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16. Desapropriação
1. É a forma mais severa de intervenção do Estado na propriedade privada, tendo em vista que
se despoja o particular da própria propriedade, para fins de utilidade pública, necessidade
pública ou interesse social. Maria Sylvia Zanella di Pietro conceitua desapropriação como o
procedimento administrativo pelo qual o Poder Público ou seus delegados, mediante prévia
declaração de necessidade pública, utilidade pública ou interesse social impõe ao
proprietário a perda de um bem, substituindo-o em seu patrimônio por justa indenização.
Trata-se de forma originária de aquisição de propriedade.
Art. 5º (...) XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou
utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro,
ressalvados os casos previstos nesta Constituição
Art. 182 (...) § 4º - É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída
no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado,
subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena,
sucessivamente, de:
I - parcelamento ou edificação compulsórios;
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo;
III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente
aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e
sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais.
Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel
rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da
dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a
partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei.
§ 1º - As benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em dinheiro.
§ 2º - O decreto que declarar o imóvel como de interesse social, para fins de reforma agrária, autoriza
a União a propor a ação de desapropriação.
§ 3º - Cabe à lei complementar estabelecer procedimento contraditório especial, de rito sumário, para
o processo judicial de desapropriação.
§ 4º - O orçamento fixará anualmente o volume total de títulos da dívida agrária, assim como o
montante de recursos para atender ao programa de reforma agrária no exercício.
§ 5º - São isentas de impostos federais, estaduais e municipais as operações de transferência de
imóveis desapropriados para fins de reforma agrária.
Art. 185. São insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária:
I - a pequena e média propriedade rural, assim definida em lei, desde que seu proprietário não possua
outra;
II - a propriedade produtiva.
Parágrafo único. A lei garantirá tratamento especial à propriedade produtiva e fixará normas para o
cumprimento dos requisitos relativos a sua função social.
Art. 243. As glebas de qualquer região do País onde forem localizadas culturas ilegais de plantas
psicotrópicas serão imediatamente expropriadas e especificamente destinadas ao assentamento de
colonos, para o cultivo de produtos alimentícios e medicamentosos, sem qualquer indenização ao
proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.
Parágrafo único. Todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência do tráfico
ilícito de entorpecentes e drogas afins será confiscado e reverterá em benefício de instituições e
pessoal especializados no tratamento e recuperação de viciados e no aparelhamento e custeio de
atividades de fiscalização, controle, prevenção e repressão do crime de tráfico dessas substâncias.
Já os casos de desapropriação por interesse social estão previstos no art. 2º da Lei nº.
4132/60, que assim dispõe:
Art. 2º Considera-se de interesse social:
I - o aproveitamento de todo bem improdutivo ou explorado sem correspondência com as
necessidades de habitação, trabalho e consumo dos centros de população a que deve ou possa suprir
por seu destino econômico;
II - a instalação ou a intensificação das culturas nas áreas em cuja exploração não se obedeça a plano
de zoneamento agrícola, VETADO;
III - o estabelecimento e a manutenção de colônias ou cooperativas de povoamento e trabalho
agrícola:
IV - a manutenção de posseiros em terrenos urbanos onde, com a tolerância expressa ou tácita do
proprietário, tenham construído sua habilitação, formando núcleos residenciais de mais de 10 (dez)
famílias;
V - a construção de casa populares;
VI - as terras e águas suscetíveis de valorização extraordinária, pela conclusão de obras e serviços
públicos, notadamente de saneamento, portos, transporte, eletrificação armazenamento de água e
irrigação, no caso em que não sejam ditas áreas socialmente aproveitadas;
VII - a proteção do solo e a preservação de cursos e mananciais de água e de reservas florestais.
VIII - a utilização de áreas, locais ou bens que, por suas características, sejam apropriados ao
desenvolvimento de atividades turísticas
3.1 Bens sujeitos à desapropriação: Art. 2o Mediante declaração de utilidade pública, todos
os bens poderão ser desapropriados pela União, pelos Estados, Municípios, Distrito
Federal e Territórios. Há contudo impossibilidades jurídicas e impossibilidades materiais.
As impossibilidades jurídicas são aquelas que a própria Lei estabelece como impossível
de ser expropriada (Propriedade produtiva não pode ser objeto de desapropriação por
interesse social) e as impossibilidades materiais são aqueles bens, que pela sua própria
natureza, não podem ser expropriados.
3.2 Procedimento: O procedimento de desapropriação possui duas fases, uma fase declaratória
e outra executória, dividindo-se essa ultima em administrativa e judicial. A fase declaratória
consubstancia-se no ato discricionário, do Poder Público de declarar determinada área de
utilidade pública ou interesse social para fins de declaração. Quem poderá declarar o bem de
utilidade pública? Todas as pessoas federativas e alguns órgãos da Administração Indireta,
desde que haja previsão legal expressa (DNIT, ANEEL etc.).
Poderá ser feita por Decreto ou por Lei (será?), conforme previsto no DL 3365/41, podendo
ser realizado por meio de outro ato administrativo quando a competência for de outra
entidade administrativa:
3.3. Fase executória: Compreende os atos pelos quais o Poder Público promove a
desapropriação, ou seja, adota as medidas necessárias à efetivação da desapropriação,
pela integração do bem no patrimônio público.
3.3.1. Competência: Tanto as pessoas jurídicas responsáveis pelo ato declaratório, quanto
as pessoas previstas no Art. 3º do DL 3365/41 “Os concessionários de serviços
públicos e os estabelecimentos de carater público ou que exerçam funções
delegadas de poder público poderão promover desapropriações mediante
autorização expressa, constante de lei ou contrato”.
Competência Incondicionada X Competência Condicionada.
3.3.2. Fase Administrativa: Quanto houver acordo entre o expropriante e o expropriado a
respeito da indenização, hipótese em que se observará as questões previstas para a
compra e venda. Nem sempre é obrigatória, pois quando o Poder Público
desconhece o proprietário deverá promover a desapropriação judicial, depositando o
valor da desapropriação em juízo.
3.3.3. Fase Judicial: Não havendo acordo, segue-se para a fase judicial, com observância
do disposto no art. 11 e seguintes do Decreto Lei nº. 3365/41. A ação será proposta
pela pessoa jurídica responsável por promover a desapropriação, em face do
proprietário do imóvel expropriado.
3.3.3.1. Matéria discutida: Art. 20. A contestação só poderá versar sobre vício do
processo judicial ou impugnação do preço; qualquer outra questão deverá ser
decidida por ação direta. No entanto, pode o Juiz conhecer, de ofício, nulidade no
processo declaratório (JSCF).
3.3.3.2 . Pretensão: Consumar a transferência dos bens ao seu patrimônio.
3.3.4. Imissão provisória na posse: Hipótese em que a pessoa expropriante passa a ter a
posse provisória do imóvel até o final da ação expropriatória.
3.3.4.1. Imóvel Urbano Residencial: Decreto Lei nº. 1075/70:
Art 1º Na desapropriação por utilidade pública de prédio urbano residencial, o
expropriante, baseado urgência, poderá imitir-se provisóriamente na posse do
bem, mediante o depósito do preço oferecido, se êste não fôr impugnado pelo
expropriado em cinco dias da intimação da oferta.
Art 2º Impugnada a oferta pelo expropriado, o juiz, servindo-se, caso necessário,
de perito avaliador, fixará em quarenta e oito horas o valor provisório do imóvel.
Parágrafo único. O perito, quando designado, deverá apresentar o laudo no prazo
máximo de cinco dias.
3.4. Indenização: Regra geral – Prévia, justa e em dinheiro. Prévia quer dizer que ela deve ser
feita antes da transferência do bem; justa quer dizer que a indenização corresponde real e
efetivamente ao valor do bem expropriado, incluindo-se os danos emergentes e os lucros
cessantes; e, por fim, ela deve ser feita em espécie, para permitir que o expropriado possa
adquirir bem semelhante ao que foi objeto de desapropriação.
Exceções: Desapropriação sancionatória e desapropriação confiscatória.