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Neste volume figuram, entre outros, os textos integrais da Convenção das Nações Unidas
contra o Crime Organizado Transnacional e da Convenção para a Repressão do Tráfico de
Pessoas e do Lenocínio. Entre as normas brasileiras sobre o tema, merecem destaque
o Decreto no 7.901/2013, que institui a Coordenação Tripartite da Política Nacional de
Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, e a Lei no 10.608/2002, que assegura o pagamento
de seguro-desemprego ao trabalhador resgatado da condição análoga à de escravo.
Tráfico de Pessoas
Tráfico de Pessoas
Tráfico de Pessoas
SENADO FEDERAL
Mesa
Biênio 2013 – 2014
SUPLENTES DE SECRETÁRIO
Senador Magno Malta
Senador Jayme Campos
Senador João Durval
Senador Casildo Maldaner
Secretaria de Editoração e Publicações
Coordenação de Edições Técnicas
Tráfico de Pessoas
Brasília – 2013
Edição do Senado Federal
Diretor-Geral: Antônio Helder Medeiros Rebouças
Secretária-Geral da Mesa: Claudia Lyra Nascimento
ISBN: 978-85-7018-513-6
CDDir 341.272
Atos internacionais
14 Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado
Transnacional
38 Protocolo Adicional à Convenção das Nações Unidas contra o Crime
Organizado Transnacional, Relativo ao Combate ao Tráfico de
Migrantes por Via Terrestre, Marítima e Aérea
48 Protocolo Adicional à Convenção das Nações Unidas contra o Crime
Organizado Transnacional Relativo à Prevenção, Repressão e Punição
do Tráfico de Pessoas, em Especial Mulheres e Crianças
56 Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional
110 Convenção 182 da Organização Internacional do Trabalho (OIT)
114 Recomendação 190 da Organização Internacional do Trabalho (OIT)
118 Convenção Interamericana sobre Tráfico Internacional de Menores
125 Convenção para a Repressão do Tráfico de Pessoas e do Lenocínio
Normas pertinentes
132 Decreto no 7.901/2013
135 Decreto no 6.347/2008
148 Decreto no 5.948/2006
154 Lei no 10.608/2002
155 Decreto no 2.268/1997
164 Lei no 9.434/1997
165 Lei no 9.034/1995
167 Lei no 8.069/1990
173 Decreto-Lei no 2.848/1940
Apresentação
“É uma realidade tão espessa, tão viva e tão dramática que nos cobre a todos
que, não a querer ver, seria mais do que miopia ética, seria blasfêmia moral”
José de Faria Costa*
Apresentação
*
In: A globalização e o tráfico de seres humanos: o
pêndulo trágico da histórias e o direto penal.
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Dispositivos constitucionais
pertinentes
Constituição
da República Federativa do Brasil
Art. 4 o A República Federativa do Brasil Art. 6o São direitos sociais a educação, a saúde,
rege-se nas suas relações internacionais pelos a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer,
seguintes princípios: a segurança, a previdência social, a proteção
............................................................................... à maternidade e à infância, a assistência aos
II – prevalência dos direitos humanos; desamparados, na forma desta Constituição.
...............................................................................
IX – cooperação entre os povos para o pro- Art. 7o São direitos dos trabalhadores urbanos
gresso da humanidade; e rurais, além de outros que visem à melhoria
............................................................................... de sua condição social:1
I – relação de emprego protegida contra des-
pedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos
TÍTULO II – Dos Direitos e Garantias de lei complementar, que preverá indenização
Fundamentais compensatória, dentre outros direitos;
CAPÍTULO I – Dos Direitos e Deveres II – seguro-desemprego, em caso de desem-
Individuais e Coletivos prego involuntário;
Tráfico de Pessoas
TÍTULO V – Da Defesa do Estado e das Art. 193. A ordem social tem como base o
Instituições Democráticas primado do trabalho, e como objetivo o bem-
............................................................................... -estar e a justiça sociais.
...............................................................................
CAPÍTULO III – Da Segurança Pública
CAPÍTULO VII – Da Família, da Criança,
Art. 144. A segurança pública, dever do Es- do Adolescente, do Jovem e do Idoso
tado, direito e responsabilidade de todos, é ...............................................................................
exercida para a preservação da ordem pública
e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, Art. 227. É dever da família, da sociedade e
através dos seguintes órgãos: do Estado assegurar à criança, ao adolescente
I – polícia federal; e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à
II – polícia rodoviária federal; vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao la-
III – polícia ferroviária federal; zer, à profissionalização, à cultura, à dignidade,
IV – polícias civis; ao respeito, à liberdade e à convivência familiar
V – polícias militares e corpos de bombeiros e comunitária, além de colocá-los a salvo de
militares. toda forma de negligência, discriminação,
§ 1o A polícia federal, instituída por lei como exploração, violência, crueldade e opressão.
órgão permanente, organizado e mantido pela ...............................................................................
União e estruturado em carreira, destina-se a: § 3o O direito a proteção especial abrangerá
I – apurar infrações penais contra a ordem os seguintes aspectos:
política e social ou em detrimento de bens, ser- I – idade mínima de quatorze anos para
viços e interesses da União ou de suas entidades admissão ao trabalho, observado o disposto
autárquicas e empresas públicas, assim como no art. 7o, XXXIII;
outras infrações cuja prática tenha repercussão II – garantia de direitos previdenciários e
interestadual ou internacional e exija repressão trabalhistas;
uniforme, segundo se dispuser em lei; III – garantia de acesso do trabalhador ado-
............................................................................... lescente e jovem à escola;
...............................................................................
TÍTULO VII – Da Ordem Econômica e § 4o A lei punirá severamente o abuso, a
Financeira violência e a exploração sexual da criança e do
CAPÍTULO I – Dos Princípios Gerais da adolescente.
Tráfico de Pessoas
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ARTIGO 3 – Âmbito de Aplicação ARTIGO 5 – Criminalização da Participação
em um Grupo Criminoso Organizado
1. Salvo disposição em contrário, a presente
Convenção é aplicável à prevenção, investiga- 1. Cada Estado Parte adotará as medidas
ção, instrução e julgamento de: legislativas ou outras que sejam necessárias
para caracterizar como infração penal, quando
a) Infrações enunciadas nos Artigos 5, 6, 8 e 23 praticado intencionalmente:
da presente Convenção; e
a) Um dos atos seguintes, ou ambos, enquanto
b) Infrações graves, na acepção do Artigo 2 da infrações penais distintas das que impliquem
presente Convenção; a tentativa ou a consumação da atividade cri-
minosa:
sempre que tais infrações sejam de caráter
transnacional e envolvam um grupo criminoso i) O entendimento com uma ou mais pessoas
organizado; para a prática de uma infração grave, com uma
intenção direta ou indiretamente relacionada
2. Para efeitos do parágrafo 1 do presente Arti- com a obtenção de um benefício econômico
go, a infração será de caráter transnacional se: ou outro benefício material e, quando assim
prescrever o direito interno, envolvendo um ato
a) For cometida em mais de um Estado; praticado por um dos participantes para concre-
tizar o que foi acordado ou envolvendo a par-
b) For cometida num só Estado, mas uma ticipação de um grupo criminoso organizado;
parte substancial da sua preparação, plane-
amento, direção e controle tenha lugar em ii) A conduta de qualquer pessoa que, conhe-
outro Estado; cendo a finalidade e a atividade criminosa geral
de um grupo criminoso organizado, ou a sua
c) For cometida num só Estado, mas envolva a intenção de cometer as infrações em questão,
participação de um grupo criminoso organiza- participe ativamente em:
do que pratique atividades criminosas em mais
de um Estado; ou a. Atividades ilícitas do grupo criminoso or-
ganizado;
d) For cometida num só Estado, mas produza
efeitos substanciais noutro Estado. b. Outras atividades do grupo criminoso organi-
zado, sabendo que a sua participação contribui-
ARTIGO 4 – Proteção da Soberania rá para a finalidade criminosa acima referida;
1. Os Estados Partes cumprirão as suas obri- b) O ato de organizar, dirigir, ajudar, incitar,
gações decorrentes da presente Convenção no facilitar ou aconselhar a prática de uma infração
respeito pelos princípios da igualdade soberana grave que envolva a participação de um grupo
e da integridade territorial dos Estados, bem criminoso organizado.
como da não-ingerência nos assuntos internos
de outros Estados. 2. O conhecimento, a intenção, a finalidade, a
motivação ou o acordo a que se refere o pará-
2. O disposto na presente Convenção não grafo 1 do presente Artigo poderão inferir-se
Atos internacionais
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no inciso i) da alínea a) do parágrafo 1 do como qualquer forma de associação, acordo,
presente Artigo ao envolvimento de um grupo tentativa ou cumplicidade, pela prestação de
criminoso organizado diligenciarão no sentido assistência, ajuda ou aconselhamento no sen-
de que o seu direito interno abranja todas as tido da sua prática.
infrações graves que envolvam a participação
de grupos criminosos organizados. Estes Esta- 2. Para efeitos da aplicação do parágrafo 1 do
dos Partes, assim como os Estados Partes cujo presente Artigo:
direito interno condicione a incriminação pelas
infrações definidas no inciso i) da alínea a) do a) Cada Estado Parte procurará aplicar o pará-
parágrafo 1 do presente Artigo à prática de um grafo 1 do presente Artigo à mais ampla gama
ato concertado, informarão deste fato o Secre- possível de infrações principais;
tário Geral da Organização das Nações Unidas,
no momento da assinatura ou do depósito do b) Cada Estado Parte considerará como infra-
seu instrumento de ratificação, aceitação, apro- ções principais todas as infrações graves, na
vação ou adesão à presente Convenção. acepção do Artigo 2 da presente Convenção, e
as infrações enunciadas nos seus Artigos 5, 8 e
ARTIGO 6 – Criminalização da Lavagem do 23. Os Estados Partes cuja legislação estabeleça
Produto do Crime uma lista de infrações principais específicas
incluirá entre estas, pelo menos, uma gama
1. Cada Estado Parte adotará, em conformidade completa de infrações relacionadas com grupos
com os princípios fundamentais do seu direito criminosos organizados;
interno, as medidas legislativas ou outras que
sejam necessárias para caracterizar como infra- c) Para efeitos da alínea b), as infrações prin-
ção penal, quando praticada intencionalmente: cipais incluirão as infrações cometidas tanto
dentro como fora da jurisdição do Estado Parte
a) i) A conversão ou transferência de bens, interessado. No entanto, as infrações cometi-
quando quem o faz tem conhecimento de que das fora da jurisdição de um Estado Parte só
esses bens são produto do crime, com o pro- constituirão infração principal quando o ato
pósito de ocultar ou dissimular a origem ilícita correspondente constitua infração penal à luz do
dos bens ou ajudar qualquer pessoa envolvida direito interno do Estado em que tenha sido pra-
na prática da infração principal a furtar-se às ticado e constitua infração penal à luz do direito
conseqüências jurídicas dos seus atos; interno do Estado Parte que aplique o presente
Artigo se o crime aí tivesse sido cometido;
ii) A ocultação ou dissimulação da verdadeira
natureza, origem, localização, disposição, mo- d) Cada Estado Parte fornecerá ao Secretário
vimentação ou propriedade de bens ou direitos Geral das Nações Unidas uma cópia ou des-
a eles relativos, sabendo o seu autor que os ditos crição das suas leis destinadas a dar aplicação
bens são produto do crime; ao presente Artigo e de qualquer alteração
posterior;
b) e, sob reserva dos conceitos fundamentais
do seu ordenamento jurídico: e) Se assim o exigirem os princípios fundamen-
tais do direito interno de um Estado Parte, po-
i) A aquisição, posse ou utilização de bens, sa- derá estabelecer-se que as infrações enunciadas
bendo aquele que os adquire, possui ou utiliza, no parágrafo 1 do presente Artigo não sejam
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no momento da recepção, que são produto do aplicáveis às pessoas que tenham cometido a
crime; infração principal;
ARTIGO 9 – Medidas contra a Corrupção 1. Cada Estado Parte tornará a prática de qual-
quer infração enunciada nos Artigos 5, 6, 8 e 23
1. Para além das medidas enunciadas no Artigo da presente Convenção passível de sanções que
8 da presente Convenção, cada Estado Parte, tenham em conta a gravidade dessa infração.
na medida em que seja procedente e conforme
ao seu ordenamento jurídico, adotará medidas 2. Cada Estado Parte diligenciará para que qual-
eficazes de ordem legislativa, administrativa quer poder judicial discricionário conferido
ou outra para promover a integridade e preve- pelo seu direito interno e relativo a processos
nir, detectar e punir a corrupção dos agentes judiciais contra indivíduos por infrações pre-
públicos. vistas na presente Convenção seja exercido
de forma a otimizar a eficácia das medidas de
2. Cada Estado Parte tomará medidas no sen- detecção e de repressão destas infrações, tendo
tido de se assegurar de que as suas autoridades na devida conta a necessidade de exercer um
atuam eficazmente em matéria de prevenção, efeito cautelar da sua prática.
detecção e repressão da corrupção de agentes
públicos, inclusivamente conferindo a essas 3. No caso de infrações como as enunciadas nos
autoridades independência suficiente para Artigos 5, 6, 8 e 23 da presente Convenção, cada
impedir qualquer influência indevida sobre a Estado Parte tomará as medidas apropriadas, em
sua atuação. conformidade com o seu direito interno, e tendo
na devida conta os direitos da defesa, para que
ARTIGO 10 – Responsabilidade das Pessoas as condições a que estão sujeitas as decisões de
Jurídicas aguardar julgamento em liberdade ou relativas
ao processo de recurso tenham em consideração
1. Cada Estado Parte adotará as medidas ne- a necessidade de assegurar a presença do argüi-
cessárias, em conformidade com o seu orde- do em todo o processo penal ulterior.
namento jurídico, para responsabilizar pessoas
jurídicas que participem em infrações graves 4. Cada Estado Parte providenciará para
envolvendo um grupo criminoso organizado que os seus tribunais ou outras autoridades
e que cometam as infrações enunciadas nos competentes tenham presente a gravidade
Artigos 5, 6, 8 e 23 da presente Convenção. das infração previstas na presente Convenção
quando considerarem a possibilidade de uma
2. No respeito pelo ordenamento jurídico do libertação antecipada ou condicional de pessoas
Estado Parte, a responsabilidade das pessoas ju- reconhecidas como culpadas dessas infrações.
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b) Dos bens, equipamentos e outros instru- 8. As disposições do presente Artigo não deve-
mentos utilizados ou destinados a ser utilizados rão, em circunstância alguma, ser interpretadas
na prática das infrações previstas na presente de modo a afetar os direitos de terceiros de
Convenção. boa fé.
com bens adquiridos legalmente, estes bens na presente Convenção, um pedido de confisco
poderão, sem prejuízo das competências de do produto do crime, bens, equipamentos ou
embargo ou apreensão, ser confiscados até ao outros instrumentos referidos no parágrafo 1
valor calculado do produto com que foram do Artigo 12 da presente Convenção que se
misturados. encontrem no seu território, deverá:
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a) Submeter o pedido às suas autoridades com- informações sobre os limites em que é pedida
petentes, a fim de obter uma ordem de confisco a execução da decisão;
e, se essa ordem for emitida, executá-la; ou
c) Quando o pedido for feito ao abrigo do pará-
b) Submeter às suas autoridades competentes, grafo 2 do presente Artigo, uma exposição dos
para que seja executada conforme o solicitado, fatos em que se baseia o Estado Parte requerente
a decisão de confisco emitida por um tribunal e uma descrição das medidas pedidas.
situado no território do Estado Parte reque-
rente, em conformidade com o parágrafo 1 do 4. As decisões ou medidas previstas nos pa-
Artigo 12 da presente Convenção, em relação rágrafo 1 e parágrafo 2 do presente Artigo
ao produto do crime, bens, equipamentos ou são tomadas pelo Estado Parte requerido em
outros instrumentos referidos no parágrafo 1 conformidade com o seu direito interno e se-
do Artigo 12 que se encontrem no território do gundo as disposições do mesmo direito, e em
Estado Parte requerido. conformidade com as suas regras processuais
ou com qualquer tratado, acordo ou protocolo
2. Quando um pedido for feito por outro Es- bilateral ou multilateral que o ligue ao Estado
tado Parte competente para conhecer de uma Parte requerente.
infração prevista na presente Convenção, o
Estado Parte requerido tomará medidas para 5. Cada Estado Parte enviará ao Secretário
identificar, localizar, embargar ou apreender o Geral da Organização das Nações Unidas uma
produto do crime, os bens, os equipamentos ou cópia das suas leis e regulamentos destinados
os outros instrumentos referidos no parágrafo a dar aplicação ao presente Artigo, bem como
1 do Artigo 12 da presente Convenção, com uma cópia de qualquer alteração ulteriormente
vista a um eventual confisco que venha a ser introduzida a estas leis e regulamentos ou uma
ordenado, seja pelo Estado Parte requerente, descrição destas leis, regulamentos e alterações
seja, na seqüência de um pedido formulado ao ulteriores.
abrigo do parágrafo 1 do presente Artigo, pelo
Estado Parte requerido. 6. Se um Estado Parte decidir condicionar a
adoção das medidas previstas nos parágrafos
3. As disposições do Artigo 18 da presente 1 e 2 do presente Artigo à existência de um
Convenção aplicam-se mutatis mutandis ao tratado na matéria, deverá considerar a presente
presente Artigo. Para além das informações Convenção como uma base jurídica necessária
referidas no parágrafo 15 do Artigo 18, os pe- e suficiente para o efeito.
didos feitos em conformidade com o presente
Artigo deverão conter: 7. Um Estado Parte poderá recusar a coopera-
ção que lhe é solicitada ao abrigo do presente
a) Quando o pedido for feito ao abrigo da alí- Artigo, caso a infração a que se refere o pedido
nea a) do parágrafo 1 do presente Artigo, uma não seja abrangida pela presente Convenção.
descrição dos bens a confiscar e uma exposição
dos fatos em que o Estado Parte requerente se 8. As disposições do presente Artigo não deve-
baseia, que permita ao Estado Parte requerido rão, em circunstância alguma, ser interpretadas
obter uma decisão de confisco em conformida- de modo a afetar os direitos de terceiros de
de com o seu direito interno; boa fé.
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b) Quando o pedido for feito ao abrigo da alínea 9. Os Estados Partes considerarão a possibilida-
b) do parágrafo 1 do presente Artigo, uma cópia de de celebrar tratados, acordos ou protocolos
legalmente admissível da decisão de confisco bilaterais ou multilaterais com o objetivo de
emitida pelo Estado Parte requerente em que reforçar a eficácia da cooperação internacional
se baseia o pedido, uma exposição dos fatos e desenvolvida para efeitos do presente Artigo.
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ARTIGO 14 – Disposição do Produto do a) Quando a infração for cometida no seu
Crime ou dos Bens Confiscados território; ou
1. Um Estado Parte que confisque o produto b) Quando a infração for cometida a bordo de
do crime ou bens, em aplicação do Artigo 12 um navio que arvore a sua bandeira ou a bordo
ou do parágrafo 1 do Artigo 13 da presente de uma aeronave matriculada em conformida-
Convenção, disporá deles de acordo com o de com o seu direito interno no momento em
seu direito interno e os seus procedimentos que a referida infração for cometida.
administrativos.
2. Sem prejuízo do disposto no Artigo 4 da
2. Quando os Estados Partes agirem a pedido presente Convenção, um Estado Parte poderá
de outro Estado Parte em aplicação do Artigo igualmente estabelecer a sua competência juris-
13 da presente Convenção, deverão, na medida dicional em relação a qualquer destas infrações,
em que o permita o seu direito interno e se tal nos seguintes casos:
lhes for solicitado, considerar prioritariamente
a restituição do produto do crime ou dos bens a) Quando a infração for cometida contra um
confiscados ao Estado Parte requerente, para dos seus cidadãos;
que este último possa indenizar as vítimas da
infração ou restituir este produto do crime ou b) Quando a infração for cometida por um
estes bens aos seus legítimos proprietários. dos seus cidadãos ou por uma pessoa apátrida
residente habitualmente no seu território; ou
3. Quando um Estado Parte atuar a pedido
de um outro Estado Parte em aplicação dos c) Quando a infração for:
Artigos 12 e 13 da presente Convenção, poderá
considerar especialmente a celebração de acor- i) Uma das previstas no parágrafo 1 do Artigo
dos ou protocolos que prevejam: 5 da presente Convenção e praticada fora do
seu território, com a intenção de cometer uma
a) Destinar o valor deste produto ou destes infração grave no seu território;
bens, ou os fundos provenientes da sua venda,
ou uma parte destes fundos, à conta criada em ii) Uma das previstas no inciso ii) da alínea b)
aplicação da alínea c) do parágrafo 2 do Artigo do parágrafo 1 do Artigo 6 da presente Con-
30 da presente Convenção e a organismos inter- venção e praticada fora do seu território com
governamentais especializados na luta contra a a intenção de cometer, no seu território, uma
criminalidade organizada; das infrações enunciadas nos incisos i) ou ii)
da alínea a) ou i) da alínea b) do parágrafo 1 do
b) Repartir com outros Estados Partes, sis- Artigo 6 da presente Convenção.
temática ou casuisticamente, este produto
ou estes bens, ou os fundos provenientes da 3. Para efeitos do parágrafo 10 do Artigo 16 da
respectiva venda, em conformidade com o presente Convenção, cada Estado Parte ado-
seu direito interno ou os seus procedimentos tará as medidas necessárias para estabelecer
administrativos. a sua competência jurisdicional em relação às
infrações abrangidas pela presente Convenção
ARTIGO 15 – Jurisdição quando o presumível autor se encontre no seu
território e o Estado Parte não o extraditar pela
Atos internacionais
1. Cada Estado Parte adotará as medidas neces- única razão de se tratar de um seu cidadão.
sárias para estabelecer a sua competência juris-
dicional em relação às infrações enunciadas nos 4. Cada Estado Parte poderá igualmente ado-
Artigos 5, 6, 8 e 23 da presente Convenção, nos tar as medidas necessárias para estabelecer a
seguintes casos: sua competência jurisdicional em relação às
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infrações abrangidas pela presente Convenção estas infrações entre aquelas cujo autor pode ser
quando o presumível autor se encontre no seu extraditado em qualquer tratado de extradição
território e o Estado Parte não o extraditar. que celebrem entre si.
5. Se um Estado Parte que exerça a sua compe- 4. Se um Estado Parte que condicione a extra-
tência jurisdicional por força dos parágrafos 1 dição à existência de um tratado receber um
e 2 do presente Artigo tiver sido notificado, ou pedido de extradição de um Estado Parte com
por qualquer outra forma tiver tomado conhe- o qual não celebrou tal tratado, poderá consi-
cimento, de que um ou vários Estados Partes derar a presente Convenção como fundamento
estão a efetuar uma investigação ou iniciaram jurídico da extradição quanto às infrações a que
diligências ou um processo judicial tendo por se aplique o presente Artigo.
objeto o mesmo ato, as autoridades competen-
tes destes Estados Partes deverão consultar-se, 5. Os Estados Partes que condicionem a extra-
da forma que for mais conveniente, para coor- dição à existência de um tratado:
denar as suas ações.
a) No momento do depósito do seu instrumen-
6. Sem prejuízo das normas do direito interna- to de ratificação, aceitação, aprovação ou adesão
cional geral, a presente Convenção não excluirá à presente Convenção, indicarão ao Secretário
o exercício de qualquer competência jurisdicio- Geral da Organização das Nações Unidas se
nal penal estabelecida por um Estado Parte em consideram a presente Convenção como fun-
conformidade com o seu direito interno. damento jurídico para a cooperação com outros
Estados Partes em matéria de extradição; e
ARTIGO 16 – Extradição
b) Se não considerarem a presente Convenção
1. O presente Artigo aplica-se às infrações como fundamento jurídico para cooperar em
abrangidas pela presente Convenção ou nos matéria de extradição, diligenciarão, se neces-
casos em que um grupo criminoso organizado sário, pela celebração de tratados de extradição
esteja implicado numa infração prevista nas com outros Estados Partes, a fim de darem
alíneas a) ou b) do parágrafo 1 do Artigo 3 aplicação ao presente Artigo.
e em que a pessoa que é objeto do pedido de
extradição se encontre no Estado Parte reque- 6. Os Estados Partes que não condicionem a
rido, desde que a infração pela qual é pedida extradição à existência de um tratado reconhe-
a extradição seja punível pelo direito interno cerão entre si, às infrações às quais se aplica o
do Estado Parte requerente e do Estado Parte presente Artigo, o caráter de infração cujo autor
requerido. pode ser extraditado.
o presente Artigo será considerada incluída, 8. Os Estados Partes procurarão, sem prejuízo
de pleno direito, entre as infrações que dão do seu direito interno, acelerar os processos de
lugar a extradição em qualquer tratado de extradição e simplificar os requisitos em matéria
extradição em vigor entre os Estados Partes. de prova com eles relacionados, no que se refere
Os Estados Partes comprometem-se a incluir às infrações a que se aplica o presente Artigo.
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9. Sem prejuízo do disposto no seu direito prescrições deste direito e a pedido do Estado
interno e nos tratados de extradição que tenha Parte requerente, considerará a possibilidade
celebrado, o Estado Parte requerido poderá, a de dar execução à pena que foi aplicada em
pedido do Estado Parte requerente, se consi- conformidade com o direito do Estado Parte
derar que as circunstâncias o justificam e que requerente ou ao que dessa pena faltar cumprir.
existe urgência, colocar em detenção uma pes-
soa, presente no seu território, cuja extradição 13. Qualquer pessoa que seja objeto de um
é pedida, ou adotar a seu respeito quaisquer processo devido a qualquer das infrações às
outras medidas apropriadas para assegurar a quais se aplica o presente Artigo terá garantido
sua presença no processo de extradição. um tratamento eqüitativo em todas as fases do
processo, incluindo o gozo de todos os direitos e
10. Um Estado Parte em cujo território se en- garantias previstos no direito interno do Estado
contre o presumível autor da infração, se não Parte em cujo território se encontra.
extraditar esta pessoa a título de uma infração
à qual se aplica o presente Artigo pelo único 14. Nenhuma disposição da presente Conven-
motivo de se tratar de um seu cidadão, deverá, ção deverá ser interpretada no sentido de que
a pedido do Estado Parte requerente da extra- impõe uma obrigação de extraditar a um Es-
dição, submeter o caso, sem demora excessiva, tado Parte requerido, se existirem sérias razões
às suas autoridades competentes para efeitos para supor que o pedido foi apresentado com
de procedimento judicial. Estas autoridades a finalidade de perseguir ou punir uma pessoa
tomarão a sua decisão e seguirão os trâmites em razão do seu sexo, raça, religião, naciona-
do processo da mesma forma que em relação a lidade, origem étnica ou opiniões políticas, ou
qualquer outra infração grave, à luz do direito que a satisfação daquele pedido provocaria um
interno deste Estado Parte. Os Estados Partes prejuízo a essa pessoa por alguma destas razões.
interessados cooperarão entre si, nomeada-
mente em matéria processual e probatória, para 15. Os Estados Partes não poderão recusar
assegurar a eficácia dos referidos atos judiciais. um pedido de extradição unicamente por
considerarem que a infração envolve também
11. Quando um Estado Parte, por força do seu questões fiscais.
direito interno, só estiver autorizado a extra-
ditar ou, por qualquer outra forma, entregar 16. Antes de recusar a extradição, o Estado
um dos seus cidadãos na condição de que Parte requerido consultará, se for caso disso,
essa pessoa retorne seguidamente ao mesmo o Estado Parte requerente, a fim de lhe dar a
Estado Parte para cumprir a pena a que tenha mais ampla possibilidade de apresentar as suas
sido condenada na seqüência do processo ou razões e de fornecer informações em apoio das
do procedimento que originou o pedido de suas alegações.
extradição ou de entrega, e quando este Estado
Parte e o Estado Parte requerente concordarem 17. Os Estados Partes procurarão celebrar
em relação a essa opção e a outras condições acordos ou protocolos bilaterais e multilaterais
que considerem apropriadas, a extradição ou com o objetivo de permitir a extradição ou de
entrega condicional será suficiente para dar aumentar a sua eficácia.
cumprimento à obrigação enunciada no pará-
grafo 10 do presente Artigo. ARTIGO 17 – Transferência de Pessoas
Condenadas
Atos internacionais
10. Qualquer pessoa detida ou a cumprir pena 12. A menos que o Estado Parte do qual a pes-
no território de um Estado Parte, cuja presença soa for transferida, ao abrigo dos parágrafos
seja requerida num outro Estado Parte para 10 e 11 do presente Artigo, esteja de acordo, a
efeitos de identificação, para testemunhar ou pessoa em questão, seja qual for a sua naciona-
para contribuir por qualquer outra forma para a lidade, não será objecto de processo judicial,
obtenção de provas no âmbito de investigações, detida, punida ou sujeita a outras restrições à
processos ou outros atos judiciais relativos às sua liberdade de movimentos no território do
infrações visadas na presente Convenção, pode Estado Parte para o qual seja transferida, devido
ser objeto de uma transferência, se estiverem a atos, omissões ou condenações anteriores à
reunidas as seguintes condições: sua partida do território do Estado Parte do
qual foi transferida.
a) Se referida pessoa, devidamente informada,
Atos internacionais
der o seu livre consentimento; 13. Cada Estado Parte designará uma autoridade
central que terá a responsabilidade e o poder
b) Se as autoridades competentes dos dois de receber pedidos de cooperação judiciária
Estados Partes em questão derem o seu e, quer de os executar, quer de os transmitir às
consentimento, sob reserva das condições autoridades competentes para execução. Se um
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Estado Parte possuir uma região ou um território b) O objeto e a natureza da investigação, dos
especial dotado de um sistema de cooperação processos ou dos outros atos judiciais a que se
judiciária diferente, poderá designar uma auto- refere o pedido, bem como o nome e as funções
ridade central distinta, que terá a mesma função da autoridade que os tenha a cargo;
para a referida região ou território. As autorida-
des centrais deverão assegurar a execução ou a c) Um resumo dos fatos relevantes, salvo no
transmissão rápida e em boa e devida forma dos caso dos pedidos efetuados para efeitos de
pedidos recebidos. Quando a autoridade central notificação de atos judiciais;
transmitir o pedido a uma autoridade competen-
te para execução, instará pela execução rápida e d) Uma descrição da assistência pretendida
em boa e devida forma do pedido por parte da e pormenores de qualquer procedimento es-
autoridade competente. O Secretário Geral da pecífico que o Estado Parte requerente deseje
Organização das Nações Unidas será notificado ver aplicado;
da autoridade central designada para este efeito
no momento em que cada Estado Parte depositar e) Caso seja possível, a identidade, endereço e
os seus instrumentos de ratificação, aceitação, nacionalidade de qualquer pessoa visada;
aprovação ou adesão à presente Convenção. Os
pedidos de cooperação judiciária e qualquer f) O fim para o qual são pedidos os elementos,
comunicação com eles relacionada serão trans- informações ou medidas.
mitidos às autoridades centrais designadas pelos
Estados Partes. A presente disposição não afetará 16. O Estado Parte requerido poderá solicitar
o direito de qualquer Estado Parte a exigir que informações adicionais, quando tal se afigure
estes pedidos e comunicações lhe sejam remeti- necessário à execução do pedido em conformi-
dos por via diplomática e, em caso de urgência, dade com o seu direito interno, ou quando tal
e se os Estados Partes nisso acordarem, por possa facilitar a execução do pedido.
intermédio da Organização Internacional de
Polícia Criminal, se tal for possível. 17. Qualquer pedido será executado em confor-
midade com o direito interno do Estado Parte
14. Os pedidos serão formulados por escrito requerido e, na medida em que tal não contrarie
ou, se possível, por qualquer outro meio capaz este direito e seja possível, em conformidade
de produzir registro escrito, numa língua que com os procedimentos especificados no pedido.
seja aceita pelo Estado Parte requerido, em
condições que permitam a este Estado Parte 18. Se for possível e em conformidade com os
verificar a sua autenticidade. O Secretário Geral princípios fundamentais do direito interno,
das Nações Unidas será notificado a respeito quando uma pessoa que se encontre no terri-
da língua ou línguas aceitas por cada Estado tório de um Estado Parte deva ser ouvida como
Parte no momento em que o Estado Parte em testemunha ou como perito pelas autoridades
questão depositar os seus instrumentos de judiciais de outro Estado Parte, o primeiro Es-
ratificação, aceitação, aprovação ou adesão à tado Parte poderá, a pedido do outro, autorizar
presente Convenção. Em caso de urgência, e se a sua audição por videoconferência, se não for
os Estados Partes nisso acordarem, os pedidos possível ou desejável que a pessoa compareça
poderão ser feitos oralmente, mais deverão ser no território do Estado Parte requerente. Os Es-
imediatamente confirmados por escrito. tados Partes poderão acordar em que a audição
seja conduzida por uma autoridade judicial do
Tráfico de Pessoas
15. Um pedido de assistência judiciária deverá Estado Parte requerente e que a ela assista uma
conter as seguintes informações: autoridade judicial do Estado Parte requerido.
a) A designação da autoridade que emite o 19. O Estado Parte requerente não comunicará
pedido; nem utilizará as informações ou os elementos
26
de prova fornecidos pelo Estado Parte reque- 23. Qualquer recusa de cooperação judiciária
rido para efeitos de investigações, processos ou deverá ser fundamentada.
outros atos judiciais diferentes dos menciona-
dos no pedido sem o consentimento prévio do 24. O Estado Parte requerido executará o pe-
Estado Parte requerido. O disposto neste nú- dido de cooperação judiciária tão prontamente
mero não impedirá o Estado Parte requerente quanto possível e terá em conta, na medida
de revelar, durante o processo, informações ou do possível, todos os prazos sugeridos pelo
elementos de prova ilibatórios de um argüido. Estado Parte requerente para os quais sejam
Neste último caso, o Estado Parte requerente dadas justificações, de preferência no pedido. O
avisará, antes da revelação, o Estado Parte Estado Parte requerido responderá aos pedidos
requerido e, se tal lhe for pedido, consultará razoáveis do Estado Parte requerente quanto ao
neste último. Se, num caso excepcional, não andamento das diligências solicitadas. Quando
for possível uma comunicação prévia, o Estado a assistência pedida deixar de ser necessária, o
Parte requerente informará da revelação, pron- Estado Parte requerente informará prontamen-
tamente, o Estado Parte requerido. te desse fato o Estado Parte requerido.
20. O Estado Parte requerente poderá exigir que 25. A cooperação judiciária poderá ser diferida
o Estado Parte requerido guarde sigilo sobre o pelo Estado Parte requerido por interferir com
pedido e o seu conteúdo, salvo na medida do uma investigação, processos ou outros atos
que seja necessário para o executar. Se o Esta- judiciais em curso.
do Parte requerido não puder satisfazer esta
exigência, informará prontamente o Estado 26. Antes de recusar um pedido feito ao abri-
Parte requerente. go do parágrafo 21 do presente Artigo ou de
diferir a sua execução ao abrigo do parágrafo
21. A cooperação judiciária poderá ser recusada: 25, o Estado Parte requerido estudará com
o Estado Parte requerente a possibilidade de
a) Se o pedido não for feito em conformidade prestar a assistência sob reserva das condições
com o disposto no presente Artigo; que considere necessárias. Se o Estado Parte
requerente aceitar a assistência sob reserva
b) Se o Estado Parte requerido considerar que a destas condições, deverá respeitá-las.
execução do pedido pode afetar sua soberania,
sua segurança, sua ordem pública ou outros 27. Sem prejuízo da aplicação do parágrafo
interesses essenciais; 12 do presente Artigo, uma testemunha, um
perito ou outra pessoa que, a pedido do Estado
c) Se o direito interno do Estado Parte reque- Parte requerente, aceite depor num processo
rido proibir suas autoridades de executar as ou colaborar numa investigação, em processos
providências solicitadas com relação a uma ou outros atos judiciais no território do Estado
infração análoga que tenha sido objeto de Parte requerente, não será objeto de processo,
investigação ou de procedimento judicial no detida, punida ou sujeita a outras restrições à
âmbito da sua própria competência; sua liberdade pessoal neste território, devido a
atos, omissões ou condenações anteriores à sua
d) Se a aceitação do pedido contrariar o sistema partida do território do Estado Parte requerido.
jurídico do Estado Parte requerido no que se Esta imunidade cessa quando a testemunha, o
refere à cooperação judiciária. perito ou a referida pessoa, tendo tido, durante
Atos internacionais
Os Estados Partes considerarão a possibilida- 1. Cada Estado Parte, dentro das suas pos-
de de transferirem mutuamente os processos sibilidades, adotará medidas apropriadas
relativos a uma infração prevista na presente para assegurar uma proteção eficaz contra
Convenção, nos casos em que esta transferência eventuais atos de represália ou de intimidação
seja considerada necessária no interesse da boa das testemunhas que, no âmbito de processos
administração da justiça e, em especial, quando penais, deponham sobre infrações previstas
estejam envolvidas várias jurisdições, a fim de na presente Convenção e, quando necessário,
centralizar a instrução dos processos. aos seus familiares ou outras pessoas que lhes
sejam próximas.
ARTIGO 22 – Estabelecimento de
Antecedentes Penais 2. Sem prejuízo dos direitos do argüido, in-
cluindo o direito a um julgamento regular, as
Cada Estado Parte poderá adotar as medidas medidas referidas no parágrafo 1 do presente
legislativas ou outras que sejam necessárias Artigo poderão incluir, entre outras:
para ter em consideração, nas condições e para
os efeitos que entender apropriados, qualquer a) Desenvolver, para a proteção física destas
condenação de que o presumível autor de uma pessoas, procedimentos que visem, consoante
infração tenha sido objeto noutro Estado, a fim as necessidades e na medida do possível, no-
de utilizar esta informação no âmbito de um meadamente, fornecer-lhes um novo domicílio
processo penal relativo a uma infração prevista e impedir ou restringir a divulgação de infor-
na presente Convenção. mações relativas à sua identidade e paradeiro;
2. Cada Estado Parte estabelecerá procedimen- 3. Cada Estado Parte poderá considerar a pos-
tos adequados para que as vítimas de infrações sibilidade, em conformidade com os princípios
previstas na presente Convenção possam obter fundamentais do seu ordenamento jurídico in-
reparação. terno, de conceder imunidade a uma pessoa que
coopere de forma substancial na investigação
3. Cada Estado Parte, sem prejuízo do seu ou no julgamento dos autores de uma infração
direito interno, assegurará que as opiniões e prevista na presente Convenção.
preocupações das vítimas sejam apresentadas e
tomadas em consideração nas fases adequadas 4. A proteção destas pessoas será assegurada
do processo penal aberto contra os autores de nos termos do Artigo 24 da presente Con-
infrações, por forma que não prejudique os venção.
direitos da defesa.
5. Quando uma das pessoas referidas no pa-
ARTIGO 26 – Medidas para Intensificar rágrafo 1 do presente Artigo se encontre num
a Cooperação com as Autoridades Estado Parte e possa prestar uma cooperação
Competentes para a Aplicação da Lei substancial às autoridades competentes de ou-
tro Estado Parte, os Estados Partes em questão
1. Cada Estado Parte tomará as medidas poderão considerar a celebração de acordos, em
adequadas para encorajar as pessoas que conformidade com o seu direito interno, rela-
participem ou tenham participado em grupos tivos à eventual concessão, pelo outro Estado
criminosos organizados: Parte, do tratamento descrito nos parágrafos 2
e 3 do presente Artigo.
a) A fornecerem informações úteis às autorida-
des competentes para efeitos de investigação e ARTIGO 27 – Cooperação entre as
produção de provas, nomeadamente Autoridades Competentes para a Aplicação
da Lei
i) A identidade, natureza, composição, es-
trutura, localização ou atividades dos grupos 1. Os Estados Partes cooperarão estreitamente,
criminosos organizados; em conformidade com os seus respectivos or-
denamentos jurídicos e administrativos, a fim
ii) As conexões, inclusive conexões interna- de reforçar a eficácia das medidas de controle
cionais, com outros grupos criminosos orga- do cumprimento da lei destinadas a combater
nizados; as infrações previstas na presente Convenção.
Especificamente, cada Estado Parte adotará
iii) As infrações que os grupos criminosos or- medidas eficazes para:
ganizados praticaram ou poderão vir a praticar;
a) Reforçar ou, se necessário, criar canais de
b) A prestarem ajuda efetiva e concreta às auto- comunicação entre as suas autoridades, orga-
ridades competentes, susceptível de contribuir nismos e serviços competentes, para facilitar a
Tráfico de Pessoas
para privar os grupos criminosos organizados rápida e segura troca de informações relativas
dos seus recursos ou do produto do crime. a todos os aspectos das infrações previstas na
presente Convenção, incluindo, se os Estados
2. Cada Estado Parte poderá considerar a pos- Partes envolvidos o considerarem apropriado,
sibilidade, nos casos pertinentes, de reduzir a ligações com outras atividades criminosas;
30
b) Cooperar com outros Estados Partes, quando sibilidade de os alterar. Na ausência de tais
se trate de infrações previstas na presente Con- acordos entre os Estados Partes envolvidos,
venção, na condução de investigações relativas estes últimos poderão basear-se na presente
aos seguintes aspectos: Convenção para instituir uma cooperação em
matéria de detecção e repressão das infrações
i) Identidade, localização e atividades de previstas na presente Convenção. Sempre que
pessoas suspeitas de implicação nas referidas tal se justifique, os Estados Partes utilizarão
infrações, bem como localização de outras plenamente os acordos ou protocolos, incluin-
pessoas envolvidas; do as organizações internacionais ou regionais,
para intensificar a cooperação entre as suas
ii) Movimentação do produto do crime ou dos autoridades competentes para a aplicação da lei.
bens provenientes da prática destas infrações;
3. Os Estados Partes procurarão cooperar, na
iii) Movimentação de bens, equipamentos ou medida das suas possibilidades, para enfrentar
outros instrumentos utilizados ou destinados a o crime organizado transnacional praticado
ser utilizados na prática destas infrações; com recurso a meios tecnológicos modernos.
c) Fornecer, quando for caso disso, os elementos ARTIGO 28 – Coleta, Intercâmbio e Análise
ou as quantidades de substâncias necessárias de Informações sobre a Natureza do Crime
para fins de análise ou de investigação; Organizado
d) Facilitar uma coordenação eficaz entre as au- 1. Cada Estado Parte considerará a possibili-
toridades, organismos e serviços competentes e dade de analisar, em consulta com os meios
promover o intercâmbio de pessoal e de peritos, científicos e universitários, as tendências da
incluindo, sob reserva da existência de acordos criminalidade organizada no seu território, as
ou protocolos bilaterais entre os Estados Partes circunstâncias em que opera e os grupos pro-
envolvidos, a designação de agentes de ligação; fissionais e tecnologias envolvidos.
i) Métodos utilizados para a proteção das víti- a) Para desenvolver a sua cooperação a vários
mas e das testemunhas. níveis com os países em desenvolvimento, a
32
fim de reforçar a capacidade destes para pre- internacional previstos na presente Convenção,
venir e combater a criminalidade organizada e para prevenir, detectar e combater a crimina-
transnacional; lidade organizada transnacional.
4. Os Estados Partes poderão celebrar acordos pessoas jurídicas e físicas envolvidas na criação,
ou protocolos bilaterais ou multilaterais relati- gestão e financiamento de pessoas jurídicas;
vos a assistência técnica e logística, tendo em
conta os acordos financeiros necessários para ii) A possibilidade de privar, por decisão judicial
assegurar a eficácia dos meios de cooperação ou por qualquer outro meio adequado, as pes-
33
soas condenadas por infrações previstas na pre- a criminalidade organizada transnacional,
sente Convenção, por um período adequado, atuando, por exemplo, sobre os fatores que
do direito de exercerem funções de direção de tornam os grupos socialmente marginalizados
pessoas jurídicas estabelecidas no seu território; vulneráveis à sua ação.
o cumprimento das suas obrigações decorrentes 4. Um Estado Parte que tenha formulado uma
da presente Convenção. reserva ao abrigo do parágrafo 3 do presente
Artigo poderá retirá-la a qualquer momento,
2. As infrações enunciadas nos Artigos 5, 6, 8 e mediante notificação do Secretário Geral da
23 da presente Convenção serão incorporadas Organização das Nações Unidas.
35
ARTIGO 36 – Assinatura, Ratificação, ARTIGO 37 – Relação com os Protocolos
Aceitação, Aprovação e Adesão
1. A presente Convenção poderá ser completa-
1. A presente Convenção será aberta à assi- da por um ou mais protocolos.
natura de todos os Estados entre 12 e 15 de
Dezembro de 2000, em Palermo (Itália) e, 2. Para se tornar Parte num protocolo, um Esta-
seguidamente, na sede da Organização das do ou uma organização regional de integração
Nações Unidas, em Nova Iorque, até 12 de econômica deverá igualmente ser Parte na
Dezembro de 2002. presente Convenção.
5. Uma emenda que tenha entrado em vigor será Aprovada pelo Decreto Legislativo n o 231 de
vinculativa para os Estados Partes que tenham 19/5/2003, publicado no DOU de 30/5/2003, e
declarado o seu consentimento em serem por promulgada pelo Decreto no 5.015 de 12/3/2004,
ela vinculados. Os outros Estados Partes perma- publicado no DOU de 15/3/2004.
necerão vinculados pelas disposições da presen-
te Convenção e por todas as emendas anteriores
que tenham ratificado, aceite ou aprovado.
Atos internacionais
37
Protocolo Adicional à Convenção das
Nações Unidas contra o Crime Organizado
Transnacional, Relativo ao Combate ao
Tráfico de Migrantes por Via Terrestre,
Marítima e Aérea
acolhimento.
1. Cada Estado Parte adotará as medidas le-
c) A expressão “documento de viagem ou de gislativas e outras que considere necessárias
identidade fraudulento” significa qualquer para caracterizar como infração penal, quando
documento de viagem ou de identificação: praticada intencionalmente e de forma a obter,
39
direta ou indiretamente, um beneficio financei- estabelecidas em conformidade com as alíneas
ro ou outro benefício material: a), b) (i) e c) do parágrafo 1 do presente Artigo
e, sem prejuízo dos conceitos fundamentais
a) O tráfico de migrantes; do seu sistema jurídico, das infrações esta-
belecidas em conformidade com as alíneas
b) Os seguintes atos quando praticados com b) e c) do parágrafo 2 do presente Artigo, as
o objetivo de possibilitar o tráfico ilícito de circunstâncias:
migrantes:
a) Que ponham em perigo ou ameaçar pôr em
(i) Elaboração de documento de viagem ou de perigo a vida e a segurança dos migrantes em
identidade fraudulento; causa; ou
(ii) Obtenção, fornecimento ou posse tal do- b) Que acarretem o tratamento desumano ou
cumento; degradante desses migrantes, incluindo sua
exploração.
c) Viabilizar a permanência, no Estado em
causa, de uma pessoa que não seja nacional ou 4. Nenhuma disposição do presente Protocolo
residente permanente, sem preencher as con- impedirá um Estado Parte de tomar medidas
dições necessárias para permanecer legalmente contra uma pessoa cuja conduta constitua uma
no Estado, recorrendo aos meios referidos na infração nos termos do seu direito interno.
alínea b) do presente parágrafo ou de qualquer
outro meio ilegal.
II. TRÁFICO DE MIGRANTES POR VIA
2. Cada Estado Parte adotará também medidas MARÍTIMA
legislativas e outras que considere necessárias
para caracterizar como infração penal: ARTIGO 7 – Cooperação
pessoas para que a pratiquem. auxílio de outros Estados Partes para pôr termo
à utilização do referido navio para esse fim. Os
3. Cada Estado Parte adotará as medidas Estados Partes aos quais tenham sido solicitado
legislativas e outras que entenda necessárias, o auxílio prestá-lo-ão, na medida do possível,
para considerar como agravantes das infrações tendo em conta os meios disponíveis.
40
2. Um Estado Parte que tenha motivos razo- lhão, exceto aquelas que se considerem neces-
áveis para suspeitar que um navio que exerce sárias para afastar um perigo iminente para a
a liberdade de navegação em conformidade vida das pessoas ou aquelas que resultem de
com o direito internacional e arvora o pavilhão acordos bilaterais ou multilaterais pertinentes.
ou exibe sinais de matrícula de outro Estado
Parte se encontra envolvido no tráfico ilícito 6. Cada Estado Parte designará uma ou mais
de migrantes por via marítima pode notificar autoridades, se necessário, para receber e
o Estado do pavilhão, solicitar a confirmação responder a pedidos de auxílio de confirma-
do registro da matrícula e, se este se confirmar, ção de registro de matrícula ou do direito de
solicitar autorização a esse Estado para tomar as uma embarcação arvorar o seu pavilhão e a
medidas apropriadas relativamente ao navio. O pedidos de autorização para tomar as medidas
Estado do pavilhão pode, entre outras medidas, apropriadas. Essa designação será notificada
autorizar o Estado requerente a: pelo Secretário-Geral a todos os outros Estados
Partes no prazo de um mês após a designação.
a) Abordar o navio;
7. Um Estado Parte que tenha motivos razoáveis
b) Revistar o navio; e para suspeitar que um navio se encontra envol-
vido no tráfico de migrantes por via marítima
c) Se forem encontradas provas de que o navio e não tem nacionalidade ou é equiparado a
se encontra envolvido no tráfico de migrantes um navio sem nacionalidade pode abordá-lo
por via marítima, tomar as medidas que con- e revistá-lo. Se forem encontradas provas que
sidere apropriadas relativamente ao navio, às confirmem a suspeita, esse Estado Parte tomará
pessoas e à carga que se encontrem a bordo, as medidas apropriadas em conformidade com
nos termos em que foi autorizado pelo Estado o direito interno e internacional aplicáveis.
do pavilhão.
ARTIGO 9 – Cláusulas de Proteção
3. Um Estado Parte que tenha tomado qualquer
medida em conformidade com o parágrafo 2 1. Quando um Estado Parte tomar medidas
do presente Artigo informará imediatamente contra um navio em conformidade com o
o Estado do pavilhão em causa sobre os resul- Artigo 8 do presente Protocolo:
tados das referidas medidas.
a) Velará pela segurança e pelo tratamento
4. Um Estado Parte responderá imediatamente humano das pessoas a bordo;
a qualquer pedido de outro Estado Parte com
vista a determinar se um navio que invoca o b) Terá devidamente em conta a necessidade
registro da matrícula neste Estado ou arvore de não pôr em perigo a segurança do navio ou
o seu pavilhão está autorizada a fazê-lo, bem da sua carga;
como a um pedido de autorização efetuado em
conformidade com o parágrafo 2 do presente c) Terá devidamente em conta a necessidade de
Artigo. não prejudicar os interesses comerciais ou os
direitos do Estado do pavilhão ou de qualquer
5. O Estado do pavilhão pode, em conformi- outro Estado interessado;
dade com o Artigo 7 do presente Protocolo,
condicionar sua autorização a termos a serem d) Velará para que, na medida do possível,
Atos internacionais
acordados entre ele e o Estado requerente, in- quaisquer medidas tomadas em relação ao
clusive a condições relativas à responsabilidade navio sejam ecologicamente razoáveis.
e ao alcance das medidas efetivas a tomar. Um
Estado Parte não tomará medidas adicionais 2. Se os motivos das medidas tomadas em
sem a autorização expressa do Estado do pavi- conformidade com o Artigo 8 do presente
41
Protocolo se revelarem infundados, o navio será b) A identidade e os métodos de organizações
indenizado por qualquer eventual prejuízo ou ou grupos criminosos organizados dos quais
dano, desde que o navio não tenha praticado se tenha conhecimento ou suspeita de envolvi-
nenhum ato que tenha justificado a medida mento na prática de atos enunciados no Artigo
tomada. 6 do presente Protocolo;
3. Quando se considere apropriado, e sem pre- A pedido de outro Estado Parte, um Estado
juízo das convenções internacionais aplicáveis, Parte verificará, em conformidade com o seu
essas medidas consistirão, entre outras, na obri- direito interno e dentro de um prazo razoável,
gação dos transportadores comerciais, inclusive a legitimidade e validade dos documentos de
as empresas de transportes, os proprietários ou viagem ou de identidade emitidos ou presumi-
os operadores de qualquer meio de transporte, damente emitidos em seu nome e que suspeite
verificarem que todos os passageiros são porta- terem sido utilizados para a prática dos atos es-
dores dos documentos de viagem exigidos para tabelecidos no Artigo 6 do presente Protocolo.
a entrada no Estado de acolhimento.
ARTIGO 14 – Formação e Cooperação
4. Cada Estado Parte tomará as medidas ne- Técnica
cessárias, em conformidade com o seu direito
interno, para prever sanções nos casos de vio- 1. Os Estados Partes assegurarão ou refor-
lação da obrigação constante do parágrafo 3 do çarão a formação especializada dos agentes
presente Artigo. dos serviços de imigração e de outros agentes
competentes para a prevenção dos atos estabe-
5. Cada Estado Parte considerará a possibi- lecidos no Artigo 6 do presente Protocolo e o
lidade de tomar medidas que permitam, em tratamento humano dos migrantes que foram
conformidade com o seu direito interno, re- objeto desses atos, respeitando os direitos que
cusar a entrada ou anular os vistos de pessoas lhes são reconhecidos no presente Protocolo.
envolvidas na prática de infrações estabelecidas
em conformidade com o presente Protocolo. 2. Os Estados Partes cooperarão entre si e com
organizações internacionais, organizações
6. Sem prejuízo do disposto no Artigo 27 da não-governamentais, outras organizações
Convenção, os Estados Partes considerarão a competentes e outros elementos da sociedade
possibilidade de reforçar a cooperação entre civil, na medida do possível, para assegurar trei-
os serviços de controle de fronteiras, inclusive namento adequado do pessoal nos respectivos
mediante a criação e a manutenção de canais territórios com vistas a prevenir, combater e
de comunicação diretos. erradicar os atos estabelecidos no Artigo 6 do
presente Protocolo e proteger os direitos dos
ARTIGO 12 – Segurança e Controle de migrantes que foram objeto desses atos. Esse
Documentos treinamento incluirá:
Cada Estado Parte tomará as medidas necessá- a) A melhoria da segurança e da qualidade dos
rias, de acordo com os meios disponíveis para: documentos de viagem;
3. Cada Estado Parte promoverá ou reforçará, Relações Consulares, quando aplicável, in-
de forma apropriada, programas de desenvol- cluindo a obrigação de informar sem demora
vimento e cooperação em âmbito nacional, a pessoa em causa sobre as disposições relativas
regional e internacional, tendo em conta as à notificação e comunicação aos funcionários
realidades sócio-econômicas das migrações e consulares.
44
ARTIGO 17 – Acordos e Ajustes de viagem ou qualquer outra autorização que
considere necessária para permitir à pessoa
Os Estados Partes considerarão a possibilidade viajar e ser readmitida no seu território.
de celebrar acordos bilaterais ou regionais,
ajustes operacionais ou entendimentos com o 5. Cada Estado Parte envolvido no regresso
objetivo de: de uma pessoa que tenha sido objeto dos atos
enunciados no Artigo 6 do presente Protocolo
a) Estabelecer as medidas mais apropriadas e adotará todas as medidas apropriadas para
eficazes para prevenir e combater os atos enun- organizar esse regresso de forma ordenada e
ciados no Artigo 6 do presente Protocolo; ou tendo devidamente em conta a segurança e a
dignidade da pessoa.
b) Desenvolver entre si as disposições constan-
tes do presente Protocolo. 6. Os Estados Partes podem cooperar com
organizações internacionais competentes na
ARTIGO 18 – Regresso de Migrantes Objeto execução do presente Artigo.
do Tráfico
7. O disposto no presente Artigo não prejudica
1. Cada Estado Parte acorda em facilitar e qualquer direito reconhecido às pessoas, nos
aceitar, sem demora indevida ou injustificada, termos da legislação do Estado Parte de aco-
o regresso de uma pessoa que tenha sido objeto lhimento, que tenham sido objeto dos atos es-
dos atos estabelecido no Artigo 6 do presente tabelecidos no Artigo 6 do presente Protocolo.
Protocolo e que seja seu nacional ou que tenha
o direito de residência permanente no seu ter- 8. O presente Artigo não prejudica as obriga-
ritório no momento do regresso. ções decorrentes de qualquer outro tratado
bilateral ou multilateral aplicável ou qualquer
2. Cada Estado Parte considerará a possibilida- outro acordo operacional que regule, no todo
de de facilitar e aceitar, em conformidade com ou em parte, o regresso das pessoas que tenham
o seu direito interno, o regresso de uma pessoa sido objeto dos atos estabelecidos no Artigo 6
que tenha sido objeto de um ato estabelecido do presente Protocolo.
no Artigo 6 do presente Protocolo e que tinha
o direito de residência permanente no território
do Estado Parte no momento da sua entrada no DISPOSIÇÕES FINAIS
Estado de acolhimento.
ARTIGO 19 – Cláusula de Salvaguarda
3. A pedido do Estado Parte de acolhimento,
um Estado Parte requerido verificará, sem de- 1. Nenhuma disposição do presente Protocolo
mora indevida ou injustificada, se uma pessoa prejudicará outros direitos, obrigações e res-
que foi objeto dos atos enunciados no Artigo 6 ponsabilidades dos Estados e dos particulares
do presente Protocolo é nacional desse Estado nos termos do direito internacional, incluindo
Parte ou se tem o direito de residência perma- o direito internacional humanitário e o direito
nente no seu território. internacional relativo aos direitos humanos e,
em particular, quando aplicáveis, a Convenção
4. A fim de facilitar o regresso de uma pessoa de 1951 e o Protocolo de 1967 relativos ao
que tenha sido objeto dos atos enunciados no Estatuto do Refugiado e ao princípio do non-
Atos internacionais
1. Cinco anos após a entrada em vigor do 1. Um Estado Parte pode denunciar o presente
presente Protocolo, um Estado Parte pode Protocolo mediante notificação por escrito
propor uma emenda e depositar o texto junto dirigida ao Secretário-Geral das Nações Uni-
do Secretário-Geral das Nações Unidas que, das. A denúncia tornar-se-á efetiva um ano
em seguida, comunicará a emenda proposta após a data de recepção da notificação pelo
aos Estados Partes e à Conferência das Partes Secretário-Geral.
na Convenção, para analisar a proposta e tomar
uma decisão. Os Estados Partes no presente 2. Uma organização regional de integração
Protocolo, reunidos em Conferência das Partes, econômica deixará de ser Parte no presente Pro-
farão todos os esforços para chegarem a um tocolo quando todos os seus Estados membros
consenso sobre qualquer emenda. Se forem o tiverem denunciado.
esgotados todos os esforços sem que se tenha
chegado a um acordo, será necessário, em últi- ARTIGO 25 – Depositário e Línguas
mo caso, para que a emenda seja adotada, uma
maioria de dois terços dos votos expressos dos 1. O Secretário-Geral das Nações Unidas é o
Estados Partes no presente Protocolo presentes depositário do presente Protocolo.
na Conferência das Partes.
2. O original do presente Protocolo, cujos textos
2. As organizações regionais de integração em árabe, chinês, espanhol, francês, inglês e rus-
econômica, em matérias da sua competência, so são igualmente autênticos, será depositado
exercerão o seu direito de voto nos termos do junto do Secretário-Geral das Nações Unidas.
presente Artigo com um número de votos igual
ao número dos seus Estados membros que sejam EM FÉ DO QUE, os plenipotenciários abaixo
Partes no presente Protocolo. Essas organizações assinados, devidamente autorizados pelos
não exercerão o seu direito de voto se os seus respectivos governos, assinaram o presente
Estados membros exercerem o seu e vice-versa. Protocolo.
Atos internacionais
a) A expressão “tráfico de pessoas” significa o re- 2. Cada Estado Parte adotará igualmente as me-
crutamento, o transporte, a transferência, o aloja- didas legislativas e outras que considere neces-
mento ou o acolhimento de pessoas, recorrendo sárias para estabelecer como infrações penais:
à ameaça ou uso da força ou a outras formas de
coação, ao rapto, à fraude, ao engano, ao abuso a) Sem prejuízo dos conceitos fundamentais do
de autoridade ou à situação de vulnerabilidade seu sistema jurídico, a tentativa de cometer uma
ou à entrega ou aceitação de pagamentos ou infração estabelecida em conformidade com o
benefícios para obter o consentimento de uma parágrafo 1 do presente Artigo;
pessoa que tenha autoridade sobre outra para fins
de exploração. A exploração incluirá, no mínimo, b) A participação como cúmplice numa in-
a exploração da prostituição de outrem ou outras fração estabelecida em conformidade com o
formas de exploração sexual, o trabalho ou servi- parágrafo 1 do presente Artigo; e
ços forçados, escravatura ou práticas similares à
escravatura, a servidão ou a remoção de órgãos; c) Organizar a prática de uma infração esta-
belecida em conformidade com o parágrafo 1
b) O consentimento dado pela vítima de tráfico do presente Artigo ou dar instruções a outras
de pessoas tendo em vista qualquer tipo de ex- pessoas para que a pratiquem.
ploração descrito na alínea a) do presente Artigo
será considerado irrelevante se tiver sido utiliza-
do qualquer um dos meios referidos na alínea a); II. PROTEÇÃO DE VÍTIMAS DE
TRÁFICO DE PESSOAS
c) O recrutamento, o transporte, a transfe-
Atos internacionais
cessidades específicas das crianças, incluindo o nado ao fato de tal pessoa ser uma vítima de
alojamento, a educação e cuidados adequados. tráfico, preferencialmente de forma voluntária.
5. Cada Estado Parte envidará esforços para 3. A pedido do Estado Parte de acolhimento,
garantir a segurança física das vítimas de tráfico um Estado Parte requerido verificará, sem de-
50
mora indevida ou injustificada, se uma vítima 3. As políticas, programas e outras medidas
de tráfico de pessoas é sua nacional ou se tinha estabelecidas em conformidade com o presente
direito de residência permanente no seu terri- Artigo incluirão, se necessário, a cooperação
tório no momento de entrada no território do com organizações não-governamentais, outras
Estado Parte de acolhimento. organizações relevantes e outros elementos da
sociedade civil.
4. De forma a facilitar o regresso de uma vítima
de tráfico de pessoas que não possua os docu- 4. Os Estados Partes tomarão ou reforçarão
mentos devidos, o Estado Parte do qual essa as medidas, inclusive mediante a cooperação
pessoa é nacional ou no qual tinha direito de bilateral ou multilateral, para reduzir os fatores
residência permanente no momento de entrada como a pobreza, o subdesenvolvimento e a
no território do Estado Parte de acolhimento desigualdade de oportunidades que tornam as
aceitará emitir, a pedido do Estado Parte de aco- pessoas, especialmente as mulheres e as crian-
lhimento, os documentos de viagem ou outro ças, vulneráveis ao tráfico.
tipo de autorização necessária que permita à
pessoa viajar e ser readmitida no seu território. 5. Os Estados Partes adotarão ou reforçarão
as medidas legislativas ou outras, tais como
5. O presente Artigo não prejudica os direitos medidas educacionais, sociais ou culturais,
reconhecidos às vítimas de tráfico de pessoas inclusive mediante a cooperação bilateral ou
por força de qualquer disposição do direito multilateral, a fim de desencorajar a procura
interno do Estado Parte de acolhimento. que fomenta todo o tipo de exploração de
pessoas, especialmente de mulheres e crianças,
6. O presente Artigo não prejudica qualquer conducentes ao tráfico.
acordo ou compromisso bilateral ou multilate-
ral aplicável que regule, no todo ou em parte, o ARTIGO 10 – Intercâmbio de Informações e
regresso de vítimas de tráfico de pessoas. Formação
1. Os Estados Partes envidarão esforços para 3. O presente Protocolo está sujeito a ratifica-
resolver as controvérsias relativas à interpre- ção, aceitação ou aprovação. Os instrumentos
tação ou aplicação do presente Protocolo por de ratificação, de aceitação ou de aprovação
negociação direta. serão depositados junto ao Secretário-Geral da
Organização das Nações Unidas. Uma organi-
2. As controvérsias entre dois ou mais Estados zação regional de integração econômica pode
Partes com respeito à aplicação ou à interpre- depositar o seu instrumento de ratificação, de
tação do presente Protocolo que não possam aceitação ou de aprovação se pelo menos um
ser resolvidas por negociação, dentro de um dos seus Estados membros o tiver feito. Nesse
prazo razoável, serão submetidas, a pedido de instrumento de ratificação, de aceitação e de
um desses Estados Partes, a arbitragem. Se, no aprovação essa organização declarará o âmbito
prazo de seis meses após a data do pedido de da sua competência relativamente às matérias
arbitragem, esses Estados Partes não chegarem reguladas pelo presente Protocolo. Informará
Atos internacionais
na Convenção para analisar a proposta e tomar após a data de recepção da notificação pelo
uma decisão. Os Estados Partes no presente Secretário-Geral.
Protocolo reunidos na Conferência das Partes
farão todos os esforços para chegar a um con- 2. Uma organização regional de integração
senso sobre qualquer emenda. Se todos os esfor- econômica deixará de ser Parte no presente Pro-
54
tocolo quando todos os seus Estados membros EM FÉ DO QUE, os plenipotenciários abaixo
o tiverem denunciado. assinados, devidamente autorizados pelos seus
respectivos Governos, assinaram o presente
ARTIGO 20 – Depositário e Idiomas Protocolo.
Atos internacionais
55
Estatuto de Roma do Tribunal Penal
Internacional
CONSCIENTES de que todos os povos estão SALIENTANDO, a este propósito, que nada no
unidos por laços comuns e de que suas cultu- presente Estatuto deverá ser entendido como
ras foram construídas sobre uma herança que autorizando qualquer Estado Parte a intervir
partilham, e preocupados com o fato deste em um conflito armado ou nos assuntos inter-
delicado mosaico poder vir a quebrar-se a nos de qualquer Estado,
qualquer instante,
DETERMINADOS em perseguir este objetivo
TENDO presente que, no decurso deste século, e no interesse das gerações presentes e vindou-
milhões de crianças, homens e mulheres têm ras, a criar um Tribunal Penal Internacional
sido vítimas de atrocidades inimagináveis com caráter permanente e independente, no
que chocam profundamente a consciência da âmbito do sistema das Nações Unidas, e com
humanidade, jurisdição sobre os crimes de maior gravidade
que afetem a comunidade internacional no
RECONHECENDO que crimes de uma tal seu conjunto,
gravidade constituem uma ameaça à paz, à
segurança e ao bem-estar da humanidade, SUBLINHANDO que o Tribunal Penal Inter-
nacional, criado pelo presente Estatuto, será
AFIRMANDO que os crimes de maior gravida- complementar às jurisdições penais nacionais,
de, que afetam a comunidade internacional no
seu conjunto, não devem ficar impunes e que a DECIDIDOS a garantir o respeito duradouro
sua repressão deve ser efetivamente assegurada pela efetivação da justiça internacional,
através da adoção de medidas em nível nacional
e do reforço da cooperação internacional, CONVIERAM no seguinte:
período de tempo.
d) Por “deportação ou transferência à força de
uma população” entende-se o deslocamento 3. Para efeitos do presente Estatuto, entende-se
forçado de pessoas, através da expulsão ou ou- que o termo “gênero” abrange os sexos masculi-
tro ato coercivo, da zona em que se encontram no e feminino, dentro do contexto da sociedade,
58
não lhe devendo ser atribuído qualquer outro só poderá exercer a sua competência em relação
significado. a crimes cometidos depois da entrada em vigor
............................................................................... do presente Estatuto relativamente a esse Estado,
a menos que este tenha feito uma declaração nos
ARTIGO 9o – Elementos Constitutivos dos termos do parágrafo 3o do artigo 12.
Crimes
ARTIGO 12 – Condições Prévias ao
1. Os elementos constitutivos dos crimes que Exercício da Jurisdição
auxiliarão o Tribunal a interpretar e a aplicar os
artigos 6o, 7o e 8o do presente Estatuto, deverão 1. O Estado que se torne Parte no presente
ser adotados por uma maioria de dois terços dos Estatuto, aceitará a jurisdição do Tribunal rela-
membros da Assembléia dos Estados Partes. tivamente aos crimes a que se refere o artigo 5o.
2. As alterações aos elementos constitutivos dos 2. Nos casos referidos nos parágrafos a) ou c)
crimes poderão ser propostas por: do artigo 13, o Tribunal poderá exercer a sua
jurisdição se um ou mais Estados a seguir iden-
a) Qualquer Estado Parte; tificados forem Partes no presente Estatuto ou
aceitarem a competência do Tribunal de acordo
b) Os juízes, através de deliberação tomada por com o disposto no parágrafo 3o:
maioria absoluta;
a) Estado em cujo território tenha tido lugar
c) O Procurador. a conduta em causa, ou, se o crime tiver sido
cometido a bordo de um navio ou de uma
As referidas alterações entram em vigor depois aeronave, o Estado de matrícula do navio ou
de aprovadas por uma maioria de dois terços aeronave;
dos membros da Assembléia dos Estados
Partes. b) Estado de que seja nacional a pessoa a quem
é imputado um crime.
3. Os elementos constitutivos dos crimes e
respectivas alterações deverão ser compatí- 3. Se a aceitação da competência do Tribunal
veis com as disposições contidas no presente por um Estado que não seja Parte no presente
Estatuto. Estatuto for necessária nos termos do parágrafo
2o, pode o referido Estado, mediante declaração
ARTIGO 10 depositada junto do Secretário, consentir em
que o Tribunal exerça a sua competência em
Nada no presente capítulo deverá ser interpre- relação ao crime em questão. O Estado que tiver
tado como limitando ou afetando, de alguma aceito a competência do Tribunal colaborará
maneira, as normas existentes ou em desen- com este, sem qualquer demora ou exceção, de
volvimento de direito internacional com fins acordo com o disposto no Capítulo IX.
distintos dos do presente Estatuto.
ARTIGO 13 – Exercício da Jurisdição
ARTIGO 11 – Competência Ratione Temporis
O Tribunal poderá exercer a sua jurisdição
1. O Tribunal só terá competência relativamente em relação a qualquer um dos crimes a que se
Atos internacionais
aos crimes cometidos após a entrada em vigor refere o artigo 5o, de acordo com o disposto no
do presente Estatuto. presente Estatuto, se:
Admissibilidade
3. Se concluir que existe fundamento sufi-
ciente para abrir um inquérito, o Procurador 1. Tendo em consideração o décimo parágrafo
apresentará um pedido de autorização nesse do Preâmbulo e o artigo 1o, o Tribunal decidirá
sentido ao Juízo de Instrução, acompanhado sobre a não admissibilidade de um caso se:
60
a) O caso for objeto de inquérito ou de proce- 3. A fim de determinar se há incapacidade
dimento criminal por parte de um Estado que de agir num determinado caso, o Tribunal
tenha jurisdição sobre o mesmo, salvo se este verificará se o Estado, por colapso total ou
não tiver vontade de levar a cabo o inquérito substancial da respectiva administração da
ou o procedimento ou, não tenha capacidade justiça ou por indisponibilidade desta, não
para o fazer; estará em condições de fazer comparecer
o acusado, de reunir os meios de prova e
b) O caso tiver sido objeto de inquérito por depoimentos necessários ou não estará, por
um Estado com jurisdição sobre ele e tal Es- outros motivos, em condições de concluir o
tado tenha decidido não dar seguimento ao processo.
procedimento criminal contra a pessoa em
causa, a menos que esta decisão resulte do fato ARTIGO 18 – Decisões Preliminares sobre
de esse Estado não ter vontade de proceder Admissibilidade
criminalmente ou da sua incapacidade real
para o fazer; 1. Se uma situação for denunciada ao Tribunal
nos termos do artigo 13, parágrafo a), e o Pro-
c) A pessoa em causa já tiver sido julgada pela curador determinar que existem fundamentos
conduta a que se refere a denúncia, e não puder para abrir um inquérito ou der início a um
ser julgada pelo Tribunal em virtude do dispos- inquérito de acordo com os artigos 13, pará-
to no parágrafo 3o do artigo 20; grafo c) e 15, deverá notificar todos os Estados
Partes e os Estados que, de acordo com a in-
d) O caso não for suficientemente grave para formação disponível, teriam jurisdição sobre
justificar a ulterior intervenção do Tribunal. esses crimes. O Procurador poderá proceder à
notificação a título confidencial e, sempre que
2. A fim de determinar se há ou não vontade de o considere necessário com vista a proteger
agir num determinado caso, o Tribunal, tendo pessoas, impedir a destruição de provas ou a
em consideração as garantias de um processo fuga de pessoas, poderá limitar o âmbito da
eqüitativo reconhecidas pelo direito interna- informação a transmitir aos Estados.
cional, verificará a existência de uma ou mais
das seguintes circunstâncias: 2. No prazo de um mês após a recepção da
referida notificação, qualquer Estado poderá
a) O processo ter sido instaurado ou estar informar o Tribunal de que está procedendo,
pendente ou a decisão ter sido proferida no ou já procedeu, a um inquérito sobre nacionais
Estado com o propósito de subtrair a pessoa seus ou outras pessoas sob a sua jurisdição,
em causa à sua responsabilidade criminal por por atos que possam constituir crimes a que se
crimes da competência do Tribunal, nos termos refere o artigo 5o e digam respeito à informação
do disposto no artigo 5o; constante na respectiva notificação. A pedido
desse Estado, o Procurador transferirá para ele
b) Ter havido demora injustificada no proces- o inquérito sobre essas pessoas, a menos que,
samento, a qual, dadas as circunstâncias, se a pedido do Procurador, o Juízo de Instrução
mostra incompatível com a intenção de fazer decida autorizar o inquérito.
responder a pessoa em causa perante a justiça;
3. A transferência do inquérito poderá ser
c) O processo não ter sido ou não estar sendo reexaminada pelo Procurador seis meses após
Atos internacionais
conduzido de maneira independente ou impar- a data em que tiver sido decidida ou, a todo o
cial, e ter estado ou estar sendo conduzido de momento, quando tenha ocorrido uma altera-
uma maneira que, dadas as circunstâncias, seja ção significativa de circunstâncias, decorrente
incompatível com a intenção de levar a pessoa da falta de vontade ou da incapacidade efetiva
em causa perante a justiça; do Estado de levar a cabo o inquérito.
61
4. O Estado interessado ou o Procurador pode- b) Um Estado que detenha o poder de jurisdi-
rão interpor recurso para o Juízo de Recursos da ção sobre um caso, pelo fato de o estar investi-
decisão proferida por um Juízo de Instrução, tal gando ou julgando, ou por já o ter feito antes; ou
como previsto no artigo 82. Este recurso poderá
seguir uma forma sumária. c) Um Estado cuja aceitação da competência
do Tribunal seja exigida, de acordo com o
5. Se o Procurador transferir o inquérito, nos artigo 12.
termos do parágrafo 2o, poderá solicitar ao
Estado interessado que o informe periodica- 3. O Procurador poderá solicitar ao Tribunal
mente do andamento do mesmo e de qualquer que se pronuncie sobre questões de jurisdição
outro procedimento subseqüente. Os Estados ou admissibilidade. Nas ações relativas a juris-
Partes responderão a estes pedidos sem atrasos dição ou admissibilidade, aqueles que tiverem
injustificados. denunciado um caso ao abrigo do artigo 13,
bem como as vítimas, poderão também apre-
6. O Procurador poderá, enquanto aguardar sentar as suas observações ao Tribunal.
uma decisão a proferir no Juízo de Instrução,
ou a todo o momento se tiver transferido o in- 4. A admissibilidade de um caso ou a juris-
quérito nos termos do presente artigo, solicitar dição do Tribunal só poderão ser impugna-
ao tribunal de instrução, a título excepcional, das uma única vez por qualquer pessoa ou
que o autorize a efetuar as investigações que Estado a que se faz referência no parágrafo
considere necessárias para preservar elementos 2o. A impugnação deverá ser feita antes do
de prova, quando exista uma oportunidade julgamento ou no seu início. Em circunstân-
única de obter provas relevantes ou um risco cias excepcionais, o Tribunal poderá autorizar
significativo de que essas provas possam não que a impugnação se faça mais de uma vez ou
estar disponíveis numa fase ulterior. depois do início do julgamento. As impug-
nações à admissibilidade de um caso feitas
7. O Estado que tenha recorrido de uma decisão no início do julgamento, ou posteriormente
do Juízo de Instrução nos termos do presente com a autorização do Tribunal, só poderão
artigo poderá impugnar a admissibilidade de fundamentar-se no disposto no parágrafo 1o,
um caso nos termos do artigo 19, invocando alínea c) do artigo 17.
fatos novos relevantes ou uma alteração signi-
ficativa de circunstâncias. 5. Os Estados a que se referem as alíneas b) e
c) do parágrafo 2o do presente artigo deverão
ARTIGO 19 – Impugnação da Jurisdição do deduzir impugnação logo que possível.
Tribunal ou da Admissibilidade do Caso
6. Antes da confirmação da acusação, a impug-
1. O Tribunal deverá certificar-se de que detém nação da admissibilidade de um caso ou da
jurisdição sobre todos os casos que lhe sejam jurisdição do Tribunal será submetida ao Juízo
submetidos. O Tribunal poderá pronunciar-se de Instrução e, após confirmação, ao Juízo de
de ofício sobre a admissibilidade do caso em Julgamento em Primeira Instância. Das deci-
conformidade com o artigo 17. sões relativas à jurisdição ou admissibilidade
caberá recurso para o Juízo de Recursos, de
2. Poderão impugnar a admissibilidade do caso, acordo com o artigo 82.
por um dos motivos referidos no artigo 17, ou
Tráfico de Pessoas
ARTIGO 22 – Nullum crimen sine lege 3. Nos termos do presente Estatuto, será con-
siderado criminalmente responsável e poderá
1. Nenhuma pessoa será considerada crimi- ser punido pela prática de um crime da com-
nalmente responsável, nos termos do presente petência do Tribunal quem:
Estatuto, a menos que a sua conduta constitua,
no momento em que tiver lugar, um crime da a) Cometer esse crime individualmente ou em
competência do Tribunal. conjunto ou por intermédio de outrem, quer essa
pessoa seja, ou não, criminalmente responsável;
2. A previsão de um crime será estabelecida de
forma precisa e não será permitido o recurso à b) Ordenar, solicitar ou instigar à prática desse
analogia. Em caso de ambigüidade, será inter- crime, sob forma consumada ou sob a forma
pretada a favor da pessoa objeto de inquérito, de tentativa;
acusada ou condenada.
c) Com o propósito de facilitar a prática desse
3. O disposto no presente artigo em nada afetará crime, for cúmplice ou encobridor, ou colaborar
a tipificação de uma conduta como crime nos de algum modo na prática ou na tentativa de
termos do direito internacional, independen- prática do crime, nomeadamente pelo forneci-
temente do presente Estatuto. mento dos meios para a sua prática;
ARTIGO 23 – Nulla poena sine lege d) Contribuir de alguma outra forma para a
prática ou tentativa de prática do crime por
Qualquer pessoa condenada pelo Tribunal só um grupo de pessoas que tenha um objetivo
poderá ser punida em conformidade com as comum. Esta contribuição deverá ser intencio-
disposições do presente Estatuto. nal e ocorrer, conforme o caso:
Estatuto, por uma conduta anterior à entrada ii) Com o conhecimento da intenção do grupo
em vigor do presente Estatuto. de cometer o crime;
ARTIGO 26 – Exclusão da Jurisdição ii) Esse chefe militar ou essa pessoa não te-
Relativamente a Menores de 18 anos nha adotado todas as medidas necessárias e
adequadas ao seu alcance para prevenir ou
O Tribunal não terá jurisdição sobre pessoas reprimir a sua prática, ou para levar o assunto
que, à data da alegada prática do crime, não ao conhecimento das autoridades competen-
tenham ainda completado 18 anos de idade. tes, para efeitos de inquérito e procedimento
criminal.
ARTIGO 27 – Irrelevância da Qualidade
Oficial b) Nas relações entre superiores hierárquicos
e subordinados, não referidos na alínea a),
1. O presente Estatuto será aplicável de forma o superior hierárquico será criminalmente
igual a todas as pessoas sem distinção alguma responsável pelos crimes da competência
baseada na qualidade oficial. Em particular, a do Tribunal que tiverem sido cometidos por
qualidade oficial de Chefe de Estado ou de Go- subordinados sob a sua autoridade e controle
verno, de membro de Governo ou do Parlamen- efetivos, pelo fato de não ter exercido um
to, de representante eleito ou de funcionário controle apropriado sobre esses subordinados,
público, em caso algum eximirá a pessoa em quando:
causa de responsabilidade criminal nos termos
do presente Estatuto, nem constituirá de per se a) O superior hierárquico teve conhecimento
motivo de redução da pena. ou deliberadamente não levou em consideração
a informação que indicava claramente que os
2. As imunidades ou normas de procedimento subordinados estavam a cometer ou se prepa-
especiais decorrentes da qualidade oficial de ravam para cometer esses crimes;
uma pessoa; nos termos do direito interno ou
do direito internacional, não deverão obstar a b) Esses crimes estavam relacionados com ati-
que o Tribunal exerça a sua jurisdição sobre vidades sob a sua responsabilidade e controle
essa pessoa. efetivos; e
Sem prejuízo de outros fundamentos para a ii) Ser constituída por outras circunstâncias
exclusão de responsabilidade criminal previs- alheias à sua vontade.
tos no presente Estatuto, não será considerada
criminalmente responsável a pessoa que, no 2. O Tribunal determinará se os fundamentos
momento da prática de determinada conduta: de exclusão da responsabilidade criminal pre-
vistos no presente Estatuto serão aplicáveis no
a) Sofrer de enfermidade ou deficiência men- caso em apreço.
tal que a prive da capacidade para avaliar a
ilicitude ou a natureza da sua conduta, ou da 3. No julgamento, o Tribunal poderá levar em
Tráfico de Pessoas
capacidade para controlar essa conduta a fim consideração outros fundamentos de exclusão
de não violar a lei; da responsabilidade criminal; distintos dos
referidos no parágrafo 1o, sempre que esses
b) Estiver em estado de intoxicação que a prive fundamentos resultem do direito aplicável em
da capacidade para avaliar a ilicitude ou a na- conformidade com o artigo 21. O processo de
66
exame de um fundamento de exclusão deste a) A Presidência;
tipo será definido no Regulamento Processual.
b) Uma Seção de Recursos, uma Seção de Jul-
ARTIGO 32 – Erro de Fato ou Erro de Direito gamento em Primeira Instância e uma Seção
de Instrução;
1. O erro de fato só excluirá a responsabilidade
criminal se eliminar o dolo requerido pelo crime. c) O Gabinete do Procurador;
excelente conhecimento e domínio de, pelo me- do Procurador, proporá o Estatuto do Pessoal,
nos, uma das línguas de trabalho do Tribunal. que fixará as condições de nomeação, remu-
neração e cessação de funções do pessoal do
4. Os juízes elegerão o Secretário em escrutí- Tribunal. O Estatuto do Pessoal será aprovado
nio secreto, por maioria absoluta, tendo em pela Assembléia dos Estados Partes.
72
4. O Tribunal poderá, em circunstâncias excep- b) No caso do Procurador, por maioria absoluta
cionais, recorrer aos serviços de pessoal coloca- dos Estados Partes;
do à sua disposição, a título gratuito, pelos Es-
tados Partes, organizações intergovernamentais c) No caso de um Procurador-Adjunto, por
e organizações não governamentais, com vista maioria absoluta dos Estados Partes, com base
a colaborar com qualquer um dos órgãos do na recomendação do Procurador.
Tribunal. O Procurador poderá anuir a tal even-
tualidade em nome do Gabinete do Procurador. 3. A decisão relativa à cessação de funções do
A utilização do pessoal disponibilizado a título Secretário ou do Secretário-Adjunto, será ado-
gratuito ficará sujeita às diretivas estabelecidas tada por maioria absoluta de votos dos juízes.
pela Assembléia dos Estados Partes.
4. Os juízes, o Procurador, os Procuradores-
ARTIGO 45 – Compromisso Solene -Adjuntos, o Secretário ou o Secretário-
-Adjunto, cuja conduta ou idoneidade para o
Antes de assumir as funções previstas no exercício das funções inerentes ao cargo em
presente Estatuto, os juízes, o Procurador, os conformidade com o presente Estatuto tiver
Procuradores-Adjuntos, o Secretário e o Se- sido contestada ao abrigo do presente artigo,
cretário-Adjunto declararão solenemente, em terão plena possibilidade de apresentar e obter
sessão pública, que exercerão as suas funções meios de prova e produzir alegações de acordo
imparcial e conscienciosamente. com o Regulamento Processual; não poderão,
no entanto, participar, de qualquer outra forma,
ARTIGO 46 – Cessação de Funções na apreciação do caso.
5. Em caso de conflito entre as disposições do Se decidir que não há motivo razoável para
Estatuto e as do Regulamento Processual, o abrir um inquérito e se esta decisão se basear
Estatuto prevalecerá. unicamente no disposto na alínea c), o Procu-
rador informará o Juízo de Instrução.
ARTIGO 52 – Regimento do Tribunal
2. Se, concluído o inquérito, o Procurador
1. De acordo com o presente Estatuto e com o chegar à conclusão de que não há fundamento
Regulamento Processual, os juízes aprovarão, suficiente para proceder criminalmente, na
por maioria absoluta, o Regimento necessário medida em que:
ao normal funcionamento do Tribunal.
a) Não existam elementos suficientes, de fato
2. O Procurador e o Secretário serão consulta- ou de direito, para requerer a emissão de um
dos sobre a elaboração do Regimento ou sobre mandado de detenção ou notificação para com-
qualquer alteração que lhe seja introduzida. parência, de acordo com o artigo 58;
essa decisão;
a) A informação de que dispõe constitui fun-
damento razoável para crer que foi, ou está b) Além disso, o Juízo de Instrução poderá, ofi-
sendo, cometido um crime da competência ciosamente, examinar a decisão do Procurador
do Tribunal; de não proceder criminalmente, se essa decisão
75
se basear unicamente no disposto no parágrafo 3. O Procurador poderá:
1o, alínea c), e no parágrafo 2o, alínea c). Nesse
caso, a decisão do Procurador só produzirá a) Reunir e examinar provas;
efeitos se confirmada pelo Juízo de Instrução.
b) Convocar e interrogar pessoas objeto de
4. O Procurador poderá, a todo o momento, inquérito e convocar e tomar o depoimento de
reconsiderar a sua decisão de abrir um inqué- vítimas e testemunhas;
rito ou proceder criminalmente, com base em
novos fatos ou novas informações. c) Procurar obter a cooperação de qualquer
Estado ou organização intergovernamental ou
ARTIGO 54 – Funções e Poderes do instrumento intergovernamental, de acordo
Procurador em Matéria de Inquérito com a respectiva competência e/ou mandato;
c) Respeitar plenamente os direitos conferidos a) Nenhuma pessoa poderá ser obrigada a de-
às pessoas pelo presente Estatuto. por contra si própria ou a declarar-se culpada;
b) Mediante autorização do Juízo de Instrução, c) Qualquer pessoa que for interrogada numa
dada nos termos do parágrafo 3o, alínea d), do língua que não compreenda ou não fale fluen-
artigo 57. temente, será assistida, gratuitamente, por um
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intérprete competente e disporá das traduções entender necessárias para assegurar a eficácia e
que são necessárias às exigências de equidade; a integridade do processo e, em particular, para
proteger os direitos de defesa;
d) Nenhuma pessoa poderá ser presa ou de-
tida arbitrariamente, nem ser privada da sua c) Salvo decisão em contrário do Juízo de Ins-
liberdade, salvo pelos motivos previstos no trução, o Procurador transmitirá a informação
presente Estatuto e em conformidade com os relevante à pessoa que tenha sido detida, ou que
procedimentos nele estabelecidos. tenha comparecido na seqüência de notificação
emitida no âmbito do inquérito a que se refere
2. Sempre que existam motivos para crer que a alínea a), para que possa ser ouvida sobre a
uma pessoa cometeu um crime da competência matéria em causa.
do Tribunal e que deve ser interrogada pelo
Procurador ou pelas autoridades nacionais, em 2. As medidas a que se faz referência na alínea
virtude de um pedido feito em conformidade b) do parágrafo 1o poderão consistir em:
com o disposto na Parte IX do presente Estatuto,
essa pessoa será .informada, antes do interroga- a) Fazer recomendações ou proferir despachos
tório, de que goza ainda dos seguintes direitos: sobre o procedimento a seguir;
a) A ser informada antes de ser interrogada de b) Ordenar que seja lavrado o processo;
que existem indícios de que cometeu um crime
da competência do Tribunal; c) Nomear um perito;
b) A guardar silêncio, sem que tal seja tido em d) Autorizar o advogado de defesa do detido, ou
consideração para efeitos de determinação da de quem tiver comparecido no Tribunal na se-
sua culpa ou inocência; qüência de notificação, a participar no processo
ou, no caso dessa detenção ou comparecimento
c) A ser assistida por um advogado da sua não se ter ainda verificado ou não tiver ainda
escolha ou, se não o tiver, a solicitar que lhe sido designado advogado, a nomear outro
seja designado um defensor dativo, em todas defensor que se encarregará dos interesses da
as situações em que o interesse da justiça assim defesa e os representará;
o exija e sem qualquer encargo se não possuir
meios suficientes para lhe pagar; e e) Encarregar um dos seus membros ou, se neces-
sário, outro juiz disponível da Seção de Instrução
d) A ser interrogada na presença do seu advogado, ou da Seção de Julgamento em Primeira Ins-
a menos que tenha renunciado voluntariamente tância, de formular recomendações ou proferir
ao direito de ser assistida por um advogado. despachos sobre o recolhimento e a preservação
de meios de prova e a inquirição de pessoas;
ARTIGO 56 – Intervenção do Juízo de
Instrução em Caso de Oportunidade Única f) Adotar todas as medidas necessárias para
de Proceder a um Inquérito reunir ou preservar meios de prova.
de examinar, reunir ou verificar provas, o Procu- serão necessárias para preservar meios de prova
rador comunicará esse fato ao Juízo de Instrução; que lhe pareçam essenciais para a defesa no
julgamento, o Juízo consultará o Procurador
b) Nesse caso, o Juízo de Instrução, a pedido a fim de saber se existem motivos poderosos
do Procurador, poderá adotar as medidas que para este não requerer as referidas medidas. Se,
77
após consulta, o Juízo concluir que a omissão proferir despachos, incluindo medidas tais
de requerimento de tais medidas é injustificada, como as indicadas no artigo 56, ou procurar
poderá adotar essas medidas de ofício. obter, nos termos do disposto na Parte IX, a
cooperação necessária para auxiliar essa pessoa
b) O Procurador poderá recorrer da decisão a preparar a sua defesa;
do Juízo de Instrução de ofício, nos termos
do presente número. O recurso seguirá uma c) Sempre que necessário, assegurar a proteção
forma sumária. e o respeito pela privacidade de vítimas e teste-
munhas, a preservação da prova, a proteção de
4. A admissibilidade dos meios de prova pre- pessoas detidas ou que tenham comparecido na
servados ou recolhidos para efeitos do processo seqüência de notificação para comparecimento,
ou o respectivo registro, em conformidade com assim como a proteção de informação que afete
o presente artigo, reger-se-ão, em julgamento, a segurança nacional;
pelo disposto no artigo 69, e terão o valor que
lhes for atribuído pelo Juízo de Julgamento em d) Autorizar o Procurador a adotar medidas
Primeira Instância. específicas no âmbito de um inquérito, no
território de um Estado Parte sem ter obtido
ARTIGO 57 – Funções e Poderes do Juízo de a cooperação deste nos termos do disposto na
Instrução Parte IX, caso o Juízo de Instrução determine
que, tendo em consideração, na medida do
1. Salvo disposição em contrário contida no possível, a posição do referido Estado, este
presente Estatuto, o Juízo de Instrução exer- último não está manifestamente em condições
cerá as suas funções em conformidade com o de satisfazer um pedido de cooperação face à
presente artigo. incapacidade de todas as autoridades ou órgãos
do seu sistema judiciário com competência
2. a) Para os despachos do Juízo de Instrução para dar seguimento a um pedido de coope-
proferidos ao abrigo dos artigos 15, 18, 19, ração formulado nos termos do disposto na
54, parágrafo 2o, 61, parágrafo 7, e 72, deve Parte IX.
concorrer maioria de votos dos juízes que o
compõem; e) Quando tiver emitido um mandado de
detenção ou uma notificação para compareci-
b) Em todos os outros casos, um único juiz do mento nos termos do artigo 58, e levando em
Juízo de Instrução poderá exercer as funções consideração o valor das provas e os direitos
definidas no presente Estatuto, salvo dispo- das partes em questão, em conformidade com
sição em contrário contida no Regulamento o disposto no presente Estatuto e no Regula-
Processual ou decisão em contrário do Juízo de mento Processual, procurar obter a cooperação
Instrução tomada por maioria de votos. dos Estados, nos termos do parágrafo 1o, alínea
k) do artigo 93, para adoção de medidas caute-
3. Independentemente das outras funções lares que visem à apreensão, em particular no
conferidas pelo presente Estatuto, o Juízo de interesse superior das vítimas.
Instrução poderá:
ARTIGO 58 – Mandado de Detenção e
a) A pedido do Procurador, proferir os des- Notificação para Comparecimento do Juízo
pachos e emitir os mandados que se revelem de Instrução
Tráfico de Pessoas
a) Existem motivos suficientes para crer que 4. O mandado de detenção manter-se-á válido
essa pessoa cometeu um crime da competência até decisão em contrário do Tribunal.
do Tribunal; e
5. Com base no mandado de detenção, o Tri-
b) A detenção dessa pessoa se mostra neces- bunal poderá solicitar a prisão preventiva ou a
sária para: detenção e entrega da pessoa em conformidade
com o disposto na Parte IX do presente Estatuto.
i) Garantir o seu comparecimento em tribunal;
6. O Procurador poderá solicitar ao Juízo de
ii) Garantir que não obstruirá, nem porá em Instrução que altere o mandado de detenção no
perigo, o inquérito ou a ação do Tribunal; ou sentido de requalificar os crimes aí indicados
ou de adicionar outros. O Juízo de Instrução
iii) Se for o caso, impedir que a pessoa continue alterará o mandado de detenção se considerar
a cometer esse crime ou um crime conexo que que existem motivos suficientes para crer que
seja da competência do Tribunal e tenha a sua a pessoa cometeu quer os crimes na forma que
origem nas mesmas circunstâncias. se indica nessa requalificação, quer os novos
crimes.
2. Do requerimento do Procurador deverão
constar os seguintes elementos: 7. O Procurador poderá solicitar ao Juízo de Ins-
trução que, em vez de um mandado de detenção,
a) O nome da pessoa em causa e qualquer outro emita uma notificação para comparecimento.
elemento útil de identificação; Se o Juízo considerar que existem motivos sufi-
cientes para crer que a pessoa cometeu o crime
b) A referência precisa do crime da competên- que lhe é imputado e que uma notificação para
cia do Tribunal que a pessoa tenha presumivel- comparecimento será suficiente para garantir a
mente cometido; sua presença efetiva em tribunal, emitirá uma
notificação para que a pessoa compareça, com
c) Uma descrição sucinta dos fatos que alega- ou sem a imposição de medidas restritivas de
damente constituem o crime; liberdade (distintas da detenção) se previstas no
direito interno. Da notificação para compareci-
d) Um resumo das provas e de qualquer outra mento deverão constar os seguintes elementos:
informação que constitua motivo suficiente
para crer que a pessoa cometeu o crime; e a) O nome da pessoa em causa e qualquer outro
elemento útil de identificação;
e) Os motivos pelos quais o Procurador considere
necessário proceder à detenção daquela pessoa. b) A data de comparecimento;
elemento útil de identificação; d) Uma descrição sucinta dos fatos que alega-
damente constituem o crime.
b) A referência precisa do crime da compe-
tência do Tribunal que justifique o pedido de Esta notificação será diretamente feita à pessoa
detenção; e em causa.
79
ARTIGO 59 – Procedimento de Detenção no ções periódicas sobre a situação de liberdade
Estado da Detenção provisória.
1. O Estado Parte que receber um pedido de 7. Uma vez que o Estado da detenção tenha or-
prisão preventiva ou de detenção e entrega, denado a entrega, o detido será colocado, o mais
adotará imediatamente as medidas necessárias rapidamente possível, à disposição do Tribunal.
para proceder à detenção, em conformidade
com o respectivo direito interno e com o dis- ARTIGO 60 – Início da Fase Instrutória
posto na Parte IX.
1. Logo que uma pessoa seja entregue ao
2. O detido será imediatamente levado à pre- Tribunal ou nele compareça voluntariamente
sença da autoridade judiciária competente do em cumprimento de uma notificação para
Estado da detenção que determinará se, de comparecimento, o Juízo de Instrução deverá
acordo com a legislação desse Estado: assegurar-se de que essa pessoa foi informada
dos crimes que lhe são imputados e dos direitos
a) O mandado de detenção é aplicável à pessoa que o presente Estatuto lhe confere, incluindo
em causa; o direito de solicitar autorização para aguardar
o julgamento em liberdade.
b) A detenção foi executada de acordo com a lei;
2. A pessoa objeto de um mandado de detenção
c) Os direitos do detido foram respeitados, poderá solicitar autorização para aguardar jul-
gamento em liberdade. Se o Juízo de Instrução
3. O detido terá direito a solicitar à autoridade considerar verificadas as condições enunciadas
competente do Estado da detenção autorização no parágrafo 1o do artigo 58, a detenção será
para aguardar a sua entrega em liberdade. mantida. Caso contrário, a pessoa será posta
em liberdade, com ou sem condições.
4. Ao decidir sobre o pedido, a autoridade com-
petente do Estado da detenção determinará se, 3. O Juízo de Instrução reexaminará perio-
em face da gravidade dos crimes imputados, se dicamente a sua decisão quanto à liberdade
verificam circunstâncias urgentes e excepcionais provisória ou à detenção, podendo fazê-lo a
que justifiquem a liberdade provisória e se exis- todo o momento, a pedido do Procurador ou
tem as garantias necessárias para que o Estado de do interessado. Ao tempo da revisão, o Juízo po-
detenção possa cumprir a sua obrigação de en- derá modificar a sua decisão quanto à detenção,
tregar a pessoa ao Tribunal. Essa autoridade não à liberdade provisória ou às condições desta, se
terá competência para examinar se o mandado de considerar que a alteração das circunstâncias
detenção foi regularmente emitido, nos termos o justifica.
das alíneas a) e b) do parágrafo 1o do artigo 58.
4. O Juízo de Instrução certificar-se-á de que
5. O pedido de liberdade provisória será noti- a detenção não será prolongada por período
ficado ao Juízo de Instrução, o qual fará reco- não razoável devido a demora injustificada por
mendações à autoridade competente do Estado parte do Procurador. Caso se produza a referida
da detenção. Antes de tomar uma decisão, a demora, o Tribunal considerará a possibilidade
autoridade competente do Estado da detenção de por o interessado em liberdade, com ou sem
terá em conta essas recomendações, incluindo condições.
Tráfico de Pessoas
b) Será informado das provas que o Procurador c) Adiará a audiência e solicitará ao Procurador
Atos internacionais
O Juízo de Instrução poderá proferir despacho i) Apresentar novas provas ou efetuar novo
sobre a divulgação de informação para efeitos inquérito relativamente a um determinado fato
da audiência. constante da acusação; ou
81
ii) Modificar parte da acusação, se as provas ARTIGO 63 – Presença do Acusado em
reunidas parecerem indicar que um crime Julgamento
distinto, da competência do Tribunal, foi co-
metido. 1. O acusado estará presente durante o julga-
mento.
8. A declaração de não procedência relativa-
mente a parte de uma acusação, proferida pelo 2. Se o acusado, presente em tribunal, per-
Juízo de Instrução, não obstará a que o Procu- turbar persistentemente a audiência, o Juízo
rador solicite novamente a sua apreciação, na de Julgamento em Primeira Instância poderá
condição de apresentar provas adicionais. ordenar a sua remoção da sala e providenciar
para que acompanhe o processo e dê instruções
9. Tendo os fatos constantes da acusação sido ao seu defensor a partir do exterior da mesma,
declarados procedentes, e antes do início do utilizando, se necessário, meios técnicos de
julgamento, o Procurador poderá, mediante comunicação. Estas medidas só serão adotadas
autorização do Juízo de Instrução e notifica- em circunstâncias excepcionais e pelo período
ção prévia do acusado, alterar alguns fatos estritamente necessário, após se terem esgotado
constantes da acusação. Se o Procurador pre- outras possibilidades razoáveis.
tender acrescentar novos fatos ou substituí-los
por outros de natureza mais grave, deverá, ARTIGO 64 – Funções e Poderes do Juízo de
nos termos do preserve artigo, requerer uma Julgamento em Primeira Instância
audiência para a respectiva apreciação. Após
o início do julgamento, o Procurador poderá 1. As funções e poderes do Juízo de Julgamento
retirar a acusação, com autorização do Juízo em Primeira Instância, enunciadas no presente
de Instrução. artigo, deverão ser exercidas em conformida-
de com o presente Estatuto e o Regulamento
10. Qualquer mandado emitido deixará de Processual.
ser válido relativamente aos fatos constantes
da acusação que tenham sido declarados não 2. O Juízo de Julgamento em Primeira Instância
procedentes pelo Juízo de Instrução ou que zelará para que o julgamento seja conduzido de
tenham sido retirados pelo Procurador. maneira eqüitativa e célere, com total respeito
dos direitos do acusado e tendo em devida
11. Tendo a acusação sido declarada proce- conta a proteção das vítimas e testemunhas.
dente nos termos do presente artigo, a Pre-
sidência designará um Juízo de Julgamento 3. O Juízo de Julgamento em Primeira Instância
em Primeira Instância que, sob reserva do a que seja submetido um caso nos termos do
disposto no parágrafo 9 do presente artigo e presente Estatuto:
no parágrafo 4o do artigo 64, se encarregará
da fase seguinte do processo e poderá exercer a) Consultará as partes e adotará as medidas
as funções do Juízo de Instrução que se mos- necessárias para que o processo se desenrole
trem pertinentes e apropriadas nessa fase do de maneira eqüitativa e célere;
processo.
b) Determinará qual a língua, ou quais as lín-
guas, a utilizar no julgamento; e
CAPÍTULO VI – O Julgamento
Tráfico de Pessoas
7. A audiência de julgamento será pública. No rágrafo 8, alínea a), do artigo 64, o Juízo de
entanto, o Juízo de Julgamento em Primeira Julgamento em Primeira Instância apurará:
Instância poderá decidir que determinadas
diligências se efetuem à porta fechada, em a) Se o acusado compreende a natureza e as
conformidade com os objetivos enunciados no conseqüências da sua confissão;
83
b) Se essa confissão foi feita livremente, após presente Estatuto, caso em que considerará a
devida consulta ao seu advogado de defesa; e confissão como não tendo tido lugar e poderá
transmitir o processo a outro Juízo de Julga-
c) Se a confissão é corroborada pelos fatos que mento em Primeira Instância.
resultam:
5. Quaisquer consultas entre o Procurador e a
i) Da acusação deduzida pelo Procurador e defesa, no que diz respeito à alteração dos fatos
aceita pelo acusado; constantes da acusação, à confissão ou à pena a
ser imposta, não vincularão o Tribunal.
ii) De quaisquer meios de prova que confirmam
os fatos constantes da acusação deduzida pelo ARTIGO 66 – Presunção de Inocência
Procurador e aceita pelo acusado; e
1. Toda a pessoa se presume inocente até prova
iii) De quaisquer outros meios de prova, tais da sua culpa perante o Tribunal, de acordo com
como depoimentos de testemunhas, apresen- o direito aplicável.
tados pelo Procurador ou pelo acusado.
2. Incumbe ao Procurador o ônus da prova da
2. Se o Juízo de Julgamento em Primeira Ins- culpa do acusado.
tância estimar que estão reunidas as condições
referidas no parágrafo 1o, considerará que a 3. Para proferir sentença condenatória, o Tri-
confissão, juntamente com quaisquer provas bunal deve estar convencido de que o acusado
adicionais produzidas, constitui um reco- é culpado, além de qualquer dúvida razoável.
nhecimento de todos os elementos essenciais
constitutivos do crime pelo qual o acusado ARTIGO 67 – Direitos do Acusado
se declarou culpado e poderá condená-lo por
esse crime. 1. Durante a apreciação de quaisquer fatos
constantes da acusação, o acusado tem direito
3. Se o Juízo de Julgamento em Primeira Ins- a ser ouvido em audiência pública, levando
tância estimar que não estão reunidas as con- em conta o disposto no presente Estatuto, a
dições referidas no parágrafo 1o, considerará a uma audiência conduzida de forma eqüitativa
confissão como não tendo tido lugar e, nesse e imparcial e às seguintes garantias mínimas,
caso, ordenará que o julgamento prossiga de em situação de plena igualdade:
acordo com o procedimento comum estipu-
lado no presente Estatuto, podendo transmitir a) A ser informado, sem demora e de forma
o processo a outro Juízo de Julgamento em detalhada, numa língua que compreenda e fale
Primeira Instância. fluentemente, da natureza, motivo e conteúdo
dos fatos que lhe são imputados;
4. Se o Juízo de Julgamento em Primeira Ins-
tância considerar necessária, no interesse da b) A dispor de tempo e de meios adequados
justiça, e em particular no interesse das vítimas, para a preparação da sua defesa e a comunicar-
uma explanação mais detalhada dos fatos inte- -se livre e confidencialmente com um defensor
grantes do caso, poderá: da sua escolha;
a) Solicitar ao Procurador que apresente provas c) A ser julgado sem atrasos indevidos;
Tráfico de Pessoas
2. Além de qualquer outra revelação de infor- 3. Se os interesses pessoais das vítimas forem
mação prevista no presente Estatuto, o Procu- afetados, o Tribunal permitir-lhes-á que expres-
rador comunicará à defesa, logo que possível, sem as suas opiniões e preocupações em fase
as provas que tenha em seu poder ou sob o seu processual que entenda apropriada e por forma
controle e que, no seu entender, revelem ou a não prejudicar os direitos do acusado nem a
tendam a revelar a inocência do acusado, ou ser incompatível com estes ou com a realiza-
a atenuar a sua culpa, ou que possam afetar a ção de um julgamento eqüitativo e imparcial.
credibilidade das provas de acusação. Em caso Os representantes legais das vítimas poderão
de dúvida relativamente à aplicação do presente apresentar as referidas opiniões e preocupações
número, cabe ao Tribunal decidir. quando o Tribunal o considerar oportuno e em
conformidade com o Regulamento Processual.
Atos internacionais
interessem ao caso, nos termos do artigo 64. b) Apresentação de provas, tendo a parte conheci-
O Tribunal será competente para solicitar de mento de que são falsas ou que foram falsificadas;
ofício a produção de todas as provas que enten-
der necessárias para determinar a veracidade c) Suborno de uma testemunha, impedimento
dos fatos. ou interferência no seu comparecimento ou de-
86
poimento, represálias contra uma testemunha ARTIGO 71 – Sanções por Desrespeito ao
por esta ter prestado depoimento, destruição Tribunal
ou alteração de provas ou interferência nas
diligências de obtenção de prova; 1. Em caso de atitudes de desrespeito ao
Tribunal, tal como perturbar a audiência ou
d) Entrave, intimidação ou corrupção de um recusar-se deliberadamente a cumprir as suas
funcionário do Tribunal, com a finalidade de instruções, o Tribunal poderá impor sanções
o obrigar ou o induzir a não cumprir as suas administrativas que não impliquem privação
funções ou a fazê-lo de maneira indevida; de liberdade, como, por exemplo, a expulsão
temporária ou permanente da sala de audiên-
e) Represálias contra um funcionário do Tri- cias, a multa ou outra medida similar prevista
bunal, em virtude das funções que ele ou outro no Regulamento Processual.
funcionário tenham desempenhado; e
2. O processo de imposição das medidas a que
f ) Solicitação ou aceitação de suborno na se refere o número anterior reger-se-á pelo
qualidade de funcionário do Tribunal, e em Regulamento Processual.
relação com o desempenho das respectivas
funções oficiais. ARTIGO 72 – Proteção de Informação
Relativa à Segurança Nacional
2. O Regulamento Processual estabelecerá os
princípios e procedimentos que regularão o 1. O presente artigo aplicar-se-á a todos os
exercício da competência do Tribunal relati- casos em que a divulgação de informação ou de
vamente às infrações a que se faz referência no documentos de um Estado possa, no entender
presente artigo. As condições de cooperação deste, afetar os interesses da sua segurança
internacional com o Tribunal, relativamente nacional. Tais casos incluem os abrangidos
ao procedimento que adote de acordo com o pelas disposições constantes dos parágrafos
presente artigo, reger-se-ão pelo direito interno 2o e 3o do artigo 56, parágrafo 3o do artigo
do Estado requerido. 61, parágrafo 3o do artigo 64, parágrafo 2o do
artigo 67, parágrafo 6 do artigo 68, parágrafo
3. Em caso de decisão condenatória, o Tribunal 6 do artigo 87 e do artigo 93, assim como os
poderá impor uma pena de prisão não superior que se apresentem em qualquer outra fase do
a cinco anos, ou de multa, de acordo com o processo em que uma tal divulgação possa
Regulamento Processual, ou ambas. estar em causa.
circunstâncias descritos na acusação ou nas al- seja paga por intermédio do Fundo previsto
terações que lhe tenham sido feitas. O Tribunal no artigo 79.
fundamentará a sua decisão exclusivamente nas
provas produzidas ou examinadas em audiência 3. Antes de lavrar qualquer despacho ao abrigo
de julgamento. do presente artigo, o Tribunal poderá solicitar
89
e levar em consideração as pretensões formu- 4. A sentença será proferida em audiência
ladas pela pessoa condenada, pelas vítimas, pública e, sempre que possível, na presença
por outras pessoas interessadas ou por outros do acusado.
Estados interessados, bem como as observações
formuladas em nome dessas pessoas ou desses
Estados. CAPÍTULO VII – As Penas
6. Nada no presente artigo será interpretado 2. Além da pena de prisão, o Tribunal poderá
como prejudicando os direitos reconhecidos às aplicar:
vítimas pelo direito interno ou internacional.
a) Uma multa, de acordo com os critérios pre-
ARTIGO 76 – Aplicação da Pena vistos no Regulamento Processual;
pretensões previstas no artigo 75 serão ouvidas sido cumprido em razão de uma conduta cons-
pelo Juízo de Julgamento em Primeira Instância titutiva do crime.
no decorrer da audiência suplementar referida
no parágrafo 2o e, se necessário, no decorrer de 3. Se uma pessoa for condenada pela prática
qualquer nova audiência. de vários crimes, o Tribunal aplicará penas
90
de prisão parcelares relativamente a cada um ii) Erro de fato; ou
dos crimes e uma pena única, na qual será
especificada a duração total da pena de prisão. iii) Erro de direito;
Esta duração não poderá ser inferior à da pena
parcelar mais elevada e não poderá ser superior b) O condenado ou o Procurador, no interesse
a 30 anos de prisão ou ir além da pena de pri- daquele; poderá interpor recurso com base num
são perpétua prevista no artigo 77, parágrafo dos seguintes fundamentos:
1o, alínea b).
i) Vício processual;
ARTIGO 79 – Fundo em Favor das Vítimas
ii) Erro de fato;
1. Por decisão da Assembléia dos Estados Par-
tes, será criado um Fundo a favor das vítimas iii) Erro de direito; ou
de crimes da competência do Tribunal, bem
como das respectivas famílias. iv) Qualquer outro motivo suscetível de afetar
a equidade ou a regularidade do processo ou
2. O Tribunal poderá ordenar que o produto da sentença.
das multas e quaisquer outros bens declarados
perdidos revertam para o Fundo. 2. a) O Procurador ou o condenado poderá, em
conformidade com o Regulamento Processual,
3. O Fundo será gerido em harmonia com os interpor recurso da pena decretada invocando
critérios a serem adotados pela Assembléia dos desproporção entre esta e o crime;
Estados Partes.
b) Se, ao conhecer de recurso interposto da
ARTIGO 80 – Não Interferência no Regime pena decretada, o Tribunal considerar que
de Aplicação de Penas Nacionais e nos há fundamentos suscetíveis de justificar a
Direitos Internos anulação, no todo ou em parte, da sentença
condenatória, poderá convidar o Procurador
Nada no presente Capítulo prejudicará a apli- e o condenado a motivarem a sua posição nos
cação, pelos Estados, das penas previstas nos termos da alínea a) ou b) do parágrafo 1o do
respectivos direitos internos, ou a aplicação da artigo 81, após o que poderá pronunciar-se
legislação de Estados que não preveja as penas sobre a sentença condenatória nos termos do
referidas neste capítulo. artigo 83;
tramitação do recurso;
a) O Procurador poderá interpor recurso com
base num dos seguintes fundamentos: b) Se o período de prisão preventiva ultrapassar
a duração da pena decretada, o condenado será
i) Vício processual; posto em liberdade; todavia, se o Procurador
91
também interpuser recurso, a libertação ficará Juízo de Recursos poderia, no entender do
sujeita às condições enunciadas na alínea c) Juízo de Instrução ou do Juízo de Julgamento
infra; em Primeira Instância, acelerar a marcha do
processo.
c) Em caso de absolvição, o acusado será ime-
diatamente posto em liberdade, sem prejuízo 2. Quer o Estado interessado quer o Procurador
das seguintes condições: poderão recorrer da decisão proferida pelo
Juízo de Instrução, mediante autorização deste,
i) Em circunstâncias excepcionais e tendo nos termos do artigo 57, parágrafo 3o, alínea
em conta, nomeadamente, o risco de fuga, a d). Este recurso adotará uma forma sumária.
gravidade da infração e as probabilidades de
o recurso ser julgado procedente, o Juízo de 3. O recurso só terá efeito suspensivo se o Juízo
Julgamento em Primeira Instância poderá, a de Recursos assim o ordenar, mediante requeri-
requerimento do Procurador, ordenar que o mento, em conformidade com o Regulamento
acusado seja mantido em regime de prisão Processual.
preventiva durante a tramitação do recurso;
4. O representante legal das vítimas, o conde-
ii) A decisão proferida pelo juízo de julgamento nado ou o proprietário de boa fé de bens que
em primeira instância nos termos da sub-alínea hajam sido afetados por um despacho proferido
i), será recorrível em harmonia com as Regula- ao abrigo do artigo 75 poderá recorrer de tal
mento Processual. despacho, em conformidade com o Regula-
mento Processual.
4. Sem prejuízo do disposto nas alíneas a) e b)
do parágrafo 3o, a execução da sentença conde- ARTIGO 83 – Processo Sujeito a Recurso
natória ou da pena ficará suspensa pelo período
fixado para a interposição do recurso, bem 1. Para os fins do procedimentos referido no
como durante a fase de tramitação do recurso. artigo 81 e no presente artigo, o Juízo de Recur-
sos terá todos os poderes conferidos ao Juízo de
ARTIGO 82 – Recurso de Outras Decisões Julgamento em Primeira Instância.
94
funções nos termos do presente Estatuto, o Tri- b) Um pedido de trânsito formulado pelo Tri-
bunal poderá elaborar um relatório e remeter a bunal será transmitido em conformidade com
questão à Assembléia dos Estados Partes ou ao o artigo 87. Do pedido de trânsito constarão:
Conselho de Segurança, quando tiver sido este
a submeter o fato ao Tribunal. i) A identificação da pessoa transportada;
legislação nacional, o trânsito, pelo seu territó- dição relativo à mesma pessoa, pelos mesmos
rio, de uma pessoa entregue ao Tribunal por um fatos que motivaram o pedido de entrega por
outro Estado, salvo quando o trânsito por esse parte do Tribunal, deverá notificar o Tribunal
Estado impedir ou retardar a entrega. e o Estado requerente de tal fato.
95
2. Se o Estado requerente for um Estado Parte, a extraditará para o Estado requerente. Na sua
o Estado requerido dará prioridade ao pedido decisão, o Estado requerido terá em conta todos
do Tribunal: os fatores relevantes, incluindo, entre outros:
rido se veja obrigado, por força de uma norma ARTIGO 91 – Conteúdo do Pedido de
internacional, a extraditar a pessoa para o Estado Detenção e de Entrega
requerente que não seja Parte no presente Esta-
tuto, o Estado requerido decidirá se procederá 1. O pedido de detenção e de entrega será for-
à entrega da pessoa em causa ao Tribunal ou se mulado por escrito. Em caso de urgência, o pe-
96
dido poderá ser feito através de qualquer outro genéricas ou a uma questão específica, consul-
meio de que fique registro escrito, devendo, no tas com o Tribunal sobre quaisquer requisitos
entanto, ser confirmado através dos canais pre- previstos no seu direito interno que possam ser
vistos na alínea a) do parágrafo 1o do artigo 87, aplicados nos termos da alínea c) do parágrafo
2o. No decurso de tais consultas, o Estado Parte
2. O pedido de detenção e entrega de uma informará o Tribunal dos requisitos específicos
pessoa relativamente à qual o Juízo de Instru- constantes do seu direito interno.
ção tiver emitido um mandado de detenção
ao abrigo do artigo 58, deverá conter ou ser ARTIGO 92 – Prisão Preventiva
acompanhado dos seguintes documentos:
1. Em caso de urgência, o Tribunal poderá so-
a) Uma descrição da pessoa procurada, con- licitar a prisão preventiva da pessoa procurada
tendo informação suficiente que permita a sua até a apresentação do pedido de entrega e os
identificação, bem como informação sobre a documentos de apoio referidos no artigo 91.
sua provável localização;
2. O pedido de prisão preventiva será transmi-
b) Uma cópia do mandado de detenção; e tido por qualquer meio de que fique registro
escrito e conterá:
c) Os documentos, declarações e informações
necessários para satisfazer os requisitos do a) Uma descrição da pessoa procurada, con-
processo de entrega pelo Estado requerido; tendo informação suficiente que permita a sua
contudo, tais requisitos não deverão ser mais identificação, bem como informação sobre a
rigorosos dos que os que devem ser observados sua provável localização;
em caso de um pedido de extradição em confor-
midade com tratados ou convênios celebrados b) Uma exposição sucinta dos crimes pelos
entre o Estado requerido e outros Estados, quais a pessoa é procurada, bem como dos
devendo, se possível, ser menos rigorosos face à fatos alegadamente constitutivos de tais crimes
natureza específica de que se reveste o Tribunal. incluindo, se possível, a data e o local da sua
prática;
3. Se o pedido respeitar à detenção e à entrega
de uma pessoa já condenada, deverá conter ou c) Uma declaração que certifique a existência de
ser acompanhado dos seguintes documentos: um mandado de detenção ou de uma decisão
condenatória contra a pessoa procurada; e
a) Uma cópia do mandado de detenção dessa
pessoa; d) Uma declaração de que o pedido de entrega
relativo à pessoa procurada será enviado pos-
b) Uma cópia da sentença condenatória; teriormente.
c) Elementos que demonstrem que a pessoa 3. Qualquer pessoa mantida sob prisão preven-
procurada é a mesma a que se refere a sentença tiva poderá ser posta em liberdade se o Estado
condenatória; e requerido não tiver recebido, em conformida-
de com o artigo 91, o pedido de entrega e os
d) Se a pessoa já tiver sido condenada, uma respectivos documentos no prazo fixado pelo
cópia da sentença e, em caso de pena de prisão, Regulamento Processual. Todavia, essa pessoa
Atos internacionais
a indicação do período que já tiver cumprido, poderá consentir na sua entrega antes do termo
bem como o período que ainda lhe falte cumprir. do período se a legislação do Estado requerido
o permitir. Nesse caso, o Estado requerido pro-
4. Mediante requerimento do Tribunal, um Es- cede à entrega da pessoa reclamada ao Tribunal,
tado Parte manterá, no que respeite a questões o mais rapidamente possível.
97
4. O fato de a pessoa reclamada ter sido posta k) Identificar, localizar e congelar ou apreender
em liberdade em conformidade com o pará- o produto de crimes, bens, haveres e instrumen-
grafo 3o não obstará a que seja de novo detida tos ligados aos crimes, com vista à sua eventual
e entregue se o pedido de entrega e os docu- declaração de perda, sem prejuízo dos direitos
mentos em apoio, vierem a ser apresentados de terceiros de boa-fé; e
posteriormente.
l) Prestar qualquer outra forma de auxílio não
ARTIGO 93 – Outras Formas de Cooperação proibida pela legislação do Estado requerido,
destinada a facilitar o inquérito e o julgamento
1. Em conformidade com o disposto no pre- por crimes da competência do Tribunal.
sente Capítulo e nos termos dos procedimentos
previstos nos respectivos direitos internos, os 2. O Tribunal tem poderes para garantir à
Estados Partes darão seguimento aos pedidos testemunha ou ao perito que perante ele
formulados pelo Tribunal para concessão de compareça de que não serão perseguidos,
auxílio, no âmbito de inquéritos ou procedi- detidos ou sujeitos a qualquer outra restrição
mentos criminais, no que se refere a: da sua liberdade pessoal, por fato ou omissão
anteriores à sua saída do território do Estado
a) Identificar uma pessoa e o local onde se requerido.
encontra, ou localizar objetos;
3. Se a execução de uma determinada medida
b) Reunir elementos de prova, incluindo os de auxílio constante de um pedido apresentado
depoimentos prestados sob juramento, bem ao abrigo do parágrafo 1o não for permitida no
como produzir elementos de prova, incluindo Estado requerido em virtude de um princípio
perícias e relatórios de que o Tribunal necessita; jurídico fundamental de aplicação geral, o
Estado em causa iniciará sem demora consul-
c) Interrogar qualquer pessoa que seja objeto de tas com o Tribunal com vista à solução dessa
inquérito ou de procedimento criminal; questão. No decurso das consultas, serão con-
sideradas outras formas de auxílio, bem como
d) Notificar documentos, nomeadamente do- as condições da sua realização. Se, concluídas
cumentos judiciários; as consultas, a questão não estiver resolvida, o
Tribunal alterará o conteúdo do pedido con-
e) Facilitar o comparecimento voluntária, pe- forme se mostrar necessário.
rante o Tribunal, de pessoas que deponham na
qualidade de testemunhas ou de peritos; 4. Nos termos do disposto no artigo 72, um
Estado Parte só poderá recusar, no todo ou em
f ) Proceder à transferência temporária de parte, um pedido de auxílio formulado pelo
pessoas, em conformidade com o parágrafo 7o; Tribunal se tal pedido se reportar unicamente
à produção de documentos ou à divulgação de
g) Realizar inspeções, nomeadamente a exu- elementos de prova que atentem contra a sua
mação e o exame de cadáveres enterrados em segurança nacional.
fossas comuns;
5. Antes de denegar o pedido de auxílio pre-
h) Realizar buscas e apreensões; visto na alínea l) do parágrafo 1o, o Estado
requerido considerará se o auxílio poderá ser
Tráfico de Pessoas
ii) O Estado requerido concordar com a trans- 10. a) Mediante pedido, o Tribunal cooperará
ferência, sem prejuízo das condições que esse com um Estado Parte e prestar-lhe-á auxílio na
Estado e o Tribunal possam acordar; condução de um inquérito ou julgamento rela-
cionado com fatos que constituam um crime da
b) A pessoa transferida permanecerá detida. jurisdição do Tribunal ou que constituam um
Esgotado o fim que determinou a transferência, crime grave à luz do direito interno do Estado
o Tribunal reenviá-la-á imediatamente para o requerente.
Estado requerido.
b) i) O auxílio previsto na alínea a) deve com-
8. a) O Tribunal garantirá a confidencialidade preender, a saber:
dos documentos e das informações recolhidas,
exceto se necessários para o inquérito e os pro- a. A transmissão de depoimentos, documentos
cedimentos descritos no pedido; e outros elementos de prova recolhidos no
decurso do inquérito ou do julgamento con-
b) O Estado requerido poderá, se necessário, duzidos pelo Tribunal; e
comunicar os documentos ou as informações
ao Procurador a título confidencial. O Procu- b. O interrogatório de qualquer pessoa detida
rador só poderá utilizá-los para recolher novos por ordem do Tribunal;
elementos de prova;
ii) No caso previsto na alínea b), i), a;
c) O Estado requerido poderá, de ofício ou a
pedido do Procurador, autorizar a divulgação a. A transmissão dos documentos e de outros
posterior de tais documentos ou informações; elementos de prova obtidos com o auxílio de
os quais poderão ser utilizados como meios de um Estado necessita do consentimento desse
prova, nos termos do disposto nos Capítulos V Estado;
e VI e no Regulamento Processual.
b. A transmissão de depoimentos, documentos
9. a) i) Se um Estado Parte receber pedidos e outros elementos de prova fornecidos quer
concorrentes formulados pelo Tribunal e por por uma testemunha, quer por um perito,
um outro Estado, no âmbito de uma obrigação será feita em conformidade com o disposto
internacional, e cujo objeto não seja nem a en- no artigo 68.
Atos internacionais
1. Todo o pedido relativo a outras formas de Sempre que, ao abrigo do presente Capítulo, um
cooperação previstas no artigo 93 será formu- Estado Parte receba um pedido e verifique que
Tráfico de Pessoas
lado por escrito. Em caso de urgência, o pedido este suscita dificuldades que possam obviar à
poderá ser feito por qualquer meio que permita sua execução ou impedi-la, o Estado em causa
manter um registro escrito, desde que seja con- iniciará, sem demora, as consultas com o Tri-
firmado através dos canais indicados na alínea bunal com vista à solução desta questão. Tais
a) do parágrafo 1o do artigo 87. dificuldades podem revestir as seguintes formas:
100
a) Informações insuficientes para dar segui- nos que o seu direito interno o proíba, na forma
mento ao pedido; especificada no pedido, aplicando qualquer
procedimento nele indicado ou autorizando as
b) No caso de um pedido de entrega, o para- pessoas nele indicadas a estarem presentes e a
deiro da pessoa reclamada continuar desco- participarem na execução do pedido.
nhecido a despeito de todos os esforços ou a
investigação realizada permitiu determinar que 2. Em caso de pedido urgente, os documentos e
a pessoa que se encontra no Estado Requerido os elementos de prova produzidos na resposta
não é manifestamente a pessoa identificada no serão, a requerimento do Tribunal, enviados
mandado; ou com urgência.
d) Os custos das perícias ou dos relatórios ARTIGO 103 – Função dos Estados na
periciais solicitados pelo Tribunal; Execução das Penas Privativas de Liberdade
1. A pessoa condenada que esteja detida no Esta- 2. Somente o Tribunal terá a faculdade de de-
do da execução não poderá ser objeto de procedi- cidir sobre qualquer redução da pena e, ouvido
mento criminal, condenação ou extradição para o condenado, pronunciar-se-á a tal respeito,
um Estado terceiro em virtude de uma conduta
anterior à sua transferência para o Estado da 3. Quando a pessoa já tiver cumprido dois
execução, a menos que a Tribunal tenha dado a terços da pena, ou 25 anos de prisão em caso
sua aprovação a tal procedimento, condenação de pena de prisão perpétua, o Tribunal reexa-
ou extradição, a pedido do Estado da execução. minará a pena para determinar se haverá lugar
a sua redução. Tal reexame só será efetuado
2. Ouvido o condenado, o Tribunal pronunciar- transcorrido o período acima referido.
-se-á sobre a questão.
4. No reexame a que se refere o parágrafo 3o,
3. O parágrafo 1 deixará de ser aplicável se o
o
o Tribunal poderá reduzir a pena se constatar
condenado permanecer voluntariamente no ter- que se verificam uma ou várias das condições
ritório do Estado da execução por um período seguintes:
superior a 30 dias após o cumprimento integral
da pena proferida pelo Tribunal, ou se regressar a) A pessoa tiver manifestado, desde o início e
ao território desse Estado após dele ter saído. de forma contínua, a sua vontade em cooperar
com o Tribunal no inquérito e no procedimento;
Tráfico de Pessoas
9. A Assembléia adotará o seu próprio Regi- Sem prejuízo do artigo 115, o Tribunal poderá
Tráfico de Pessoas
106
com os critérios estabelecidos pela Assembléia Estado Parte poderá propor alterações ao Es-
dos Estados Partes nesta matéria. tatuto. O texto das propostas de alterações será
submetido ao Secretário-Geral da Organização
ARTIGO 117 – Cálculo das Quotas das Nações Unidas, que o comunicará sem
demora a todos os Estados Partes.
As quotas dos Estados Partes serão calculadas
em conformidade com uma tabela de quotas que 2. Decorridos pelo menos três meses após a
tenha sido acordada, com base na tabela adotada data desta notificação, a Assembléia dos Estados
pela Organização das Nações Unidas para o seu Partes decidirá na reunião seguinte, por maioria
orçamento ordinário, e adaptada de harmonia dos seus membros presentes e votantes, se deverá
com os princípios nos quais se baseia tal tabela. examinar a proposta. A Assembléia poderá tratar
desta proposta, ou convocar uma Conferência
ARTIGO 118 – Verificação Anual de Contas de Revisão se a questão suscitada o justificar.
Os relatórios, livros e contas do Tribunal, in- 3. A adoção de uma alteração numa reunião
cluindo os balanços financeiros anuais, serão da Assembléia dos Estados Partes ou numa
verificados anualmente por um revisor de Conferência de Revisão exigirá a maioria de
contas independente. dois terços dos Estados Partes, quando não for
possível chegar a um consenso.
2. Quaisquer diferendos entre dois ou mais 5. Qualquer alteração ao artigo 5o, 6o, 7o e 8o do
Estados Partes relativos à interpretação ou à presente Estatuto entrará em vigor, para todos
aplicação do presente Estatuto, que não forem os Estados Partes que a tenham aceitado, um
resolvidos pela via negocial num período de ano após o depósito dos seus instrumentos de
três meses após o seu início, serão submetidos ratificação ou de aceitação. O Tribunal não
à Assembléia dos Estados Partes. A Assembléia exercerá a sua competência relativamente a um
poderá procurar resolver o diferendo ou fazer crime abrangido pela alteração sempre que este
recomendações relativas a outros métodos de tiver sido cometido por nacionais de um Estado
resolução, incluindo a submissão do diferendo Parte que não tenha aceitado a alteração, ou no
à Corte Internacional de Justiça, em conformi- território desse Estado Parte.
dade com o Estatuto dessa Corte.
6. Se uma alteração tiver sido aceita por sete
ARTIGO 120 – Reservas oitavos dos Estados Partes nos termos do pará-
grafo 4, qualquer Estado Parte que não a tenha
Não são admitidas reservas a este Estatuto. aceito poderá retirar-se do Estatuto com efeito
imediato, não obstante o disposto no parágrafo
Atos internacionais
107
7. O Secretário-Geral da Organização das no parágrafo 1o, o Secretário-Geral da Organi-
Nações Unidas comunicará a todos os Estados zação das Nações Unidas, mediante aprovação
Partes quaisquer alterações que tenham sido da maioria dos Estados Partes, convocará uma
adotadas em reunião da Assembléia dos Esta- Conferência de Revisão.
dos Partes ou numa Conferência de Revisão.
3. A adoção e a entrada em vigor de qual-
ARTIGO 122 – Alteração de Disposições de quer alteração ao Estatuto examinada numa
Caráter Institucional Conferência de Revisão serão reguladas pelas
disposições do artigo 121, parágrafos 3o a 7o.
1. Não obstante o artigo 121, parágrafo 1o,
qualquer Estado Parte poderá, em qualquer ARTIGO 124 – Disposição Transitória
momento, propor alterações às disposições do
Estatuto, de caráter exclusivamente institucio- Não obstante o disposto nos parágrafos 1o e 2o
nal, a saber, artigos 35, 36, parágrafos 8 e 9, ar- do artigo 12, um Estado que se torne Parte no
tigos 37, 38, 39, parágrafos 1o (as primeiras duas presente Estatuto, poderá declarar que, durante
frases), 2o e 4o, artigo 42, parágrafos 4 a 9, artigo um período de sete anos a contar da data da
43, parágrafos 2o e 3o e artigos 44, 46, 47 e 49. entrada em vigor do Estatuto no seu território,
O texto de qualquer proposta será submetido não aceitará a competência do Tribunal relativa-
ao Secretário-Geral da Organização das Nações mente à categoria de crimes referidos no artigo
Unidas ou a qualquer outra pessoa designada 8o, quando haja indícios de que um crime tenha
pela Assembléia dos Estados Partes, que o sido praticado por nacionais seus ou no seu ter-
comunicará sem demora a todos os Estados ritório. A declaração formulada ao abrigo deste
Partes e aos outros participantes na Assembléia. artigo poderá ser retirada a qualquer momento.
O disposto neste artigo será reexaminado na
2. As alterações apresentadas nos termos deste Conferência de Revisão a convocar em confor-
artigo, sobre as quais não seja possível chegar a midade com o parágrafo 1o do artigo 123.
um consenso, serão adotadas pela Assembléia
dos Estados Partes ou por uma Conferência de ARTIGO 125 – Assinatura, Ratificação,
Revisão ,por uma maioria de dois terços dos Es- Aceitação, Aprovação ou Adesão
tados Partes. Tais alterações entrarão em vigor,
para todos os Estados Partes, seis meses após 1. O presente Estatuto estará aberto à assinatura
a sua adoção pela Assembléia ou, conforme o de todos os Estados na sede da Organização
caso, pela Conferência de Revisão. das Nações Unidas para a Alimentação e a
Agricultura, em Roma, a 17 de julho de 1998,
ARTIGO 123 – Revisão do Estatuto continuando aberto à assinatura no Ministério
dos Negócios Estrangeiros de Itália, em Roma,
1. Sete anos após a entrada em vigor do presente até 17 de outubro de 1998. Após esta data, o
Estatuto, o Secretário-Geral da Organização das Estatuto continuará aberto na sede da Organi-
Nações Unidas convocará uma Conferência zação das Nações Unidas, em Nova Iorque, até
de Revisão para examinar qualquer alteração 31 de dezembro de 2000.
ao presente Estatuto. A revisão poderá incidir
nomeadamente, mas não exclusivamente, 2. O presente Estatuto ficará sujeito a ratificação,
sobre a lista de crimes que figura no artigo 5o. aceitação ou aprovação dos Estados signatários.
A Conferência estará aberta aos participantes Os instrumentos de ratificação, aceitação ou
Tráfico de Pessoas
na Assembléia dos Estados Partes, nas mesmas aprovação serão depositados junto do Secretá-
condições. rio-Geral da Organização das Nações Unidas.
Atos internacionais
109
Convenção 182 da Organização
Internacional do Trabalho (OIT)
Convenção sobre a Proibição das Piores Formas de Trabalho Infantil e a Ação Imediata para a sua
Eliminação.
110
ARTIGO 1 de trabalhadores interessadas e levando em
consideração as normas internacionais na
Todo Membro que ratifique a presente Conven- matéria, em particular os parágrafos 3 e 4 da
ção deverá adotar medidas imediatas e eficazes Recomendação sobre as piores formas de tra-
para assegurar a proibição e eliminação das balho infantil, 1999.
piores formas de trabalho infantil, em caráter
de urgência. 2. A autoridade competente, após consulta às
organizações de empregados e de trabalhado-
ARTIGO 2 res interessadas, deverá localizar os tipos de
trabalho determinados conforme o parágrafo
Para efeitos da presente Convenção, o termo 1o deste Artigo.
“criança” designa toda pessoa menor de 18
anos. 3. A lista dos tipos de trabalho determinados
conforme o parágrafo 1o deste Artigo deverá ser
ARTIGO 3 examinada periodicamente e, caso necessário,
revista, em consulta com às organizações de
Para efeitos da presente Convenção, a expressão empregados e de trabalhadores interessadas.
“as piores formas de trabalho infantil” abrange:
ARTIGO 5
a) todas as formas de escravidão ou práticas
análogas à escravidão, tais como a venda e 1. Todo Membro, após consulta às organizações
tráfico de crianças, a servidão por dívidas e de empregadores e de trabalhadores, deverá es-
a condição de servo, e o trabalho forçado ou tabelecer ou designar mecanismos apropriados
obrigatório, inclusive o recrutamento forçado para monitorar a aplicação dos dispositivos que
ou obrigatório de crianças para serem utilizadas colocam em vigor a presente Convenção.
em conflitos armados;
ARTIGO 6
b) a utilização, o recrutamento ou a oferta de
crianças para a prostituição, a produção de 1. Todo membro deverá elaborar e implementar
pornografia ou atuações pornográficas; programas de ação para eliminar, como me-
dida prioritária, as piores formas de trabalho
c) a utilização, recrutamento ou a oferta de infantil.
crianças para a realização para a realização de
atividades ilícitas, em particular a produção e o 2. Esses programas de ação deverão ser elabo-
tráfico de entorpecentes, tais com definidos nos rados e implementados em consulta com as
tratados internacionais pertinentes; e, instituições governamentais competentes e as
organizações de empregadores e de trabalha-
d) o trabalho que, por sua natureza ou pelas dores, levando em consideração as opiniões de
condições em que é realizado, é suscetível de outros grupos interessados, caso apropriado.
prejudicar a saúde, a segurança ou a moral das
crianças. ARTIGO 7
1. Os tipos de trabalhos a que se refere o Artigo e o cumprimento dos dispositivos que colocam
3, d), deverão ser determinados pela legislação em vigor a presente Convenção, inclusive o
nacional ou pela autoridade competente, após estabelecimento e a aplicação de sanções penais
consulta às organizações de empregadores e ou outras sanções, conforme o caso.
111
2. Todo Membro deverá adotar, levando em ARTIGO 10
consideração a importância para a eliminação
de trabalho infantil, medidas eficazes e em 1. Esta Convenção obrigará unicamente aqueles
prazo determinado, com o fim de: Membros da Organização Internacional do Tra-
balho cujas ratificações tenham sido registradas
a) impedir a ocupação de crianças nas piores pelo Diretor-Geral da Repartição Internacional
formas de trabalho infantil; do Trabalho.
b) prestar a assistência direta necessária e ade- 2. Entrará em vigor 12 (doze) meses depois
quada para retirar as crianças das piores formas da data em que as ratificações de 2 (dois) dos
de trabalho infantil e assegurar sua reabilitação Membros tenham sido registradas pelo Diretor-
e inserção social; -Geral.
c) assegurar o acesso ao ensino básico gratuito 3. A partir desse momento, esta Convenção
e, quando for possível e adequado, à formação entrará em vigor, para cada Membro, 12 (doze)
profissional a todas as crianças que tenham meses apos a data em que tenha sido registrada
sido retiradas das piores formas de trabalho sua ratificação.
infantil;
ARTIGO 11
d) identificar as crianças que estejam particu-
larmente expostas a riscos e entrar em contato 1. Todo Membro que tenha ratificado esta Con-
direto com elas; e, venção poderá denunciá-la ao expirar um perí-
odo de dez anos, a partir da data em que tenha
e) levar em consideração a situação particular entrado em vigor, mediante ata comunicada,
das meninas. para registro, ao Diretor-Geral da Repartição
Internacional do Trabalho. A denúncia não
3. Todo Membro deverá designar a autorida- surtirá efeito até 1 (um) ano após a data em que
de competente encarregada da aplicação dos tenha sido registrada.
dispositivos que colocam em vigor a presente
Convenção. 2. Todo Membro que tenha ratificado esta
Convenção e que, no prazo de um ano após
ARTIGO 8 a expiração do período de dez anos mencio-
nados no parágrafo precedente, não faça uso
Os Membros deverão tomar medidas apropria- do direito de denúncia previsto neste Artigo
das para apoiar-se reciprocamente na aplicação ficará obrigado durante um novo período de
dos dispositivos da presente Convenção por dez anos, podendo, sucessivamente, denun-
meio de uma cooperação e/ou assistência in- ciar esta Convenção ao expirar cada período
ternacionais intensificadas, as quais venham de dez anos, nas condições previstas neste
a incluir o apoio ao desenvolvimento social e Artigo.
econômico, aos programas de erradicação da
pobreza e à educação universal. ARTIGO 12
112
2. Ao notificar os Membros da Organização do e a menos que a nova Convenção contenha
registro da segunda ratificação que lhe tenha dispositivos em contrário:
sido comunicada, o Diretor-Geral informará
os Membros da Organização sobre a data de a) a ratificação, por um Membro, da nova Con-
entrada em vigor da presente Convenção. venção revisora implicará ipso jure a denúncia
imediata desta Convenção, não obstante os
ARTIGO 13 dispositivos contidos no Artigo 11, desde que
a nova Convenção revisora tenha entrado em
O Diretor-Geral da Repartição Internacional vigor;
do Trabalho apresentará ao Secretário-Geral
das Nações Unidas, para efeitos de registro e b) a partir da data em que entrar em vigor a
em conformidade com o Artigo 102 da Carta nova Convenção revigora, a presente Con-
das Nações Unidas, informação completa sobre venção cessará de estar à ratificação pelos
todas as ratificações e atas de denúncia que tenha Membros.
registrado de acordo com os Artigos precedentes.
2. Esta Convenção continuará em vigor em
ARTIGO 14 qualquer hipótese, em sua forma e conteúdo
atuais, para os Membros que a tenham ratifi-
Sempre que julgar necessário, o Conselho de cado, mas não tenham ratificado a Convenção
Administração da Repartição Internacional revisora.
do Trabalho apresentará à Conferência Geral
um relatório sobre a aplicação da Convenção e ARTIGO 16
examinará a conveniência de incluir na agenda
da Conferência a questão de sua revisão total As versões inglesa e francesa do texto desta
ou parcial. Convenção são igualmente autênticas.
Atos internacionais
113
Recomendação 190 da Organização
Internacional do Trabalho (OIT)
Recomendação sobre a Proibição das Piores Fomas de Trabalho Infantil e a Ação Imediata para a
sua Eliminação.
I. PROGRAMAS DE AÇÃO
d) identificar as comunidades nas quais as
1. Os programas de ação mencionados no Ar- crianças estejam especialmente expostas a
tigo 6 da Convenção deveriam ser elaborados riscos, entrar em contato direto e trabalhar
e implementados em caráter de urgência, em com elas; e
114
e) informar, sensibilizar e mobilizar a opinião III. APLICAÇÃO
públicas e os grupos interessados, inclusive as
crianças e suas famílias. 5. 1) Deveriam ser compilados e mantidos
atualizados dados estatísticos e informações
pormenorizadas sobre a natureza e extensão
II. TRABALHO PERIGOSO do trabalho infantil, de modo a servir de base
para o estabelecimento das prioridades da ação
1. Ao determinar e localizar onde se praticam nacional dirigida à eliminação do trabalho in-
os tipos de trabalho a que se refere o Artigo fantil, em particular à proibição e à eliminação
3, d) da Convenção, deveriam ser levadas em de suas piores formas, em caráter de urgência.
consideração, entre outras coisas:
2) Na medida do possível, essas informações e
a) os trabalhos em que a criança ficar expos- esses dados estatísticos deveriam incluir dados
ta a abusos de ordem física, psicológica ou desagregados por sexo, faixa etária, ocupação,
sexual; setor de atividade econômica, situação no
emprego, freqüência escolar e localização geo-
b) os trabalhos subterrâneos, debaixo d’água, gráfica. Deveria ser levada em consideração a
em alturas perigosas ou em locais confinados; importância de um sistema eficaz de registros
de nascimentos, que compreenda a expedição
c) os trabalhos que se realizam com máquinas, de certidões de nascimento.
equipamentos e ferramentas perigosos, ou
que impliquem a manipulação ou transporte 3) Deveriam ser compilados e mantidos atu-
manual de cargas pesadas; alizados os dados pertinentes em matéria de
violação das normas jurídicas nacionais sobre
d) os trabalhos realizados em um meio insalu- a proibição e a eliminação das piores formas de
bre, no qual as crianças estiverem expostas, por trabalho infantil.
exemplo, a substâncias, agentes ou processos
perigosos ou a temperaturas, níveis de ruído 6. A compilação e o processamento das infor-
ou de vibrações prejudiciais à saúde; e mações e dos dados a que se refere o parágrafo
5 anterior deveriam ser realizados com o devido
e) os trabalhos que sejam executados em con- respeito ao direito à privacidade.
dições especialmente difíceis, como os horários
prolongados ou noturnos, ou trabalhos que re- 7. As informações compiladas conforme o
tenham injustificadamente a criança em locais disposto no parágrafo 5 anterior deveriam ser
do empregador. comunicadas periodicamente à Repartição
Internacional do Trabalho.
4. No que concerne os tipos de trabalho a que
se faz referência no Artigo 3, d) da Convenção 8. Os Membros, após consulta às organizações
e no parágrafo 3 da presente Recomendação, de empregadores e de trabalhadores, deveriam
a legislação nacional ou a autoridade com- estabelecer ou designar mecanismos nacionais
petente, após consulta às organizações de apropriados para monitorar a aplicação das
empregadores e de trabalhadores interessadas, normas jurídicas nacionais sobre a proibição
poderá autorizar o emprego ou trabalho a e a eliminação das piores formas de trabalho
partir da idade de 16 anos, desde que fiquem infantil.
Atos internacionais
pornografia ou atuações pornográficas; e, seu território seus nacionais por infringir sua
legislação nacional sobre a proibição e elimi-
c) a utilização, recrutamento ou oferta de nação imediata das piores formas de trabalho
criança para a realização de atividades ilícitas, infantil, ainda que estas infrações tenham sido
em particular para a produção e tráfico de cometidas fora de seu território;
116
e) simplificar os procedimentos judiciais e ad- crianças que trabalham nas condições referidas
ministrativos e assegurar que sejam adequados na Convenção; e
e rápidos;
ii) sensibilizar os pais sobre o problema das
f) estimular o desenvolvimento de políticas crianças que trabalham nessas condições.
empresariais que visem à promoção dos fins
da Convenção; 16. Uma cooperação e/ou assistência interna-
cional maior entre os Membros destinada a
g) registrar e difundir as melhores práticas em proibir e eliminar efetivamente as piores formas
matéria de eliminação do trabalho infantil; de trabalho infantil deveria complementar os
esforços nacionais e poderia, segundo proceda,
h) difundir, nos idiomas e dialetos correspon- desenvolver-se e implementar-se em consulta
dentes, as normas jurídicas ou de outro tipo com as organizações de empregadores e de
sobre o trabalho infantil; trabalhadores. Essa cooperação e/ou assistência
internacional deveria incluir:
i) prever procedimentos especiais para queixas,
adotar medidas para proteger da discrimina- a) a mobilização de recursos para os programas
ção e de represálias aqueles que denunciem nacionais ou internacionais;
legitimamente toda violação dos dispositivos
da Convenção, criar serviços telefônicos de b) a assistência jurídica mutua;
assistência e estabelecer centros de contato ou
designar mediadores; c) a assistência técnica, inclusive o intercâmbio
de informações; e
j) adotar medidas apropriadas para melhorar
a infra-estrutura educativa e a capacitação de d) o apoio ao desenvolvimento econômico e so-
professores que atendam às necessidades dos cial, aos programas de erradicação da pobreza
meninos e das meninas; e e à educação universal.
k) na medida do possível, levar em conta, nos Aprovada pelo Decreto Legislativo n o 178 de
programas de ação nacionais, a necessidade de: 14/12/99, publicado no DOU de 15/12/99, e
promulgada pelo Decreto no 3.597 de 12/9/2000,
i) promover o emprego e a capacitação pro- publicado no DOU de 13/9/2000.
fissional dos pais e adultos das famílias das
Atos internacionais
117
Convenção Interamericana sobre Tráfico
Internacional de Menores
Nesse sentido, as autoridades competentes dos a) prestar, por meio de suas autoridades cen-
Estados Partes deverão notificar as autoridades trais e observados os limites da lei interna de
competentes de um Estado não Parte, nos cada Estado Parte e os tratados internacionais
casos em que se encontrar em seu território aplicáveis, pronta e expedita assistência mútua
um menor que tenha sido vítima do tráfico para as diligências judiciais e administrativas,
internacional de menores. obtenção de provas e demais atos processuais
necessários ao cumprimento dos objetivos
ARTIGO 5 desta Convenção;
Para os efeitos desta Convenção, cada Estado b) estabelecer, por meio de sua autoridades
Parte designará uma Autoridade Central e co- centrais, mecanismos de intercâmbio de in-
municará essa designação à Secretaria-Geral da formação sobre legislação nacional, jurispru-
Organização dos Estados Americanos. dência, práticas administrativas, estatísticas
e modalidades que tenha assumido o tráfico
Um Estado federal, um Estado em que vigorem internacional de menores em seu territórios; e
diferentes sistemas jurídicos ou um Estado com
unidades territoriais autônomas pode designar c) dispor sobre as medidas necessárias para
mais de uma Autoridade Central e especificar a remoção dos obstáculos capazes de afetar a
a extensão jurídica ou territorial de suas fun- aplicação desta Convenção em seus respectivos
ções. O Estado que fizer uso dessa faculdade Estados.
Atos internacionais
O Estado Parte que designar mais de uma Serão competentes para conhecer de delitos
Autoridade Central enviará a pertinente co- relativos ao tráfico internacional de menores:
119
a) o Estado Parte em que tenha ocorrido a CAPÍTULO III – Aspectos Civis
conduta ilícita;
ARTIGO 12
b) o Estado Parte em que o menor resida ha-
bitualmente; A solicitação de localização e restituição do
menor decorrente desta Convenção será
c) o Estado Parte em que se encontre o suposto promovida pelos titulares determinados pelo
delinqüente, no caso de não ter sido extradi- direito do Estado de residência habitual do
tado; e mesmo.
O Estado Parte que, ao condicionar a extradi- Quando, a juízo dos reclamantes, existirem
ção à existência de tratado, receber pedido de motivos de urgência, a solicitação também po-
extradição de outro Estado Parte com a qual derá ser submetida às autoridades judiciais ou
não mantenha tratado de extradição ou, se o administrativos do local onde tenha ocorrido
mantiver, este não inclua o tráfico internacio- o ato ilícito.
nal de menores como delito que possibilite
a extradição, poderá considerar esta Con- ARTIGO 14
venção como a base jurídica necessária para
concedê-la no caso de tráfico internacional A solicitação de localização e de restituição
de menores. será tramitada por intermédio das Autoridades
Centrais ou diretamente perante as autoridades
Além disso, os Estados Partes que não con- competentes indicadas no Artigo 13 desta
dicionam a extradição à existência de tratado Convenção. As autoridades requeridas estabe-
reconhecerão, entre si, o tráfico internacional lecerão os procedimentos mais expedidos para
de menores como causa de extradição. torná-la efetiva.
120
As solicitações de localização e de restituição, impeçam a transferência indevida do menor
devidamente fundamentadas, será formulada para outro Estado.
dentro dos 120 dias de conhecida a subtração,
transferência ou retenção ilícitas do menor. Estas medidas serão comunicadas por inter-
Quando a solicitação de localização e de resti- médio das Autoridades Centrais às autoridades
tuição partir de um Estado Parte, este disporá competentes do Estado onde o menor tenha
do prazo de 180 dias para sua apresentação. tido, anteriormente, sua residência habitual.
As autoridades intervenientes adotarão todas
Havendo necessidade prévia de localizar o as providências necessárias para comunicar
menor, o prazo anterior será contado a partir as medidas adotadas aos titulares das ações de
do dia em que o titular da ação tiver tomado localização e restituição do menor.
conhecimento da respectiva localização.
ARTIGO 17
Não obstante o disposto nos parágrafos ante-
riores, as autoridades do Estado Parte em que Em conformidade com os objetivos desta Con-
o menor tenha sido retido poderão, a qualquer venção, as Autoridades Centrais dos Estados
momento, determinar sua restituição, atenden- Partes intercambiarão informação e colabora-
do aos interesses superiores do mesmo. rão com suas competentes autoridades judiciais
e administrativas em tudo o que se refira ao
ARTIGO 15 controle de saída de menores de seu território
e de sua entrada no mesmo.
Os pedidos de cooperação previstos nesta
Convenção, formulados por via consular ou ARTIGO 18
diplomática ou por intermédio das Autoridades
Centrais, dispensarão o requisito de legalização As adoções internacionais e outros institutos
ou outras formalidades semelhantes. Os pedi- afins, constituídos em um Estado Parte, serão
dos de cooperação formulados diretamente passíveis de anulação quando tiveram como
entre tribunais das áreas fronteiriças dos Es- origem ou objetivo o tráfico internacional de
tados Partes também dispensarão legalização. menores.
Ademais, estarão isentos de legalização, para
efeitos de validade jurídica no Estado solici- Na respectiva ação de anulação, levar-se-ão sem-
tante, os documentos pertinentes que sejam pre em conta os interesses superiores do menor.
devolvidos por essas mesmas vias.
A anulação será submetida à lei e às autoridades
Os pedidos deverão estar traduzidos, em cada do Estado de constituição da adoção ou do
caso, para o idioma oficial ou idiomas oficiais instituto de que se trate.
do Estado Parte ao qual esteja dirigido. Com
relação aos anexos, é suficiente a tradução de ARTIGO 19
um sumário, contendo os dados essenciais.
A guarda ou custódia será passível de revogação
ARTIGO 16 quando sua origem ou objetivo for o tráfico in-
ternacional de menores, nas mesmas condições
As autoridades competentes de um Estado previstas no artigo anterior.
Parte que constatem, no território sujeito à sua
Atos internacionais
121
da ação de anulação e revogação previstas nos Parte no que se refere à indenização por perdas
Artigos 18 e 19. e danos decorrentes do tráfico internacional
de menores.
ARTIGO 21
ARTIGO 24
Em qualquer procedimento previsto neste
Capítulo, a autoridade competente poderá Com relação a um Estado que, relativamente
determinar que a pessoa física ou jurídica res- a questões tratadas nesta Convenção, tenha
ponsável pelo tráfico internacional de menores dois ou mais sistemas jurídicos aplicáveis em
pague os gastos e as despesas de localização e unidades territoriais diferentes:
restituição, contanto que essa pessoa física ou
jurídica tenha sido parte desse procedimento. a) toda referência à lei do Estado será inter-
pretada com referência à lei correspondente à
Os titulares da ação ou, se for o caso, qualquer respectiva unidade territorial;
autoridade competente, poderão propor ação
civil para ressarcir-se das despesas, nestas in- b) toda referência à residência habitual no refe-
cluídas os honorários advocatícios e os gastos rido Estado será interpretada como à residência
de localização e restituição do menor, a não ser habitual em uma unidade territorial do estado
que estas tenham sido fixadas em ação penal ou mencionado;
em processo de restituição, nos termos desta
Convenção. c) toda referência às autoridades competentes
do referido Estado será entendida em relação
A autoridade competente ou qualquer parte às autoridades competentes para agir na res-
prejudicada poderá propor ação civil objetivan- pectiva unidade territorial.
do perdas e danos contra as pessoas físicas ou
jurídicas responsáveis pelo tráfico internacional ARTIGO 25
do menor.
Os Estados que tenham duas ou mais unidades
ARTIGO 22 territoriais onde se apliquem sistemas jurídicos
diferentes a questões tratadas nesta Convenção
Os Estados Partes adotarão as medidas ne- poderão declarar, no momento da assinatura,
cessárias para possibilitar gratuidade aos ratificação ou adesão, que a Convenção se
procedimentos de restituição do menor, nos aplicará a todas as suas unidades territoriais
termos de seu direito interno, e informarão aos ou somente a uma ou mais.
legítimos interessados na respectiva restituição
os benefícios decorrentes de pobreza e quando Tais declarações podem ser modificadas me-
possam ter direito à assistência gratuita, em diante declarações posteriores, que especifi-
conformidade com as suas leis e regulamentos. carão expressamente a unidade territorial ou
as unidades territoriais a que se aplicará esta
Convenção. Essas declarações posteriores serão
CAPÍTULO IV – Disposições Finais encaminhadas à Secretaria-Geral da Organiza-
ção dos Estados Americanos e produzirão efeito
ARTIGO 23 noventa dias a partir da data do recebimento.
Tráfico de Pessoas
ARTIGO 30 ARTIGO 35
Esta Convenção ficará aberta à adesão de qual- O instrumento original desta Convenção, cujos
quer outro Estado, uma vez que entre em vigor. textos em português, espanhol, francês e inglês
Os instrumentos de adesão serão depositados são igualmente autênticos, será depositado na
na Secretaria-Geral da Organização dos Esta- Secretaria-Geral da Organização dos Estados
dos Americanos. Americanos, que enviará cópia autenticada do
seu texto à Secretaria das Nações Unidas para
Atos internacionais
124
Convenção para a Repressão do Tráfico
de Pessoas e do Lenocínio
para ampliar o campo de ação dos aludidos Deverão ser também punidos, na medida
instrumentos e permitida pela legislação nacional, tôda
tentativa e ato preparatório efetuados com o
CONSIDERANDO que a evolução ocorrida fim de cometer as infrações de que tratam os
depois de 1937 permite concluir uma con- Artigos 1 e 2.
125
ARTIGO 4 casos de extradição em todos os tratados de
extradição, concluídos ou por concluir, entre
Será também punível na medida permitida pela Partes na presente Convenção.
legislação nacional, a participação intencional
nos atos de que tratam os Artigos 1 e 2 acima. As Partes na presente Convenção, que não
subordinem a extradição à existência de um
Os atos de participação serão considerados, tratado, reconhecerão de agora em diante os
na medida permitida pela legislação nacional atos de que convenção como caso de extradição
como infrações distintas, em todos os casos em entre elas.
que fôr necessário assim proceder para impedir
a impunidade. A extradição será concedida de acôrdo com o
direito do Estado ao qual foi requerida.
ARTIGO 5
ARTIGO 9
Em todos os casos em que uma pessoa ofendi-
da fôr autorizada pela legislação nacional a se Os nacionais de um Estado, cuja legislação não
constituir parte civil por causa de qualquer das admitir a extradição de nacionais que regres-
infrações de que trata a Presente Convenção, os saram a êsse Estado após haver cometido no
estrangeiros estarão igualmente autorizados a estrangeiro qualquer dos atos de que tratam os
se constituir parte civil, em igualdade de con- Artigos 1 e 2 da presente Convenção, deverão
dições, com os nacionais. ser julgados e punidos pelos tribunais de seu
próprio Estado.
ARTIGO 6
Esta disposição não será obrigatória se, em caso
Cada Parte na presente Convenção convém análogo e que interessar a Partes na presente
em adotar tôdas as medidas necessárias para Convenção, não puder ser concedida a extra-
abrogar ou abolir tôda lei, regulamento e prática dição de um estrangeiro.
administrativa que obriguem a inscrever-se
em registros especiais, possuir documentos ARTIGO 10
especiais ou conforma-se a condições excepcio-
nais de vigilância ou de notificação as pessoas As disposições do Artigo 9 não se aplicarão
que se entregam ou que supõem entregar-se à quando o réu tiver sido julgado em um Esta-
prostituição. do estrangeiro e, em caso de condenação, se
cumpriu a pena ou se gozou do benefício de
Qualquer condenação anterior pronunciada comutação ou redução da pena prevista pela
em Estado estrangeiro por um dos atos de que Lei do referido Estado estrangeiro.
trata a Convenção, será, na medida permitida
pela legislação nacional, tomada em conside- ARTIGO 11
ração:
Nenhuma das disposições da presente Conven-
1. Para estabelecer a reincidência. ção poderá ser interpretada como prejudicial
à situação de uma Parte na Convenção com
2. Para declarar incapacidades, perda ou inter- referência à questão geral da competência da
dição de direito público ou privado. jurisdição penal em direito internacional.
Tráfico de Pessoas
ARTIGO 8 ARTIGO 12
Os atos de que tratam os Artigos 1 e 2 da pre- A presente Convenção não afeta o princípio
sente Convenção serão considerados como de que os atos a que se refere deverão, em cada
126
Estado, ser qualificados, processados e julgados A execução das cartas rogatórias não poderá
de acôrdo com a legislação nacional. ocasionar o reembôlso de quaisquer direitos ou
despesas, salvo as de perícia.
ARTIGO 13
Nenhuma das disposições do presente Artigo
As Partes na presente Convenção serão obri- deverá ser interpretada como compromisso das
gadas a executar as cartas rogatória relativas às Partes na presente Convenção em admitir uma
infrações de que trata a Convenção, de acôrdo derrogação de suas leis, no que se refere ao pro-
com as leis e costumes nacionais. cesso e aos métodos empregados para estabelecer
a prova em matéria penal.
A transmissão de cartas rogatórias será efetuada:
ARTIGO 14
1. Por comunicação direta entre as autoridades
judiciárias; Cada uma das Partes na presente Convenção
deverá criar ou manter um serviço encarregado
2. Por correspondência direta entre os Minis- de coordenar e centralizar os resultados das
tros da Justiça dos dois Estados, ou por comu- investigações relativas às infrações de que trata
nicação direta, de outra autoridade competente a presente Convenção.
do Estado requerente ao Ministro da Justiça do
Estado requerido; Êsses serviços deverão reunir tôdas as infor-
mações que possam facilitar a prevenção e a
3. Por intermédio do representante diplo- repressão das infrações de que trata a presente
mático ou consular do Estado requerente no Convenção e deverão manter estreitas relações
Estado requerido; êsse representante enviará com os serviços correspondentes dos demais
diretamente as cartas rogatórias à autoridade Estados.
judiciária competente ou à autoridade indicada
pelo Govêrno do Estado requerido e dela rece- ARTIGO 15
berá diretamente os documentos necessários à
execução das cartas regatórias. As autoridades encarregadas dos serviços men-
cionados no Artigo 14 fornecerão às autorida-
Nos casos 1 e 3, uma cópia da carta rogatória des encarregadas dos serviços correspondentes
deverá ser, na mesma ocasião, encaminhada à nos demais Estados, na medida permitida pela
autoridade superior do Estado requerido. Legislação nacional, e quando julgarem útil, as
seguintes informações:
Salvo acôrdo em contrário, a carta rogatória
deverá ser redigida no idioma da autoridade 1. dados pormenorizados relativos a qualquer
requerente, ressalvando-se ao Estado requeri- infração ou tentativa de infrações de que trata
do o direito de solicitar uma tradução em seu a presente Convenção;
próprio idioma, devidamente autenticada pela
autoridade requerente. 2. dados pormenorizados relativos às inves-
tigações, processos, detenções, condenações,
Cada Parte na Presente Convenção comunicará recusas de admissão ou expulsões de pessoas
a cada uma das outras Partes Contratantes a culpadas de qualquer das infrações de que trata
forma ou formas de transmissão dentre as aci- a presente Convenções, bem como aos desloca-
Atos internacionais
ma mencionadas que admitirá para as cartas mentos dessas pessoas e quaisquer informações
rogatórias da referida Parte. úteis a respeito das mesmas.
Até que um Estado faça tal comunicação, o proces- As informações que serão fornecidas compre-
so em vigor para cartas rogatórias será mantido. enderão notadamente a descrição dos delin-
127
qüentes, suas impressões digitais e fotografia, ARTIGO 18
indicações sôbre os métodos habituais, autos
policiais e registros criminais. As Partes na presente Convenção convêm em
tomas de acôrdo com as condições estipula-
ARTIGO 16 das pelas respectivas legislações nacionais,
as declarações das pessoas de nacionalidade
As Partes na presente Convenção se compro- estrangeiras que se entregam à prostituição,
metem a adotar medidas para a prevenção da a fim de estabelecer sua identidade e estado
prostituição e para assegurar a reeducação e civil e procurar quem as induziu a deixar seu
readaptação social das vítimas da prostituição e Estado. Tais informações serão comunicadas às
das infrações de que trata a presente Convenção autoridades de Estado de origem das referidas
bem como a estimular a adoção dessas medi- pessoas para eventual repatriação.
das por seus serviços públicos ou privados de
caráter educativo sanitário, social, econômico ARTIGO 19
e outros serviços conexos.
As Partes na presente Convenção se compro-
ARTIGO 17 metem, conforme as condições estipuladas
pelas respectivas legislações nacionais, e sem
No que se refere à imigração e emigração, as prejuízo de processos ou de qualquer outra
Partes na presente Convenção convém em ação motivada por infrações a suas disposições
adotar ou manter em vigor, nos limites de suas e tanto quanto possível:
obrigações definidas pela presente Convenção,
as medidas destinadas a combater o tráfico 1. A tomar as medidas apropriadas para prover
de pessoas de um ou outro sexo para fins de as necessidades e assegurar a manutenção, pro-
prostituição. visoriamente, das vítimas do tráfico internacio-
nal para fins de prostituição, quando destituídas
Comprometem-se principalmente: de recursos, até que sejam tomadas tôdas as
providências para repatriação;
1. a promulgar os regulamentos necessários
para a proteção dos imigrantes ou emigrantes, 2. A repatriar as pessoas de que trata o artigo
em particular das mulheres e crianças, quer 18, que o desejarem ou que forem reclamadas
nos lugares de partida e chegada quer durante por pessoas que sôbre elas tenham autoridade
a viagem; e aquelas cuja explusão foi decretada conforme
a lei. A repatriação não será efetuada senão
2. a adotar disposições para organizar uma depois de entendimento com o Estado de
propaganda apropriada destinada a advertir o destino, sôbre a identidade e a nacionalidade,
público contra os perigos dêsse tráfico; assim como sôbre o lugar e a data da chegada
às fronteiras. Cada uma das Partes na presente
3. a adotar medidas apropriadas para manter a Convenção facilitará o trânsito das pessoas em
vigilância nas estações ferroviarias, aeroportos, aprêço no seu território. Quando as pessoas de
portos marítimos, em viagens e lugares públi- que trata a alínea precedente não puderem pes-
cos, a fim de impedir o tráfico internacional de soalmente arcar com as despesas de repatriação
pessoas para fim de prostituição, e quando não tiverem cônjuge, nem parentes,
nem tutor que pague, por elas, as despesas de
Tráfico de Pessoas
4. a adotar as mediada apropriadas para que as repatriação estarão a cargo do Estado onde elas
autoridades competentes estejam ao corrente se encontram até à fronteira, pôrto de embar-
da chegada de pessoas que pareçam prima que ou aeropôrto mais próximo na direção do
facie culpadas, coautoras ou vítimas dêsse Estado de origem, e, em seguida, a cargo do
tráfico. Estado de origem.
128
ARTIGO 20 ela aderir. A adesão se fará com o depósito de
um instrumento de adesão junto ao Secretário
As partes na presente Convenção convém, se já Geral da Organização das Nações Unidas.
não o fizeram, em adotar as medidas necessá-
rias para exercer vigilância nos escritórios ou Para os fins da presente Convenção, a palavra
agências da colocação, para evitar que as pes- “Estado” designará também tôdas as colônias
soas que procuram emprêgo, especialmente as e territórios sob tutela, dependentes do Estado
mulheres e crianças, fiquem sujeitas ao perigo que assina ou ratifica a Convenção, ou que a
da prostituição. ela adere, assim como todos os territorios que
êste Estado represente no plano internacional.
ARTIGO 21
ARTIGO 24
As Partes na Presente Convenção comunicarão
ao Secretário Geral da Organização das Nações A presente Convenção entrará em vigor noven-
Unidas suas leis e regulamentos em vigor e ta dias depois da data do depósito do segundo
posteriormente, cada ano, os novos textos de instrumento de ratificação ou de adesão.
leis ou regulamentos relativos à matéria da
presente Convenção, assim como tôdas as me- Para cada um dos Estados que ratificarem ou
didas que tomarem para aplicar a convenção. aderirem depois do depósito do segundo ins-
As informações recebidas serão publicadas pe- trumento de ratificação ou adesão, ela entrará
riodicamente pelo Secretário Geral e enviadas a em vigor noventa dias depois do depósito por
todos os Membros da Organização das Nações êste Estado de seu instrumento de ratificação
Unidas e aos Estados não membros aos quais ou de adesão.
a presente Convenção tiver sido oficalmente
comunicada, de acôrdo com as disposições ARTIGO 25
do Artigo 23.
Ao término do prazo de cinco anos a partir
ARTIGO 22 da entrada em vigor na presente Convenção,
qualquer Parte na Convenção pode denunciá-la
Se surgir entre as Partes na presente Convenção por notificação escrita endereçada ao Secretário
qualquer dúvida, relativa à sua interpretação Geral da Organização das Nações Unidas.
ou aplicação, e se esta dúvida não puder ser
resolvida por outros meios será, apedido de A denúncia produzirá efeitos, para a Parte
qualquer das Partes em litígio, submetida à interessada, um ano depois de recebida pelo
Côrte Internacional de Justiça. Secretário Geral da Organização das Nações
Unidas.
ARTIGO 23
ARTIGO 26
A presente Convenção será aberta a assinatura
de todos os Estados Membros da Organização O Secretário Geral da Organização das Nações
das Nações Unidas e de qualquer outro Es- Unidas notificará a todos os Estados Membros
tado convidado para êsse fim pelo Conselho da Organização das Nações Unidas e aos Esta-
Econômico e Social. Ela será ratificada e os dos não membros mencionados no Artigo 23:
instrumentos de ratificação serão depositados
Atos internacionais
130
Normas pertinentes
Decreto no 7.901/2013
Institui a Coordenação Tripartite da Política Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e o
Comitê Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas – CONATRAP.
III – mobilizar redes de atores e parceiros sobre o tráfico de pessoas e as ações para seu
envolvidos no enfrentamento ao tráfico de enfrentamento; e
pessoas; VI – sensibilizar e mobilizar a sociedade para
IV – articular ações de enfrentamento ao prevenir a ocorrência, os riscos e os impactos
tráfico de pessoas com Estados, Distrito Federal do tráfico de pessoas.
132
§ 2o O II PNETP deverá ser implementa- IV – um representante do Ministério de
do por meio de ações articuladas nas esferas Desenvolvimento Social e Combate à Fome.
federal, estadual, distrital e municipal, e em § 1o Será assegurada, na composição da
colaboração com organizações da sociedade CONATRAP, a participação de:
civil e organismos internacionais. I – sete representantes de organizações da
§ 3o Os Ministérios responsáveis por ações sociedade civil ou especialistas em enfrenta-
desenvolvidas no âmbito do II PNETP deverão mento ao tráfico de pessoas;
ser consultados sobre seu conteúdo previamente II – um representante de cada um dos se-
à assinatura do ato conjunto de que trata o caput. guintes colegiados:
a) Conselho Nacional de Assistência Social;
Art. 4o Fica instituído o Comitê Nacional de b) Conselho Nacional dos Direitos da Crian-
Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas – CO- ça e do Adolescente;
NATRAP, para articular a atuação dos órgãos e c) Conselho Nacional dos Direitos da Mulher;
entidades públicas e privadas no enfrentamento d) Comissão Nacional Para a Erradicação
ao tráfico de pessoas. do Trabalho Escravo;
e) Conselho Nacional de Promoção da
Art. 5o São atribuições do CONATRAP: Igualdade Racial;
I – propor estratégias para gestão e imple- f) Conselho Nacional de Imigração;
mentação de ações da Política Nacional de g) Conselho Nacional de Saúde;
Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, aprovada h) Conselho Nacional de Segurança Pública;
pelo Decreto no 5.948, de 2006; i) Conselho Nacional de Turismo; e
II – propor o desenvolvimento de estudos j) Conselho Nacional de Combate à Discri-
e ações sobre o enfrentamento ao tráfico de minação e Promoção dos Direitos de Lésbicas,
pessoas; Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais;
III – acompanhar a implementação dos III – um representante a ser indicado pelos
planos nacionais de enfrentamento ao tráfico Núcleos Estaduais de Enfrentamento ao Tráfico
de pessoas; de Pessoas e pelos Postos Avançados de Atendi-
IV – articular suas atividades àquelas dos mento Humanizado ao Migrante formalmente
Conselhos Nacionais de políticas públicas que constituídos; e
tenham interface com o enfrentamento ao IV – um representante a ser indicado pelos
tráfico de pessoas, para promover a interseto- comitês estaduais e do Distrito Federal de en-
rialidade das políticas; frentamento ao tráfico de pessoas.
V – articular e apoiar tecnicamente os § 2o O CONATRAP será presidido pelo
comitês estaduais, distrital e municipais de en- Secretário Nacional de Justiça do Ministério da
frentamento ao tráfico de pessoas na definição Justiça ou por pessoa por ele designada.
de diretrizes comuns de atuação, na regulamen- § 3o Os representantes titulares referidos nos
tação e no cumprimento de suas atribuições; incisos I, II, III e IV do caput e seus suplentes
VI – elaborar relatórios de suas atividades; e serão indicados pelos titulares dos órgãos que
VII – elaborar e aprovar seu regimento representam e designados por ato do Ministro
interno. de Estado da Justiça.
§ 4o Os representantes titulares referidos
Art. 6o O CONATRAP será integrado por: nos incisos I, II, III e IV do § 1o e seus suplentes
I – quatro representantes do Ministério da serão designados por ato do Ministro de Esta-
Normas pertinentes
134
Decreto no 6.347/2008
Aprova o Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas – PNETP e institui Grupo Assessor
de Avaliação e Disseminação do referido Plano.
Art. 1o Fica aprovado o Plano Nacional de Art. 4o O Grupo Assessor será integrado por
Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas – PNETP, um representante, e respectivo suplente, de cada
com o objetivo de prevenir e reprimir o tráfico órgão a seguir indicado:
de pessoas, responsabilizar os seus autores I – Ministérios:
e garantir atenção às vítimas, nos termos da a) da Justiça, que o coordenará;
legislação em vigor e dos instrumentos interna- b) do Desenvolvimento Social e Combate
cionais de direitos humanos, conforme Anexo à Fome;
a este Decreto. c) da Saúde;
§ 1o O PNETP será executado no prazo de d) do Trabalho e Emprego;
dois anos. e) do Desenvolvimento Agrário;
§ 2o Compete ao Ministério da Justiça, em f) da Educação;
articulação com o órgão responsável pelo cum- g) das Relações Exteriores;
primento de cada meta estabelecida no PNETP: h) do Turismo;
I – definir as metas de curto, médio e longo i) da Cultura;
prazos; e II – da Presidência da República:
II – definir os órgãos e entidades que atuarão a) Secretaria Especial dos Direitos Huma-
como parceiros no cumprimento de cada meta, nos;
levando-se em consideração suas atribuições e b) Secretaria Especial de Políticas para as
competências institucionais. Mulheres; e
c) Secretaria Especial de Políticas de Promo-
Art. 2o Caberá ao Ministério da Justiça a fun- ção da Igualdade Racial; e
ção de avaliar e monitorar o PNETP. III – Advocacia-Geral da União.
§ 1o Os integrantes do Grupo Assessor
Art. 3o Fica instituído, no âmbito do Ministé- serão indicados pelos titulares dos órgãos
rio da Justiça, o Grupo Assessor de Avaliação representados e designados pelo Ministro de
e Disseminação do PNETP, com as seguintes Estado da Justiça.
atribuições: § 2o Poderão ser convidados a participar das
I – apoiar o Ministério da Justiça no moni- reuniões do Grupo Assessor representantes do
toramento e avaliação do PNETP; Ministério Público Federal, do Ministério Pú-
Normas pertinentes
ANEXO
tos.
Meta Uma jornada realizada. MJ
Atividade
1.A.5. Realizar evento de divulgação dos resultados.
Meta Um evento realizado. MJ
136
Atividade
Elaborar programa sobre Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico
1.A.6.
de Pessoas para a TV Senasp.
Meta Um programa realizado. MJ
Atividade
Realizar seminário informativo envolvendo funcionários da área
1.A.7.
consular.
Meta Um seminário realizado. MRE
Atividade
1.A.8. Criar prêmio de incentivo a boas práticas.
Meta Uma premiação realizada. MJ
Atividade
Elaborar levantamento das políticas sociais básicas mais afetas aos
1.A.9.
grupos vulneráveis ao tráfico de pessoas.
Meta Um levantamento realizado. MJ
Meta MS
tráfico de pessoas desenvolvida.
Uma metodologia que identifique a vulnerabilidade à discriminação
Meta SEDH
por procedência e por tráfico de pessoas desenvolvida.
Uma metodologia que identifique as interfaces entre trabalho degra-
Meta MTE
dante, situação migratória e o tráfico de pessoas desenvolvida.
137
Uma metodologia que identifique a vulnerabilidade à discriminação ho-
Meta SEDH
mofóbica, lesbofóbica e transfóbica e o tráfico de pessoas desenvolvida.
Uma metodologia que identifique a relação entre discriminação
Meta SEPPIR
étnico-racial e a vulnerabilidade ao tráfico de pessoas desenvolvida.
Uma metodologia que identifique a vulnerabilidade de crianças, ado-
Meta SEDH
lescentes e jovens em relação ao tráfico de pessoas desenvolvida.
Uma metodologia que identifique a vulnerabilidade de idosos em
Meta SEDH
relação ao tráfico de pessoas desenvolvida.
Atividade
Elaborar estudo sobre a legislação que disciplina o funcionamento de
agências de recrutamento de trabalhadores, estudantes, esportistas,
1.B.7.
modelos, casamentos no Brasil e no exterior, entre outros, propondo,
se for o caso, sua alteração.
Meta Um estudo realizado e publicado. MJ
Meta SEPPIR
capacitados.
500 equipes de Saúde da Família dos três Estados com maior índice de
tráfico de pessoas capacitados e 100% dos Centros de Referência do
Meta MS
Trabalhador dos três Estados com maior índice de tráfico de pessoas
capacitados.
138
Cinco capacitações regionais para profissionais de comunicação social
Meta SEDH
realizadas.
500 trabalhadores da educação nos níveis e modalidades de ensino
Meta MEC
capacitados.
Cinco capacitações regionais para os operadores do sistema de garan-
Meta SEDH
tia de direitos da criança e do adolescente realizadas.
800 agentes multiplicadores para a promoção dos direitos da mulher
Meta SPM
capacitados.
1.400 profissionais de segurança pública capacitados por meio da Rede
Meta MJ
Nacional de Ensino à Distância.
144
Prioridade nº 8: Fomentar a cooperação entre os órgãos federais, estaduais e
municipais envolvidos no enfrentamento ao tráfico de pessoas para atuação
articulada na repressão do tráfico de pessoas e responsabilização de seus autores.
145
Meta Três capacitações realizadas. SEDH
Atividade
Capacitar os operadores da Central de Atendimento à Mulher – 180
9.A.3. de forma a incluir o tema do tráfico de pessoas em todas as suas
modalidades.
Meta 100 operadoras capacitados. SPM
Atividade
Definir de forma conjunta/articulada fluxo de encaminhamento que
9.A.4. inclua competências e responsabilidades das instituições inseridas no
sistema do Ligue 100.
Meta Um fluxo de encaminhamento definido. SEDH
Atividade
Definir fluxo de encaminhamento que inclua competências e res-
9.A.5. ponsabilidades das instituições inseridas no sistema da Central de
Atendimento à Mulher – 180.
Meta Uma proposta de encaminhamento construída. SPM
Atividade
Apresentar, por meio de um grupo de trabalho, proposta de banco de
9.A.6. dados sobre tráfico de pessoas, a partir da análise dos bancos de dados
existentes relacionados direta ou indiretamente ao tema.
Meta Uma proposta de banco de dados elaborada. MJ
147
Decreto no 5.948/2006
Aprova a Política Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e institui Grupo de Trabalho
Interministerial com o objetivo de elaborar proposta do Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico
de Pessoas – PNETP.
2
Decreto no 7.901/2013.
ANEXO
153
Lei no 10.608/2002
Altera a Lei no 7.998, de 11 de janeiro de 1990, para assegurar o pagamento de seguro-desemprego
ao trabalhador resgatado da condição análoga à de escravo.
154
Decreto no 2.268/1997
Regulamenta a Lei no 9.434, de 4 de fevereiro de 1997, que dispõe sobre a remoção de órgãos, tecidos
e partes do corpo humano para fim de transplante e tratamento, e dá outras providências.
Art. 1o A remoção de órgãos, tecidos e partes Art. 4o Ministério da Saúde, por intermédio
do corpo humano e sua aplicação em transplan- de unidade própria, prevista em sua estrutura
tes, enxertos ou outra finalidade terapêutica, regimental, exercerá as funções de órgão central
nos termos da Lei no 9.434, de 4 de fevereiro do SNT, cabendo-lhe, especificamente:
de 1997, observará o disposto neste Decreto. I – coordenar as atividades de que trata este
Parágrafo único. Não estão compreendidos Decreto;
entre os tecidos a que se refere este Decreto o II – expedir normas e regulamentos técnicos
sangue, o esperma e o óvulo. para disciplinar os procedimentos estabelecidos
neste Decreto e para assegurar o funcionamen-
to ordenado e harmônico do SNT e o controle,
CAPÍTULO I – Do Sistema Nacional de inclusive social, das atividades que desenvolva;
Transplante – SNT III – gerenciar a lista única nacional de re-
SEÇÃO I – Da Estrutura ceptores, com todas as indicações necessárias
à busca, em todo o território nacional, de te-
Art. 2o Fica organizado o Sistema Nacional de cidos, órgãos e partes compatíveis com as suas
Transplante – SNT, que desenvolverá o processo condições orgânicas;
de captação e distribuição de tecidos, órgãos e IV – autorizar estabelecimentos de saúde e
partes retirados do corpo humano para finali- equipes especializadas a promover retiradas,
dades terapêuticas. transplantes ou enxertos de tecidos, órgãos e
Parágrafo único. O SNT tem como âmbito partes;
de intervenção as atividades de conhecimento V – avaliar o desempenho do SNT, mediante
de morte encefálica verificada em qualquer análise de relatórios recebidos dos órgãos esta-
ponto do território nacional e a determina- duais e municipais que o integram;
ção do destino dos tecidos, órgãos e partes VI – articular-se com todos os integrantes do
retirados. SNT para a identificação e correção de falhas
Normas pertinentes
155
VIII – credenciar centrais de notificação, II – promover a inscrição de potenciais
captação e distribuição de órgãos, de que trata receptores, com todas as indicações necessá-
a Seção IV deste Capítulo; rias à sua rápida localização e à verificação de
IX – indicar, dentre os órgãos mencionados compatibilidade do respectivo organismo para
no inciso anterior, aquele de vinculação dos o transplante ou enxerto de tecidos, órgãos e
estabelecimentos de saúde e das equipes es- partes disponíveis, de que necessite;
pecializadas, que tenha autorizado, com sede III – classificar os receptores e agrupá-los
ou exercício em Estado, onde ainda não se segundo às indicações do inciso anterior, em
encontre estruturado ou tenha sido cancelado ordem estabelecida pela data de inscrição,
ou desativado o serviço, ressalvado o disposto fornecendo-se-lhes o necessário comprovante;
no § 3o do artigo seguinte. IV – comunicar ao órgão central do SNT as
inscrições que efetuar para a organização da
lista nacional de receptores;
SEÇÃO III – Dos Órgãos Estaduais V – receber notificações de morte encefálica
ou outra que enseje a retirada de tecidos, órgãos
Art. 5o As Secretarias de Saúde dos Estados, e partes para transplante, ocorrida em sua área
do Distrito Federal e dos Municípios ou órgãos de atuação;
equivalentes, para que se integrem ao SNT, VI – determinar o encaminhamento e provi-
deverão instituir, na respectiva estrutura orga- denciar o transporte de tecidos, órgãos e partes
nizacional, unidade com o perfil e as funções retirados ao estabelecimento de saúde auto-
indicadas na Seção seguinte. rizado, em que se encontrar o receptor ideal,
§ 1o Instituída a unidade referida neste observado o disposto no inciso IlI deste artigo
artigo, a Secretaria de Saúde, a que se vincular, e em instruções ou regulamentos técnicos,
solicitará ao órgão central o seu credenciamen- expedidos na forma do artigo 28 deste Decreto;
to junto ao SNT, assumindo os encargos que VII – notificar o órgão central do SNT de te-
lhes são próprios, após deferimento. cidos, órgãos e partes não aproveitáveis entre os
§ 2o O credenciamento será concedido por receptores inscritos em seus registros, para uti-
prazo indeterminado, sujeito a cancelamento, lização dentre os relacionados na lista nacional;
em caso de desarticulação com o SNT. VIII – encaminhar relatórios anuais ao órgão
§ 3o Os Estados poderão estabelecer meca- central do SNT sobre o desenvolvimento das ati-
nismos de cooperação para o desenvolvimento vidades de transplante em sua área de atuação;
em comum das atividades de que trata este IX – exercer controle e fiscalização sobre as
Decreto, sob coordenação de qualquer unidade atividades de que trata este Decreto;
integrante do SNT. X – aplicar penalidades administrativas por
infração às disposições da Lei no 9.434, de 1997;
XI – suspender, cautelarmente, pelo prazo
SEÇÃO IV – Das Centrais de Notificação, máximo de sessenta dias, estabelecimentos e
Captação e Distribuição de órgãos – equipes especializadas, antes ou no curso do
CNCDOs processo de apuração de infração que tenham
cometido, se, pelos indícios conhecidos, hou-
Art. 6o As Centrais de Notificação, Captação ver fundadas razões de continuidade de risco
e Distribuição de Órgãos – CNCDOs serão as de vida ou de agravos intoleráveis à saúde das
unidades executivas das atividades do SNT, pessoas;
afetas ao Poder Público, como previstas neste XII – comunicar a aplicação de penalidade
Tráfico de Pessoas
opção na forma dos §§ 1o e 2o deste artigo, de ambos os pais ou responsáveis legais, se o ato
em documentos expedidos antes da vigência não oferecer risco para a sua saúde.
deste Decreto. § 9o A gestante não poderá doar tecidos,
§ 8o A manifestação de vontade poderá ser órgãos ou partes de seu corpo, salvo da medula
alterada, a qualquer tempo, mediante renova- óssea, desde que não haja risco para a sua saúde
ção dos documentos. e a do feto.
159
CAPÍTULO IV – Da Retirada de Partes Parágrafo único. Excetuam-se, do disposto
SEÇÃO I – Da Comprovação da Morte neste artigo os casos de morte ocorrida sem
assistência médica ou em decorrência de causa
Art. 16. A retirada de tecidos, órgãos e partes mal definida ou que necessite de ser esclarecida
poderá ser efetuada no corpo de pessoas com diante da suspeita de crime, quando a retirada,
morte encefálica. observadas as demais condições estabelecidas
§ 1o O diagnóstico de morte encefálica será neste Decreto, dependerá de autorização ex-
confirmado, segundo os critérios clínicos e tec- pressa do médico patologista ou legista.
nológicos definidos em resolução do Conselho
Federal de Medicina, por dois médicos, no mí-
nimo, um dos quais com título de especialista SEÇÃO II – Do Procedimento de Retirada
em neurologia reconhecido no País.
§ 2o São dispensáveis os procedimentos Art. 18. Todos os estabelecimentos de saúde
previstos no parágrafo anterior, quando a morte deverão comunicar à CNCDO do respectivo
encefálica decorrer de parada cardíaca irrever- Estado, em caráter de urgência, a verificação em
sível, comprovada por resultado incontestável suas dependências de morte encefálica.
de exame eletrocardiográfico. Parágrafo único. Se o estabelecimento
§ 3o Não podem participar do processo de de saúde não dispuser de condições para a
verificação de morte encefálica médicos inte- comprovação da morte encefálica ou para a
grantes das equipes especializadas autorizadas, retirada de tecidos, órgãos e partes, segundo as
na forma deste Decreto, a proceder à retirada, exigências deste Decreto, a CNCDO acionará
transplante ou enxerto de tecidos, órgãos e os profissionais habilitados que te encontrarem
partes. mais próximos para efetuarem ambos os pro-
§ 4o Os familiares, que estiverem em compa- cedimentos, observado o disposto no § 3o do
nhia do falecido ou que tenham oferecido meios art. 16 deste Decreto.
de contato, serão obrigatoriamente informados
do início do procedimento para a verificação Art. 19. Não se efetuará a retirada se não for
da morte encefálica. possível a identificação do falecido por qual-
§ 5o Será admitida a presença de médico quer dos documentos previstos nos §§ 1o e 6o
de confiança da família do falecido no ato de do art. 14 deste Decreto.
comprovação e atestação da morte encefálica, § 1o Se dos documentos do falecido cons-
se a demora de seu comparecimento não tomar, tarem opções diferentes, será considerado
pelo decurso do tempo, inviável a retirada, válido, para interpretação de sua vontade, o de
mencionando-se essa circunstância no respec- expedição mais recente.
tivo relatório. § 2o Não supre as exigências deste artigo
§ 6o A família carente de recursos financei- o simples reconhecimento de familiares, se
ros poderá pedir que o diagnóstico de morte nenhum dos documentos de identificação do
encefálica seja acompanhado por médico falecido for encontrado.
indicado pela direção local do SUS, observado § 3o Qualquer rasura ou vestígios de adul-
o disposto no parágrafo anterior. teração dos documentos, em relação aos dados
previstos nos §§ 1o e 6o do art. 14, constituem
Art. 17. Antes da realização da necropsia, impedimento para a retirada de tecidos, órgãos
obrigatória por lei, a retirada de tecidos, e partes, salvo se, no mínimo, dois consangüí-
órgãos ou partes poderá ser efetuada se estes neos do falecido, seja na linha reta ou colateral,
Tráfico de Pessoas
não tiverem relação com a causa mortis, cir- até o segundo grau inclusive, conhecendo a sua
cunstância a ser mencionada no respectivo vontade, quiserem autorizá-la.
relatório, com cópia que acompanhará o corpo § 4o A retirada de tecidos, órgãos e partes
à instituição responsável pelo procedimento do cadáver de pessoas incapazes dependerá
médico-legal. de autorização expressa de ambos os pais, se
160
vivos, ou de quem lhes detinha, ao tempo da § 3o os riscos considerados aceitáveis pela
morte, o pátrio poder, a guarda judicial, a tutela equipe de transplante ou enxerto, em razão
ou curatela. dos testes aplicados na forma do art. 24, serão
informados ao receptor que poderá assumi-
Art. 20. A retirada de tecidos, órgãos e partes -los, mediante expressa concordância, aposta
do corpo vivo será precedida da comprovação no documento previsto no parágrafo anterior,
de comunicação ao Ministério Público e da com indicação das seqüelas previsíveis.
verificação das condições de saúde do doador
para melhor avaliação de suas conseqüências e
comparação após o ato cirúrgico. SEÇÃO II – Do Procedimento de Transplante
Parágrafo único. O doador será prévia e obri-
gatoriamente informado sobre as conseqüências Art. 23. Os transplantes somente poderão ser
e riscos possíveis da retirada de tecidos, órgãos realizados em pacientes com doença progres-
ou partes de seu corpo, para doação, em docu- siva ou incapacitante, irreversível por outras
mento lavrados na ocasião, lido em sua presença técnicas terapêuticas, cuja classificação, com
e acrescido de outros esclarecimentos que pedir esse prognóstico, será lançada no documento
e, assim, oferecido à sua leitura e assinatura e de previsto no § 2o do artigo anterior.
duas testemunhas, presentes ao ato.
Art. 24. A realização de transplantes ou en-
xertos de tecidos, órgãos ou partes do corpo
SEÇÃO III – Da Recomposição do Cadáver humano só será autorizada após a realização,
no doador, de todos os testes para diagnóstico
Art. 21. Efetuada a retirada, o cadáver será de infecções e afecções, principalmente em re-
condignamente recomposto, de modo a recu- lação ao sangue, observando-se, quanto a este,
perar, tanto quanto possível, sua aparência an- inclusive os exigidos na triagem para doação,
terior, com cobertura das regiões com ausência segundo dispõem a Lei no 7.649, de 25 de janei-
de pele e enchimento, com material adequado, ro de 1988, e regulamentos do Poder Executivo.
das cavidades resultantes da ablação. § 1o As equipes de transplantes ou enxertos
só poderão realizá-los se os exames previstos
CAPÍTULO V – Do Transplante ou Enxerto neste artigo apresentarem resultados que afas-
SEÇÃO I – Do Consentimento do Receptor tem qualquer prognóstico de doença incurável
ou letal para o receptor.
Art. 22. O transplante ou enxerto só se fará § 2 o Não serão transplantados tecidos,
com o consentimento expresso do receptor, órgãos e partes de portadores de doenças que
após devidamente aconselhado sobre a excep- constem de listas de exclusão expedidas pelo
cionalidade e os riscos do procedimento. órgão central do SNT.
§ 1o Se o receptor for juridicamente incapaz § 3o O transplante dependerá, ainda, dos
ou estiver privado dos meios de comunicação exames necessários à verificação de compati-
oral ou escrita ou, ainda, não souber ler e bilidade sangüínea e histocompatibilidade com
escrever, o consentimento para a realização o organismo de receptor inscrito, em lista de
do transplante será dado por um de seus pais espera, nas CNCDOs.
ou responsáveis legais, na ausência dos quais, § 4o A CNCDO, em face das informações
a decisão caberá ao médico assistente, se não que lhe serão passadas pela equipe de retirada,
Normas pertinentes
for possível, por outro modo, mantê-lo vivo. indicará a destinação dos tecidos, órgãos e par-
§ 2o A autorização será aposta em docu- tes removidos, em estrita observância à ordem
mento, que conterá as informações sobre o de receptores inscritos, com compatibilidade
procedimento e as perspectivas de êxito ou para recebê-los.
insucesso, transmitidas ao receptor, ou, se for o § 5o A ordem de inscrição, prevista no pará-
caso, às pessoas indicadas no parágrafo anterior. grafo anterior, poderá deixar de ser observada,
161
se, em razão da distância e das condições de DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
transporte, o tempo estimado de deslocamen-
to do receptor selecionado tornar inviável o Art. 27. Aplica-se o disposto no § 3o do art. 19
transplante de tecidos, órgãos ou partes reti- à retirada de tecido, órgãos ou partes de pessoas
rados ou se deles necessitar quem se encontre falecidas, até seis meses após a publicação deste
em iminência de óbito, segundo avaliação da Decreto, cujo documentos tenham sido expe-
CNCDO, observados os critérios estabelecidos didos em data anterior à sua vigência.
pelo órgão central do SNT.
Art. 28. É o Ministério da Saúde autorizado a
expedir instruções e regulamentos necessários
SEÇÃO III – Dos prontuários à aplicação deste Decreto.
Art. 25. Além das informações usuais e sem Art. 29. Enquanto não for estabelecida a es-
prejuízo do disposto no § 1o do art. 3o da Lei no trutura regimental do Ministério da Saúde, a
9.434, 1997, os prontuários conterão: sua Secretaria de Assistência à Saúde exercerá
I – no do doador morto, os laudos dos exa- as funções de órgão central do SNT.
mes utilizados para a comprovação da morte
encefálica e para a verificação da viabilidade Art. 30. A partir da vigência deste Decreto,
da utilização, nas finalidades previstas neste tecidos, órgãos ou partes não poderão ser
Decreto, dos tecidos, órgãos ou portes que lhe transplantados em receptor não indicado pelas
tenham sido retirados e, assim, relacionados, CNCDOs.
bem como o original ou cópia autenticada dos Parágrafo único. Até a criação das CN-
documentos utilizados para a sua identificação; CDOs, as competências que lhes são cometidas
II – no do doador vivo, o resultado dos exa- por este Decreto, poderão, pelo prazo máximo
mes realizados para avaliar as possibilidades de um ano, ser exercidos pelas Secretarias de
de retirada e transplante dos tecidos, órgãos Saúde dos Estados e do Distrito Federal.
e partes doados, assim como a comunicação,
ao Ministério Público, da doação efetuada de Art. 31. Não se admitirá inscrição de receptor
acordo com o disposto nos §§ 4o e 5o do art. 15 de tecidos, órgãos ou partes em mais de uma
deste Decreto; CNCDO.
III – no do receptor, a prova de seu consen- § 1o Verificada a duplicidade de inscrição,
timento, na forma do art. 22, cópia dos laudos o órgão central do SNT notificará o receptor
dos exames previstos nos incisos anteriores, para fazer a sua opção por uma delas, no prazo
conforme o caso e, bem assim, os realizados de quinze dias, vencido o qual, sem resposta,
para o estabelecimento da compatibilidade excluirá da lista a mais recente e comunicará o
entre seu organismo e o do doador. fato à CNCDO, onde ocorreu a inscrição, para
igual providência.
Art. 26. Os prontuários, com os dados espe- § 2o A inscrição em determinada CNCDO
cificados no artigo anterior, serão mantidos não impedirá que o receptor se submeta a trans-
pelo prazo de cinco anos nas instituições plante ou enxerto em qualquer estabelecimento
onde foram realizados os procedimentos que de saúde autorizado, se, pela lista sob controle
registram. do órgão central do SNT, for o mais indicado
Parágrafo único. Vencido o prazo previsto para receber tecidos, órgãos ou partes retirados
neste artigo, os prontuários poderão ser confia- e não aproveitados, de qualquer procedência.
Tráfico de Pessoas
Normas pertinentes
163
Lei no 9.434/1997
Dispõe sobre a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante e
tratamento e dá outras providências.
Faço saber que o Congresso Nacional decreta Art. 21. No caso dos crimes previstos nos arts.
e eu sanciono a seguinte Lei: 14, 15, 16 e 17, o estabelecimento de saúde e as
............................................................................... equipes médico-cirúrgicas envolvidas poderão
ser desautorizadas temporária ou permanente-
CAPÍTULO V – Das Sanções Penais e mente pelas autoridades competentes.
Administrativas § 1o Se a instituição é particular, a autoridade
SEÇÃO I – Dos Crimes competente poderá multá-la em 200 a 360 dias-
............................................................................... -multa e, em caso de reincidência, poderá ter
suas atividades suspensas temporária ou defini-
Art. 15. Comprar ou vender tecidos, órgãos tivamente, sem direito a qualquer indenização
ou partes do corpo humano: ou compensação por investimentos realizados.
Pena – reclusão, de três a oito anos, e multa, § 2o Se a instituição é particular, é proibida
de 200 a 360 dias-multa. de estabelecer contratos ou convênios com
Parágrafo único. Incorre na mesma pena entidades públicas, bem como se beneficiar de
quem promove, intermedeia, facilita ou aufere créditos oriundos de instituições governamen-
qualquer vantagem com a transação. tais ou daquelas em que o Estado é acionista,
pelo prazo de cinco anos.
Art. 16. Realizar transplante ou enxerto ...............................................................................
utilizando tecidos, órgãos ou partes do corpo
humano de que se tem ciência terem sido CAPÍTULO VI – Das Disposições Finais
obtidos em desacordo com os dispositivos
desta Lei: Art. 24. (Vetado)
Pena – reclusão, de um a seis anos, e multa,
de 150 a 300 dias-multa. Art. 25. (Revogado)3
Art. 17. Recolher, transportar, guardar ou Brasília, 4 de fevereiro de 1997; 176o da Inde-
distribuir partes do corpo humano de que se pendência e 109o da República.
tem ciência terem sido obtidos em desacordo
com os dispositivos desta Lei: FERNANDO HENRIQUE CARDOSO –
Pena – reclusão, de seis meses a dois anos, e Nelson A. Jobim – Carlos César de Albuquerque
multa, de 100 a 250 dias-multa.
............................................................................... Promulgada em 4/2/97 e publicada no DOU de 5/2/97.
Tráfico de Pessoas
3
Lei no 8.489/92 e Decreto no 879/93.
164
Lei no 9.034/1995
Dispõe sobre a utilização de meios operacionais para a prevenção e repressão de ações praticadas
por organizações criminosas.
Art. 1o Esta Lei define e regula meios de prova Art. 3o Nas hipóteses do inciso III do art. 2o
e procedimentos investigatórios que versem desta lei, ocorrendo possibilidade de violação de
sobre ilícitos decorrentes de ações praticadas sigilo preservado pela Constituição ou por lei, a
por quadrilha ou bando ou organizações ou diligência será realizada pessoalmente pelo juiz,
associações criminosas de qualquer tipo.4 adotado o mais rigoroso segredo de justiça.6
§ 1o Para realizar a diligência, o juiz poderá
Art. 2 o Em qualquer fase de persecução requisitar o auxílio de pessoas que, pela nature-
criminal são permitidos, sem prejuízo dos já za da função ou profissão, tenham ou possam
previstos em lei, os seguintes procedimentos ter acesso aos objetos do sigilo.
de investigação e formação de provas:5 § 2o O juiz, pessoalmente, fará lavrar auto
I – (Vetado) circunstanciado da diligência, relatando as
II – a ação controlada, que consiste em retar- informações colhidas oralmente e anexando
dar a interdição policial do que se supõe ação cópias autênticas dos documentos que tiverem
praticada por organizações criminosas ou a ela relevância probatória, podendo para esse efeito,
vinculado, desde que mantida sob observação designar uma das pessoas referidas no parágra-
e acompanhamento para que a medida legal se fo anterior como escrivão ad hoc.
concretize no momento mais eficaz do ponto § 3o O auto de diligência será conservado
de vista da formação de provas e fornecimento fora dos autos do processo, em lugar seguro,
de informações; sem intervenção de cartório ou servidor, so-
III – o acesso a dados, documentos e in- mente podendo a ele ter acesso, na presença
formações fiscais, bancárias, financeiras e do juiz, as partes legítimas na causa, que não
eleitorais. poderão dele servir-se para fins estranhos à
IV – a captação e a interceptação ambiental mesma, e estão sujeitas às sanções previstas pelo
de sinais eletromagnéticos, óticos ou acústicos, Código Penal em caso de divulgação.
e o seu registro e análise, mediante circunstan- § 4o Os argumentos de acusação e defesa
Normas pertinentes
Art. 4o Os órgãos da polícia judiciária estru- Art. 11. Aplicam-se, no que não forem incom-
turarão setores e equipes de policiais espe- patíveis, subsidiariamente, as disposições do
cializados no combate à ação praticada por Código de Processo Penal.
organizações criminosas.
Art. 12. Esta lei entra em vigor na data de sua
Art. 5o A identificação criminal de pessoas en- publicação.
volvidas com a ação praticada por organizações
criminosas será realizada independentemente Art. 13. Revogam-se as disposições em con-
da identificação civil. trário.
Art. 6o Nos crimes praticados em organização Brasília, 3 de maio de 1995; 174o da Indepen-
criminosa, a pena será reduzida de um a dois dência e 107o da República.
terços, quando a colaboração espontânea do
agente levar ao esclarecimento de infrações FERNANDO HENRIQUE CARDOSO –
penais e sua autoria. Milton Seligman
Art. 7o Não será concedida liberdade pro- Promulgada em 3/5/95 e publicada no DOU de
visória, com ou sem fiança, aos agentes que 4/5/95.
tenham tido intensa e efetiva participação na
organização criminosa.
Tráfico de Pessoas
7
Lei no 9.303/96.
166
Lei no 8.069/1990
Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências.
Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade Art. 32. Ao assumir a guarda ou a tutela, o
da criança e do adolescente, pondo-os a salvo responsável prestará compromisso de bem e
Tráfico de Pessoas
Art. 148. A Justiça da Infância e da Juventude Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de
é competente para: ato destinado ao envio de criança ou adolescen-
I – conhecer de representações promovidas te para o exterior com inobservância das for-
pelo Ministério Público, para apuração de ato malidades legais ou com o fito de obter lucro:12
infracional atribuído a adolescente, aplicando Pena – reclusão de quatro a seis anos, e
as medidas cabíveis; multa.
II – conceder a remissão, como forma de Parágrafo único. Se há emprego de violên-
suspensão ou extinção do processo; cia, grave ameaça ou fraude:
III – conhecer de pedidos de adoção e seus Pena – reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito) anos,
incidentes; além da pena correspondente à violência.
Tráfico de Pessoas
o responsável legal pela prestação do serviço, Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas
oficialmente notificado, deixa de desabilitar o quem vende, expõe à venda, disponibiliza, dis-
tribui, publica ou divulga por qualquer meio,
13
Lei no 11.829/2008.
14
Lei no 11.829/2008. 16
Lei no 11.829/2008.
15
Lei no 11.829/2008. 17
Lei no 11.829/2008.
171
adquire, possui ou armazena o material produ- ...............................................................................
zido na forma do caput deste artigo.
Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente,
Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou cons- como tais definidos no caput do art. 2o desta Lei,
tranger, por qualquer meio de comunicação, à prostituição ou à exploração sexual:21
criança, com o fim de com ela praticar ato Pena – reclusão de quatro a dez anos, e
libidinoso:18 multa.
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, § 1o Incorrem nas mesmas penas o pro-
e multa. prietário, o gerente ou o responsável pelo local
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre em que se verifique a submissão de criança
quem: ou adolescente às práticas referidas no caput
I – facilita ou induz o acesso à criança de deste artigo.
material contendo cena de sexo explícito ou § 2o Constitui efeito obrigatório da conde-
pornográfica com o fim de com ela praticar nação a cassação da licença de localização e de
ato libidinoso; funcionamento do estabelecimento.
II – pratica as condutas descritas no caput
deste artigo com o fim de induzir criança a se Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrup-
exibir de forma pornográfica ou sexualmente ção de menor de 18 (dezoito) anos, com ele
explícita. praticando infração penal ou induzindo-o a
praticá-la:22
Art. 241-E. Para efeito dos crimes previstos Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
nesta Lei, a expressão “cena de sexo explícito ...............................................................................
ou pornográfica” compreende qualquer situação
que envolva criança ou adolescente em ativi- Brasília, 13 de julho de 1990; 169o da Indepen-
dades sexuais explícitas, reais ou simuladas, ou dência e 102o da República.
exibição dos órgãos genitais de uma criança ou
adolescente para fins primordialmente sexuais.19 FERNANDO COLLOR – Bernardo Cabral –
Carlos Chiarelli – Antônio Magri – Margarida
Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuita- Procópio
mente ou entregar, de qualquer forma, a criança
ou adolescente arma, munição ou explosivo:20 Promulgada em 13/7/90, publicada no DOU de
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos. 16/7/90 e retificada no DOU de 27/9/90.
Tráfico de Pessoas
18
Lei no 11.829/2008.
19
Lei no 11.829/2008. 21
Lei no 9.975/2000.
20
Lei no 10.764/2003. 22
Lei no 12.015/2009.
172
Decreto-Lei no 2.848/1940
Código Penal.
26
Lei no 12.015/2009.
25
Lei n 12.015/2009.
o 27
Lei no 7.251/84.
174
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