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Afonso-Dias
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Universidade do Algarve
Faculdade de Ciências do Mar e do Ambiente
Mestrado em Biologia Marinha (2º ciclo)
BIOLOGIA PESQUEIRA
1º ano - 1º. Semestre 2007/2008
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IDADE E CRESCIMENTO
Introdução
Sendo a idade desconhecida, como é normalmente o caso de espécies que vivem no seu
ambiente natural, a determinação da idade assume um papel determinante nos estudos
de crescimento. Tanto a idade como o crescimento podem ser medidos ao longo de
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Notas – M.Afonso-Dias
intervalos que podem variar desde horas, a dias ou a anos. Embora a idade e o
crescimento descrevam aspectos diferentes, estão intimamente relacionados.
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Notas – M.Afonso-Dias
Nas regiões tropicais as marcas de crescimento nas escamas, otólitos e outras estruturas
calcificadas, não são, necessariamente, anuais e podem estar associadas a factores
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Notas – M.Afonso-Dias
Tem sido publicado muito trabalho nesta área incluindo alguns trabalhos de síntese, de
referência, e.g., Bagenal (1974), Bagenal & Tesch (1978), Summerfelt & Hall (1987),
Casselman (1987) e, mais recentemente, Panfili et al. (2002).
De notar que a nomenclatura utilizada nesta área tem sofrido algumas alterações. A
mesma designação tem sido utilizada para descrever diferentes características nas
estruturas calcificadas e alguns termos são dúbios. Nos últimos anos tem sido feito um
esforço de uniformização da nomenclatura. A nomenclatura adoptada segue a
apresentada por Panfili et al. (2002).
Há, no entanto, outros métodos que não são baseados na observação de marcas de
crescimento em estruturas calcificadas. Estes métodos, vulgarmente designados por
métodos indirectos de determinação de idade, são de três tipos:
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Notas – M.Afonso-Dias
Os dois primeiros métodos são rigorosos mas dispendiosos. Requerem mais mão de
obra e consomem mais tempo e dinheiro. Por isso são pouco usados. Para além disso, o
crescimento em cativeiro é sempre diferente do crescimento em ambiente natural. No
caso da marcação e recaptura, este método não é aplicável a todas as espécies e é de
difícil aplicação num grande número de espécies. O seu grande valor reside no facto de
poderem ser usados na validação da idade determinada através da leitura de estruturas
calcificadas.
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Notas – M.Afonso-Dias
Por outro lado, variações na altura da eclosão e nas taxas de crescimento entre
indivíduos de um mesmo grupo de idade podem conduzir a grupos de tamanho (modas
na distribuição de frequências de comprimentos) que não correspondam,
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Notas – M.Afonso-Dias
Apesar das limitações apresentadas por estes métodos foram feitos, nos últimos 20 anos,
grandes progressos na utilização das técnicas de análise de frequências de
comprimentos, recorrendo-se a métodos estatísticos e algoritmos computacionais. São
técnicas de baixo custo para determinação da idade.
Deve ser assegurado que esta escala de tempo se inicia cedo no ciclo de vida. Este
aspecto é mais satisfatoriamente conseguido nos otólitos e nos ossos do que nas
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Notas – M.Afonso-Dias
Ao contrário das escamas, os otólitos e os ossos são formados bastante cedo, alguns dias
antes da eclosão larvar. Quando se utilizam escamas para leitura de idade deve-se
escolher a zona do corpo onde se formam mais cedo.
Por outro lado, a escolha da peça a utilizar na determinação da idade pode depender da
maior ou menor facilidade na sua obtenção para ser usada, por rotina, na amostragem
conducente à obtenção de composições de idades das capturas. Por exemplo, o tamboril
é uma espécie que, em Portugal, é desembarcada e vendida inteira. A extracção de
otólitos ou de vértebras obriga à mutilação do peixe o que não é bem visto pelos
intermediários-compradores. Dado o elevado valor comercial que esta espécie tem, a
aquisição regular de amostras das capturas para determinação de idade está
completamente fora de questão. Assim, recorre-se à utilização do illicium (1º raio,
modificado, da barbatana dorsal) para a determinação da idade.
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Notas – M.Afonso-Dias
sacrificar o animal, o que não acontece com muitas das outras estruturas (otólitos e
ossos). Nas pescas esta questão raramente é importante uma vez que se trabalha
geralmente com animais já mortos. Apenas em estudos com animais raros ou em
experiências onde o sacrifício dos espécimes implica uma redução não desejável da
densidade dos peixes este aspecto poderá tomar importância. Uma outra vantagem na
utilização de escamas é que estas não necessitam de preparação.
No entanto, as escamas apresentam várias desvantagens, a começar por não serem todas
formadas ao mesmo tempo. Existe sempre a possibilidade das escamas não formarem
aneis distintos devido a crescimento lento durante períodos de limitação de alimento e
de poderem ser reabsorvidas (desmineralização da escama) em casos de grande stress.
Mais, as escamas danificadas ou removidas podem ser regeneradas. Em qualquer dos
casos poderão ser cometidos grandes erros na determinação da idade.
Uma vantagem adicional dos otólitos é que estes podem ser usados para determinar a
idade diária nos peixes, em especial nos mais jovens, de idade zero. Este tipo de estudos
revela-se muito importante para o esclarecimento de muitas questões relativas a este
período de vida dos peixes.
No que respeita aos ossos, estes apresentam várias desvantagens: podem requerer o
sacrifício do animal (e.g. as vértebras), por vezes requerem longa preparação e
disponibilidade de tempo para interpretação e estão sujeitos a reabsorção e remodelação.
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Notas – M.Afonso-Dias
No final, a escolha da estrutura calcificada a usar para obter informação de idade requer
validação do padrão de deposição dos aneis combinada com estudos comparativos de
técnicas de determinação da idade em várias estruturas calcificadas dentro da mesma
espécie.
Amostragem
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Notas – M.Afonso-Dias
Bagenal, T.B. & F.W. Tesck (1978). Age and growth. In Bagenal, T.B. (ed.). Methods
for assessment of fish production in fresh waters. Oxford. UK, Blackwell Scientific
Publications, pp: 101-136.
Casselman, J.M., 1987. Determination of age and growth. In Weatherley, A.H. & H.S.
Gill (eds.). The biology of fish growth. Orlando, USA.Academic Press, pp 209-242
Devries, D.R. & R.V. Frie, 1996. Determination of age and growth. In Murphy, B.R. &
D.W. Willis (eds.). Fisheries Techniques. Maryland, USA. American Fisheries Society,
pp 483-512
Panfili, J., H. de Pontual, H. Troadec & P.J.Wright, 2002 (eds.). Manual of fish
sclerochronology. Brest, France. Ifremer-IRD coedition, 464 p.
Referências bibliográficas
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Methods for assessment of fish production in fresh waters. Oxford. UK, Blackwell
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Summerfelt, R.C. & G.E. Hall, 1987. Age and growth of fish. Ames, Iowa, Iowa
State University Press.
Casselman, J.M., 1987. Determination of age and growth. In Weatherley, A.H. & H.S.
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Notas – M.Afonso-Dias
Panfili, J., H. de Pontual, H. Troadec & P.J.Wright, 2002 (eds.). Manual of fish
sclerochronology. Brest, France. Ifremer-IRD coedition, 464 p.
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