Sunteți pe pagina 1din 26

JURISPRUDÊNCIA, PRECEDENTE E SÚMULA NO DIREITO BRASILEIRO

CLAYTON MARANHÃO

Professor Adjunto de Processo Civil da Universidade Federal do Paraná, membro do Instituto


Brasileiro de Direito Processual, da Associação Brasileira de Direito Processual
Constitucional e da Associação Brasileira de Direito Processual. Mestre e Doutor em Direito
Processual Civil pela Universidade Federal do Paraná, Mestrando em Razonamiento
Probatorio pela Universidade de Girona, Espanha, e Especialista em Direito Processual Civil
pela Universidade de Milão, Itália. Magistrado do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná.

SUMÁRIO. 1. Introdução. 2. Aproximação entre o direito de common law e o direito de


civil law. 3. Os precedentes no common law. 4. A jurisprudência e a súmula no Estado
Legislativo brasileiro. 4.1 A jurisprudência no Estado Legislativo brasileiro. 4.2 As
súmulas persuasivas no Estado Legislativo brasileiro. 5. O precedente no Estado
Constitucional brasileiro. 5.1 Eficácia vinculante no controle direto de
constitucionalidade realizado pelo Supremo Tribunal Federal no Estado Constitucional
brasileiro. 5.2 Súmulas Vinculantes editadas pelo Supremo Tribunal Federal no Estado
Constitucional brasileiro. 5.3 Efeitos vinculantes das demais decisões proferidas pelo
Poder Judiciário no Estado Constitucional brasileiro. 6. Diferenciação entre
jurisprudência e precedente e o enquadramento sistemático das súmulas no direito
brasileiro: da jurisprudência aos precedentes e, como corolário, das súmulas
persuasivas às Súmulas Vinculantes. 7. Conclusões. Bibliografia.

RESUMO: Este estudo objetiva analisar as principais diferenças entre jurisprudência e


precedente nos países de tradição romano-canônica, com especial enfoque para o direito
brasileiro vigente, tendo em vista a revisão da teoria das fontes do direito ocasionada
pela introdução das Súmulas Vinculantes e do efeito vinculante às decisões do STF no
controle de constitucionalidade das leis. Para tanto, estabelece inicialmente uma
aproximação com o direito dos países de tradição anglo-saxã. Em seguida, é analisada a
questão em dois blocos históricos bem definidos no direito brasileiro: no Estado de
Legalidade e no Estado Constitucional. Na parte final do texto, são investigados os graus
de vinculatividade dos precedentes no direito brasileiro em vigor, propondo-se uma
  2  

diferenciação entre jurisprudência e precedente, deixando em segundo plano a noção de


súmula, considerando-a absorvida naqueles dois institutos examinados. Conclui-se por
reforçar a tese defendida por parcela da doutrina no sentido de que os precedentes
emanados dos STF e do STJ são obrigatórios no direito brasileiro.

PALAVRAS-CHAVE: jurisprudência, precedente, eficácia vinculante.

ABSTRACT: This study aims to analyze the main differences between case law and
stare decisis in the countries of civil law tradition, with special focus on the current
Brazilian's judicial review. Therefore, initially establishes an approach to the right of
the common law tradition of countries. Then proceed to analyze the issue in two historic
blocks well defined in Brazilian`s Rule of Law. After that, it proceed with a proposal to
differentiate between case law and precedent, concluding towards the implementation of
stare decisis in Brazilian law.

KEY WORDS: case-law, stare decisis, binding effect.

1. Introdução.

O problema da jurisprudência como fonte do direito tem permeado as discussões


doutrinárias com influência na teoria da norma e na teoria da interpretação jurídica. No
âmbito da common law, o tema da vinculatividade formal dos precedentes foi objeto de
estudos dos filósofos e teóricos do direito e, mais recentemente, assume uma preocupação
também no âmbito da civil law.

Karl Engisch, em clássico estudo sobre o método subsuntivo de aplicação das regras,
tratava o precedente como jurisprudência, portanto não vinculante, a partir do art. 95 da Lei
Fundamental alemã (ENGISCH, p. 365).

Por sua vez, os pesquisadores do círculo de Bielefeld separaram quatro formas básicas
de relevância prática dos precedentes: vinculação formal, força persuasiva de fato, força
justificatória complementar e força meramente ilustrativa ou de mero exemplo
(MACCORMICK & SUMMERS, 1997, p. 554-555; PECZENIK, 1997, p. 463). Chiassoni
critica essa classificação, pois o "Bielefelder Kreis" não distingue a vinculação formal dos
  3  

precedentes da força prática de fato dos precedentes e, no que se refere às três diferentes
formas dos precedentes formalmente vinculantes, não considera os dois diferentes tipos de
derrotabilidade (CHIASSONI, 2016, p. 75). Em vista disso, Chiassoni propõe oito sistemas
ideais tipos de relevância formal da ratio decidendi de um precedente: sistemas de relevância
proibida, sistemas de relevância muito fracos argumentativamente, sistemas de relevância
fracos argumentativamente, sistemas de relevância fortes argumentativamente, sistemas de
força vinculante fraca; sistemas de força vinculante forte, sistemas de força vinculante muito
fortes e sistemas de relevância discricionária (CHIASSONI, 2016, p. 75).

Trata-se de uma discussão existente no âmago da transição do Estado de Legalidade


para o Estado Constitucional, sendo difícil escapar de contradições no sistema até que essa
travessia se complete.

Por outro lado, o império da técnica obscurece a realização da Justiça na modernidade


tardia, circunstância que tem assolado o sistema de Justiça dos países de civil law.

Diante das inevitáveis mutações sociais, é crescente a numerosidade dos processos em


trâmite na justiça brasileira, superando cem milhões de demandas em trâmite segundo a
última estatística do Conselho Nacional de Justiça, ao passo que ganha especial conotação
nesse acervo processual as chamadas causas repetitivas, a exigir novas técnicas de julgamento
e de uniformização de jurisprudência.

Nesse contexto, revelaram-se insuficientes, embora ainda importantes, as técnicas


tradicionais de uniformização de jurisprudência, notadamente o incidente de uniformização
previsto no art. 476 do Código de Processo Civil brasileiro de 1973 (CPC, 1973) e a súmula
de jurisprudência dominante dele derivada, o recurso especial fundado em divergência
jurisprudencial e os embargos de divergência nos tribunais superiores, assumindo importância
crescente as técnicas de vinculação das decisões emanadas do STF (súmula vinculante e
decisões proferidas no controle concentrado de constitucionalidade, além das teses jurídicas
firmadas em recurso extraordinário) e do STJ (súmulas persuasivas e teses jurídicas firmadas
em recurso especial repetitivo), filtros recursais (repercussão geral no STF; súmulas
persuasivas dos tribunais superiores e dos tribunais de segundo grau, tidas como impeditivas
do processamento de recursos cujas teses lhes sejam contrárias) e técnicas de aceleração dos
julgamentos de recursos por meio do julgamento monocrático do Relator, a partir da iniciativa
gestada pela Emenda Regimental de 1963, no STF, e que foi repercutindo pouco a pouco nos
  4  

demais tribunais, a começar pelo TFR, nos termos do art. 63 da Lei 5.010/66, até chegar-se na
atual redação do art. 557 do CPC/73, mantida no art. 932, IV e V, do CPC/15.

Com o novo Código de Processo Civil brasileiro de 2015 (CPC, 2015), insere-se no
sistema processual brasileiro a técnica dos precedentes, a bem da verdade um consectário
lógico da atividade jurisdicional na interpretação do texto legal, sobretudo diante do conceito
contemporâneo de norma jurídica, não como algo dado pelo legislador, mas como algo
dialógica, dialética e colaborativamente construído entre o juiz e as partes, em contraditório
substancial, enfim como resultado da interpretação/aplicação do texto legal no caso concreto
(ou seja, que o texto legal é diferente da norma jurídica).

Para tanto, é significativa essa passagem doutrinária de Sidney Sanches (1975, p. 8):

“Temos para nós que a estratificação do Direito pela uniformização imutável da


jurisprudência é um mal tão grande quanto o da poliformia jurisprudencial
contemporânea. E, no entanto, curiosamente, reunidos os dois males, reparadas as
arestas, burilados os conceitos e trabalhadas as ideias que os geraram, se pode
chegar a um objetivo comum: justiça igual. Para tanto, é preciso que os enunciados
uniformizadores não sejam desprezados, mas também que não se estratifiquem, que
não se perpetuem.”

Revela-se ainda atual o pensamento de Carlos Maximiliano (1980, p. 184): “Uma


decisão isolada não constitui jurisprudência; é mister que se repita, e sem variações de
fundo. O precedente, para constituir jurisprudência, deve ser uniforme e constante.”

Se assim é, e considerando o disposto nos arts. 489 e 927 do CPC/15, temos um longo
caminho pela frente, objetivando dar mais um passo no sentido da construção da
jurisprudência e dos precedentes nela contidos.

A tendência é que as Súmulas venham a ser compreendidas a partir dos motivos


determinantes das decisões judiciais, até porque a compreensão da ratio decidendi de um
enunciado implica precisamente na busca e no entendimento das circunstâncias fáticas dos
precedentes que lhes serviram de base (art. 926, §2º, CPC/15).

Este estudo objetiva enfrentar as noções de jurisprudência e precedente no direito de


common law e no direito positivo brasileiro, confrontando-os em dois blocos históricos
distindos, quais sejam o direito no Estado de Legalidade e o direito no Estado Constitucional,
  5  

com vistas a verificar quais as perspectivas de um modelo de precedentes para o bom


funcionamento da Justiça brasileira.

Outrossim, busca-se um lugar adequado às súmulas persuasivas e às súmulas


vinculantes nesse novo sistema.

2. Aproximação entre o direito de common law e o direito de civil law.

No direito de common law, as decisões das Cortes Supremas vinculam os tribunais e


juízes de instâncias inferiores.

No direito de civil law, embora essa vinculação não seja da sua tradição e somente
recentemente tenha alguma previsão na Constituição brasileira (controle de
constitucionalidade pelo STF e Súmulas vinculantes), na prática, senão na totalidade, em
expressiva maioria dos casos, os tribunais e juízes seguem as decisões do STF e do STJ.

Como sustenta Marinoni, "ainda que os precedentes tenham sido fundamentais para
o desenvolvimento do common law, o stare decisis não se confunde com o common law, tendo
surgido no curso do seu desenvolvimento para, sobretudo, dar segurança às relações
jurídicas. [...] Os precedentes interpretativos constituem um claro sinal de que mesmo a
interpretação da lei tem que adquirir estabilidade." (MARINONI, 2016, p. 79.) E arremata:
"A ausência de respeito aos precedentes está fundada na falsa suposição, própria à tradição
de civil law, de que a lei seria suficiente para garantir a certeza e a segurança jurídicas. [...]
Porém, quando se 'descobriu' que a lei é interpretada de diversas formas e, mais
visivelmente, que os juízes do civil law rotineiramente decidem de diferentes modos os 'casos
iguais', curiosamente não se abandonou a suposição de que a lei é suficiente para garantir a
segurança jurídica." (MARINONI, 2016, p. 80.)

A diferença entre os dois sistemas reside no método de extração das regras e


princípios vinculantes (ratio decidendi) de um caso para aplicabilidade em outro semelhante
(ZWEIGERT-KOTZ, 1998).

Esse método é o produto da maturação e da tradição do raciocínio judicial do caso


concreto - reasoning from case to case (ZWEIGERT-KOTZ, 1998).
  6  

Duas razões são indicadas para demonstrar a diferença de civil law no entendimento
das razões de decidir quanto aos fatos: (i) insuficiente justificação externa dos fatos; (ii)
ementas (headnotes) gerais e abstratas (ZWEIGERT-KOTZ, 1998).

Quanto à insuficiência da justificação externa, os fatos não são detalhadamente


justificados externamente nas decisões da Suprema Corte Francesa e Corte de Cassação
Italiana, presos que estão à velha tradição do positivismo centenário de mera subsunção da
regra aos fatos da causa, fazendo, inclusive, transparecer isso aos terceiros que possam ler
suas decisões, omitindo deliberadamente detalhes fáticos do caso.

No que concerne às ementas utilizadas nos países de civil law como Itália, França,
Alemanha, Portugal, inclusive o Brasil, por vezes é a única parte da decisão que é publicada,
impedindo que se saiba quais foram as peculiaridades fáticas do caso, assim dificultando uma
cultura de precedentes.

Isso porque a técnica de redação das ementas geralmente utilizada é abstrata e geral
(máximas, teses jurídicas, enunciados, súmulas). Contudo, fique bem claro que a ratio
decidendi não é encontrável na ementa do Acórdão e sim nos motivos determinantes da
decisão judicial colegiada.

3. Os precedentes no common law.

No final do século XII, o direito inglês já estava forjado em regras não escritas,
conhecidas e na praxe negocial e judiciária, por isso infenso à recepção do direito romano, ao
contrário do continente Europeu (CRUZ E TUCCI, 2004, 149-151).

Inicialmente, as decisões judiciais foram catalogadas nos statute books, sendo que
nesse período os primeiros comentadores já demonstravam preocupação com o problema da
contradição nos julgamentos, indicando-se o caminho da solução a casos análogos (CRUZ E
TUCCI, 2004, p. 152-153).

Apontava-se a natural vocação da common law para um sistema de case law (CRUZ E
TUCCI, 2004, p. 154).
  7  

Posteriormente, as decisões judiciais dos tribunais reais ingleses (Common Pleas,


King's Bench e Exchequer) passaram a ser compiladas nos anuários conhecidos por Year
Books, típicos repositórios de "doutrina judicial".

No século XVI, os repertórios de jurisprudência passaram a ser chamados de Law


Reports, sendo uma das mais famosas coleções a organizada por Edward Coke, veiculada em
1600, em onze volumes. Eram ainda coleções particulares, razão pela qual os juízes britânicos
desfrutavam de ampla discricionariedade para aplicar ou não um precedente judicial (CRUZ E
TUCCI, 2004, p. 155-157). Destaca-se aqui uma primeira característica do precedente judicial
inglês: era apenas culturalmente vinculante, isto é, não havia a obrigatoriedade de aplicação
pelo juiz do caso sucessivo da mesma solução dada num outro caso similar antecedente, mas
ainda assim o precedente era seguido.

Assim foi sendo construída a doutrina do binding precedent - conhecido por stare
decisis nos EUA (CAPPELLETTI, 1984), isto é, da eficácia vinculante dos precedentes
judiciais nos países de common law.

Tem-se, pois, como noção geral de precedente a teoria do Stare decisis et non quieta
movere, ou seja, mantenha-se a decisão e não se moleste o que foi decidido, pois não era
possível modificar ou cancelar um precedente. Pode-se fixar a seguinte linha do tempo na
historicidade dos precedentes no direito da common law: 1º) com a doutrina de Blackstone
1833; 2º) com os casos julgados em 1861 e 1895; e 3º) com o caso London Tramways
Company v. London County Council, por meio do qual firmou-se a doctrine of binding
precedent, em 1898, quando ficara assentado que “uma decisão da House of Lords sobre
uma questão de direito é definitiva e vincula a House nos casos sucessivos. Uma decisão
errada somente pode ser revista mediante uma lei do Parlamento.”

Deveras, o stare decises formalmente vinculante (doctrine of binding precedent)


exsurge de um caso julgado pela House of Lords em 1861, repetido noutro caso de 1895, e
definitivamente consolidada e doutrina do efeito vinculante do precedente no caso London
Tramways Company versus Londos County Council, asseverando tanto a eficácia horizontal à
própria Corte, como a eficácia vertical para todos os demais juízes e tribunais (CRUZ E
TUCCI, 2004, 161). Houve um enrijecimento da doutrina do stare decisis naquele período
(TERESA ARRUDA ALVIM, 2012).
  8  

Não por outra razão, asseverou-se que “o juiz inglês é um escravo do passado e um
déspota do futuro” (GOODHART, 1934).

Contudo, houve mudança de entendimento da House Of Lords, em 1966, quando


então ficara assentado que "seria prudente rever orientação emitida no passado quando
parecesse correto" (CRUZ E TUCCI, 2004, p. 159).

A partir de então, passou-se a admitir a superação de um precedente mediante técnica


conhecida por overruling, em razão de mudanção de valores na sociedade, de evolução
tecnológica, dentre outros motivos sociais, econômicos ou políticos, fixando-se critérios para
tanto.

De todo modo, tratava-se de um precedente formalmente vinculante, porque assim


definido pela House of Lords, cujas funções judicantes passaram a ser exercidas pela Suprema
Corte Inglesa, a partir de 2009.

Saliente-se que os órgãos judicantes, no exercício regular de pacificar os cidadãos,


descortinam-se como celeiro inesgotável de atos decisórios. Assim, o núcleo de cada um
destes pronunciamentos constitui, em princípio, um precedente judicial. O alcance deste
somente pode ser inferido aos poucos, depois de decisões posteriores. O precedente então
nasce como uma regra de um caso e, em seguida, terá ou não o destino de tornar-se a regra de
uma série de casos análogos (CRUZ E TUCCI, 2015).

Bem é de ver que, pressupondo, sob o aspecto temporal, uma decisão já proferida,
todo precedente judicial é composto por duas partes distintas: a) as circunstâncias de fato que
embasam a controvérsia; e b) a tese ou o princípio jurídico assentado na motivação (ratio
decidendi) do provimento decisório, que aspira certo grau de universalidade.

Consigne-se, ainda, que a situação típica de aplicação do precedente é aquela de


eficácia vertical, decorrente da autoridade hierárquica do órgão que emitiu o precedente em
relação ao órgão incumbido de decidir o litígio posterior; os tribunais superiores são
atualmente concebidos, especialmente em países federados, como o Brasil, para exercerem a
importante função nomofilácica em prol da uniformização da interpretação e aplicação do
direito, ou seja, de verdadeiras Cortes de precedentes.

4. A jurisprudência e a Súmula no Estado Legislativo brasileiro.


  9  

Na historicidade do direito brasileiro, limitando-nos a uma abordagem sintética do


Estado Legislativo instaurado no período republicano a partir da Constituição de 1891, tem-
se, inicialmente, como fontes de direito, a lei, os costumes e os princípios gerais de direito.

Neste tópico, abordaremos a jurisprudência e as súmulas persuasivas.

4.1 A jurisprudência no Estado Legislativo brasileiro.

Sob o influxo do paradigma do Estado de Legalidade, não cabia ao Poder Judiciário ir


além da descritividade do texto legal, valendo-se dos métodos clássicos da interpretação
gramatical, sistemática, teleológica e histórica.

Prevalecia o mito extraído do adágio in claris cessat interpretatio, como se o texto de


lei fosse algo pronto e acabado ou fosse infenso a um espaço de irredutível indeterminação
semântica.

Por decorrência, a atividade judicial era ciscunscrita à declaração do significado a


priori estabelecido no texto pelo legislador.

Nesse âmbito, o produto da atividade interpretativa resultava na jurisprudência,


enquanto coleção ordenada e sistematizada de decisões reiteradas sobre um mesmo tema
jurídico.

É certo que a noção de jurisprudência não é unívoca na doutrina. Deveras,


jurisprudência é um termo polissêmico. A noção de jurisprudência comporta pelo menos
cinco significados, que podem ser assim resumidos: (i) um conceito lato, abrangente de toda a
ciência jurídica, teórica e prática, elaborada por jurisconsultos (doutrinadores e professores) e
por magistrados; (ii) a doutrina jurídica ao elaborar conceitos e examinar hipoteticamente a
incidência ou aplicação das normas jurídicas; (iii) a atividade prática dos jurisconsultos (juris
prudentia) na elaboração de pareceres diante de casos concretos; (iv) o conjunto das decisões
dos juízes e tribunais, ora convergindo ora divergindo sobre determinados temas jurídicos; (v)
o conjunto de decisões do Poder Judiciário num determinado sentido, a respeito de certo
objeto, de modo constante, reiterado e pacífico (MANCUSO, 1998, p. 26/27; FRANÇA,
2015, p. 124).

Dessas possíveis noções, consideremos duas: 1) a grande massa judiciária, a somatória


global dos julgados dos Tribunais, harmônicos ou não, ou seja, a totalização dos acórdãos
produzidos pela função jurisdicional; 2) a coleção ordenada e sistematizada de acórdãos
  10  

consonantes e reiterados, de um certo tribunal, ou de uma dada justiça, sobre um mesmo tema
jurídico (MANCUSO, 1998, p. 29; FRANÇA, 2015, p. 125)

Na perspectiva do positivismo jurídico, havia entendimento no sentido de que a


jurisprudência poderia ser (i) secundum legem ou (ii) praeter legem, mas nunca (iii) contra
legem, pois caberia ao juiz aplicar e não modificar o direito positivo, embora, a pretexto de
interpretar, por vezes se decide contra legem, como se secundum legem fosse (MANCUSO,
1998, p. 28).

Outrossim, é certo que “não pode haver jurisprudência sem que haja
uniformização”, pois, segundo Mancuso (1998, p. 30):

“esse reforço de sentido não lhe prejudica o entendimento, pelo contrário, vem a
demonstrar que a uniformização de jurisprudência há que comprender-se como um
entendimento judiciário dominante e racionalizado, de forma oficial, com sentido
prático de orientação ante as encruzilhadas que se formam nas interpretações nos
vários caminhos da justiça."

O termo jurisprudência geralmente indica uma pluralidade de decisões relativas a


vários casos concretos, acerca de um determinado assunto, mas não necessariamente sobre
uma idêntica questão jurídica (CRUZ E TUCCI, 2015).

Tratar-se-ia da tendência do posicionamento pretoriano sobre a interpretação de


determinado texto legal.

Invoca-se, por exemplo, a jurisprudência, aludindo-se, de um modo geral, a muitas


decisões, causando sempre certa dificuldade em estabelecer-se qual tese é realmente
relevante, ou mesmo em aferir-se qual ou quais julgados tratam especificamente da
interpretação de um fundamento no qual está lastreada a questão sob apreciação judicial.

Não é fácil desvendar, entre inúmeros arestos citados à guisa de jurisprudência, qual
é a posição realmente dominante (TARUFFO, 2011).

Na verdade, em nossa experiência jurídica, num universo jurídico com mais de 50


tribunais de segundo grau, a respeito de muitas teses descobrem-se, não raro, num mesmo
momento temporal, acórdãos contraditórios, evidenciando significativa ausência de
uniformidade da jurisprudência e, como natural decorrência, consequente insegurança
jurídica. E esse grave inconveniente pode ser inclusive constatado, por paradoxal que possa
  11  

parecer, num mesmo tribunal, revelando divergência interna de entendimento, entre os seus
órgãos fracionários. (CRUZ E TUCCI, 2015)

A jurisprudência pode desfrutar de acentuada eficácia persuasiva se ficar


demonstrado que o julgamento sobre determinada quaestio iuris, reiterado em vários
acórdãos, desponta uniforme e sedimentado (TARUFFO, 2011).

4.2 As súmulas persuasivas no Estado Legislativo brasileiro.

Ao enfrentarem questões polêmicas ou teses jurídicas divergentes, os tribunais


também produzem máximas ou súmulas que se consubstanciam na enunciação, em algumas
linhas ou numa frase, de uma “regra jurídica”, de conteúdo preceptivo. Trata-se de uma
redução substancial do precedente. A aplicação da súmula não se funda sobre a analogia dos
fatos, mas sobre a subsunção do caso sucessivo a uma regra geral.

A construção de súmulas remonta a uma prática tradicional e consolidada do sistema


judiciário luso-brasileiro. Não deriva da decisão de um caso concreto, mas de um enunciado
interpretativo, formulado em termos gerais e abstratos.1 Por consequência, o dictum sumulado
não faz referência aos fatos que estão na base da questão jurídica julgada e assim não pode ser
considerado um precedente em sentido próprio, “mas apenas um pronunciamento judicial que
traduz a eleição entre opções interpretativas referentes a normas gerais e abstratas. Sua
evidente finalidade consiste na eliminação de incertezas e divergências no âmbito da
                                                                                                               
1
Barbosa Moreira considera impróprio o termo "Súmula", citando o Regimento Interno do STF, cujo vocábulo
não vem empregado "com referência a cada uma das proposições ou teses jurídicas consagradas pela Corte ou
por qualquer tribunal, senão para designar o respectivo conjunto, que lhe resume a jurisprudência", cuja
etimologia denota "pequena suma; breve resumo; epítome; sinopse", (BARBOSA MOREIRA, 2007, p. 303, nota
6). No mesmo sentido (ALEXANDRE CÂMARA, 2017), que distingue os conceitos de jurisprudência,
precedente e súmula a partir de dois critérios, um quantitativo e outro qualitativo. A respeito do critério
qualitativo, discorre o mencionado autor: "E há, também, a distinção qualitativa: o precedente fornece uma
norma universalizável que pode ser aplicada como critério de decisão em casos sucessivos, em função da
identidade ou da analogia entre os fatos do primeiro caso e os fatos do segundo caso, enquanto na
jurisprudência não se emprega a análise comparativa dos fatos (ao menos na maior parte dos casos), mas se
identifica uma norma, que é apresentada como enunciado de caráter genérico. Em outros termos, a
jurisprudência permite a identificação da norma, a ser enunciada em caráter mais genérico do que no
precedente. Tem-se aí algo que se poderia afirmar estar “a meio caminho” entre a completa abstração do texto
normativo e a concretude do precedente. Quando se fala em jurisprudência busca-se determinar o modo como
um tribunal em particular, ou os tribunais em geral, têm interpretado e aplicado uma determinada norma, sem
as circunstâncias de um certo caso concreto (como se dá quando se analisa um precedente), mas a partir da
identificação de uma tendência na forma de decidir certo tipo de questão submetida ao Judiciário. Pois é
exatamente a partir desta ideia que se pode compreender o conceito de súmula. Esta é um repositório de
enunciados que representam um resumo da jurisprudência dominante de um tribunal. Em outras palavras, é na
súmula que cada tribunal enuncia, através de verbetes (ou enunciados), as teses que foram identificadas nas
linhas de jurisprudência constante identificadas em sua atuação." (ALEXANDRE CÂMARA, 2017).  
  12  

jurisprudência, procurando assegurar uniformidade na interpretação e aplicação do direito”


(CRUZ E TUCCI, 2004).

No início da monarquia portuguesa, vigia o princípio da interpretação autêntica das


leis, cuja prerrogativa era exclusiva do monarca mediante a publicação de leis interpretativas.
Com o passar do tempo, o monarca passou a delegar essa competência ao tribunal superior do
reino. Em caso de dúvida, a última palavra ainda era do rei. Por força de um Alvará Régio de
1518 e das Ordenações Manuelinas, tanto os julgamentos "em mesa grande" da Casa de
Suplicação quanto as resoluções do rei eram registrados num livro de "assentos", com eficácia
vinculativa para o futuro (CRUZ E TUCCI, 2004, p. 134).

Todas as modalidades de assentos do direito lusitano eram rígidos, tinham força


normativa, tendo natureza de enunciados interpretativos vinculantes (CRUZ E TUCCI, 2004,
p. 145/146).

Os Tribunais da Relação do Porto e das Relações ultramarinas de Goa, da Bahia e do


Rio de Janeiro arrogaram-se a editar assentos, contudo não tinham "validade" a não ser depois
de confirmados pela Casa de Suplicação, com os devidos registros no livro de "assentos"
(CRUZ E TUCCI, 2004, p. 145), podendo-se identificar aí um primeiro sinal da utilização de
enunciados persuasivos em território brasileiro, pois somente após a chancela da mais elevada
Corte do Reino de Portugal é que se convertiam em enunciados vinculantes.

Na transição do império à república federativa brasileira, houve rompimento com a


tradição dos assentos, permanecendo apenas a ideia de jurisprudência, enquanto conjunto de
decisões judiciais reiteradas sobre determinado assunto, até que na segunda metade do século
XX surgem as súmulas do Supremo Tribunal Federal.

No Estado de Legalidade brasileiro, as súmulas sempre tiveram mera natureza


persuasiva, sendo apenas culturalmente vinculantes desde que se iniciou a sua edição pelo
Supremo Tribunal Federal do Brasil, na década de 1960, motivadas, antes de tudo, como um
método de trabalho visando otimizar a prestação jurisdicional dos Ministros daquela Corte
Suprema.

5. O precedente no Estado Constitucional brasileiro.


  13  

Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, o ordenamento jurídico


brasileiro ingressa num modelo de Estado Constitucional, eis que a partir da Carta Política,
além de ser aperfeiçoado o controle de constitucionalidade das leis e atos normativos, amplia-
se o catálogo dos direitos fundamentais, constitucionalizando-se o direito infra-constitucional,
a partir do reconhecimento de regras e princípios constitucionais, do postulado da
proporcionalidade, diferenciando-se texto legal de dispositivo normativo, tudo a conferir
posição de protagonismo ao Poder Judiciário, na perspectiva de um déficit democrático
próprio dos países em desenvolvimento na modernidade tardia, se e quando detectarem-se
defeitos dos Poderes Executivo e Legislativo na implementação dos direitos e garantias
fundamentais do cidadão, notadamente aqueles de segunda, terceira, quarta e quinta gerações.

É a partir da Constituição de 1988, assim como com a promulgação das Emendas


Constitucionais 03/1993 e 45/2004, que se percebe uma nítida mudança na lógica
jurisprudencial do direito brasileiro, à medida que são conferidos efeitos vinculantes tanto às
decisões proferidas pelo Supremo Tribunal Federal em sede de controle de
constitucionalidade, assim como às chamadas Súmulas Vinculantes. Paralelamente, percebe-
se a crescente atribuição de efeitos vinculantes à algumas decisões proferidas pelo Poder
Judiciário brasileiro, mediante a inserção de técnicas processuais.

Mas, afinal, o que se entende por precedente? Essa questão implica numa ampla
abordagem que refoge ao objeto do nosso estudo e demanda exame detido e aprofundado num
outro texto. Não obstante, é preciso pontuar pelo menos uma questão, ainda que de maneira
superficial, como sendo aquele relativa a suficiência de uma decisão para que nela se tenham
motivos determinantes que possam servir de base para casos futuros e análogos que
demandem uma mesma solução, ou se, ao contrário, para que se tenha precedente, é
necessário um enfoque quantitativo, ou seja, um número plural de decisões constantes num
mesmo sentido sobre um determinado tema juridicamente relevante para que somente então
se tenha um precedente.

Para autorizada doutrina (TARUFFO, 2011), não é simplesmente uma questão


quantitativa que os diferencia: o precedente produz uma regra universal, que pode ser aplicada
como critério de decisão num caso sucessivo em função da identidade ou da analogia entre os
fatos do primeiro caso e os fatos do segundo caso.

“Naturalmente, a analogia dos dois casos concretos não é dada in re ipsa... É, com
efeito, o juiz do caso sucessivo que estabelece se existe ou não existe o precedente e,
  14  

portanto, ‘cria’ o precedente. A estrutura fundamental do raciocínio que leva a


aplicar o precedente ao caso sucessivo é fundada sobre a comparação dos fatos. Se
esta análise justifica a aplicação no segundo caso da ratio decidendi aplicada no
primeiro, o precedente é eficaz e pode determinar a decisão do segundo caso. Note-
se que, quando se descortinam estas condições, apenas um único precedente é
suficiente para fundamentar a decisão do caso sucessivo.”

Como contraponto, há quem critique que o precedente pode emanar de uma só


decisão, o chamado precedente único, preferindo defender a ideia da força normativa da
jurisprudência e que a autoridade surgiria somente de um grupo de precedentes, mediante a
repetição de julgados num mesmo sentido, visão essa criticada por considerar somente o
legislativo como único órgão produtor de normas (BURIL, p. 109).

Feitas estas considerações, passamos a abordagem separada da progressiva atribuição


de efeitos vinculantes às decisões judiciais no direito positivo brasileiro.

5.1 Eficácia vinculante no controle direto de constitucionalidade realizado pelo Supremo


Tribunal Federal no Estado Constitucional brasileiro.

Em termos de graus de vinculatividade dos precedentes no direito brasileiro,


identificamos três dimensões: fraco, médio ou forte. A nomenclatura doutrinária é divergente:
precedentes formalmente vinculantes e precedentes substancialmente vinculantes (MEDINA,
2016, p. 1214/1216, p. 1232); precedentes normativos vinculantes, precedentes normativos
formalmente vinculantes, precedentes normativos formalmente vinculantes fortes (ZANETTI
JR., 2016, p. 323); fontes jurídicas fortemente vinculantes, frágilmente vinculantes
(precedentes) e fontes permitidas (BUSTAMANTE, 2012, p. 298); precedentes com eficácia
normativa, precedentes com eficácia impositiva intermediária e precedentes com eficácia
meramente persuasiva (CAMPOS MELLO, 2008, p.62).

As ações diretas de inconstitucionalidade e de inconstitucionalidade por omissão, a


ADPF e a Súmula Vinculante formam um microssistema pelo qual as decisões judiciais
proferidas e, no caso da Súmula Vinculante, os enunciados normativos correspondentes
desfrutam de um grau forte de vinculatividade aos demais juízes e tribunais, devendo ser
obrigatoriamente seguidos por eles (TALAMINI, 2011).
  15  

Deveras, o descumprimento por qualquer juiz ou Tribunal de uma Súmula


Vinculante ou de uma decisão do Supremo Tribunal Federal proferida em ação direta de
inconstitucionalidade, por exemplo, implica no imediato cabimento e manejo da Reclamação
Constitucional, com possibilidade de deferimento de medida liminar para suspender a decisão
violadora do precedente vinculante forte (MARANHÃO e FERRARO, 2014).

A Reclamação Constitucional é desde logo cabível nos termos do art. 988, inciso III,
para o caso de descumprimento dos precedentes arrolados no inciso I do art. 927 do Código
de Processo Civil brasileiro (CPC, 2015), tornando-os precedentes vinculantes fortes.

5.2 Súmulas Vinculantes editadas pelo Supremo Tribunal Federal no Estado


Constitucional brasileiro.

Como regra, não tem origem num caso concreto. Todavia há exceção: o incidente de
Súmula Vinculante provocado pelo Município parte no processo, instaurado no âmbito do
Recurso Extraordinário, com repercussão geral admitida. Nessa hipótese, instaura-se
Procedimento de Edição de Súmula Vinculante no STF, sem suspender o julgamento do
Recurso Extraordinário, nos termos do art. 3º, §1º, Lei 11.417/06.

As Súmulas Vinculantes tem previsão normativa no art. 103-A, CF/88. Referido


dispositivo constitucional fora regulamentado pela Lei nº 11.417/06, estando ali previsto o
procedimento de edição, revisão e cancelamento, modulação ou restrição da Súmula,
inclusive quórum mínimo de aprovação de 2/3, ou seja, oito ministros.

É questionável a constitucionalidade do art. 4º da Lei 11.417/06, tendo em vista a


restrição de efeitos à súmula vinculante.

Por outro lado, as Súmulas Vinculantes guardam a peculiaridade de não serem


extraídas de um caso concreto, mas editadas autônoma e abstratamente, num procedimento
instaurado exclusivamente para tal fim.

Contudo, pressupõe (i) reiteradas decisões sobre matéria constitucional, (ii)


divergência jurisprudencial atual a respeito da validade, interpretação e a eficácia de normas
determinadas; (iii) grave insegurança jurídica; (iv) relevante multiplicação de processos sobre
idêntica questão.
  16  

Uma vez editadas, tem grau forte de vinculatividade horizontal e vertical, também
sendo cabível o ajuizamento imediato de Reclamação Constitucional, por força dos arts. 927,
inciso II, e 988, inciso III, do CPC/15.

5.3 Efeitos vinculantes das demais decisões proferidas pelo Poder Judiciário no Estado
Constitucional brasileiro.

Além das decisões proferidas pelo Supremo Tribunal Federal em ação direta de
inconstitucionalidade, em ação declaratória de constitucionalidade e em Arguição de
Descumprimento de Preceito Fundamental - ADPF, bem como dos Enunciados de Súmulas
Vinculantes, podemos arrolar como precedente com grau forte de vinculatividade as decisões
proferidas em incidentes de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência
(art. 988, inciso IV, e art. 927, inciso III, primeira parte, do CPC/15), bem como aquelas
proferidas pelo Tribunal Pleno ou pelo Órgão Especial dos Tribunais de Justiça dos Estados,
em sede de controle difuso de constitucionalidade de atos normativos estaduais ou municipais
tendo como norma de parametricidade a Constituição dos Estados.

Outrossim, são dotados de grau médio de vinculatividade as decisões proferidas em


recursos extraordinários com repercussão geral reconhecida, as decisões proferidas em
recursos extraordinário ou especial repetitivos , pois para que se possa manejar a Reclamação
Constitucional para garantir a autoridade de tais decisões das Cortes Supremas brasilieiras
(Supremo Tribunal Federal - STF, e Superior Tribunal de Justiça, STJ), faz-se necessário o
esgotamento das instâncias recursais ordinárias, a teor do art. 988, §5º, inciso II, e do art. 927,
inciso III, segunda parte, do CPC/15. Pode-se incluir nesse rol, as decisões incidentais de
inconstitucionalidade proferidas no controle difuso em grau de recurso extraordinário no
Supremo Tribunal Federal, a qual, por dispensar a reserva de plenário, tem eficácia vinculante
horizontal no âmbito da própria Suprema Corte, quando se depare com casos futuros análogos
(CAMPOS MELLO, 2008, p. 318). Idêntica força vinculante desfruta a decisão proferida pelo
Tribunal Pleno ou pelo Órgão Especial em incidente de inconstitucionalidade, em relação a
casos futuros e análogos na mesma Corte de Justiça (CAMPOS MELLO, 2008, p. 319), cujo
fundamento normativo se encontra no art. 927, inciso V, do CPC/15. Acrescentam-se,
também, as decisões proferidas em ação coletiva, diante dos limites subjetivos ultra partes ou
erga omnes da coisa julgada coletiva nesses casos (CAMPOS MELLO, 2008, p. 319). Muito
embora haja quem defenda a chamada objetivação do controle difuso de constitucionalidade
  17  

(CAMPOS MELLO, 2008, p. 319), há sério dissenso doutrinário a respeito (TALAMINI,


2011), sob o argumento segundo o qual a Súmula Vinculante já cumpre adequadamente a
função transcendente se e quando o Supremo Tribunal Federal entender por editar o
enunciado.

Finalmente, consideram-se de grau fraco de vinculatividade as decisões que servem


de base à edição de Súmulas persuasivas da jurisprudência dominante do Supremo Tribunal
Federal e do Superior Tribunal de Justiça, nos termos do art. 927, inciso IV e do art. 988 do
CPC/15, o qual silencia a respeito do cabimento de Reclamação Constitucional nessas
hipóteses, exigindo da parte o manejo e o esgotamento das vias recursais ordinárias até que se
acesse as Cortes Supremas pela via do Recurso Especial e do Recurso Extraordinário com
repercussão geral no caso concreto, tornando mediata e diferida no tempo a solução a questão
jurídica correspondente, sendo essa a principal fraqueza da decisão destituída de
vinculatividade vertical imediata em relação aos demais juízes e tribunais. Da mesma forma,
as decisões do Relator para negar provimento ou dar provimento monocraticamente com base
em precedentes das Cortes Supremas são meras técnicas de aceleração dos julgamentos nada
tendo a ver com o efeito vinculante dos precedentes que lhe servem de fundamento para assim
decidir (art. 932, incisos IV e V, do CPC), como também as decisões de improcedência
liminar do pedido em primeiro grau e quando originária a ação em segundo grau (art. 332 e
incisos I a V, do CPC/15), visto que em regra delas cabe recurso apelação com efeito
suspensivo, sendo necessário esgotar as vias ordinárias para que se abra caminho para o
manejo de de recurso especial ou extraordinário, ressalvados os casos em que o precedente é
de vinculatividade forte e não seja desde logo aplicado, de modo que renda ensejo ao imediato
cabimento de reclamação constitucional.

Contudo, registre-se que esse ponto de vista doutrinário a respeito dos graus de
vinculatividade dos precedentes está a enfocar apenas o aspecto dogmático da questão,
partindo-se dos mecanismos recursais dispostos no Código de Processo Civil - no caso
brasileiro - para aferir a "velocidade" e, portanto, a "efetividade" com que o jurisdicionado
pode fazer valer um precedente emanado das Cortes Supremas brasileiras em caso de
descumprimento nas instâncias ordinárias.

Assim, percebe-se que a classificação acima sugerida entre precedentes com grau
forte, médio e fraco de vinculatividade está diretamente "atrelada", e porque não dizer
"extraída" ou "deduzida" das regras relativas às hipóteses de cabimento da reclamação
  18  

constitucional, assim como dos recursos ordinários que podem ser interpostos
simultaneamente, inclusive quanto ao cabimento de efeito suspensivo ou mesmo de uma
tutela que permita restabelecer a autoridade do precedente num menor espaço de tempo
possível.

A nosso sentir, a análise do precedente judicial deve ser feita a partir do


neoconstitucionalismo, da teoria do direito, e, portanto, da teoria da norma jurídica e da teoria
da intepretação jurídica.

No caso do Código de Processo Civil brasileiro, houve a ressignificação tanto do


conceito de jurisprudência quanto o conceito de súmula. O CPC/15 emprestou força
vinculante aos julgamentos de casos repetitivos e aos proferidos em incidência de assunção de
competência, o que, em tais situações, torna dispensável a múltipla reiteração de decisões,
segundo o conceito clássico de jurisprudência, de modo que se tem tanto jurisprudência
persuasiva como jurisprudência vinculante no direito brasileiro; por outro lado, as súmulas
deixaram de ser método de trabalho e passaram a ser obrigatoriamente identificadas e
congruentes com as circunstâncias fáticas dos casos que lhes serviram de base, ou seja, com a
ratio decidendi, com o "coração da regra" que pode ser extraída dos precedentes com natureza
normativa, portanto geral e abstrata (MITIDIERO, 2016, p. 103/104).

Partindo-se desse "outro lugar" teórico, tem-se o seguinte aporte doutrinário, ao qual
se adere neste trabalho:

"É importante perceber que o Novo Código, ao introduzir o conceito de precedentes e ressignificar os
conceitos de jurisprudência e de súmulas, rigorosamente não está tratando de matéria atinente
exclusivamente ao direito processual civil. Na verdade, está cuidando de conceitos ligados à teoria
geral do direito, especificamente concernentes à teoria da norma - que por essa razão são
transsetoriais, servindo a todo o ordenamento jurídico brasileiro. Vale dizer: os arts. 489, §1º, V e VI,
926 e 927, do CPC, são normas gerais que devem guiar a interpretação e aplicação do direito no Brasil
como um todo. É por essa razão que esses conceitos impõem uma reconstrução da nossa ordem
jurídica no plano das fontes e devem ser analiticamente trabalhados." (MITIDIERO, 2016, p.
104/105.)

Essa objeção, com a qual concordamos integralmente, reabre a discussão, sendo,


portanto, criticável o ponto de vista teórico dos graus de vinculatividade dos precedentes, que
deles se servem para "enfraquecer" a institucionalização de um sistema de precedentes.
  19  

É que as novas regras do CPC/15, devidamente conectadas com os princípios da


isonomia e da segurança jurídica, expressamente previstos no catálogo de direitos
fundamentais constantes do art. 5º da Constituição Federal do Brasil, conduzem a um
entendimento no sentido de que todos precedentes judiciais são vinculantes fortes.

6. Diferenciação entre jurisprudência e precedente e o enquadramento sistemático das


súmulas no direito brasileiro: da jurisprudência aos precedentes e, como corolário, das
súmulas persuasivas às Súmulas Vinculantes.

De tudo quanto precede, tem-se que a noção tradicional de jurisprudência no Estado


de Legalidade vem cedendo espaço para um modelo de precedentes emanados das Cortes
Supremas brasileiras, havendo clara ressignificação dos conceitos tradicionais de
jurisprudência e súmula.

Por outro lado, a corrente doutrinária que defende a diversidade de graus de


vinculatividade vertical aos juízes e tribunais das instâncias ordinárias, além de uma
vinculatividade horizontal às próprias Cortes de onde emanam, é seriamente criticável.

Para que se tenha uma exata compreensão desse desenvolvimento do direito


brasileiro, convém estabelecer uma diferenciação entre jurisprudência, precedente e súmula, a
partir de uma premissa conceitual.

Propõe-se a seguinte conceituação para os institutos examinados ao longo deste


ensaio: (i) segundo um conceito clássico, a jurisprudência é o conjunto de decisões reiteradas
de todas as instâncias num mesmo sentido sobre um determinado tema com natureza
persuasiva; todavia, não exclui hipóteses previstas no ordenamento jurídico que permitam
extrair a natureza vinculante da jurisprudência e, quando isso ocorre, a ressignificação de
jurisprudência vinculante deve ser compreendida como precedente; (ii) um precedente é
extraído das razões determinantes de uma decisão que pode vincular causas similares futuras;
(iii) para que se compreenda a Súmula dos Tribunais Superiores do Brasil deve partir da ideia
de Súmula persuasiva à ideia de Súmula vinculante, ou seja, da ideia de jurisprudência à ideia
de precedente, ou ainda, de um método de trabalho de casos repetitivos no STF, na década de
1960, ocasião em que foram idealizadas as Súmulas persuasivas no STF, para o método de
  20  

força vinculante em grau forte e médio dos precedentes emanados das Cortes Supremas
brasileiras para todos os tribunais e juízes brasileiros investidos da função judicante nas
instâncias ordinárias.

Estabelecidas tais premissas conceituais e finalísticas dos institutos tratados, é preciso


estabelecer uma diferenciação entre jurisprudência e precedente no direito positivo brasileiro,
bem assim proceder à uma adequação das súmulas nesse contexto.

(i) A jurisprudência tem por objeto a decisão judicial, enquanto o precedente tem por
objeto as razões de decidir (ratio decidendi, motivos determinantes); (ii) a jurisprudência é o
conjunto de decisões, enquanto que o precedente se resume a uma só decisão; (iii) a
jurisprudência é o conjunto de decisões proferidas em qualquer instância, com predomínio
para as instâncias ordinárias, enquanto que o precedente é emanado predominantemente das
Cortes Supremas (STF, STJ, TST e TSE), cuja exceção é, nas instâncias ordinárias, os
precedentes emanados do Tribunal Pleno ou o Órgão Especial dos Tribunais de Justiça; (iv) a
jurisprudência tem eficácia meramente persuasiva, fraca, enquanto que o precedente tem uma
eficácia normativa formalmente vinculante forte ou média; contudo, mesmo nos casos em que
a eficácia formalmente vinculante se classifica de natureza média, assim é considerada apenas
sob um ponto de vista do tempo necessário para fazer valer a autoridade de um precedente
mediante o emprego dos mecanismos processuais previstos em lei, sendo certo que sob o
enfoque da teoria transsetorial do direito, os precedentes devem ser sistematicamente
considerados como vinculantes fortes; (v) a jurisprudência é retrospectiva, voltada para a
gestão de demandas de massa, enquanto que o precedente é prospectivo, funcionalmente
vocacionado para a estabilização do direito e do julgamento de coerente e íntegro de causas
futuras e análogas com base na isonomia, confiança e segurança jurídicas; (vi) a
jurisprudência não exige maioria do Tribunal, sendo a divergência um momento próprio de
evolução do direito, embora deva ser de tempos em tempos composto o dissenso de
entendimentos entre os juízes do Tribunal, enquanto que o precedente, ao exigir maioria da
Corte Suprema, aponta para a unidade do direito a ser aplicado em todo o território nacional,
conduzindo ao entendimento dominante, à integridade, à coerência e a segurança jurídica; (vi)
se assim é, percebe-se que, à medida que se institucionalize uma lógica de precedentes, reduz-
se o espaço na utilização dos enunciados de Súmula; seja como for, enquanto houver a
sistemática de súmulas, ela deve ser harmonizada com a dos precedentes; logo, as súmulas
persuasivas nada mais são que jurisprudência, enquanto que as súmulas vinculantes nada mais
são que precedentes normativos formalmente vinculantes fortes, sendo desejável que as
  21  

Cortes Supremas convertam as súmulas persuasivas em súmulas vinculantes, o que, de resto,


vem ocorrendo no âmbito de algumas súmulas do Supremo Tribunal Federal.

7. Conclusões.

Após o enfrentamento dos institutos da jurisprudência, do precedente e das súmulas no


direito brasileiro, confrontando-os em dois blocos históricos bem definidos, designadamente
mediante o cotejo deles no Estado de Legalidade e no Estado Constitucional, bem assim
mediante a ressignificação dos respectivos conceitos a partir da teoria do direito, é chegado o
momento de concluir a respeito do grau único de vinculatividade dos precedentes no
ordenamento jurídico brasileiro vigente, da seguinte forma:

a) As decisões proferidas pelo Supremo Tribunal Federal brasileiro no âmbito do controle


concentrado de constitucionalidade, assim como em arguição de descumprimento de preceito
fundamental se consubstanciam em precedentes vinculantes, e, em caso de não aplicação
pelas instâncias ordinários, tem-se que a Reclamação Constitucional é desde logo cabível nos
termos do art. 988, inciso III, para o caso de descumprimento dos precedentes arrolados no
inciso I do art. 927 do Novo Código de Processo Civil brasileiro (CPC, 2015), tornando-os
precedentes vinculantes fortes; para além disso, considerando os princípios constitucionais da
isonomia e da segurança jurídica, tem-se como reforço o entendimento segundo o qual os arts.
489, §1º, V e VI, 926 e 927 do CPC/15, devidamente conectados com o texto constitucional,
são normas gerais que devem guiar a interpretação e aplicação do direito no Brasil como um
todo.

b) Uma vez editadas as Súmulas Vinculantes, tem grau forte de vinculatividade horizontal e
vertical, também sendo cabível o ajuizamento imediato de Reclamação Constitucional, por
força dos arts. 927, inciso II, e 988, inciso III, do CPC/15; além das decisões proferidas pelo
Supremo Tribunal Federal em ação direta de inconstitucionalidade, em ação declaratória de
constitucionalidade e em Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental - ADPF,
bem como dos Enunciados de Súmulas Vinculantes, podemos arrolar como precedente com
grau forte de vinculatividade as decisões proferidas em incidentes de resolução de demandas
repetitivas ou de assunção de competência (art. 988, inciso IV, e art. 927, inciso III, primeira
parte, do CPC/15), bem como aquelas proferidas pelo Tribunal Pleno ou pelo Órgão Especial
  22  

dos Tribunais de Justiça dos Estados, em sede de controle difuso de constitucionalidade de


atos normativos estaduais ou municipais tendo como norma de parametricidade a
Constituição dos Estados; para além disso, considerando os princípios constitucionais da
isonomia e da segurança jurídica, tem-se como reforço o entendimento segundo o qual os arts.
489, §1º, V e VI, 926 e 927 do CPC/15, devidamente conectados com o texto constitucional,
são normas gerais que devem guiar a interpretação e aplicação do direito no Brasil como um
todo.

c) Outrossim, discorda-se da corrente que compreende como dotados de grau médio de


vinculatividade as decisões proferidas em recursos extraordinários com repercussão geral
reconhecida, as decisões proferidas em recursos extraordinário ou especial repetitivos, à
medida que se possa manejar a Reclamação Constitucional para garantir a autoridade de tais
decisões das Cortes Supremas brasilieiras (Supremo Tribunal Federal - STF, e Superior
Tribunal de Justiça, STJ), fazendo-se necessário o esgotamento das instâncias recursais
ordinárias, a teor do art. 988, §5º, inciso II, e do art. 927, inciso III, segunda parte, do
CPC/15; é que, no paradigma do Estado Constitucional, dos princípios constitucionais da
isonomia e da segurança jurídica, é de se adotar a teoria transsetorial, a partir da qual os arts.
489, §1º, V e VI, 926 e 927 do CPC/15, devidamente conectados com o texto constitucional,
são normas gerais que devem guiar a interpretação e aplicação do direito no Brasil como um
todo.

d) Finalmente, e pelas mesmas razões, discorda-se do entendimento que admite possa haver
um grau fraco de vinculatividade para as decisões que servem de base para a edição de
súmulas persuasivas da jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal e do Superior
Tribunal de Justiça, nos termos do art. 927, inciso IV, e do art. 988 do CPC/15, tão somente
pelo descabimento de Reclamação Constitucional nessas hipóteses, exigindo da parte o
manejo e o esgotamento das vias recursais ordinárias, pois, tais vias recursais, a par de terem
efeito suspensivo no caso concreto, revelam apenas um aspecto dogmático que não prescinde
da igualdade e da segurança jurídica enquanto princípios constitucionais, devendo-se partir,
ademais, da teoria transsetorial, pela qual os arts. 489, §1º, V e VI, 926 e 927 do CPC/15,
devidamente conectados com o texto constitucional, são normas gerais que devem guiar a
interpretação e aplicação do direito no Brasil como um todo.
  23  

e) Portanto, afirma-se que no direito brasileiro está instituído um sistema de precedentes


vinculantes fortes.

Bibliografia

ARRUDA ALVIM, Teresa. Precedentes e evolução do direito. 'In' Direito Jurisprudencial.


Vol. I. Coordenação de Teresa Arruda Alvim, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais,
2012, p. 11-95.

ÁVILA, Humberto. Teoria dos Princípios. São Paulo: Malheiros Editor, 2015.

ÁVILA, Humberto. Teoria da Segurança Jurídica. 3a. ed. São Paulo: Malheiros Editor,
2014.

AZEVEDO, Álvaro Villaça. A jurisprudência como forma de expressão do direito,


Revista de Direito Civil, n. 51.

BARBOSA MOREIRA, José Carlos. Súmula, Jurisprudência e Precedente: uma escalada


e seus riscos, "in" Temas de Direito Processual, Nona Série, 2007, p. 299-313.

BARBOZA, Estefânia Maria de Queiroz. Precedentes Judiciais e Segurança Jurídica.


Fundamentos e possibilidades para a Jurisdição Constitucional brasileira. Rio de Janeiro:
Saraiva, 2014.

BUSTAMANTE, Thomas da Rosa. Teoria do Precedente Judicial. A justificação e a


aplicação de regras jurisprudenciais. São Paulo: Editora Noeses, 2012.

CALABRESI, Guido. A Common law for the age of Statutes. Cambridge: Harvard
University Press, 1982.

CÂMARA, Alexandre Freiras. Súmula da Jurisprudência dominante, superação e


modulação de efeitos no Novo Código de Processo Civil. Revista de Processo, vol. 264,
2017, p. 281-320.

CAPPELLETTI, Mauro. O Controle Judicial de Constitucionalidade das Leis no Direito


Comparado. Porto Alegre: Sérgio Fabris Editor, 1984.
  24  

CARBONELL, Miguel (coord). Teoría del neoconstitucionalismo. Ensayos escogidos.


Madrid: Editorial Trotta, 2007.

CHIASSONI, Pierluigi. La Giurisprudenza Civile. Milano: Giuffrè, 1999.

CHIASSONI, Pierluigi. A filosofia do precedente: reconstrução racional e análise


conceitual (tradução de Thiago Pádua). Universitas JUS, v. 27, n. 1, p. 63-79, 2016.

CIMARDI, Cláudia Aparecida. A Jurisprudência uniforme e os precedentes no novo Código


de Processo Civil brasileiro. São Paulo: RT, 2015.

CROSS, Rupert; HARRIS, J. W. El precedente en el Derecho inglés. Madrid: Marcial Pons,


2012.

CRUZ E TUCCI, José Rogério. Precedente Judicial como fonte do direito. São Paulo: RT,
2004.

CRUZ E TUCCI, José Rogério. Notas sobre os conceitos de jurisprudência, precedente e


súmula. Coluna Paradoxo da Corte. Conjur. Publicado no sítio www.conjur.com.br em
07/07/15. Acesso em 10/07/15.

ENGISCH, Karl. Introdução ao pensamento jurídico. 6a. ed. Lisboa: Fundação Calouste
Gulbenkian, 1983.

GOODHART, A. L. Precedent in English and Continental Law and Case Law: a Short
Replication. Law Quaterly Review, 50 (1034):61, nota 25.

FRANÇA, Limongi. Hermenêutica Jurídica. 13a. ed. São paulo: RT, 2015.

MACCORMICK, Neil; SUMMERS, Robert. Apendix: final version of the common


questions, comparative legal precedent study, september 1994, In: MACCORMICK, Neil;
SUMMERS, Robert. Interpreting precedents: a comparative study. Ashgate: Dartmouth,
1997, 554-555.

MACÊDO, Lucas Buril de. Precedentes judiciais e o direito processual civil. Salvador:
Editora JusPodivm, 2015.

MANCUSO, Rodolfo. Divergência Jurisprudencial e Súmula Vinculante. São Paulo: RT,


1998.
  25  

MARANHÃO, Clayton; FERRARO, Marcella. Reclamação Constitucional. 'In' Direito


Constitucional, v. 2 (Coord. Clemerson Merlin Cleve). São Paulo: RT, 2014, p. 749-774.

MARINONI, Luiz Guilherme. Precedentes obrigatórios. São Paulo: RT, 2010.

MARINONI, Luiz Guilherme. Precedentes obrigatórios. 4a. ed. São Paulo: RT, 2016.

MAXIMILIANO, Carlos. Hermenêutica e aplicação do Direito. Rio de Janeiro: Forense,


1980, p. 184.

MEDINA, José Miguel Garcia. Direito Processual Civil Moderno. 2a. edição. São Paulo:
RT, 2016.

MELLO, Patricia Perrone Campos. Precedentes. O desenvolvimento judicial do direito no


constitucionalismo contemporâneo. Rio de Janeiro: Renovar: 2008.

MITIDIERO, Daniel. Precedentes: da persuasão à vinculação. São Paulo: RT, 2016.

MITIDIERO, Daniel. Precedentes, Jurisprudência e Súmulas no Novo Código de


Processo Civil brasileiro. Revista de Processo. Ano 40. Volume 245, Junho/2015, p. 333-
349.

MÜLLER, Friedrich. Metodologia do Direito Constitucional. 4a. ed. São Paulo: RT, 2011.

OTEÍZA, Eduardo. El problema de la uniformidade de la jurisprudencia en América


Latina. Revista de Processo. Ano 35. Vol. 136, Junho/2006, p. 151-196.

PECZENIK, Aleksander. The Binding Force of Precedent. 'In' Interpreting Precedents (ed.
Neil MacCormick, Robert Summers e Arthur L. Goodhart). Aldershot: Ashgate Darthmouth,
1997, p. 461-479.

PEIXOTO, Ravi de Medeiros. Superação do precedente e segurança jurídica. Salvador:


Editora JusPodivm, 2015.

POZZOLO, Susanna. Neoconstitucionalismo y positivismo jurídico. Lima: Palestra


Editores, 2011.

SANCHES, Sidney. Uniformização de jurisprudência. São Paulo: RT, 1975.


  26  

SUMMERS, Robert S. Statutory Interpretation in the United States. 'In' Interpreting


Statutes (ed. Neil MacCormick, Robert Summers). Aldershot: Ashgate Darthmouth, 1991, p.
407-459.

TALAMINI, Eduardo. Objetivação do controe incidental de constitucionalidade e força


vinculante (ou "devagar com o andor que o Santo é de barro"). 'In' Aspectos Polêmicos e
Atuais dos Recursos Cíveis e Assuntos Afins. Vol. 12. (Coord. Nelson Nery Junior e Teresa
Arruda Alvim Wambier. São Paulo: RT, 2011, p. 135-166.

TARUFFO, Michele. Precedente e Jurisprudência. Revista de Processo. Ano 36. Volume


199, setembro/2011, p. 139-155.

TARUFFO, Michele. Observações sobre os modelos processuais de civil law e common


law. Ano 28. Volume 110, Abr-Jun/2003, p. 141-158.

ZANETTI JR., Hermes. O Valor Vinculante dos Precedentes. Teoria dos Precedentes
Normativos Formalmente Vinculantes. 2a. ed. Salvador: JusPodivm, 2016.

ZWEIGERT-KOTZ. Introduzione ao Diritto Comparato. Principi Fondamentali. Vol. I.


Milano: Giuffrè, 1992.

ZWEIGERT-KOTZ. Introduction to comparative law. 3a. ed., 1998.

S-ar putea să vă placă și