-se um instrumento jurídico falso porque os
partidos só conseguem beneficiar desta medida caso atinjam o limiar de
representação que é precisamente de 20% dos votos num círculo de 5
deputados (calcula-se 1:5*100), caso contrário, não têm condições de
beneficiar desse instrumento. Como sabemos, também em círculos de
magnitude reduzida, como são os das províncias angolanas, raramente se
verifica um empate no quociente a favor de um partido que não tenha obtido
nenhum deputado. Neste exemplo da tabela 2, o empate seria no quinto
deputado a ser eleito. Por exemplo, nas eleições de 2012, observou-se,
claramente, o efeito dos círculos reduzidos, porque a CASA-CE obteve uma
votação de 6%, nas eleições, mas apenas conseguiu obter assentos no círculo
nacional, onde o grau de proporcionalidade é maior (CNE). O limiar de
representação é menor face a um círculo provincial é de 20% (1/5*100), por
sua vez, no nacional é de 0,769% (1/130*100), tornando-se, por conseguinte,
mais fácil garantir a eleição no círculo de elevada magnitude.
O caso do CASA-CE nas eleições de 2012 mostra que os círculos
pequenos impedem qualquer representatividade de pequenos partidos,
tornando-se efectivamente uma barreira eleitoral e política ao surgimento de
uma terceira força na disputa política. Por isso apenas duas forças partidárias
têm sido capazes de alcançar deputados nos círculos provinciais. Este facto
não constitui nenhuma novidade no âmbito dos estudos eleitorais, porque
como mostra Richard Rose (1998:217), os liberais ingleses conquistam poucos
assentos 10% a 20% dos votos e têm o seu apoio liberal disperso de forma
relativamente homogénea pela Grã-Bretanha. Por consequência, os liberais
conquistam poucos assentos parlamentares. Em contraste, os partidos

7
nacionalistas da Escócia, Gales e Irlanda do Norte obtêm regularmente uma
fracção muito reduzida do voto popular no Reino Unido, mas conquistam um
número quase proporcional em Westminster.
A única possibilidade de superar este constrangimento dos círculos
de magnitude reduzida é ter uma forte concentração social, isto explica, por
exemplo, que o quarto partido mais votados nas eleições de 2012,
precisamente o PRS com apenas 1,70%, tenha obtido um deputado no círculo
da Lunda Sul (CNE). Por seu turno, a CASA-CE (terceiro partido mais votado,
com 6 %) não tenha elegido nenhum deputado no círculo provincial (CNE).
Esta situação ocorre porque há uma forte concentração étnica na zona da
Lundas a favor do PRS, por isso este tipo de sistema eleitoral tende a funcionar,
mais tarde, como um forte incentivador ao surgimento de partidos étnicos que
concorrerão nos seus círculos naturais, enquanto nos outros círculos apenas
apresentaram os candidatos no estrito cumprimento da lei eleitoral.
A nosso ver, uma medida técnica e política de maior alcance a favor
dos partidos políticos mais pequenos é, sem dúvidas, o aumento de lugares
num determinado círculo, como é possível ser observado na tabela 3, onde
testamos uma ampliação da magnitude de círculo até 15 lugares. Esta medida
tem um benefício político e social visto ser mais inclusiva das diferentes
sensibilidades existentes, sem criar uma representação fictícia.

Tabela: 2 (aumento da magnitude para 15)

Divisor A B C D
1 15000 (1º) 10000 (2º) 9000 (3º) 5000 (5º)
2 7500 (4º) 5000 (6º) 4500 (8º) 2500 (13)
3 5000 (7º) 3333 (10ª) 3000 (11) 1666
4 3750 (9ª) 2500(14) 2250 1250
5 3000 (12) 2000 1800 1000
6 2500(15) 1,666 1500 833
7 2142 1428 1285 714
8 1875 1250 1125 625
9 1666 1111 1000 555
10 1500 1000 900 500

Contrariamente aos círculos provinciais, que são precisamente 18


(um para cada província angolana), e onde seria impossível de ilustrar caso a
caso. Por isso, recorremos a um exemplo ilustrativo da forma como o método
D’Hondt funciona. Por sua vez, o círculo nacional, por ser apenas um único,

8
torna-se mais fácil de ser exemplificado neste contexto. Assim, utilizaremos os
resultados das eleições de 2012 para o efeito. Para ocorrer a distribuição no
círculo nacional começa-se por calcular, em primeiro lugar, o quociente
eleitoral (número de votos válidos/ número de assentos). Caso prático
(5.756.004/130= 44.276,93). Podemos, igualmente, transformar o limiar em
percentagens num simples cálculo, a saber: (44.
276,93*100/5.756.004=0,769% ou 1/130=0*100=0,7692%). Com esta
simples operação, podemos aferir quais são os partidos excluídos na
distribuição do resto, porque a lei angolana estabelece que os partidos abaixo
do quociente eleitoral são automaticamente excluídos na distribuição do resto
(Art. 27º, nº4, da Lei nº 36); em segundo lugar, estabelecer o quociente
partidário de cada partido (total de votos obtidos por cada partido/quociente
eleitoral), como podemos observar na tabela 4 abaixo:

Distribuição de Acordo com a CNE


Partidos Políticos Quociente partidário 1ª Resto CNE
Distribuição
4 135 503/44 276,93= 93,400 93 0,4 94
MPLA
1 074 565/44 276,93= 24,269 24 0,269 24
UNITA
345589/44 276,93= 7,805 7 0,805 8
CASA-SE
98 233/44 276,93= 2,218 2 0,218 2
PRS
65 163/44 276,93= 1,471 1 0,417 2
FNLA
13 337/44 276,93= 0, 301
Nova Democracia
União Eleitoral
8 710/44 276,93= 0,196
Partido Popular
pelo
Desenvolvimento
Frente Unida para a 8 260/44 276,93= 0, 186
Mudança de Angola
Frente Unida para a 6 644/44 276,93= 0,150
Conselho Político da
Oposição
Total 297 2,109 130

9
Depois da primeira ronda de distribuição, devemos recorrer à
segunda distribuição porque a lei estabelece 130 assentos e apenas foram
atribuídos 127. Afigura-se necessário fazer uma operação de subtracção
elementar (130 – 127 = 3) para apurar os deputados em falta. Para este
segundo cálculo deve ser considerado o princípio do resto mais alto (Art. 27º,
nº3, c, da Lei n.º 36). Assim, para sabermos qual é o resultado de cada partido
decidimos elaborar uma segunda que se encontra abaixo:

Segundo Apuramento do Resto

Partidos 1ª Resto Cálculo Resultado da Distribuição Distribuição Distribuição

Distribuição do Resto do Resto Final

MPLA 93 0,4 44 276,93*0,4=17.710,7 17710,7/30624,8=0,578 1 93+1=94

UNITA 24 0,269 44 276,93*0,269=11910,5 11910,5/30624,8=0,389 0 24

CASA-CE 7 0,805 44 276,93*0,805=35642,9 35642,9/30624,8=1,164 1 7+1=8

PRS 2 0,218 44 276,93*0,218=9652,3 9652,3/30624,8=0,315 0 0

FNLA 1 0,471 44 276,93*0,471=20854, 20854/30624,8=0,680 1 1 +1=2

Total 127 2,075 91874 3 130

Cálculo 2,075/3: 0,691 91874/3=30624,8

da média

Observamos, por exemplo, que o MPLA obteve na primeira ronda 93,


mas na segunda ronda conseguiu 94 deputados, sendo beneficiado em apenas
um deputado, tal como a CASA-CE de 7 para 8 deputados e a FNLA de 1 para 2
deputados. Por sua vez, a UNITA manteve os seus 24 deputados e o PRS
também assegurou os 2 deputados que trazia na primeira distribuição. No
entanto, este modelo de distribuição de mandatos apresentado acaba por não
evidenciar tout court como funciona o nosso sistema eleitoral porque a lei
exclui os partidos que não atingem o quociente eleitoral de concorrerem na
segunda volta, mas os seus votos servem para ser apurado o quociente
eleitoral. Em razão deste facto ocorre uma situação de transferência de votos.
Assim, o voto de um cidadão angolano que vota num partido que não
atinge o limiar de representação acaba, necessariamente, por ser transferido

10
para outro partido. Assim, o deputado do MPLA recebeu mais 0,6% de votos,
por seu turno, o CASA-CE cerca de 0,195 e, por último, a FNLA alcançou 0,583.
Depois basta multiplicar estes valores pelo quociente eleitoral para termos
uma noção aproximada do nível de transferência no caso do MPLA foi de 26.
566 votos, CASA-CE de 8.634 votos, FNLA 25813,45019.
Por mero efeito da lei é vedado aos partidos pequenos a possibilidade
de concorrem numa segunda volta. Quanto aos seus efeitos, este sistema
afasta-se do sistema eleitoral proporcional, porque os sistemas proporcionais
surgiram no sentido de procurar a maior inclusão política possível e não a
exclusão das forças mais pequenas das decisões políticas em sede de
Assembleia. Tal como ilustrou, e bem, o Professor Nelson Pestana durante a
apresentação, o sistema proporcional procura consagrar a representação da
nação e não de uma parte da mesma. Ademais, observa-se uma
desproporcionalidade bastante elevada no caso angolano, porque o facto de
uma população de mais vinte e oito milhões (INE) apenas poder eleger o
menos dez de deputados que Portugal, que apenas tem cerca de onze milhões
e, por conseguinte, uma menor população eleitoral, acaba por situar o sistema
angolano fora dos rácios de representação adequada. Por isso torna-se
extremamente difícil aos partidos pequenos atingirem o limiar de
representação parlamentar.
Esta situação política acaba por tem um impacto directo no sistema de
partidos. Ou seja, influencia decisivamente a Assembleia Nacional a apresentar
cada vez menos partidos, acabando por centrar as decisões políticas nos
grandes partidos por causa da elevada desproporcionalidade causada pela
reduzida magnitude do círculo nacional, os efeitos das leis e o rácio do
parlamento. Por conseguinte, os pequenos partidos sentem-se atraídos a
formar coligações de forma a conseguirem obter o limiar de representação
suficiente para obterem um representante e, desta forma, ganharem espaço na
vida política nacional.
Por outro lado, o facto de o eleitorado começar a sentir que votar num
pequeno partido significa fraca ou nenhuma possibilidade de eleger um
representar acaba por ter um efeito desmotivador junto do eleitorado. Assim,
estamos perante uma situação contrária ao objectivo dos sistemas de

11
representação proporcional que consiste em, precisamente, dar espaço aos
partidos políticos para participarem na vida política e não existir uma exclusão
política.
Por último, iremos mostrar o efeito do duplo círculo no processo de
representação política angolana. Assim, decidimos apenas ampliar a
magnitude do círculo nacional de 130 para 220 deputados, mas vamos manter
as mesmas percentagens de votação de todos que os partidos alcançaram nas
eleições de 2012, de forma a ser mais evidente o efeito do cruzamento dos dois
círculos. Os resultados estão patentes na tabela abaixo:

1ª Distribuição dos Lugares

Partidos Políticos Total de Votos 1 2 3 4


Válidos/pelo número de Distribuição Resto Distribuição Distribuição
lugares do Resto Final
4 135 503/26163,65=
MPLA 158,063 158 0,063 0 158
1 074
UNITA 565/26163,65=41,070 41 0,070 0 41

CASA-SE 345589/26163,65= 13 0,209 0 13


13,209

PRS 98 233/26163,65= 3,754 3 0,754 1 1+3

FNLA 65 163/26163,65= 2,490 2 0,490 1 1+2

Nova Democracia 13 337/26163,65= 0,509 0 0,509 1 1


União Eleitoral

Partido Popular pelo 8 710/26163,65= 0,332 0 0,332 0


Desenvolvimento

Frente Unida para a 8 260/26163,65=0,315 0,315


Mudança de Angola 0 0
Frente Unida para a 6 644/26163,65=0,253 0 0,253 0
Conselho Político da
Oposição
Total 5756004 217 2,995 220

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Elaborada esta tabela, cabe-nos estabelecer uma comparação entre a
nossa distribuição e a da Comissão Nacional Eleitoral (CNE), onde vamos notar
claramente o efeito do círculo reduzido, na tabela abaixo:
Tabela
Partidos Distribuição CNE Diferença
de Círculo
Único e 220
MPLA 158 175 - 17

UNITA 41 32 +9

CASA-SE 13 8 +5

PRS 4 3 +3

FNLA 3 2 +1

Nova 1 0 +1
Democracia
União
Eleitoral
Total 220 220 -2

Observamos, por exemplo, que todos os partidos conseguiram


beneficiar do círculo nacional único com 220 deputados, excepto o MPLA,
porque ficou com menos 17 deputados. Este facto demonstra claramente que
o duplo círculo trata-se de um mecanismo de engenharia eleitoral para
benefício dos grandes partidos em detrimento dos pequenos. E esta situação
torna-se mais grave em termos de representação quanto menor for a
magnitude dos círculos eleitorais. Por exemplo, nas eleições de 2012, o círculo
provincial do Bengo8, com cerca de 71.350 votos válidos, que representa 1,2%,
acabou por eleger cerca de 1,56 no círculo nacional e 5 deputados no círculo
provincial, totalizando 6,56 deputados. Por sua vez, Luanda, que teve cerca de
1.581.943 votos, que representa cerca de 27,48%, apenas elegeu cerca de
35,73 deputados no círculo nacional e 5 do círculo provincial, perfazendo um
total de 40,73.
No entanto, no nosso sistema de círculo único o peso eleitoral das
grandes províncias com maior percentagem de população nota-se mais porque
o Bengo apenas consegue 2,6 deputados, mas, por seu lado, Luanda consegue
fazer eleger cerca de 61,06 deputado. Observando-se, deste modo, uma
diferença de 58,46 deputados. Enquanto na situação de círculo duplo, como é

8 Círculo eleitoral de menores dimensões.

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o caso angolano essa diferença é de 34,17 deputados, tal como ocorreu nas
eleições de 2012. Assim, o efeito do duplo círculo é o de reduzir o peso eleitoral
dos grandes círculos na representação política e elevar o dos círculos mais
pequenos, porque tecnicamente são atribuídos cerca de 5 deputados ao Bengo
quando efectivamente deveria apenas ter dois deputados. Assim, pode ocorrer
o caso de um partido ganhar as eleições sem ter a maioria dos votos, bastaria
para o efeito alcançar a maioria dos representantes dos círculos mais
pequenos.
Observamos, por isso, que o efeito do duplo círculo serve para criar
uma clara situação de representação fictícia dos círculos mais pequenos e
reduzir, por sua vez, o peso eleitoral dos círculos maiores em termos de
população eleitoral. Acabando por atribuir um peso menor ao eleitor de
Luanda, de 0,036% (1/27,48%), e um peso maior ao eleitor do Bengo, de
0,83% (1/1,2%)). Este facto distorce, obviamente, o princípio da igualdade
entre os cidadãos angolanos, consagrando maior peso na representação
política a uma população eleitoral mais reduzida do que a uma maior
percentagem populacional.
Esta situação supra descrita acabou por merecer um esclarecimento
por parte do Professor Nelson Pestana durante a apresentação, tendo
explicado que o duplo círculo foi consagrado na medida do tempo, sendo uma
forma de agradar a UNITA, que sempre defendeu apenas um círculo nacional
e não o sistema de duplo círculo. De facto, nas eleições de 1992 instituiu-se o
primado da representação geográfica do território angolano em detrimento da
representação populacional dos angolanos. Isto significa que o peso de cada
unidade administrativa é mais importante que o peso da população efectiva
numa determinada circunscrição. Este modelo de representação tende a
favorecer um partido com forte penetração e expansão territorial, como é o
caso, precisamente, do MPLA.
Este partido, na condição de detentor poder, acabou, igualmente, por
estabelecer uma competição política geográfica contra os demais partidos. De
facto, tem sido através dos mecanismos legais que o partido no poder cria
maiores barreiras a uma competição política justa e equilibrada. Por exemplo,
estabelece uma competição em termos eleitorais nos dezanove círculos

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eleitorais (dezoito províncias e um círculo nacional), quando está ciente que é
o único partido com capacidade financeira e material de competir. Não
permitindo os demais partidos políticos de selecionarem os seus círculos
preferidos. Instituiu-se mesmo uma regra única de extinguir os partidos
quando estes não atingem 0,5% dos votos num acto eleitoral (Art. 33º, nº 4, i,
da Lei nº 22). Estes constrangimentos legais acabarão conduzir à redução da
pluralidade política nacional, restando apenas os grandes partidos como
estruturas representativas dos angolanos. No entanto, tem ficado patente que
os sistemas partidários mais rígidos e inflexíveis na representação de novos
grupos ou de novas dinâmicas sociais acabam por instituir uma situação de
desmotivação do eleitorado ou radicalização da vida política, dando mesmo a
origem a um partido anti-sistema ou uma radicalização da vida social.
Devemos ainda realçar que o sistema eleitoral de lista fechada e rígida
acaba por forçar os dirigentes partidários porque este modelo visa uma
representação de órgãos colectivos, nomeadamente os partidos e coligações
eleitorais, por isso não está estruturado para avaliar ou legitimar um órgão de
cariz individual (Hermens, 1998; Lanchester, 1998). Assim sendo, torna-se
técnica e politicamente impossível dizer-se que há uma eleição presidencial
dentro do sistema eleitoral angolano. Porque uma eleição estabelece, acima
tudo, a relação directa entre os soberanos e os representantes da soberania,
dando, desta forma, a legitimidade formal aos representantes dos soberanos.
Observando-se, por isso, um processo de delegação temporária dos soberanos
aos seus representantes, isto institui o chamado contrato social, que é a base
filosófica da legitimidade política. Em termos políticos, estamos perante uma
eleição directa quando uma eleição decorre para a composição de um órgão e,
para este efeito, torna-se necessário um manifesto ou programa que anuncia
as intenções políticas aos eleitores, tendo estes a possibilidade de exercer uma
escolha política.
Este procedimento permite igualmente três actos políticos de extrema
relevância para os eleitores, a saber: o de accountability (prestação de contas
do poder público), responsiveness (responsabilizar) e avaliação posterior.
Assim, um acto eleitoral não se resume a um mero acto de votar, mas num
processo que permite a ocorrência de vários princípios que fortalecem uma

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democracia porque é criado um vínculo entre os soberanos e seus
representantes. Assim, os angolanos apenas votam no programa dos partidos
e não nos seus candidatos, de forma que se torna impossível um candidato
assumir essa legitimidade para si quando não tem um programa próprio. Pois,
não está em causa a clarificação dos nomes, como afirma, e bem, André
Meneses, mas está, sim, em causa os três princípios fundamentais no acto
eleitoral como ilustramos supra.
Mesmo partindo da ideia que há uma eleição dos candidatos à
presidência e vice-presidência, ainda assim, o sistema de eleição do presidente
e do vice-presidente mantém-se sui generis, porque, como esclareceu o
Professor Nelson Pestana, o presidente é eleito através de uma mera maioria
simples, contrariamente ao sistema eleitoral anterior onde havia uma
necessidade de uma maioria qualificada (50% e mais um). No entanto, este foi
concebido, à luz da constituição de 2010, como híper ou super presidente ou,
ainda, presidencialismo extremo (Pestana, 2011) nos seus poderes formais, ao
ponto de ter a faculdade legal prerrogativa de derrubar a Assembleia através
do seu acto de auto-demissão, provocando, consequentemente, o fim da
legislatura (Alexandrino, 2013:21; Art. 128.º da CRA). Este mecanismo
designado como a “bomba atómica” (dissolução da assembleia) surge
disfarçado dentro de um quadro de sistema de governo presidencial. Foi, por
isso, que o cientista político André Meneses descreveu o nosso sistema de
governo como uma rare specie política, onde o entendimento sobre o modus
operandi está muito distante dos modelos ideais e mesmo fora da
compreensão tradicional das formas clássicas de governo presidenciais.
Dizer que o sistema de governo instituído na constituição é apenas sui
generis ou de rare specie política acaba por ser uma tentativa de reduzir um
objectivo político ao seu carácter teleológico. Este sistema de governo, como
objecto político concreto e real, objectivou conceder primazia à vontade do
titular do executivo face à dos demais poderes institucionalizados. Ficando
para segundo plano as necessidades formais de um sistema democrático real,
por exemplo, de obtenção de uma legitimidade própria do titular do poder
executivo porque este não é eleito directa ou indirectamente, acabando por
ganhar uma legitimidade através da maioria dos votos do seu partido no

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círculo nacional apenas. No entanto, a este é reconhecido o direito de, em
última instância, agir em sentido contrário à vontade de uma maioria
parlamentar estabelecida, derrubando-a caso esteja a actuar como
contrapoder ou contra os interesses do executivo. Consequentemente, fez-se
do humor do presidente o garante da estabilidade institucional, porque esta
está assegurada enquanto o titular do executivo estiver satisfeito com o rumo
do país. Por isso, o Professor Nelson Pestana afirmou que a Constituição de
2010 foi um fato à medida do freguês.

Conclusão
O sistema eleitoral angolano acaba por apresentar um grau elevado de
exclusão dos pequenos partidos no processo de representação, concentrando
esta tarefa política nos grandes partidos. Isto sucede principalmente por efeito
das leis eleitorais no que toca à redistribuição do resto no círculo nacional,
onde a lei acaba por vedar aos partidos que não obtiveram nenhum
representante a possibilidade de lutarem por um deputado. Esta situação
coloca em causa um dos princípios fundamentais da representação
proporcional que é o da inclusão política e social. Assim, o nosso sistema por
efeito da lei funciona como um sistema de transferência de votos, mas isto não
devia ocorrer porque os sistemas de lista fechada não são propensos a fazerem
transferência de votos. Devia, por isso, ser revista a lei de forma a evitar este
tipo de ocorrência a favor dos partidos mais fortes. Mesmo no nosso caso
observa-se uma ocorrência dessa natureza, por isso a lei deve procurar uma
melhor concertação técnica e no caso de ocorrer um empate, então este deve
ser em benefício dos pequenos partidos e dos menos votados, de forma a criar
um espaço de maior inclusão política dos partidos pequenos.
A exclusão observa-se, por outro lado, no sistema eleitoral por causa
da magnitude reduzida dos círculos provinciais, com isto, um partido deve
atingir 20% dos votos válidos para ser beneficiado. Assim, o terceiro partido
mais votado com cerca de 6% dos totais não alcançou nenhum deputado. A
explicação deste facto não é apenas restrita ao sistema eleitoral angolano, mas
ao funcionamento do sistema partidário angolano que se encontra mais virado
para os partidos de base étnica ou regional do que para os partidos nacionais,
porque os círculos provinciais, principalmente os pequenos, acabam por
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motivar a uma situação de concentração de votos e não de dispersão social no
todo nacional. No entanto, esta situação não ocorre na nossa realidade porque
os partidos não estão a atender ao modus operandi do sistema eleitoral. Outro
aspecto contrário à proporcionalidade é o número de assentos no nosso
parlamento. De facto este factor também afecta a nossa proporcionalidade
eleitoral, quando um país de mais de vinte e oito milhões apenas elege 220
deputados torna o rácio dos mais baixos do mundo. Assim, devia ser repensado
o rácio do nosso parlamento.
Ficou ainda demonstrado que o efeito do duplo círculo serve para
criar uma representação fictícia dos círculos mais pequenos e reduzir o peso
dos círculos maiores em termos de população eleitoral, atribuindo, por
conseguinte, um peso menor ao eleitor de Luanda de 0,036% e um peso maior
ao eleitor do Bengo de 0,83%. Este distorce o princípio da igualdade entre os
cidadãos angolanos.
Por último, realço o facto de o sistema de lista permitir a eleição de
dois órgãos individuais, embora não esteja preocupado em reforçar os
princípios de legitimidade política de tais órgãos que podem actuar
contrariamente à vontade da representação nacional presente na Assembleia
Nacional, instituindo-se um mecanismo de instabilidade política.

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