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CENTRO DE HUMANIDADES – CH
CURSO DE PSICOLOGIA
TEORIAS PSICOGENÉTICAS
PROF. MS. EMILIE FONTELES BOESMANS
FORTALEZA – CEARÁ
2017
SUMÁRIO
3. A MOTRICIDADE .............................................................................................................. 3
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1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Assim como Vygotsky e Piaget, Henry Wallon (1879-1962) buscou investigar como
se dá a construção do conhecimento, isto é, a gênese dos processos psíquicos, constituindo-se
em um dos expoentes das Teorias Psicogenéticas. Tento vivenciado um período de
turbulência e instabilidade político-econômica na França, em decorrência das duas grandes
guerras mundiais e das revoluções socialistas, este autor almejou integrar suas atividades
científicas à ação social. Para isso, bebeu do materialismo histórico-dialético de Marx,
investigando as possibilidades de utilizá-lo como método de análise e referencial
epistemológico para sua Psicologia Genética (GALVÃO, 1995).
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cuidadores. Por exemplo, ao sentir fome, a criança chora e se contorce, tendo como
consequência a obtenção de alimento. O bebê não necessita falar que está com fome (nem é
capaz) para ser alimentado. Este se expressa por meio das emoções (contorcendo o corpo,
chorando, etc.) e seus cuidadores aprendem a discriminar os diferentes significados
associados às reações emocionais expressas pelo bebê. Nesse contexto, pode-se inferir que há
entre o recém-nascido e seus cuidadores uma comunicação afetiva, baseada em componentes
expressivos e corporais (GALVÃO, 1995). Ressalta-se que, com o passar do tempo, o bebê
passa a associar seus atos com os do meio externo, diversificando suas reações, as quais
tornam-se mais complexas e intencionais. Para facilitar a compreensão, tomemos como
exemplo o sorriso. Inicialmente, o sorriso da criança ocorre sem um motivo aparente, não há
intencionalidade, é um sorriso meramente fisiológico. Contudo, este passa posteriormente a
ser intencional, ocorrendo apenas na presença dos outros, isto é, a criança passa a emiti-lo em
determinados contextos, baseando-se no efeito que causa às pessoas que o circundam,
constituindo-se em um sorriso social (GALVÃO, 1995).
3. A MOTRICIDADE
Wallon (2007) discorre que o movimento inicia-se desde a vida fetal, onde os
primeiros deslocamentos do feto são percebidos com entusiasmo pela mãe. Além disso, assim
como as emoções, o ato motor é um dos principais norteadores da interação do recém-nascido
com o meio humano, sendo sua primeira função eminentemente afetiva. Denota-se que, na
concepção walloniana, o movimento não envolve apenas o deslocamento do corpo no
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ambiente. Os estudos desse autor sobre este fenômeno abrangem duas dimensões: a
expressiva e a instrumental. A primeira refere-se à dimensão afetiva do movimento. A
segunda, por sua vez, representa o papel do movimento enquanto ação sobre o meio físico
(GALVÃO, 1995).
Na visão desse autor, o ato mental projeta-se em atos motores, ou seja, inicialmente,
para manter consciente uma ideia/pensamento, a criança necessita construir gestos, expressões
e posturas que o representem. Ao brincar de faz-de-conta, por exemplo, o movimento permite
a personificação de determinados objetos para a criança. Ela pode simular, por meio do ato
motor, que está alimentando uma boneca ou brincando de carrinho, mesmo na ausência desses
objetos. Esses jogos simbólicos (simulacro) estão na gênese da representação, uma vez que
possibilitam a representação de uma determinada realidade, independentemente desta está
presente. Ao longo do desenvolvimento, a potencialização das funções cognitivas diminui
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gradativamente o papel do ato motor na atividade intelectual (WALLON, 2007. GALVÃO,
1995).
4. ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO
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está relacionado à procura de novos referenciais, os quais permitirão uma melhor
compreensão sobre si, bem como o estabelecimento de um senso de pertencimento entre os
pares. Nunes e Silveira (2008) ressaltam que, apesar do predomínio da afetividade, esta se
torna mais “racionalizada”, devido às mudanças no plano cognitivo.
Uma pedagogia inspirada nos ideais wallonianos deve considerar a pessoa enquanto
uma totalidade, abrangendo os níveis afetivo, cognitivo e motor. O aluno é visto como um
agente ativo no processo de ensino-aprendizagem, apresentando necessidades, potencialidades
e conflitos que se transformam ao longo do desenvolvimento. Nessa perspectiva, o professor
não é apenas o detentor do saber, que apresenta os conteúdos aos estudantes, mantendo uma
postura hierárquica com eles. Ao invés disso, o professor deve facilitar ativamente o processo
de aprendizagem dos estudantes, compreendendo as especificidades que estes apresentam em
cada fase do desenvolvimento e oferecendo atividades que auxiliem na resolução de
dificuldades e conflitos (NUNES e SILVEIRA, 2008).
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS
GALVÃO, Izabel. Henri Wallon: uma concepção dialética do desenvolvimento infantil. Rio
de Janeiro, Vozes, 1995.
NUNES, A. I. B. L. SILVEIRA, R. N. Psicologia da Aprendizagem: processos, teorias e
contextos. Fortaleza, Liber Livro, 2008.
WALLON, Henry. A Afetividade. In: A Evolução Psicológica da Criança. São Paulo,
Martins Fontes, 2007.
WALLON, Henry. O Ato Motor. In: A Evolução Psicológica da Criança. São Paulo,
Martins Fontes, 2007.