Curso de Especialização em Ensino das Ciências da Natureza e Educação
Matemática.
1. Relacionar materialismo dialético com os processos educacionais atuais.
O materialismo dialético e os processos educacionais
Para descortinar uma conexão entre materialismo dialético e processos
educacionais é necessária uma compreensão primeira do que seja materialismo dialético. Dialética, na Grécia antiga, já era definida como a arte de conversar. Hegel, citado por Pires, afirma que dialética refere-se à materialidade e concretude de pensamentos. Já Marx idealizou as ideias de Hegel dando a elas um caráter materialista.
A sociedade é cercada por sujeitos que se esforçam constantemente em
interpretar a realidade em que vivem. Para melhor compreensão das ações que envolvem os seres logicamente racionais é necessário aceitar que o mundo é dialético, ou seja, sempre se buscam uma compreensão da realidade e nessa tentativa de compreensão, o pensamento, as ideias, movimentam-se e são contraditórios. Nesse movimento de ideias e ações cercadas de interpretação torna-se necessário um pensamento científico, ou seja, mais organizado para se compreender essa realidade. Assim, novamente Marx, sugere um instrumento lógico chamado de método, uma teoria de interpretação da realidade.
O método seria uma forma de compreender a realidade, a partir da
observação empírica “experiências vividas” e a partir dela, pensar sobre a realidade observada e chegar ao concreto, que seria o pensamento organizado. A atividade de observar, pensar, repensar e organizar pode-se chamar de movimento do pensamento.
Pelo método, na análise da realidade se parte da investigação
(pesquisa). Para Gamboa o método compõe os processos investigativos educacionais. O método seria o caminho percorrido para se chegar ao objeto, às ideias concretas, ao pensamento científico.
No mundo educacional torna-se imprescindível a análise e interpretação
da realidade para melhor compreensão dos processos educacionais. Aqui acontece o movimento do pensamento, ou seja, o materialismo dialético utilizando como recurso o método.
O profissional da educação deve estar ciente e inteirado dos mais
diversos elementos que cercam a prática educativa e que sua realidade deve ser compreendida da maneira mais completa possível. Essa trajetória desponta-se como impossível sem o uso do método. No entanto a utilização do método propiciará percorrer um caminho que perpassa da prática articulada à teoria e a prática desenvolvida com e através da abstração do pensamento. O movimento desse pensamento partiria do empírico, passando pelo abstrato para se chegar ao concreto. Na prática, as ações docentes na interação com os discentes, por exemplo, carece de reflexões, que seriam as observações empíricas, e quanto mais abstração e organização do pensamento, nesse processo de reflexão, melhor será a compreensão do processo educacional.
O trabalhador (docente) numa leitura mais ampla da sua realidade
educacional deve identificar o movimento contraditório humanização/alienação como sugere Pires. Nesse sentido deve utilizar o método materialista dialético como instrumento de compreensão de sua prática educativa.
Aqui chagamos ao ápice da relação materialismo dialético e processos
educacionais. O método vinculado à educação exige pesquisa: observação empírica, pensamento sobre a realidade e reflexão. Nessa direção surge a possibilidade de construção do pensar o processo educacional em sua total amplitude. Fontes:
GAMBOA, Silvio sánchez. Pesquisa em Educação, Métodos e Epistemologias.
Pag. 23-43. 2º Ed. – Champecó: Argos, 2012.
PIRES, Marília Freitas de Campos. O materialismo histórico-dialético e a
Educação. Agost, 1987. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/icse/v1n1/06.pdf Acessado em 01/11/17.