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José d’A MAR

... fica decretado que O MAR, na Língua dos


Poetas, é Feminino
e é A MAR... AMAR...
penedo gordo - beja
1989 - 1991 - 1993/94
corroios- 1996
... terra onde CORRem aRROIOS para A MAR... AMAR
2003 – 2018 02
José d’A Mar – um dos deNÓMIOS de José Rabaça Gaspar

@ JORAGA 2 Penedo Gordo, Beja 1995/96 – Corroios 2018


A MAR

José d'a MAR

@ JORAGA 3 Penedo Gordo, Beja 1995/9696 – Corroios 2018


José d’A Mar – um dos deNÓMIOS de José Rabaça Gaspar

penedo gordo - beja


1989 - 1991 - 1993/94
corroios- 1996
... terra onde CORRem aRROIOS para A MAR... AMAR
2003 – 2018 02

FICHA TÉCNICA

Título A MAR
Autor José d'A MAR
Processamento de texto e impressão C< 486-66c @/JORAGA
Todos os direitos reservados ®JORAGA
Localidade Penedo Gordo -Beja
1ª versão e escrita 1989 - 90 - 91
versão actual 1993/94 - 1995/96
ACTUALIZAÇÃO Corroios, 2003
2ª ACTUALIZAÇÃO Corroios, 2018

@ JORAGA 4 Penedo Gordo, Beja 1995/96 – Corroios 2018


A MAR

Dedicatória:

À Fátima - companheira sofrida do


percurso mais tumultuoso (atormentado)
desta longa e tormentosa VIAGEM
- como um RIO - que é a vida do autor…

À Diana - a filha que foi parida pelo Pai


(Homem) e por isso ganhou o prémio
como único Homem a dar à luz (a parir) -
prémio que não recebeu…

Ao David - o Filho que veio na última


etapa, não para ser filho mas para ser o
Guia que leva pela mão o Pai, neste
derradeiro percurso desta Viagem… a
mais recente de muitas outras já
vividas…

@ JORAGA 5 Penedo Gordo, Beja 1995/9696 – Corroios 2018


José d’A Mar – um dos deNÓMIOS de José Rabaça Gaspar

@ JORAGA 6 Penedo Gordo, Beja 1995/96 – Corroios 2018


A MAR

apresenta:

... na sequência da grande invenção do nosso POETA maior, Camões, que, nos
LUSÍADAS, Canto IX e X, inventou a ILHA DOS AMORES...

O MAR

não é masculino

é feminino

diz o Poeta

A MAR

o planeta TERRA

não é TERRA

A MAR

diz o poeta.

... é a lei das proporções

porque

A MAR

AMAR

é maior

é mais...

@ JORAGA 7 Penedo Gordo, Beja 1995/9696 – Corroios 2018


José d’A Mar – um dos deNÓMIOS de José Rabaça Gaspar

Notas com dados importantes:


Segundo elementos colhidos no ATLAS UNIVERSAL VERBO, 2ª edição de 1969:
- Superfície total do Planeta Terra: 510.000.000 Km2
-Terras emersas (29%) (39% Hem. Norte 19% Hem Sul) 153.000.000 Km2
- Oceanos e Mares (71%)............... (61% Hem. Norte 81% Hem. Sul) 357.000.000 Km2
- Velocidade média linear na órbita 29.766 Km/s.
- Distância média à Lua: 372.316 Km.
- Distância média ao Sol: 150.000.000 Km.
Massas Continentais: Oceanos: Grandes Mares:
Ásia Pacífico Mar das Caraíbas
África Atlântico Mar Mediterrâneo
América do Norte Índico Mar de Bering
América do Sul Árctico Golfo do México
Antárctida Antárctico Mar de Ocotsque
Europa Mar da China Or.
Austrália Baía de Hudson
Mar do Japão
Mar de Andaman
Mar do Norte

Grandes Rios
África Nilo Tanzânia, Uganda, Ruanda, Sudão e Egipto.
Congo Congo e Angola.
América do Sul Amazonas Peru e Brasil.
Paraná Brasil, Paraguai e Argentina.
América do Norte Mississipi - Missuri (EUA) Estados Unidos
MacKenzie - Atabasca (Canadá) Canadá
Ásia Obi - Irtiche China e Rússia
Ianseqião Tibete e China
Europa Volga Rússia
Danúbio Alemanha, Áustria, Checoslováquia, Hungria, Jugoslávia,
Roménia, Bulgária e Rússia.

Grandes Lagos:
Cáspio Rússia / Irão
Superior EUA e Canadá
Vitória Uganda, Tanzânia e Quénia
Aral Rússia
Hurão EUA e Canadá
Michigão EUA
Tanganica Congo, Tanzânia e Zâmbia
Grande Urso Canadá
Baical Rússia
Niassa Tanzânia, Moçambique e Malavi

@ JORAGA 8 Penedo Gordo, Beja 1995/96 – Corroios 2018


A MAR

Índice

A MAR ................................................................................ 11
O PLANETA M A R - A/MAR ........................................... 14
SÓ ???.................................................................................. 16
de noite, olhando as estrelas... ............................................. 19
É MAIO ............................................................................... 22
em VIAGEM ....................................................................... 24
vai semente... ....................................................................... 26
Canções para Maria ......................................................... 28
MARIA nome d'A MAR ..................................................... 29
MARIA ................................................................................ 32
MARIA ORPHEU ............................................................... 34
Convite ............................................................................ 36
CONVITE para monumental BANQUETE ........................ 37
CONVITE para CANTAR .................................................. 47
VISÕES ........................................................................... 49
VISÃO ............................................................................. 50
tentativa de visão global ...................................................... 51
A PEDRA DE VER A MAR… ........................................... 73
Variações de AMAR ........................................................... 83
uma visão sobre a praia da gralha ........................................ 88
a força que tem a ÁGUA... .................................................. 90
A MAR  TÍTULO PARA UM LIVRO  ....................... 94
Uma DÉCIMA sobre A MAR ............................................. 95

@ JORAGA 9 Penedo Gordo, Beja 1995/9696 – Corroios 2018


José d’A Mar – um dos deNÓMIOS de José Rabaça Gaspar

@ JORAGA 10 Penedo Gordo, Beja 1995/96 – Corroios 2018


A MAR

A MAR

poema para um título.

quero pôr este nome no meu LIVRO


LIVRO que não escrevi mas já pari
e talvez nem O venha a escrever...

mas aí já fica escrito


como um grito
que este planeta onde vivo e onde habito
e todos desde há muito chamam TERRA
e agora apelidam de "planeta azul"!
este planeta não é terra
é MAR
e não é masculino, é feminino
A MAR
um planeta azul e lindo visto do espaço
como nos dizem aqueles que o percorreram...
AMAR.

a TERRA é pouca demais e é escura, é negra


vista do espaço
a TERRA ‚ demasiado pouca em superfície
(um quinto do globo? um quarto?)
para conter e barrar
para parar
a mole imensa d'ÁGUA que a rodeia
e corre das fontes dos rios e da chuva
para

@ JORAGA 11 Penedo Gordo, Beja 1995/9696 – Corroios 2018


José d’A Mar – um dos deNÓMIOS de José Rabaça Gaspar

A MAR...
AMAR.

o planeta que chamamos TERRA, A TERRA


É
A MAR.

quem o diz contra toda a tradição?


contra todos os dicionários e acordos
ortográficos?
sou eu O POETA e os meus olhos de POETA.
é a exigência das devidas proporções...

a TERRA é mais água e é A MAR


até o teu corpo é mais água e é AMAR!

apesar de ser firme a terra firme


apesar de se estender em planícies e
desertos
apesar de se erguer em montes, em serras
e montanhas temerosas
temíveis e terríveis!
e, apesar,
de o seu peso esmagar...
bastam sete palmos de terra sete
punhados de terra para cobrir
um simples mortal que se crê grande
personagem presidente ministro deputado
professor médico engenheiro...pensador
artista...

@ JORAGA 12 Penedo Gordo, Beja 1995/96 – Corroios 2018


A MAR

nada pode deter a fúria o poder


que tem O MAR
que tem A MAR
que tem AMAR....
zé d'a mar
sem data na ficha
registado em 90/05/25

@ JORAGA 13 Penedo Gordo, Beja 1995/9696 – Corroios 2018


José d’A Mar – um dos deNÓMIOS de José Rabaça Gaspar

O PLANETA M A R - A/MAR
nas vésperas do lançamento do
DYSCOVERY que vai revelar !? as
origens do Tempo e do Espaço...

E afinal... o planeta terra,


o planeta habitado por
mulheres e homens aos milhares
e animais e plantas e flores e montanhas e
vales e planícies e praias e costas
escarpadas,...

ao ver-se do espaço,
de fora,
bem olhado nas suas dimensões
e proporções...,

descobriu-se,
de repente,
que o PLANETA TERRA
não era A TERRA
era A MAR.

viu-se, de repente, do espaço:


a água é que tudo dominava
e corria em fontes e correntes
por dentro e por fora do seu ventre
de todos os lados e por todos os lados
sempre a correr para A MAR...
e às mulheres e homens e bichos a quem
era permitido viverem fora d'água,
nunca podendo viver sem ela,...
aos seres que povoavam A TERRA
era-lhes, afinal, dado um espaço, pequeno
onde só podiam viver
a correr
para A MAR.
AMAR

Assim, O MAR, passou a ser A MAR/AMAR


em todas as línguas do mundo...

e os habitantes do cosmos,

@ JORAGA 14 Penedo Gordo, Beja 1995/96 – Corroios 2018


A MAR

os seres dos outros planetas, que nós


nem enxergamos na nossa pequenez, que
já nos conhecem, desde há muito,
minúsculos no espaço imenso e infinito...
sempre conheceram o nosso planeta como
A MAR/AMAR.

- quem o disse?
- os cosmonautas viajantes do espaço que
espontaneamente exclamaram:
- olha além aquele PLANETA AZUL a que todos chamam TERRA e é MAR e
pensávamos que era NOSSO e é‚ de TODOS e é mais dos que mais o habitam e
o tornam belo e fascinante/deslumbrante...

- quem o disse?
- o poeta da epopeia a quem foi revelada a MÁQUINA
DO MUNDO e inventou, no regresso dos argonautas, a ILHA DOS AMORES por
não poder conceber um pedaço de TERRA para eles , ilha ou continente, sem A
MAR/AMAR...

- quem o disse?
- EU. A POESIA DO NOVO MUNDO que estamos a inventar!

e no imenso COSMOS,
enfim descoberto pelo imenso telescópio
que permite enfim olhar e ver
a descoberto
sem fim
sem tempo nem espaço
o PLANETA: A TERRA
passou assim a chamar-se
o PLANETA: A MAR/AMAR
ou o "O" inicial de O MAR
vai trocar de lugar com o "A" e
vai ficar
A MOR/ AMOR
na linguagem nova que há para inventar
neste novo MUNDO que estamos a inventar...
Zé viajante do espaço
90/Abril/16
deslumbrado com as promessas
do DYSCOVERY

@ JORAGA 15 Penedo Gordo, Beja 1995/9696 – Corroios 2018


José d’A Mar – um dos deNÓMIOS de José Rabaça Gaspar

SÓ ???

na praia
numa praia imensa sem ninguém
sem companhia...

À frente o mar imenso


sempre igual, sempre diferente...

enfim
o desejo conseguido de estar só
?!
com a tristeza insustentável da SOLIDÃO
a querer ser solidária.

gaivota que voas sobre as águas sobre as dunas


olhando lá do alto a imensidão
dA MAR
voa mansamente à velocidade do meu pensamento sobre as
águas e os campos, planícies montes e montanhas
sobre A MAR
e vai LÁ àquela SERRA
onde sabes estar a minha
AMIGA
amante amor amada
e leva-me contigo
cheio de sol de luz e de calor
este meu corpo de estar aberto
ao vento ao sol ao azul do universo
e leva-lhe
a luz o calor e o sol
o ar o vento a brisa a tempestade
a areia a terra as rochas
a água as ondas a espuma
A MAR
que ela precisa para ser feliz
para
SER

voa gaivota
voa
voa mansamente no teu voo instante como a luz

@ JORAGA 16 Penedo Gordo, Beja 1995/96 – Corroios 2018


A MAR

o pensamento
levando-me contigo e
diz à minha amada
amiga amante namorada
que morro de saudade e solidão
que a solidão só vale se gerar comunicação.
leva-me todo inteiro
completo
cheio de luz de claridade
para comunicar em cheio
em total profundidade
como sempre sonhei comunicar
com toda a gama de sons
que se ouvem nos seus gritos
ininteligíveis
UAI UAA UAI
ALA
ELA
ELO
ILHA
OLHA
ULHA
CLARA
SERRA
TERRA
PEDRA
LARA
LAR
ALA
ARA
CARA
CARLA
CALA
RACLA
CRALA
LACRA
RALCA
CALAR
RACAL
LACAR
CAR
RAL
RAC
LAC
DA
FA
A
AR
de
AMAR
...
e sem perceber
sem me perceber
nu

@ JORAGA 17 Penedo Gordo, Beja 1995/9696 – Corroios 2018


José d’A Mar – um dos deNÓMIOS de José Rabaça Gaspar

inútil
e despido continuando a olhar
A MAR
talvez um dia venha a perceber!
talvez um dia venha a encontrar!
talvez um dia venha a AMAR!!!

RIBEIRA DA AZENHA
praia dos aivados
Zé d'A MAR
90/04/12

@ JORAGA 18 Penedo Gordo, Beja 1995/96 – Corroios 2018


A MAR

de noite, olhando as estrelas...


Numa noite, sem dormir,
enredado em mil problemas,
corri para a rua a fugir...
e olhei para dentro de mim
olhando para as estrelas...
em silêncio, pus-me a ouvir
com desejo de (me) entendê-las.
Falavam as mudas estrelas,
e caladas, quem diria?
diziam mil coisas belas
que eu cego não entendia...
e eu surdo não ouvia
Eu olhava...
Elas paradas
corriam em disparada
mudando a noite em dia...
mas eu é que não as via...
ou ouvia? ou via???

Fiquei tonto.
Adormeci.
Foi-se a noite. Veio o dia.
E uma vez já cansado
de ver só noite e ver dia
pus-me a ver, assim parado
a hora em que o sol fugia
sem ser noite nem ser dia.

Veio a noite. Foi-se o dia.


Esperei. A luz não chegava
mas um roxo anil tingia
o azul que eu olhava,
quando o sono me vencia...
Acordei. A luz nascia
anunciando a madrugada.

Descobri que noite e dia


não são dois: verso e reverso...
São parte da melodia
da fascinante harmonia
que é cantada num só verso,
dia e noite, noite e dia,

@ JORAGA 19 Penedo Gordo, Beja 1995/9696 – Corroios 2018


José d’A Mar – um dos deNÓMIOS de José Rabaça Gaspar

em coro
em todo o Universo.

Mas eu que queria ver claro,


ouvir a voz a canção
que me desse a calma clara
de viver, sem ilusão,
em perfeita sintonia
com o que me rodeava
corpo, alma e coração...,
procurava ainda mais
e olhava sem ouvir...

Queria ver, no véu da noite,


e ouvir de forma clara
a verdade inda velada
onde um pobre inda se acoite
quando percorre o caminho
tão difícil e arredio
duma vida desgraçada.

Fiquei ali, sem dormir


cheio de sono, a sonhar,
esperando, sem o pedir,
encontrar aquele caminho
que através de terra e mar
d'a mar
leva o náufrago perdido
a bom porto, a bom lugar.

Acertei? Não acertei?


vou tentar? ficar parado?
vou bem por este caminho
ou mudo de direcção?
Pergunto, busco, procuro...
Interrogo eu, cada dia,
o outro eu que decide
sem saber que decidir
e sempre
sempre a perguntar,
e se errei ou não errei....
e sempre. sempre a errar...

Vai-se a noite, vem o dia.


Vai-se o dia vem a noite
e as estrelas no céu

@ JORAGA 20 Penedo Gordo, Beja 1995/96 – Corroios 2018


A MAR

que nós só vemos de noite


mas lá continuam sempre
seguem seu caminho certo
sem um desvio e sem erro...
E eu, perdido na noite,
mesmo seguindo um caminho
guiado pela luz do dia,
fico sem saber ao certo
se acertei ou se errei
e se por acaso ou por sorte
sigo o caminho do norte
que devo seguir na vida
para a vida gerar vida
mesmo pagando com a morte!

aos 20 de Julho de 1990


quando fazia 52 anos
o poeta à procura das estrelas.

@ JORAGA 21 Penedo Gordo, Beja 1995/9696 – Corroios 2018


José d’A Mar – um dos deNÓMIOS de José Rabaça Gaspar

É MAIO

É MAIO, MEU AMOR!,


onde estás? que te não vejo!
não te oiço
não te sinto
não te encontro!...
É tempo de haver sol e de haver flores!...
dentro em pouco a primavera 'stá a findar!?...
já passou?
inda não veio?
não cresceram as sementes.
não as semearam? Talvez?!
não nasceram...
as flores.
tenho frio.
o sol já não aquece.
ou aquece demais para matar?!
que é feito desse tempo, meu Amor?, em que havia primavera e
verão e outono e inverno!?
deixou de haver a sucessão das estações
sempre certas, sempre regulares?
Ah! já sei.
Foram muitos os anos que passaram
e sempre ela
a PRIMAVERA
a florir
a passar
a rebentar em flores
de mil cores
que deram fruto
aos milhares...
e EU,
sempre ocupado, muito ocupado,
sem tempo de A viver
de A ver passar...

@ JORAGA 22 Penedo Gordo, Beja 1995/96 – Corroios 2018


A MAR

e agora!? já é tarde.
será tarde?
não há mais PRIMAVERA
na vida dos meus anos p’ra viver?!
há ainda talvez o calor do VERÃO?
há ainda os frutos do OUTONO?
as neves, tempestades do INVERNO? que
vão tornar fecunda a terra prenhe
fecundante!?...
e sem INVERNO! como é que havia
de vir a PRIMAVERA? A VIDA?
sem a morte para a fecundar?
é a minha vez, talvez, de ser INVERNO!
de ser MORTE!?, AMOR!?, para haver VIDA,
para chegar a PRIMAVERA colorida
para TI,
AMOR
TE AMAR.
1990/MAIO
Velho poeta

@ JORAGA 23 Penedo Gordo, Beja 1995/9696 – Corroios 2018


José d’A Mar – um dos deNÓMIOS de José Rabaça Gaspar

em VIAGEM

quero sempre outra coisa


quero sempre outro tempo outro lugar outra vida p’ra viver
aquilo que já tenho não me interessa
não seduz...
só para criar outra coisa em seu lugar.
parar é morrer.
ficar parado a olhar o que se tem
é ficar enterrado no entulho que dá morte.
outro tempo sim.
outro lugar
outra coisa
a novidade.
o sítio em que estou é de passagem.
só me interessa p’ra poder ir mais além...
o presente que vivo é só miragem
porque o presente já não é quando eu o quero
e eu estou sempre de viagem.
o lugar em que estou é só apoio
ponto de partir p’ra mais além
subir mais alto ir mais longe mais ao fundo.
o tempo que ora vivo é só passagem
veloz do passado para o futuro...
p'ra viver...
AMAR
o presente?
é construir no tempo que passou
os alicerces do que falta construir no universo
sempre em movimento...
construir tudo o que há p’ra construir
com os biliões de mulheres e homens meus irmãos do passado do
futuro e
do presente irmãos mulheres irmãs e mães amantes
caminhantes com quem caminho lado a lado um pouco atrás

@ JORAGA 24 Penedo Gordo, Beja 1995/96 – Corroios 2018


A MAR

ou mais à frente voando com eles no espaço onde não chego


girando neste MAR neste planeta azul que é
MAR
A MAR
e alguns chamam A TERRA
cheia de fome de guerra e de miséria
e de ricos opulentos opressores cientistas técnicos
construtores bandidos criminosos polícias e ladrões
lutadores da liberdade aventureiros
poluidores destrutores salvadores da natureza
da ordem e da estabilidade do universo que é caos movimento
sem estabilidade nem segurança
sempre a vida e a morte em criação...
o tempo e o espaço não existem.
só existem para nós nos vermos...
eu estou em movimento permanente
mesmo parecendo parado num tempo e num lugar...
de fora...,
quem me vê das estrelas!,
parado num tempo e num lugar
vê-me a milhares de anos luz correndo
à velocidade de trezentos mil quilómetros por segundo
e a girar parado a trinta mil quilómetros por segundo

90/maio/24
Andarilho

@ JORAGA 25 Penedo Gordo, Beja 1995/9696 – Corroios 2018


José d’A Mar – um dos deNÓMIOS de José Rabaça Gaspar

vai semente...

não sei o que quero


o que procuro
sei que quero
que procuro
o quê?
quem?
aonde ?
quando ?
porquê ?
e como?
isso não perguntem.
não o sei. porra!
só sei que tenho procurado...
demais, talvez!
de mais noutro lugar
ou noutro tempo
ou nos outros.
mas afinal EU só existo
AQUI e AGORA
aqui e agora que já não existem porque
já não são
nem agora nem aqui
no momento em que o disse ou escrevi!...
quando o disse ou escrevi
já é diferente o tempo e o lugar
do tempo e do lugar em que o pensei
e o papel que era branco
já está sujo de tinta

@ JORAGA 26 Penedo Gordo, Beja 1995/96 – Corroios 2018


A MAR

está pintado
e o ventre que era virgem
foi rasgado foi
desvirginado
e o pensamento que saiu de mim
como semente
vai voar, correr o mundo,
veloz como o pensar
passar montes vales campos planícies... e
o mar...
talvez A MAR
e Lá
nesse imenso ventre que é
A MAR
talvez vá encontrar lugar fecundo
onde a semente invisível
que ninguém viu nem vê
vá desabrochar
como as ervas que crescem na calçada
ou nas paredes do quintal
ou até‚ nas fendas do cimento
ou mesmo entre as pedras
ou nas pedras, mesmo nelas,
ou noutro qualquer lugar
fecundo
deste imenso pequeno planeta que é
A MAR

zé que foi, 90 maio 24/25

@ JORAGA 27 Penedo Gordo, Beja 1995/9696 – Corroios 2018


José d’A Mar – um dos deNÓMIOS de José Rabaça Gaspar

Canções para Maria

@ JORAGA 28 Penedo Gordo, Beja 1995/96 – Corroios 2018


A MAR

MARIA nome d'A MAR

MARIA, teu nome é belo!


MARIA, é nome de MAR...
é nome que em si contém
mil sons para eu cantar...

é nome que tem mil rios


- RIA
e os rios correm p'ró MAR
sempre, sempre, sem parar...

Que quer dizer o teu nome?...


Que ideia de quem to deu?...
Que indício p'ra quem te chama?
MARIA!
nome com MAR e com AR
com RIA, rios sem fim!...
com ÁRIA sempre a cantar...

MARIA,...
podemos ler no teu nome
sons e tons de muitos nomes:
tem ARI da tua mãe
o eMe e o A de teu pai
a ÁRIA da tua mana!...
o MAR da água, e o AR
que com a TERRA e o FOGO
- a LUZ
reúnem os elementos
que formam tudo no MUNDO!

Que mais dizer do teu nome?


do SER que tu és,
MARIA?

@ JORAGA 29 Penedo Gordo, Beja 1995/9696 – Corroios 2018


José d’A Mar – um dos deNÓMIOS de José Rabaça Gaspar

Que futuro diz teu nome


de cinco letras - estrelas?
que RI! que é MAR e é AR
que tem sons de muitos nomes
que contêm em si mil RIOS - RIA!
que correm sempre pró MAR ?...

Queria, talvez!...
mas não quero
adivinhar teu futuro.
Creio nele sem restrições...

Não tenhas medo MARIA!


Sou eu que não quero ter!
Porque se MARIA é MAR
que junta todos os mares
(MÁRIA)
e o MAR é feminino
como nos diz o poeta!...
e em vez de O MAR
é A MAR!?

os RIOS que tem teu nome


e os sons que soam nele
como FIOS que te ligam
a mil nomes e mil seres...
tudo no mundo contigo
que tu tocares e ligares
hão-de correr como os RIOS
sempre
sempre
para o Mar...
para A MAR
AMAR.
...
AMAR
aquilo que em todo o cosmos
seja terra, seja mar,
seja ar, ou seja fogo
ou todos nUM reunidos
sejam astros ou estrelas
pulsar, quasar ou galáxias...
terá sempre o mesmo nome:
AMAR.

Quando um dia eu for menino

@ JORAGA 30 Penedo Gordo, Beja 1995/96 – Corroios 2018


A MAR

e eu souber dedilhar
dos sons a arte divina
de tocar e de cantar!...
hei-de cantar-te baixinho
mesmo sem saber cantar
esta canção d'embalar!
MARIA, teu nome é lindo!
MARIA, é nome de AMAR...

Amora, Seixal
26 de Setembro de 1992
No primeiro aniversário da MARIA
com muitos beijinhos
para a tua mãe
e para o teu pai
e tua mana
Zé Penedo
Zé d'Amar
José Rabaça Gaspar

@ JORAGA 31 Penedo Gordo, Beja 1995/9696 – Corroios 2018


José d’A Mar – um dos deNÓMIOS de José Rabaça Gaspar

MARIA

MARIA é nome tão curto!...


tão grande!... tão sem medida!...
que contem BEM dentro dele
toda a dimensão do MAR
d'AMAR

Tem o MAR que é grande... imenso...


tem a RIA...
que eu diria
contêm nele os rios todos
que nascem nos altos montes
e em fontes pequeninas
e depois
correm p'ró MAR!
pr'AMAR...

Vou-te dizer um segredo...


um segredo só...
só nosso,
que NINGUÉM no MUNDO sabe
e julga até disparate!?...
mas não ligues!
é segredo e é só nosso e só nós é que sabemos...

É que para MIM...


p'ra TI ?!
o MAR não é O MAR
É
A MAR

Assim,
p'ra MIM !
e pr'a TI ?!
p'ra nós dois e p'r'ós poetas...
os RIOS que NASCEM longe

@ JORAGA 32 Penedo Gordo, Beja 1995/96 – Corroios 2018


A MAR

nos altos MONTES


nas FONTES
abrindo profundos vales
pelas serras onde passam...

desde que nascem do ventre


da terra que os gerou...
desde que brotam das fontes
para ver a luz do dia...
os RIOS correm, MARIA,
vão correndo sem parar
e vão
ENCONTRAR-SE, MARIA
vão encontra-se
no MAR!...
Na MAR!...
em
AMAR!!!
No primeiro aniversário
da MARIA.
do ZÉ que vive na AMoRA
dia 26 de Outubro
do ano de 1992

@ JORAGA 33 Penedo Gordo, Beja 1995/9696 – Corroios 2018


José d’A Mar – um dos deNÓMIOS de José Rabaça Gaspar

MARIA ORPHEU
(para cantar)

MARIA é nome de MAR


onde se encontram os RIOS
que correm sempre p'ró MAR
PARA O MUDAR em AMAR

Segue o teu rumo MARIA


VIVE A VIAGEM DA VIDA
e leva contigo os RIOS
os ENTES de todo o mundo
que sempre correm p’ró MAR
que sempre vão dar ao MAR
que sempre vão dar à MAR
que sempre vão dar a AMAR
ao MAR
à MAR
AMAR.
MARIA TEU NOME AMAR
...
Zé que viveu n'AMorA
que viveu n'AMORa
(Tenho a música na cabeça mas não sei escrevê-la
O Manel Aleixo e a Bety talvez se lembrem!)

@ JORAGA 34 Penedo Gordo, Beja 1995/96 – Corroios 2018


A MAR

Maria – a musa inspiradora do poema, que nasceu em 26.09.1992, aqui, numa


foto do seu pai Manuel, aos 9 anos de idade...

@ JORAGA 35 Penedo Gordo, Beja 1995/9696 – Corroios 2018


José d’A Mar – um dos deNÓMIOS de José Rabaça Gaspar

Convite

@ JORAGA 36 Penedo Gordo, Beja 1995/96 – Corroios 2018


A MAR

CONVITE para monumental BANQUETE


...num dia, que pode ser todos os dias...,
à beira do Mar, à beira d'A MAR, com o olhar a furar o infinito...,
ou algures na planície do Alentejo, olhando a imensidão...
ou num alto da Serra, ouvindo o silêncio,
tentando desvendar o mundo que se estende incomensurável
a seus pés, ainda para baixo, ainda e sempre para cima...
eis o meu CONVITE
glosando o BANQUETE de Miguel Torga, in Diário X, Coimbra, 1968,
p.39:

Monforte do Alentejo, 29 de Novembro de 1964

BANQUETE

Encho os olhos de terra.

@ JORAGA 37 Penedo Gordo, Beja 1995/9696 – Corroios 2018


José d’A Mar – um dos deNÓMIOS de José Rabaça Gaspar

No Alentejo há muita e é de graça.


Dou-lhes esta fartura,
Antes que um só torrão, na sepultura,
Os (cegue) os encha e satisfaça.

- Enche os olhos de Terra...


- Enche os olhos de Azul...
- Enche os olhos de Verde...
- Enche os olhos de Cor...
- Enche os olhos de Sol...
- Enche os olhos de Luz...

- Enche os olhos de Terra...


- Encho os olhos de Terra...
- Enche os olhos de Azul...
- Encho os olhos de Azul...
- Enche os olhos de Verde...
- Encho os olhos de Verde...
- Enche os olhos de Cor...
- Encho os olhos de Cor...
- Enche os olhos de Sol...
- Encho os olhos de Sol...
- Enche os olhos de Luz...
- Encho os olhos de Luz...

- Encho os olhos de Terra...


- Encho os olhos de Azul...
- Encho os olhos de Verde...
- Encho os olhos de Cor...
- Encho os olhos de Sol...
- Encho os olhos de Luz...

- Enche o teu peito d'Ar...


- Enche o teu corpo d'Água...

@ JORAGA 38 Penedo Gordo, Beja 1995/96 – Corroios 2018


A MAR

- Enche o corpo de Mar...


- Enche o corpo d'A Mar
- Enche o teu ser d'AMAR...

- Enche o teu peito d'Ar...


- Encho o peito de Ar...
- Enche o teu corpo d'Água...
- Encho o corpo de Água...
- Enche o corpo de Mar...
- Encho o corpo de Mar...
- Enche o corpo d'A Mar
- Encho o corpo d'A Mar
- Enche o teu ser d'AMAR...
- Encho o meu ser d'AMAR...

- Encho o peito de Ar...


- Encho o corpo de Água...
- Encho o corpo de Mar...
- Encho o corpo d'A Mar
- Encho o meu ser d'AMAR...

- Enche o corpo de Fogo...


- Enche o teu ser de Amor...
- Enche os olhos do Belo...
- Sente as mil emoções...

- Enche o corpo de Fogo...


- Encho o corpo de Fogo...
- Enche o teu ser de Amor...
- Encho o meu ser de Amor...
- Enche os olhos do Belo...
- Encho os olhos do Belo...
- Sente as mil emoções...

@ JORAGA 39 Penedo Gordo, Beja 1995/9696 – Corroios 2018


José d’A Mar – um dos deNÓMIOS de José Rabaça Gaspar

- Sinto em mim emoções...

- Encho o corpo de Fogo...


- Encho o meu ser de Amor...
- Encho os olhos do Belo...
- Sinto em mim emoções...

- Enche os olhos de Formas...


- Os ouvidos de Sons...
- O nariz de Odores...
- Tua boca de Gostos...
- Tua pele de Sentir...
- Os teu lábios de dar
beijos loucos de Amar...
- Enche a mente de sonhos...
- Voa imaginação...
- Sente em todo o teu Ser
do Cosmos as mil vibrações...
-Deixa o teu sexo sentir...
vibrar de desejo e partilha...
- Deixa o teu corpo sentir
o Vento
o Ar
e a Terra...
o Frio
o Calor
e a Água
que corre no ventre da Terra
e brota incontida das fontes
para saciar a sede incontida
de mil bocas, mil sexos, mil
corpos,

@ JORAGA 40 Penedo Gordo, Beja 1995/96 – Corroios 2018


A MAR

mil seres que se abrem


sedentos...

- Enche o teu Ser de Tudo...


- Enche o teu Ser de Amar...
- Enche os sete sentidos
do Bem, do Belo, de Amar...

- Tens fome...?
- Tens sede...?
- Tens Ânsias...?
Desejos...?
de Sentir?
Cheirar?
de Ver e Olhar?
de Ouvir e Gostar?
de Saber e Sonhar?

- Vem...

- Vê e Olha...
Abre os olhos e sonha...
- Come e Bebe
Sacia-te...
- Ouve e Prova e Sente
os mil dons mil manjares as mil
dores
mil prazeres, mil sabores e
odores
que o universo tem para te dar...

come...
bebe...

@ JORAGA 41 Penedo Gordo, Beja 1995/9696 – Corroios 2018


José d’A Mar – um dos deNÓMIOS de José Rabaça Gaspar

sacia-te...
ama até à exaustão...
até à morte...
e não haverá torrão na sepultura
que te encha tape e satisfaça...
te sufoque sacie e te preencha...

o teu ser liberto deste corpo


mortal, imperfeito, saciável...
caminhará à procura doutras
fontes
doutras fomes doutras sedes
doutros sons
doutros gostos doutras formas e
desejos...
doutras formas de ver e de sentir
que podes desejar sem exaurir...
que podes consumir sem as
gastar...

NO UNIVERSO HÁ TUDO E É DE
GRAÇA
O UNIVERSO É TUDO E TU COM
ELE
SOMOS UM SÓ UNIDOS DE MIL
FORMAS
E DAR E RECEBER
É VIVER
AMOR
AMAR.

- Enche os olhos de Terra...


- Enche os olhos de Azul...

@ JORAGA 42 Penedo Gordo, Beja 1995/96 – Corroios 2018


A MAR

- Enche os olhos de Verde...


- Enche os olhos de Cor...
- Enche os olhos de Sol...
- Enche os olhos de Luz...

- Enche os olhos de Terra...


- Encho os olhos de Terra...
- Enche os olhos de Azul...
- Encho os olhos de Azul...
- Enche os olhos de Verde...
- Encho os olhos de Verde...
- Enche os olhos de Cor...
- Encho os olhos de Cor...
- Enche os olhos de Sol...
- Encho os olhos de Sol...
- Enche os olhos de Luz...
- Encho os olhos de Luz...

- Encho os olhos de Terra...


- Encho os olhos de Azul...
- Encho os olhos de Verde...
- Encho os olhos de Cor...
- Encho os olhos de Sol...
- Encho os olhos de Luz...

- Enche o teu peito d'Ar...


- Enche o teu corpo d'Água...
- Enche o corpo de Mar...
- Enche o corpo d'A Mar
- Enche o teu ser d'AMAR...

- Enche o teu peito d'Ar...


- Encho o peito de Ar...

@ JORAGA 43 Penedo Gordo, Beja 1995/9696 – Corroios 2018


José d’A Mar – um dos deNÓMIOS de José Rabaça Gaspar

- Enche o teu corpo d'Água...


- Encho o corpo de Água...
- Enche o corpo de Mar...
- Encho o corpo de Mar...
- Enche o corpo d'A Mar
- Encho o corpo d'A Mar
- Enche o teu ser d'AMAR...
- Encho o meu ser d'AMAR...

- Encho o peito de Ar...


- Encho o corpo de Água...
- Encho o corpo de Mar...
- Encho o corpo d'A Mar
- Encho o meu ser d'AMAR...

- Enche o corpo de Fogo...


- Enche o teu ser de Amor...
- Enche os olhos do Belo...
- Sente as mil emoções...

- Enche o corpo de Fogo...


- Encho o corpo de Fogo...
- Enche o teu ser de Amor...
- Encho o meu ser de Amor...
- Enche os olhos do Belo...
- Encho os olhos do Belo...
- Sente as mil emoções...
- Sinto em mim emoções...

- Encho o corpo de Fogo...


- Encho o meu ser de Amor...
- Encho os olhos do Belo...
- Sinto em mim emoções...

@ JORAGA 44 Penedo Gordo, Beja 1995/96 – Corroios 2018


A MAR

- Enche os olhos de Formas...


- Os ouvidos de Sons...
- O nariz de Odores...
- Tua boca de Gostos...
- Tua pele de Sentir...
- Os teu lábios de dar
beijos loucos de Amar...
- Enche a mente de sonhos...
- Voa imaginação...
- Sente em todo o teu Ser
do Cosmos as mil vibrações...
-Deixa o teu sexo sentir...
vibrar de desejo e partilha...
- Deixa o teu corpo sentir
o Vento
o Ar
e a Terra...
o Frio
o Calor
e a Água
que corre no ventre da Terra
e brota incontida das fontes
para saciar a sede incontida
de mil bocas, mil sexos, mil
corpos,
mil seres que se abrem
sedentos...

- Enche o teu Ser de Tudo...


- Enche o teu Ser de Amar...
- Enche os sete sentidos
do Bem, do Belo, de Amar...

@ JORAGA 45 Penedo Gordo, Beja 1995/9696 – Corroios 2018


José d’A Mar – um dos deNÓMIOS de José Rabaça Gaspar

...
Penedo Gordo, Beja,
1ª versão, 86/01/26.
2ª versão, 89/10/19.
3ª versão, 93/10/30.

@ JORAGA 46 Penedo Gordo, Beja 1995/96 – Corroios 2018


A MAR

CONVITE para CANTAR


(para tentar cantar, com música que andei anos a tentar
registar e o Chico Fanhais me escreveu para guardar e anda
por aí nuns papéis...)

- eeeeennnnnche o teu ser de amor...


EEEEENNNNNCHE O TEU SER DE AMOR...
- eeeeennnnncho o meu ser de amor...
EEEEENNNNNCHO O MEU SER DE AMOR...

- no universo há muito e é de graça...


NO UNIVERSO HÁ MUITO E É DE GRAÇA...
- no universo há muito e é de graça...
NO UNIVERSO HÁ MUITO E É DE GRAAAAÇA...

- dá-lhes essa fartura...


DÁ-LHES ESTA FARTURA...
- dou-lhes essa fartura...
DOU-LHES ESTA FARTURA...

- QUE AO MENOS EM SONHO O TEU DESEJO...


- QUE AO MENOS EM SONHO O MEU DESEJO

- SE ENCHA E SATISFAÇA...
- SE ENCHA E SATISFAÇA...!!!

(outras hipóteses...):
ENCHE O TEU SER DE AMAR....
TERRA
FOGO
AR
ÁGUA
GRAÇA
SONHO
ESPANTO
FORÇA
VIDA
COR
LUZ
PAZ

@ JORAGA 47 Penedo Gordo, Beja 1995/9696 – Corroios 2018


José d’A Mar – um dos deNÓMIOS de José Rabaça Gaspar

Joseph Sidarus
Penedo Gordo, Beja
Maio de 1992

@ JORAGA 48 Penedo Gordo, Beja 1995/96 – Corroios 2018


A MAR

VISÕES

@ JORAGA 49 Penedo Gordo, Beja 1995/9696 – Corroios 2018


José d’A Mar – um dos deNÓMIOS de José Rabaça Gaspar

VISÃO

@ JORAGA 50 Penedo Gordo, Beja 1995/96 – Corroios 2018


A MAR

tentativa de visão global


em manhã de nevoeiro
denso claro noite dia
mesmo ali ao pé do mar
que todo o tempo bramia
e falava sem parar...
e que cantava e contava
contos lendas de
encantar que aos mais
pareciam feras mas pra
outros eram belas
falando sempre a gritar
rebentando junto às
pedras ondas de espuma
no ar que mais pareciam
estrelas a brilhar só um
momento pra logo se
desfazerem como levadas
pelo vento...
ou então falava manso
beijando abraçando a
areia todo terno a
espreguiçar a fúria das
ondas altas...
olhando um pouco mais
longe ei-lo o mar a
ondular levantando e
abaixando o seu dorso
cor de chumbo como
monstro a resfolgar e

@ JORAGA 51 Penedo Gordo, Beja 1995/9696 – Corroios 2018


José d’A Mar – um dos deNÓMIOS de José Rabaça Gaspar

vendo as ondas correndo


agora já perto da praia
rebentam em branca
espuma enrolando-se
enrolando em toda a roda
do mundo um colar de
espuma branca até se
irem desfazer morrer na
areia nas rochas ou então
de encontro à costa que
se levanta em escarpas e
então nessas muralhas
ele bate em fúria dobrada
minando cavernas fundas
furnas buracos abismos
como se a quisesse abrir
abraçar e possuir até
mesmo a destruir..
foi aí nesse lugar nesse
tempo em manhã de
nevoeiro que era noite e
era dia mas não era dia
ou noite...
nesse preciso momento
qu'era espaço de
encantar sem ser tempo
nem lugar
eu vi o sol a brilhar e
dentro do sol um brilho
que era um ponto

@ JORAGA 52 Penedo Gordo, Beja 1995/96 – Corroios 2018


A MAR

pequenino mas dum


tamanho infinito e nesse
espaço pequeno tão
grande que era sem fim vi
tudo o que tinha o mundo
para ver e para mostrar
mesmo sem o poder ver e
ele sem poder mostrar...
campos cidades e casas
gentes de todas as raças
doutras eras já passadas e
futuras que hão-de vir e
guerras de muitas formas
e paz de muitos feitios e
lá muito longe bem perto
as estrelas do infinito
espaço e tempo fundidos
girando em tal velocidade
que tudo ali num segundo
era falso e verdadeiro era
feio era bonito era assim
e mais ou menos tal como
é a eternidade e o espaço
sem fim o cosmos o
universo que queremos
crer mas não cremos nem
podemos entender...
nada se via era tudo que
ali estava girando no céu
e no mar imenso tão

@ JORAGA 53 Penedo Gordo, Beja 1995/9696 – Corroios 2018


José d’A Mar – um dos deNÓMIOS de José Rabaça Gaspar

manso que era temido


que parado se agitava e
logo parava tímido
superfície lisa e calma
azul verde prateada e por
baixo a fervilhar de mil
vidas mil abismos mil
mistérios e mil perigos
maravilhas e terrores qui-
meras e furacões mil
fascínios mil desgraças
coisas que desconhece-
mos e no alto ali espe-
lhado sem saber onde era
o céu mar e céu tudo
trocado sem saber onde
começa ou acaba um ou
outro e naquele mar
naquele sol que era um
ponto irrelevante dum
tamanho impressionante
que eu não podia medir
mas via todo num
ponto...
lá no alto ali em baixo as
estrelas a brilhar lumi-
nosas e distantes a
milhares de anos luz a
mostrar nesse momento
a luz que foi há mil anos

@ JORAGA 54 Penedo Gordo, Beja 1995/96 – Corroios 2018


A MAR

tudo ali no mesmo


instante a ver agora pre-
sente o que sucedeu há
séculos e nunca por nós
foi visto nem veremos
algum dia mas estamos
ora vendo como num
mágico espelho as men-
tiras que a história
sempre nos foi repetindo
contando a verdade toda
de reis de senhores e po-
vos que fizeram desfize-
ram e viveram e se foram
vivendo um tempo sem
tempo que foi um tempo
passado...
e lá de longe bem perto
essas estrelas brilhantes
talvez já sem terem brilho
a rir-se vêem aquilo que
já foi ou que vai ser
vendo aquilo que foi no
instante em que lá estão
a brilhar a cintilar e aquilo
que vai passar su-ceder
acontecer daqui a
milhares de anos que é o
tempo que elas brilham e
é um tempo sem tempo

@ JORAGA 55 Penedo Gordo, Beja 1995/9696 – Corroios 2018


José d’A Mar – um dos deNÓMIOS de José Rabaça Gaspar

diferente do tempo in-


ventado para entender-
mos o tempo!!!
um dia havemos de ir lá e
ligar os aparelhos
secretos sem ter segre-
dos por nós nem imagi-
nados e ver duma vez
tout court o passado e o
presente o que foi e é
futuro estando lá e
estando cá e ver o longe e
o perto e o aqui e o além
tudo num mesmo só
ponto tudo no mesmo
momen-to...
o fascínio e o espanto o
encantamento o encanto
o delírio o desespero a
orgia e o prazer o amargo
da doçura e a dor da
alegria e o mal e o bem e
o bem mal o mal bem e
coisa e tal o mais ou
menos sim ou não o sim
não mas não que é sim o
verdadeiro e o falso e o
verdadeiro que é falso e o
falso verdadeiro o posi-
tivo ou negativo que é

@ JORAGA 56 Penedo Gordo, Beja 1995/96 – Corroios 2018


A MAR

positivo negativo mais


negativo positivo o claro
escuro a penumbra o dia
a noite e a aurora o pôr
do sol e o depois e a
madrugada e o antes e a
noite com a luz da lua o
dia sem luz do sol
e a magia das horas do
tempo que nunca passa
ou então passa veloz sem
sequer darmos por nada
por darmos conta de tudo
quando o tudo não é
nada...
a verdade e a mentira a
mentira verdadeira a
ciência a ignorância a cul-
tura a incultura e a
ciência ignorante e a
ignorância sabida mais
sábia que a ciência...
a guerra e paz junta-
mente de mãos dadas
como irmãs a náusea e
agitação a revolução e a
calma a paz podre a
podridão ainda em de-
composição numa morte
repelente que faz nascer

@ JORAGA 57 Penedo Gordo, Beja 1995/9696 – Corroios 2018


José d’A Mar – um dos deNÓMIOS de José Rabaça Gaspar

outras vidas e assim fica


aparecida a vida vinda da
morte e a morte mais
parecida com a vida que
gerou...
e assim tudo é fantasia
afinal realidade e ali à
beira do mar vendo as
pessoas passar em dia de
nevoeiro não são gente
são fantasmas que se
movem e não andam que
falam não articulam que
escutam mas não ouvem
como se fossem imagens
doutros tempos e
paragens e o navio que
além passa por cima ao
longe nas águas não
sabemos se navega
sulcando as águas do mar
ou se ele voa no ar
cortando as nuvens do
céu e se as aves e aviões
navegam as ondas bravas
dum mar que escalou o
alto e virou tudo ao
contrário...
e agora ali além no meio
do nevoeiro naquele

@ JORAGA 58 Penedo Gordo, Beja 1995/96 – Corroios 2018


A MAR

ponto mais aberto mais


claro à nossa visão que
percebemos mais perto
surge espuma branca suja
como baba como
esperma que vomita ou
que defeca lixos restos
algas crude conchas
líquenes salvados tudo o
que o mar vomita vomi-
tando o vomitado que
quiseram vomitar para
dele de libertar...
mas de repente um
espanto...
no meio do nevoeiro
surgem ninfas e sereias
das águas mortas mas
vivas e é todo um reino
de mitos de mil reais
fantasias que são
mentiras verdades e pa-
recem ilusão por estra-
nhos à VISÃO.

e de repente o sol abre e


que vejo eu então através
através dessa VISÃO a
mesma que tinha há
pouco? aquilo que já lá

@ JORAGA 59 Penedo Gordo, Beja 1995/9696 – Corroios 2018


José d’A Mar – um dos deNÓMIOS de José Rabaça Gaspar

estava e nunca lá estivera


porque afinal é a luz que
escurece e apaga e nos
perturba a VISÃO.

afinal aquilo ali era uma


praia qualquer não praia
da CEE como a CEE as
quer embrulhada em
celofane limpinha e
arranjadinha para ter
direito a bandeira a
cheirar bem a lavado a
lixívia e detergente com
barracas alinhadas e
letreiros bem pintados
com banheiros e banhei-
ras salvadores e salva-
doras polícias e vigilantes
bóias sinalizadoras tudo
enfim um paraíso como a
CEE o quer não dos tem-
pos do Noé do paraíso
perdido dos nossos pri-
meiros pais Adão e Eva e
seus filhos mas paraíso
riscado em folhas de
arquitecto e não no mar e
na terra com as curvas
que tem ao certo...

@ JORAGA 60 Penedo Gordo, Beja 1995/96 – Corroios 2018


A MAR

aquilo era uma simples


praia feita de areia e de
pedras com algas e com
malhões malhões de
todas as formas de todas
as cores e tons e com
riscas mais ou menos
direitas a desenhar mil
coisas que não existem e
nós queremos ver lá... era
uma praia de mar como
são o mar as praias... ali
havia de tudo de tudo um
pouco afinal que vinha da
CEE muito limpa e arran-
jada... havia lixo e petró-
leo crude plástico alca-
trão daquele que é
indestrutível restos de
redes e fios de canas que
o não são bidões vazios e
cheios garrafas grandes
pequenas barrotes e tá-
buas podres restos de
barcos e velas bocados de
coisas diversas que eram
merda merda merda e
merda já reciclada pelos
ventos e marés...

@ JORAGA 61 Penedo Gordo, Beja 1995/9696 – Corroios 2018


José d’A Mar – um dos deNÓMIOS de José Rabaça Gaspar

havia mais: algas limos


carcaças de bichos vários
rastos de gente pegadas
marcas de bichos e aves
muito bem reconhecíveis
e outros desconhecidos
talvez de monstros do
mar...

e havia também o mar o


mar e as sua ondas e a
música do mar e todo o
seu turbilhar e uns mo-
mentos de silêncio um
silêncio momentâneo en-
tre dois rebentamentos
que se ouvia e que feria
inda mais que o marulhar
constante das vagas que
rolam umas sobre as
outras à vez e nos dava a
impressão a ilusão mo-
mentânea de que tudo ia
parar de que tudo ia
acabar... mas voltava no-
vamente todo aquele
marulhar e havia som
melodia que sem parar
repetia o estrondo o
ribombar das vagas a

@ JORAGA 62 Penedo Gordo, Beja 1995/96 – Corroios 2018


A MAR

rebentar um barulho
sempre igual qual mortal
monotonia das ondas
sempre a bater que afinal
é sinfonia sempre igual
sempre diferente daquele
mar que se levanta mês-
mo sem se levantar como
um deus que está dormi-
ndo e se põe a respirar e
se levanta e se abaixa e as
ondas a correr a correr a
rebentar enquanto a
outra se forma já outra se
enrola e quebra e bate de
encontro à outra que se
ia mesmo a formar a
cantar e a correr arrasta e
bate na rocha nas fragas e
nos penedos também a
bater na areia que esfre-
ga estende e enrola e
deixa lisa moldada a
cantar de arrepiada de se
ver assim beijada por tão
potente senhor e depois a
vem lamber arrastar e
enrolar a atirar com os
malhões que também ro-
lam se enrolam se mis-

@ JORAGA 63 Penedo Gordo, Beja 1995/9696 – Corroios 2018


José d’A Mar – um dos deNÓMIOS de José Rabaça Gaspar

turam e se mudam can-


tando batendo palmas
dançando uns sobre os
outros em festas de
delirar e fazendo constru-
ções de mil formas e
feitios para logo se muda-
rem...
e tudo isto em movi-
mento parecendo quedo
e mudo sem sair do seu
lugar!
e o mar torna a voltar a
mudar tudo outra vez a
rolar e a enrolar faz agora
uma muralha de pedra
bem arrumada mas já na
outra maré de novo tudo
desfaz tudo espalha e
esborralha e a praia que é
a mesma mas já é uma
outra praia já passou a
maré cheia já se não
vêem pegadas já são
outras as pegadas que
agora estão marcadas
rastos de gente de bichos
rastos de monstros mari-
nhos que vieram e se
foram...

@ JORAGA 64 Penedo Gordo, Beja 1995/96 – Corroios 2018


A MAR

e ali no mesmo espaço


tudo se junta num tempo
que já veio e que se foi e
que há-de voltar ainda
para de novo partir...

era gente e eram peixes


era lixo e eram pedras era
areia e eram algas eram
limos eram bichos eram
cães e eram aves eram
rastos eram restos de
gente que passou a correr
ou passou tão só a andar
até muito devagar ou
gente que esteve ali
parada a olhar o mar ou
simplesmente parada...
alguma a andar parada
sozinha por o querer
estar ou sozinha a
procurar algum par a
companhia que a fizesse
sonhar... passam pares de
mãos dadas grupos
grandes de folgar gente
descalça e calçada vestida
ou quase despida outros
vestidos de nada nua

@ JORAGA 65 Penedo Gordo, Beja 1995/9696 – Corroios 2018


José d’A Mar – um dos deNÓMIOS de José Rabaça Gaspar

vestida de ar e mar a
correr a mergulhar ou
então deitada na areia ou
sobre a água a boiar no
mar...
meio a dormir acordada
acordada e a sonhar a
ouvir mil sons dispersos
ou a ouvir o silêncio
daquelas falas do mar
que fala com sons
esquivos e com gestos
esquisitos calado a querer
dizer muito dos segredos
mais profundos
guardados nas
profundezas dos abismos
infinitos que há no fundo
do mar mas sem dizer ou
falar que nós não o
entendemos sem dizer
nada nos termos que
podemos decifrar... e ali
ficamos parados a ver a
água parada num
movimento constante
sempre sempre a ondular
sempre sempre a mesma
cor que é de todas as
cores e a onda que vai e

@ JORAGA 66 Penedo Gordo, Beja 1995/96 – Corroios 2018


A MAR

vem e volta e se ergue no


ar com uma fúria dobrada
como que a ameaçar vem
feroz e logo mansa a
deixar-se pene-trar um
passo atrás um em frente
um mergulho a perfurar
aquela fúria tremenda
que se rende e ali fica
enternecida a rolar
embalando uma criança
que bóia feliz no mar...
a onda passa quebrou e
fica uma linha imensa de
brancura imaculada a
desenhar mil carícias de
espuma mole e macia a
mostrar a quem quer ver
que o mar não é o mar...
é a mar é feminina pois o
nome que é mar em
muitas línguas do mundo
como la mer e la mar é
mulher é mãe é água é
fecunda e criadora é
fêmea fome fecunda que
se compraz em criar... e
ali está fechada a deixar-
se penetrar aberta para
os que ousam no seu

@ JORAGA 67 Penedo Gordo, Beja 1995/9696 – Corroios 2018


José d’A Mar – um dos deNÓMIOS de José Rabaça Gaspar

ventre mergulhar e de lá
sair morrendo renas-
cendo dessas águas que
refrescam e renovam e
dão frio e dão calor
tornando feliz o medo de
ter medo de a afrontar
um medo que atrai e
repele seduz e chama e
afasta e se mostra calmo
e doce e logo encrespado
hostil e por vez é
transparente limpo calmo
e sedutor e logo fica
turvado ocultando mil
ardis e escondendo mil
perigos que escondem
por sua vez quem sabe se
mil tesouros mil encantos
preciosos porque o mar é
A MAR
e talvez seja AMAR.

e foi assim de repente no


meio da escuridão que
era dia luminoso que
nada deixava ver para
poder tudo ver mesmo a
clara ilusão de ver tudo o
que não via

@ JORAGA 68 Penedo Gordo, Beja 1995/96 – Corroios 2018


A MAR

que pude enfim entender


com a luz que não se via
que o tudo era nada e
que o nada era tudo e
que o mesmo era a sorte
que era morte ou era vida
e que o tempo o não era
o mesmo a hora o
segundo os anos séculos
e eras eram um tempo
fictício que passava lenta-
mente ou em fracções de
segundo os lustros a
eternidade o minuto era
infinito e finito diminuto a
mentira era verdade os
factos eram ficção o real
imaginado realidade in-
venção o princípio era o
final de algo já começado
e o fim era o princípio de
algo que se começa e que
ser deus e ser homem ser
mulher e ser criança
conceber e procriar ser
livre e estar prisioneiro
criar algo ou destruí-lo
morrer matar ou viver o
amar o odiar o fingir e o
mentir e dizer o que é

@ JORAGA 69 Penedo Gordo, Beja 1995/9696 – Corroios 2018


José d’A Mar – um dos deNÓMIOS de José Rabaça Gaspar

verdade... qual?... de
quem?... o quê?... ter
esperança e não a ter
querer crer e não poder e
crer querer e não o
querer e até querer fazer
tudo sem ser capaz de o
fazer... o dia a noite o
bem e mal a luz e sombra
o claro escuro tudo vem
do que é total do nada
que não existe do tudo
que não existe se o nada
o não sustem...

afinal se virmos bem tudo


é obra do diabo onde
encarna todo o mal para
o nosso entendimento e
tudo é obra de deus onde
existe todo o bem que
podemos conceber...
tudo vem do mal do bem
do princípio que é o fim
da vida que vem da morte
da morte que gera a vida
e é o fim do princípio
e afinal
o ponto final

@ JORAGA 70 Penedo Gordo, Beja 1995/96 – Corroios 2018


A MAR

é o fim que principia


outra obra outro ser que
nasce e vai acabar...

e agora no final
desta VISÃO ensombrada
para se ser coerente
tudo volta a começar
como um regresso ao
futuro que nunca foi
começado...
ou para ter um fim feliz
vou infeliz procurando
o amor que já perdi
para o poder encontrar
nas profundezas da mar
no mistério que é AMAR.
cego de gota serena:
1ª versão - Verão de 1989
2ª versão - Outono de 1989
3ª versão - Outono de 1993
4ª versão – Primavera de 2003
5ª versão – Inverno de 2018

@ JORAGA 71 Penedo Gordo, Beja 1995/9696 – Corroios 2018


José d’A Mar – um dos deNÓMIOS de José Rabaça Gaspar

@ JORAGA 72 Penedo Gordo, Beja 1995/96 – Corroios 2018


A MAR

A PEDRA DE VER A MAR…

do cimo da minha serra


mais alta de portugal
que tem o nome de estrela
por parecer delas rival
avista-se meio mundo
do reino de Portugal
...
em dias claros sem névoa
quem do alto perscrutar
os lados do ocidente
onde o sol vai mergulhar
pode ver sobre o Bussaco
que faz arco como um dorso
de um fantástico animal
uma fita verde escuro
que é o mar visto de longe
e nós chamamos A MAR
...
quem somos nós que chamamos
tal nome ao que já tem nome
e todos chamam O MAR?
somos nós, são os poetas
os artistas, os amantes
que trocam todos os nomes
que os outros já inventaram
porque o dom de ser poeta
ser artista e ser amante
é um dom que lhes permite

@ JORAGA 73 Penedo Gordo, Beja 1995/9696 – Corroios 2018


José d’A Mar – um dos deNÓMIOS de José Rabaça Gaspar

transgredir todas as regras


inventar a realidade
e mostrar que o real
não é real é ficção
é a ficção que eles inventam
e outros chamam ficção
é essa a realidade
que deslumbra e que fascina
a ânsia que o homem tem
de ver mais e mais além
daquilo que os olhos vêem
e os sentidos apreendem
...
mas o comum dos mortais
que chega ao alto da Estrela
um planalto desolado
sem uma planta, uma flor
- a não ser a tão discreta
duma cor quase violeta
a campânula dos hermínios
que chamamos campainha
e ninguém vê nem conhece... -
coberto de rocha dura
que se vai desagregando
exposto ao sol e à chuva
ao calor e frio intenso
aos vendavais temerosos
que varrem tudo o que é vida
ficam a olhar espantados
a Torre de nove metros

@ JORAGA 74 Penedo Gordo, Beja 1995/96 – Corroios 2018


A MAR

que El-Rei D. João o sexto


ali mandou construir
para completar os metros
que faltavam para dois mil
...
como é que a mãe Natureza
se esqueceu de lá chegar
e ficou ali por perto
parando em noventa e um
depois de mil novecentos
mas onde já se mediram
mais dois, os noventa e três
e o último satélite
já avisa que há mais
e passa de três e meio
a atingir noventa e quatro?
...
toca a escalar a pirâmide
com cordas e outros meios
para dizerem aos amigos
que estiveram já mais altos
que todos em Portugal
e subiram dois mil metros
coisa rara nunca vista
que alguém pode alcançar
neste pequeno jardim
plantado à beira mar
...
ou se há neve? então há gelo!
vento e frio de rachar...

@ JORAGA 75 Penedo Gordo, Beja 1995/9696 – Corroios 2018


José d’A Mar – um dos deNÓMIOS de José Rabaça Gaspar

então é ver desportistas


pelos barrancos esquiar
com esquis ou sem esquis
com botas ou de sapatos
em pé ou de Cu no chão
rebolar escorregar
com plástico ou numa tábua
ou nos trenós inventados
para as calças não rasgar
...
foi à serra tem direito
a ter diploma a atestar
de ter estado mais alto
que ninguém em Portugal
...
e pode comprar de tudo
queijos presuntos e peles
pão cajados e bengalas
casacos safões garruços
cães da serra com coleira
mil coisas artesanais
das que há em todas as feiras
até já feitas de plástico
que é melhor e dura mais
mesmo sem serem da serra
tudo ali pode comprar
pois já que subiu à Serra
mais alta de Portugal
tem direito a atestar
em todo o tempo e lugar

@ JORAGA 76 Penedo Gordo, Beja 1995/96 – Corroios 2018


A MAR

o privilégio que teve


de ter estado mais alto
e ninguém lhe leva a mal
...
mas há os que vão às Serra
mais alta de Portugal
para se perder nas alturas
e fugir à barafunda
do mundo pobre e vulgar
e então
correm a serra
à procura dos lugares
onde podem descansar
e longe de tudo e todos
podem enfim sós sonhar
e perante a imensidão
ficar mudos e quietos
olhando sem perceber
sem saber descortinar
o que vêem o que sentem
com os seus sete sentidos
porque não podem contar
o que vêem o que sentem
o que ouvem o que cheiram
os mil sabores que lhe chegam
em lufadas de ar leve
e então a fantasia
nas asas do imaginar
vai voando pelo espanto
de tanto belo encontrar

@ JORAGA 77 Penedo Gordo, Beja 1995/9696 – Corroios 2018


José d’A Mar – um dos deNÓMIOS de José Rabaça Gaspar

deslumbrado com a grandeza


dos espaços infinitos
que se abrem ao olhar
mas que a vista não alcança
por não poder abarcar
...
dali tu podes voar
até á vizinha Espanha
correr a Cova da Beira
sobrevoar a Gardunha
rodando desde o nascente
seguindo o sol pelo sul
e depois pelo poente
onde o sol vermelho morre
tens a serra da Abuaça
e a outra da Lousã
e por sobre o dorso desta
muito ao longe em dia claro
podes ver se a vista alcança
uma linha verde escuro
que pode ser azul claro
a confundir-se com o céu
que é, quer queiras quer não,
o mar que já banha Espinho
que enche a ria de Aveiro
se espraia pela Figueira
da Foz que é do Mondego
que parte do Mondeguinho
e leva nas suas águas
as alegrias e mágoas

@ JORAGA 78 Penedo Gordo, Beja 1995/96 – Corroios 2018


A MAR

todas as dores e as raivas


das gentes da minha STerra
que bordam as margens do Alva
e do Mondego também
...
dizem os mestres que sabem
que podes, se puderes ver,
as águas que se encapelam
no Sítio da Nazaré
e fizeram o penhasco
onde, segundo o poeta,
a Terra acaba, o Mar começa
e tem a marca o sinal
do cavalo a ferradura
do cavaleiro fogoso
que seguia atrás da caça
e julgava, em seu delírio
que a terra não acabava
...
aí, poetas, artistas,
amantes e sonhadores
deixam os sete sentidos
voar por cima do Mar
e apesar de o Mar ser grande
tão grande que é maior
muito maior do que a Terra
que abraça em toda a roda
...
então poetas artistas
amantes e sonhadores

@ JORAGA 79 Penedo Gordo, Beja 1995/9696 – Corroios 2018


José d’A Mar – um dos deNÓMIOS de José Rabaça Gaspar

pobres que têm riquezas


tão grandes que ninguém tem
...
pedem mais, pedem maior,
querem'inda ir mais além
e como o Mar é pequeno
apesar de ser tão grande
transformam O Mar em A MAR
AMAR
e voam no Universo
e pelo Cosmos infinito
à procura do AMOR
que criou as maravilhas
que podemos contemplar
e ainda as outras todas
que só pode imaginar
aquele que vivendo AMOR
é capaz de O criar
e assim tudo criar
porque vive só de AMAR
...
onde podes isto ver
tudo isto imaginar
como se fosse só um sonho
impossível de alcançar?
???
isso é segredo seguro
que não posso revelar
...
ali no alto da SERRA

@ JORAGA 80 Penedo Gordo, Beja 1995/96 – Corroios 2018


A MAR

caminhando devagar
pelas cristas das alturas
sempre andando sem parar
...

vais parando pelas penhas


bebendo a água das fontes
mergulhando nas lagoas
olhando o longe e o perto
saindo daqueles lugares
onde pára a multidão
...
e depois, devagarinho,
sem ninguém o perceber
vais por de certo encontrar
aquele secreto lugar
que é um mirante varanda
que os poetas e artistas
e os pobres e amantes
guardam como um tesouro
com riquezas de encantar
...
se um dia o encontrares
sabes que estás a sonhar
naquele secreto lugar
que ninguém pode encontrar
se não souber procurar
...
é mesmo aí onde estás
A PEDRA DE VER o MAR

@ JORAGA 81 Penedo Gordo, Beja 1995/9696 – Corroios 2018


José d’A Mar – um dos deNÓMIOS de José Rabaça Gaspar

A PEDRA DE VER A MAR


PEDRA D'APRENDER A AMAR
!!!
PEDRA DE PRENDER O AMOR
P'RA NUNCA MAIS ACABAR
...
e quem o segredo ouvir
e não o souber guardar
e for a outros contar
tão certo como se diz
lá para os lados da Serra
como p'rás bandas do Mar
por mais que queira fugir
EM PEDRA SE HÁ-DE TORNAR
...
e assim se acaba a história
DA PEDRA DE VER AMAR.
.
assim se acaba este livro
que era p'ra cantar O MAR
passou a cantar A MAR
acaba a cantar
AMAR

@ JORAGA 82 Penedo Gordo, Beja 1995/96 – Corroios 2018


A MAR

Variações de AMAR

AMAR

AMAR

AMAR

@ JORAGA 83 Penedo Gordo, Beja 1995/9696 – Corroios 2018


José d’A Mar – um dos deNÓMIOS de José Rabaça Gaspar

@ JORAGA 84 Penedo Gordo, Beja 1995/96 – Corroios 2018


A MAR

@ JORAGA 85 Penedo Gordo, Beja 1995/9696 – Corroios 2018


José d’A Mar – um dos deNÓMIOS de José Rabaça Gaspar

@ JORAGA 86 Penedo Gordo, Beja 1995/96 – Corroios 2018


A MAR

@ JORAGA 87 Penedo Gordo, Beja 1995/9696 – Corroios 2018


José d’A Mar – um dos deNÓMIOS de José Rabaça Gaspar

uma visão sobre a praia da gralha


daniel rocha
s. martinho do porto, 6.10.1979

...nesse dia a praia da gralha


era um anfiteatro grandioso
donde se podia ver um espect culo
deslumbrante...

era um mar revolto em ondas


majestosas
que se enrolavam em espuma
branca de prata acobreada e
iam morrer na praia
como se fossem uma colcha de
filigrana aluarada...
e era mais luz que colcha mais
branca que qualquer coisa de
real e no fim...

@ JORAGA 88 Penedo Gordo, Beja 1995/96 – Corroios 2018


A MAR

ficavam arabescos desenhados


nos contornos da areia
molhada
como dedos-mÆos milhares
de mÆos dedos
desenhados na praia possu¡da
em del¡rio...

@ JORAGA 89 Penedo Gordo, Beja 1995/9696 – Corroios 2018


José d’A Mar – um dos deNÓMIOS de José Rabaça Gaspar

a força que tem a ÁGUA...


o poder que A MAR
AMAR

(uma evocação do verão 85? 86? recuperada em 96)


... era uma tarde de verão dum quente tórrido e
abafado...
... era no vale glaciar do Zêzere na Estrela...
... a tempestade dentro de mim era tão grande que não
podendo fugir de mim
fugi da gente e do calor asfixiante das ruas e das casas
e fui-me sentar à beira do rio
para o ouvir correr...
falar...
saltar de pedra em pedra...
parar nos charcos...
descansar...
e logo tornar a correr...
sem parar...

... surpreendentemente não me apeteceu mergulhar


nas águas frias que corriam numa solidão quase
medonha...
... nem um canto de um pássaro... nem vivalma...
só eu a água e a montanha imensa...

... a voz da corrente a correr por entre os pedregulhos


tornou-se-me ensurdecedora no meio daquele silêncio
de solidão...

... fugi outra vez...


subi a ladeira pelo carreiro oblíquo que levava a um
pequeno bosque...

@ JORAGA 90 Penedo Gordo, Beja 1995/96 – Corroios 2018


A MAR

ali corria um regato que depois era levada de água que


regava e depois ia cair no rio que já não se ouvia... ali.
... não vi a fonte... era logo ali, em cima...
subi...
parei onde a corrente era um pequeno fio...
sentei-me...
deixei-me rir...
ali a água não falava d’alto... era uma voz cantante... um
murmúrio apenas...
ri-me...
rio...
ainda rio...
... ali, coitada, a água não tinha força...
sentei-me...
senti-me poderoso como a proteger uma criança
indefesa ou um pequeno animal com quem podemos
brincar sem correr riscos...
...distraído...
pus-me a atirar pedrinhas ao regato... ao desbarato...
depois, como alguma ficaram perto, comecei a pô-las
mais juntas, a fazer barreira...
...ah! e se eu parasse a água que corria? tão frágil ali!!!
... se o conseguir, também a sei parar lá em baixo no rio...
...mais pedras... depois uns ramos... depois terra...
cada vez que parava para ver o efeito, já a água saltava
ou rompia-me a barreira...
insisti...
desisti...
de repente percebi...
mesmo que ponha pedra sobre pedra sobre pedra sobre
pedra...
mesmo tapando todo o vale...
glaciar...

@ JORAGA 91 Penedo Gordo, Beja 1995/9696 – Corroios 2018


José d’A Mar – um dos deNÓMIOS de José Rabaça Gaspar

a água havia sempre de correr...


é a sua tendência natural...
é a sua ânsia irresistível imparável de correr p’ró mar...
... ah!?... de correr p’rA MAR...
...ah?! tal como nós
os ENTES de todo o mundo
que fomos feitos
irresistivelmente
imparavelmente
p’rAMAR

@ JORAGA 92 Penedo Gordo, Beja 1995/96 – Corroios 2018


A MAR

@ JORAGA 93 Penedo Gordo, Beja 1995/9696 – Corroios 2018


José d’A Mar – um dos deNÓMIOS de José Rabaça Gaspar

A MAR  TÍTULO PARA UM LIVRO 


O MAR NÃO É O MAR É A MAR
O MAR – A MAR - AMAR

QUEM O DIZ?
É O POETA QUE EU NÃO SOU
MAS QUE TODOS SOMOS É O
FILÓSOFO O ARTISTA A
MULHER O HOMEM QUE EM
TODO O LADO E TODO O
TEMPO SE INTERROGA E
BUSCA UMA PROCURA SÃO
TODOS AQUELES QUE BUSCAM
UMA LINGUAGEM
UNIVERSAL DESDE HOJE
FICA PROCLAMADO PARA
TODO O SEMPRE QUE SOMOS
DUMPLANETA QUE SE
CHAMA A MAR PLANETA
AMAR

ESCOLA SECUNDÁRIA JOÃO DE BARROS, CORROIOS, 1 DE MARÇO DE 1996,


JOSÉ D’AMAR, (DENÓMIO DE JRGASPAR)

@ JORAGA 94 Penedo Gordo, Beja 1995/96 – Corroios 2018


A MAR

Uma DÉCIMA sobre A MAR

MOTE

O PLANETA EM QUE VIVEMOS


TODOS DIZEM: É A TERRA.
NÃO É ISSO QUE NÓS CREMOS
POIS O (AMAR) MAR, A TERRA ENCERRA.

Vivemos aqui na terra Vivemos desta ilusão


uma vida passageira chamando ao nosso planeta
que passa breve e ligeira co’o troar de uma trombeta
podendo viver na serra A TERRA é que é a mansão...
ou nas ribas que ela encerra. É a nossa habitação...
É assim que nós dizemos E por tudo o que corremos
quando usamos estes termos... e com nossos olhos vemos
É imenso e grande o mundo é a terra que é maior
como um abismo profundo mesmo sendo bem menor!
O planeta em que vivemos. Não é isso que nós cremos.

Mas todos sabem que a água Se O MAR é masculino


ela, abrange a terra toda nesta língua que falamos
e a abraça a toda a roda e é assim que o tratamos...
brotando até duma frágoa Vai mudar em feminino
a abrir seu ventre com mágoa... para se tornar um hino
Mas a dimensão que encerra do início à finisterra...
pela conta que não erra Pr’acabar com toda a guerra
diz-nos ser maior o mar e também com toda a dor
muito maior que o lugar o primado é do AMOR
que todos dizem: é TERRA. Pois o/a (AMAR) MAR a TERRA
encerra.

@ JORAGA 95 Penedo Gordo, Beja 1995/9696 – Corroios 2018


José d’A Mar – um dos deNÓMIOS de José Rabaça Gaspar

@ JORAGA 96 Penedo Gordo, Beja 1995/96 – Corroios 2018


A MAR

trabalho acabado de escrever e realizar


em WinWord
C× 486-66
para complementar com ilustrações e estudo dos signos -símbolos...
por @ JORAGA
Penedo Gordo, Beja
1993/94 - 1994/95/96
CORROIOS
2003 - 2018

JORAGA

em viagem...

@ JORAGA 97 Penedo Gordo, Beja 1995/9696 – Corroios 2018


José d’A Mar – um dos deNÓMIOS de José Rabaça Gaspar

@ JORAGA 98 Penedo Gordo, Beja 1995/96 – Corroios 2018


A MAR

@ JORAGA 99 Penedo Gordo, Beja 1995/9696 – Corroios 2018


José d’A Mar – um dos deNÓMIOS de José Rabaça Gaspar

Como a água das fontes e dos rios, a VIDA, todas as VIDAS,


correm sempre para O MAR… A MAR… AMAR… Nestes poemas
com a influência de Camões, Torga e Borges, é proclamada a
subversão: O MAR é A MAR!

José d'A MAR poeta na alma traz consigo o ciclo de renascer da


força das águas.

O José é um mar de emoções vividas


num mundo demasiado interiorizado,
manifestado aqui em turbilhões de
sentimentos e inconformismo dando
vida às palavras e dando voz a
quantos nele se revêem. Escritos em
diferentes fases do seu percurso
revelam todos eles o grito calado, de
um inconformismo com o Mundo dos
Homens.

Vale a pena percorrer estes versos como rios de um mar em


contínua transformação.

Fátima Borges.

A Humanidade, as Mulheres e Homens, que habitam este


planeta, pensam e dizem que vivem no planeta terra; mas ele diz
que vivemos TODOS - quer queiramos, quer
não… quer os políticos queiram, quer
não… quer os cientistas queiram, quer
não… - TODOS vivemos no PLANETA
MAR… A MAR… AMAR.
E isto, só isto, tão pouco e tão
pequeno, é pura e simplesmente
uma sublevação universal.
As Mulheres e Homens (por suposto,
Inteligentes e com Consciência) ainda
não deram conta que vivem num planeta
que não é deles… Quando tomarem CONSCIÊNCIA disso e
mudarem a linguagem, tudo MUDARÁ… as guerras e agressões
ao planeta e ao universo, terminarão.

@ JORAGA 100 Penedo Gordo, Beja 1995/96 – Corroios 2018

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