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DIÁRIO ERÓTICO DO ABISMO:

CONTOS DE AUTOFICÇÃO
PRELIMINAR

Uma das memórias mais antigas que tenho da minha infância me fazem relembrar
uma força violenta pelo corpo masculino que eu, por volta dos 5 ou 6 anos ainda era
incapazes de compreender o que significava. Lembro de abrir os antigos catálogos que
vendiam produtos que as mulheres da minha família costumavam comprar mesmo sem
precisar. Ainda lembro que, sentado no sofá da cozinha da minha avó, abri uma dessas
revistas e em uma das páginas me deparei com um modelo musculoso usando apenas uma
cueca em um close desconcertante. Imediatamente, um solavanco de desejo me rasgou
por dentro. Diante da incapacidade de ver mais, usei a imaginação e tentei adivinhar o
que era aquele volume que se escondia por baixo dos fios do tecido. Imaginei a cor, a
textura, o cheiro e a quantidade de pelos. Uma imaginação bastante fértil para uma criança
sem modelos comparativos e acima de qualquer suspeita. Sem poder possuir aquele
objeto de desejo – ou sem poder ser possuído por ele – num ato derradeiro e desespero eu
me certifiquei de que estava sozinho e comecei a esfregar a mão rapidamente na página
para ver se consegui ter mais daquilo.
Outra memória escondida da minha infância era quando eu e minha prima da
mesma idade nos escondíamos embaixo da mesa da sala – novamente na casa da minha
avó – e esfregávamos nossos órgãos genitais no pé da mesa e ficávamos simulando uma
relação sexual com aquele objeto grosso e ereto que suportava o peso das pessoas que
naquele momento conversavam e comiam sobre a mesa e do nosso pequeno segredo. Essa
era uma brincadeira frequente. Ninguém desconfiava porque imaginavam se tratar de
duas crianças brincando de esconder dos adultos já que nos certificávamos com uma
precisão bastante madura para a nossa idade de sermos extremamente silenciosos com
nosso “homem”.
Na adolescência, já experimentei o prazer com diversos objetos antes de começar
a fazer sexo com homens. Bastante banal e quase obrigatório para qualquer adolescente
na puberdade, meu travesseiro foi fodido inúmeras vezes. Lembro de uma vez que
enquanto minha família se reunia na cozinha fui silenciosamente para o meu quarto de
meus pais e coloquei um filme B de ação – ainda em VHS – que havíamos assistido no
dia anterior e que tinha uma rápida cena de sexo que para um adolescente descobrindo
sua sexualidade poderia ser um excelente pretexto para usar a imaginação. Eu havia
decorado precisamente o momento de reprodução da cena para não perder tempo quando
fosse procurar para assistir de novo. Sem medo – ou talvez com bastante medo – de que
me descobrissem de repente ali, eu repeti a cena inúmeras vezes sentado no pé da cama
feita de uma madeira resistente e duradoura. Exatamente o que eu precisava. Assisti uma,
duas, três vezes enquanto ouvia as pessoas conversando na cozinha e imaginava estar
sentado no ator do filme reproduzindo os movimentos e gemidos da atriz. Aliás, essa é
uma coisa recorrente: sempre me colocava no lugar da mulher quando assistia filmes
pornôs heterossexuais.
Quando estava no ensino médio, costumava ver rapazes bonitos na escola ou na
rua e decorar as características dos seus corpos que mais me agradavam para usar na
minha imaginação nos momentos solitários dentro do banheiro. Nenhum dos meus
amigos e desconhecidos escapou. Nem meus professores. Transei com todos na minha
cabeça. Criei corpos com características diversas, verdadeiros Frankesteins que, nas mais
absurdas situações, transavam comigo. Certa vez uma amiga levou uma série de revistas
velhas para a escola e começamos a vasculhar entre um horário vago e outro quando vi
uma revista de homens nus fazendo sexo. Tudo muito explícito. Foi a primeira vez que
vi tanto homem nu transando na minha vida. Sem resistir, dei um jeito de colocar entre
as revistas que ela me emprestara – sem ela perceber – e levei para casa. Estava sozinho.
Me masturbei a tarde inteira. Uma porra solitária e doce que era convocada quase todos
os dias. Depois dei um jeito de devolver a revista sem levantar suspeita.
Certa vez, ainda no ensino médio, um amigo o qual eu nutria uma velada e secreta
atração, sempre muito atencioso e educado pegou a minha mão e colocou sobre o seu
rosto para que eu sentisse a textura dos fios da sua barba que crescia. Eu nunca havia
tocado na barba de um homem. Aquele gesto não foi de provocação e tampouco sexual.
Foi um gesto de uma intimidade fraternal. Sempre protetor, certa vez ele desceu as
escadas durante o intervalo de mãos dadas e permaneceu assim no salão da escola durante
muitos minutos que me pareceram a eternidade no paraíso. Talvez ele visse em mim um
irmão mais novo que precisava proteger e fazer carinho. Como todos os adolescentes,
falávamos sobre sexo e certa vez falamos, em um grupo, dos filmes que costumávamos
assistir e do que gostávamos de ver. De forma muito generosa, ele me emprestou dois
dvd’s com filmes pornôs – que nunca devolvi e que ainda estão perdidos na última gaveta
de meu guarda-roupas – que me fez companhia durante muito tempo.
***
Meu corpo sempre foi muito sensível e suscetível a toques e ao poder da minha
imaginação. Hoje, sei perfeitamente quais são os sintomas do meu desejo enquanto
transo: uma respiração lenta e profunda no mais acidental toque ou olhos revirados
quando sinto gostos e cheiros. Acho que tenho a mesma reação quando chupo um pau e
quando como o meu prato favorito. Arrepios, sons incorruptíveis de desejo e a
criatividade são outras características marcantes quando faço sexo.

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