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VAGA PAIXÃO

Capa:

Reprodução, em níveis de cinza, do quadro a óleo intitulado “Fria Paisagem” de


autoria de Décio de Moura Mallmith, 1998.

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DÉCIO DE MOURA MALLLMITH

VAGA PAIXÃO

Porto Alegre/RS

2007
No que diz respeito à poesia,
deve-se preferir o impossível crível
ao possível incrível.

(Aristóteles – Arte Poética)


ÍNDICE

Antes Só ......................................................................................................... 07

Astrônomo Amador ......................................................................................... 08

Dos viveres que vivi ........................................................................................ 09

Efeito de magia ............................................................................................... 10

Entendendo-te (me) ........................................................................................ 11

Mata-se ........................................................................................................... 12

Minha diva ....................................................................................................... 13

Missiva de destrato ......................................................................................... 14

Olhar de revés ................................................................................................ 15

Pequena morte de amor ................................................................................. 16

Poço Profundo ................................................................................................ 17

Porque não te encontrei antes? ...................................................................... 18

Propor-te um caminho .................................................................................... 19

Se eu pudesse ................................................................................................ 20

Setenta anos ................................................................................................... 21

Sobre pessoas ................................................................................................ 22

Suportamo-nos ............................................................................................... 23

Teu sorriso ...................................................................................................... 24

Vaga paixão .................................................................................................... 25

Viver e sobreviver ........................................................................................... 26


Décio de Moura Mallmith Vaga Paixão 7

Antes Só

Sabia que não me querias,

Mesmo assim insisti.

Suportei todo o tipo de pressão,

Comentários, impressões alheias,

Maldosas, quase sempre...

Superei tudo!

Ficamos juntos, afinal.

Vida em comum, filhos,

Trabalho, bons momentos,

Dificuldades econômicas,

Coisas normais aos casais.

Ao cabo de anos,

Deu no que deu...

Amavas outro,

Querias a tua liberdade,

Por mim confiscada!

Foste, feliz a princípio.

A realidade é madrasta

E te mostrou os reveses do amor!

Pensaste em voltar,

Não aceitei e nem aconselho,

Conforme o velho e surrado ditado,

Antes só do que mal acompanhado!


Décio de Moura Mallmith Vaga Paixão 8

Astrônomo amador

Notívago de mim mesmo,

Senil já ao nascer,

Timoneiro desorientado,

Busco nas estrelas

Razão para o meu ser.

Talvez devesse amar-me

Ou, quem sabe, tolerar-me mais,

Mas não funciono assim.

Amo o imponderável,

O infinito, as estrelas.

Enfim, sou apenas um singelo...

Astrônomo amador!
Décio de Moura Mallmith Vaga Paixão 9

Dos viveres que vivi

Dos viveres que vivi

Pouco ou nada ficou.

Frases desconjuntas,

Imagens indefinidas

E vidas não vividas.

Dos viveres que vivi,

Acumularam-se dramas,

Mágoas mal dormidas,

Feridas não curadas

E histórias inacabadas.

Dos viveres que vivi

Restam-me fragmentos

Coisas não resolvidas

Melodias inconclusas

E amores não solvidos.

Dos viveres que vivi

Obtusos sentimentos

Fizeram-se concretos

E amei-te e sonhei-te.

Não deveria tê-lo feito!


Décio de Moura Mallmith Vaga Paixão 10

Efeito de magia

Não tarda a noite

Quando a lua vadia

Beija-me a fronte

Em sonora nostalgia.

Oh! Se eu fosse amante

Ou apenas teu guia

Não tardaria nunca a noite.

A mim me bastaria

Ser a lua errante

E poder beijar-te

A serena fronte,

Nem que fosse só

Repugnante truque,

Apenas efeito de magia.


Décio de Moura Mallmith Vaga Paixão 11

Entendendo-te (me)

Percebo-te pelo que penso que és,

Muito mais coração do que razão.

Falsa visão, não és nada disto!

És muito mais e muito menos que isto.

Ser infinito, divino, não entendível.

Certamente não te compreenderei, jamais!

Também, nem preciso,

Ocupado que estou em me entender,

Para depois entendê-la.

E nesta missão me descaminho,

Repito a velha ladainha,

E me perco de ti e de mim mesmo!


Décio de Moura Mallmith Vaga Paixão 12

Mata-se

Mata-se por necessidade.

Mata-se por pequeno valor.

Mata-se por insanidade.

Mata-se por favor

por horror

por ódio

por pavor

por matar

por temor.

Mata-se até por defesa

[em legitima defesa]

Mas, principalmente,

Mata-se por [des]amor.


Décio de Moura Mallmith Vaga Paixão 13

Minha diva

Diva da minha vida

Anjo de candura

Meu sonho de paz.

Empresta-me tua boca divina,

A luz terna dos teus olhos,

E a doçura do teu coração.

Ilumina o meu caminho,

Murmura-me no ouvido

Alguma tolice amena

Faz-me senhor de mim,

Das nossas recordações

E me alegra o porvir.
Décio de Moura Mallmith Vaga Paixão 14

Missiva de destrato

Escrevo-te como quem vai à guerra,

Com coisa partida que se quebra.

Estou pronto pra tudo, vida ou morte,

Opção ou destino, lanço-me à sorte.

Nada mais em nós havia em comum,

Afora as noites e os dias de jejum.

Interesses díspares, arremedo de lar;

Diálogos, frase que deixamos de falar.

Chegamos a termo em péssimo ocaso!

E não fosse este teu providencial atraso,

Partiríamos, por certo, pras vias de fato...

Ante isto, faço-te esta missiva de destrato.


Décio de Moura Mallmith Vaga Paixão 15

Olhar de revés

Percebi o teu olhar de revés!

Pareceu-me convidativo

Ou pelo menos complacente.

Acho que já esperavas

Tudo aquilo que te disse!

Mas não reagiste,

Ficaste ali, quieta,

Passivamente obscura.

Aguardando-me, talvez...

E eu tive medo e parei!

Não ousei cruzar o umbral

Que divide nossos corações.

Ou quem sabe não entendi

As regras do jogo do amor

[nunca fui bom em jogos!].

Quanto aos olhares, bem...

Percebi o teu olhar de revés!


Décio de Moura Mallmith Vaga Paixão 16

Pequena morte de amor

Pulverizou-se no ar o nosso amor

Num fim de tarde quente de verão.

E eu fiquei ali, parado na praia,

Estagnado numa fresta do tempo,

No cotovelo de outras dimensões.

E assim permaneci indefinidamente

[o tempo parara!]

Congelado na imaterialidade.

Olhava para as pessoas, o mar,

Para as árvores e os animais.

Eles continuavam parados, estáticos...

Só eu fluía entre tudo e todos!

Repentinamente fez-se a luz!

Uma luz muito forte, azulada.

Um longo silvo nos ouvidos,

Voz portentosa, meia volta,

Estava vivo outra vez.

Só que...Agora,

Desejava um amor eterno!


Décio de Moura Mallmith Vaga Paixão 17

Poço profundo

O poço era profundo

E dele tentei emergir

[sem sucesso].

Debati-me contra as paredes,

Nas suas águas geladas

E quando me via sem forças

Lançaste-me aquela corda!

Subi ou fui subido

Até a superfície, nem sei!

No beiral abandonaste-me

E voltei a sucumbir

Soçobrar desorientado.

Neste desiderato acomodei-me,

Lambi as feridas, flutuei,

Mas continuo no fundo

[questão de foro íntimo].

Daqui, melhor vejo o mundo,

Tenho visão privilegiada e o poço...

Ah! Nem me parece tão profundo!


Décio de Moura Mallmith Vaga Paixão 18

Porque não te encontrei antes?

Sorriso largo, rosto de uva,

Olhos meio repuxados,

Como duas amêndoas.

Cabelos esvoaçante,

Corpo franzino e cheiroso...

Porque não te encontrei antes?

Afora teu jeito sereno,

Teu andar desconcertante,

Teu porte de princesa,

Tua voz aveludada,

E tua mão. Ah! Tua mão...

Porque não te encontrei antes?

Eu pra cá, você pra lá,

Sorriso trocado, olhares...

Palavras sobre palavras,

Delicados toques de mão...

Agora, tão pouco não basta!

Porque não te encontrei antes?


Décio de Moura Mallmith Vaga Paixão 19

Propor-te um caminho

Vestes coloridas, meio hippie.

Olhar vago, sofrido e discreto,

Esconde segredos, bem sei.

Não permitistes aproximar-me,

Entender teu fugaz coração.

Teu jeito de anjo caído

Tuas reprimidas emoções

E, quem sabe, encontra-te,

Propor um caminho conjunto

Ou disjunto, mas com carinho!


Décio de Moura Mallmith Vaga Paixão 20

Se eu pudesse

Ah! Se eu pudesse

Projetar-me por inteiro

Em teus sonhos

E nisto ser o primeiro.

Ah! Se eu pudesse

Invadir teus pensamentos,

Jogar-me em tua vida,

Teu corpo, teus momentos.

Ah! Se eu pudesse

Desvendar teus segredos,

Íntimos e devassos,

Fluir pelos teus desejos.

Ah! Se eu pudesse

Descobri-me amado, amante

Em teu coração;

Que te sou muito importante.

Ah! Se eu pudesse

Sabotar o tempo, faze-lo nosso

A cada segundo!

Mas, como amigo, não devo...

Não posso...
Décio de Moura Mallmith Vaga Paixão 21

Setenta anos

Três vezes tentei te amar,

Não consegui.

Na quarta tentativa,

Desisti.

Hoje penso que deveria

Insistir mais uma vez.

Vejo-te infeliz,

Sem perspectivas,

Jogada na vida,

Porém, linda como ninguém!

E eu aqui, também infeliz,

Amando-te remotamente.

Vem, amor, para mim!

Façamos nossa última

E derradeira tentativa.

Sejamos felizes!

Desimporta nossa idade!

Afinal, são apenas e somente

Setenta anos de vida!


Décio de Moura Mallmith Vaga Paixão 22

Sobre pessoas

Das pessoas com quem falo

Algumas me fazem sonhar

Outras me fazem até pensar

Que um dia serei poeta,

Amante ou cantor.

Outras, entretanto,

Inflamam-me a bílis

E penso coisas idiotas

Mesquinhas, até.

Penso em me vingar,

Matar ou morrer, não importa.

Têm algumas, ainda,

Que me despertam o intelecto,

Transponho-me para a ciência

Para a filosofia e outras "ias".

Mas têm aquelas

Que me fazem amar.

E por essas eu morro,

Sou poeta, cantor, amante,

Ator de mim mesmo,

Idiota, mesquinho,

Vingativo, cientista, filósofo,

E tudo o mais que...

Só a paixão há de explicar.
Décio de Moura Mallmith Vaga Paixão 23

Suportamo-nos

Não pese meus ombros com teus lamentos,

Não me faça mais denso do que sou.

Não deixe meu dia nebuloso, nervoso,

E nem faça do jantar um interrogatório.

Nossas vidas são desconjuntas, eu sei...

Mas nem por isto há de ser morte.

Façamos um trato: suportamo-nos!

E, quem sabe, com sorte,

Seremos consortes, até a morte...


Décio de Moura Mallmith Vaga Paixão 24

Teu sorriso

Por certo teu sorriso maroto

Esconde coisa fortuita

E não haveria de ser broto

Nascido de forma gratuita...

Há de ser coisas do coração

Que os teus lábios exprimem

Desse jeito, com larga emoção,

Sem nada que os recriminem.

Poderia eu ter esperança

De ser pra mim este sorriso

Ou só levarei a lembrança

Deste nosso íntimo paraíso?


Décio de Moura Mallmith Vaga Paixão 25

Vaga paixão

Fiz-me poeira aos teus pés,

Joguei-me ao chão feito capacho

Lambi tuas feridas como um cão

Vagabundo, sem pedigree ou dono.

Fui ao fundo do poço, roí o osso,

Fiz-me nada, tornei-me nada.

Ruí sob meu próprio peso,

Condensado em meu coração,

Petrificado, feito pedra-ferro,

Desprovido de qualquer emoção.

Ah! Se pudesse voltar no tempo,

Valorizar-me, explorar-me, amar-me,

Não me idiotizar por vaga paixão

E não estaria aqui, neste fosso escuro

Que consome toda e qualquer razão.


Décio de Moura Mallmith Vaga Paixão 26

Viver e sobreviver

No beiral escorreguei,

Quase cai.

E lá estavas tu

E me deste a mão.

Sobrevivi ao limbo

Mas não incólume:

Estava tatuado meu coração.

O pouco que restava

Da minha emoção

Venho à tona,

Explicitou-se.

E eu vivi por ti, para ti

Quase me anulei.

Deste-me novamente a mão,

Tua frágil e sofrida solidão.

E desta vez não só sobrevivi;

Também vivi e me amei

E te amei mais ainda.

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