Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
RESUMO
Com a imensa quantidade de informações e variáveis que compõem o mercado acionário, um dos
aspectos mais difíceis para um investidor é reconhecer, organizar e analisar tais informações, com o objetivo
de, com base nelas, tomar a melhor decisão possível para o seu investimento. Nisto, já foram desenvolvidas
diversas técnicas que visam auxiliar os investidores neste aspecto, com destaque para as escolas de análise
gráfica e de análise fundamentalista. Porém, embora tais escolas utilizem instrumentos de análise com base
racional, por vezes eles apontam para resultados opostos, o que pode gerar confusão no momento da tomada
de decisão. Neste ponto, o conceito da Teoria dos Jogos parece caber perfeitamente neste contexto, já que
este ramo de estudo tem por objetivo evidenciar, mesmo sob condições de conflito, qual dentre as estratégias
existentes será a que lhe proporcionará o melhor resultado. Com base nisto, foi elaborada a situação
problemática do presente trabalho, que procura verificar a viabilidade da aplicação da Teoria dos Jogos na
análise do mercado de ações, combinando-a com algumas das tradicionais ferramentas de análise técnica
existentes. Para tanto, definiram-se como objetivos a criação de um cenário hipotético de jogo, baseado no
mercado acionário, com a consequente identificação de seus componentes, como os jogadores, as estratégias,
os perfis de estratégia e soluções. A abordagem utilizada na interpretação dos resultados, baseada nas técnicas
de pesquisa empregadas, possui natureza qualitativa e quantitativa, obtidas a partir das soluções geradas a
partir das modelagens computacionais realizadas no cenário. Assim, foi possível concluir que a Teoria dos Jogos
possui espaço para ser introduzida junto às ferramentas convencionais de análise técnica, visto que a aplicação
de seus preceitos foi útil na organização e análise dos dados, além de auxiliar na busca por uma solução viável
para tomada de decisão por parte do investidor.
Palavras-chave: Teoria dos jogos. Análise técnica de ações. Modelagem computacional. Perfis de estratégia.
4
ABSTRACT
With the vast amount of information and variables that make up the stock market, one of the most
difficult aspects for an investor is to recognize, organize and analyze such information, in order to, based on
them, make the best decision possible for your investment. In this, they have been developed various
techniques to help investors in this regard, especially schools of graphic analysis and fundamental analysis. But
while such schools use analysis tools with rationale, sometimes they point to opposite results, which can lead
to confusion at the time of making any decision. At this point, the concept of Game Theory seems to fit
perfectly in this context, since this branch of study aims to show, even under conditions of conflict, which of
the existing strategies will be to provide you the best result. On this basis, the problematic situation of this
study was developed, which seeks to check the feasibility of the application of Game Theory in the analysis of
the stock market, combining it with some of the traditional existing technical analysis tools. Therefore, defined
as objective the creation of a hypothetical scenario game, based on the stock market, with the consequent
identification of its components, as players, strategies, strategy profiles and solutions. The approach used in
the interpretation of results, based on the applied research techniques, has qualitative and quantitative nature,
obtained from the solutions generated from computational modeling performed on the stage. Thus, it was
concluded that the Game Theory has room to be introduced together with conventional technical analysis
tools, as the application of its principles was helpful in organizing and analyzing data, and assist in the search
for a viable solution to making decision by the investor.
Keywords: Game Theory. Technical analysis of stocks. Computational modeling. Strategy profiles.
5
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 17 – Média móvel: curto prazo; médio prazo; longo prazo ................................................................ 40
Tabela 18 – Estratégia dos jogadores – IFR, Tendência Primária e Análise Gráfica de Curto Prazo............... 103
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO............................................................................................................................................... 12
1.2 Objetivos................................................................................................................................................... 14
4 METODOLOGIA ............................................................................................................................................ 78
1 l INTRODUÇÃO
Iniciar uma tarefa que sabemos, de antemão, ser impossível de ser realizada e, apesar disto, pô-la a
cabo pode parecer irracional. Porém é justamente nisto que reside parte do fascínio que envolve o estudo do
mercado de ações, mais especificamente das ferramentas que vem sendo desenvolvidas para, de certa forma,
tentar prever seu comportamento e embasar a atuação dos agentes envolvidos, trazendo-lhes uma vantagem
para definição de uma estratégia para tomada de decisão, com o objetivo de proporcionar ganho, proteção
contra exposição a riscos ou rentabilidade para um investimento.
Várias foram as técnicas desenvolvidas com este propósito, utilizando e combinando as mais diversas
abordagens. Porém, devido à complexidade dos fatores e ao número infindável de variáveis que envolvem o
mercado acionário, que reage a condições que vão desde a atuação de um único indivíduo que, diga-se de
passagem, nem sempre é racional, até ao ambiente macroeconômico global, reforça-se a ideia antes exposta
de que trata-se de tarefa impossível desenvolver uma ferramenta que possa prever com absoluta exatidão seu
comportamento. Até porque, mesmo que fosse possível fazê-lo, o próprio mercado iria reagir e tornar esta
ferramenta ineficaz, pois sua própria razão de existir envolve a medição de forças entre vendedores e
compradores, culminando com a determinação do preço do ativo, fenômeno este que não ocorreria se o
comportamento de todos os agentes e variáveis fossem perfeitamente previsíveis.
Diante desta constatação, pergunta-se o seguinte: sabendo que se trata de tarefa impossível, por que
este tema é alvo de infindável interesse dentro da área financeira¿
Isto pode ser explicado com a ajuda de outro ramo de estudo que será abordado neste trabalho, a
estatística. Tendo-a como aliada, descobrimos outra parte do fascínio que envolve o estudo das ferramentas de
previsão de comportamento do mercado acionário, ou seja, a parte que possibilita a um investidor obter
ganhos de forma consistente. Isto acontece porque, mesmo que não seja possível desenvolver uma ferramenta
100% precisa, porém desde que ela possibilite a tomada de decisões com índice de acerto superior ao de erro,
isto permitirá que o investidor obtenha ganho.
Claro que, quando falamos em desenvolver uma ferramenta ou estratégia para o mercado acionário
que tenha índice de sucesso maior que o de prejuízo, isto não quer dizer que uma relação de 50,1% de acertos
para 49,9% de erros seja satisfatória. Muito embora, estatisticamente, isto pudesse até mesmo enriquecer um
investidor, provavelmente seria necessário realizar um número excessivo de transações, tanto em termos de
quantidade como em volume, o que tornaria tal ferramenta obsoleta. Se assim fosse, seria preferível realizar a
tomada de decisão no cara e coroa.
13
Sabemos, porém, que este não é o método utilizado usualmente pelos traders,, que de modo geral
consideram uma taxa de 70% de acerto como bastante razoável para definição de suas estratégias de atuação.
E, como antes dito, inúmeras técnicas já foram desenvolvidas para que seja possível maximizar o índice de
acertos, tanto sob a ótica da análise fundamentalista quanto da análise técnica, com crescente grau de
sofisticação e complexidade, como por exemplo os modernos algoritmos evolutivos operados por traders
artificiais, que elevaram a análise técnica a um nível extraordinário.
Assim, muito embora as diversas ferramentas já existentes, esta área de estudo sempre estará aberta
a novas abordagens, das mais simples até as mais complexas, tendo como única exigência auxiliar o investidor
em sua tomada de decisão com uma taxa razoável de acerto.
Desta forma, o presente trabalho tem por objetivo desenvolver uma metodologia de análise para o
mercado acionário com base no ramo matemático conhecido como Teoria dos Jogos, combinada com
ferramentas clássicas da análise técnica.
Visto que o principal objetivo deste estudo é verificar a viabilidade da aplicação da Teoria dos Jogos na
análise do mercado acionário e não o de criar uma ferramenta universal de análise, a montagem do cenário do
estudo foi conduzido especificamente para o papel SUZB5, nomenclatura esta que corresponde aos papéis da
Suzano Papel e Celulose SA, uma das mais destacadas empresas de seu segmento no Brasil e listada na Bolsa de
Valores de São Paulo sob o Nível 2 de Governança Corporativa.
Por fim, este trabalho encontra-se subdividido em 6 capítulos, sendo que no primeiro encontram-se as
definições do objetivo geral, objetivos específicos, problema e justificativa. No capítulo 2, um breve histórico da
empresa emissora do ativo escolhido para este trabalho. Já no capítulo 3, é realizada uma revisão bibliográfica
a respeito das áreas do mercado financeiro e da Teoria dos Jogos, enquanto que o capítulo 4 descreve a
metodologia aplicada. Finalmente, no capítulo 5 dá-se o desenvolvimento do estudo e teste do modelo, com a
conseqüente conclusão no capítulo 6.
Apesar de recente, a Teoria dos Jogos já ocupa posição de destaque em áreas tão diversas entre si como
Economia e Genética. Porém, sua aplicabilidade no mercado de capitais ainda é incipiente, com poucos estudos
desenvolvidos até agora que a utilizam para formulação de modelos de análise e tomada de decisão neste
ambiente.
De certo modo, isto pode até parecer uma surpresa, pois a própria definição da Teoria dos Jogos parece
caber de forma perfeita na necessidade daqueles que procuram otimizar suas ferramentas e estratégias para
14
atuação no mercado de capitais. A saber, a Teoria dos Jogos pode ser definida como “a teoria dos modelos
matemáticos que estuda a escolha de decisões ótimas sob condições de conflito”.
Justamente, uma grande dificuldade de investidores e analistas que trabalham no mercado de capitais
é conseguir reunir, organizar e, finalmente, analisar o grande número de informações disponíveis para embasar
uma decisão, que em geral tem por objetivo final proporcionar-lhes ganho. Como já reforçado anteriormente,
existem inúmeras técnicas que avaliam as diversas variáveis que influenciam o comportamento do mercado,
porém é comum que elas apresentem, por vezes, caminhos antagônicos ou ofereçam um resultado que não
pode ser analisado em conjunto a outros, tornando a decisão final mais difícil e propensa a maior grau de
incerteza. Sabendo-se que investidores de sucesso gostam de trabalhar com o risco de forma controlada, sem
assumir posições demasiadamente arrojadas de forma desnecessária, fica fácil concluir que esta não é uma
situação que lhes seja confortável.
Isto por vezes é contornado pela experiência do trader, já que seu conhecimento e experiência no
ramo podem auxiliá-lo na tomada de decisão. Muitas vezes tal fato pode ser visto como intuição, mas na
verdade trata-se de processo natural, visto a capacidade que o cérebro humano possui de trabalhar com um
grande número de dados e informações, que acabam por embasar a escolha a ser realizada. Entretanto, apesar
desta surpreendente habilidade, a capacidade de processamento do ser humano é sujeita a falhas, que podem
advir, por exemplo, de situações de stress e abalo emocional.
Assim, para não depender unicamente de suas habilidades cognitivas, os profissionais da área fazem
uso de modelos de previsão, que em geral utilizam os princípios da análise técnica e/ou da análise
fundamentalista. Em comum entre estas escolas, pode-se dizer que em ambas predominam metodologias que
baseiam-se na quantificação do comportamento passado de determinado ativo, com a criação de regressões,
correlações, tendências e índices, visando explicar seu comportamento futuro e, também, minimizar a
participação de quesitos não mensuráveis na decisão a ser tomada.
1.2 Objetivos
No intuito de oferecer a resolução para o problema deste trabalho, foram desenvolvidos o objetivo
geral e os objetivos específicos, conforme segue.
15
O objetivo geral deste trabalho é aplicar a Teoria dos Jogos para fins de análise e previsão de
resultados no mercado de ações, integrando-a com elementos de análise técnica, em busca de modelo que
ofereça índice de acertos maior que de erro, para auxílio na tomada de decisão de um investidor para compra
ou venda do ativo SUZB5, visando ganho com as operações.
A seguir, são listados os objetivos específicos, utilizados para atender ao objetivo geral do trabalho:
a) criação de um cenário hipotético que permita a aplicação da Teoria dos Jogos para embasamento de
decisão de investimento;
b) utilizar ferramentas da análise técnica de ações na montagem do cenário em questão;
c) identificação de possíveis soluções para o cenário, conforme definições da Teoria dos Jogos.
1.3 Justificativa
Além disso, a própria natureza do cenário deste trabalho, o mercado acionário, com suas infindáveis
possibilidades de estratégias e análises, praticamente não oferece restrições ao desenvolvimento de quaisquer
estudos que possam ajudar a compreendê-lo. Assim, independentemente das técnicas já desenvolvidas com
este objetivo, é quase que óbvia a necessidade da realização de constantes aprimoramentos nas ferramentas
de análise, considerando a dinâmica evolutiva e reativa do mercado de ações.
Soma-se a isso ainda o fato de que poucas são as iniciativas que procuram inserir o conceito da Teoria
dos Jogos para prognóstico do comportamento deste mercado, o que não deixa de ser surpreendente
considerando a natureza deste tipo de abordagem, que busca unificar informações, por vezes antagônicas,
numa opção viável para embasamento de uma tomada de decisão.
16
2 I CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO
Conforme seu site de Relação com Investidores (2015), a Suzano Papel e Celulose S.A. é uma empresa
de base florestal, de capital aberto, controlada pela Suzano Holding e pertencente ao Grupo Suzano.
Fundada em 1924, a Suzano opera nos segmentos de celulose de mercado e papel, tendo como
principais produtos de seu portfólio o papel revestido, o papel não-revestido e o papel-cartão.
Esta produção é oriunda de três fábricas integradas de celulose e papel, sendo duas localizadas no
estado de São Paulo e uma no estado da Bahia, além de duas fábricas de papel não-integradas no estado de
São Paulo e uma de produção de celulose no estado do Maranhão.
O site de relação com investidores destaca ainda que a Suzano Papel e Celulose possui como Missão
“oferecer produtos de base florestal renovável, celulose e papel, destacando-se globalmente pelo
desenvolvimento de soluções inovadoras e contínua busca da excelência e sustentabilidade em nossas
operações”. Já sua Visão contempla a ideia de “estar entre as maiores e mais rentáveis empresas de base
florestal do mundo e ser reconhecida pelas práticas de respeito às pessoas e ao meio ambiente. Por fim seus
Valores são expressos como “preservação da vida como valor fundamental da empresa, da transparência e dos
princípios éticos como norte para toda e qualquer ação ou decisão.
Ainda, a empresa ratifica que, comercialmente, seu objetivo é estar entre as mais rentáveis produtoras
de papel e celulose do mundo, com o intuito de criar valor para seus acionistas, sempre mantendo o
comprometimento e a responsabilidade socioambiental. Entre os principais elementos desta estratégia de
negócios citados pela empresa estão:
Além destas informações, cumpre também destacar alguns de seus dados operacionais e financeiros,
que podem ser vistos nas figuras a seguir:
Indicadores Operacionais 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Volume de Produção 1.239 1.482 1.718 1.925 2.664 2.678 2.745 3.111 3.187 3.225 4.283
Celulose de Mercado 456 568 638 827 1.524 1.590 1.617 1.824 1.876 1.932 2.982
Papel 783 914 1.080 1.098 1.140 1.088 1.128 1.287 1.311 1.293 1.301
Volume de Vendas 1.284 1.482 1.686 1.924 2.482 2.896 2.763 3.143 3.194 3.207 4.173
Celulose de Mercado 490 568 615 799 1.320 1.780 1.607 1.808 1.847 1.895 2.850
Papel 794 914 1.071 1.125 1.162 1.116 1.156 1.335 1.347 1.312 1.322
Figura 2 - Indicadores Operacionais (mil toneladas)
Fonte: Suzano S/A
18
Indicadores Financeiros 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Receita Líquida 2.640 2.772 3.099 3.410 4.064 3.953 4.514 4.848 5.192 5.689 7.265
Mercado Interno 1.359 1.451 1.797 1.814 1.850 1.657 1.915 2.248 2.526 2.709 3.050
Mercado Externo 1.282 1.321 1.302 1.596 2.214 2.295 2.599 2.600 2.667 2.979 4.214
EBITDA Ajustado 1.039 913 1.040 1.034 1.469 1.161 1.519 1.141 1.260 1.781 2.452
Margem EBITDA Ajustada 39,4% 32,9% 33,6% 30,3% 36,1% 29,4% 33,7% 23,5% 24,3% 31,3% 33,8%
Lucro Líquido 603 500 444 537 (451) 947 769 30 (182) (220) (262)
Lucro por Ação (R$) 2,12 1,76 1,42 1,72 (1,47) 2,86 2,07 0,07 (0,16) (0,20) (0,18)
Dívida Bruta 2.702 3.557 5.443 5.725 7.635 6.644 7.156 8.744 10.719 12.877 13.099
Caixa 1.086 1.082 1.500 1.340 2.176 2.533 3.735 3.274 4.338 3.690 3.686
Dívida Líquida 1.616 2.475 3.943 4.385 5.459 4.111 3.421 5.470 6.381 9.187 10.074
Dívida Líquida/EBITDA 1,6x 2,7x 3,8x 3,7x 3,7x 3,5x 2,3x 4,8x 5,1x 5,2x 4,1x
Ajustado
Figura 3 - Indicadores Financeiros – Consolidado (R$ milhões, exceto quando indicado)
Fonte: Suzano S/A
A Suzano ingressou no mercado de capitais em 1980 através de ações na Bolsa de Valores de São
Paulo. Nela, atualmente a Suzano encontra-se listada no Nível 1 de Governança Corporativa, pautado pelo tripé
grupo Controlador Definido, Mercado de Capitais e Gestão Profissional, através do qual a empresa mantém seu
relacionamento com os mercados de capitais e os investidores.
Essa forma de gestão, segundo o site da empresa, é reforçada por um Comitê de Conduta, responsável
por zelar pela ética na condução dos negócios e pelo aperfeiçoamento contínuo do diálogo com todos os
stakeholders.
Por fim, para auditar os resultados da empresa e a eficácia de seus controles internos e práticas
contábeis, são utilizadas auditorias internas e externas, que se reportam ao comitê de Auditoria. A auditoria
externa da Suzano é realizada pela empresa KPMG Auditores Independentes.
19
3 I REFERENCIAL TEÓRICO
Para retratar o tema proposto neste trabalho, faz-se necessário incluir no referencial bibliográfico não
só os assuntos abordados de forma mais direta, mas também alguns outros, sem os quais seria impossível
obter completo entendimento a respeito do tema. Por exemplo, não é possível descrever o mercado de
capitais sem antes discorrer sobre o mercado financeiro como um todo ou, da mesma forma, também é
temerário adentrar no tema Teoria dos Jogos sem antes comentar a metodologia por trás das técnicas
comumente utilizadas para análise na compra e venda de ações.
Assim, o referencial teórico procura desenvolver, de forma lógica e progressiva, o escopo necessário
para o completo entendimento dos assuntos ligados ao tema do trabalho, com o intuito de auxiliar na
resolução do problema inicialmente proposto, através dos objetivos elencados.
Segundo Pinheiro (2001, p. 37), “podemos definir mercado financeiro como o lugar pelo qual se
produz um intercâmbio de ativos financeiros e se determinam seus preços”. Através desta definição, é possível
perceber que inúmeras situações encaixam-se nesta descrição, desde o primordial escambo de mercadorias,
definida como “uma coincidência mútua e complementar de necessidades” (MAYER; DUESENBERRY; ALIBER,
1993, p.6) até as mais complexas transações do atual sistema financeiro.
Entretanto, tal complexidade pode ser explicada a partir de alguns poucos conceitos básicos
inerentes ao seu funcionamento e, conseqüentemente, estende-se também a todos os seus segmentos,
tradicionalmente descritos como mercado monetário, mercado de crédito, mercado de câmbio e mercado de
capitais.
Em primeiro lugar, é importante falar acerca do termo mercado, o qual segundo Oliveira e Pacheco
(2010, p. 9) “pode ser compreendido como o processo pelo qual as pessoas interessadas em vender algum
produto ou serviço encontram-se com pessoas interessadas em comprar esse mesmo produto ou serviço”.
Resumidamente, o termo mercado equivale a um ponto de troca ou, conforme Pinheiro (2001, p. 37), “ponto
de encontro entre ofertadores e tomadores”. Cumpre ainda salientar que, quando analisado no ambiente
20
contemporâneo, pode-se afirmar que este ponto de encontro não necessariamente deve se tratar de um local
físico, mas sim de um ambiente ou plataforma que cumpra esta função básica do conceito de mercado.
Também merece registro o papel da moeda como agente de intermediação de troca, que conforme
Silva (2008, p. 3), “serve como um padrão de medida, ao qual todos os bens tem seus valores convertidos, não
sendo necessário termos que estabelecer comparação de valores entre os vários bens e serviços que
produzimos ou de que necessitamos”, fator este que permitiu a evolução do simples mercado com base no
escambo para o mercado financeiro.
Já o próximo passo consiste no entendimento de quem são os agentes e o motivo pelo qual eles
fazem uso do mercado financeiro, o que pode ser explicado a partir de dois pontos. O primeiro deles é bem
exposto por Pinheiro (2001, p. 37) que diz “a renda oferecida pelo sistema de produção não é homogênea, e
isso leva a existência de agentes superavitários (que tem excedente de renda porque a renda é maior que o
consumo e, assim, dispõem de poupança) e deficitários (que não dispõem de excedentes de renda porque o
consumo é igual ou superior a renda) que necessitam de crédito para complementar suas necessidades de
consumo”.
Além disso, o outro ponto a ser considerado é a moeda como reserva de valor, que Silva (2008, p. 3)
entende como “uma espécie de reservatório de poder de compra, possibilitando ao seu detentor gastá-la no
momento em que julgar conveniente”.
A partir daí podemos aprofundar ainda mais o tema, incluindo a ideia do valor da moeda no tempo,
a partir da afirmativa dada por Cavalcante, Misumi e Rudge (2005), de que a existência de unidades
econômicas com superávit em seus orçamentos e unidades deficitárias ou com projetos de investimentos que
exijam recursos acima dos disponíveis atualmente resulta em oferta e procura de dinheiro, com as unidades
tomadoras tendo de pagar um prêmio (juros ou participação nos lucros) às unidades superavitárias para que
estas abram mão dos recursos.
A exigência de uma compensação monetária por parte dos agentes superavitários, considerando sua
propensão em abrir mão do consumo imediato de seus recursos, a partir do compromisso assumido por um
agente deficitário é, basicamente, o que move e justifica a existência de um mercado financeiro e seus
diferentes desdobramentos, como será visto a seguir.
21
Mercado monetário é o termo utilizado para designar, segundo Oliveira e Pacheco (2010), o
ambiente onde são realizadas operações de curto prazo, com o objetivo de equilibrar a liquidez da base
monetária da economia e onde o governo central controla os meios de pagamentos, via operações de mercado
aberto, operações de redesconto e depósitos compulsórios.
A informação é complementada ainda por Cavalcante, Misumi e Rudge (2005), que afirmam ser
neste mercado que ocorre a ação da autoridade monetária, que através de seus instrumentos de política
monetária busca induzir a atuação dos agentes econômicos de modo a fazer cumprir seu papel de elevar o
nível de emprego, manter a estabilidade de preços e sustentar uma taxa de desenvolvimento econômico
adequado.
Conforme Silva (2008), no modelo financeiro atual os principais fomentadores dessas relações são as
instituições bancárias. Chamados de intermediários financeiros, sua principal atividade consiste na
aproximação entre aplicadores e tomadores de crédito, ou seja, entre aqueles que estão dispostos a emprestar
dinheiro e aqueles que desejam ‘pegar’ dinheiro emprestado. De modo geral, estas instituições captam
recursos através da emissão de títulos contra si mesmos para, em seguida, utilizá-los para fazer empréstimos a
terceiros, cobrando taxas maiores do que aquelas pagas aos ofertadores de fundos, movimento este que
caracteriza sua principal fonte de renda.
No mercado de crédito brasileiro, conforme Oliveira e Pacheco (2010), entre os principais e mais
populares mecanismos de captação de recursos das instituições bancárias estão a poupança, os CDBs e RDBs,
letras hipotecárias e de crédito imobiliário. Por outro lado, os instrumentos de aplicação mais comuns são as
cédulas de crédito pessoal, comercial, rural e imobiliário, além do financiamento de capital de giro e de crédito
direto ao consumidor.
22
Conforme Cavalcante, Misumi e Rudge (2005, p. 17) “o mercado de câmbio não é apenas uma
referência de valor da moeda brasileira em moeda forte, como o dólar. O mercado funciona continuamente
para comprar, vender ou arbitrar determinada moeda”.
De forma resumida, Pinheiro (2001, p. 43) descreve o mercado cambial como “onde são realizadas
operações que envolvem a necessidade de conversão de moedas estrangeiras em moedas locais e vice-versa”.
O mercado de capitais, por Oliveira e Pacheco (2010, p. 16), “caracteriza-se por operações de longo
prazo, por meio das quais os bancos procuram viabilizar o encontro entre empresas que necessitem de
recursos para ampliar sua capacidade produtiva ou seu financiamento de capital fixo e investidores com perfil
de aplicações de longo prazo, através de operações estruturadas que atendam à necessidade do captador de
recursos”.
De modo geral, tais operações são conduzidas pelos chamados bancos de investimento. Nestas
situações, as instituições bancárias não incorrem em risco de inadimplência, visto que atuam somente na
estruturação e distribuição dos títulos, como debêntures, notas promissórias, ações e créditos securitizados,
mediante cobrança de remuneração.
No presente trabalho, especificamente, será dado destaque ao mercado de ações, o qual será
abordado de modo mais aprofundado em tópicos futuros.
Conforme informação disponibilizada pelo Banco Central do Brasil (2016), o Sistema Financeiro
Nacional pode ser definido como o conjunto de instituições e órgãos que regulam, fiscalizam e executam as
operações relativas à circulação de moeda e do crédito no país. O quadro a seguir ilustra a organização de seus
órgãos, conforme suas atribuições e responsabilidades.
23
Entidades
Órgãos normativos Operadores
Supervisoras
Demais
Instituições instituições
Banco Central do financeiras financeiras
Brasil captadoras de Outros intermediários financeiros
Conselho Monetário
depósitos à vista Bancos de e administradores de recursos de
Nacional
câmbio terceiros
Comissão de Bolsas de
Bolsas de
Valores mercadorias e
valores
Mobiliários futuros
Entidades
Superintendência
Conselho Nacional de Sociedades Sociedade de abertas de
de Seguros Resseguradores
Seguros Privados seguradoras capitalização previdência
Privados
complementar
Secretaria da
Conselho de Gestão da
Previdência Entidades fechadas de previdência complementar (fundos de pensão)
Previdência complementar
Complementar
Figura 4 – Composição do Sistema Financeiro Nacional
Fonte: Banco Central do Brasil (2015)
Visto este trabalho possuir como base de estudo o mercado acionário, dar-se-á enfoque aos órgãos
normativos, supervisores e operadores que o compõem, sendo irrelevantes para o trabalho os demais
componentes do Sistema Financeiro Nacional, aos quais não será dado destaque.
Como órgão deliberativo máximo do Sistema Financeiro Nacional encontra-se o Conselho Monetário
Nacional (CMN). Conforme Cavalcante, Misumi e Rudge (2005), ele é o responsável pelas diretrizes das políticas
monetária, cambial e de crédito e objetiva o progresso econômico e social do país.
O Conselho Monetário Nacional é composto pelo ministro da Fazenda, que exerce a função de
presidente, o ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão e pelo presidente do Banco Central do Brasil.
De acordo com Oliveira e Pacheco (2010), entre suas competências, podem ser citadas:
- aprovar os orçamentos monetários preparados pelo Banco Central do Brasil, por meio dos quais
serão estimadas as necessidades globais de moeda e crédito;
- fixar as diretrizes e normas da política cambial, inclusive quanto a compra e venda de ouro e
quaisquer operações em Direitos Especiais de Saque e em moeda estrangeira;
- estabelecer normas a serem observadas pelo Banco Central do Brasil em suas transações com títulos
públicos;
De modo geral, a CVM tem por finalidade contribuir para a criação da estrutura jurídica favorável à
capitalização das empresas por meio do mercado de capitais de risco, fortalecimento da empresa privada
nacional e defesa do acionista e investidor. Ainda conforme Pinheiro (2001, p. 60), “as funções da Comissão de
Valores Mobiliários irão repercutir em três grandes grupos: instituições de mercado, companhias abertas e
investidores”.
Por fim, Cavalcante, Misumi e Rudge (2005) ainda complementam que além dessas funções básicas, as
bolsas de valores propiciam liquidez às aplicações, fornecendo, concomitantemente, um preço de referência
para os ativos ali negociados, por intermédio de um mercado contínuo, representado por seus pregões diários.
De acordo com Azevedo (2008, p. 5), “o mercado de capitais é um sistema de distribuição de títulos
mobiliários que proporciona liquidez aos títulos de emissão de empresas e viabiliza o processo de captação”.
A definição acima, embora exata, pode remeter o leitor mais incauto a imaginar tal ambiente como se
simples fosse. Porém este entendimento não poderia estar mais equivocado, visto que na verdade o mercado
de capitais é tão complexo e dinâmico, tão cheio de nuances e interesses, que torna praticamente inesgotável
seu estudo, mas que justamente por isso o torna digno da atenção das mais diferentes áreas de estudo. Porém,
qualquer entendimento deste ambiente deve partir de suas origens, considerando sua história e
desenvolvimento, até vislumbrar-se sua atual condição.
Segundo a Banrisul Corretora de Valores (2010, p.5), “vêm de Gênova, no Litoral Mediterrâneo, as
primeiras práticas relacionadas ao mercado de títulos e valores mobiliários”. Naquela cidade, à época um dos
principais portos e centros comerciários da Europa, foi onde surgiu a Casa di San Giorgio, formada por credores
da República de Gênova, que transformavam títulos de renda em ações nominativas do banco estatal. Tais
ações eram inscritas em um registro e negociadas livremente no mercado, conforme cotações.
Porém outras fontes citam ainda outras instituições entre as candidatas a serem as primeiras
sociedades anônimas, como por exemplo as companhias colonizadoras do século 17, entre as quais destacam-
se a Companhia das Índias Orientais e a Companhia das Índias Ocidentais, organizações que surgiam e atuavam
a partir dos interesses do Estado visando à exploração e colonização de terras no Novo Mundo.
Já Cavalcante, Misumi e Rudge (2005, p. 76), remetem a épocas ainda mais distantes, quando afirmam
que “a origem das bolsas de valores é bastante remota. Alguns escritores a localizam nos emporium do gregos,
outros no collegium mercatorum dos romanos, ou nos funduks (bazares) dos palestinos”.
Segundo os mesmos autores ainda, muito embora as informações difusas que tratam das origens das
sociedades anônimas e das bolsas de valores, é certo que sua origem está intrinsecamente atrelada ao
26
comportamento dos mercadores, que sintetizava o procedimento comercial que daria vida às bolsas: a
negociação de viva voz, superando barreiras geográficas, lingüísticas e ideológicas.
Na história das Bolsas de Valores, também cabe destaque a fundação da Bolsa de Fundos Públicos de
Londres, em 1698, que de acordo com Cavalcante, Misumi e Rudge (2005, p. 76), tinha “acesso vedado ao
público em geral, orientado por um delegado, e com associados brokers (corretores intermediários) e jobbers
(que negociavam por conta própria)”. Pouco tempo antes disso, os ingleses haviam instalado o Banco da
Inglaterra, enquanto Sir Isaac Newton, administrando a Casa da Moeda, fixava para sempre o padrão de
purificação de ouro e cunhagem de moedas neste metal. Estes fatos criaram o primeiro sistema financeiro
integrado do mundo moderno.
Outro cenário importante para configuração do atual mercado acionário desenvolveu-se nos Estados
Unidos. Nisto, cita a Banrisul Corretora (2010), que a origem dos mercados organizados de ações data de 1746,
quando o prefeito da cidade de Philadelfia, James Hamilton, destinou US$ 750 para a criação de uma bolsa de
valores. O cenário desenvolveu-se ainda mais após oito anos, quando da abertura do London Coffee House, um
local de encontro dos homens de negócios da cidade, que lá negociavam mercadorias, títulos e moedas.
Nova York também ganhou crescente importância no cenário político e econômico norte-americano,
tendo Wall Street como palco de importantes discussões e decisões políticas. Foi neste ambiente que foi
criada, em 17 de maio de 1792, a New York Stock Exchange (NYSE), a principal Bolsa de Valores do mundo
ainda nos dias atuais. Sua criação originou-se da preocupação de um grupo de comerciantes e corretores
quanto à liquidez dos títulos públicos e ações de bancos e companhias de seguros que negociavam na época.
No ano seguinte, foi fundada a Tontine Coffee House, que passou a abrigar os pregões da bolsa nova-iorquina.
Posteriormente, em 1817, com o crescimento dos negócios, as instalações da Tontine Coffee House tornaram-
se pequenas, o que motivou a mudança dos pregões para o número 40 da Wall Street, onde permanecem até
hoje as atividades da Bolsa de Valores de Nova York.
Ainda de acordo com a Banrisul Corretora (2010), desde os primeiros anos das bolsas, ficou evidente
que o sistema de comunicação era primordial para dar credibilidade aos negócios realizados. Esta demanda já
era notada em pleno século 19, quando os navios oriundos da Europa que atracavam no porto de Nova York
traziam informações “atuais” para os corretores daquela cidade, deixando os corretores da Bolsa da
Philadelphia em desvantagem. Assim, para evitar tal situação, o corretor William Bridges montou um sistema
permanente de comunicação entre as duas cidades, baseada em sinais luminosos, que permitia a transmissão
27
de uma mensagem entre as elas em apenas 10 minutos. Posteriormente, este sistema foi substituído pelo
telégrafo.
Outro marco na comunicação de informações nas Bolsas de Valores ocorreu em 1867, quando a NYSE
instalou seu primeiro stock tickers, uma máquina de impressão que transmitia as cotações de mercado de
modo instantâneo, de forma reduzida, através de um código com as informações necessárias para acompanhar
o desempenho das ações, como a abreviatura da companhia à qual pertencia a ação, a cotação e o volume
negociado.
Também no século 19 ocorreu outro fato importante na história das bolsas quando, em 1844, a Bolsa
de Boston passou a publicar as transações realizadas em seus pregões. Porém a publicidade das informações
relativas às negociações nas Bolsas de Valores ganhou maior relevância a partir da iniciativa do então editor
Charles Dow, do Wall Street Journal, também fundador da agência de notícias econômicas Dow & Jones
Company, que passou a divulgar diariamente um índice geral de preços para o mercado de ações industriais e
outro para as ações das companhias ferroviárias. Dow sustentava que as ações se moviam de acordo com a
trajetória feita por suas ações mais representativas, o que possibilitava medir as oscilações do mercado. Estava
criado aí o Índice Dow Jones, que em seu formato original englobava 11 ativos.
O princípio do mercado acionário brasileiro ocorreu, segundo a Banrisul Corretora (2010), com o
desembarque da Família Real no Brasil em 1808, o que provocou significativas mudanças na economia da
então colônia portuguesa.
Isto ocorreu a partir do Decreto nº 417, que regulamentou a atividade do corretor e tinha por objetivo
evitar a interferência, em suas operações, de um número irrestrito de pessoas. Desde então, segundo
Cavalcante, Misumi e Rudge (2005, p. 77), “os Corretores Oficiais de Fundos Públicos passaram a ter cargos
vitalícios, mediante a nomeação do Ministro da Fazenda, tendo em vista que representavam o governo em
seus atos”.
28
A partir daí, o Estado passou a regulamentar este mercado através de Decretos, como em 1876,
quando foi decretada a cotação de títulos em pregão e, no ano seguinte, com a regulamentação do pregão,
considerado o marco inicial do funcionamento do pregão da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro.
Conforme Cavalcante, Misumi e Rudge (2005), de modo geral as atividades das bolsas e corretoras no
Brasil eram regulamentadas através dos governos estaduais, tais como a Bolsa Oficial de Títulos de São Paulo,
instituída em 1897. A Legislação Federal tornou-se mais afirmativa somente a partir do decreto-lei nº 1.344, de
1939, passando a reger todas as bolsas do país. No entanto, elas continuaram sendo entidades públicas com
ingerência dos governos estaduais em suas administrações.
Já em 1964 iniciou-se uma grande reforma no Sistema Financeiro Nacional, que culminou em seu atual
formato. Nisto, destaca-se a Lei nº 4.595, a chamada Lei da Reforma do Sistema Financeiro Nacional, que
dispôs sobre a política e as instituições monetárias, bancárias e creditícias, criou o Conselho Monetário
Nacional (CMN) e o Banco Central do Brasil e foi a base da reforma bancária, reestruturando o sistema
financeiro nacional mediante o estabelecimento de normas operacionais, rotinas de funcionamento e
procedimentos de qualificação aos quais as entidades do sistema deveriam se subordinar, assim como definiu
as características e as áreas específicas de atuação das instituições financeiras.
Segundo a Banrisul Corretora (2010), posteriormente seguiram-se outras leis importantes, que
visavam o aprimoramento do Sistema Financeiro Nacional, como a Lei nº 6.385, de 1976, que criou a Comissão
de Valores Mobiliários, transferindo do Banco Central do Brasil a responsabilidade pela regulamentação e
fiscalização das atividades relacionadas ao mercado de valores mobiliários e a Lei nº 6.404, de 1976, chamada
de Lei das Sociedades Anônimas, que estabeleceu regras quanto às características, forma de constituição,
composição acionária, estrutura de demonstrações financeiras, obrigações societárias, direitos e obrigações de
acionistas e órgãos estatutários e legais.
Sediada em São Paulo, a BMF&Bovespa foi criada em 2008 a partir da fusão da BM&F (bolsa de
derivativos) e da Bovespa (bolsa de ações), tornando-se uma sociedade de capital aberto, cujas ações são
negociadas no Novo Mercado. Conforme seu site, a BM&FBovespa tem entre suas principais atribuições a
intermediação de operações no mercado de capitais, sendo que a companhia desenvolve, implanta e provê
sistemas para negociação de ações, derivativos de ações, derivativos financeiros, títulos de renda fixa, títulos
29
públicos federais, moedas e commodities agrícolas. Por meio de suas plataformas, também realiza o registro, a
compensação e a liquidação de ativos e valores mobiliários negociados em seu ambiente, assim como a
listagem de ações e de outros ativos. Também atua como depositária central dos ativos negociados em seus
pregões, além de fazer o controle e gerenciamento de riscos das operações no plano do investidor final e
possui uma estrutura de clearing, de modo a assegurar o funcionamento eficiente e seguro de seus mercados.
3.2.4 Ações
Uma definição clássica do que são ações pode ser vista em Oliveira e Pacheco (2010, p. 134), onde elas
são descritas como “a menor parcela em que se subdivide o capital de uma sociedade anônima. Sua
negociação ocorre nas bolsas de valores em mercados de balcão organizados. Portanto, o acionista é o dono de
parte do capital da empresa, proporcional à quantidade de ações que possui, o que significa que é solidário
com o futuro da companhia, recebendo remuneração por seu investimento apenas se esta apresentar lucro”.
A possibilidade de compra de uma ação por um investidor inicia-se a partir da abertura de capital de
uma empresa, através da oferta pública de ações. Tal movimento é realizado como uma forma da instituição
captar recursos para financiar seus projetos e investimentos, sem a necessidade de recorrer a outra fontes
como, por exemplo, empréstimos bancários.
Nisto, é importante ressaltar a idéia de Castro (1979, p. 33), o qual esclarece que “a capitalização das
empresas via mercado acionário, em contraste com a alternativa de levantamento de recursos através de
empréstimos, induz a uma participação ativa do poupador nos riscos e nos resultados da atividade produtiva,
ao invés de exclusivamente direitos à renda monetária sob a forma de juros”.
Tal definição talvez seja a mais adequada para o assunto desenvolvido neste trabalho e serve de
preâmbulo para o próximo capítulo. Considerando a diversidade do atual mercado financeiro, com suas
inúmeras opções de intermediação financeira para compatibilizar o interesse de agentes deficitários e
superavitários, o que justifica a intenção de um investidor em assumir maiores riscos, havendo outras opções
mais seguras para rentabilizar seu capital?
30
O mercado de ações oferece uma vasta e complexa gama de oportunidades que podem ser utilizadas
pelo investidor interessado em canalizar seus recursos neste tipo de investimento. Porém, é necessário que ele
tenha consciência de que o mercado de ações é um ambiente dinâmico e reativo, repleto de informações que
nem sempre possuem uma lógica visível e onde cada um de seus players está em busca de seus próprios
interesses. Conforme Matsura (2007, p. 1) “por trás de cada ordem de compra ou venda de ações, há uma
pessoa com motivações e expectativas únicas influenciando sua decisão”.
Numa atmosfera como esta, é imprescindível que o investidor possua uma estratégia bem definida e
alinhada com o objetivo que deseja alcançar. É justamente neste ponto, antes mesmo de ingressar de fato no
mercado de ações, que inicia-se a análise de investimentos.
Em primeiro lugar, encontrar resposta para algumas perguntas essenciais irá auxiliar o investidor neste
estágio inicial. Qual a rentabilidade que se pretende obter e qual o risco que se está disposto a assumir são as
principais delas. Quanto a isto, Assaf Neto (2001, p. 236) afirma que “em verdade, a principal tarefa de um
investidor centra-se na avaliação do retorno esperado de seu capital aplicado, o qual deverá ser condizente
com o risco assumido”.
Conforme demonstra Sá (1979, p. 44), “como as pessoas são diferentes umas das outras, é evidente
que os níveis de risco que estão dispostas a correr, quando em busca de um determinado retorno, também são
diferentes”. A partir desta definição pode-se concluir qual é o perfil do investidor sendo que, basicamente, esta
predisposição ao risco é o que define os diferentes perfis encontrados no mercado de ações. Comumente, eles
são classificados de três modos: moderado, agressivo e conservador, sendo que algumas literaturas incluem
ainda outro perfil, chamado de especulador.
O próximo passo a ser dado pelo investidor é definir qual será sua estratégia de atuação. Isto é tão
importante que uma das expressões mais comumente utilizadas no meio é ‘não ter uma estratégia é a pior das
estratégias’. Nisto, sem dúvida alguma, até mesmo para o mais novato investidor, a melhor estratégia é
comprar uma ação quando seu preço está baixo e vendê-la quando seu preço for alto. Mas como determinar
quando uma ação encontra-se numa situação ou outra?
Em primeiro lugar, para tentar responder a pergunta feita anteriormente, é preciso entender que as
ditas estratégias são basicamente decisões de investimento ancoradas em expectativas, geradas a partir das
avaliações realizadas com base nas informações disponíveis.
31
Assim, conforme Assaf Neto (2001, p. 236) “os modelos de avaliação procuram, em essência, projetar
o comportamento futuro dos ativos financeiros, formulando previsões com relação às variações de seus preços
no mercado”. Tal idéia é complementada ainda por Oliveira e Pacheco (2010, p. 144), que afirmam que “o
preço de uma ação é conseqüência do fluxo de caixa futuro previsto para a empresa emissora, ou então dos
lucros futuros projetados. Os analistas adotam técnicas para utilizar toda a informação disponível a respeito da
empresa e da economia em geral com a finalidade de realizar as previsões”.
Nisto, foram desenvolvidos no mercado de ações inúmeras técnicas de análise, mas que são
normalmente sintetizadas em duas grandes vertentes, chamadas de análise técnica (ou grafista) e análise
fundamentalista, sendo que a primeira normalmente é associada a investimentos de curto prazo e, a segunda,
a investimentos com prazo de retorno mais longos.
Como bem resume Castro (1979, p. 166), “a hipótese básica da análise gráfica é a de que os preços das
ações se movimentam em tendências e que existe uma dependência significativa entre as oscilações dos
preços que se sucedem”. Por outro lado, o mesmo autor explica ainda que “a hipótese básica da análise
fundamentalista é a existência de um valor natural ou intrínseco para cada ação, valor este correlacionado
diretamente com o desempenho da empresa”.
Como pode ser visto, cada uma das técnicas trabalha a partir de fundamentos bastante diversos.
Tanto que, muitas vezes, o próprio investidor do mercado de ações adota para si a alcunha de ‘grafista’ ou
‘fundamentalista’, de acordo com sua preferência pessoal quanto ao tipo de análise. Entretanto, isto não quer
dizer que tais técnicas não possam ser utilizadas em conjunto, pois assim como possuem fundamentos
diferentes, também é diferente a expectativa quanto aos resultados esperados para cada uma delas.
Conforme Oliveira e Pacheco (2010), a base teórica da análise técnica foi desenvolvida por Charles
Dow, no final do século 19. As contribuições mais importantes da teoria de Dow baseiam-se em três
afirmações, que norteiam este tipo de estudo e os diferentes tipos de análise subseqüentes. Elas são resumidas
através das conclusões de que o mercado de ações movimenta-se em tendências definidas de alta ou de baixa,
de que existe uma relação entre preços e volumes negociados e de que os índices de mercado descontam
todas as informações disponíveis.
Para melhor entender o alcance de tais afirmações, é preciso explicá-las de modo um pouco mais
aprofundado. Com relação à afirmação de que o preço desconta as informações do mercado, Piazza (2010, p.
53) diz que “Dow afirmou que os preços dos ativos e os índices de preços descontam todos os eventos,
notícias, fundamentos, expectativas da economia e das empresas, fatores psicológicos dos investidores, fatores
políticos, entre outros. E mais, eles costumam se antecipar à maioria dos acontecimentos”.
32
Já outro princípio pode ser melhor elucidado com a ajuda de Matsura (2007, p. 3), o qual afirma com
relação a conclusão de que o preço movimenta-se em tendências definidas que “o movimento dos preços
reflete a percepção positiva ou negativa dos investidores em relação ao mercado. As expectativas mudam com
freqüência, mas existem períodos em que prevalece o otimismo ou o pessimismo. Nesses períodos,
observamos que, embora os preços oscilem, eles caminham segundo uma tendência”.
Também, conforme Piazza (2010, p. 66), o último princípio de Dow, que trata da relação entre preços
e volumes negociados, interliga-se com a tendência de preços, mas complementa ainda que “a análise do
volume negociado em cada ativo ou índice nos momentos ‘chave’ do mercado é importante fator de
confirmação de um movimento. É como se o volume desse um aval para uma alta, por exemplo, classificando-a
como verdadeira ou falsa, consistente ou de improvável continuidade”.
Matsura (2007, p. 4) traz ainda outro princípio muito associado à análise técnica que afirma que a
história sempre se repete. Nisto, o autor conclui que “o comportamento da massa acompanha determinados
padrões que se repetem ao longo do tempo. A repetição destes padrões, registrados no gráfico, aumenta a
previsibilidade do mercado. A análise técnica existe porque a história sempre se repete, com pequenas
diferenças, mas com padrões gráficos recorrentes”.
Por fim, é preciso salientar ainda que, não à toa, a análise técnica também é chamada de análise
grafista, isto porque seu desenvolvimento é quase que exclusivamente baseado na análise de padrões gráficos
dos preços dos ativos. Assim, os próximos subtítulos irão trazer algumas das principais análises que fazem uso
desta ferramenta.
3.3.2.1 Tendências
Quanto a isto, Piazza (2010, p. 54) complementa ainda que “Dow percebeu pelos seus estudos que
toda movimentação aparentemente incompreensível dos preços dos ativos não eram assim tão desprovidos de
ordem como se pensava, e encaixou-as em três tipos básicos de movimentos: as tendências primárias,
secundárias e terciárias”.
Assim, a tendência primária é caracterizada por um movimento mais longo e consistente na evolução
dos preços, com duração de meses ou anos. Em seqüência, a tendência secundária insere-se dentro do curso
de uma tendência primária, porém tem duração de algumas semanas ou meses apenas. Finalmente, a
33
tendência terciária é aquela representada por movimentos de curta duração, de alguns dias ou poucas
semanas. O gráfico abaixo pode auxiliar na compreensão do assunto e retrata as três situações de tendência:
A estratégia adotada para investimento com base na análise das tendências é bastante comum, sendo
seus praticantes chamados de ‘trend followers’ ou seguidores de tendências. De modo geral, as decisões
baseadas neste tipo de análise estão intimamente ligadas ao prazo do investimento visto que, conforme explica
Piazza (2010, p. 55), “os investidores de longo prazo têm mais chance de conseguir participar de longas
tendências primárias de alta ou de baixa, pois fazem suas aplicações com objetivos bem distantes”. A tendência
secundária também possibilita oportunidade de ganhos de modo confiável, em especial no curto e médio
prazos, enquanto que o uso das tendências terciárias para decisão de investimento exigem maior habilidade do
trader, pois os pontos de compra e venda ocorrem em períodos muito curtos.
Porém, para adoção de uma estratégia baseada em tendências, é essencial saber identificar quando
ocorre uma tendência de alta ou baixa e o momento de sua reversão. Graficamente é relativamente fácil
realizar tal tarefa, mas uma definição mais técnica é dada por Matsura (2007, p. 16), referindo-se a uma
tendência de alta se caracteriza por apresentar fundos ascendentes, onde “fundos são pontos de suporte nos
quais as forças dos compradores supera a dos vendedores; fundos ascendentes significam que os compradores
estão dispostos a comprar a preços cada vez mais altos, dando sustentação e continuidade à tendência de
alta”.
Já a tendência de baixa é o inverso ou, ainda conforme Matsura (2007, p. 17), “é caracterizada por
topos descendentes. Topos são pontos de resistência nos quais a força dos vendedores supera a dos
compradores; topos descendentes significam que os vendedores estão dispostos a vender a preços cada vez
mais baixos, dando sustentação e continuidade à tendência de baixa”. Abaixo, seguem exemplos gráficos de
tendência de alta e tendência de baixa:
34
No gráfico, o método mais utilizado para delinear uma tendência de alta é traçar uma linha unindo-se
os fundos cada vez mais altos do ativo. Já no movimento de baixa ocorre o inverso, ou seja, a linha é traçada
unindo-se os topos cada vez mais baixos.
Com relação ao traçado das linhas de tendência, Sá (1979, p. 122) recomenda ainda que “as linhas de
tendência não costumam ser muito inclinadas, e esta observação é importante porque muitas vezes, após o
traçado de uma linha de tendência, é necessário suavizar a sua inclinação. As linhas de tendência devem ser
retraçadas toda vez que o analista considerar necessária a correção”.
Outra ocorrência comum no estudo das tendências está relacionado à formação dos chamados canais
de alta ou de baixa. Conforme conceituam Bastos e Paz (2012, p. 103), um canal de alta é composto por
“oscilação em que os preços se movimentam, porém, mesmo caindo seguem em movimento macro de alta,
com topos e fundos (oportunidade de compra) ascendentes”. Já o canal de baixa é definido inversamente,
quando ocorre “oscilação em que os preços se movimentam, porém mesmo subindo seguem em movimento
macro de baixa, com topos (oportunidade de venda) e fundos descendentes”. Na seqüência, são mostrados
exemplos de canal de alta e canal de baixa:
36
Até o momento, foram vistos apenas exemplos de tendência onde a direção preferencial na oscilação
dos preços pode ser facilmente detectada. Porém é comum que haja períodos em que não é possível detectar
uma direção preferencial dos preços, períodos estes que originam a chamada tendência lateral. Conforme
Matsura (2007, p. 18), a tendência lateral “caracteriza-se pela formação de topos e fundos no mesmo nível
horizontal” e representa um equilíbrio entre a força dos compradores e dos vendedores, mantendo o preço de
negociação do ativo em uma faixa delimitada por retas horizontais, o que também acaba formando
naturalmente um canal lateral. Abaixo, segue exemplo de uma tendência lateral:
37
Neste ponto, faz-se necessário iniciar a exposição a respeito de outro ponto de extrema importância
para análise de tendências com base nos estudos de Dow. Trata-se dos chamados pontos de suporte e
resistência. De acordo com Piazza (2010, p. 38), “diferentemente das linhas dos canais, que podem ser traçadas
diagonalmente acompanhando uma tendência de alta ou baixa, as linhas de suporte e resistência serão sempre
horizontais”.
Conceitualmente, Matsura (2007, p. 22) explica que “o mercado é uma disputa entre compradores e
vendedores; quando os compradores predominam, temos uma resistência de alta, enquanto que na baixa
preponderam os vendedores”.
Assim, entende-se que uma tendência de alta termina ou pode inclusive reverter-se para uma
tendência de baixa quando os vendedores possuem maior força que os compradores. Tal fato origina o
conceito de resistência. Já na baixa, o conceito de suporte mostra a situação contrária, quando os compradores
se igualam ou predominam sobre os vendedores.
Em complemento, Sá (1979, p. 141) explica ainda que “suporte é o preço mínimo que uma ação
atinge, ocasionando interesse dos compradores traduzido numa procura que provoca uma elevação de preços.
Resistência é o preço máximo que uma ação atinge, ocasionando um interesse dos vendedores, o que impede
altas posteriores”. Estes pontos de concentração de demanda e oferta podem ser mais facilmente identificados
com auxílio do gráfico, conforme pode ser visto nos exemplos abaixo:
38
A partir dos preceitos básicos que envolvem o estudo das tendências foram elaboradas diversas
estratégias para decisão sobre compra e venda, visto que a correta identificação de uma tendência proporciona
um dos melhores cenários para obtenção de ganhos no mercado de ações. Algumas das mais populares são os
pivots de alta∕baixa, rompimento de canal de alta∕baixa e médias móveis, que buscam essencialmente
identificar uma reversão de tendência.
Conforme Piazza (2010, p. 42), “os pivots são formações extremamente confiáveis e servem de
indicadores da consistência (força) de um movimento”. A lógica por detrás dos pivots é relativamente simples,
visto que eles ocorrem quando, em algum momento, a força compradora vence uma resistência (num pivot de
alta) ou a força vendedora vence um suporte (num pivot de baixa), dando início a um novo movimento de alta
ou baixa. Através da figura segunite, é possível visualizar um exemplo disso:
Por fim, as chamadas médias móveis também apresentam grande importância para a análise técnica
pois, como explica Matsura (2007, p. 68), ela faz “o alisamento dos ruídos do gráfico de preços, facilitando
assim a determinação da tendência”. Como o próprio nome já diz, a média móvel possui como princípio
fundamental realizar a média dos preços ao longo de um período, que é dividida pela quantidade de preços,
sendo que com o transcorrer do tempo, os preços mais antigos são descartados e substituídos por novos, de
acordo com a quantidade de períodos escolhida pelo analista. No gráfico abaixo, encontra-se um exemplo de
média móvel aplicada ao preço de um ativo para identificação de mudança de tendência:
Como pode ser deduzido através da figura, a indicação de reversão de uma tendência utilizando
médias móveis ocorre quando as linhas de preço e da média se cruzam no gráfico, o que torna tal informação
40
bastante valiosa na decisão para compra ou venda do ativo. Como conclui Piazza (2010, p. 78), “as médias
móveis são rastreadores ou seguidores de tendência, e nos ajudam a identificar o sentido real de uma
tendência, que pode aparecer camuflada nos gráficos devido ao constante sobe e desce dos mercados”.
Uma das vantagens da utilização das médias móveis é a possibilidade de ajustá-la de acordo com a
necessidade do investidor. Por exemplo, para um investimento de curto prazo, é recomendável que a análise
seja feita a partir da inclusão de mais de uma média móvel no mesmo gráfico, com períodos diferentes
(geralmente uma média móvel baseada em períodos de 3 a 5 dias e outra com períodos um pouco maiores, de
10 a 15 dias), sendo que o momento de seu cruzamento indica uma possível reversão de tendência.
Comumente, as estratégias para médias móveis de curto prazo são elaboradas a partir de 3 a 21
períodos, enquanto que as de médio prazo ocorrem geralmente entre 50 a 100 períodos e as de longo prazo,
de 100 a 252 períodos. Desta forma, quanto maior o período utilizado, menor será a aderência da linha da
média ao preço do ativo, o que resultará numa curva mais suave do que aquela apresentada para médias que
utilizam prazos menores, que também apresentam maior conformidade com o preço do ativo. O gráfico abaixo
mostra um exemplo deste tipo de análise, considerando os três tipos de visões de prazo:
Figura 17 – Média móvel: curto prazo (vermelho); médio prazo (azul); longo prazo (verde).
Fonte: http://www.investpedia.com.br/artigo/Indicadores+Conheca+as+medias+moveis.aspx
Por fim, é importante salientar que o estudo das tendências, iniciado por Dow, é o precursor da
análise técnica. A partir dela, diversas outras foram desenvolvidas, que deram continuidade à evolução e
complexidade da análise técnica.
41
3.3.2.2 Figuras
Conforme afirmam Bastos e Paz (2012, p. 110), “a oscilação de preços pode formar as chamadas
figuras gráficas, que têm a capacidade de auxiliar na previsão dos preços, podendo ser de reversão ou de
continuidade de uma tendência”.
Assim, a formação de figuras representa um importante segmento da análise técnica, visto que a
origem e repetição de tais padrões gráficos podem auxiliar o investidor a melhor entender as tendências do
mercado. De acordo com Matsura (2007, p. 33), “a identificação de figuras é uma arte, não há uma forma
exata, apenas uma série de princípios que servem de orientação para o seu processo de análise e classificação”.
Dentre as formações mais comuns estão os chamados triângulos, retângulos, bandeiras, flâmulas e
outras mais elaboradas, que se assemelham a um ombro, seguido de uma cabeça, seguida de um ombro.
Basicamente, as figuras são classificadas em dois grandes grupos, de acordo com o efeito esperado
para a tendência, se de reversão ou continuidade. As figuras de reversão mais freqüentes são a ombro-cabeça-
ombro, topo duplo e fundo duplo.
Uma figura ombro-cabeça-ombro (OCO) é representada, conforme explica Piazza (2010, p. 86), “por
uma seqüência de topos triplos, que costumam aparecer nos pontos mais elevados de uma tendência de alta,
em que, logo após dois pivots de alta bem sucedidos, percebe-se que os preços tentam fazer um terceiro pivot
de alta, porém sem sucesso, dando seqüência a um pivot de baixa, o que resultou na reversão da tendência dos
preços”. A mesma figura também ocorre de forma inversa, para qual é dado o nome ombro-cabeça-ombro
invertido. Tais formações dão uma característica distinta ao gráfico, que se assemelha a uma cabeça e seus
ombros, conforme pode ser visto nas figuras abaixo:
Figura 18 – Ombro-cabeça-ombro
Fonte: http://euvivoforex.blogspot.com.br/2015/08/candlesticks-velas-japonesas.html
42
Outra figura de reversão de tendências são os topos duplos e fundos duplos. De acordo com Matsura
(2007, p. 45) os topos duplos são formados a partir do “aparecimento de dois topos, que formam uma figura
com o formato da letra M”. Com a identificação deste padrão, é possível traçar nos topos uma reta de
resistência e no fundo uma reta de suporte, sendo que o rompimento desta última caracteriza a reversão da
tendência e a expectativa da baixa é equivalente a distância entre o topo e o fundo. Já a figura do fundo duplo
mantém a mesma lógica, porém trabalhando de forma inversa, indicando uma reversão a partir do
rompimento de uma reta de resistência no topo. Os exemplos abaixo ajudam a esclarecer estas figuras:
Uma das figuras de continuidade mais comuns é o retângulo. Ele ocorre, de acordo com Bastos e Paz
(2012, p. 117), “quando o mercado está trabalhando lateralmente, ou seja, sem tendência definida. Os preços
se deslocam com movimentos entre suporte e resistência bem definidos e está acumulando forças para o
rompimento”. Abaixo, segue um exemplos de um retângulos com rompimento de suporte (baixa) e de
resistência (alta):
Outra figura muito popular são os triângulos, que também podem ser de alta ou de baixa. Conforme
Matsura (2007, p. 39), a figura do triângulo ocorre quando há a “convergência de linhas de tendência e retas de
suporte ou resistência”.
Os triângulos podem ser classificados de três formas: de alta (ou ascendente), de baixa (ou
descendente) e simétrico. O triângulo de alta ocorre, conforme explica Piazza (2010, p. 96), “pela convergência
de uma linha de tendência de alta com uma linha de resistência. O rompimento da linha de preços da saída da
figura deve ter o mesmo sentido da linha de preços da entrada da figura”. Isto pode ser observado no exemplo
a seguir:
Já o triângulo de baixa possui as mesmas características básicas, porém sua formação ocorre pela
convergência de uma linha de tendência de baixa com uma linha de suporte, como visto abaixo:
Por fim, Piazza (2010, p. 97) explica ainda o triângulo simétrico, o qual “é a representação do
equilíbrio quase equivalente entre os lados, o que resulta na convergência de duas linhas de tendência. O
rompimento pode acontecer para qualquer um dos lados, e vai demonstrar onde está a maior força do
mercado”. Abaixo seguem representações de triângulos simétricos de alta e de baixa:
Matsura (2007, p. 37) complementa ainda que estas figuras “são resultado de um breve período de
acomodação do preço, que, após uma pausa, volta a se movimentar na direção da tendências principal”.
A única diferença entre bandeiras e flâmulas é que, no gráfico, a bandeira apresenta uma formação
com linhas paralelas que formam um pequeno canal no sentido contrário ao da tendência principal. Já na figura
das flâmulas, tais linhas são convergentes, formando um triângulo. O exemplo abaixo mostra as duas figuras:
46
Figura 28 – Bandeira
Fonte: http://www.bastter.com/Mercado/Aprendizado/entendendo-o-mercado/analise-tecnica/bandeiras-e-flamulas.aspx
Figura 29 – Flâmula
Fonte: http://www.bastter.com/Mercado/Aprendizado/entendendo-o-mercado/analise-tecnica/bandeiras-e-flamulas.aspx
Por fim, Sá (1979, p. 138) salienta ainda que “o prazo máximo de duração deste tipo de formação são
quatro semanas. Ultrapassando este prazo, a formação não será deste tipo, mas de outro a ser analisado”.
3.3.2.3 Indicadores
Conforme explica Matsura (2007, p. 67), “esses gráficos procuram captar padrões resultantes do valor
médio de um período de preços, refletindo o comportamento médio de preços relativos, como o fechamento
em relação ao máximo ou o fechamento em relação ao volume”.
Um dos principais indicadores é conhecido como Índice de Força Relativa (IFR) que, conforme
explicam Bastos e Paz (2012, p. 133) “trata-se de um oscilador que busca mensurar a força compradora e
vendedora no intervalo de 14 períodos definidos pelo investidor”. Piazza (2010, p. 72) complementa ainda que
o IFR “é um oscilador e indica quando uma ação está se aproximando de um período de esgotamento, ou seja,
quando seus preços estão perdendo força”.
Através de um cálculo matemático, é obtido um índice que varia de 0 a 100, sendo que quanto mais
próximo de 100, mais sobrecomprado está o mercado, enquanto que quanto mais próximo de 0, mais
sobrevendido ele está. Este índice pode ser obtido a partir da aplicação da fórmula abaixo:
onde:
FR = Médias das variações dos fechamentos em ALTA ∕ Média das variações dos fechamentos em BAIXA
A recomendação de uso do IFR é elucidada por Bastos e Paz (2012, p. 133) que indicam que “os níveis
de 20 e 80 servem de referência para o mercado. Quando o IFR está acima de 80, está ficando bem
sobrecomprado e, quando abaixo de 20, está ficando bem sobrevendido. Alguns levam em consideração 30 e
70 como referência”.
Assim, quando o índice chega em algum destes extremos é provável a ocorrência de uma reversão , o
que pode ser melhor entendido a partir da visualização do exemplo abaixo:
48
No gráfico, observa-se que o IFR, representado pela linha azul, quando atinge seus picos superiores e
inferiores, indica o início de uma reversão dos preços do ativo, o que atesta sua eficiência quanto indicador e,
como salientam Bastos e Paz (2012, p. 133), “o IFR serve justamente para auxiliar e chamar a atenção para os
momentos em que essas correções podem ocorrer”.
Outro indicador muito observado na análise técnica diz respeito ao volume. Quanto a isso Piazza
(2010, p.66) destaca os estudos de Dow sobre este tema, o qual afirma que “a análise do volume negociado em
cada ativo ou índice nos momentos ‘chave’ do mercado é importante fator de confirmação de um movimento”.
Bastos e Paz (2012, p. 138) afirmam ainda que “se em dado momento o volume negociado começa a
aumentar em direção à tendência principal, efetivamente esse volume terá força suficiente para fazer os
preços seguirem pelo caminho a ser mostrado pela tendência identificada, tanto nos movimentos de alta como
nos de baixa”.
Resumindo, o volume pode ser tratado como um validador da tendência para os preços negociados,
classificando sua oscilação como verdadeira ou falsa, consistente ou de improvável continuidade. A figura
abaixo mostra a lógica do volume confirmando a tendência e, na seqüência, um exemplo de aplicação prática
da confirmação do volume para decisão de compra do ativo:
Já o estudo conhecido como estocástico, conforme explica Matsura (2007, p. 85), “enfatiza a relação
do preço de fechamento com os máximos e mínimos mais recentes, criando assim regiões de sobrecompra e
sobrevenda”. Isto torna tal estudo indicado para situações em que os movimentos de mercado encontram-se
lateralizados, sendo que sua lógica reside no fato de que os preços de um ativo tendem a subir quando eles
fecham, em sua maioria, mais próximas das máximas do dia e, ao contrário, tendem a cair quando fecham mais
constantemente perto das mínimas do dia.
%K = (Fechamento atual – menor Mínimo de ‘n’ dias) ∕ (maior Máximo de ‘n’ dias – menor Mínimo de ‘n’ dias)
Sendo que:
- quando o Fechamento se aproxima do maior Máximo, o %K se aproxima de 100;
- quando o Fechamento se aproxima do menor Mínimo, o %K se aproxima de 0;
- %D é uma média móvel de %K;
- a regra de compra e venda pode ser baseada no cruzamento da linha %K com a linha %D;
- comprar quando o %K cruzar o %D de baixo para cima;
- vender quando o %K cruzar o %D de cima para baixo.
Por fim, Bastos e Paz (2012, p.137) indicam que “é um indicador muito interessante para
oportunidades de day trade em mercados sem tendência, auxiliando operações baseadas em suporte e
resistência”.
Outro indicador muito popular foi criado por Gerald Appel em 1979, chamado de Moving Average
Convergence-Divergence (convergência-divergência da média móvel), ou simplesmente MACD. Matsura (2007,
p. 75) informa que “o MACD é o resultado da diferença de duas médias, ele é, na verdade, uma forma de
visualizar melhor, em um único gráfico, o que podemos ver por meio de dois gráficos de médias exponenciais”.
Diante disso, ele pode ser classificado como sendo um indicador rastreador de tendência e, por isso, não é
indicado para situações de mercado em que não há tendência definida, pois ele pode ocasionar falsos sinais a
partir de seu resultado. Seu funcionamento é explicado por Bastos e Paz (2012, p. 139), onde:
“(...) consiste no cruzamento de três médias móveis exponenciais, mas que aparecem nos gráficos com duas
linhas apenas, cujos cruzamentos geram sinais de compra e venda. A linha do MACD original é formada por
uma linha sólida denominada MACD, que corresponde às mudanças mais rápidas dos preços do movimento,
e uma linha pontilhada, denominada linha do sinal, formada pela própria linha do MACD, suavizada por
outra média móvel exponencial”.
Assim, quando a linha do MACD cruza para cima a linha do sinal, significa a ocorrência de maior
concentração de comprados, para o que é recomendável a compra do ativo, enquanto que a ocorrência do
inverso recomenda a venda. Abaixo segue exemplo deste tipo de indicador:
51
Por fim, outro indicador muito importante na análise técnica são as chamadas Bandas de Bollinger.
Bastos e Paz (2012, p. 140) ensinam que elas “consistem em duas linhas, uma na parte superior e outra na
parte inferior do gráfico, traçadas a partir de determinada distância de uma média móvel”. Matsura (2007, p.
77) complementa ainda que “a linha ou banda superior é a linha central mais duas vezes o seu desvio padrão e
a linha ou banda inferior é igual a linha central menos duas vezes o seu desvio padrão”.
A expectativa que baseia este tipo de formação é identificar uma possível reversão, indicada quando o
preço se afasta da banda superior (perda de força dos compradores, sinalizando a venda) ou da banda inferior
(perda de força dos vendedores, sinalizando a compra).
3.3.2.4 Candlesticks
Outra técnica classificada dentro do grupo da análise gráfica possui origem, segundo Matsura (2007),
no mercado de arroz do Japão por meados do século XVIII, e é baseada nas figuras conhecidas como
candlesticks.
Candlesticks, ou candles como são conhecidas mais comumente, são estruturas que representam o
comportamento de uma ação entre seu período de abertura e de fechamento, e a figura abaixo ajuda a
entender sua composição:
Como pode ser visto, os candles possuem um corpo retangular que representa o movimento do papel
entre o preço de abertura e de fechamento, sendo que o corpo dos candles de alta (quando o preço de
fechamento é maior que o de abertura) normalmente são representados na cor verde ou, ainda, sem nenhum
preenchimento (vazios). Já o corpo dos candles de baixa (quando o preço de fechamento é menor que o de
abertura), comumente são preenchidos (cheios), nas cores preta ou vermelha.
Outro componente importante do candle é o pavio (ou sombra), caracterizado como um traço fino
acima e abaixo do corpo do candle. Ele representa a variação de preços do papel ocorrida fora do intervalo de
abertura e fechamento, marcando seus preços máximos e mínimos. Logicamente, este componente não é
obrigatório, visto que, por exemplo, o preço de fechamento em um candle de alta pode representar também o
preço máximo da ação, situação esta que não formará um pavio.
Os candles podem ser analisados individualmente ou, também, pela ocorrência de combinações de
candles, sendo que neste último caso normalmente as indicações são mais confiáveis. Conforme Piazza (2010),
entre os candles básicos mais comuns estão os Dojis. Eles são caracterizados por apresentar corpo muito
estreito, com sombras também muito pequenas ou mesmo inexistentes. Eles representam um período de
indecisão entre compradores e vendedores, onde até que algo novo aconteça, a tendência é que o preço do
53
papel mantenha-se em equilíbrio. Abaixo pode ser vista a representação gráfica de um Doji, assim como
algumas de suas variações:
Semelhante ao Doji, porém com corpo um pouco maior, também há os candles Short Day e Spinning
Top. O primeiro é normalmente associado ao início de um período de equilíbrio entre compradores e
vendedores pois, conforme Matsura (2007), ele representa um dia em que nenhum dos preços (abertura,
máximo, mínimo ou fechamento) teve movimento significativo, podendo assim ser interpretado como um
movimento de enfraquecimento da força dominante, podendo ocorrer uma reversão de tendência, ou ainda
apenas um período de ‘descanso’ da força dominante antes de um continuidade da tendência. Assim, os
movimentos seguintes ao aparecimento de um candle Short Day serão decisivos para sua interpretação.
Já o candle Spinning Top diferencia-se apenas por possuir pavios mais longos, indicando que apesar da
existência do equilíbrio de força entre compradores e vendedores, isto não ocorreu sem antes ter sido
verificada uma volatilidade significativa no período.
Os candles Long Day e Marubozu também são bastante comuns, possuindo características e
interpretações semelhantes. Ao contrário porém dos candles vistos anteriormente, estes possuem corpo
alongado, representando um período em que houve um predomínio de um dos lados, seja da força
compradora ou da força vendedora. Como pode ser visto na figura abaixo, a única diferença entre o candle
54
Long Day e o candle Marubozu é que neste último não há ocorrência de pavio, ou seja, denota um movimento
de total domínio da força compradora ou vendedora no dia. Na figura abaixo, podem ser vistas as diferentes
configurações destes candles, assim como as interpretações a eles relacionadas:
Além dos candles básicos, a ocorrência de combinações de diversos candles também recebe nomes e
interpretações específicos. Estes padrões normalmente são associados a momentos de reversão de tendência,
ou seja, indicam uma oportunidade de compra ou venda do papel.
Uma das formações mais comuns, conforme Paz e Bastos (2012), é conhecida como Martelo, que pode
ser de alta (hammer) ou de baixa (hanging man). Ele pode ser identificado por possuir um corpo pequeno, mas
com um pavio duas ou três vezes maior, ocorrendo sempre ao final de uma seqüência de candles em tendência
de baixa (hammer) ou de alta (hanging man). Sua interpretação está relacionada a perda de impulso da força
dominante, sendo que o dia seguinte apresenta grande probabilidade de ser marcado pela reversão da
tendência.
Semelhante ao Martelo, o candle Estrela Cadente entretanto possui figura exatamente oposta à do
Martelo, ou seja, o pavio estará localizado acima do corpo. De acordo com Piazza (2010), outra diferença é que
ela aparecerá sempre ao final de uma tendência de alta, indicando o esgotamento da força compradora.
O Harami (mulher grávida) é outra formação comum, e é caracterizado por Matsura (2007) como uma
composição de dois candles, sendo que o corpo real do segundo candle será envolvido pelo corpo real do
candle anterior. Ambos apresentarão pavios pequenos e a direção do movimento (se de alta ou de baixa) do
segundo candle é indiferente. Sua lógica indica que o mercado abre e fecha dentro da faixa de preços do dia
anterior, denotando um equilíbrio entre as forças compradoras e vendedoras e a perda de fôlego da tendência
predominante.
Ainda, conforme Bastos e Paz (2012), os padrões de engolfamento são semelhantes ao Harami, mas
diferem no fato de que o corpo real de menor tamanho aparecerá antes do de maior tamanho e, além disso,
deverão apresentar preenchimento alternado. Esta combinação é um dos indicativos mais confiáveis de
reversão de tendência e ocorrem comumente em topos e fundos principais.
Outra figura comum é conhecida por Bebê Abandonado, podendo ocorrer no topo ou no fundo de
uma tendência. Ele se configura quando um movimento de alta ou de baixa ganha um impulso extra, formando
um gap total entre o primeiro candle e o segundo. Este segundo candle, entretanto, abre e fecha muito
próximo do mesmo preço e, na seqüência, forma-se um novo gap total, com um terceiro candle apresentando
preenchimento oposto ao do primeiro e confirmando a reversão de tendência.
Muito parecido com o Bebê Abandonado, as combinações Estrela da Manhã (reversão de tendência de
baixa) e Estrela da Tarde (reversão de tendência de alta) também apresentam corpo pequeno, indicando
equilíbrio de forças entre o lado comprador e o lado vendedor. Porém, a diferença para o Bebê Abandonado é
que enquanto este exige um gap total, ou seja, a ocorrência de um espaço vazio entre o primeiro e terceiro
candles, as combinações de Estrela são válidas quando observado um simples gap de corpo.
57
Como já mencionado anteriormente, as técnicas vistas até aqui, relacionadas à escola grafista, são
mais associadas ao curto prazo, que consideram um período de tempo de poucos dias tanto para fins de
análise quanto para duração do investimento.
A outra grande vertente que aborda as perspectivas de retorno e risco associados a uma ação é a
chamada análise fundamentalista. De acordo com Assaf Neto (2001, p. 236), ela “adota a hipótese da
existência de um valor intrínseco para cada ação, com base nos resultados apurados pela empresa emitente”.
A origem deste tipo de análise remonta, segundo a Comissão de Valores Mobiliários (2014, p.348) “ao
crash da Bolsa de Valores nos Estados Unidos em 1929 e à depressão econômica que se seguiu, e durou
praticamente toda a década de 30”. Isto porque ficou claro naquele momento que cada vez mais era
necessário avaliar o desempenho financeiro e contábil das empresas para verificar, por exemplo, sua
capacidade de crescimento e geração de lucros.
Para isso, Oliveira e Pacheco (2010, p.145), explicam que “a análise fundamentalista utiliza as
informações relativas à empresa (como demonstrações financeiras, perspectivas de investimentos e o setor em
que atua); à economia do país (como taxa de juros e câmbio) e a outros países, a fim de projetar o
comportamento futuro das variáveis relacionadas à empresa”.
A partir das conclusões obtidas com estas informações, o analista busca identificar as diferenças
ocorridas entre o valor intrínseco da ação e o preço de mercado praticado, indicando se ela está subavaliado ou
superavaliado, o que irá determinar sua decisão de investimento para compra ou venda do papel.
58
“ (...) diz-se que uma ação está subavaliada quando o preço de mercado (cotação) da ação está abaixo do
seu valor calculado pelas técnicas fundamentalistas. O analista, quando acha que uma ação está subavaliada
e recomenda sua compra, acredita saber mais do que o mercado naquele momento e que, quando o
mercado descobrir o que ele sabe, demandará maior quantidades de ação e provocará conseqüentemente
uma alta do preço da ação até o limite do valor por ele calculado. Essa crença de que o mercado
reconhecerá seu erro é o ponto básico de toda a análise fundamentalista”.
Como pode ser facilmente deduzido, os analistas da escola fundamentalista devem reunir um grande
conjunto de conhecimento para que seja realizada a correta interpretação das informações disponíveis. Assim,
nos subtítulos seguintes, serão vistos alguns dos principais pontos por eles estudados.
Muito embora a grande diversidade de segmentos e empresas que integram o mercado de capitais, a
análise fundamentalista desenvolveu indicadores que possibilitam realizar comparações entre cada uma delas,
sempre com o objetivo de determinar o real valor de uma ação e, com isto, identificar as melhores
oportunidades para compra ou venda. Nisto, Sá (1979) cita aquelas que são consideradas as principais
estimativas:
- taxa de desconto que será utilizada pelos investidores em função da conjuntura e de suas
expectativas.
A lógica inerente ao primeiro item, o Lucro por ação (LPA), tem por base ilustrar, conforme explica
Assaf Neto (2001, p.238), “o benefício (lucro) auferido por ação emitida pela empresa, ou seja, do resultado
líquido (após o IR) obtido em determinado período, quanto compete a cada ação emitida”. A fórmula para este
índice é ilustrado pela expressão que segue:
59
É importante ainda salientar que muito embora este indicador seja uma medida de retorno do lucro
da empresa, ele não retrata o quanto cada acionista irá receber em função do capital investido, visto que a
parcela do lucro líquido a ser distribuído é definido pela política de dividendos da empresa.
Outro tradicional quociente de medida adotado pela escola fundamentalista é o chamado Índice
Preço∕Lucro (P∕L), que calcula a relação entre o preço de aquisição do título e seu lucro unitário (LPA).
Conforme explica Assaf Neto (2001, p.238), “uma característica do indicador é a simplicidade de cálculo,
tornando-o bastante utilizado na avaliação dos preços de mercado das ações”. A fórmula do cálculo é a
seguinte:
Assim, este cálculo permite ao analista identificar, basicamente, quanto tempo (normalmente medido
em anos ou exercícios) que um investidor levaria para recuperar o capital investido. Claro que, conforme
salientado anteriormente, isto pode não se concretizar sob o ponto de vista da realização financeira devido a
política de dividendos adotada pela empresa.
Outros fatores podem, ainda, distorcer este índice, visto que o resultado de uma empresa pode estar
fortemente correlacionado ao desempenho de mercado, econômico ou outros fatores exógenos, que podem
comprometer a estimativa de lucro da empresa e, portanto, o cálculo do P∕L. Porém, normalmente tais fatores
também são considerados nas análises conclusivas para decisão de investimento.
Nisto, os fluxos de caixa seriam representados pelos dividendos esperados, calculados com base nas
taxas de crescimento da empresa e em sua política de distribuição de dividendos. Desta forma, é possível
estimar o preço ideal a ser pago por uma ação mediante uma taxa de retorno previamente estabelecida. Isto
pode ser calculado conforme fórmula a seguir:
P0 = (Dn∕1+K)ⁿ + (Pn∕1+K) ⁿ
onde:
P0 = valor de aquisição (intrínseco) da ação;
Dn = dividendo previsto de receber ao final do período (na data da venda da ação);
Pn = preço de venda da ação ao final do período;
K = taxa de desconto que representa o retorno requerido (esperado) pelo investidor na aplicação
60
Dessa forma, conforme conclui Assaf Neto (2001, p.243), “para qualquer prazo definido da aplicação, e
quaisquer que sejam os valores e os critérios de recebimento dos benefícios, a identidade sugerida permite
que sejam calculados o valor teórico (intrínseco) de compra e o de venda da ação (P0), assim como apurada a
taxa de retorno (K) esperado do investimento”.
O Valor Patrimonial da Ação (VPA) é outro índice muito utilizado, o qual representa a divisão do
Patrimônio Líquido da empresa pelo número total de ações, cuja fórmula é a que segue:
Por fim, a análise fundamentalista utiliza ainda outros indicadores que, não necessariamente estão
vinculados ao retorno do investimento, mas que também consideram os dados contábeis das empresas para
identificar informações consideradas relevantes para tomada de decisão para compra ou venda do papel como,
por exemplo, indicadores de liquidez, de rentabilidade ou de eficiência operacional. Tais dados auxiliam o
analista ou o investidor a obter uma visão mais completa a respeito da empresa com base nos balanços
divulgados, seja através de uma análise vertical, quando é comparado o peso de cada conta contábil em
relação ao total de ativos da empresa, ou de uma análise horizontal, que mostra a evolução de cada conta
contábil de um período para outro.
Nisto, conforme explica Castro (1979), alguns dos indicadores de liquidez mais importantes podem ser
vistos no quadro abaixo:
Nome Fórmula
Liquidez Instantânea ILI = Ativo Disponível ∕ Passivo exigível a Curto Prazo
Liquidez Corrente ILC = Ativo Disponível + Ativo Realizável a Curto Prazo ∕ Passivo exigível a Curto Prazo
Liquidez Seca ILS = Ativo Disponível + Ativo Realizável a Curto Prazo – Estoque ∕ Passivo Exigível a Curto Prazo
Liquidez Geral ILG = Ativo Disponível + Ativo Realizável a Curto Prazo ∕ Passivo Exigível a Curto Prazo
Quadro 1: Indicadores de liquidez
Fonte: Castro (1979)
Outro grupo importante, segundo o mesmo autor ainda, são as medidas de endividamento, que
podem ser resumidas da seguinte forma:
Nome Fórmula
Exigível Total sobre Ativo Total E∕A = Exigível Total ∕ Ativo Total
Exigível Total sobre Patrimônio Líquido ET∕PL = Exigível Total ∕ Patrimônio Líquido
Quadro 2: Indicadores de endividamento
Fonte: Castro (1979)
61
As medidas de rentabilidade também são comumente analisadas, entre as quais as principais são:
Nome Fórmula
Margem Operacional MO = Lucro Operacional ∕ Vendas
Margem Líquida ML = Lucro Líquido (após IR) ∕ Vendas
Giro do Ativo Operacional GAO = Vendas ∕ Ativo Operacional Médio
Giro do Ativo Total GAT = Vendas ∕ Ativo Total Médio
Retorno sobre o Investimento Operacional ROI = Lucro Operacional ∕ Ativo Operacional Médio
Retorno sobre o Investimento Total RIT = Lucro Líquido ∕ Ativo Total Médio
Rentabilidade do Patrimônio Líquido RPL = Lucro Líquido ∕ Patrimônio Líquido
Quadro 3: Indicadores de rentabilidade
Fonte: Castro (1979)
Assim, como explicam Oliveira e Pacheco (2010), as informações relativas ao desempenho das
empresas auxiliam a projetar o comportamento futuro das variáveis a elas relacionadas e, em conseqüência, ao
futuro da empresa. Caso o retorno esperado da ação, ou seja, a diferença entre o preço de mercado atual e o
preço futuro projetado, seja atraente, pode ficar caracterizado um momento adequado para compra do ativo.
Para isso, a análise fundamentalista procura estabelecer uma relação entre indicadores
macroeconômicos e sua influência nos resultados da empresa. Alguns dos indicadores mais utilizados neste
tipo de avaliação são o Produto Interno Bruto (PIB), as taxa de juros do mercado, o câmbio e a inflação.
Com relação ao PIB, Assaf Neto (2001, p.28) ensina que “o produto interno de uma economia
representa o valor, a preços de mercado, dos bens e serviços realizados num país em certo período de tempo,
normalmente um ano”. Tal medida pode ser utilizada para verificar o grau de desenvolvimento da atividade
produtiva de um país, o que denota uma melhoria do nível de vida e consumo da população, tornando-o uma
medida do bem-estar econômico do país. Assim, para uma conclusão analítica, um PIB crescente representa
um ambiente produtivo e um mercado de consumo favoráveis ao desenvolvimento de uma empresa.
Já as taxas de juros de mercado possuem uma associação mais próxima, na percepção do investidor,
com a idéia de risco e retorno e de consumir ou poupar e, na visão das empresas, sobre a decisão de investir ou
não. Isto porque, conforme Oliveira e Pacheco (2010, p.38):
62
“(...) a taxa de juros representa a remuneração pelo emprego de um dos fatores de produção: o capital. Os
juros são parte fundamental do processo de intermediação financeira, pois funcionam como o “estímulo”
que o agente superavitário tem para deixar de consumir no presente e consumir mais no futuro, bem como
o custo com que um agente deficitário arcará para financiar seus investimentos. Por esse motivo, quando
ocorre uma elevação da taxa de juros, verifica-se um retração dos investimentos, o que reduz também o
nível de atividade econômica. De maneira inversa, quando ocorre uma redução da taxa de juros, verifica-se
um incremento do nível de investimentos, fundamental para o crescimento econômico”.
No Brasil, a taxa básica de juros do país é representada pela taxa Selic, definida pelo Comitê de Política
Monetária (COPOM), o qual “analisa o cenário macroeconômico e todos os fatores que afetam as decisões dos
agentes no momento de poupar ou consumir, ou então de investir, no caso das empresas, e define a taxa de
juros que manterá o equilíbrio entre oferta e demanda agregada” (OLIVEIRA e PACHECO, 2010, p.39).
Na prática, a taxa Selic é determinada pela oferta e procura por liquidez nas operações de mercado
aberto entre instituições financeiras e o Banco Central, o qual procura mantê-la em um nível compatível com a
meta definida pelo Copom.
Outro indicador de taxa de juros muito utilizado na escola fundamentalista e que serve de referência
para diversas modalidades de instrumentos financeiros é o CDI, ou Certificados de Depósitos Interfinanceiros,
divulgado diariamente pela Central de Custódia e de Liquidação Financeira de títulos (Cetip) com base nas
movimentações do dia anterior. Ele decorre da taxa média de operações realizadas no mercado interfinanceiro
entre instituições bancárias, que buscam equacionar eventuais sobras ou faltas de recursos oriundas de suas
operações de captação, aplicação e compulsórios.
Já para fins de remuneração de contratos de longo prazo, tais quais as linhas de financiamento do
BNDES, foi criada a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), que segundo Oliveira e Pacheco (2010, p.47) “é
definida pelo CMN e divulgada pelo Banco Central, com prazo de vigência de três meses”. Para sua definição
são consideradas as taxas de juros dos títulos da dívida externa e interna do Brasil, de acordo com critérios de
peso estabelecidos pelo Banco Central.
Quanto à inflação, os mesmos autores dizem ainda que ela pode ser verificada quando ocorre uma
alta generalizada e persistente do nível de preços em uma economia, sendo ela uma conseqüência de um
desequilíbrio monetário e ou estruturais de uma economia. De modo geral, a inflação é classificada em quatro
tipos, de acordo com os fatores que as provocam: inflação de demanda, insuficiência de oferta, desvalorização
cambial e a inflação inercial.
Assim, conforme explicam Oliveira e Pacheco (2010), como alternativa para medir a inflação são
utilizados os chamados índices de preços, que procuram quantificar o aumento contínuo e generalizado dos
preços. Entre os diversos índices existentes, os mais utilizados são o Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) e
o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
63
O IGP-M é medido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e visa medir a variação dos preços da
economia, ponderando produção e consumo. A composição deste índice engloba uma ponderação entre a
variação de preços de três segmentos, sendo o Índice de Preços no Atacado (IPA), Índice de Preços ao
Consumidor (IPC) e o Índice Nacional da Construção Civil (INCC), com peso de respectivamente 60%, 30% e
10%. A coleta de preços ocorre entre o 21º dia do mês anterior e o 20º dia do mês de referência, sendo então
divulgado aproximadamente no dia 29 do mês de referência.
Já o IPCA é medido pelo IBGE e é utilizado como medida de inflação abrangendo famílias com
rendimento mensal na faixa de 1 a 40 salários mínimos, sendo que este indicador tornou-se a referência para a
política de metas inflacionárias do Banco Central. Ele é medido em 11 capitais brasileiras e o levantamento de
preços é realizado ente o primeiro e o última dia do mês de referência, enquanto que sua divulgação ocorre no
dia 15 do mês seguinte ao de referência.
Outro fator proeminente na análise fundamentalista são as variações cambiais, ou seja, aquelas
relacionadas à oscilação das principais moedas mundiais. Isto porque, em um ambiente de negócios cada vez
mais globalizado, inúmeras empresas e, até mesmo a economia de um país inteiro, tem seus resultados
atrelados a esta volatilidade, devido a existência de obrigações, contratos de venda ou de importação atreladas
a moedas estrangeiras. Assim, o desempenho de mercado das principais moedas também são acompanhados,
em especial o dólar americano, o euro e o yuan.
Por fim, outros indicadores importantes avaliados pela escola fundamentalista são os índices do
mercado que, como explica Assaf Neto (2001, p.229), “refletem o comportamento do mercado em
determinado período de tempo”. Tais índices representam a média de oscilações de diversas empresas,
selecionadas de acordo com o objetivo de cada tipo índice.
No Brasil, o mais importante e utilizado é o Índice Ibovespa, composto por uma carteira de ações que
atendem a critérios específicos, abaixo listados, de acordo com Oliveira e Pacheco (2010, p.151):
- estar incluída em uma relação de ações cujos índices de negociabilidade somados representem 80%
do valor acumulado de todos os índices individuais;
Índices de mercado internacionais também podem fazer parte da análise fundamentalista. Para isto,
são utilizados índices que medem o desempenho das negociações realizadas em Bolsas de Valores de todo o
mundo, destacando-se o Índice Dow Jones Industrial, o Índice Standard & Poor’s 500 (S&P500), o New York
Stock Exchange (NYSE) e o Índice Nasdaq, todos estes representantes do mercado acionário norte-americano,
além do índice Nikkei, do mercado japonês, e das bolsas européias, em especial as de Frankfurt (Alemanha) e
Londres (Inglaterra). Recentemente, a bolsa chinesa também passou a exercer grande influência sobre o
desempenho do mercado acionário global.
A partir do que foi visto nos subtítulos anteriores, pode-se concluir que qualquer tipo de análise
baseada na escola fundamentalista depende muito da credibilidade das informações utilizadas no processo
analítico. Enquanto nos indicadores econômicos e de mercado são utilizadas fontes oficiais ou de instituições
de reconhecida competência, no caso das empresas de capital aberto são elas próprias as responsáveis pela
divulgação de seus dados contábeis ou de outras informações relevantes para o mercado.
Diante disso, com o objetivo de garantir a maior transparência possível e permitir que todos os perfis
de investidores tenham acesso ao mesmo nível de informações, as empresas passaram a adotar práticas de
governança corporativa que, como explicam Oliveira e Pacheco (2010, p.154), “é o esforço contínuo em alinhar
os objetivos da administração das empresas aos interesses dos acionistas”.
A Comissão de Valores Mobiliários (2014, p.142) complementa ainda que “governança corporativa é o
conjunto de práticas que tem por finalidade otimizar o desempenho de uma companhia e favorecer sua
longevidade ao proteger todas as partes interessadas, tais como investidores, empregados e credores”.
Basicamente, a função das práticas de governança aplicadas ao mercado de capitais buscam atender a
três princípios básicos, descritos como transparência, equidade de tratamento dos acionistas e prestação de
contas. Assim, as empresas com as melhores práticas de governança proporcionariam maior segurança ao
investidor que nelas detivesse sua análise o que, em tese, resultaria num maior grau de confiança e segurança
para tomada de decisão, o que significa, em outras palavras, diminuição do risco do investimento.
Para melhor organizar o mercado de ações a partir das boas práticas de governança corporativa
adotadas pelas empresas, a Bovespa instituiu uma classificação diferenciada de acordo com o grau de
compromisso assumido pela companhia, chamados de Nível 1, Nível 2 e Novo Mercado. Oliveira e Pacheco
(2010) detalham cada um destes níveis, conforme abaixo:
- Nível 2: além das regras de transparência e dispersão acionária exigidas no Nível 1, contempla
também as de equilíbrio de direitos entre acionistas controladores e minoritários;
- Novo Mercado: conjunto ainda mais amplo de práticas de governança. A grande diferença do Novo
Mercado para os Níveis I e II é a proibição de emissão de ações preferenciais. Nessa categoria, as empresas
devem ter somente ações ordinárias.
Diante disso, a instituição de práticas de Governança Corporativa nas empresas coaduna com a adoção
de um conjunto de práticas de gestão, controle e supervisão que possam garantir o atingimento dos objetivos
dos diversos stakeholders, além da estruturação do organograma da empresa de modo a permitir que não haja
conflito de interesses diversos no exercício de suas atividades. Nisto, a Comissão de Valores Mobiliários
demonstra um exemplo de organograma recomendável, como pode ser visto na figura abaixo:
Figura
Figura 47: O sistema de governança corporativa
Fonte: Comissão de Valores Mobiliários, 2014.
Por fim, como conclui a Comissão de Valores Mobiliários (2014, p.158), “governança nada mais é do
que um sistema de administração e exercício de poder nas organizações”.
A Teoria dos Jogos, segundo Sartini (2004 p.1), “é uma teoria matemática criada para se modelar
fenômenos que podem ser observados quando dois ou mais agentes de decisão interagem entre si, fornecendo
linguagem para a descrição de processos conscientes e objetivos envolvendo mais do que um indivíduo”.
66
Esta área de estudo originou-se com o trabalho do matemático John Von Neumann e do economista
Oscar Morgenstern, que publicaram em 1944 o clássico ‘The Theory of Games and Economic Behaviour’, e, em
seqüência, com os artigos publicados pelo também matemático John Forbes Nash Jr. em 1950, com destaque
para ‘Non-cooperative games’, que lhe rendeu um prêmio Nobel. Atualmente, nota-se a importância do
trabalho destes estudiosos quando verificada a extensa lista de áreas onde os princípios da Teoria dos Jogos
possuem aplicação prática. Começando pela própria Economia e Matemática, mas passando também por áreas
como Biologia, Sociologia, Medicina, Administração de Empresas e Direito, citando algumas apenas, todas elas
já incorporaram conceitos originários da Teoria dos Jogos.
Apesar de incipiente, este ramo de estudo, como cita Sartini (2004, p.1), “formará em algum dia o
alicerce de um conhecimento técnico estrito de como decisões são feitas e de como a economia funciona”.
Porém, continua ela, “o desenvolvimento da teoria ainda não atingiu este patamar e, hoje, a teoria dos jogos é
mais estudada em seus aspectos matemáticos puros e, em aplicações, ela é usada como uma ferramenta ou
alegoria que auxiliam no entendimento de sistemas mais complicados”.
Nisto, cabe salientar, de forma resumida, as conclusões de outro ganhador de prêmio Nobel, o
economista Alvin Roth (2002), em seu trabalho ‘The Economist as Engineer: Game Theory, Experimentation and
Computation as Tools for Design Economics’, onde ele defende que o futuro da Economia passa pelo uso
conjunto da Teoria dos Jogos, análise computacional e experimentação para que possam ser compreendidos
não só os princípios gerais que regem as interações econômicas, mas também como este mesmo
conhecimento pode ser traduzido com sucesso para questões práticas de microeconomia.
Para o correto entendimento da Teoria dos Jogos, faz-se necessário em primeiro lugar entender quais
são os elementos essenciais à formação de um jogo.
Em primeiro lugar, todo jogo possui um conjunto finito de jogadores, os quais podem ser
representados da seguinte forma:
Em seguida, tem-se que cada jogador g1 Є G possui um conjunto finito de opções (estratégias puras),
os quais podem ser representados da seguinte forma:
Em continuidade, pode-se concluir que um vetor s = (s1g1, s2g2, ...., sngn), onde s1g1 é uma estratégia
pura para o jogador g1 Є G, é denominado um perfil de estratégia pura. O conjunto de todos os perfis de
estratégia pura formam, portanto, o produto cartesiano que é denominado de espaço de estratégia pura do
jogo:
Por fim, outro elemento fundamental no jogo é conhecido como função utilidade (u), também
chamado de ganho ou payoff. Assim, para o jogador g1 Є G, existe uma função utilidade que associa o ganho
(payoff) u1(s) para cada perfil de estratégia pura s Є S.
Conforme visto acima, e como bem resume Sartini (2004), o elemento básico de um jogo é o conjunto
de jogadores que dele participam, para cada qual há um conjunto de estratégias. Quando cada jogador escolhe
sua estratégia, temos então uma situação ou perfil no espaço de todas as situações possíveis, onde cada
jogador tem uma preferência por uma situação do jogo. Tal determinação é o que se chama, em termos
matemáticos, de função utilidade, que atribui um número real (o ganho ou payoff do jogador) a cada situação
do jogo.
Para melhor representar uma situação de um jogo normal e a dificuldade de análise a partir de suas
características, utilizemos o exemplo clássico aplicado à Teoria dos Jogos, criado por Albert W. Tucker em 1950,
conhecido como o Dilema do Prisioneiro.
Digamos que dois indivíduos, A e B, suspeitos de um crime, são capturados pela polícia. Cada um deles
é interrogado, separadamente, sem possibilidade de contato entre si. A eles são oferecidas duas propostas:
permanecer em silêncio ou testemunhar contra o outro. Caso um suspeito testemunhe contra o outro e este
permanecer em silêncio, o que permaneceu em silêncio pega 10 anos de prisão, enquanto o outro é libertado.
Se ambos ficarem em silêncio, os dois ficam presos por apenas 1 ano. Por fim, se um testemunhar contra o
outro, ambos pegam cinco anos de prisão.
Individualmente, cada suspeito tem apenas uma decisão: permanecer em silêncio ou testemunhar
contra o outro. Porém, existem quatro combinações possíveis de resultado, de acordo com a união das duas
decisões. Assim, para melhor representar todas as opções de resposta para o dilema dos prisioneiros,
utilizamos uma matriz de ganho, conforme abaixo:
68
Indivíduo B
Testemunhar Ficar em silêncio
Testemunhar -5, -5 0, -10
Indivíduo A
Ficar em silêncio -10, 0 -1, -1
No quadro acima, as linhas representam as decisões de um jogador, e as colunas de outro, sendo que
as células mostram as quatro possíveis combinações de resultados para cada jogador. Diante desta
representação, pode-se dizer que se o indivíduo ‘A’ optar por testemunhar, seu retorno poderá ser de -5 ou 0,
enquanto que se ficar em silêncio, será de -10 ou -1.
Como o indivíduo ‘A’ não tem nenhum indicativo de que o indivíduo ‘B’ irá cooperar, sua opção
racional seria, portanto, de testemunhar. Como ‘B’ pensa da mesma forma, o resultado do jogo será (-5, -5).
Embora haja na matriz de ganho outra possibilidade que é melhor para os dois, pois se ambos
ficassem em silêncio o resultado seria (-1, -1), as características do jogo levam a decisão de testemunhar, pois o
risco dos resultados possíveis associados a estratégia de ficar em silêncio são altos o suficiente para justificar
tal escolha.
Por fim, este exemplo relata uma das situações mais básicas de um jogo. Digamos, entretanto, que na
situação do Dilema do Prisioneiro seja feita uma segunda acareação com os suspeitos, informando-os da
resposta que o outro indivíduo deu e pedindo para que tomem uma nova decisão com base nesta nova
informação. Somente este simples fato já muda totalmente a definição e a solução do jogo e, como conclui
Prado (1999), “caso o jogo seja repetido diversas vezes, as características do jogo serão diferentes, e dependem
do conhecimento dos participantes do número de vezes em que irão interagir”.
Assim, para aprofundar um pouco mais a noção relativa a Teoria dos Jogos, o próximo subtítulo irá
tratar de algumas definições que também se fazem importantes para este estudo.
A partir do exemplo apresentado no subtítulo anterior, ficam evidenciados pelo menos dois pontos:
primeiro, um problema relativamente complexo possui fácil solução, de forma racional, quando representado
sob os fundamentos da Teoria dos Jogos; segundo, este mesmo problema, assim como sua solução, alcançam
nível significativamente mais alto de complexidade quando um fato novo (no caso, a inclusão de uma nova
interação) altera a característica do jogo.
Assim, na Teoria dos Jogos, também é fundamental o entendimento a respeito de outros conceitos
que tem potencial, segundo Azevedo (2004), de influenciar a dinâmica do jogo sob diferentes perspectivas,
quando incluídas variáveis como cooperação entre agentes, seqüência de jogadas, as informações disponíveis
para cada agente ou as estratégias, como explicado abaixo:
69
“Do ponto de vista da cooperação, os jogos podem ser cooperativos ou não cooperativos. No jogo
cooperativo os agentes podem comunicar-se, fazendo acordos sobre suas decisões, como é o caso de um
cartel. Barganhas podem existir nesse tipo de jogo. O jogo cooperativo pode se dar com ou sem conflito. No
jogo não cooperativo não há comunicação ou acordo entre os agentes. O jogo não cooperativo pode existir,
também, com ou sem conflito. Do ponto de vista da seqüência das jogadas, os jogos podem ser simultâneos
(estratégicos ou estáticos) ou jogos com movimentos seqüenciais (extensivos ou dinâmicos). Do ponto de
vista do tipo de informação disponível aos agentes, os jogos podem ser classificados quanto ao fato da
informação ser perfeita ou imperfeita, completa ou incompleta, certa ou incerta, simétrica ou assimétrica.
Do ponto de vista das estratégias, os jogos podem conter estratégias puras, misturas, correlatas e contínuas”
(AZEVEDO, 2004, p.37) .
Na verdade, o clássico exemplo do Dilema dos Prisioneiros é uma das situações mais simples que se
pode conceber na Teoria dos Jogos, com dois jogadores e duas estratégias. Além disso, conforme explica
Gomes (2012, p.3), “por um lado existe informação completa, no sentido em que cada jogador está
perfeitamente informado sobre os resultados que o outro jogador pode obter em virtude da situação de
interação. Por outro lado, o jogo é estático, no sentido em que os agentes fazem as suas escolhas em
simultâneo”. Assim, este tipo de jogo pode ser definido como um jogo em forma normal e com informação
completa.
A partir do exemplo acima, pode-se notar que a definição de um jogo depende, fundamentalmente,
de suas regras e das características de seus principais componentes, como os jogadores, suas estratégias e
resultados. Como explica Pereira (2014), um jogador normalmente é caracterizado por ser um indivíduo, uma
empresa ou um governo, porém qualquer elemento do jogo que possua uma estratégia será considerado um
jogador. Esta estratégia, assim como o payoff ou resultado do jogo, podem ser expressos em unidades
monetárias, unidades de satisfação, utilidade ou qualquer símbolo que possa ser relevante na situação do jogo.
Já o resultado teórico ou objetivo é expresso em termos de combinação de estratégias, que pode ser uma ou
várias combinações, entre aquelas que se apresentam racionalmente como as mais prováveis para a escolha
dos jogadores.
Uma classificação importante dos jogos é realizada pela quantidade, forma ou ordem em que são
realizadas as escolhas dos jogadores. Nisto, os jogos podem ser ditos como simultâneos, quando todos os
jogadores fazem movimentos ao mesmo tempo ou eles são invisíveis aos demais jogadores ou seqüenciais,
quando há algum tipo de ordem nos movimentos realizados.
É importante salientar que em cada uma destas situações de movimento, logicamente, a estratégia
dos jogadores também será diferente. Isto porque, enquanto num jogo simultâneo o jogador deverá escolher
sua estratégia com base no que ele espera que os demais jogadores façam, buscando seu melhor resultado,
num jogo seqüencial o primeiro movimento de um jogador irá influenciar os movimentos seguintes dos demais
componentes do jogo, até que ocorra o resultado final.
70
Outra definição importante ocorre com relação à informação disponível no jogo. Nisto, Azevedo
(2004) explica que no jogo de informação simétrica (ou incompleta) nenhum agente tem informação diferente
do outro quando ele se move. Isto é, não pode haver vantagem de informação. No jogo de informação
completa o ambiente não se move no início ou, se ele se move, o movimento é observado por todos os
agentes. Além disso, todos têm acesso às informações dos estágios anteriores.
Neste ponto, cabe destacar outro fator crucial, que é o da existência de cooperação ou não entre os
jogadores. Em primeiro lugar, para que seja possível um ambiente de cooperação, deve ser permitida a
comunicação entre jogadores, que poderão realizar acordos conforme suas melhores estratégias conjuntas,
aplicando-os ao jogo. Porém, a maior parte dos jogos são classificados como não cooperativos, mesmo que em
alguns deles possa existir uma cooperação parcial entre jogadores.
Por fim, os jogos também podem ser classificados de acordo com os resultados esperados. Nisto, a
denominação mais popular ocorre com os jogos conhecidos como de soma nula (ou soma zero), que ocorrem
quando o ganho de um jogador é equivalente à perda do outro.
Sartini (2004, p.8) afirma que “uma solução de um jogo é uma prescrição ou previsão sobre o
resultado do jogo”. Para tanto, desenvolveram-se dentro da Teoria dos Jogos conceitos importantes que
buscam explicar, com embasamento matemático e lógico, o resultado esperado para diferentes tipos de jogos,
com destaque para os conceitos de dominância, do teorema mini-max de Von Neumann, do equilíbrio de Nash
e de estratégias mistas.
Antes, porém, de detalhar estes conceitos, faz-se imprescindível destacar que a busca por soluções na
Teoria dos Jogos parte do pressuposto, inegociável, de que as decisões dos jogadores sempre serão tomadas
com base em critérios estritamente racionais, com o objetivo de maximizar seus ganhos ou minimizar suas
perdas. E este ponto é importante porque em muitos dos cenários em que há a aplicação prática da Teoria dos
Jogos, a racionalidade pode não ser o principal balizador na escolha das estratégias. A título de exemplo, em
um cenário que envolva um jogador humano, este poderá tomar uma decisão com base altruísta e não
racional, o que possivelmente irá afetar o comportamento dos demais jogadores e a solução final do jogo. Isto
posto, espera-se que o comportamento normal dos jogadores, entretanto, seja o de buscar o melhor resultado
possível dentre as características do jogo, as estratégias que estão ao seu alcance e a atuação dos demais
jogadores.
Assim, dentre as soluções possíveis para um jogo, uma das definições mais comuns é a da estratégia
dominante, onde Gomes (2012, p.4) explica que “para qualquer dos jogadores, a estratégia escolhida designa-
71
se dominante se ela é a melhor para o jogador independentemente da estratégia do outro jogador”. Para
melhor exemplificar este conceito, considere a tabela abaixo:
Jogador B
e1 e2
E1 (a11, b11) (a12, b12)
Jogador A
E2 (a21, b21) (a22 ,b22)
Quadro 4: Matriz de estratégias
Fonte: Gomes (2012)
A estratégia E1, por exemplo, será uma estratégia dominante para o Jogador A se verificada a seguinte
condição lógica:
Isto significa dizer basicamente que, para qualquer escolha que o ‘Jogador B’ faça, ainda assim a
estratégia E1 do ‘Jogador A’ lhe trará os melhores resultados sendo, portanto, sua escolha óbvia. Quando todos
os jogadores envolvidos possuem uma estratégia dominante, configura-se então uma situação de interação
estratégica conhecida como equilíbrio dominante.
Neste último caso, pelo fato de não haver uma estratégia dominante, a melhor escolha do ‘Jogador A’
deverá ocorrer, logicamente, levando-se também em consideração a estratégia do ‘Jogador B’. Se o ‘Jogador B’
também não possui uma estratégia dominante, nos deparamos com uma situação conhecida como de ausência
de equilíbrio, onde os dois jogadores têm de escolher entre duas estratégias e nenhum deles está perante uma
estratégia dominante, ou seja, quando nenhum deles pode escolher independentemente do outro, não existe
possibilidade de equilíbrio estratégico. Cada um dos jogadores vai ficar eternamente à espera que o outro atue.
Sobre as estratégias dominantes, Sartini (2004) explica uma metodologia comum para solução de um
jogo, chamada de dominância estrita iterada, que nada mais é do que um processo onde se eliminam
estratégias que são estritamente dominadas. A autora dá ainda um exemplo de tal método, conforme segue:
Jogador G2
s21 s22 s23 s24
s11 (5, 2) (2, 6) (1, 4) (0, 4)
s12 (0, 0) (3, 2) (2, 1) (1, 1)
Jogador G1
s13 (7, 0) (2, 2) (1, 1) (5, 1)
s14 (9, 5) (1, 3) (0, 2) (4, 8)
Quadro 5: Exemplo estratégias dominantes
Fonte: Sartini (2004)
72
Considerando a matriz de payoffs acima, note que para o ‘Jogador G2‘ a estratégia s21 é estritamente
dominada pela estratégia s24. Assim, a primeira coluna da matriz pode ser eliminada:
Jogador G2
s22 s23 s24
s11 (2, 6) (1, 4) (0, 4)
s12 (3, 2) (2, 1) (1, 1)
Jogador G1
s13 (2, 2) (1, 1) (5, 1)
s14 (1, 3) (0, 2) (4, 8)
Quadro 6: Exemplo estratégias dominantes – parte 2
Fonte: Sartini (2004)
Com a matriz reduzida, percebe-se que para o ‘Jogador G1‘ as estratégias s11 e s14 são estritamente
dominadas pelas estratégias s12 e s13. Também, a estratégia s23 do ‘Jogador G2’ é estritamente dominada pela
estratégia s22, resultado em:
Jogador G2
s22 s24
s12 (3, 2) (1, 1)
Jogador G1
s13 (2, 2) (5, 1)
Quadro 7: Exemplo estratégias dominantes – parte 3
Fonte: Sartini (2004)
Por fim, a estratégia s24 do ‘Jogador G2‘ é estritamente dominada pela estratégia s22, podendo ser
eliminada. Em seguida, a estratégia s13 do ‘Jogador G1’ é dominada pela estratégia s12, obtendo-se então o
resultado esperado do jogo de (3,2), representada pelo perfil (s12, s22).
Jogador G2
s22
Jogador G1 s12 (3, 2)
Quadro 8: Exemplo estratégias dominantes – parte 4
Fonte: Sartini (2004)
Como explica Costa (2005), inicialmente esta teoria não foi muito bem recebida, pois muitos a
consideravam como algo sem valor ou simplesmente não-científico, dada sua origem em estudos de jogos de
salão. Tecnicamente, no entanto, essa má impressão desfaz-se quando se percebe que a aparente simplificação
das relações entre indivíduos, fornecidos pela formalização matemática da teoria, permite analisar com uma
precisão até então desconhecida nas ciências sociais, o comportamento dos agentes racionais, humanos ou
não. Para exemplificar a aplicação do Teorema Minimax, utilizaremos um exemplo dado pela mesma autora,
onde:
73
“Duas redes de televisão, Mega e Plus, estão planejando levar ao ar programas de uma hora de
duração para o mesmo horário. A rede Mega pode escolher um entre os programas A e B e a rede Plus um
entre os programas C e D. Nenhuma delas sabe qual o programa que a outra vai levar ao ar. Ambas contratam
o mesmo instituto de pesquisa de opinião para lhes dar uma estimativa de como as possibilidades de transmitir
os programas irão dividir a audiência. O instituto fornece a percentagem de audiência, representada pela
tabela abaixo. Assim, qual programa cada rede deveria levar ao ar para maximizar a audiência?”
Rede Plus
C D
A 30 55
Rede Mega
B 45 60
Quadro 9: Exemplo Teorema Minimax
Fonte: Costa (2005)
Por convenção, os dados da matriz são os ganhos do ‘jogador linha’, neste caso a Rede Mega, e o
negativo destes valores são os ganhos do ‘jogador coluna’, a Rede Plus. Isto é explicado pelo fato das redes
terem interesses diametralmente opostos, ou seja, o que é bom para uma é ruim para outra. Este exemplo
mostrou um jogo de soma zero, visto que os ganhos das redes Mega e Plus somam zero.
Portanto, a solução deste problema é encontrar a melhor estratégia, chamada de estratégia ótima, de
forma a maximizar a audiência. Disso resulta que ambos jogadores tomarão decisões que podem ser
classificadas como de anti-risco, ou seja, renunciam a alguns ganhos possíveis para evitarem incorrer em
perdas desnecessárias. Assim, o resultado lógico a ser buscado é aquele que lhe de o maior ganho possível na
pior situação ou, em outras palavras, o melhor ganho frente ao melhor contra movimento do adversário.
Assim, tanto para a Rede Mega, que deve maximizar sua audiência mínima esperada, quanto para a
Rede Plus, que deseja minimizar sua audiência máxima esperada (visto que os ganhos desta são o oposto
daquela), a figura abaixo irá demonstrar os percentuais mínimos de linha e o máximo da coluna, conforme
segue:
Rede Plus
C D Mínimo da linha
A 30 55 30
Rede Mega Max-mini = 45
B 45 60 45
Máximo da coluna 45 60
Mini-max= 45
Quadro 10: Exemplo Teorema Minimax – parte 2
Fonte: Costa (2005)
Como pode ser visto, o número máximo dos mínimos das linhas (max-mini) é igual ao mínimo dos
máximos das colunas (mini-max), situação esta conhecida como ponto mini-max do jogo ou ponto de sela, pois
ao escolherem esta situação de jogo, os dois jogadores garantem para si um ganho mínimo,
independentemente do que o oponente venha a fazer.
74
Assim, um jogo pode ter vários ou mesmo nenhum ponto de sela, porém sempre que houver pelo
menos um significa que há possibilidade de uma solução mini-max ou max-mini, como previsto por Von
Neumann. E sempre que houver mais de um ponto de sela, todos os resultados serão iguais.
O trabalho de Von Neumann concentra-se nos chamados jogos de duas pessoas e soma zero, em que
onde um jogador ganha, outro necessariamente deve perder. Em evolução a esta noção, outro método de
solução é o resultado do trabalho de John Forbes Nash Jr., que resultou no conhecido conceito de equilíbrio de
Nash. Nele, ficou comprovado que a solução de um jogo pode passar pelo fato de que um lado poder vencer
sem precisar, necessariamente, derrotar o adversário.
“(...) o Equilíbrio de Nash é um perfil de estratégias em que a estratégia de cada agente é a resposta ótima às
estratégias dos demais. Em outras palavras, um perfil é um Equilíbrio de Nash se todos os agentes menos um
jogarem as estratégias nele definidas, sendo assim, para aquele outro agente não existirá nada melhor a
fazer do que também escolher a estratégia para ele definida neste perfil. E isso deve valer para todos os
agentes tomados individualmente” (AZEVEDO, 2004, p.39).
é um Equilíbrio de Nash se
para todo i=1, ....., n e para todo j1=1, ......, m, com mi>=2.
Finalmente, quando falamos sobre soluções para um jogo, é fundamental ainda a análise sob a ótica
das chamadas estratégias mistas. Até o momento, os exemplos de jogos foram vistos considerando as opções
dos jogadores exclusivamente com base em suas estratégias puras. Porém, nesta condição, nem sempre é
possível achar uma solução para o jogo, visto ele não possuir, por exemplo, um equilíbrio de Nash. Mas, como
explica Sartini (2004, p.12), “uma alternativa para estes casos é a de considerar o jogo do ponto de vista
probabilístico, isto é, ao invés de escolher um perfil de estratégia pura, o jogador deve escolher uma
distribuição de probabilidades sobre suas estratégias puras”.
Nisto, conclui ainda a autora, que todos os critérios básicos para soluções de jogos em estratégias
puras podem ser estendidos para estratégias mistas.
75
Como visto anteriormente, uma das características presente em alguns tipos de jogos é a possibilidade
de ocorrência de movimentos seqüenciais, ou seja, a estratégia escolhida por um jogador será determinada a
partir dos resultados ocorridos num período anterior.
“Os jogos seqüenciais envolvem uma faceta dinâmica. Porém, essa dinâmica encontra-se circunscrita à
reação que um jogador tem num determinado momento face à ação de outro ou outros agentes no período
de tempo anterior. Nesse caso não existe uma regra dinâmica que determine todo o desenrolar do jogo
desde um qualquer momento presente até um horizonte futuro estabelecido à partida” (GOMES, 2012,
p.18).
Ou seja, como é lógico pressupor, buscar a solução para um jogo seqüencial representa um grande
desafio aos seus jogadores. Nesta situação, como elucida Sartini (2004, p. 49), “a forma extensa tem uma
estrutura mais adequada para analisar jogos desta natureza, especificando assim quem se move, quando, com
qual informação e o payoff ou ganho de cada jogador. Ela contém toda a informação sobre um jogo”.
Abaixo, pode ser visto um esquema que demonstra a descrição extensa de um jogo seqüencial:
De fato, a forma extensa de um jogo irá representar o conjunto de jogadores, os movimentos (ou
ações) disponíveis e os payoffs. A esta estrutura também é dado o nome de árvore, sendo que cada um dos
76
desdobramentos possíveis são denominados como nós. Assim, os nós que formam a árvore da figura são
representados pelo conjunto:
A = {E, D, EE, ED, DD, DE, EEE, EEN, EED, EDE, EDD, DEE, DED, DDE, DDN, DDD}
Com relação aos nós, existem basicamente três classes: nó inicial, nó filho e nó folha (ou terminal).
Enquanto que o nó inicial é aquele que, como o próprio nome diz, inicia uma seqüência de movimentos, os nós
filhos originam-se de um nó e, ao mesmo tempo, dão origem a outro nó. Por fim, o nó folha ou nó terminal é
aquele que origina-se de outro nó, porém não dá origem a um próximo movimento. Por fim, para a seqüência
de nós, dá-se o nome de trajetória.
Outro conceito importante é dado por Sartini (2004) quando afirma que todo jogo estratégico finito
pode ser convertido em um jogo na forma extensa e, logicamente, o contrário também ocorre, ou seja, um
jogo na forma extensa também pode ser representado na forma normal. Por exemplo, no caso do Dilema dos
Prisioneiros, a matriz de payoffs já foi apresentada anteriormente em sua forma normal e, agora em sua forma
extensa, ficaria assim representado:
Como pode-se imaginar, um jogo seqüencial possui um fator dinâmico muito mais presente do que um
jogo em forma normal. Isto porque, visto a ocorrência de múltiplas iterações entre os jogadores, “acrescenta-
se um elemento importante àqueles até agora tomados para compor um jogo. Para além de jogadores,
estratégias e payoffs, considera-se agora também uma regra dinâmica que pode alterar payoffs e, por
conseguinte, a forma como os jogadores se comportam ao longo do tempo” (GOMES, 2012. p.18).
Esta noção de que o comportamento dos jogadores e suas estratégias podem variar ao longo do jogo é
importante na introdução do conceito de jogos evolucionários. Conforme explica Azevedo (2004, p.43), “numa
estrutura dinâmica, em cada estágio os agentes aprendem sobre as decisões dos outros agentes e as variáveis
77
estratégicas devem convergir para o equilíbrio de Nash constantemente”. De fato, Gomes (2012) complementa
esta idéia ao afirmar que nos jogos evolucionários será de esperar a convergência para um equilíbrio
dominante de longo prazo. Neste equilíbrio, atingido após um período de transição dinâmica, os jogadores
deverão ter adotado uma estratégia estável do ponto de vista evolucionário, ou seja, uma estratégia que os
jogadores já não abandonarão, a menos que alguma força externa perturbe as condições subjacentes ao jogo.
Assim, pode-se entender que ao fazer uma análise sob a ótica evolucionária, além de ser necessário
considerar a matriz de resultados de um jogo normal, há de se incluir ainda um segundo ponto de vista,
baseado na evolução do comportamento dos jogadores. Para melhor exemplificar isto, veja a seguir o exemplo
do jogo Falcão-Pomba, um dos mais populares entre os jogos evolucionários.
Considere que uma população de indivíduos pode adotar uma de duas estratégias: a estratégia Falcão,
correspondente a um comportamento mais agressivo, e a estratégia Pomba, que pressupõe um
comportamento mais dócil. O resultado da interação entre um Falcão e uma Pomba é visto na matriz:
Jogador 2
Falcão Pomba
Falcão (4, 4) (10, 0)
Jogador 1
Pomba (0, 10) (5, 5)
Quadro 11: Exemplo Jogo Falcão-Pomba
Fonte: Gomes (2012)
De imediato, é possível identificar que num jogo estático, atuar como Falcão é uma estratégia
dominante para os dois jogadores (4, 4), o que se traduz num equilíbrio de Nash, que difere do equilíbrio
cooperativo que poderia ser alcançado em caso de conluio, visto que se ambos atuassem como Pomba
dividiriam os ganhos equitativamente (5, 5).
Para transformar esta matriz num jogo evolucionário, considere-se que uma fração de uma população
de indivíduos (50%) adote a estratégia Pomba e a outra fração (50%) a estratégia Falcão. Neste caso,
considerando a aplicação de uma equação dinâmica, têm-se que a fração de indivíduos a escolher Pomba será
de consecutivamente, 50%, 26,32%, 7,77%, 0,73%, 0,01%, ou seja, a sucessão de valores indica claramente que
ao longo do tempo, a população percebe não ser vantajoso adotar uma estratégia Pomba, de modo que o
equilíbrio de longo prazo é um equilíbrio onde todos os jogadores se comportam como Falcão. Assim, pode-se
concluir que no exemplo há um processo evolucionário que concentra o comportamento na estratégia Falcão.
Portanto, Gomes (2012) conclui que a diferença entre um jogo estático e um jogo evolucionário é que
o primeiro admite que os jogadores são hiper-racionais, conseguindo de imediato identificar a respectiva
estratégia dominante. A teoria dos jogos evolucionária prevê um ajustamento gradual, em que o conjunto de
jogadores vai progressivamente mudando para a estratégia dominante, de modo que o equilíbrio de Nash só é
alcançado após a fase de transição dinâmica ter sido esgotada.
78
4 I METODOLOGIA
Método, conforme Gil (2002, p.162), é onde “descrevem-se os procedimentos a serem seguidos na
realização da pesquisa”. Assim, este capítulo foi elaborado com o objetivo de especificar a forma com a qual foi
desenvolvida a pesquisa, no intuito de responder o problema proposto e atender aos objetivos do estudo.
Foram observados então, para sua elaboração, a indicação da abordagem metodológica, além dos
procedimentos de coleta e análise dos dados da pesquisa.
Este trabalho caracteriza-se como uma pesquisa de caráter descritivo. Conforme Gil (2002, p.42) “as
pesquisas descritivas têm como objetivo primordial a descrição das características de determinada população
ou fenômeno, ou, então, o estabelecimento de relação entre variáveis”. Na pesquisa descritiva não há
interferência do investigador, que apenas procura perceber, com o necessário cuidado, a freqüência com que o
fenômeno acontece.
Ainda, a pesquisa pode ser dita como de caráter qualitativo, compreendendo um conjunto de
diferentes técnicas interpretativas que visam descrever e decodificar os componentes de um sistema complexo
de significados, procurando traduzir e expressar o sentido dos referidos fenômenos.
Este trabalho utiliza ainda simulação computacional, a qual permite a modelagem do cenário proposto
entre os objetivos do trabalho, assim como apresenta os resultados necessários à análise qualitativa do
modelo, que servirão para atender o problema apresentado neste estudo.
Considerando sua flexibilidade e disponibilidade, para realização das simulações computacionais foi
utilizado o programa de planilhas eletrônicas Excel, em especial o suplemento Solver.
Para alimentar as simulações computacionais realizadas neste trabalho, fez-se necessária a pesquisa
da série de cotações históricas do ativo elencado neste estudo, a saber, as ações preferenciais da empresa
Suzano Papel e Celulose (SUZB5).
79
Nisto, foram baixadas as bases de dados do papel disponíveis na Internet, considerando o período de
Janeiro de 2007 a Setembro de 2016. Entre as diversas opções consultadas, foi escolhida a base de dados da
seção de finanças do site Yahoo.com, sendo que os motivos que balisaram a escolha foram a formatação dos
dados e confiabilidade quanto à sua correção com relação às cotações históricas e volume de negócios do
papel.
Por fim, a análise dos dados é feita quantitativamente e qualitativamente, através da análise de
conteúdo, possibilitando a comparação entre as diversas simulações realizadas. Em termos gerais, busca-se
vislumbrar a viabilidade do uso da Teoria dos Jogos na análise técnica de ações. Nisto, cabe salientar, conforme
explica Gil (2002, p.90):
“(...) nas pesquisas de cunho qualitativo, sobretudo naquelas em que não se dispõe previamente de um
modelo teórico de análise, costuma verificar-se um vaivém entre observações, reflexão e interpretação à
medida que a análise progride, o que faz com que a ordenação lógica do trabalho torne-se
significativamente mais complexa”.
De fato, com bem disse Gil (2002), a análise qualitativa dos dados da pesquisa exigirá reflexão e
interpretação. O conseqüente resultado disso será uma análise crítica do tema proposto, onde espera-se que
as conclusões apresentadas possam vir a acrescentar valor ao conhecimento que se tem da área em estudo e,
por fim, a elaboração de propostas para seu aperfeiçoamento.
80
Com o objetivo de atender ao objetivo geral do presente estudo, com base no que pôde ser visto no
referencial bibliográfico com relação à análise técnica de ações e da Teoria dos Jogos e na metodologia descrita
no capítulo anterior, tornou-se necessário o desenvolvimento de uma situação hipotética, um jogo, onde
realizou-se a construção de cenário baseado nos elementos da Teoria dos Jogos, a fim de que fosse montado
um modelo para tomada de decisão de investimento na compra e venda de ações baseado na Teoria dos Jogos.
“Um investidor deseja aplicar seus recursos superavitários no mercado de ações, mais especificamente
na empresa Suzano Papel e Celulose (SUZB5). Para tanto, o investidor deseja adotar uma estratégia de decisão
que lhe permita maximizar seus lucros e que devem seguir algumas regras específicas. São elas:
a) para fins de decisão a respeito de eventual compra ou venda do ativo, devem ser utilizados conjuntamente
três critérios da análise técnica de ações – IFR, tendência primária e análise gráfica de curto prazo;
b) a decisão sobre a compra ou venda do ativo será sempre realizada em períodos regulares de 45 dias;
c) quando a análise indicar um momento adequado para compra do ativo, o investidor comprará um lote de
100 ações por vez;
d) quando a análise indicar um momento adequado para venda do ativo, o investidor irá vender todas as ações
em seu poder;
g) ao final do período, o investidor deverá zerar (vender) todas as suas ações, caso detenha alguma”.
A partir destas definições, passa-se a utilizar os conceitos da Teoria dos Jogos para montagem de um
cenário e criação do modelo para análise e decisão de investimento, de modo a auxiliar o investidor a
encontrar a estratégia mais adequada para maximização de seu lucro. Nisto, é importante como primeiro passo
definir algumas das características do ambiente que envolvem este jogo.
81
Em primeiro lugar, para que possa ser atendido o objetivo do investidor conforme o cenário hipotético
acima exposto, façamos valer inicialmente uma das máximas da análise técnica de ações, mais especificamente
aquela que diz que ‘a história sempre se repete’. Ou seja, para elaboração de uma estratégia de decisão para o
investidor que atenda seus objetivos, é utilizado um histórico de cotações do referido papel, considerando o
período de Janeiro/2007 a Dezembro/2015.
A partir dos dados deste período, busca-se a elaboração de modelo de decisão baseado na Teoria dos
Jogos. Assim, inicialmente foram levantados os dados do ativo que possibilitassem a realização da análise
técnica das ferramentas sugeridas pelo investidor, ou seja, o IFR, a tendência primária e a análise gráfica de
curto prazo. Para manter a coerência do modelo, estes dados foram subdivididos de acordo com o período de
decisão solicitado pelo investidor, em intervalos regulares de 45 dias.
Com isto em mãos, já é possível definir algumas das características do cenário. Assim, do ponto de
vista dos jogadores, eles podem ser entendidos como sendo as próprias ferramentas de análise técnica
escolhidas pelo investidor. Isto porque são elas que irão definir o payoff a cada momento de decisão. Ou seja,
os jogadores do cenário serão a análise gráfica de curto prazo, o IFR e a tendência primária do papel.
Já do ponto de vista da cooperação, pode-se dizer que este é um jogo não cooperativo, pois no cenário
em questão não é possível a comunicação ou ocorrência de acordos mútuos entre seus players de forma plena.
Com relação a estratégia de cada um dos jogadores, esta está relacionada às três escolhas possíveis
em cada momento de decisão do investidor, quais sejam: comprar, vender ou não fazer nenhum movimento.
Assim, para fins de construção do modelo, a estratégia será representada por caracteres numéricos, sendo 1
para a decisão de comprar, 0 para nenhum movimento e -1 para a decisão de vender.
A partir da definição das estratégias, pode-se agora encontrar o perfil de estratégias para cada um dos
momentos de decisão. Como pode ser visto na construção do cenário, a cada 45 dias o investidor fará ou não
um movimento de compra ou venda de ações. Assim, o período total do cenário (9 anos) foi subdividido em 72
períodos de 45 dias, sendo que ao fim de cada um deles haverá um perfil de estratégia definido, entre 27
variações possíveis, conforme visto na matriz abaixo:
Finalmente, a função utilidade para o modelo está diretamente ligada a uma das diretrizes do cenário,
mais especificamente àquela que enuncia que o objetivo do investidor é maximizar seu lucro. Para que isso
aconteça, logicamente, é necessário que o investidor tenha o maior índice possível de acertos em suas decisões
de compra ou venda dos papéis e isto significa dizer, basicamente, que o melhor resultado se dará quando o
investidor conseguir comprar o papel pelo preço mais baixo possível e vendê-lo pelo preço mais alto possível.
Assim, para fins de cálculo da função utilidade, deverá estar presente na montagem do cenário o preço efetivo
(cotação) do papel nas datas de decisão, as quais podem ser vistas na tabela abaixo:
Como definido no subtítulo anterior, os jogadores do cenário são representadas pelas ferramentas de
análise técnica de ações escolhidos pelo investidor, a saber o IFR, a Tendência Primária e a Análise Gráfica de
Curto Prazo. Assim, é necessário vincular os jogadores à sua respectiva estratégia em cada período de análise,
com base nos preceitos da análise técnica de ações.
Nisto, para o IFR, caso o índice apurado seja inferior ou igual a 40, a estratégia será 1 (compra); maior
que 40 e menor ou igual a 60, será de 0 (nenhum movimento) e maior que 60 será de -1 (venda). Assim, segue
abaixo a estratégia para o IFR:
83
Período Data Inicial Data Final IFR Estratégia Período Data Inicial Data Final IFR Estratégia
1-2007 02/01/2007 15/02/2007 40,40 0 5-2011 01/07/2011 15/08/2011 42,47 0
2-2007 16/02/2007 30/03/2007 62,30 -1 6-2011 16/08/2011 03/10/2011 40,61 0
3-2007 02/04/2007 15/05/2007 46,85 0 7-2011 04/10/2011 14/11/2011 40,05 0
4-2007 16/05/2007 29/06/2007 50,93 0 8-2011 16/11/2011 29/12/2011 39,25 1
5-2007 02/07/2007 15/08/2007 57,19 0 1-2012 02/01/2012 15/02/2012 55,63 0
6-2007 16/08/2007 28/09/2007 44,30 0 2-2012 16/02/2012 30/03/2012 47,18 0
7-2007 01/10/2007 14/11/2007 54,64 0 3-2012 02/04/2012 15/05/2012 35,75 1
8-2007 16/11/2007 28/12/2007 38,11 1 4-2012 16/05/2012 29/06/2012 23,95 1
1-2008 02/01/2008 15/02/2008 42,68 0 5-2012 02/07/2012 15/08/2012 36,72 1
2-2008 18/02/2008 31/03/2008 62,50 -1 6-2012 16/08/2012 28/09/2012 50,46 0
3-2008 01/04/2008 15/05/2008 39,03 1 7-2012 01/10/2012 14/11/2012 52,23 0
4-2008 16/05/2008 30/06/2008 46,81 0 8-2012 16/11/2012 28/12/2012 63,55 -1
5-2008 01/07/2008 15/08/2008 33,33 1 1-2013 02/01/2013 15/02/2013 55,83 0
6-2008 18/08/2008 30/09/2008 43,28 0 2-2013 18/02/2013 27/03/2013 24,30 1
7-2008 01/10/2008 14/11/2008 27,72 1 3-2013 01/04/2013 15/05/2013 73,79 -1
8-2008 17/11/2008 30/12/2008 52,19 0 4-2013 16/05/2013 28/06/2013 67,42 -1
1-2009 02/01/2009 13/02/2009 56,35 0 5-2013 01/07/2013 15/08/2013 57,38 0
2-2009 16/02/2009 31/03/2009 40,13 0 6-2013 16/08/2013 30/09/2013 49,80 0
3-2009 01/04/2009 15/05/2009 37,79 1 7-2013 01/10/2013 14/11/2013 48,70 0
4-2009 18/05/2009 30/06/2009 54,07 0 8-2013 18/11/2013 30/12/2013 45,68 0
5-2009 01/07/2009 14/08/2009 37,29 1 1-2014 02/01/2014 14/02/2014 67,44 -1
6-2009 17/08/2009 30/09/2009 57,12 0 2-2014 17/02/2014 31/03/2014 60,29 -1
7-2009 01/10/2009 13/11/2009 53,27 0 3-2014 01/04/2014 15/05/2014 40,28 0
8-2009 16/11/2009 30/12/2009 29,56 1 4-2014 16/05/2014 30/06/2014 65,19 -1
1-2010 04/01/2010 12/02/2010 73,32 -1 5-2014 01/07/2014 15/08/2014 45,23 0
2-2010 17/02/2010 31/03/2010 37,66 1 6-2014 18/08/2014 30/09/2014 54,50 0
3-2010 01/04/2010 14/05/2010 73,03 -1 7-2014 01/10/2014 14/11/2014 56,96 0
4-2010 17/05/2010 30/06/2010 42,25 0 8-2014 17/11/2014 30/12/2014 67,81 -1
5-2010 01/07/2010 13/08/2010 35,56 1 1-2015 02/01/2015 13/02/2015 68,70 -1
6-2010 16/08/2010 30/09/2010 41,27 0 2-2015 18/02/2015 31/03/2015 69,62 -1
7-2010 01/10/2010 12/11/2010 52,94 0 3-2015 01/04/2015 15/05/2015 56,23 0
8-2010 16/11/2010 30/12/2010 59,49 0 4-2015 18/05/2015 30/06/2015 46,30 0
1-2011 03/01/2011 15/02/2011 41,86 0 5-2015 01/07/2015 14/08/2015 43,45 0
2-2011 16/02/2011 31/03/2011 49,41 0 6-2015 17/08/2015 30/09/2015 73,90 -1
3-2011 01/04/2011 13/05/2011 61,67 -1 7-2015 01/10/2015 13/11/2015 50,43 0
4-2011 17/05/2011 30/06/2011 42,32 0 8-2015 16/11/2015 30/12/2015 55,38 0
Tabela 2 – Estratégia IFR
Fonte: elaborado pelo autor.
Para a Análise Gráfica de Curto Prazo, como o próprio nome já sugere, foi elaborada análise grafista de
cada período (45 dias), atribuindo-se a estratégia de -1 (venda), 0 (nenhum movimento) ou 1 (compra), de
acordo com o comportamento esperado para o papel. O Anexo I do presente estudo apresenta os
fundamentos da análise gráfica que embasaram a estratégia adotada para cada período, cujo resultado
resumido pode ser visto a seguir:
84
Estratégia Estratégia
Período Data Inicial Data Final Análise Gráfica Período Data Inicial Data Final Análise Gráfica
Curto Prazo Curto Prazo
1-2007 02/01/2007 15/02/2007 0 5-2011 01/07/2011 15/08/2011 -1
2-2007 16/02/2007 30/03/2007 0 6-2011 16/08/2011 03/10/2011 -1
3-2007 02/04/2007 15/05/2007 1 7-2011 04/10/2011 14/11/2011 0
4-2007 16/05/2007 29/06/2007 0 8-2011 16/11/2011 29/12/2011 -1
5-2007 02/07/2007 15/08/2007 -1 1-2012 02/01/2012 15/02/2012 0
6-2007 16/08/2007 28/09/2007 0 2-2012 16/02/2012 30/03/2012 -1
7-2007 01/10/2007 14/11/2007 1 3-2012 02/04/2012 15/05/2012 -1
8-2007 16/11/2007 28/12/2007 0 4-2012 16/05/2012 29/06/2012 0
1-2008 02/01/2008 15/02/2008 0 5-2012 02/07/2012 15/08/2012 0
2-2008 18/02/2008 31/03/2008 0 6-2012 16/08/2012 28/09/2012 1
3-2008 01/04/2008 15/05/2008 0 7-2012 01/10/2012 14/11/2012 1
4-2008 16/05/2008 30/06/2008 -1 8-2012 16/11/2012 28/12/2012 1
5-2008 01/07/2008 15/08/2008 -1 1-2013 02/01/2013 15/02/2013 -1
6-2008 18/08/2008 30/09/2008 -1 2-2013 18/02/2013 27/03/2013 1
7-2008 01/10/2008 14/11/2008 0 3-2013 01/04/2013 15/05/2013 1
8-2008 17/11/2008 30/12/2008 0 4-2013 16/05/2013 28/06/2013 1
1-2009 02/01/2009 13/02/2009 0 5-2013 01/07/2013 15/08/2013 1
2-2009 16/02/2009 31/03/2009 0 6-2013 16/08/2013 30/09/2013 0
3-2009 01/04/2009 15/05/2009 1 7-2013 01/10/2013 14/11/2013 0
4-2009 18/05/2009 30/06/2009 0 8-2013 18/11/2013 30/12/2013 0
5-2009 01/07/2009 14/08/2009 0 1-2014 02/01/2014 14/02/2014 0
6-2009 17/08/2009 30/09/2009 0 2-2014 17/02/2014 31/03/2014 -1
7-2009 01/10/2009 13/11/2009 1 3-2014 01/04/2014 15/05/2014 1
8-2009 16/11/2009 30/12/2009 0 4-2014 16/05/2014 30/06/2014 0
1-2010 04/01/2010 12/02/2010 1 5-2014 01/07/2014 15/08/2014 1
2-2010 17/02/2010 31/03/2010 0 6-2014 18/08/2014 30/09/2014 0
3-2010 01/04/2010 14/05/2010 0 7-2014 01/10/2014 14/11/2014 1
4-2010 17/05/2010 30/06/2010 -1 8-2014 17/11/2014 30/12/2014 1
5-2010 01/07/2010 13/08/2010 0 1-2015 02/01/2015 13/02/2015 1
6-2010 16/08/2010 30/09/2010 -1 2-2015 18/02/2015 31/03/2015 1
7-2010 01/10/2010 12/11/2010 -1 3-2015 01/04/2015 15/05/2015 1
8-2010 16/11/2010 30/12/2010 0 4-2015 18/05/2015 30/06/2015 1
1-2011 03/01/2011 15/02/2011 -1 5-2015 01/07/2015 14/08/2015 0
2-2011 16/02/2011 31/03/2011 0 6-2015 17/08/2015 30/09/2015 0
3-2011 01/04/2011 13/05/2011 -1 7-2015 01/10/2015 13/11/2015 1
4-2011 17/05/2011 30/06/2011 -1 8-2015 16/11/2015 30/12/2015 -1
Tabela 3 – Estratégia Análise Gráfica de Curto Prazo
Fonte: elaborado pelo autor.
Para a Tendência Primária, foram traçadas linhas de tendência primária no gráfico do período (que
pode ser visto no Anexo II deste estudo), sendo atribuída a nota de 1 para tendência primária de alta, -1 para
tendência primária de baixa e 0 para movimento lateralizado. Assim, nas datas finais de cada período, foi
verificada a estratégia correspondente, conforme abaixo:
Estratégia Estratégia
Período Data Inicial Data Final Tendência Período Data Inicial Data Final Tendência
Primária Primária
1-2007 02/01/2007 15/02/2007 1 5-2011 01/07/2011 15/08/2011 -1
2-2007 16/02/2007 30/03/2007 1 6-2011 16/08/2011 03/10/2011 -1
3-2007 02/04/2007 15/05/2007 1 7-2011 04/10/2011 14/11/2011 -1
4-2007 16/05/2007 29/06/2007 1 8-2011 16/11/2011 29/12/2011 -1
5-2007 02/07/2007 15/08/2007 1 1-2012 02/01/2012 15/02/2012 -1
6-2007 16/08/2007 28/09/2007 1 2-2012 16/02/2012 30/03/2012 -1
7-2007 01/10/2007 14/11/2007 1 3-2012 02/04/2012 15/05/2012 -1
85
Definidas as estratégias para cada jogador do cenário, será possível identificar qual será o perfil de
estratégias em cada momento de decisão. Isto pode ser visto através da tabela abaixo:
Estratégia Estratégia
Estratégia Estratégia
Estratégia Análise Estratégia Análise
Período Tendência Período Tendência
IFR Gráfica de IFR Gráfica de
Primária Primária
Curto Prazo Curto Prazo
1-2007 -1 0 1 5-2011 1 -1 -1
2-2007 -1 0 1 6-2011 1 -1 -1
3-2007 0 0 1 7-2011 0 -1 -1
4-2007 0 1 1 8-2011 0 0 -1
5-2007 0 0 1 1-2012 0 -1 -1
6-2007 1 -1 1 2-2012 0 0 -1
7-2007 0 0 1 3-2012 1 -1 -1
8-2007 1 1 1 4-2012 1 -1 -1
1-2008 0 0 1 5-2012 0 0 1
2-2008 -1 0 1 6-2012 -1 0 1
3-2008 1 0 1 7-2012 0 1 1
4-2008 0 0 1 8-2012 -1 1 1
5-2008 1 -1 -1 1-2013 0 1 1
6-2008 0 -1 -1 2-2013 1 -1 1
7-2008 1 -1 -1 3-2013 -1 1 1
8-2008 0 0 -1 4-2013 -1 1 1
1-2009 0 0 -1 5-2013 0 1 1
2-2009 0 0 1 6-2013 0 1 1
3-2009 1 0 1 7-2013 0 0 1
86
4-2009 0 1 1 8-2013 0 0 1
5-2009 1 0 1 1-2014 -1 0 1
6-2009 0 0 1 2-2014 0 0 1
7-2009 0 0 1 3-2014 1 -1 1
8-2009 1 1 1 4-2014 -1 1 1
1-2010 -1 0 1 5-2014 0 0 1
2-2010 0 1 1 6-2014 0 1 1
3-2010 -1 0 1 7-2014 -1 0 1
4-2010 0 0 0 8-2014 -1 1 1
5-2010 0 -1 0 1-2015 -1 1 1
6-2010 0 0 0 2-2015 -1 1 1
7-2010 0 -1 0 3-2015 0 1 1
8-2010 0 -1 0 4-2015 0 1 1
1-2011 1 0 0 5-2015 0 1 1
2-2011 0 -1 0 6-2015 -1 0 1
3-2011 -1 0 0 7-2015 0 1 1
4-2011 0 -1 -1 8-2015 0 -1 1
Tabela 5 – Perfis de estratégia por período
Fonte: elaborado pelo autor.
O desenvolvimento de uma solução para um jogo passa, fundamentalmente, pela correta percepção
de suas características. Algumas delas já foram vistas nos subtítulos anteriores, porém aquela que talvez seja a
mais importante no cenário hipotético em questão é aquela que o define como um jogo com movimentos
seqüenciais e dinâmicos, ou seja, as possibilidades de decisão e de payoff serão mutáveis, pois dependem e
podem ser influenciados por movimentos passados.
Desta forma, obrigatoriamente, o desenvolvimento da solução para o jogo proposto neste cenário
deverá levar tal fato em consideração, elucidando a forma como os perfis de estratégia e a função utilidade de
um período se relacionam com os períodos anteriores.
Como visto anteriormente, a função utilidade ideal, para cada momento de decisão, será aquela que
representa a melhor escolha entre a compra ou venda do ativo em questão, de modo a maximizar o lucro do
investidor. Desta forma, teoricamente, quanto mais decisões acertadas o investidor tomar, melhor será seu
resultado.
87
Assim, para iniciar a busca por uma solução, vamos deixar de lado por enquanto as definições
anteriores que tratam dos jogadores, estratégias e perfis de estratégia, concentrando-se apenas na função
utilidade em si. Comecemos, portanto, com um exercício simples, baseado nas regras do cenário hipotético,
onde será necessário observar o quadro a seguir:
Período Cotação
p1 19,12
Em primeiro lugar, deve-se deixar claro que, para o cenário em questão, é imprescindível que ele seja
visto como um jogo seqüencial. Isto porque, somente com a cotação de um período (p1), a função utilidade
será sempre igual a zero, visto que o regramento do jogo prevê que ao final do período o investidor não deverá
mais ter ações em seu poder. Assim, para definição da função utilidade, faz-se necessário ter pelo menos duas
cotações:
Período Cotação
p1 19,12
p2 16,47
Note que, com duas cotações, já será possível definir uma função utilidade, que irá demonstrar qual a
melhor decisão que o investidor poderia tomar para maximizar seus lucros. Como visto anteriormente, o
investidor possui três escolhas possíveis: comprar (1), vender (-1) ou não fazer nenhum movimento (0).
Antes, porém, de visualizar qual o universo de escolhas possíveis ao investidor, retomemos as regras
‘e’ e ‘g’ do jogo, que dizem:
Assim, como a primeira regra citada diz que não serão realizadas operações a descoberto (vender sem
possuir o papel), as opções do investidor para o período p1 serão somente comprar (1) ou não fazer nenhum
movimento (0). Já com relação a segunda regra, como o investidor deverá vender todas as ações porventura
em seu poder ao final do período, o período p2 somente irá apresentar a opção vender (-1).
Diante disso, o universo de escolhas possíveis, ou perfis de estratégia, para o investidor serão:
Neste ponto, voltemos a atenção novamente para mais algumas regras do jogo, quais sejam:
c) quando a análise indicar um momento adequado para compra do ativo, o investidor comprará um
lote de 100 ações por vez;
d) quando a análise indicar um momento adequado para venda do ativo, o investidor irá vender
todas as ações em seu poder;
f) o único objetivo do investidor é a maximização de seu lucro;
Como podemos ver, o resultado gerado pelo ‘Perfil de Estratégia 1’ foi de –R$ 265,00, enquanto que o
‘Perfil de Estratégia 2’ resultou em R$ 0,00. Visto que o objetivo do investidor é de maximizar seu lucro, sua
decisão racional seria a de utilizar o ‘Perfil de Estratégia 2’, que lhe seria o mais vantajoso diante das opções
possíveis, pois como o preço do papel baixou considerando um período para o outro, não fazer nenhum
movimento seria o perfil de estratégia ideal.
Note que a partir deste momento, os movimentos de compra serão representados pelo caractere 1,
de venda pelo caractere -1 e nenhum movimento pelo caractere 0. Também é importante salientar que, dentre
as formatações disponíveis no universo de soluções, foram excluídas aquelas que transgridem alguma regra do
jogo, tais como ‘-1, 0, -1’ ou ‘-1, -1, -1’, etc...
Com esta nova configuração de cotações, o ‘Perfil de Estratégia 2’ é aquele que maximiza o lucro do
investidor, ou seja, é a solução racional para o jogo.
Com estes dois exemplos, podemos já observar dois pontos interessantes: o primeiro deles é que o
perfil de estratégia do período p2 alterou-se do primeiro para o segundo exemplo; já o outro ponto de interesse
é que o universo de perfis de estratégia possíveis aumentou exponencialmente com o acréscimo de um novo
período de análise. Isto pode ser melhor observado através da tabela abaixo:
O primeiro destes pontos pode ser explicado porque houve uma alteração na tendência do preço do
papel, que havia caído na comparação entre o período p1 e p2 e subiu ao confrontarmos o período p2 com o
período p3.
Já o fato do número de estratégias possíveis aumentar exponencialmente à medida que são inclusos
novos períodos, isto pode facilmente ser explicado com a ajuda da estatística, já que o chamado espaço
amostral que engloba todos os perfis de estratégia possíveis será igual ao resultado dado pela equação:
3ⁿ
onde:
3 representa as três decisões possíveis (1, 0, -1);
ⁿ representa a quantidade de períodos (71).
No caso do cenário hipotético criado neste estudo, foram considerados ao todo 71 períodos de
interação (são ao todo 72 períodos de análise, mas no primeiro deles não há interação), que geram um
universo de perfis de estratégia possíveis de 2,25284 no expoente 34, onde apenas uma delas será a melhor
solução possível.
Talvez o método mais simples e mais fácil de tomada de decisão seja aquele baseado em sistemas
aleatórios tendo a sorte como principal ator, como acontece, por exemplo, na brincadeira do cara/coroa ou do
pedra/papel/tesoura. Assim, este seria um dos métodos possíveis de solução para um jogo, inclusive neste
desenvolvido para este estudo.
Portanto, começando pelo mais simples, foi desenvolvido com o auxílio da ferramenta Excel uma
modelagem do cenário que mostra o resultado obtido a partir da tomada de decisão baseada em seqüências
de informações aleatórias, considerando os 71 períodos de interação. Este método foi repetido por 3 vezes,
apresentando os seguintes resultados:
p15 11,05 1 1 1
p16 10,75 0 -1 1
p17 9,94 1 -1 0
p18 8,67 0 -1 -1
p19 13,00 1 1 0
p20 13,05 1 1 0
p21 14,27 1 -1 0
p22 15,73 1 -1 1
p23 13,99 1 0 -1
p24 17,68 0 -1 -1
p25 17,85 -1 -1 -1
p26 20,65 1 1 0
p27 14,30 1 -1 0
p28 12,96 -1 -1 -1
p29 14,02 -1 -1 -1
p30 13,66 1 0 1
p31 13,26 0 0 0
p32 12,62 -1 0 -1
p33 11,75 1 1 -1
p34 12,89 1 0 -1
p35 12,66 0 0 -1
p36 9,64 -1 -1 0
p37 7,51 1 -1 1
p38 6,63 1 -1 1
p39 6,48 -1 0 1
p40 5,76 0 -1 0
p41 6,99 -1 1 0
p42 6,62 -1 0 -1
p43 5,27 0 1 -1
p44 3,98 0 -1 0
p45 4,07 0 1 0
p46 5,43 0 1 0
p47 5,58 1 1 1
p48 7,15 -1 0 0
p49 6,57 1 -1 0
p50 7,67 -1 -1 0
p51 7,68 1 0 -1
p52 8,00 0 1 -1
p53 8,33 1 -1 1
p54 8,86 0 0 0
p55 8,93 0 -1 1
p56 9,35 1 0 0
p57 9,09 0 0 0
p58 8,40 1 0 1
p59 8,10 -1 1 0
p60 8,43 1 1 -1
p61 9,08 0 1 -1
p62 9,75 0 -1 -1
p63 11,06 0 1 -1
p64 11,25 -1 0 -1
p65 11,69 -1 0 1
p66 14,60 1 1 -1
p67 15,60 -1 -1 -1
p68 16,66 1 1 -1
p69 16,84 0 0 -1
p70 19,39 0 -1 0
p71 18,39 -1 -1 -1
Saldo Final* R$ 3.308,00 R$ 383,00 -R$ 300,00
VPL** R$ 1.739,94 - R$ 341,16 - R$ 1.001,02
Tabela 11: Modelagem de cenário – Solução com Testes Aleatórios
Fonte: elaborado pelo autor. No Anexo 3 pode ser vista a modelagem integral.
*Saldo Final: saldo final dos movimentos de compra e venda realizados no período.
**VPL: Valor Presente Líquido para o fluxo de caixa, representado pelos movimentos do teste, considerando taxa de desconto de 1% a.p.
92
Como pode ser deduzido a partir dos resultados dos testes aleatórios, esta metodologia não é a mais
indicada na busca pela melhor solução do jogo. De certa forma, considerando que o ambiente do cenário é o
mercado de ações, este resultado era esperado e mostrou-se inconsistente aos interesses do investidor, já que
dos três testes, dois apresentaram Valor Presente Líquido negativo, o que também leva a crer que
provavelmente o resultado positivo foi alcançado com base no puro acaso.
Já prevenido neste ponto, o investidor deste estudo introduziu ainda uma exigência que busca
minimizar os efeitos do acaso e dar um embasamento racional à construção dos perfis de estratégia do cenário,
no que podemos agora trazer a regra ‘a’, que diz:
a) para fins de decisão a respeito de eventual compra ou venda do ativo, devem ser utilizados
conjuntamente três critérios da análise técnica de ações – IFR, Tendência Primária e Análise Gráfica de Curto
Prazo.
No subtítulo 5.2, estas ferramentas da análise técnica de ações foram situadas no cenário, ficando
caracterizadas como sendo os jogadores. Suas respectivas estratégias também foram definidas no mesmo
momento e, desta forma, elas foram modeladas de forma individualizada, conforme quadro abaixo:
p31 13,26 0 0 -1
p32 12,62 0 0 -1
p33 11,75 1 0 0
p34 12,89 0 0 -1
p35 12,66 -1 0 0
p36 9,64 0 -1 -1
p37 7,51 1 -1 -1
p38 6,63 1 -1 -1
p39 6,48 0 -1 -1
p40 5,76 0 -1 0
p41 6,99 0 -1 -1
p42 6,62 0 -1 0
p43 5,27 1 -1 -1
p44 3,98 1 -1 -1
p45 4,07 0 1 0
p46 5,43 -1 1 0
p47 5,58 0 1 1
p48 7,15 -1 1 1
p49 6,57 0 1 1
p50 7,67 1 1 -1
p51 7,68 -1 1 1
p52 8,00 -1 1 1
p53 8,33 0 1 1
p54 8,86 0 1 1
p55 8,93 0 1 0
p56 9,35 0 1 0
p57 9,09 -1 1 0
p58 8,40 0 1 0
p59 8,10 1 1 -1
p60 8,43 -1 1 1
p61 9,08 0 1 0
p62 9,75 0 1 1
p63 11,06 -1 1 0
p64 11,25 -1 1 1
p65 11,69 -1 1 1
p66 14,60 -1 1 1
p67 15,60 0 1 1
p68 16,66 0 1 1
p69 16,84 0 1 1
p70 19,39 -1 1 0
p71 18,39 -1 -1 -1
Saldo Final: R$ 279,00 R$ 13.126,00 R$ 3.370,00
VPL: - R$ 768,72 - R$ 436,36 R$ 606,39
Tabela 12: Modelagem do cenário – Soluções com Estratégias de Análise Técnica Individualizadas
Fonte: elaborado pelo autor.
Como pode ser visto, quando o cenário é modelado aplicando-se individualmente as estratégias de
cada uma das ferramentas de análise técnica elencadas pelo investidor, os resultados do saldo final são mais
consistentes do que aquelas apresentadas pelos testes aleatórios, porém também não chegam a ser
empolgantes, principalmente quando avaliados sob a ótica da variável tempo, presente no Valor Presente
Líquido (VPL).
Para explicar isto, pode-se dizer que no caso do IFR e da Análise Gráfica, por se tratarem de
ferramentas com caráter de curto prazo, quando submetidos por um período mais longo de tempo é até
94
esperado que sua efetividade seja mais baixa. Já com relação à Tendência Primária, esta sim com um viés
analítico de longo prazo, o resultado pode ser interpretado a partir da demora que este tipo de análise
proporciona na identificação da alteração da tendência, em especial quando esta ocorre de uma tendência de
alta para uma tendência de baixa, fazendo com que a tomada de decisão ocorra após a passagem daquele que
seria o melhor momento para concretizar a venda do papel.
Porém, como enunciado na regra, o desejo do investidor é de que estas três ferramentas sejam
utilizadas em conjunto. Desta forma, foi realizada nova modelagem do cenário, sendo que desta vez a
estratégia dos jogadores foi unificada, sendo que a estratégia dos jogadores em cada período (1, 0 ou -1) foi
somada e, se o resultado for maior que 0, a nova estratégia será 1; se for igual a zero, será 0; se for menor que
zero, será -1.
Através desta sentença simples, buscou-se identificar os períodos em que há maior ou menor
propensão quanto a direção da decisão a ser tomada, de acordo com o indicativo dos diferentes indicadores.
Por exemplo, se dois indicadores informam que aquele momento é propício à compra da ação e o outro indica
a venda, a nova estratégia será 1, resultado da soma simples dos indicadores (1, 1 e -1). No quadro abaixo,
pode ser visto o resultado de todos os períodos:
p30 13,66 0 0 0 0 0
p31 13,26 0 0 -1 -1 -1
p32 12,62 0 0 -1 -1 -1
p33 11,75 1 0 0 1 1
p34 12,89 0 0 -1 -1 -1
p35 12,66 -1 0 0 -1 -1
p36 9,64 0 -1 -1 -2 -1
p37 7,51 1 -1 -1 -1 -1
p38 6,63 1 -1 -1 -1 -1
p39 6,48 0 -1 -1 -2 -1
p40 5,76 0 -1 0 -1 -1
p41 6,99 0 -1 -1 -2 -1
p42 6,62 0 -1 0 -1 -1
p43 5,27 1 -1 -1 -1 -1
p44 3,98 1 -1 -1 -1 -1
p45 4,07 0 1 0 1 1
p46 5,43 -1 1 0 0 0
p47 5,58 0 1 1 2 1
p48 7,15 -1 1 1 1 1
p49 6,57 0 1 1 2 1
p50 7,67 1 1 -1 1 1
p51 7,68 -1 1 1 1 1
p52 8,00 -1 1 1 1 1
p53 8,33 0 1 1 2 1
p54 8,86 0 1 1 2 1
p55 8,93 0 1 0 1 1
p56 9,35 0 1 0 1 1
p57 9,09 -1 1 0 0 0
p58 8,40 0 1 0 1 1
p59 8,10 1 1 -1 1 1
p60 8,43 -1 1 1 1 1
p61 9,08 0 1 0 1 1
p62 9,75 0 1 1 2 1
p63 11,06 -1 1 0 0 0
p64 11,25 -1 1 1 1 1
p65 11,69 -1 1 1 1 1
p66 14,60 -1 1 1 1 1
p67 15,60 0 1 1 2 1
p68 16,66 0 1 1 2 1
p69 16,84 0 1 1 2 1
p70 19,39 -1 1 0 0 0
p71 18,39 -1 -1 -1 -3 -1
Saldo Final: R$ 15.382,00
VPL: R$ 3.200,59
Tabela 13: Modelagem do cenário – Solução Indicadores Combinados
Fonte: elaborado pelo autor.
Como pode ser visto, o saldo final quando aplicada as estratégias dos três indicadores em conjunto é
consideravelmente mais alto do que as demais soluções apresentadas até o momento. Ao mesmo tempo, ele é
mais efetivo no longo prazo, visto que apresenta também melhor relação de VPL.
Uma característica presente na conceituação da Teoria dos Jogos também cabe ser destacada neste
ponto pois, considerando a existência de uma grande quantidade de dados e sua tendência a por vezes
apontarem para lados opostos, o arranjo das estratégias em formato de matriz facilita a visualização, a
modelagem e a busca por uma solução. Seguindo, outra forma de buscar uma solução para o cenário levou em
96
conta a associação lógica entre alguns preceitos da Teoria dos Jogos e as ferramentas de análise técnica
presentes no cenário. Para tanto, consideremos as duas proposições lógicas que seguem:
a) se a função utilidade é dada pela diferença das cotações do período, temos que:
b) se o perfil de estratégia do período atual for maior do que o perfil de estratégia do período anterior,
temos que:
utilidade(p+1) é maior que utilidade(p) se: perfil de estratégias(p+1) > perfil de estratégias(p).
Expliquemos, portanto, estas afirmações. Em primeiro lugar, como a utilidade de cada período é dada,
no cenário, através da maximização do lucro nas decisões de compra e venda de ações, logicamente a utilidade
será maior se o preço da ação subir de um período para o outro, ou seja, se a cotação atual for maior do que a
cotação anterior. Se por exemplo isto acontecesse de maneira contínua por vários períodos, a solução ideal ou
função utilidade de cada período seria sempre fazer a compra da ação, pois o preço do período seguinte seria
sempre maior do que o atual.
Por outro lado, com relação ao perfil de estratégia, digamos que no período(p) o perfil de estratégia
considerando os três indicadores de análise técnica é (-1, -1, -1), ou seja, todos indicam que a melhor opção é a
venda do ativo. Agora, considere que o perfil de estratégia do período(p+1) seja (-1, -1, 1). Assim, embora a soma
dos indicadores do perfil de estratégia do período continue considerando a venda do ativo, este perfil terá uma
função utilidade(p+1) maior que a utilidade(p), o que poderia ser interpretado como uma oportunidade de compra
do papel.
Assim, foi realizada nova modelagem do cenário, desta vez considerando não só o resultado da
estratégia dos indicadores de análise técnica, mas acrescentando-se as ponderações lógicas apresentadas
anteriormente, a respeito da cotação do papel e dos perfis de estratégia, com o seguinte resultado:
p17 9,94 -1 1
p18 8,67 1 1
p19 13,00 2 1
p20 13,05 2 1
p21 14,27 2 1
p22 15,73 1 1
p23 13,99 1 1
p24 17,68 3 1
p25 17,85 0 -1
p26 20,65 2 1
p27 14,30 0 -1
p28 12,96 0 1
p29 14,02 -1 -1
p30 13,66 0 -1
p31 13,26 -1 -1
p32 12,62 -1 1
p33 11,75 1 1
p34 12,89 -1 -1
p35 12,66 -1 1
p36 9,64 -2 -1
p37 7,51 -1 1
p38 6,63 -1 1
p39 6,48 -2 -1
p40 5,76 -1 1
p41 6,99 -2 -1
p42 6,62 -1 1
p43 5,27 -1 1
p44 3,98 -1 1
p45 4,07 1 1
p46 5,43 0 -1
p47 5,58 2 1
p48 7,15 1 1
p49 6,57 2 1
p50 7,67 1 1
p51 7,68 1 1
p52 8,00 1 1
p53 8,33 2 1
p54 8,86 2 1
p55 8,93 1 1
p56 9,35 1 1
p57 9,09 0 -1
p58 8,40 1 1
p59 8,10 1 1
p60 8,43 1 1
p61 9,08 1 1
p62 9,75 2 1
p63 11,06 0 -1
p64 11,25 1 1
p65 11,69 1 1
p66 14,60 1 1
p67 15,60 2 1
p68 16,66 2 1
p69 16,84 2 1
p70 19,39 0 -1
p71 18,39 -3 -1
Saldo Final: R$ 9.840,00
VPL: R$ 4.476,60
Tabela 14: Modelagem de cenário – Solução com Estratégia Lógica
Fonte: elaborado pelo autor.
Dentre todos as modelagens realizadas para o cenário em questão, esta última foi a que apresentou
melhor resultado final em termos de Valor Presente Líquido, trazendo ao investidor o retorno de R$ 4.476,60.
Porém, como é possível imaginar, dentre o imenso universo de perfis de estratégia existentes, há um que
98
representa aquele em que o investidor alcançará o maior lucro possível, considerando as regras do cenário. É
justamente esta a questão que será vista no subtítulo seguinte.
As modelagens vistas anteriormente, conforme explicado, foram baseadas em critérios que começam
com testes aleatórios, passam pelo uso das ferramentas técnicas para análise de ações e, por fim, lançam mão
de combinações matemáticas e lógicas visando maximizar a função utilidade, ou seja, acertar o maior número
possível de decisões visando maximizar o lucro do investidor.
Porém, como no caso em questão há um período finito em que o cenário é modelado, é possível
realizar uma abordagem que vise encontrar aquela que seria a melhor combinação possível para tomada de
decisão considerando todos os períodos, de modo a maximizar o resultado final, conforme o objetivo do
investidor.
Assim, com apoio do suplemento ‘Solver’ da ferramenta de planilha eletrônica Excel, o cenário em
questão foi modelado de forma a atender os princípios do jogo, realizando todas as combinações possíveis,
visando indicar aquela que seria a melhor, ou seja, o conjunto contendo o perfil de estratégia que resultaria na
melhor função utilidade do cenário. O resultado pode ser visto na tabela seguinte:
p31 13,26 0
p32 12,62 1
p33 11,75 1
p34 12,89 1
p35 12,66 1
p36 9,64 1
p37 7,51 1
p38 6,63 1
p39 6,48 1
p40 5,76 1
p41 6,99 1
p42 6,62 1
p43 5,27 1
p44 3,98 1
p45 4,07 1
p46 5,43 1
p47 5,58 1
p48 7,15 1
p49 6,57 1
p50 7,67 1
p51 7,68 1
p52 8,00 1
p53 8,33 1
p54 8,86 1
p55 8,93 1
p56 9,35 1
p57 9,09 1
p58 8,40 1
p59 8,10 1
p60 8,43 1
p61 9,08 1
p62 9,75 1
p63 11,06 1
p64 11,25 1
p65 11,69 1
p66 14,60 1
p67 15,60 1
p68 16,66 1
p69 16,84 1
p70 19,39 -1
p71 18,39 0
Saldo Final: R$ 51.607,00
VPL: R$ 25.015,47
Tabela 15: Modelagem de cenário – Solução Melhor Possível
Fonte: elaborado pelo autor. O cálculo em sua integralidade pode ser visto no Anexo 3..
Assim, se o investidor tomasse a decisão mais acertada em todos os 71 períodos em que há interação,
o seu saldo final seria de R$ 51.607,00, com um VPL de R$ 25.015,47. Caso qualquer uma das estratégias
adotadas for alterada, em qualquer um dos períodos, o resultado do investidor será menor do que o apontado
nesta solução.
Sabendo disso, torna-se inevitável realizar uma comparação final entre todas as modelagens
realizadas, que pode ser vista na tabela seguinte:
100
p55 8,93 0 -1 1 0 1 0 1 1 1
p56 9,35 1 0 0 0 1 0 1 1 1
p57 9,09 0 0 0 -1 1 0 0 -1 1
p58 8,40 1 0 1 0 1 0 1 1 1
p59 8,10 -1 1 0 1 1 -1 1 1 1
p60 8,43 1 1 -1 -1 1 1 1 1 1
p61 9,08 0 1 -1 0 1 0 1 1 1
p62 9,75 0 -1 -1 0 1 1 1 1 1
p63 11,06 0 1 -1 -1 1 0 0 -1 1
p64 11,25 -1 0 -1 -1 1 1 1 1 1
p65 11,69 -1 0 1 -1 1 1 1 1 1
p66 14,6 1 1 -1 -1 1 1 1 1 1
p67 15,60 -1 -1 -1 0 1 1 1 1 1
p68 16,66 1 1 -1 0 1 1 1 1 1
p69 16,84 0 0 -1 0 1 1 1 1 1
p70 19,39 0 -1 0 -1 1 0 0 -1 -1
p71 18,39 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 0
Saldo Final 3.308,00 383 -300 279 13.126,00 3.370,00 15.382,00 9.840,00 51.607,00
VPL 1.739,94 -341,16 -1.001,02 -768,72 -436,36 606,39 3.200,59 4.476,60 25.015,47
Qtde. decisões
coincidentes com a
30 27 20 15 43 24 39 54 71
Solução Melhor
Possível
Índice de acerto
42,25% 38,03% 28,17% 21,13% 60,56% 33,80% 54,93% 76,06% 100,00%
de decisões
Tabela 16: Quadro comparativo de soluções de modelagem
Fonte: elaborado pelo autor.
A partir do quadro comparativo, verificou-se que de forma lógica, a solução que apresentou melhor
Valor Presente Líquido é aquela que possui o maior índice de decisões acertadas, ou seja, a solução de
modelagem ‘Estratégia Lógica’, que em 76,06% dos períodos analisados apresentou uma decisão coincidente
com a melhor decisão possível.
Já quando é analisado o resultado com base no Saldo Final, a quantidade de decisões acertadas não é
a única determinante para se alcançar o melhor resultado, pois há casos em que embora a solução apresente
um número de acertos maior que outra, o VPL é menor. Um exemplo disso pode ser observado se comparada a
solução da estratégia ‘Tendência Primária’, onde embora as decisões tomadas coincidam em 60,56% das vezes
com a melhor decisão possível, o VPL é de -R$ 436,36, um valor inferior se comparado com a solução da
estratégia ‘Análise Gráfica de Curto Prazo’, que apresentou VPL R$ 606,39, tendo esta última apenas 33,80% de
índice de acertos. Assim, quando o resultado da solução é colocado sob efeito do tempo (no caso, com uma
taxa de desconto de 1% ao período), é importante não só o acerto da decisão, mas também quando ela ocorre.
Nisto, além do fator tempo, pode-se questionar também o efeito das interações seqüenciais na
apuração da melhor estratégia possível para maximização do lucro do investidor. Isto porque, como vimos no
início deste capítulo, uma decisão que parece ser a ideal em determinado período pode ser totalmente
inadequada quando são adicionados períodos subseqüentes. Isto ocorre porque, como a função utilidade do
cenário será definida pela cotação do preço do papel em questão, e visto que este geralmente não apresentará
uma evolução linear, o melhor resultado tende a apresentar um comportamento dinâmico.
102
Para melhor visualizar este comportamento dinâmico, foi realizada modelagem do cenário com o
mesmo método utilizado para se encontrar a solução ‘Melhor Possível’, porém desta vez realizando a simulação
período a período. O resultado pode ser visto a seguir:
Considerando o tamanho da figura acima, para facilitar seu entendimento, foi atribuída a cor verde
para decisões de compra, amarelo para as decisões de nenhum movimento e vermelho para as decisões de
venda. As linhas representam os períodos do cenário e as colunas o perfil de estratégias seqüências na
modalidade de solução ‘Melhor Possível’. A mesma figura também pode ser visualizada no Anexo 5, em
tamanho maximizado.
Como pode ser deduzido a partir do quadro, não deixa de ser um ponto surpreendente o fato de que
as decisões em cada período pouco mudam na aplicação seqüencial da melhor estratégia possível. Considere
por exemplo aqueles que seriam considerados os melhores momentos para venda do papel: pode-se dizer que
há apenas 5 momentos (observados quando ocorre uma linha vermelha na figura), entre os 71 períodos de
análise, que são preponderantes para o resultado final.
Ainda podem ser observadas algumas configurações em forma de pirâmide invertida, onde situações
em que a melhor decisão significa, inicialmente, não fazer nenhum movimento (em amarelo) ou ainda
103
concretizar a venda do papel (em vermelho), são substituídas por fazer a compra do papel (em verde). Porém,
o que é interessante nestes casos é que normalmente esta alteração na decisão não demora mais do que três
períodos para ocorrer, em especial quando o papel encontra-se em meio a uma tendência primária de alta.
Uma última observação pertinente ao quadro tem a ver, ainda, com as tendências primárias. O
momento de maior volatilidade, por assim dizer, na definição da melhor decisão possível ocorreu quando o
papel atravessava um período de tendência primária de baixa. Do contrário, em tendências primárias de alta, a
melhor decisão possível indicava, logicamente, a compra massiva do papel, indicada na cor verde.
Considerando que a realização das modelagens de solução do cenário foram baseadas num histórico
de cotações do papel, inclusive no caso daquela que representa a melhor configuração possível para este fim,
pode-se dizer que quando são conhecidas as cotações, fica relativamente fácil fazer este tipo de análise.
Portanto, neste subtítulo foram repetidos os métodos e soluções apresentados, assim como as
condições do cenário hipotético original, para uma nova modelagem de resultado. Nela, porém, foram
consideradas cotações posteriores às empregadas nas modelagens iniciais, apuradas entre os dias 01/01/2016
a 30/09/2016 e divididas em seis períodos de aproximadamente 45 dias, conforme a tabela a seguir:
Período Cotação
1-2016 18,79
2-2016 13,90
3-2016 13,00
4-2016 14,36
5-2016 11,40
6-2016 10,02
Tabela 17: Cotações SUZB5 – Períodos 1-2016 a 6-2016
Fonte: elaborado pelo autor.
Também, foram repetidos os critérios para definição da estratégia de cada um dos jogadores do
cenário (IFR, Análise Gráfica de Curto Prazo e Tendência Primária), que representam as ferramentas técnicas
regradas no cenário original. O resultado é o que segue:
Por fim, foram realizadas novas modelagens considerando estes dados, nos mesmos moldes daquelas
realizadas anteriormente. Seu resultado é apresentado de forma resumida no quadro comparativo abaixo:
Como pode ser observado na tabela acima, o período em questão possui uma combinação de
estratégias em que é mais comum a ocorrência de saldo final e VPL negativos ou zerados. Esta afirmação pode
ser corroborado com a realização dos testes aleatórios, pois dos três testes realizados sob este critério, todos
resultaram em valores negativos.
Além disso, observa-se também que os indicadores de análise técnica não recomendam em nenhum
momento a compra do papel, efeito da tendência de baixa de preços ocorrida no período, fazendo com que as
decisões tomadas sob a ótica destes indicadores resulte em saldo final e VPL zerados.
Assim, após a realização da modelagem de cenário apontar a solução de ‘Estratégia Lógica’ como a
mais efetiva, tanto no período histórico de 2007 a 2015 quanto no teste em período posterior de tempo, pode-
se recomendar ao investidor que, dentre as estratégias modeladas, esta solução para tomada de decisões é
aquela que apresenta melhor função utilidade em função de seus interesses de investimento.
105
6 I CONCLUSÃO
Quando dito, no início deste trabalho, que iniciar uma tarefa que sabemos de antemão ser impossível
de ser realizada pode parecer irracional, tal sentença baseava-se na imensa complexidade que envolve o
estudo e a análise do mercado de capitais, quando o objetivo é prever seu comportamento.
Agora, entretanto, ao seu final, pode-se dizer que trata-se nem tanto de uma questão de racionalidade
ou não, mas sim de disponibilidade de informações, ferramentas e da própria determinação do pesquisador
numa incursão a esta área de estudo que acabam por definir o resultado alcançado.
Visto que o universo das possibilidades de análise que envolvem a tomada de decisão no mercado de
capitais são, de fato, infinitas, a aplicação dos preceitos da Teoria dos Jogos mostrou-se pertinente,
especialmente quando trata-se de dimensionar e organizar os dados que serão utilizados nas análises.
Nisto, a Teoria dos Jogos destaca-se pela flexibilidade obtida com os conceito de estratégia e payoff,
assim como com a disposição dos dados em formato de matriz, que tornam seus modelos amigáveis ao
pesquisador, visual e logicamente, facilitando seu trabalho.
Com relação à flexibilidade, o fato de que é possível aplicar ao modelo parametrizações de dados
diversos, mesmo quando estes se apresentam sob formatos e períodos análogos, também faz com que neste
aspecto a Teoria dos Jogos obtenha vantagem quando comparada, por exemplo, a modelos de correlação ou
regressão múltipla, que exigem maior linearidade no formato das informações.
Na mesma linha de raciocínio, a aplicação da Teoria dos Jogos também foi útil na análise da decisão a
ser tomada quando, definido o cenário do jogo e seus componentes, montou-se o perfil de estratégias dos
jogadores. Considerando que na análise técnica de ações é relativamente comum a ocorrência de resultados
antagônicos entre as ferramentas aplicadas, confundindo a tomada da decisão correta, o formato de matriz
comumente visto na Teoria dos Jogos facilita a visualização e identificação destas singularidades.
Ainda quanto aos aspectos positivos da aplicação da Teoria dos Jogos para análise técnica de ações,
talvez a maior virtude desta prática seja a possibilidade de moldar qualquer cenário de investimento de acordo
com os seus preceitos. Neste ponto, é preciso ressaltar a importância que a modelagem computacional assume
para viabilizar este tipo de estudo pois, diferente de alguns tipos de jogos com características mais simples. em
que é possível aplicar uma equação matemática para apontar o resultado racional esperado para o jogo, no
caso da análise do mercado de capitais isto não ocorre, sendo necessária a realização de diversas simulações
para buscar a melhor solução do jogo.
106
Sendo a relação entre a Teoria dos Jogos e a modelagem computacional imprescindível, esta
particularidade expõe porém um ponto negativo para o uso deste técnica, que também pode ser observada no
presente trabalho. Como visto no capítulo anterior, as modelagens de cenário foram baseadas em um espaço
de tempo contendo 71 períodos, com interações seqüenciais, utilizando-se perfis de estratégia de três
jogadores e cada jogador com três estratégias possíveis. Estas características definiram, ao jogo, uma
quantidade colossal de dados.
Assim, a solução do cenário, de acordo com as modelagens testadas, só foi obtida mediante
capacidade de processamento de um computador e utilização de software específico, o que leva a crer que tal
metodologia é praticamente impossível de ser aplicada sem o uso destas ferramentas, tornando-se portanto
um ponto negativo para a Teoria dos Jogos. Isto fica ainda mais evidente quando levamos em consideração que
o cenário hipotético criado para este estudo incorporou somente um pequeno número de informações, se
comparado ao enorme universo de dados que cerca o mercado de capitais.
Nisto, pode-se dizer ainda que uma eventual falha nos dados coletados ou mesmo na análise dos
resultados das soluções apresentadas pode inviabilizar o uso da ferramenta. E, embora esta seja uma situação
suscetível a qualquer metodologia empregada para análise técnica de ações, a flexibilidade no uso das
informações permitida pela Teoria dos Jogos tende a apresentar maior espaço para equívocos, exigindo
portanto maior cuidado por parte do pesquisador.
Porém, apesar dos pontos negativos citados, a aplicabilidade da Teoria dos Jogos na análise do
mercado de capitais provou-se viável. Esta afirmação é baseada no desenvolvimento deste trabalho que,
atendendo aos objetivos gerais e específicos propostos, pôde responder à problemática formulada
inicialmente, apresentando uma solução que combina ferramentas tradicionais de análise técnica de ações
com os preceitos da Teoria dos Jogos. Muito embora as modelagens e soluções deste trabalho tenham sido
obtidas para uma situação específica, que envolve um período e um ativo determinados no cenário do jogo, o
método em si não fica restrito, podendo ser expandido.
Por fim, cumpre salientar que a aplicação da Teoria dos Jogos na análise do mercado de capitais é
incipiente e, portanto, difícil de prever se sua aplicabilidade pode transcender o ambiente teórico e chegar, de
fato, a compor o rol de ferramentas que prestam auxílio aos traders em suas análises para tomada de decisão
de investimento em ambiente real. Mas, enquanto isto não ocorre, haverá ainda espaço para desenvolvimento
e aplicação da Teoria dos Jogos no mercado de capitais, espaço este que na verdade, como dito anteriormente,
é inesgotável.
107
7 I BIBLIOGRAFIA
ASSAF NETO, Alexandre. Mercado Financeiro. 4 ed. São Paulo, SP: Atlas, 2001.
AZEVEDO, Erick Menezes de. Modelo computacional de Teoria dos Jogos aplicado aos leilões
brasileiros de energia elétrica. Universidade Estadual de Campinas, 2004.
BANRISUL CORRETORA. Banrisul, o nosso Banco. 1 ed. Porto Alegre, RS: Banco do Estado do Rio
Grande do Sul, 2004.
CASTRO, Helio O. Portocarrero de. Introdução ao Mercado de Capitais. 1 ed. Rio de Janeiro, RJ:
IBMEC, 1979.
CAVALCANTE, Francisco; MISUMI, Jorge Yoshio; RUDGE, Luiz Fernando. Mercado de capitais: o que
é e como funciona. 6 ed. Rio de Janeiro: Editora Elsevier, 2005.
COSTA, Cristiene dos Santos. Teoria dos Jogos e a relação entre o Teorema Minimax de John Von
Neumann e o Equilíbrio de Nash de John Nash. Universidade Católica de Brasília, 2005.
GOMES, Orlando. Teoria dos Jogos: algumas noções elementares. Instituto Superior de
Contabilidade e Administração de Lisboa, 2012.
MATSURA, Eduardo. Comprar ou vender? Como investir na bolsa utilizando análise gráfica. 6 ed.
São Paulo, SP: Saraiva, 2007.
108
MAYER, Thomas; DUESENBERRY, James S.; ALIBER, Robert Z. Moedas, bancos e a economia. 3 ed.
Rio de Janeiro: Campus, 1993.
NASH, John Forbes. Non-cooperative Games. PhD. Thesis. Princeton University Press, 1950.
OLIVEIRA, Gilson; PACHECO, Marcelo. Mercado financeiro. 2 ed. São Paulo, SP: Editora fundamento
Educacional, 2010.
OLIVEIRA, Miguel Delmar de. Introdução ao Mercado de Ações. 1 ed. Rio de Janeiro, RJ: Comissão
Nacional de Bolsas de Valores, 1979.
PAZ, Leandro; BASTOS, Marcos. Mercados futuros: como vencer operando futuros. 1 ed. Rio de
Janeiro, RJ: Elsevier, 2012.
PEREIRA, Silvio Barros. Introdução à Teoria dos Jogos e a Matemática no Ensino Médio. Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro, 2014.
PIAZZA, Marcelo. O melhor da análise técnica de ações. 1 ed. São Paulo, SP: Saraiva, 2010.
PINHEIRO, Juliano Lima. Mercado de capitais: fundamentos e técnicas. 3 ed. São Paulo: Editora
Atlas, 2001.
PRADO, E. Dilema do prisioneiro e dinâmicas evolucionárias. Estudos econômicos, v.29, n.2, p.249-
266, 1999.
ROTH, Alvin E. The Economist as Engineer: Game Theory, Experimentation, and Computation as
Tools for Design Economics. Econometrica, vol. 70, nro.4, 2002.
SÁ, Geraldo Tosta de. Investimentos no Mercado de Capitais. 1 ed. Rio de Janeiro, RJ: Ao Livro
Técnico SA: Bolsa de Valores, 1979.
SARTINI, Brigida. Uma introdução a Teoria dos Jogos. II Bienal da SBM, Universidade Federal da
Bahia, 2004.
SILVA, José Pereira da. Gestão e análise de risco de crédito. 6 ed. São Paulo, SP: Editora Atlas, 2008.
O período sob análise inicia com preços andando ‘de lado’, A baixa observada no início do período é interrompida por
porém
A o rompimento para cima desta tendência configurou um importante linha de suporte do papel a R$ 16,20, sendo que a
retângulo de alta. O movimento altista esgotou-se ao se partir deste momento o papel passa a apresentar movimento
aproximar da linha de resistência em R$ 20,20, e a correção lateral, sem indicadores importantes para definição da próxima
observada a seguir sugere que os próximos movimentos devem tendência. Payoff: 0
seguir em direção a um ponto futuro, indicado pela
convergência entre as retas do triângulo formado ao final do
período. Payoff: 0
Uma tendência de alta domina o período, sustentada por uma Um canal de alta predomina no período, ultrapassa com
importante linha de suporte do papel a R$ 16,20. A ocorrência facilidade uma linha de resistência em R$ 20,20 e se aproxima
dos fundos ascendentes e a falta de sinais consistentes que da linha de resistência seguinte, a R$ 22,40, onde notou-se
possam indicar reversão da tendência indicam uma provável perda de força do lado comprador. Caso superada esta barreira,
continuidade da direção do movimento, que tende a testar as o papel poderá passar a testar a próxima resistência, porém é
próximas linhas de resistência do papel a R$ 20,20. Payoff: +1 provável que, visto os últimos movimentos do papel, ocorra
uma congestão do preço. Payoff: 0
110
Anexo I – Análise Gráfica de Curto Prazo
O movimento lateralizado verificado no início do período, Um consistente canal de alta atravessa o período, chegando a
próximo a linha de resistência em R$ 22,40, dá lugar a um canal ultrapassar linha de resistência a R$ 22,40. Porém, a força
de baixa que tira o papel deste patamar de preço, sem apresentar compradora perde fôlego ao chegar próximo a linha de resistência
sinais que possam indicar uma eventual reversão de tendência. seguinte em R$ 25,00. Nisto, a aparição de vários candles
Payoff: -1 indicadores de equilíbrio podem indicar uma congestão do preço
do papel próximo a este patamar. Payoff: 0
Martelo Estrela
Invertido cadente
Ilha de
reversão
A reversão da tendência de queda observada inicialmente pela A grande volatilidade dos movimentos registrados foi a principal
formação de uma ilha de reversão impulsionou o papel de volta marca do período, com a ocorrência de diversos candles de
acima da linha de resistência de R$ 22,40. Porém, ocorre um grande extensão, tanto em corpo quanto em pavio. Porém o
congestionamento dos preços em torno deste patamar. Assim, embate entre compradores e vendedores foi sobremaneira
embora a correção positiva observada e a posterior ocorrência motivado pelo teste da linha de resistência a R$ 22,40. Ao final
de uma linha ascendente no gráfico, não é possível afirmar que do período, pela falta de sinais determinantes, não é possível
esta correção possa dar origem a uma tendência de alta, visto os precisar qual lado apresentará maior força. Payoff: 0
escassos volumes negociados. Payoff: 0
Após o registro de forte alta no início do período, impulsionada Após um início caracterizado por movimento lateral, o preço do
pela ultrapassagem de linha de resistência a R$ 22,40, o preço papel no período formou um canal de baixa acentuado que
do papel passou a andar ‘de lado’, porém suportou bem a força atravessa a linha de resistência de R$ 22,40 e, ao seu final, ainda
vendedora, que apesar de algumas correções não foi suficiente não mostra sinais de reversão da tendência. Payoff: -1
para derrubar o preço numa reversão, movimento este indicado
por vários candles de equilíbrio. Payoff: 0
112
Anexo I – Análise Gráfica de Curto Prazo
Ombro Ombro
Cabeça
A tendência de baixa verificada no início do período perde fôlego A iminência de um Ombro-Cabeça-Ombro invertido ocorre no
após cair abaixo de ponto de resistência do papel a R$ 12,40, período, porém dependente ainda de confirmação de pivot de
porém a força compradora não é suficiente para reverter a alta que, se observado, indica uma tendência de alta. Payoff: 0
tendência, gerando um movimento lateralizado. Payoff: 0
113
Anexo I – Análise Gráfica de Curto Prazo
Harami
A alta volatilidade observada no início do período deu lugar a um Um canal de baixa é interrompido ao tocar uma importante
movimento lateralizado, demonstrado pela figura de um linha de suporte, a R$ 7,90. Segue-se então uma sequencia de
retângulo, e em seu interior a ocorrência de vários candles movimentos lateralizados, caracterizando uma perda de força
característicos de equilíbrio de força são encontrados. Assim, o da parte vendedora, chegando a apresentar um candle do tipo
rompimento do retângulo para qualquer direção deverá indicar a Harami, com volume significativo, ao final do período. A
próxima tendência. Payoff: 0 reversão da tendência é uma ocorrência provável, mas
pendente de confirmação em movimentos futuros. Payoff: 0
Uma clara tendência de alta marca o período, que apoiada pelo A volatilidade verificada no início do período é substituída por um canal
suporte a R$ 7,90 rapidamente alcança uma importante linha de de baixa que domina quase que sua totalidade, chegando a levar o
resistência do papel a R$ 12,40. Neste patamar, apesar de preço do papel abaixo de importante linha de resistência a R$ 12,40
observarmos uma breve correção de preço com alguns dias de onde, entretanto, a parte vendedora acaba perdendo força, dando
movimento negativo, estas ocorrências não possuem força para margem a uma recuperação, que pode indicar tanto uma correção na
reversão da tendência de alta, visto que volumes significativos figura de uma bandeira de baixa quanto uma reversão da tendência.
Com a confiança do lado comprador aumentando após a manutenção
continuam associados ao movimento comprador, o que indica a
do preço do papel acima da resistência, esta última opção pode ser a
continuidade da alta do papel. Payoff: +1
mais provável, porém os próximos movimentos serão decisivos para
consolidação desta posição. Payoff: 0
114
Anexo I – Análise Gráfica de Curto Prazo
Apesar de apresentar uma certa congestão no início do período, Durante o período, observa-se a formação de um triângulo de
o papel conseguiu superar uma importante resistência em R$ alta, formado em direção ao suporte em R$ 15,70. Porém, ao
12,40 e avançar consistentemente em um canal de alta, quase seu final, as linhas do triângulo estão muito perto de convergir
até o final do período, onde a força compradora perdeu fôlego, entre si, indicando equilíbrio de forças entre compradores e
dando origem a movimentos marcados pelo equilíbrio. Payoff: 0 vendedores. Assim, os próximos movimentos serão decisivos na
definição da continuidade ou não da tendência de alta. Payoff: 0
Estrela
da
manhã
Homem
enforcado
O período apresenta inicialmente um canal lateral, que forma Um canal de alta consistente cruza toda a extensão do período,
um retângulo de baixa após seu abrupto rompimento. A queda ultrapassando um importante suporte do papel a R$ 15,70.
é revertida após a formação de um candle Estrela da Manhã, e o Porém, o candle Homem Enforcado ao final do período indica
papel recupera parte do preço com sucessivos gaps de alta. Isto uma provável perda de força da parte compradora, o que
pode representar uma possível reversão de tendência, sendo também pode ser deduzido a partir da formação de vários
que a proximidade de importante suporte a R$ 15,70 sugere que candles indicadores de equilíbrio na extensão do canal de alta.
o papel pode caminhar em busca deste patamar de preço. Payoff: 0
Payoff: +1
115
Anexo I – Análise Gráfica de Curto Prazo
Papper
Umbrella
Long
Harami Legged
de fundo Doji
Após iniciar o período com significativa alta, o aparecimento de Após a reversão de movimentos de baixa no início do período,
um candle do tipo Paper Umbrella marcou o início de uma seguiu-se uma forte alta que, após ultrapassar importante
reversão, com a formação de um canal de baixa bastante volátil resistência do papel em R$ 19,10, seguiu em direção à próxima
que dominou boa parte do período. Porém, em seus últimos resistência em R$ 21,50, não sem antes formar uma flâmula de
dias, o canal foi rompido com a formação de um harami de alta. Porém, a ocorrência de um candle do tipo Long Legged Doji
fundo, o que pode indicar uma reversão de tendência. Payoff: encerrou o movimento de alta, dando origem a um movimento
+1 lateralizado, que indica perda de força compradora e uma
possível inversão de tendência. Payoff: 0
Gravestone
Doji
O rompimento de um movimento lateralizado em direção à uma A significativa baixa ocorrida no início do período, ficando
tendência de baixa predomina no período observado. Ao final do canal inclusive abaixo de importante suporte do papel a R$ 12,80, é
de baixa, alguns candles de reversão de tendência consecutivos não são superada por uma tendência de alta. Esta tendência, porém,
confirmados pelos volumes negociados, indicando um equilíbrio de perde força ao final do período, e o aparecimento de um candle
forças. O período é marcado ainda pela ocorrência de um aumento de do tipo Gravestone Doji seguido por fortes movimentos de
capital com conseqüente desdobramento de ações realizado pela baixa, validados por um volume significativo, indica claramente
empresa, com a distribuição de 1 ação nova para cada grupo de quatro
uma reversão de tendência em direção a baixa dos preços do
pré-existentes (25%), de mesma espécie e classe, conforme Fato
papel, que devem novamente testar o suporte a R$ 12,80.
Relevante divulgado pela empresa em 30 de Abril de 2010. Payoff: 0
Payoff: -1
116
Anexo I – Análise Gráfica de Curto Prazo
A tendência de queda observada no início do período perde O período marca a formação de um claro triângulo de baixa que,
força ao aproximar-se de importante suporte do papel, a R$ apesar do equilíbrio de forças observada pelo surgimento de
12,80, sem ultrapassá-lo. A partir de seu esgotamento, surge vários candles do tipo Long Legged Doji e Spinning Top, indica
um breve canal de alta, seguido por um retângulo lateral, uma tendência de baixa no preço do papel. Payoff: -1
demonstrando equilíbrio de forças entre compradores e
vendedores, sendo que o próximo movimento fora destas linhas
deve demonstrar a próxima tendência do papel. Payoff: 0
A tendência de baixa vista no início do período é revertida pela O canal de baixa observado no período é forte o bastante para
figura de um martelo invertido, que dá início a um canal de alta. romper linha de suporte em R$ 12,80, porém o movimento
Este, entretanto, não se sustenta por muito tempo, indicando perde força em seguida e o aparecimento de um candle Long
que o breve período de alta representou apenas uma correção Day de alta pode indicar um congestionamento de preços
da tendência anterior. A prevalência da força vendedora ao final próximos a linha de suporte. Payoff: 0
do período, iniciando uma nova tendência de baixa, tende a
sustentar-se até o aparecimento de novos sinais de
correção/reversão. Payoff: -1
117
Anexo I – Análise Gráfica de Curto Prazo
Engolfo
de baixa
Marubozu
O esgotamento da força compradora ocorrida a partir da Após um início em que o papel corre por um canal lateral, segue
metade do período em análise propiciou o surgimento de um uma tendência de alta confirmada por um Marubozu. Porém, ao
claro canal de baixa, que trabalhou abaixo importante suporte final do período de análise, podem ser observados candles
do papel a R$ 12,80. Payoff: -1 característicos de esgotamento ou reversão da tendência,
ocorrendo inclusive uma configuração conhecida por Engolfo de
Baixa, confirmado pelos volumes do movimento. Payoff: 0
A ocorrência de sucessivos topos descendentes e a formação de O período apresenta predominantemente uma tendência de
um triângulo de baixa indicam possibilidade de continuação da baixa, potencializada após a perda de suporte do papel em R$
tendência baixista do papel, que poderá testar testando o 12,80, não sem antes ter ocorrido período de movimento
suporte do papel em R$ 12,80. Payoff: -1 lateral. Considerando não haver indicadores significativos de
reversão, é provável a continuidade da tendência de baixa.
Payoff: -1
118
Anexo I – Análise Gráfica de Curto Prazo
Marubozu
Gravestone
Doji
Um claro canal de baixa acompanha a totalidade do período O período inicia-se com uma forte tendência de baixa, após
observado, culminando inclusive com a perda de importante perda de suporte do papel em R$ 6,40, e somente ao final do
suporte do papel a R$ 6,40. Payoff: -1 período é interrompida por um movimento lateral, indicando
equilíbrio de forças, corroborado ainda pelo aparecimento de
dois candles em sequencia do tipo Gravestone Doji. Payoff: 0
120
Anexo I – Análise Gráfica de Curto Prazo
Um longo canal lateral domina o período observado, sem que O período apresenta em sua quase totalidade uma consistente
haja qualquer definição para sua alteração. Ao observar o tendência de alta, com movimentos ondulados. Ao seu final, fica
volume, entretanto, destacam-se alguns momentos de maior caracterizada a formação de uma bandeira de alta, indicando
movimentação, todos eles associados a favor das forças uma provável continuidade da tendência. Payoff: +1
compradoras. Payoff: 0
Harami
O período apresenta grande volatilidade do papel, porém com O período inicia com um consistente canal de alta que, após
certo equilíbrio entre as forças compradoras e vendedoras. É romper importante linha de suporte do papel a R$ 6,40, passa a
visível a figura de um triângulo de alta, com expectativa de apresentar comportamento lateralizado, pouco acima da linha
projeção de encontro das linhas de tendência superior e inferior de suporte, sem definição clara da próxima direção.
num ponto futuro, com preço superior do papel a julgar com Considerando os volumes negociados, pode-se afirmar que a
base no ângulo de inclinação maior da tendência inferior. A força compradora ainda predomina nos últimos dias do período.
ocorrência de um Harami ao final do período ajuda ainda a Payoff: +1
reforçar esta hipótese. Payoff: +1
121
Anexo I – Análise Gráfica de Curto Prazo
Long
days de
baixa
Engolfe de
alta
A ocorrência de um padrão conhecido como engolfe de alta no A lateralização verificada no período transformou-se em um
período justifica a reversão da tendência negativa inicial, que canal de alta, com Long Days significativos. Apesar da ocorrência
transforma-se em uma consistente tendência de alta. Payoff: +1 também de Long Days de baixa, estes podem ser interpretados
como uma correção de preços e não como uma reversão, visto o
volume mais baixo envolvido em suas aparições e a ocorrência
de movimentos posteriores seguindo a tendência de alta de
preço. Payoff: +1
122
Anexo I – Análise Gráfica de Curto Prazo
O rompimento para cima do triângulo simétrico identificado no Nota-se uma formação curiosa na análise do período em
período e a posterior formação de um possível canal de alta questão, o qual apresenta quase que um espelhamento do
indicam a prevalência da força dos compradores, validada ainda comportamento do papel a partir do centro da figura. A isso
pelos volumes observados no breve canal de alta observado. soma-se a predominância de candles que caracterizam
Payoff: +1 equilíbrio de força compradora e vendedora, como dojis, dias
curtos e spinning tops. Payoff: 0
Período marcado por movimentos pouco voláteis do papel, com A ocorrência de um fundo duplo, configurado na figura de um
a ocorrência de longo canal lateral, sem definição clara de W, denota conotação altista, confirmada pela superação da
tendência. Payoff: 0 linha de resistência em seu topo. Porém, ao alcançar a projeção
esperada para a figura, o movimento perde força e passa a
apresentar um equilíbrio próximo ao patamar de R$ 9,00, sem
definição clara de tendência. Payoff: 0
123
Anexo I – Análise Gráfica de Curto Prazo
Gap de
exaustão
Dragonfly
Doji
No período, a ocorrência de um gap seguido de um candle Long O período ficou caracterizado pela formação de um canal lateralizado
Day de alta indicavam uma possível continuidade da força que, entretanto, foi rompido nos últimos dias por movimentos
compradora que, entretanto, não se confirmou nos movimentos significativos de baixa, que passaram a direcionar o movimento para
seguintes, o que fica claro ao ocorrer novo gap, agora de baixa, uma tendência de baixa. Entretanto, a movimentação dos últimos três
que em conjunto formam um gap de exaustão, revelando um dias demonstrou um esgotamento do movimento de baixa,
leve canal de baixa. Este canal, entretanto, é marcado pelo corroborado pelo aparecimento de candles característicos de intensa
briga entre vendedores e compradores, sendo que a breve recuperação
equilíbrio entre compradores e vendedores, e o aparecimento
observada nestes dias pode representar tanto uma pequena correção
de um candle Dragonfly Doji ao seu final sugere, novamente,
de preços antes da continuidade da tendência de queda ou o início de
uma possível recuperação da força dos compradores. Payoff: 0 uma reversão, sendo a primeira opção mais provável. Payoff: -1
Período marcado por forte volatilidade, com a formação de A ocorrência de um período de alta, com preços testando a linha
vários candles “Long Day” e “Marubozu”, porém com uma de resistência em R$ 10,00 e, após, a formação de um período
predominância de movimento altista, percebido através de de congestionamento, podendo indicar tanto uma continuidade
fundos ascendentes. Payoff: +1 da tendência como uma perda de força da parte compradora.
Payoff: 0
A ocorrência de um predominante canal de alta, inclusive Observa-se uma lateralização de preços, porém nos últimos
testando e superando uma importante linha de resistência do movimentos, fica evidenciada uma convergência de tendências,
papel a R$ 10,00. O movimento não apresenta sinais de formando um triângulo simétrico de alta, sinalizando uma
esgotamento, indicando a continuidade da tendência. Payoff: expectativa de alta no preço do papel. Payoff: +1
+1
125
Anexo I – Análise Gráfica de Curto Prazo
Spinning
Top
A força vendedora perdeu força quando a tendência de baixa Um consistente canal de alta avança sem sinais de reversão,
alcançou a linha de resistência a R$ 10,00, em região onde reforçado pelo cruzamento de importante suporte do papel na
ocorreu o surgimento de diversos candles spinning top, casa dos R$ 12,80. Payoff: +1
indicando grande volatilidade do papel e uma possível reversão
de tendência, visto a perda de força da parte vendedora. Nos
movimentos seguintes, observa-se a formação de uma
tendência de alta, que pode levar o papel a testar a próxima
linha de resistência. Payoff: +1
Marubozu
Martelos
Pivot de
alta
Long days e
gap de alta
Uma tendência de alta foi abruptamente interrompida por um Canal de baixa rompido por um pivot de alta, sobreposto a
dia de queda acentuada, representado por um long day de importante linha de resistência a R$ 16,00. Payoff: +1
baixa, porém revertida em seguida após a ocorrência de
sucessivos movimentos de alta, representados por long days e
um gap. Após, ocorre um breve embate de compradores e
vendedores na figura dos candles de martelo, mas a supremacia
da força compradora foi validada por um incontestável
marubozu de alta. Payoff: +1
126
Anexo I – Análise Gráfica de Curto Prazo
Long
Legged
Long Doji
Day
Formação de canal de alta que ultrapassa linha de resistência Após a ocorrência de um candle “Long Day” de alta, segue
importante (R$ 16,00), aproximando-se da próxima linha a R$ período de lateralização do papel, corroborado pelo
18,10, sem superá-la. O congestionamento subseqüente sugere aparecimento de clássicos Long Legged Doji. Payoff: 0
uma lateralização dos preços do papel entre as duas linhas.
Payoff: 0
Doji
Estrela da
Manhã
Após atingimento de uma linha de resistência do papel a R$ Formação de canal de alta ao final do período observado, porém
18,10 e esperada queda, ocorre reversão indicada a partir do o mesmo dirige-se ao encontro de um fechamento de um
aparecimento de um candle Doji Estrela da Manhã, objetivando triângulo simétrico de baixa, o que deve indicar o esgotamento
alta que supera novamente a linha de resistência. Payoff: +1 da tendência altista. Payoff: -1
127
Anexo I – Análise Gráfica de Curto Prazo
Marubozu
O período em questão é dominado por um longo canal de baixa A ocorrência de uma alta volatilidade marca o período, sendo
que, muito embora interrompido por uma correção positiva, que o movimento de alta em seu início testa uma resistência a
esta logo finalizou-se com a formação de um candle Marubozu, R$ 16,00, porém rapidamente perde força e dá lugar a
que sinalizou a continuidade do movimento de baixa. Payoff: -1 movimentos fortes e contínuos de baixa, rumo a um suporte do
papel em R$ 12,80. Após breve correção, novamente o gráfico é
finalizado por uma tendência de baixa, reforçada pelos volumes
associados a estes movimentos. Payoff: -1
Após uma longa baixa durante quase toda a extensão do No período, predomina uma movimento lateralizado em torno
período, inclusive caindo abaixo de linha de resistência a R$ da linha de resistência a R$ 10,00, sem sinais veementes que
10,00. Após, o papel mostrou breve recuperação, porém os possam indicar a próxima direção do papel. Ainda, a ocorrência
baixos volumes associados a isto não demonstram que ele possa de vários candles Doji corroboram o equilíbrio entre as forças
voltar a subir acima do ponto de resistência. Payoff: 0 compradoras e vendedoras. Payoff: 0
129
Anexo II – Gráfico de Tendências Primárias
Data Cotação Compra Qtde. Valor Venda Qtde. Valor Qtde. ações Estratégia IFR Aplicação total Movimentos
Período Cotação Compra Qtde. Valor Venda Qtde. Valor Estoque ações Estratégia Movimentos Saldo
Período Cotação Compra Qtde. Valor Venda Qtde. Valor Estoque ações Estratégia Movimentos Saldo
Período Cotação Compra Qtde. Valor Venda Qtde. Valor Estoque ações Estratégia Movimentos Saldo
Período Cotação Compra Qtde. Valor Venda Qtde. Valor Estoque ações Estratégia Movimentos Saldo
Período Cotação Compra Qtde. Valor Venda Qtde. Valor Estoque ações Estratégia Movimentos Saldo
Período Cotação Compra Qtde. Valor Venda Qtde. Valor Estoque ações Estratégia Movimentos Saldo
Período Cotação Compra Qtde. Valor Venda Qtde. Valor Estoque ações Estratégia Movimentos Saldo
Período Cotação Compra Qtde. Valor Venda Qtde. Valor Estoque ações Estratégia Movimentos Saldo
Período Cotação Compra Qtde. Valor Venda Qtde. Valor Estoque ações Estratégia Movimentos Saldo