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A CONSUMAÇÃO DESTA ERA

Prof. José Barbosa

1. A EXPRESSÃO BÍBLICA ORIGINAL


A expressão grega synteleia tou aionós ocorre seis vezes no Novo Testamento:
seis vezes empregada por Jesus (Mat. 13:39, 40, 49; 24:3; 28:20) e uma vez por
Paulo (Heb. 9:26). Dependendo da versão bíblica utilizada, pode ser traduzida
como “fim do mundo” (ARC, BAV, BJ), “consumação do(s) século(s)” (ARA),
“fim dos tempos” (NTLH, CNBB, Pastoral, Almeida Contemporânea) ou ainda
“fim desta era” (NVI).
Vamos por partes. Falemos primeiro de synteleia. Segundo Vine[1] (1999), o
substantivo synteleia vem dum verbo grego composto que significa “‘completar
em conjunto’ (sun,“com” + teleo, “completar”), demarcando o completamento
ou consumação das várias partes de um esquema” […] a palavra não designa um
término, mas um encaminhamento de eventos para o clímax designado”.
Significa, portanto, o desfecho, o fechamento, a culminação de um período.
Aión também não é o mundo, no sentido de planeta Terra. A palavra grega
específica para “mundo” do ponto de vista espacial é kosmos, enquanto o
mundo visto da perspectiva temporal o termo é aión. Para esse autor, portanto,
a expressão “fim do mundo”, usada em algumas versões bíblicas, é uma
tradução enganosa; até porque, segundo a parábola do joio e do trigo, onde essa
expressão é usada duas vezes, o que é lançado no fogo não é o campo, que
representa o mundo, mas o joio (Mt 13:40). Afinal de contas, o que acaba ou
termina não é o mundo literal (kosmos), mas o tempo histórico humano (aión)
marcado pela dominação satânica (2Co 4:4), traduzido figuradamente às vezes
em como “mundo”, para indicar a face histórica e cultural pecaminosa desta era
(Mt 12:32).
O termo século, proposto por versões bíblicas para aión, também não é uma
tradução adequada, visto que em sua acepção mais comum significa apenas
“cem” anos, e uma centúria é um intervalo de tempo muito pequeno para
indicar o sentido do termo, que envolve na verdade muitos séculos. Quanto às
outras acepções de século, “vida terrena” e “vida secular” (contrapondo-se à
religiosa), elas também não ajudam.
O Greek-English Lexicon de Liddell e Scott define aión como “espaço de tempo
claramente definido ou demarcado, época, era” (Revisado por H. Jones, Oxford,
1968, p. 45). Era é, portanto, o melhor termo em português para indicar esse
grande período de tempo indicado pela Escritura, em vez
de mundo ou século. Essa é a acepção primária e física do termo. O Vine’s
Expository Dictionary of Old and New Testament Words (1981, Vol. 1, p. 41)
confirma isto quando define aion como “uma idade, era, […] um período de
duração indefinida ou um tempo encarado com relação ao que ocorre no
período”. Note, porém, que a ênfase aqui não recai sobre o tempo em si, mas
sobre as particularidades distintivas desse tempo em termos de normas e
valores. Essa é a acepção secundária e ética de aión. Nesse sentido, era pode ser
sinônimo apropriado de “sistema de coisas”, “ordem de coisas”, “conjuntura” ou
“situação” ou simplesmente “história da humanidade”, já que a expressão se
refere ao aión dos seres humanos. Trench[2] já havia chamado a atenção para
esses dois sentidos do substantivo grego.
Synteleia nos diz que este aión (era, sistema de coisas ou história da
humanidade) não acaba, mas se completa, se consuma. Se imaginarmos aión (a
era dos humanos) como um livro, sua synteleia (consumação) corresponderia à
conclusão do livro. Mas note que é a história que acaba, e não o livro. Ao
completar-se esta era, o mundo vai apenas sair de sua dimensão temporal e
histórica para entrar em sua dimensão eternal. O planeta será, portanto,
renovado (Ap 21:1); e não destruído, pois a Terra foi feita para existir para
sempre (Sl 78:69; 104:5). É como se Deus apagasse com fogo toda a história do
planeta e escrevesse outra história, com introdução, mas sem conclusão.
Considerando que tanto a expressão “fim do mundo” como “consumação do
século” e “fim dos tempos” não fazem justiça ao verdadeiro significado
de synteleia tou aionos, seja por estarem contaminadas por superstições
populares alheias à Bíblia, seja por encerrarem imprecisões lexicográficas,
adotamos a expressão “consumação desta era” (proposta em nota de rodapé
pela RV e abonada por Vine) para designar o que a Escritura entende como a
consumação/culminação da história pecaminosa da humanidade. Note que as
Bíblias em inglês usam coerentemente age, e não century ou world.
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[1]Vine, W. E., Unger, M. F., & White, W. (1996). Vine’s complete expository
dictionary of Old and New Testament words (2:199). Nashville: T. Nelson.
[2] TRENCH, R.C. Synonyms of the New Testament. Londres, 1961, p. 202,
203.

2. AS DIVISÕES DO TEMPO E A “CONSUMAÇÃO DESTA ERA”


Para entendermos a natureza de uma Era, precisamos estabelecer primeiro a
concepção bíblico-teológica relativa às grandes divisões do tempo. Ora, a Bíblia
em geral reconhece três níveis temporais de grande extensão, na ordem do
maior para o menor: a eternidade, as eras e os períodos.
2.1 Eternidade
Eternidade é o tempo que prescinde de qualquer determinação cronológica. A
eternidade não tem princípio nem fim, mas, em termos teológico-didáticos
humanos, costumamos dividi-la em duas metades (assim como fazemos com a
história da humanidade dividindo-a em antes e depois de Cristo): eternidade
passada (que “terminou” quando o homem pecou, 1Co 2:7) e eternidade futura
(que se “iniciará” quando Deus destruir o pecado do universo). Ou seja, a
eternidade antes e depois do pecado.
Na realidade, a eternidade é uma só (una) e não pode ser segmentada. Paulo a
concebe como uma sucessão infinita de períodos de tempo (Ef 2:7). Somente
quem vive nesse tempo sem começo nem fim, “de eternidade a eternidade” (Sl
90:2) é Deus[1], pois Ele é o único que possui imortalidade inerente (1Tm 6:16;
1:17). É possível afirmar, no entanto, que, por causa do ser humano, o fluxo da
eternidade foi alterado, ficando suspenso por um pouco num hiato de tempo
chamado era do pecado.
2.2 Era
Era é um grande intervalo de tempo cronológico que se inicia e termina com um
fato histórico notável, geralmente dando origem a uma nova ordem de coisas. A
era é constituída por milênios.
2.2.1 Duas Eras
Influenciados pelo pensamento judaico, que por sua vez sofreu influência da
escatologia zoroastriana, segundo a qual o tempo era dividido em eras, os
escritos judaicos do 2º século a.C. referiam-se a este mundo como tendo duas
eras: olam hazzeh (“era presente”) e olam habbah (“era vindoura”), esta
iniciada pela vinda do Messias.
A Bíblia também fala da existência de duas eras (gr. aion): a era atual e a era
futura, figuradamente às vezes designadas como “este mundo” e o “mundo
porvir” (Mt 12:32; Mc 3:29; cf. Mt 13:39–40, 49; 24:3; 28:20; cf. Anchor Yale
Bible Dictionary, “Age”). Paulo estabelece claramente, em duas de suas
epístolas, a distinção, quando contrasta a “esta era” (que é perversa, Gl 1:4, NVI)
com “[a era] que há de vir” (que é boa, Ef 1:21, NVI). A era presente é o reino do
Diabo[2], a ordem atual das coisas existentes em nosso mundo contaminado
pelo pecado (Gl 1:4); a era vindoura é o reino de Deus (Hb 6:5; cf. Lc 11:2), a
nova ordem de coisas a ser estabelecida por Cristo. [3]
A primeira era. A era atual, chamada na Bíblia de “presente era” ou “esta era”
[nun aiōn, “era atual”]) (Ef 1:21, 1Tm 6:17; 2Tm 4:10; Tt 2:12) se inicia com a
história humana pós-Éden (não inclui nem a eternidade passada nem a pré-
história humana no Éden). Esse período da vida humana na Terra tem como
marco histórico inicial a Queda moral do homem e sua expulsão do Éden (não
começa desde a fundação do mundo, Mt 25:34) e vai até a purificação da Terra
de pecados e pecadores. Ou seja, quando o grande conflito entre Cristo e
Satanás se estendeu do Céu para a Terra, o planeta entrou na presente Era, que
constitui o “tempo” humano, o tempo probatório concedido aos seres humanos
individualmente e coletivamente para o desenvolvimento do caráter. O termo
“era” se refere, portanto, à dimensão temporal, profana e pecaminosa em que
vivemos, um fluxo histórico linear e uniforme, que se estende desde a Criação
até o Juízo Final[4].
Essa primeira Era é “má” e tem a Satanás como “deus” (2Co 4:4, NVI). Esse
título aponta para a tentativa de Satanás de controlar este mundo, suas forças
naturais e seus habitantes. Ele tem sido o governante invisível de muitos dos
grandes reinos e impérios da Terra (. Até certo ponto, o mundo jaz sob o
controle do Maligno (1Jo 5:19). Isso não significa, porém, que Deus abdicou de
Sua soberania sobre este planeta. O poder satânico é limitado pela vontade
permissiva de Deus, se não fora assim Satanás já teria destruído a humanidade
(SDABC, 2Cor 4:4).

Segunda Era. Já a era vindoura é a era que se inicia com a implantação


externa e física[5] do reino de Deus na terra (2 Esdras 7:113; 8:52; Mt 12:32; Mc
10:30; Lc 18:30; Ef 1:21; 2:7; 1Tm 6:19; Hb 6:5). Inicia-se com a nova história
humana pós-juízo, inaugurada pela vinda do Messias, confundindo-se assim
com a eternidade futura (Ef 2:7). [6] Essa eternidade futura, ou era messiância,
a ser vivida pelos remidos na Terra renovada, embora um tempo sem fim, será
computada cronologicamente em semanas e meses para fins de adoração (Is
66:22, 23). As coisas relacionadas com a “antiga ordem” já não existirão: pranto,
morte, doenças, mas sim novo céu e nova terra, pois Deus fará “novas todas as
coisas” (Ap 21:1-5, NVI).
2.3 Períodos
A era atual, na qual vivemos e que se confunde com a história humana, foi
“recortada” pelos historiadores, para fins didáticos, em Idades[7]. Assim temos
a Idade Antiga, a Idade Medieval, a Idade Moderna e a Idade Contemporânea.
Essa periodização clássica, baseada em grandes marcos históricos, ajuda a
entender melhor o conhecimento histórico. As idades por sua vez podem ser
divididas em períodos, intervalos de tempos menores caracterizados por
eventos marcantes. Se imaginarmos esta Era como um livro, suas Idades seriam
as partes e os períodos seriam os capítulos. Segundo a Bíblia, temos como
exemplo dos períodos, o período babilônico, o período medo-persa; o período
grego; o período romano, o período europeu e o período colonial (cf. Dn 2).
Se período é o tempo que transcorre entre duas datas ou dois acontecimentos
marcantes, então, entre a primeira e a segunda era, haverá um período de
transição chamado de “consumação desta era”, o fim da presente ordem de
coisas e o início da era messiânica (SDABC Mt 24:3).

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[1] Evidentemente, nem o ser humano nem os anjos participaram da eternidade


passada (só Deus), mas lhes é facultado participarem da eternidade futura.
[2] Adão, por ser o cabeça da raça humana, era o príncipe ou governante
original deste planeta (Gn 1:26, 28; 9:2; Sal 8:6). Quando nosso primeiro pai
pecou, prestando obediência a Lúcifer, perdeu o domínio para Satanás, que se
tornou o “príncipe deste mundo [desta humanidade]” (Jo 14:30) e “príncipe das
potestades do ar” (Ef 2:2). Adão “entregou” essa autoridade ou principado a ele
(Lc 4:5, 6; cf. Mt 4:8, 9), quando pecou, submetendo assim toda a humanidade
à escravidão do mal, “pois aquele que é vencido fica escravo do vencedor” (2Pe
2:19: cf. Rm 6:16). O adversário procurou estabelecer aqui o seu império (Hb
2:14). Tanto isto é verdade que Satanás comparecia periodicamente perante
Deus, ao lado de outros príncipes angélicos, como representante deste planeta
(Jó 1:6, 7; 2:1, 2). Príncipe deste kosmos, “espaço específico do universo atingido
pelo pecado”, o planeta Terra. Deus deste aion, “tempo específico da história
humana no pecado”. Esta, porém, é uma autoridade usurpada, que foi
questionada por Cristo. Quando o verdadeiro Príncipe da vida pagou na cruz o
preço do resgate da humanidade sequestrada, o príncipe das trevas teve
restringido ainda mais o seu poder e influência sobre o mundo (Jo 12:31). Pelos
méritos de Cristo, todos quantos desejassem libertação do poder do Maligno,
seriam postos em liberdade. O domínio perdido por Adão em consequência do
pecado, seria restaurado . Toda vez que alguém é liberto do poder do mal, o
poder de Satanás é quebrado, e ele cai cada vez mais do céu como um relâmpago
(Lc 10:18). Mas sua expulsão completa deste mundo ocorrerá somente no juízo
final (Ap 20:10).
[3]Myers, A. C. (1987). The Eerdmans Bible dictionary. Rev., augm. translation
of: Bijbelse encyclopedie. Rev. ed. 1975. Grand Rapids, Mich.: Eerdmans.
[4] Chama-se de Juízo Final, porque a humanidade já passou pelo Juízo Parcial
do Dilúvio, em muitos aspectos similar ao outro (Gn 6:11ss); Lc 17:26, 27).
[5] A implantação interna e espiritual já está acontecendo no coração dos que se
convertem.
[6]Brand, C., Draper, C., England, A., Bond, S., Clendenen, E. R., Butler, T. C., &
Latta, B. (2003). Holman Illustrated Bible Dictionary. Nashville, TN: Holman
Bible Publishers.
[7] Alguns teólogos falam ainda de dispensação, ou seja, determinado período
em que o homem é submetido a alguma revelação especial da vontade de Deus,
como por exemplo: a dispensação adâmica, a dispensação abraâmica, a
dispensação noética, a dispensação mosaica etc.

3. A NATUREZA DA CONSUMAÇÃO DESTA ERA


3.1 O Que é a Consumação desta Era
Locução comum da literatura apocalíptica judaica empregada para descrever o
desfecho da presente ordem de coisas e o começo de outra (SDABC, Mt
24:3), sunteleia tu aionós (“a consumação desta era”) designa o período de
tempo em que a história humana alcançará sua culminação, seu ponto crítico,
seu ponto de virada. Quando se usa, portanto, a expressão, está-se falando do
último período “desta era”, o último capítulo da história humana marcado pelos
eventos culminantes da história da humanidade.
Assim como um livro é dividido em capítulos, esta era é dividida em períodos. A
introdução do livro, o primeiro período humano (protos), foi o vivido na Terra
após a entrada do pecado, com seus males. O último período (escathos), o
capítulo de conclusão do livro, é o que a Bíblia chama de “consumação desta
era”. Mais do que ser o último capítulo do livro, a consumação desta era é o
período de transição (Holman Illustrated Bible Dictionary, “age to come”) entre
a era presente e a era porvir.
O antigo livro da humanidade tinha começo, meio e fim. O novo livro terá
apenas introdução; não terá conclusão. No entanto, não são dois livros, mas um
só renovado. Para que você entenda melhor, comparemos a primeira história da
humanidade a um palimpsesto, papiro ou pergaminho cujo texto primitivo foi
raspado, para dar lugar a outro. O livro da humanidade será renovado, e não
destruído. Atos 3:21 confirma isto quando se refere a esse período como
“tempos da restauração de todas as coisas”. O planeta e os seres humanos serão
restaurados à sua condição original, sem pecado.

As expressões usadas pelo Espírito de Profecia para designar esse período são
bem instrutivas da natureza da consumação desta era: “a última crise na Terra”,
a “crise dos séculos” (EF 12), “encerramento da história terrestre” (EF 14),
“término da história desse mundo” (EF 15), “o grande dia do Senhor” (EF 16),
“os últimos dias” (EF 17), “o grande dia de Deus” (EF 18), “as cenas finais do
grande conflito entre o bem e o mal” (EF 28), dentre outras.

3.2 A Consumação desta Era Abrange um Julgamento


Para determinar quem, dentre toda a humanidade (desde Adão), terá o
privilégio de viver eternamente na Era Vindoura, é preciso que, no último
período da história humana, esse tempo probatório chamado de “consumação
desta era”, seres humanos (e anjos maus) sejam submetidos a um julgamento.

Quem pode avaliar corretamente esses seis ou sete mil anos de história humana
com seus casos individuais, familiares, regionais, nacionais? Somente quem, por
Sua onisciência e onipresença, acompanhou todo o processo: Deus, o supremo
juiz do universo. Por isso se diz que o juízo pertence a Deus (Ap 14: 6-7). O
conceito é tão antigo quanto o homem: Enoque, o sétimo depois de Adão, já
descrevia o Senhor como vindo para “exercer juízo sobre todos” (Jd 14, 15).
Outras passagens do AT se reportam a esse acontecimento Isa 66:15, 16; Jr
25:30, 31; Dn 7:10; Jl 3:12, 13-16). O NT também ensina essa doutrina: Jesus
(Mt 10:11-15; 12:36; Lc 10:13-15; cf. Mt 24:30, 31; 25:31–46; Mc 8:38; Lc 9:26;
etc.); Paulo (At 17:31; 24:25) e Pedro (2Pe 2:4, 9; 3:7) e Judas (Jd 6).

O certo é que todos os atores envolvidos neste drama (seres humanos vivos e
mortos e anjos maus) terão seus caracteres avaliados e receberão a recompensa
adequada durante asynteleia: a vida eterna ou a perdição eterna (Mt 7:13, 14).
Ninguém escapará ao juízo (nem os mortos), pois todos devem comparecer
“perante o tribunal de Cristo”; e a decisão terá como base “o bem ou o mal que
tiver feito por meio do corpo” (2Co 5:10; cf. Mt 7:16-20; Ap 20:13). O padrão do
juízo é a “lei da liberdade”, os Dez Mandamentos (Tg 2:12; cf. v. 8-11). O juízo de
Deus será justo (Rm 2:5; 2Ts 1:5; cf. Gn 18:25; Sl 19:9), decisivo e de
consequências eternas (Hb 6:2; 9:27 (Neufeld, 1996)
Portanto, o fim desta era é essencialmente é um processo de julgamento da
humanidade. “Deus determinou o dia em que há de julgar o mundo” (At 17:3; cf.
Rm 2:16). Ele vai julgar os justos e os ímpios em separado (Ec 3:17). O
julgamento não ocorre imediatamente após a morte do indivíduo, mas no
período da história humana chamado “fim desta era” (Hb. 9:27) Ocorre aí o que
se chama tradicionalmente de “juízo final.[1], isto é, “o processo escatológico
pelo qual Deus intervém na história humana para recompensar ‘a cada um
segundo as suas obras’, erradicar o pecado e seus resultados do universo e
estabelecer o justo, universal e eterno reino de Deus” (Neufeuld, 1996).
3.3 Duas Etapas do Juízo Final
Esse juízo final será dividido em duas grandes etapas, que se subdividem, por
sua vez, em quatro fases:

1. Juízo dos justos: fase investigativa e seletiva.


2. Juízo dos ímpios: fase judicativa e executiva.
Na fase investigativa, realizada no Céu, por Deus, decide-se quem, dentre os
professores seguidores de Cristo, é genuinamente convertido (Rm 14:10; 2Co
5:10). Ou seja, dentre os elegíveis para a vida eterna, examina-se quem de fato
cumpre as condições. O nome dos aprovados nessa investigação é confirmado
no Livro da Vida (Ap 20;15), e o dos reprovados ou condenados é apagado (Ap
3:5) e registrado automaticamente no Livro da Morte. A fase investigativa
também é chamada de juízo pré-advento, pelos teólogos, porque ocorre antes do
Segundo Advento de Cristo. Começa pelos professos cristãos e depois vai para
os pagãos ou ateus (1Pe 4:17). Em ambos os casos, começa-se o julgamento com
os vivos e depois passa-se para os mortos (2Tm 4:1). Encerrada a fase
investigativa, Cristo volta segunda vez à Terra, ocasião em que ocorrerá a
ressurreição geral dos santos (chamada em Ap 20:6 de “primeira ressurreição”)
e a morte dos ímpios vivos (Jr 25:33).
Na fase seletiva, realizada na Terra, Cristo e Seus anjos farão a colheita da
Terra, separando fisicamente os justos dos injustos, assim como o agricultor
separa a palha do trigo ou o trigo do joio (Mt 13:13-43). Segundo a parábola do
joio e do trigo, a ceifa ocorre no “fim desta era” (Mt 13:39, NVI). O trigo ou a
“boa semente” (pecadores arrependidos) será levado para o celeiro (Céu) onde
receberá sua recompensa (2Tm 4:8; Ap 22:12); parte desse trigo, antes de ser
arrebatado para o Céu (1Ts 4:13-17), passará pela ressurreição dentre os mortos
(Lc 20:35). Já a palha (pecadores impenitentes) bem como o joio ou “os filhos
do maligno” (falsos crentes) ou morrerão na volta de Cristo ou continuarão
mortos (se pertencerem às gerações anteriores), inconscientes no pó da Terra
aguardando pela segunda ressurreição, no final do milênio, para serem lançados
no fogo. Além da parábola do joio e do trigo, Jesus representou esse juízo
através de outras parábolas: as ovelhas e os cabritos (Mt 25:31-46), os peixes
bons e os peixes maus (Mt 13:47-50). O certo é que haverá distinção entre os
que servem a Deus e os que não servem (Ml 3:18; Mt 24:40, 41).
Na fase judicativa, realizada no Céu por Deus e os seres humanos redimidos
(1Co 6:2), examinam-se os casos individuais dos ímpios (os reprovados na
primeira fase) para garantir que está sendo feita justiça em cada caso e para
determinar a sentença proporcional a cada perdido. Durante a fase judicativa,
que durará mil anos, a Terra ficará desolada (Sf 1:2, 3) e vazia (Is 24:1, 3-6) de
seres humanos; somente Satanás e seus anjos ficarão aqui vagueando de um
lado para outros. Por isso, se diz que ele está preso, porque está circunscrito a
este planeta desolado (Sf 1:2, 3) e porque não tem ninguém para tentar: os
ímpios, que ficaram na Terra, estão todos mortos (Jr 25:33); e os salvos foram
para o Céu (Ap 20:1-3). No fim da fase judicativa, Cristo volta terceira vez à
Terra, ocasião em que ocorrerá a ressurreição geral dos ímpios (Ap 20:4-6).
Satanás voltará a tentá-los (Ap 20:7, 8) e os reunirá com a ilusão de que podem
atacar a Nova Jerusalém, que havia descido do Céu com Cristo sobre o Monte
das Oliveiras, contendo dentro dela todos os redimidos (Ap 20:9)
Na fase executiva, realizada na Terra por Deus no fim do milênio, Satanás, os
demônios e os ímpios que voltarão a viver (desde o início da história humana
até a sua consumação) serão aniquilados no lago de fogo e enxofre (Ap 20:9,
10). Esse fogo, além de destruí-los, purificará a Terra de pecados e pecadores
para sempre (2Ts 2:1-12; 2Ts 1:6-10). A Cidade Santa boiará sobre o lago de fogo
e enxofre assim como a Arca de Noé boiou por sobre as águas do Dilúvio.
Quando o mar de fogo baixar, terá purificado o planeta, e Terra renovada no
final do processo será igual a Terra criada por Deus no início, sem pecado. Nela
voltará a existir o Jardim do Éden. A Terra renovada será a eterna habitação dos
justos (2Pe 3:13; Ap 21:1). Eles possuirão a Terra (Sl 37:22; Mt 5:5). Vivendo
nela, os justos receberão a sua recompensa (Mt 16:27).
A partir de então as duas pontas desamarradas da eternidade voltarão a unir-se:
a passada com a futura. E os seres humanos havidos por digno de herdar a vida
eterna viverão para sempre num planeta, onde “não haverá luto, nem pranto,
nem dor, porque as primeiras coisas passaram” (Ap 21:4). O Céu, centro do
governo do universo, será transferido para a Terra.

Uma parábola de Jesus que sintetiza todas essas fases do juízo final é a parábola
das bodas, em que o rei, ao investigar os convidados à festa de casamento de
seu filho, percebe que um não cumpre os requisitos (está sem a veste nupcial
fornecida), o separa (lança-o fora da festa, nas trevas exteriores) dos que
realmente cumpre, julga-o culpado e executa a sentença contra ele (Mt 22:2-
14). A parábola do joio e do trigo apresenta somente duas fases da consumação
desta era: a seletiva (“o joio é colhido”, Mt 13:40) e a executiva (“lançado ao
fogo”, Mt 13:40).
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[1] Não existe na Bíblia juízo particular, i.e., julgamento individual segundo o
qual a alma recebe imediatamente após morte a retribuição de ir para o Céu,
Purgatório ou Inferno, conforme ensina a doutrina católica e algumas
ramificações protestantes. A Bíblia fala de dois juízos universais, i.e., sobre toda
a humanidade: o Dilúvio de água e o Dilúvio de fogo (2Pe 3:6, 7). O primeiro
consistiu num juízo inicial sobre a humanidade nos dias de Noé (2Pe 2:5).
Houve no passado outros juízos divinos menores, parciais ou locais, que
também prefiguraram o juízo final, como por exemplo, Lúcifer expulso do Céu,
a destruição de Sodoma e Gomorra e a destruição de Jerusalém (2Pe 2:6; Jd 7).
O segundo juízo universal, que ocorrerá no final desta era, se chama “juízo final”
porque será definitivo: acarretará a morte não somente física, como nos
exemplos anteriores, mas morte eterna, aniquilação total, sem possibilidade de
ressurreição. Os anjos maus estão reservados para este juízo (2Pe 2:4; Jd) Paulo
o chama de “juízo vindouro” (At 24:25). (SDA Bible Dictionary, “judgment”).
Segundo a doutrina católica e algumas ramificações protestantes, o juízo
particular é o momento em que a alma, que se separou do
seu corpo imediatamente após sua morte, define se ela vai para
o Céu, Inferno ou Purgatório. Mais concretamente, o juízo particular “é o
julgamento de retribuição imediata, que cada um, a partir da morte, recebe de
Deus na sua alma imortal, em relação à sua fé e às suas obras” realizadas
durante o seu caminho de santificação terrestre. (Compêndio do Catecismo da
Igreja Católica, n. 208)

4. O TEMPO, O LUGAR E OS EVENTOS DA CONSUMAÇÃO DESTA


ERA
4.1 O Tempo da Consumação desta Era
Quando começará a Consumação desta Era? Vimos que a Consumação desta
Era é composta pelo juízo final. Cinco textos bíblicos que se referem
especificamente a esse juízo (At 17:31; At 24:25; Rm 2:16; Rm 14:10-12; e Hb
10:20) apresentam várias coisas em comum. A primeira, e mais óbvia delas, é
que todos os textos são extraídos no NT. Outra semelhança: eles se referem ao
juízo investigativo. Outro ponto em comum: referem-se a esse juízo sempre com
os verbos no futuro. Como esses livros foram escritos algumas décadas depois
da morte de Cristo (Hebreus, por exemplo, foi escrito em 68 d.C.), apontam
para um juízo que há de ocorrer pelo menos por volta do ano 100 da era cristã.
Portanto, não começou na cruz, no ano 31, como ensinam algumas heresias
(GOLDSTEIN, 2000: 18).

No sentido técnico-teológico, a Consumação desta Era começou realmente


século 19, há aproximadamente 168 anos. Duas profecias paralelas nos
permitem afirmar isso: a de Cristo e a de Daniel.

Cristo apresenta em Seu sermão apocalíptico (Mt 24), proferido no Monte das
Oliveiras, os sinais que indicavam o início desse período. Assim como um corpo
moribundo apresenta sintomas de que está prestes a morrer, assim haverá
indícios no mundo natural, social, espiritual e político preludiando o desfecho
da história humana. Já Daniel nos permite saber a data exata em que se inicia
esse período através de um cálculo feito a partir de um período profético
conhecido como 2.300 tardes e manhãs.

Onde estão descritos esses sinais e essa profecia? Na Bíblia, a fonte do


verdadeiro conhecimento profético (2Pd 1:19-21). Vamos examiná-los:

4.1.1 Quais os sinais do início da consumação desta era segundo


Cristo?
Ao ser perguntado pelos discípulos quais seriam os sinais (gr. semeion, “sinal,
indício, indicação”) de Seu segundo advento e da consumação desta era (pois o
primeiro evento seria o eixo em torno do qual giraria o conjunto de todos os
eventos consumatórios), Jesus enumerou série de terríveis eventos (Mt 24:1-
35).
Traçando um paralelo entre a destruição de Jerusalém (ano 70 d.C.) e o fim do
mundo, usou a destruição cidade judaica para “representar a última destruição
do mundo pelo fogo” (EF 17). Alguns sinais se cumpriram parcialmente em
Jerusalém e outros só se referem ao tempo do fim (EF 17). São vinte os sinais
(18 são de Cristo, um de Daniel e um de Paulo) que indicam a consumação desta
era, subdivididos em cinco categorias:

A. Sinais no Mundo Físico


1. Terremotos (Tsunamis) (Mc 13:8; Lc 21:11).
2. Escurecimento do Sol e da Lua (Mt 24:29; Mc 13:24; Lc 21:25).
3. Queda das estrelas (Mt 24:29; Mc 13:25; Lc 21:25).
4. Catástrofes no planeta e no espaço atmosférico e sideral (Mt 24:29; Mc 13:25;
Lc 21:25, 26).

B. Sinais no Mundo Político


5. Guerras, conflitos e revoluções (Mt 24:6, 7; Mc 13:7, 8; Lc 21:9, 10).
6. Fome (falta de alimento) (Mc 13:8; Lc 21:11).
C. Sinais no Mundo Científico
7. Epidemias e pestes (Lc 21:11).
8. Multiplicação do saber acadêmico, científico e tecnológico (Dn 12:4).
D. Sinais no Mundo Moral
9. Festas e orgias (Lc 21:34; 17:26-28).
10. Bebedices, embriaguez e glutonarias (Mt 24:38; Lc 21:34).
11. Materialismo (Lc 21:34).
12. Aumento da iniquidade (crimes e violências) (Mt 24:12; 2Tm 3:1-5)).
13. Relações sexuais ilícitas e leviandade conjugal (Mt 24:38, 39).
E. Sinais no Mundo Espiritual
14. Falsos cristos (Mt 24:4, 5, 23, 26-28; Mc 13:5, 6, 21, 22; Lc 21:8).
15. Falsos profetas (Mt 24:11, 24; Mc 13:22).
16. Operações de falsos milagres e prodígios (Mt 24:24; Mc 13:22; Ap 16:14).
17. Crescimento do espiritismo e apostasia (1Tm 4:1; cf. Is 8:19;).
18. Perseguição religiosa e enfraquecimento da fé (Mt 24:9, 10; Mc 13:9; Lc
21:12-15; Lc 18:8; ).
19. Compreensão das profecias escatológicas (Dn 12:9, 10).
20. Pregação mundial do evangelho (Mt 24:14; Mc 13:10).
Note que Jesus só respondeu a segunda parte da pergunta dos discípulos (“que
sinal…?”); não respondeu a primeira (“quando sucederão estas coisas?”). Fez
isso de caso pensado, haja vista que os sinais não objetivam indicar o dia e hora
exata de Sua vinda, pois quem sabe é só Deus; mas mostrar a proximidade.
Jesus comparou os sinais meteorológicos com os sinais dos tempos: assim como
o céu de um vermelho sombrio pela manhã é um indício de que haverá
tempestade; assim os sinais dos tempos apontam para a contiguidade com a
realidade escatológica esperada: a consumação desta era (Mt 16:3).

Qual o tríplice objetivo desses sinais? Anunciar a chegada desse período,


sensibilizar as pessoas para tomarem consciência do tempo momentoso em que
estão vivendo e ficarem vigilantes (Lc 21:34-36; EF 26), e incutir esperança (Lc
21:28).
4.1.2 Qual o ano exato do início da consumação desta era segundo
Daniel?
Deus fez mais: revelou ao profeta Daniel uma profecia que torna completamente
distinguível com precisão matemática o ponto exato onde começa o “tempo do
fim” ou “o fim desta era”. É a profecia conhecida como os 2.300 anos (Dn 8:14).
Segundo os cálculos, o término dos 2.300 anos, que coincide com o início do
desfecho desta era, aponta para o ano de 1844 (Ver Apêndice “A Profecia dos
2.300 anos”). Portanto, a consumação desta era começou exatamente em 1844.

Muitas profecias bíblicas convergem para esse último período da história


humana, com características singulares que o distinguem dos demais períodos.
A consumação desta era corresponde, por exemplo, ao período temporal (1) dos
pés da estátua de Daniel 2; (2) da Igreja de Laodiceia, de Ap 3:14-21; (3) do
sexto e do sétimo selo de Ap; (4) da sétima trombeta de Ap 11:15; (5)

4.2 Local da Consumação desta Era e Seus Eventos Constitutivos


Onde ocorrerá a consumação desta era? Alguns eventos consumatórios
ocorrerão na Terra, outros no Céu, e outros ainda simultaneamente nos dois
lugares. Podemos visualizar isto através de uma lista de eventos.

Como se sabe, a consumação desta não é um evento único, mas um conjunto de


eventos escatológicos. Podemos agrupar esses eventos dentro das grandes fases
judiciais mencionadas na Seção 3.3. Alguns são eventos pontuais, enquanto
outros são processuais. Alistamos abaixo os 35 eventos consumatórios,
agrupados em na estrutura quadrifásica do Juízo Final. Vale lembrar, porém,
que a consumação desta Era terá como ponto axial e balizador o segundo
advento de Cristo (Mt 13:39-40, 49); é em torno desse evento escatológico
crucial que girarão todos os outros acontecimentos.

A. JUÍZO INVESTIGATIVO
1. Término dos 2.300 anos (Daniel 8:14) [Início da Consumação desta Era]
Purificação do Santuário Celestial
2. Proclamação da tríplice mensagem angélica
2. Julgamento dos cristãos
3. Enganos satânicos
4. Ecumenismo
5. Chuva serôdia
6. Sacudidura
7. Alto clamor
8. Decreto dominical
9. Abandono das grandes cidades
10. Selamento
11. Pequeno tempo de angústia
12. Fim do tempo de graça (fechamento da porta da graça)

B. JUÍZO SELETIVO
13. Grande tempo de angústia
14. Sete últimas pragas
15. Perseguição
16. Decreto de morte
17. Fuga das pequenas cidades
18. Ressurreição parcial (especial)
19. Angústia de Jacó
20. Armagedom (6ª praga)
21. Segundo advento de Cristo
22. Primeira ressurreição geral
23. Glorificação dos justos
24. Morte dos ímpios vivos
25. Arrebatamento dos santos
26. Prisão de Satanás
C. JUÍZO JUDICATIVO
27. Milênio
28. Bodas do Cordeiro
29. Julgamento dos perdidos (anjos e homens)
D. JUÍZO EXECUTIVO
30. Terceiro advento de Cristo
31. Segunda ressurreição geral
32. Assalto final dos ímpios
33. Julgamento do Trono Branco
34. Lago de fogo e enxofre [Término da Consumação desta Era].
35. Novo Céu e nova Terra [Início da Nova Era].

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