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APRESENTAÇÃO
Elias Souza dos Santos parte da ideia de que o Canto Orfeônico, assim como a
Geografia e a Educação Física, ocupava o lugar de disciplina estratégica na política
educacional do governo de Getúlio Vargas. Isso significa que, além dos conteúdos
específicos musicais, a disciplina tinha objetivos que eram considerados mais amplos
e profundos, ligados aos ideais nacionalistas e civilizadores e à formação de
mentalidades a partir da vivência escolar.
O uso das fontes escritas e orais faz com que sua discussão considere a
memória dos atores sociais, que é sempre reelaborada, e leva a relativizar um pouco
um tipo de fonte em relação à outra. Assim, as práticas orfeônicas realizadas na escola
ganham uma corporificação nos percursos da memória e nos registros das atividades
de professores-músicos ou músicos-professores.
Um dos méritos do trabalho é ser movido por perguntas. O leitor vai sendo
levado a pensar, junto com o autor, nas hipóteses para as questões que são
formuladas. A escolha do período de investigação (1934-1971) ajuda neste aspecto,
principalmente por sua preocupação em discutir a participação de Sergipe no início
das atividades orfeônicas do governo Vargas e, como contrapartida, analisar as razões
do desaparecimento da disciplina Canto Orfeônico dos currículos brasileiros.
Por seus méritos, e também por uma infinidade de detalhes que são postos em
discussão a partir de uma vasta e diversificada rede de documentação e referenciais
teóricos, o trabalho torna-se uma referência. Não só para o estudo do Canto Orfeônico
em Sergipe, mas para todos os que se interessam por entender as funções atribuídas à
escola em nossa história e, de maneira particular, para aqueles que querem investigar
a presença e o desaparecimento da música nos currículos. Esperamos que seja lido por
historiadores, músicos, professores, alunos, administradores escolares e por todos
aqueles que se interessam por discutir a importância da educação no Brasil,
reservando um lugar para a música em sua história e em seu futuro.