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Ribeirão Preto
2015
SUELLEN LIMA OLIVEIRA
Ribeirão Preto
2015
AGRADECIMENTOS
Para alguns pode não fazer muito sentido começar um trabalho acadêmico
agradecendo a Deus, mas para alguém que acredita em um ser que além de Criador de tudo é
um ser pessoal, que mesmo eterno está próximo de nós, a falta de sentido estaria em não
agradecer. Primeiramente então, gostaria de agradecer a Deus por me conceder as habilidades
e sabedoria necessárias, além de me guiar e colocar essas pessoas maravilhosas para me
ajudar nessa pequena jornada.
Agradeço aos meus pais pelo apoio e socorro em tudo, inclusive por abrirem meus
olhos quando chegou o momento de ceder ao Ensino Coletivo, à Dany, irmã incrível, parceira
das experiências decorrentes dessa decisão e ao Josué, por, além de ter sido forte influência na
escolha do tema desse trabalho, estar sempre pronto pra me ouvir nas crises e alegrias intensas
que aconteceram durante esse processo.
Outra importante e feliz escolha, pela qual devo agradecer, foi a orientação da Profa.
Dra. Simone Gorete. Lembro-me de várias vezes durante esses meses, pensar o quanto havia
acertado em tê-la convidado. Nossas conversas, seu cuidado e organização foram essenciais
para esse trabalho.
Aos meus queridos alunos e amigos do Projeto Brincando com a Música,
representados pelo Coordenador David Alves Cardoso, por confiarem em meu trabalho me
dando a oportunidade de, não apenas ensinar, mas também experimentar, aprender e crescer.
Muitas das palavras deste trabalho foram aqui escritas pensando em tudo o que vivi e ainda
vou viver no Projeto.
Não poderia me esquecer da Profa. Marina Souza que foi muito importante durante os
meus anos iniciais em música e permanece sendo um auxílio seguro mesmo depois de tantos
anos. Agradeço por todas as vezes que foi solícita e incentivadora, há participação sua aqui
também.
Agradeço ainda à Profa. Dra. Liu Man Ying e ao Prof. Dr. Marcos Câmara de Castro
por aceitarem prontamente ao convite de fazer parte da banca deste trabalho. Acredito que
suas contribuições serão de extrema importância para a conclusão dele.
RESUMO
This work has developed from the idea that social projects are an interesting work
place for a music educator and that, in order for this action to occur more appropriately, we
must know its context. Thus this paper aims to address some historical questions about the
emergence of social projects in Brazil, mainly from NGOs. In addition, we present aspects
about these projects’ operation, assuming that this information may be important for a music
educator who intends to work in this area. Also thinking in the development of music
education in these projects, the teaching of musical Instruments in groups is presented as an
alternative as an effective setting in order to resolve various difficulties encountered by
NGOs. Therefore characteristics of teaching in groups and indications about the
characteristics required for a music educator interested in this area.
INTRODUÇÃO.............................................................................................................7
CONCLUSÃO.............................................................................................................30
REFERÊNCIAS..........................................................................................................32
7
INTRODUÇÃO
pelo formato do trabalho proposto, ainda não puderam ser estudados pela autora. É importante
ressaltar também que Projetos Sociais e Ensino Coletivo não estão necessariamente
relacionados, as ideias apresentadas aqui são apenas uma alternativa entre outras.
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As organizações sociais tiveram origem, na Europa e nas Américas, por volta dos
séculos XVI e XVII. No início, essas organizações eram fortemente ligadas à Igreja e ao
Estado, que não eram separados por lei. Como resultado dessa ligação, elas foram
influenciadas pelos sistemas de governo e pelas políticas nacionais vigentes, além de terem
íntimo relacionamento com o trabalho religioso (ALBUQUERQUE, 2006, p. 21).
No Brasil, o início da assistência aos necessitados é situado no período colonial. Os
principais agentes dessa assistência eram entidades e pessoas mobilizadas por princípios
religiosos, que muitas vezes também escondiam interesses econômicos, sociais e políticos.
De acordo com a Tabela 1, que contém dados do último relatório FASFIL, podemos
perceber que, no Brasil, muitas entidades são fundadas a partir de 1970, se comparada às
existentes até então. Isso reforça os dados de Fernandes e de Albuquerque mostrando que no
Brasil ocorre o mesmo movimento de surgimento de ONGs percebido em vários países da
América Latina.
Os dados também nos permitem perceber que mais da metade das entidades sem fins
lucrativos fundadas até 2000 foram fundadas a partir de 1991. Esses dados comprovam o
13
“fenômeno ONGs” de Gohn mostrando o grande crescimento desse setor na década de 1990.
A partir de então o espaço das ONGs parece ser consolidado, pois a quantidade de entidades
fundadas por anos se estabiliza. Entre 2001 e 2010 há uma média de 11800 entidades sem fins
lucrativos sendo fundadas por ano.
No que se refere às entidades classificadas como de cultura e arte, podemos perceber
na Tabela 2 que os números acompanham as proporções dos números da tabela anterior.
Tabela 2
Unidades locais das Fundações Privadas e Associações sem Fins Lucrativos de cultura e arte,
segundo as faixas de ano de fundação.
solicitar a titulação, exceto em casos em que os serviços de educação e saúde são totalmente
gratuitos. Quanto ao controle por parte da SNJ, o foco nesse caso é principalmente na
produção de resultados (MANUAL..., 2005, p. 18). É interessante notar que “a imensa
maioria das entidades qualificadas constitui-se de associações ou fundações recém-criadas, ou
melhor, que não poderiam candidatar-se ao título de utilidade pública federal”. Podemos
concluir, então, que a qualificação como OSCIP se tornou uma boa alternativa para entidades
criadas a pouco tempo e que, portanto, não poderiam se qualificar como Utilidade Pública
Federal, pois esse título exige que a entidade esteja ativa a pelo menos 3 anos (ROMÃO,
2007, p. 58).
As entidades não podem acumular os dois títulos, sendo assim, cada entidade deve
optar pelo que lhe for mais interessante considerando sua estrutura e seus objetivos
institucionais, ponderando sobre os prós e os contras de cada título (MANUAL..., 2005, p.
20).
Visando melhor cumprir com suas atribuições a SNJ criou, em outubro de 2007, o
Cadastro Nacional de Entidades de Utilidade Pública (CNEs).
O CNEs constitui-se em um conjunto de mecanismos eletrônicos que coletam,
processam, analisam e transmitem os dados das entidades facilitando os procedimentos
administrativos. O principal objetivo do sistema é agilizar a comunicação entre Estado,
entidades e sociedade, à medida que desburocratiza, padroniza e dá transparência a essa
comunicação.
O cadastro abarca não apenas as entidades qualificadas no Ministério da Justiça, mas
todas as ONGs que possuam interesse na captação de recursos públicos.
Há ainda um terceiro título concedido em âmbito nacional pelo Conselho Nacional de
Assistência Social, o Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social (CEAS).
O CEAS possibilita a isenção de pagamento da cota patronal de seguridade social e é
indispensável para o convênio com a União. O Título de UPF é pré-requisito para se obter
este título, sendo assim a entidade deve estar em funcionamento contínuo e efetivo por no
mínimo três anos e seus dirigentes não podem ser remunerados. Há bastante rigidez quanto
aos fundos públicos utilizados pelas entidades tituladas podendo a chegar à pena de devolução
do montante e aplicação de multa em caso de mau-uso da verba (MANUAL..., 2005, p. 20).
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Tabela 3
Titulações concedidas às ONGs
Titulação Concessor Exigências Benefícios
Utilidade Pública Secretaria Funcionamento por Isenção de impostos
Federal (UPF) Nacional de Justiça pelo menos três anos. estaduais e municipais.
Personalidade jurídica Permissão para obtenção
e ter sido constituída do título de CEAS.
no Brasil. Dedução do imposto de
Dirigentes não renda dos doadores.
remunerados. Recebimento de doações
da União e de receitas
federais.
Organização da Secretaria Exclui-se escola, Termo de Parceria com o
Sociedade Civil de Nacional de Justiça hospital ou associação poder público.
Interesse Público de classes
(OSCIP) profissionais, exceto
em casos em que os
serviços de educação e
saúde sejam
totalmente gratuitos.
Certificado de Conselho Nacional Título de UPF Isenção de pagamento da
Entidade de Assistência cota patronal de
Beneficente de Social seguridade social.
Assistência Social Convênio com a União
(CEAS)
Tabela organizada pela autora
“No sentido etimológico, o termo projeto vem do latim projectu, particípio passado do
verbo projicere, que significa lançar para adiante. Plano, intento, desígnio. Empresa,
empreendimento. Redação provisória de lei. Plano geral de edificação” (FERREIRA apud
VEIGA, 2004, p. 14).
O significado do termo “projeto social”, entretanto, parece ainda não estar muito claro
na literatura. Silva constata que, sob a denominação de projeto social, existe uma enorme
variedade de ações destinadas aos mais variados setores da sociedade. Ainda assim o autor
cita Armani (2004) para quem projeto é, basicamente, “uma ação social planejada, estruturada
em objetivos, resultados e atividades baseadas em uma quantidade limitada de recursos
(humanos, materiais e financeiros) e de tempo”. Armani ainda ressalva que não existe
“projeto social” isolado de programas e/ou políticas sociais mais amplas (SILVA, 2010, p.
52).
Para Scronavacca, Becker e Caravantes o projeto é o que permite à instituição planejar
e avaliar a viabilidade das ações a serem realizadas. Os autores defendem que o projeto deve
ser utilizado, de maneira geral, para “transformar instituições de cunho caritativo em
instituições de cunho formativo e educativo”. Para que cumpra tal objetivo a instituição deve
evitar o paternalismo e ações de caráter apenas paliativo (SCORNAVACCA; BECKER;
CARAVANTES, 1998, p. 161-2).
Magali Kleber, em 2006, publicou, em sua tese de Doutorado, uma pesquisa que teve
como campo empírico duas ONGs: Associação Meninos do Morumbi, da cidade de São Paulo
e o Projeto Villa-Lobinhos, da cidade do Rio de Janeiro vinculado à ONG VivaRio. O
objetivo da pesquisa foi abordar as práticas musicais em ONGs.
Kleber encontrou nas ONGs que pesquisou justamente essa intenção de promover uma
educação musical com objetivo social, mas sem amparar-se em uma abordagem
assistencialista ou paternalista. A autora constatou que tal intenção se mostrou coerente tanto
no discurso quanto na prática das ONGs selecionadas (KLEBER, 2006, p. 303). Ela também
alerta sobre o perigo de corporações que, procurando negócios rentáveis, encontram nas
ONGs um álibi para suas ações. Essas corporações exageram no uso de clichês que
sensibilizam a sociedade buscando alcançar lucro “através da miséria alheia” (KLEBER, p.
305).
Também é preciso ter cuidado para que as ONGs não se tornem meios para que,
grupos de pressão e lobbies, se utilizem de verbas públicas direcionando-as para interesses de
minorias privilegiadas (MANUAL..., 2005, p. 14).
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Discorrendo sobre a atuação das ONGs, Kater faz distinção entre duas naturezas de
projetos. De um lado, segundo ele, temos projetos que selecionam, entre os interessados
inscritos, aqueles considerados mais aptos para participar do processo proposto. Projetos
desse tipo, frequentemente, trabalham tendo em vista um resultado final que deverá ser
apresentado entre os envolvidos com o projeto ou para um público externo. A necessidade de
apresentar resultados se deve à busca de visibilidade, quase sempre reivindicada pelos
patrocinadores e/ou promotores do projeto.
Esse tipo de projeto costuma criar oportunidades profissionais para os participantes,
entretanto, nesses casos, não há muita preocupação em utilizar modelos didático-pedagógicos
que garantam o equilíbrio nas relações interpessoais entre os alunos, professores e instituição.
Por outro lado, Kater esclarece que há projetos que permitem a participação de toda a
comunidade sem haver seleção de competências. Por conta disso, eles acabam dedicando-se
aos considerados mais limitados e “menos capazes”. Esse público, entretanto, se mostra capaz
devido a um profundo desejo de sucesso, realização e reconhecimento social. Tamanho
estímulo é pedagogicamente valioso, pois induz a mobilização necessária para a superação de
obstáculos no desenvolvimento pessoal.
Em virtude da variedade de comportamentos e as particularidades de cada participante
do projeto é preciso definir prioridades a serem consideradas no trabalho pedagógico. Kater
destaca, entre essas prioridades, a importância de estabelecer vínculo afetivo, a flexibilidade
do processo didático-pedagógico, a adequação, organização e equilíbrio entre liberdade e
limites e a necessidade de valorização do indivíduo (KATER, 2004, p. 46-7).
A flexibilidade também é um dos principais elementos comentados por Kleber. Ela
conta que as propostas das ONGs que estudou foram construídas a partir da relação com os
grupos beneficiários dos projetos, e não de forma rígida partindo apenas da visão e opinião
dos organizadores. Segundo ela, as ONGs precisam saber gerenciar os processos de mudanças
de direções, às vezes imprevisíveis, que são resultados das ações e reações dos participantes.
O processo educativo, nesse ambiente, deve ser considerado como “um campo de permanente
elaboração e redefinição, de conflitos, negociações e transições provisórias” (KLEBER, p.
304-5).
Essa, entre outras características, vem configurando as ONGs como “espaços de
formação mediante a educação informal” (KLEBER, p. 301). Segundo Torres, educação
informal, ou não formal, é “toda atividade educacional organizada, sistemática, executada fora
do quadro do sistema formal para oferecer tipos selecionados de ensino a determinados
subgrupos da população”. Ou seja, toda atividade pedagógica organizada e sistemática que
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alternativa que cortasse custos e produzissem resultados rápidos, um projeto que fosse atrativo
para o empresário. Apesar de bastante criticado por seus colegas músicos, optou pelo Ensino
Coletivo e alcançou bons resultados (ALMEIDA, 2004).
Justamente por essa principal associação à economia de tempo e dinheiro o Ensino
Coletivo geralmente é apresentado, nos textos brasileiros pesquisados, como uma alternativa
para o ensino de música em Projetos Sociais, como afirmamos no início deste capítulo.
Cruvinel observa que no Brasil o ensino de música ainda alcança apenas uma pequena
parcela da população. Sobre os projetos sociais também existe a crença de que não merecem
muita atenção devido ao pequeno alcance que a maioria deles tem.
Assim sendo,
o Ensino Coletivo é uma importante ferramenta para o processo de democratização
do ensino musical, contribuindo de forma bastante significativa neste processo. A
musicalização através do Ensino Coletivo pode dar acesso a um maior número de
pessoas à Educação Musical, aumentando a razão professor/aluno por esforço
hora/aula ministrada (CRUVINEL, 2003, p. 2).
O Ensino Coletivo ajuda também a eliminar horários vagos. Se um aluno falta em uma
aula individual, a aula não pode acontecer, e o aluno retoma, na próxima aula de onde havia
parado. No Ensino Coletivo, entretanto, mesmo com alguns alunos ausentes, a aula pode
acontecer. A dificuldade passa a ser então lidar com o progresso dos alunos faltosos. Segundo
Tourinho, um dos maiores fatores de desistência dos cursos é justamente a dificuldade de
alguns alunos em acompanhar a turma devido às faltas (TOURINHO, p. 4).
A economia e otimização de tempo, entretanto, são apenas duas entre várias vantagens
do Ensino Coletivo. Em 2010 Christopher Fisher publicou seu livro Teaching Piano in
Groups, um compêndio de informações sobre os diversos aspectos do Ensino de piano em
Grupo. Fisher disponibilizou no site do livro um apêndice com a opinião dos principais nomes
do Ensino Coletivo de Piano nos Estados Unidos. Apesar de os comentários serem relativos
ao ensino de Piano em Grupo, acreditamos que os mesmos são pertinentes para este estudo.
Ted Cooper, um dos entrevistados de Fisher, quando perguntado sobre o porquê de
defender essa modalidade de ensino respondeu que “grupos possuem uma poderosa
motivação embutida por causa da interação entre os pares”1 (2010, p. 2 tradução nossa). A
resposta de Fast complementa essa ideia, pois, segundo ela, essa modalidade fornece uma
motivação natural. Quando os estudantes compartilham seu conhecimento ocorre uma
dinâmica que deve ser fomentada (2010, p. 3).
1
Groups have a powerful, built-in motivation because of the peer interaction.
23
Essa interação entre os alunos também é interessante para que o professor tenha uma
visão mais completa de sua personalidade (FAST, p. 6).
É importante destacar que algumas vantagens apresentadas pelos autores, apesar de
interessantes aos Projetos Sociais, não são exclusivas do Ensino Coletivo e podem também
ser aplicadas no ensino tutorial.
individualmente também não funciona muito bem. Coats lembra que os que tentaram esse
tipo de prática perceberam que além de a aula não ser produtiva ela poderia chegar ao caos3
(2010, p. 1).
Sendo assim, existem algumas características e cuidados específicos da aula em grupo
que merecem certa atenção. Lembrando a declaração de Montandon, uma aula para ser
considerada coletiva deve envolver todos os alunos, mantendo-os ativos. Para que isso seja
possível, a aula precisa ser cuidadosamente planejada.
Segundo Coats, em aulas individuais, pode ser que o professor não planeje a aula
intencionalmente e ensine por imitação e exposições ao invés de envolver o estudante na
solução do problema. (2010, p. 3) Na aula coletiva, entretanto, o planejamento é
extremamente importante para que a aula corra bem (COOPER, 2010; DILLON, 2010; FAST,
2010; HILLEY, 2010).
É imprescindível, portanto, planejar a aula para o grupo, considerando as habilidades
individuais de cada um. Quanto a isso Oliveira defende que o ritmo deve ser ditado pelos
melhores alunos. Cruvinel, ao citá-lo, ressalva que o professor deve perceber os limites do
grupo e de cada aluno, individualmente, escolhendo, a partir disso, como conduzir a aula
(OLIVEIRA apud CRUVINEL, p. 49).
Uma forma de lidar com isso é distribuir diferentes partes a serem executadas pelos
alunos de acordo com suas habilidades e preferências (TOURINHO, p. 8). Outra solução
interessante é o atendimento individual, nos casos de alunos com mais dificuldade, ou ainda
escolhendo alunos mais adiantados para fazer esse atendimento, numa espécie de monitoria
(CRUVINEL, p. 49).
No caso de aulas em grupos de diferentes instrumentos, mas do mesmo naipe, como
acontece no Projeto Guri, por exemplo, o professor precisa lançar mão de algumas
ferramentas mais específicas. Galindo (apud CRUVINEL, p. 55), escrevendo sobre o Ensino
Coletivo de instrumentos de arco, e Almeida, sobre sopros, indicam o caminho do
reconhecimento dos elementos em comum entre os instrumentos em questão. A partir dos
elementos em comum é possível então planejar uma aula que envolva todos os alunos.
Tourinho, baseada em sua observação, lista alguns princípios de aprendizagem do
Ensino Coletivo. O primeiro é “acreditar que todos podem tocar um instrumento” (2007, p. 3).
Esse princípio está intimamente ligado às crenças de difusão de conhecimento dos projetos
3
They discover that trying to teach group members individually is not only nonproductive but quite chaotic.
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sociais, o acesso ao aprendizado de música e de um instrumento não pode ser restrito a uma
pequena parcela da população se todos têm capacidade para tocar algum instrumento.
Ainda nesse sentido, Cruvinel apresenta as ideias de Moraes. Para ele, o professor
deve evitar comparações declaradas entre os alunos, pois estas comparações podem levar à
criação de “rótulos”, contribuindo negativamente para a autoestima do aluno (MORAES apud
CRUVINEL, p. 54). A autora complementa afirmando que pequenas diferenças musicais e
técnicas já são o suficiente para os alunos se compararem mutuamente, quando em grupo.
Entre os princípios apresentados por Tourinho encontramos ainda a crença de que
todos aprendem com todos. O professor não é, portanto, o único que ensina, os alunos
também aprendem uns com os outros. Além de sua relação com o professor o aluno também
tem como referências os comentários feitos por e para os outros alunos, enriquecendo sua
experiência de aprendizado (FAST, p. 3).
É importante ainda destacar que o Ensino Coletivo ajuda a desenvolver a
independência dos alunos. O professor, portanto, deve conter sua tendência de ajudar demais
o aluno. É necessário dar ferramentas para que o próprio aluno encontre soluções para suas
dificuldades (COOPER, p. 2).
Sobre isso Jaffé cunhou o termo Guided Study entendendo que o professor deve
estudar com os estudantes na aula, dando a assistência manual necessária (CRUVINEL e
TOURINHO, 2007, p. 174). Esse tipo de atitude é interessante no caso de projetos em que os
alunos não têm o próprio instrumento e que não têm condições de permitir que os alunos
levem os instrumentos para estudar em casa.
Para que a metodologia seja eficaz é preciso, portanto, buscar meios de conceder aos
alunos um processo educativo dinâmico, aproveitando as vantagens oferecidas pelo Ensino
Coletivo sem, entretanto, agredir a individualidade do aluno.
4
The ability to plan and then not follow the plan
5
Escolha do tempo mais adequando para fazer alguma coisa. (MICHAELIS..., 2012)
6
What Qualities Make a Group Piano Teacher Most Effective?
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7
The teacher should completely invest in caring relationships in both individual and group settings.
30
CONCLUSÃO
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