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Andiara Flores1
1
Graduada em Direito pela Universidade de Caxias do Sul (UCS), Mestranda em Direito pela
Universidade de Caxias do Sul (UCS), bolsista CAPES, membro do Grupo de Pesquisa Direito
Público e Meio Ambiente, certificado pela UCS e inserido no Diretório de Grupos de Pesquisa do
CNPq. Advogada.
2
Graduada em Direito pela Universidade de Caxias do Sul (UCS), Pós-Graduada em Processo Civil
pela Universidade de Caxias do Sul (UCS), Pós-Graduada em Processo do Trabalho pela
Universidade de Caxias do Sul (UCS), Mestranda em Direito pela Universidade de Caxias do Sul
(UCS). Advogada.
felicidade” aos turistas, acaba, na grande maioria das vezes, por deixar de lado ou
esquecer por completo a questão da preservação do meio ambiente histórico e
cultural daquela cidade ou região, em razão da modernidade exigida pelo atual
mercado de consumo.
2
INTRODUÇÃO
3
1. IDENTIDADE E BENS CULTURAIS
A cultura popular local, por ser oriunda das relações profundas entre a
comunidade do lugar e o seu meio (natural e social), simboliza o homem e seu
entorno, implicando um tipo de consciência e de materialidade social que evidencia
o grau de afeição ou apego a um lugar; esse é um fator de extrema importância para
o desenvolvimento local, posto que permite a configuração da identidade do lugar e
de sua população. Portanto, a valorização da cultura popular contribui para que a
sociedade fortaleça a individualização e a auto-estima diante do outro, numa busca
de desenvolvimento originário de sua própria criatividade e conforme os seus
valores, porque é por intermédio da cultura que o indivíduo e a sociedade interagem
com o mundo à sua volta.4
3
TEIXEIRA, Paulo Roberto; DALL’AGNOL, Sandra. A globalização como elemento de influência na flexibilização e
fragmentação da identidade cultural. In: NORA, Paula; PUGEN, Bianca. Diálogos. Caxias do Sul: Lorigraf, 2008. Página 138-
139.
4
KASHIMOTO; Emília Mariko; MARINHO, Marcelo; RUSSEFF, Ivan. Cultura, Identidade e Desenvolvimento Local:
conceitos e perspectivas para regiões em desenvolvimento. Revista Internacional de Desenvolvimento Local. Vol. 3, N. 4,
p. 35-42, Mar. 2002. Disponível em: http://www3.ucdb.br/mestrados/RevistaInteracoes/n4_marcelo.pdf. Acesso em: 21 nov. 09.
Página 36.
5
TEIXEIRA, Paulo Roberto; DALL’AGNOL, Sandra. Op. cit. p. 140.
4
pretéritas, modernidade e pós-modernidade, a fim de compreender a evolução do
processo de formação da identidade em diferentes momentos históricos.
6
GRAÇA, Cristina Seixas; TEIXEIRA, Marcia Regina Ribeiro. Meio ambiente e patrimônio cultural nacional. In: FREITAS,
Vladimir Passos de (Org.). Direito ambiental em evolução, nº 2. Curitiba: Juruá Editora, 2004. P. 34 à 48. Página 44.
7
TEIXEIRA, Paulo Roberto; DALL’AGNOL, Sandra. Op. cit.; p. 140.
8
Ibidem.; p. 140-141.
5
o conceito de identidade se refere ao sentimento de pertencimento a uma
comunidade imaginada, na qual os membros, não necessariamente, precisem se
conhecer, mas partilham das mesmas referências, como história e cultura.9
9
TEIXEIRA, Paulo Roberto; DALL’AGNOL, Sandra. Op. cit.; p. 141.
10
Ibidem.; p. 143.
11
Ibidem.; p. 143.
12
SOUZA FILHO, Carlos Frederico Marés de. Bens culturais e sua proteção jurídica. 3ª edição. Curitiba: Juruá, 2005.
Página 16.
6
Neste sentido, Sparemberger e Kretzmann13 se referem ao multiculturalismo
enfatizando a necessidade que se reconheça a plurietnicidade e a pluriculturalidade
que está presente na formação da maioria dos Estados, o que vem justificar a
afirmação de que os Estados não possuem uma composição homogênea e, com
isso, o reconhecimento e a tutela de todos os grupos presentes em sua formação é
imprescindível para que a dignidade humana seja realmente protegida e respeitada.
13
SPAREMBERGER, Raquel Fabiana Lopes; KRETZMANN, Carolina Giordani. Antropologia, multiculturalismo e Direito: o
reconhecimento da identidade das comunidades tradicionais no Brasil. In: COLAÇO, Thais Luzia (org). Elementos da
Antropologia Jurídica. Florianópolis: Conceito Editorial, 2008, p. 93 à 124. Página 95.
14
GRAÇA, Cristina Seixas; TEIXEIRA, Marcia Regina Ribeiro. Op. cit.; p. 43.
15
Ibidem.; p. 48.
16
MARQUES, José Roberto. Meio Ambiente Urbano. Rio de Janeiro: Forense Universitário, 2005. Página 48.
7
cultura são patrimônio cultural daquela cultura. Se o direito é capaz de criar normas
protetoras, impondo ao Estado sua proteção, é outra coisa. Cumpre ao povo
detentor ou reconhecedor dessa cultura, a sua proteção, o que inclui exigir do
Estado atos concretos nesta direção.17
17
SOUZA FILHO, Carlos Frederico Marés de. Op. cit.; p. 47.
18
KASHIMOTO; Emília Mariko; MARINHO, Marcelo; RUSSEFF, Ivan. Op. cit.; p. 41.
19
SILVA, José Afonso da. Direito Constitucional Ambiental. São Paulo: Malheiros, 1994. Página 54.
8
Assim, conclui-se que a definição de meio ambiente é ampla, não se
restringindo apenas ao meio natural (solo, água, ar, fauna e flora), mas também
abrangendo o aspecto artificial (espaço urbano construído), do trabalho e o cultural
(patrimônio histórico, artístico, arqueológico, paisagístico e turístico).
I - as formas de expressão;
Os incisos do art. 216 formam apenas uma lista exemplificativa, de tal forma
que o legislador constitucional, não pretendendo esgotar uma rica e dinâmica
realidade, deixou em aberto a possibilidade de construção de novos tipos de bens
culturais. Assim, qualquer bem pode vir a integrar o patrimônio cultural brasileiro,
desde que seja portador de referência à identidade, à ação, à memória dos
20
MUKAI, Toshio. Temas atuais de Direito Urbanístico e Ambiental. 1ª ed. Belo Horizonte: Ed. Fórum, 2007. Página 155.
21
FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de Direito Ambiental. São Paulo: Saraiva, 2009. Página 22.
9
diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos termos do caput do art.
216.22
22
RODRIGUES, José Eduardo Ramos. A evolução da proteção do patrimônio cultural – crimes contra o ordenamento
urbano e o patrimônio cultural. In: FIGUEIREDO, Guilherme José Purvin de (Org.). Temas de Direito Ambiental e Urbanístico.
São Paulo: Max Limonad, 1998. Página 210.
23
GRAÇA, Cristina Seixas; TEIXEIRA, Marcia Regina Ribeiro. Op. cit.; p. 41.
24
Ibidem.; p. 40.
10
do poder público que conduzem, entre outros, à defesa e valorização do patrimônio
cultural brasileiro.
Quanto aos municípios, em seu art. 30, inciso IX, previu competir a eles a
promoção da proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação
e a ação fiscalizadora federal e estadual.
25
FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Op. cit.; p. 300.
26
Art. 2º. A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade
urbana, mediante as seguintes diretrizes gerais:
[...]
11
recuperação do meio ambiente natural e construído, do patrimônio cultural, histórico,
artístico, paisagístico e arqueológico”.
(...)
XII – proteção, preservação e recuperação do meio ambiente natural e construído, do patrimônio cultural, histórico, artístico,
paisagístico e arqueológico.
27
Conselho Nacional de Política Cultural. Disponível em: http://www.cultura.gov.br/cnpc/. Acesso em: 11 dez. 09.
28
Ibidem.; Disponível em: http://www.cultura.gov.br/cnpc/.
12
Parágrafo único - Na composição do Conselho Estadual de Cultura, um
terço dos membros será indicado pelo Governador do Estado, sendo os
demais eleitos pelas entidades dos diversos segmentos culturais.
29
Conselho Estadual de Cultura. Disponível em: http://www.conselhodeculturars.com.br/. Acesso em: 11 dez. 09.
30
IPHAN. Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br. Acesso em: 11
dez. 09.
13
artístico-culturais; e dos conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico,
artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. A Constituição também
estabelece que cabe ao poder público, com o apoio da comunidade, a proteção,
preservação e gestão do patrimônio histórico e artístico do país.31
31
IPHAN. Op. cit.; Disponível em: http://portal.iphan.gov.br.
32
Ibidem. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br.
33
BERNDT, Angelita; BASTOS, Rossano Lopes. IPHAN e suas mudanças desde sua criação. Anais do VIII Congresso Ouro
Preto. Minas Gerais, Brasil 3 a 8 de novembro de 1996. Disponível em:
http://www.abracor.com.br/novosite/congresso/Anais%20do%20VIII%20Congresso.pdf#page=18. Acesso em: 22 mar. 10.
34
IPHAN. Op. cit.; Disponível em: http://portal.iphan.gov.br.
35
Ibidem.; Disponível em: http://portal.iphan.gov.br.
14
No Rio Grande do Sul fazem parte do patrimônio histórico as cidades de
Antônio Prado e Porto Alegre.
4. TOMBAMENTO E INVENTÁRIO
36
IPHAN. Op. cit.; Disponível em: http://portal.iphan.gov.br.
37
Ibidem.; Disponível em: http://portal.iphan.gov.br.
15
Público, pois previu e regulamentou as hipóteses de ingerência estatal nos bens de
domínio particular, quando necessária para o bem comum.38
38
MALUF, Carlos Alberto Dabus. Limitações ao direito de propriedade. São Paulo: Saraiva, 1997. Página 77.
39
MALUF, Carlos Alberto Dabus. Op. cit.; p. 77.
40
Ibidem.; p. 77.
41
SOUZA FILHO, Carlos Frederico Marés de. Op. cit. p. 64-65.
42
MUKAI, Toshio. Direito Ambiental Sistematizado. 4ª ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2004. Página 120
43
SOUZA FILHO, Carlos Frederico Marés de. Op. cit. p. 67.
16
O referido Decreto estabeleceu regras necessárias à efetivação do
tombamento em bens móveis ou imóveis, sítios naturais ou arqueológicos que
tenham valor histórico, turístico, ecológico, estético, sacral, natural, objetivando
preservá-los para as gerações futuras. Pela leitura do texto legal, se depreende que
o ato de tombar é o registro de coisas ou fatos referentes a uma especialidade, cuja
finalidade é a sua preservação, mediante a fiscalização do poder público,
submetendo-se inclusive à limitação administrativa, para edificar, alterar e
modificar.44
44
GRAÇA, Cristina Seixas; TEIXEIRA, Marcia Regina Ribeiro. Op. cit.; p. 41.
45
SOUZA FILHO, Carlos Frederico Marés de. Op. cit. p. 67-68.
46
GRAÇA, Cristina Seixas; TEIXEIRA, Marcia Regina Ribeiro. Op. cit.; p. 42.
17
estaduais e municipais não precisam utilizar este modelo, podem alterá-lo inclusive o
procedimento. O que é fundamental para a legalidade do processo é a abertura do
contraditório que, mesmo nos processos administrativos, é garantia constitucional.47
Art. 17. As coisas tombadas não poderão, em caso nenhum ser destruídas,
demolidas ou mutiladas, nem, sem prévia autorização especial do Serviço
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, ser reparadas, pintadas ou
restauradas, sob pena de multa de cinqüenta por cento do dano causado.
47
SOUZA FILHO, Carlos Frederico Marés de. Op. cit.; p 94.
18
das mencionadas obras, nos termos do art. 19 e parágrafos, para que se provenha
as obras necessárias a expensas da União ou providenciará para que seja feita a
desapropriação da coisa. Havendo desídia do poder público, o § 2º do artigo supra
mencionado garante ao proprietário requerer que seja cancelado o tombamento do
bem.
48
SOUZA FILHO, Carlos Frederico Marés de. Op. cit.; p. 64-65.
49
Idem.; p. 104.
50
Ibidem.; p. 104.
19
É evidente que a própria existência do inventário tem, como conseqüência, a
preocupação sobre o bem e o reconhecimento de que ele é relevante. Desta forma,
o inventário pode servir de prova nos processos de ação civil pública. Sua realização
criteriosa estabelece a relação dos bens culturais portadores de referência de
identidade, cujo efeito jurídico é, no mínimo, prova da necessidade de sua
preservação, em juízo ou fora dele.51
51
SOUZA FILHO, Carlos Frederico Marés de. Op. cit.; p. 104.
52
GRAÇA, Cristina Seixas; TEIXEIRA, Marcia Regina Ribeiro. Op. cit. p. 43.
53
GRAÇA; TEIXEIRA. Op. cit. p. 43.
54
Ibidem.; p. 42.
55
Ibidem.; p 43.
56
FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Princípios do Direito Processual Ambiental. São Paulo: Saraiva, 2009. Página 62.
20
5. ESTUDO DE CASO EM CIDADES TURÍSTICAS DA SERRA GAÚCHA
O turismo pode ser considerado hoje como um dos ramos que mais cresceu
nos últimos anos em todo o mundo, em razão de ser uma fonte de geração de
empregos (diretos e indiretos), de crescimento econômico, de flexibilidade, de
expansão e de vultuosos lucros.
57
WAINBERG, Jacques. O movimento turístico. Olhadelas e suspiros em busca da singularidade alheia. In: GASTAL, S.
e outros (orgs). Turismo na pós- modernidade (dês) inquietações. Coleção Comunicação. N. 25. Porto Alegre: EDIPUCRS,
2003, p. 11.
58
CRUZ, Rita de Cássia Ariza de. Turismo, território e o mito do desenvolvimento. Vol. 3. N. 1. jan-jun 2000, p. 21.
21
destacam as diversas ofertas de consumo, como por exemplo, bons restaurantes,
hotéis, lojas de vestuário, artesanato, chocolate, vinhos, pontos turísticos, eventos,
entre outros.
A cidade de Gramado (RS) é conhecida como uma das cidades que tem a
melhor estrutura turística do Rio Grande do Sul e é, hoje, um dos principais destinos
turísticos do Estado e do Brasil, estando entre as quatro cidades mais visitadas no
Brasil. O município que tem em torno de 32 mil habitantes, conforme dados da
Fundação de Economia e Estatística do Rio Grande do Sul61 atrai anualmente cerca
de 2,5 milhões de turistas, conforme registros da Associação e Cultura de Turismo
de Gramado62, especialmente durante os meses de julho, agosto, novembro e
59
SOUZA FILHO, Carlos Frederico Marés de. Op. cit.; p. 73.
60
SOUZA FILHO. Op. cit.; p. 73.
61
Fundação de Economia e Estatística do Estado do Rio Grande do Sul. Disponível em
http://www.fee.tche.br/sitefee/pt/content/resumo/pg_municipios.php. Acesso em: 07 de agosto, 2009.
62
Associação de Cultura e Turismo de Gramado. Disponível em http://www.culturaeturismo.com.br/noticias/noticias.php.
Acesso em: 07 de agosto, 2009.
22
dezembro, épocas em que, além do frio intenso do inverno ou do verão ameno com
lindas hortênsias floridas, ocorrem os dois eventos mais conhecidos da cidade:
Festival de Cinema e Natal Luz. Outros conhecidos atrativos desta cidade são a
comodidade oferecida pelos hotéis e pousadas, a gastronomia sofisticada, o clima
frio, a vegetação, a arquitetura padronizada e moderna, os eventos culturais,
artísticos e gastronômicos, que a tornam um referencial turístico e cultural.
63
Fundação de Economia e Estatística do Estado do Rio Grande do Sul. Op. cit.; Disponível em
http://www.fee.tche.br/sitefee/pt/content/resumo/pg_municipios.php.
64
Revista Turismo. Disponível em http://www.revistaturismo.com.br/passeios/bentogoncalves.htm. Acesso em: 07 de agosto,
2009.
23
Todavia, o que se questiona é, estas cidades, na medida em que
proporcionam ao turista tudo aquilo que o mercado de consumo moderno exige,
conseguem também preservar seu patrimônio histórico e cultural, inclusive
aproveitando-o como fonte de turismo?
Assim, ao mesmo tempo em que Gramado oferece aos seus visitantes, uma
requintada rede hoteleira, excelente rede gastronômica, diversos pontos turísticos,
comércio exaustivo e inúmeros eventos focados ao turismo, vêm oferecendo
também uma moderníssima arquitetura, deixando no esquecimento a preservação
65
Jornal de Gramado. Disponível em www.jornaldegramado.com.br. Acesso em 30 de novembro, 2009.
24
da arquitetura de suas imigrações italianas e alemãs, que retratavam a história de
sua comunidade, ao passo que são raríssimas as casas, chalés que ainda restam
integralmente preservadas na área urbana do município, especialmente na área
central, pois as poucas que restam, encontram-se totalmente reformadas,
mantendo-se quando muito a fachada e ainda com um toque de “arquitetura
moderna”.
66
Art. 10. São Princípios a serem observados na aplicação das normas do Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado (PDDI)
do município de Gramado:
[...]
VI – a preservação do patrimônio natural e criado.
67
Art. 12. São diretrizes gerais do município de Gramado:
[...]
II – preservar, utilizar, promover e recuperar o patrimônio natural, cultural, material e imaterial, como elementos fundamentais
da identidade histórica e cultural do município e instrumentos de cumprimento da diretriz fundamental.
68
RECH. Adir Ubaldo. A exclusão social e o caos nas cidades. Caxias do Sul: Educs, 2007, p. 192/193.
69
Art. 11. São diretrizes gerais sociais do município de Bento Gonçalves:
[...]
II – Preservar o patrimônio histórico e cultural, bem como delimitar e conservar espaços que constituíram a história do
município em momentos marcantes do desenvolvimento na zona urbana e rural.
70
RECH. Adir Ubaldo. Op. cit.; p. 195.
25
Como exemplos desta preservação na cidade de Bento Gonçalves podemos
citar a manutenção e conservação do trem a vapor na cidade, com realização de
passeio turístico entre Bento Gonçalves, Garibaldi e Carlos Barbosa; as vinícolas
com arquiteturas italianas antigas localizadas no Vale dos Vinhedos; as inúmeras
casas com arquiteturas típicas italianas construídas há mais de cem anos
encontradas no Caminho das Pedras, dentre as quais se destacam a Casa de Pedra
da Família Bertarello Ferrari, o Artesanato dos Ferri, a Casa Vanni e a Cantina
Colonial Strapazzon, entre outras. Inclusive no tocante a essas casas antigas
encontradas no Caminho das Pedras, destaca-se a tramitação junto a Assembléia
Legislativa do Estado do RS do Projeto de Lei nº. 40/2009, do Deputado Jerônimo
Georgen, que postula seja declarado como integrante do patrimônio histórico e
cultural do Estado do Rio Grande do Sul o roteiro Caminhos de Pedra localizado nas
Linhas Palmeiro e Pedro Salgado, entre os municípios de Farroupilha e Bento
Gonçalves71.
71
Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul. Disponível em www.al.rs.gov.br. Acesso em: 07 de agosto, 2009.
72
Jornal Integração da Serra. Disponível em www.integracaodaserra.com.br. Acesso em: 07 de agosto, 2009.
73
MARQUES, José Roberto. Op. cit.; p. 46.
26
um imóvel, na qualidade de bem de relevante interesse histórico, proibindo seus
proprietários de realizarem “alterações, reformas ou demolição, que
descaracterizassem o referido imóvel”.
Desta forma, pelas análises acima postas, o meio ambiente cultural pode
estar representado por uma edificação isolada ou pelo conjunto de edificações de
uma cidade que reflita as origens, a formação ou os costumes de um povo, devendo,
portanto, ser preservado independentemente de ter ou não foco para o turismo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Todavia, por outro lado, a grande parte destas cidades na busca incessante
de “modernizar-se” para o turismo, esquece quase que totalmente de preservar o
meio ambiente histórico e cultural nesses centros ou regiões, o que é uma lástima.
28
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
29
FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de Direito Ambiental. São Paulo:
Saraiva, 2009.
_____. Princípios do Direito Processual Ambiental. São Paulo: Saraiva, 2009.
_____. Estatuto da Cidade Comentado. Lei 10.257/2001 – Lei do Meio Ambiente
Artificial. 3ª ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2008.
SILVA, José Afonso da. Direito Constitucional Ambiental. São Paulo: Malheiros,
1994.
SOUZA FILHO, Carlos Frederico Marés de. Bens culturais e sua proteção
jurídica. 3ª edição. Curitiba: Juruá, 2005.
31