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2008 PT Jornal Oficial da União Europeia L177/16

Remissão para ordenamentos jurídicos remete para o Direito estadual, fá-lo para o
complexos Direito de um Estado soberano. Neste
sentido, apontam os artigos 36.º e 37.º
1. Caracterização do problema: os ordenamentos Regulamento sobre sucessões. Já em
jurídicos complexos suscitam ao Direito de matéria de obrigações contratuais e
Conflitos dois problemas: extracontratuais e de contratos de
a. Quanto é que a norma de conflitos remete mediação e representação resulta do
para o ordenamento jurídico complexo? disposto nos artigos 22.º, n.º1 RRI, 25.º,
n.º1 RRII e 19.º CH1979 que a remissão
b. Supondo que a norma de conflitos remete seja feita pelas normas de conflitos
para o ordenamento jurídico complexo, como se contidas nestes instrumentos é entendida
determina, entre os vários sistemas que nele como uma referência direta a um dos
vigoram, o aplicável ao caso? sistemas locais. O legislador internacional
e europeu, porém, não contemplou a
Os textos legislativos a considerar são o artigo 20.º
hipótese em que as partes designem a
CC, o artigo 19.º, n.º1 Convenção Roma, artigo
ordem jurídica complexa no seu conjunto.
22.º, n.º1 RRI, artigo 25.º, n.º1 RII, artigo 19.º
Neste caso, é inevitável considerar a
CH1979, os artigos 14.º e 15.º RRIV e os artigos
remissão como feita ao ordenamento local
36.ºe 37.º Regulamento sobre sucessões.
do Estado soberano e proceder à
2. Princípios gerais de solução. O regime determinação do sistema aplicável nos
vigente. termos que se seguem. O Regulamento
Roma III adotou uma posição intermédia
a. Quanto é que a norma de conflitos remete em matéria de divórcio e separação
para o ordenamento jurídico complexo no seu judicial: a remissão feita pelas normas de
conjunto? A primeira questão que se coloca é a de conflitos no caso de uma ordem jurídica
saber quando é que a norma de conflitos remete para complexa de base territorial é, em
a ordem jurídica complexa no seu conjunto e princípio, entendida como uma referência
quando é que remete diretamente para um dos direta a um dos sistemas locais (artigo 14.º,
sistemas que nela coexistem. O artigo 20.º CC só se alíneas a) e b)); mas a referência à lei da
refere à remissão feita pelo ordenamento de nacionalidade, bem como a referência no
conexão nacionalidade. Como proceder quando o caso de ordem jurídica complexa de base
elemento de conexão seja a residência habitual, o pessoal, são entendidas como uma
domicílio, o lugar da celebração, o lugar do efeito referência feita, em princípio, à ordem
lesivo, o lugar da situação da coisa, etc.? jurídica complexa no seu conjunto (artigos
Há duas posições: 14.º, alínea c) e 15.º).

i. Para Ferrer Correia: entende que quando b. Como determinar, de entre os sistemas que
o elemento de conexão aponta diretamente vigoram no ordenamento jurídico complexo, o
para determinado lugar no espaço será aplicável? Os princípios que orientam a
competente o sistema em vigor neste lugar; determinação do sistema aplicável, dentro do
ii. Isabel de Magalhães Collaço: defende ordenamento complexo, são dois:
que a remissão da norma de conflitos é i. Pertence ao ordenamento jurídico
feita, em princípio, para o ordenamento do complexo resolver os conflitos de leis internos e,
Estado soberano. Esta segunda posição por isso, determinar qual o sistema interno
parece-me de preferir, porque ao Direito aplicável;
Internacional Privado compete determinar
o Direito aplicável, quando a situação está ii. Se, porém, o ordenamento complexo
em contacto com mais de um estado não resolver o problema, deve aplicarse, de entre
sobreano, e não resolver conflitos internos. os sistemas que vigoram no âmbito do
Em princípio, a norma de conflitos de ordenamento complexo, o que tem uma conexão
Direito Internacional Privado, quando mais estreita com a situação a regular.

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Remissão para ordenamentos jurídicos complexos
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Vejamos como estes princípios se concretizam Privado unificados, evita certas dificuldades na
quando a remissão para o ordenamento jurídico determinação da lei aplicável. Mas é de rejeitar,
complexo é feita pelo elemento de conexão porque significa tratar como apátrida quem tem
nacionalidade: uma nacionalidade e menospreza a primazia da
nacionalidade em matéria de estatuto pessoal. Por
iii. Ordenamentos complexos de base conseguinte, em matéria de estatuto pessoal,
territorial: em conformidade com o primeiro
quando a residência habitual for fora do Estado da
princípio, o n.º1 do artigo 20.º CC determina que
nacionalidade, devemos aplicar, de entre os
pertence ao ordenamento jurídico complexo fixar o
sistemas que integram o ordenamento complexo,
sistema interno aplicável. No mesmo sentido
aquele com que a pessoa está mais ligada. Neste
dispõem os artigos 36.º, n.º1 e 37.º Regulamento
sentido também pode invocar-se a analogia com o
sobre sucessões. É o que se verifica quando ao
disposto no artigo 28.º LN, relativo ao concurso de
ordem jurídica complexa dispuser de um sistema
nacionalidades. Para determinar esta conexão mais
unitário de Direito Interlocal ou quando todos os
estreita há que atender a todos os laços objetivos e
ordenamentos locais estejam de acordo sobre o
subjetivos que exprimam uma ligação entre a
ordenamento aplicável. Parece que na falta de
pessoa em causa e um dos sistemas vigentes no
concordância entre todos os ordenamentos locais
ordenamento complexo e, designadamente, ao
será suficiente o acordo daqueles que estão em
vínculo de subnacionalidade que nos Estados
contacto com a situação sobre a competência de um
federais se estabeleça com os Estados federados, ao
deles. Não sendo possível resolver a questão com
vínculo de domicílio e, na sua falta, à última
base no Direito Interlocal vigente na ordem jurídica
residência habitual ou último domicílio dentro do
complexa, o n.º2 do artigo 20.º CC presume
Estado da nacionalidade.
analogia com o Direito Internacional Privado e
prescreve o recurso ao Direito Internacional iv. Ordenamentos complexos de base
privado unificado. E se também não houver Direito pessoal: o artigo 20.º, n.º3 CC também
Internacional Privado unificado? O n.º2 do artigo consagra o princípio de que pertence ao
20.º CC manda atender à lei da residência habitual. ordenamento complexo determinar o
Esta parte do preceito suscita divergências de sistema pessoal competente. Assim,
interpretação. são aplicáveis as normas de Direito
Interpessoal da ordem jurídica
1. Para Isabel Magalhães Collaço só
designada, incluindo tanto as normas
releva a residência habitual dentro do Estado da
de conflito interpessoais como as
nacionalidade. Há uma lacuna descoberta através
normas de Direito material especial. O
de interpretação restritiva do artigo 20.º, n.º2, in
legislador supôs que o ordenamento
fine CC. A função deste preceito é indicar o sistema
complexo de base pessoal disporá
aplicável de entre os que integram o ordenamento
sempre de critérios para determinar o
complexo. Como este preceito não fornece um
sistema pessoal aplicável. Mas isto
critério para determinar o sistema aplicável quando
pode não se verificar. Neste caso
a residência habitual se situa fora do Estado da
devemos aplicar o sistema com o qual
nacionalidade, surge uma lacuna. Esta lacuna deve
a situação a regular tem uma conexão
ser integrada com recurso ao princípio da conexão
mais estreita.
mais estreita.;
Passe-se agora à determinação do sistema aplicável
2. Para a escola de Coimbra aplica-se a
quando a remissão para o ordenamento jurídico
lei da residência habitual mesmo que esta se situe
complexo é operada por um elemento de conexão
fora do Estado da nacionalidade.
que não seja a nacionalidade: este caso não é
Creio ser o melhor entendimento o contemplado pelo artigo 20.º CC, razão por que,
formulado por Isabel Magalhães Collaço. Por fora do âmbito de aplicação e instrumentos
certo que o recurso à lei da residência habitual, supraestaduais, e seguindo-se o entendimento de
quando o ordenamento complexo não dispõe de Isabel Magalhães Collaço, há uma lacuna. Esta
Direito Interlocal ou de Direito Internacional lacuna deve ser integrada por aplicação analógica
do artigo 20.º CC. Quer isto dizer que, no caso de

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Remissão para ordenamentos jurídicos complexos
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remissão para um ordenamento complexo de base consagrada pelo artigo 37.º Regulamento
territorial se deve sempre atender ao Direito sobre sucessões).
Interlocal e ao Direito Internacional Privado
unificados de que o ordenamento complexo
disponha. Como proceder se não houver Direito
Interlocal nem Direito Internacional Privado
unificados? Se a remissão operada pela norma de
conflitos apontar para um determinado lugar no
espaço ou diretamente para determinado sistema
local há que entender a remissão operada pela
norma de conflitos como uma remissão para o
sistema local. Quando os elementos de conexão
apontam para um determinado lugar no espaço, há
que considerar os sistemas locais como se fossem
autónomos e entende-se que a norma de conflitos,
ao remeter para um lugar no espaço, está a remeter
indiretamente para o sistema que aí vigora. Quanto
aos elementos de conexão que não indiquem um
preciso lugar no espaço, atender-se-á igualmente
ao sistema local para que diretamente remetam. No
caso de o elemento de conexão ser a designação
pelas partes e de as partes terem designado a ordem
jurídica complexa no seu conjunto deverá aplicar-
se o sistema local que apresenta a conexão mais
estreita com a situação. No plano dos resultados a
diferença entre as doutrinas do Isabel Magalhães
Collaço e de Ferrer Correia é menor do que parece,
por duas razões:
i. Ferrer Correia admite a transmissão de
competência dentro do ordenamento
complexo, dando assim relevância às
soluções dos conflitos interlocais aí
vigentes;
ii. Isabel de Magalhães Collaço concede
que quando a ordem jurídica complexa
não resolve o problema haverá que
entender a remissão feita pela norma de
conflitos como referência a um dos
sistemas locais. No caso de remissão para
um ordenamento complexo de base
pessoal operada por um elemento de
conexão que não seja a nacionalidade
deve sempre atender-se, por aplicação
analógica do artigo 20.º, n.º3 CC, às
normas de Direito Interpessoal da ordem
jurídica designada. Na falta de normas de
Direito Interpessoal que resolvam o
problema deve ser aplicado o sistema com
o qual a situação a regular tem uma
conexão mais estreita (é a solução

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Remissão para ordenamentos jurídicos complexos

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