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Ficha Artística 8
Siegfried in breve
por João Pedro Cachopo 12
Argumento de Siegfried 34
Libreto 48
Biografias 145
Fotografia da página 1:
Richard Wagner
(Franz von Lenbach, 1881/82).
Figuração feminina
Andresa Soares; Catarina Pinheiro; Fabíola Oliveira;
Fátima Ferreira; Flávia Gusmão; Gabriela Ferreira;
Inês Pedrosa; Irina Tuvalkina; Lavínia Moreira; Agradecimentos especiais
Letícia Liesenfeld; Martha Cardozo; Rafaela Pinto; Hospital da Ordem Terceira
Sara De La Féria; Tânia Lopes; Teresa Mónica;
Verónica da Costa.
Colaboração
Figuração masculina
Companhia Nacional de Bailado
Arnaldo Fonseca; Edson Carvalho; João Senra;
João Rosa; Júnior Silva; Luciano Nobre; Luís Filipe
Costa; Nuno Barracas; Pedro Augusto; Pedro Garcia;
Sérgio Roque; Tiago Cruz; Tiago Faustino; Tiago Martins;
Yoann Auboyneau; Yann Gibert.
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João Pedro Cachopo lançando-se na composição da primeira ópera da A obra Embora Siegfried, ao contrário de Siegmund (que fora
tetralogia O ouro do Reno (Das Rheingold) no ano constantemente ajudado por Wotan), seja desse ponto
Siegfried in breve seguinte. A composição d’O anel decorrerá até 1874, A composição de Siegfried prolongou-se ao longo de de vista um autêntico herói livre, nem por isso estará
não sem intermitências e um longo interregno entre aproximadamente duas décadas, desde os primeiros iminente a realização do plano anteriormente traçado
O compositor 1857 e 1869, período durante o qual compôs Tristão e esboços para o então intitulado Der junge Siegfried de por Wotan n’A Valquíria – recuperar o anel
Isolda ([Tristan und Isolde] Munique, 1865) e Os 1851 (ano em que redige o poema), até à conclusão indirectamente, antecipando-se a Alberich que o
Ao contrário do que poderia supor-se dada a imensa mestres cantores de Nuremberga ([Die Meistersinger von da orquestração em 1871. Importa sublinhar, forjara em tempos (cf. O ouro do Reno) e com ele
notoriedade obtida por Wagner ainda em vida (já para Nürnberg] Munique, 1868). naturalmente, o hiato entre a composição dos Actos adquirira um poder capaz de rivalizar com o dos
não falar da persistente influência póstuma do seu I e II (levada a cabo sobretudo entre 1856/57) e a deuses. O encontro de Wotan (que parece precipitar
legado artístico e intelectual), a primeira fase da É também durante o exílio forçado que redige os elaboração do Acto III a partir de 1869. A experiência deliberadamente o declínio dos deuses) com
vida do compositor esteve isenta da precocidade ensaios A arte e a revolução (1849), A obra de arte do acumulada com a composição d’Os mestres cantores Siegfried, no Acto III de Siegfried, confirma a
mozartiana ou, atendo-nos ao séc. XIX, do brilhan- futuro (1849) e Ópera e Drama (1851), textos que, a de Nuremberga e Tristão e Isolda não poderia deixar de caducidade do poder divino e antecipa o iminente
tismo que caracterizou a infância e a juventude de par de Beethoven (1870), constituem uma importante fazer-se sentir. A inevitável e por vezes deplorada crepúsculo dos deuses: a destruição da lança divina
compositores como Liszt ou Mendelssohn. Nascido a chave para a compreensão de inúmeros aspectos da assimetria estilística entre os dois blocos é pela espada de Siegfried que não reconhece o deus é
22 de Maio de 1813, em Leipzig, Richard foi criado obra de Wagner, assim como fornecem uma compensada, se assim se pode dizer, pela maturidade disto testemunha. Siegfried, que não temera o
pela mãe e pelo pai adoptivo, o actor judeu Ludwig cartografia da evolução do seu ideário estético ao que atravessa o Acto III, coroando a terceira ópera da aspecto medonho do dragão, nem a terrível lança de
Geyer. Provavelmente sob a influência deste último, longo de mais de duas décadas: desde o entusiasmo tetralogia. A estreia de Siegfried teve lugar em Wotan, conhece agora o medo perante o corpo
com quem manteve, pelo que se sabe, óptimas revolucionário do final da década de 40 até ao Bayreuth, tal como Wagner desejava, a 16 de Agosto adormecido de Brünnhilde. É a iminência do amor que
relações, cedo se interessou pela música e pelo teatro, pessimismo conservador e nacionalista de inspiração de 1876, no contexto da apresentação integral d’O lho ensina. O destino de ambos, porém, jogar-se-á na
tendo ingressado em 1822 na Kreuzschule de Dresden. schopenhaueriana das últimas décadas. A descoberta anel do Nibelungo. última jornada, O crepúsculo dos deuses.
do filósofo deu-se através da leitura da sua principal
Apesar do seu esforço e entusiasmo (começara a obra, O mundo como vontade e representação, em Nesta segunda jornada da saga d’O anel do Nibelungo,
escrever e a compor desde muito jovem), Wagner não 1854, enquanto trabalhava na composição d’A assistimos finalmente à aparição de Siegfried – o
obteve, ao longo dos primeiros anos da sua carreira, Valquíria (Die Walküre) e influenciaria a posterior herói livre capaz de arrebatar o anel ao gigante
nenhum sucesso verdadeiramente assinalável. Este veio composição d’O anel do Nibelungo (Der Ring des Fafner que o detém há algumas gerações numa
a acontecer com a estreia, em Outubro de 1842, de Nibelungen), bem como, de modo flagrante, a caverna sob a forma de um dragão. Criado por Mime
Rienzi, em Dresden, uma ópera que o compositor concepção de Tristão e Isolda e d’Os mestres cantores (irmão de Alberich) após a morte prematura do pai
tentara malogradamente estrear em Paris. Seguiu-se, de Nuremberga e, já no final da vida do compositor, de (Siegmund) e da mãe (Sieglinde), Siegfried desconfia
em Fevereiro do ano seguinte, a estreia d’O navio Parsifal (Bayreuth, 1882). obstinadamente da pretensa paternidade de Mime.
fantasma (Der fliegende Holländer) que assinala um Só pela força é capaz de arrancar ao anão o relato da
verdadeiro salto qualitativo na produção wagneriana. Na década de 1860, com a amnistia de 1862, e o sua verdadeira origem. Sabendo-se livre, Siegfried
O sucesso obtido (sobretudo com Rienzi) em Dresden, interesse crescente de Luís II da Baviera, as deseja mais do que nunca partir. Contudo, não o fará
bem como a súbita morte do anterior director musical, dificuldades financeiras que tanto haviam perturbado sem antes refazer os estilhaços de Notung, a espada
garantiram a Wagner o cargo de Hofkapellmeister da a vida do compositor diminuem gradualmente. Além de seu pai (Siegmund), destruída por Wotan durante o
Corte da Saxónia que ocuparia até 1848. Ainda durante disso, graças ao apoio financeiro do monarca bávaro, combate com Hunding (cf. A Valquíria), e, com ela,
o período de Dresden, compôs Tannhäuser (estreado em começa a ganhar forma o projecto de construção de defrontar o dragão Fafner. Siegfried espera assim
Dresden, em 1845) e Lohengrin (que seria representado um teatro, destinado exclusivamente à representação conhecer o medo – sentimento de que lhe fala Mime,
em 1850, em Weimar, sob a direcção de Liszt). das suas óperas e dramas musicais. O Festival de na esperança de evitar que Siegfried se apodere do
Bayreuth tem início em 1876 com a representação do anel detido por Fafner, antes dele próprio. Já no
O envolvimento crescente de Wagner na realidade ciclo completo d’O anel do Nibelungo. Em 1882, pouco Acto II, após o combate vitorioso com o dragão,
política sua contemporânea, no contexto da qual tempo antes da morte do compositor em Veneza no Siegfried é advertido por este para as intenções
abraçou os ideais revolucionários republicanos, ano seguinte, será a vez da estreia de Parsifal. A ideia maléficas de Mime. Tendo provado involuntariamente
preconizando a utopia de uma arte capaz de de um teatro, não apenas dedicado à representação o sangue do dragão, Siegfried é agora capaz de ler os
transformar a sociedade, levou o compositor a exclusiva das óperas de um compositor, mas ainda pensamentos e decifrar a linguagem dos animais.
participar activa e entusiasticamente nos e sobretudo concebido de raiz à luz da suas Apercebe-se assim sem ambiguidades das intenções
acontecimentos revolucionários de 1848. Com o concepções estéticas, tornara-se realidade – um caso de Mime e mata-o. Parte então em busca da mulher
avanço das tropas prussianas, todavia, viu-se verdadeiramente extraordinário na história da adormecida rodeada por chamas pavorosas de que
obrigado a deixar Dresden, refugiando-se em Zurique, música ocidental. lhe fala um pássaro da floresta. Junto dela, Siegfried
com o auxílio de Liszt. Apesar das dificuldades, o espera conhecer finalmente o medo. Trata-se de
período de exílio revelou-se fértil do ponto de vista Brünnhilde, a valquíria castigada por Wotan e por este
criativo e intelectual. Concebeu o poema d’O anel do lançada num sono contínuo até que a intrepidez de
Nibelungo (começando pelo fim, pela Morte de um homem lograsse atravessar as chamas que a
Siegfried, posteriormente intitulada O crepúsculo dos separam do mundo, libertando-a do exílio a que se
deuses [Götterdämmerung]) entre 1848 e 1852, encontra condenada (cf. A Valquíria).
Maio/Junho 2006
Irmã! Irmãos!
Salvem-me! Acudam-me!
Assim seja
amaldiçoado este anel!
Ousas tu, ladrão, O senhor do anel será
acusar-me de fazer o que o escravo do anel! Fafner termina de arrebanhar o tesouro. Os deuses estão
gostarias de ter feito? horrorizados. Wotan apercebe-se da terrível força da maldição.
Necessitamos
de um herói
que consiga o
feito essencial
para os deuses.
Tu que eu amo,
Ouve apenas a que para ti se
Protejam-me, irmãs! súplica que um ateie um fogo
supremo terror nupcial como
me inspira! nunca uma noiva
Ousam vocês esconder-me
Protege a o teve!
a malvada?
adormecida de
modo a que só
um herói me
possa encontrar
neste rochedo!
Já não és a filha
dos meus desejos, Loge! Ergue-te, chama dançante, envolve, ardendo
deixaste de ser este rochedo! Aquele que temer a minha lança, que
Valquíria. nunca tente atravessar este fogo!
Preâmbulo Preâmbulo Preamble Préambule
Decidido a tornar-se mestre do Universo, o deus Decidido a convertirse en el maestro del Universo, el Having decided to become master of the Universe, the Ayant décidé de s’emparer de l’univers, le dieu
germânico Wotan corrompe as leis da Natureza. Bebe dios germánico Wotan corrompe las leyes de la Germanic god Wotan corrupts the laws of Nature. He germanique Wotan corrompt les lois de la Nature. Il
da fonte da sabedoria e talha as suas próprias leis naturaleza. Bebe de la fuente de la sabiduría y talla drinks from the fountain of wisdom and carves his boit à la source de la sagesse et forge ses propres lois
numa lança feita da madeira da árvore universal. sus propias leyes en una lanza hecha con la madera own laws on a spear made of the wood of the qu’il place sur une lance faite du bois de l’arbre
Assiste-se então ao princípio do declínio: seca a fonte del árbol universal. Se presencia entonces el principio universal tree. This is when the beginning of decline universel. Commence alors le déclin : la source tarit et
da sabedoria e fenecem as folhas da árvore universal. de la decadencia: se seca la fuente de la sabiduría y occurs: the drying up of the fountain of knowledge les feuilles de l’arbre universel dépérissent.
fenecen las hojas del árbol universal. and the wilting of the leaves of the universal tree.
O ouro do Reno dará todo o poder a quem dele fizer El oro del Rin dará todo el poder a quien con él haga un The Rhine gold will provide all powers to whoever L’or du Rhin donnera le pouvoir absolu à celui qui en
um anel e renunciar ao amor. anillo y renuncie al amor, por lo que el nibelungo forges a ring from it and renounces love. fera un anneau et renoncera à l’amour.
O nibelungo Alberich rouba o ouro, renega o amor e Alberich roba el oro, reniega del amor y hace el anillo. The Nibelung Alberich steals the gold, forswears love Alberich, le Nibelung, dérobe l’or, maudit l’amour et
faz o anel. Wotan, rey de los dioses, tiene que entregar a Freia and forges a ring. forge l’anneau.
Wotan, rei dos deuses, tem que entregar Freia (irmã (hermana de su mujer, Fricka) a los gigantes por que Wotan, king of the gods, must reward the giants who Wotan, roi des dieux, doit livrer Freia (sœur de Fricka)
de sua mulher, Fricka) aos gigantes por lhe terem éstos le han construido un castillo. Sin embargo, sin built the castle, with Freia. However, without Freia, aux géants qui lui ont bâti un palais. Cependant, sans
construído um castelo. Mas sem Freia, deusa da Freia, diosa de la juventud, el resto de los dioses goddess of Youth (Fricka’s sister), the other gods Freia, déesse de la Jeunesse, les dieux périront.
Juventude, os outros deuses perecerão. perecerá. will perish. Wotan maîtrise Alberich et récupère l’anneau, ainsi
Wotan domina Alberich e subtrai-lhe o anel, um elmo Wotan domina a Alberich y obtiene de él el anillo y un Wotan overcomes Alberich and seizes the ring, a que le heaume magique et l’or. Avant de disparaître,
mágico e o ouro. Alberich desaparece não sem antes yelmo mágico. Alberich desaparece pero antes lanza magic helmet and the gold from him. Before he Alberich lance une malédiction sur quiconque
amaldiçoar todos os que cobiçarem e possuírem o una maldición a todos los que codicien y posean el disappears, Alberich curses all those who will ever convoite et possède l’anneau. Erda, prophétesse et
anel. Erda, profetisa e deusa da terra, deixa a Wotan o anillo. Erda, profeta y diosa de la tierra, le advierte a covet and possess the ring. Erda, prophetess and god déesse de la terre, laisse à Wotan le présage du déclin
prenúncio do declínio dos deuses caso ele não se Wotan del presagio de la decadencia de los dioses en el of the earth, predicts the decline of the gods if he des dieux s’il ne renonce pas à l’anneau. Afin de
desfaça do anel. caso que él no se deshaga del anillo. doesn’t give up the ring. To free Freia Wotan délivrer Freia, c’est un Wotan contrarié qui remet aux
Em troca da liberdade de Freia, Wotan entrega A cambio de la libertad de Freia, Wotan entrega reluctantly delivers the ring, the gold and the magic géants l’anneau, l’or et le heaume magique. Les
relutantemente o anel, o ouro e o elmo mágico aos reluctantemente el anillo, el oro y el yelmo mágico a los helmet to the giants. They will be the first victims of géants seront les premières victimes de la malédiction
gigantes. Estes serão as primeiras vítimas da gigantes. Éstos serán las primeras víctimas de la Alberich’s curse: hunger for power leads the giant d’Alberich : poussée par l’ambition du pouvoir, Fafner
maldição de Alberich: movido pela ambição do poder, maldición de Alberich: motivado por la ambición del Fafner to slaughter his brother Fasolt. The ring and tue son frère, Fasolt. L’anneau, l’or et le heaume se
Fafner mata o irmão Fasolt e fica com o anel, o elmo poder, Fafner mata al hermano Fasolt y se queda con el the helmet remain under Fafner’s power. retrouvent alors entre les mains de Fafner.
e o tesouro em seu poder. anillo, el yelmo y el tesoro. The gods enter the castle, known as Walhall. Les dieux entrent au palais, appelé Walhall.
Os deuses entram no castelo, cujo nome é Valhala. Los dioses entran en el castillo, cuyo nombre es Walhalla.
Obcecado em recuperar o poder perdido, Wotan Obcecado por recuperar el poder perdido, Wotan Obsessed with recovering his lost power, Wotan Hanté par la perte de son pouvoir, qu’il veut récupérer,
concebe nove filhas com Erda, deusa da terra e da concibe nueve hijas con Erda, diosa de la tierra y de la conceives nine daughters with Erda, goddess of the Wotan conçoit neuf filles avec Erda, déesse de la terre
sabedoria, de entre as quais Brünnhilde merece a sua sabiduría, de entre las cuales Brünnhilde merece su earth and wisdom, amongst whom Brünnhilde is his et de la sagesse. Brünnhilde est sa préférée. Les neufs
predilecção. As nove valquírias, virgens e intrépidas predilección. Las nueve valquirias, vírgenes e intrépidas favourite. The nine Valkyries, virgins and intrepid Walkyries, guerrières vierges et intrépides reçoivent la
guerreiras, têm por missão formar um exército com os guerreras, tienen como misión formar un ejército con warriors, whose mission is to form an army of the mission de constituer une armée en rassemblant les
heróis caídos no campo de batalha que protegerá os las almas de los héroes caídos en el campo de batalla souls of heroes fallen in battlefields to protect the héros tombés au champ de bataille, afin d’empêcher
deuses do declínio vaticinado por Erda. Wotan não que protegerá a los dioses de la decadencia vaticinada gods from the decline predicted by Erda. Wotan does le déclin prédit par Erda. Wotan n’oublie pas non plus
esquece um outro aviso de Erda: a continuação da por Erda. Wotan no se olvida de otro aviso de Erda: la not forget another warning delivered by Erda: the qu’Erda l’a mis en garde contre la perpétuation de la
linhagem de Alberich, o seu eterno rival na luta pela continuación del linaje de Alberich, su eterno rival en la continuation of Alberich’s lineage, his eternal rival in lignée d’Albérich, son éternel rival dans la lutte pour
conquista do anel. lucha por la conquista del anillo. the fight for the conquest of the ring. la conquête de l’anneau.
Atraiçoando de novo Fricka, Wotan cria a linhagem dos Traicionando de nuevo a Fricka, Wotan crea el linaje de Once again betraying Fricka, Wotan fathers the lineage Trahissant à nouveau Fricka, Wotan donne naissance à
Wälsungen gerando dois gémeos, Siegmund e los Wälsungen generando dos gemelos, Siegmund y of the Wälsung begetting twins, Siegmund and la lignée des Wälsungen en concevant, avec une
Sieglinde, com uma mortal. Separados à nascença, Sieglinde, con una mortal. Separados al nacer, sólo Sieglinde, with a mortal. Separated at birth, only mortelle, les deux jumeaux Siegmund et Sieglinde.
apenas Siegmund convive com Wälse, aliás Wotan, Siegmund convive con Wälse, alias Wotan, cazando en Siegmund lives with Wälse, who is in fact Wotan, Séparés à la naissance, seul Siegmund connaît Wälse,
caçando na floresta. Wotan promete ao jovem el bosque. Wotan le promete al joven Siegmund que hunting in the forest. Wotan promises the young en fait Wotan, qui chasse avec lui dans la forêt. Wotan
Cena 3 Escena 3
Ao regressar, Siegfried encontra Mime ainda Al regresar, Siegfried encuentra a Mime aún escondido Scene 3 Scène 3
escondido por detrás de uma bigorna. O anão por detrás de un yunque. El enano aprovecha la Upon his return, Siegfried finds Mime still hiding De retour, Siegfried retrouve Mime, qui se cache encore
aproveita a oportunidade para convencer Siegfried oportunidad para convencer a Siegfried que estaba en behind an anvil. The dwarf takes this opportunity to derrière une enclume. Profitant de l’occasion, le nain
que estava em plena aprendizagem do sentimento de pleno aprendizaje del sentimiento del miedo para convince Siegfried that he was trying to learn the convainc Siegfried qu’il était en plein apprentissage du
medo para lhe poder transmitir esse tão importante poderle transmitir ese tan importante conocimiento, a meaning of fear so as to be able to convey such sentiment de peur afin d’être en mesure de lui
conhecimento, a ele que o desconhece. À medida que él que le desconoce. A la medida que Mime describe important knowledge, to him, who has no knowledge transmettre ce savoir si important, que, lui, il ne connaît
Mime descreve os sintomas do medo, Siegfried los síntomas del miedo, Siegfried manifiesta su of it. As Mime describes the symptoms of fear, pas. À mesure que Mime lui décrit les symptômes de la
manifesta a sua perplexidade. É então que Mime lhe perplejidad. Es entonces que Mime le habla de Fafner, Siegfried shows his perplexity. This is when Mime tells peur, Siegfried se montre sans cesse plus perplexe.
fala de Fafner, o gigante transformado em dragão e o el gigante transformado en dragón y el mejor him of Fafner, the giant transformed into a dragon and Mime lui parle alors de Fafner, le géant qui a été
melhor «professor» para lhe dar a conhecer a «profesor» para darle a conocer la experiencia del best «teacher» to explain the experience of fear before transformé en dragon, et qui sera assurément son
experiência do medo antes de partir à descoberta do miedo antes de adentrarse en el Mundo. Impetuoso, departing on to discover the World. Impetuous, meilleur « professeur de peur » avant son départ à la
Mundo. Impetuoso, Siegfried mete mãos à obra na Siegfried mete manos a la obra en la forja de Nothung. Siegfried throws himself into the work of re-forging découverte du Monde. Impétueusement, Siegfried se
forja de Notung. Ao mesmo tempo, Mime prepara Al mismo tiempo, Mime prepara una bebida Nothung. Meanwhile, Mime brews a poisoned potion met au travail pour reforger Nothung. Dans le même
uma bebida envenenada que oferecerá a Siegfried envenenada que ofrecerá a Siegfried después de la to offer Siegfried after his victorious fight against the temps, Mime prépare un breuvage empoisonné qu’il
depois da luta vitoriosa contra o dragão. Assim, lucha victoriosa contra el dragón. Así, se podrá dragon. This would mean the gold, ring and magic offrira à boire à Siegfried après sa lutte victorieuse
ficarão para si, o ouro, o anel e o elmo mágico. Mime quedar con el oro, el anillo y el yelmo mágico. Mime helmet would be his to keep. Mime is overcome with contre le dragon. Il gardera ainsi pour lui l’or, l’anneau
rende-se à visão de si próprio no papel de novo mestre se rinde a la visión de si mismo en el papel de nuevo the vision of himself as the new master of the et le heaume magique. Mime se voit déjà comme le
do Universo. Siegfried arbora a espada reconstruída, maestro del Universo. Siegfried empuña la espada Universe. Siegfried brandishes the reconstructed nouveau maître de l’Univers. Siegfried brandit l’épée
proferindo orgulhosamente o nome de Notung. reconstruida, pronunciando orgullosamente el nombre sword, proudly announcing the name of Nothung. He enfin reconstruite, en clamant fièrement le nom de
Confirma o poder da lâmina despedaçando uma de Nothung. Confirma el poder de la lámina confirms the strength of the blade by cleaving the Nothung. Il confirme les pouvoirs de la lame en brisant
bigorna de um só golpe. despedazando un yunque de un sólo golpe. anvil in two with one mighty blow. une enclume d’un seul coup.
Mime (ärgerlich) Mime (irritado) Mime (weicht ihm aus) Mime (esquivando-se)
Was ist dir, Tor? Que se passa contigo, idiota? Was Vater! Was Mutter! Qual pai! Qual mãe!
Ach, bist du dumm! Ai, como és parvo! Müssige Frage! Perguntas vãs!
Bist doch weder Vogel noch Fuchs? Então és igual a um pássaro ou a uma raposa?
Siegfried (packt ihn bei der Kehle) Siegfried (agarrando-o pelo pescoço)
Siegfried Siegfried So muss ich dich fassen, Tenho pois de te agarrar
Das zullende Kind Desde bebé um was zu wissen: para conseguir que me respondas!
zogest du auf, que me educaste, gutwillig Com bons modos
wärmtest mit Kleiden deste roupas quentes erfahr’ ich doch nichts! nunca saberei nada!
den kleinen Wurm: ao fedelho. So musst’ ich alles Como sempre, tenho
wie kam dir aber Mas como foi que ab dir trotzen: de extorquir-te tudo!
der kindische Wurm? te apareceu o fedelho? kaum das Reden Por pouco
Du machtest wohl gar Se calhar fizeste-me hätt’ ich erraten, não aprendia a falar
ohne Mutter mich? sem o auxílio de uma mãe? entwandt ich’s mit Gewalt se não tivesse obrigado
nicht dem Schuft! este patife a ensinar-me!
Mime (in grosser Verlegenheit) Mime (muito atrapalhado) Heraus damit, Vamos, depressa,
Glauben sollst du, Deves acreditar räudiger Kerl! anão sarnoso!
was ich dir sage: no que te digo: Wer ist mir Vater und Mutter? Quem são o meu pai e a minha mãe?
ich bin dir Vater sou teu pai
und Mutter zugleich. e também tua mãe. Mime (nachdem er mit dem Kopfe genickt und mit den Mime (Siegfried solta-o depois de ele ter feito sinal que
Händen gewinkt, ist von Siegfried losgelassen worden) sim com a cabeça e as mãos)
Siegfried Siegfried Ans Leben gehst du mir schier! Quase me mataste!
Das lügst du, garstiger Gauch! Mentes, asquerosa assombração! Nun lass! Was zu wissen dich geizt, Larga-me! Vou dizer-te, tal como sei,
Wie die Jungen den Alten gleichen, Felizmente também pude observar erfahr’ es, ganz wie ich’s weiss. aquilo que queres saber.
das hab’ ich mir glücklich ersehn. como os jovens se parecem com os pais. O undankbares, Rapaz ingrato
Mime Mime Mime (sammelt sich zum Nachdenken) Mime (concentra-se para reflectir)
Spürtest du klug Se muito adivinhaste Du rührtest dich viel Dizes-me que muito percorreste
und erspähtest du viel, e muito te foi dado observar, auf der Erde Rücken, a superfície da terra,
hier brauch’ ich nicht Spürer noch Späher. aqui não preciso de um adivinho ou de um observador. die Welt durchwandert’st du weit; que viajaste muito pelo mundo.
Einsam will ich Quero estar só nun sage mir schlau: Então responde-me:
und einzeln sein, e isolado. welches Geschlecht qual é a raça
Lungerern lass’ ich den Lauf. Que os vagabundos sigam o seu caminho. tagt in der Erde Tiefe? que vive nas profundezas da terra?
Wanderer (tritt wieder etwas näher) O Viajante (volta a aproximar-se) Wanderer O Viajante
Mancher wähnte Houve quem se vangloriasse In der Erde Tiefe Nas profundezas da terra
weise zu sein, de ser sábio tagen die Nibelungen: vivem os Nibelungos:
nur was ihm not tat, e no entanto ignorava Nibelheim ist ihr Land. Nibelheim é o seu território.
wusste er nicht; aquilo que gostaria de saber; Schwarzalben sind sie; São espíritos das trevas;
was ihm frommte, fiz com que me perguntasse Schwarz-Alberich o sombrio Alberich
liess ich erfragen: o que precisava de saber: hütet’ als Herrscher sie einst! reinou em tempos sobre eles!
lohnend lehrt’ ihn mein Wort. as minhas palavras foram-lhe úteis. Eines Zauberringes Este povo trabalhador
zwingende Kraft foi subjugado pela força
Mime (immer ängstlicher, da er den Wanderer sich Mime (em crescente aflição porque vê o Viajante zähmt’ ihm das fleissige Volk. de um anel mágico.
nahen sieht) aproximar-se cada vez mais) Reicher Schätze Para ele reuniram
Müss’ges Wissen Há quem tenha schimmernden Hort um tesouro resplandecente
wahren manche: uma inútil sabedoria: häuften sie ihm: de riquezas incalculáveis:
ich weiss mir grade genug. o que sei basta-me. der sollte die Welt ihm gewinnen. com ele deveria conquistar o mundo.
(Der Wanderer schreitet vollends bis an den Herd vor) (O Viajante chega perto do fogão) Zum zweiten was frägst du, Zwerg? Qual é a tua segunda pergunta, anão?
mir genügt mein Witz, O espírito que possuo é-me suficiente,
ich will nicht mehr: não desejo ter mais: Mime (versinkt in immer tieferes Nachsinnen) Mime (isolando-se cada vez mais nos seus pensamentos)
dir Weisem weis’ ich den Weg! segue o teu caminho, ó sábio! Viel, Wanderer, Sabes muito,
weisst du mir Viajante,
Siegfried (hat während der letzten Absätze von Mimes Siegfried (Que, durante a tirada de Mime cravou
Lied mit den letzten Schlägen die Nieten des Griffheftes os rebites com algumas marteladas, empunha 1. Szene Cena 1
geglättet und fasst nun das Schwert) agora a espada.) Alberich, Fafner, Wanderer. Alberich, Fafner, Viajante.
Notung! Notung! Notung! Notung!
Neidliches Schwert! Espada desejada! Alberich (an der Felsenwand zur Seite gelagert, düster Alberich (Encostado à parede rochosa, meditando
Jetzt haftest du wieder im Heft. De novo tens um punho! brütend) sombriamente.)
Warst du entzwei, Estavas partida em dois, In Wald und Nacht Estou de vigia frente a Neidhöhle,
ich zwang dich zu ganz; eu reconstruí-te; vor Neidhöhl’ halt’ ich Wacht: de noite, na floresta.
kein Schlag soll nun dich mehr zerschlagen. nenhum golpe mais poderá destruir-te. es lauscht mein Ohr, Os meus ouvidos estão atentos,
Dem sterbenden Vater O teu aço quebrou mühvoll lugt mein Aug’. a custo o meu olhar observa.
zersprang der Stahl, nas mãos de meu pai ao morrer, Banger Tag, Dia de angústia,
der lebende Sohn o seu filho que agora vive, bebst du schon auf? já despontaste?
schuf ihn neu: de novo a refez. Dämmerst du dort É já a madrugada
durch das Dunkel her? através da escuridão?
Siegfried Siegfried Wanderer (schreitet entschlossen auf ein gruftähnliches O Viajante (Avança decidido para a entrada de uma
Fort jagt’s mich Quero ir-me daqui Höhlentor in einem Felsen des Vordergrundes zu und espécie de gruta situada num rochedo do fundo e aí
jauchzend von hinnen, alegremente, nimmt dort, auf seinen Speer gestützt, eine Stellung ein, permanece, apoiado na sua lança, chamando para o
fort aus dem Wald auf den Fels! sair da floresta e procurar o rochedo! während er das Folgende dem Eingange der Höhle zu ruft) interior da gruta.)
Noch einmal sage mir, Diz-me outra vez, Wache, Wala! Acorda, Wala!
holder Sänger: cantor maravilhoso: Wala, erwach’! Wala, acorda!
werd’ ich das Feuer durchbrechen? poderei atravessar o fogo? Aus langem Schlaf Tu que dormias um longo sono,
Kann ich erwecken die Braut? Saberei como acordar a virgem? weck’ ich dich Schlummernde wach. estou eu a despertar-te.
Ich rufe dich auf: Por ti chamo:
Stimme des Waldvogels Voz do Pássaro da Floresta Herauf! Herauf! sobe! Sobe!
Die Braut gewinnt, Nunca um cobarde Aus nebliger Gruft, Abandona a tua gruta nebulosa,
Brünnhilde erweckt poderá acordar a virgem aus nächtigem Grunde herauf! deixa o abismo sombrio!
ein Feiger nie: e ganhar Brünnhilde: Erda! Erda! Erda! Erda!
nur wer das Fürchten nicht kennt! só aquele que desconhece o medo! Ewiges Weib! Mulher eterna!
Aus heimischer Tiefe Das profundezas onde vives,
tauche zur Höh! sobe até mim!
Siegfried Siegfried Wanderer (bricht in ein freudig gemütliches Lachen aus) O Viajante (solta uma gargalhada alegre e cordial)
Mich wies ein singend Um pássaro da floresta Das – mein’ ich wohl auch! Lá nisso tens razão!
Waldvöglein: cantando, (Er betrachtet Siegfried wohlgefällig.) (observa Siegfried com prazer)
das gab mir gute Kunde. deu-me esse bom conselho.
Siegfried (verwundert) Siegfried (admirado)
Wanderer O Viajante Was lachst du mich aus? Estás a rir-te de mim?
Ein Vöglein schwatzt wohl manches; Um pássaro canta muita coisa; Alter Frager! Velho bisbilhoteiro!
kein Mensch doch kann’s verstehn. mas nenhum homem pode perceber o seu falar. Hör’ einmal auf; Pára de fazer perguntas
Wie mochtest du Sinn Como conseguiste entender lass mich nicht länger hier schwatzen! não tenho tempo para mais conversa!
dem Sang entnehmen? o que ele cantava? Kannst du den Weg Se sabes para onde é o caminho
mir weisen, so rede: diz-me,
Siegfried Siegfried vermagst du’s nicht, se não o sabes,
Das wirkte das Blut Foi graças ao sangue so halte dein Maul! cala o bico!
eines wilden Wurms, de um feroz dragão
der mir vor Neidhöhl’ erblasste: que morreu frente a Neidhöhle: Wanderer O Viajante
kaum netzt’ es zündend mal o seu sangue ardente Geduld, du Knabe! Calma, rapaz!
die Zunge mir, tocou a minha língua, Dünk’ ich dich alt, Se te pareço velho,
da verstand ich der Vöglein Gestimm’. comecei a entender a linguagem dos pássaros. so sollst du Achtung mir bieten. então tem-me respeito.
Wanderer O Viajante Siegfried (tritt mit Verwunderung in trotziger Stellung zurück) Siegfried (espantado toma uma atitude de desafio)
Ich seh’, mein Sohn, Vejo, meu filho, Hoho, du Verbieter! Hoho, olha quem o proíbe!
wo du nichts weisst, que quando não sabes do que se trata, Wer bist du denn, Quem és tu
da weisst du dir leicht zu helfen. tens sempre uma resposta rápida. dass du mir wehren willst? para me impedir?
Mit dem Auge, Com o olho
das als andres mir fehlt, que me falta, Wanderer O Viajante
erblickst du selber das eine, tu podes ver o outro Fürchte des Felsens Hüter! Teme o guardião do rochedo!
das mir zum Sehen verblieb. que guardo para ver. Verschlossen hält O meu poder
meine Macht die schlafende Maid: mantém prisioneira a virgem adormecida:
Siegfried (der sinnend zugehört hat, bricht jetzt Siegfried (que escutou com atenção deixa escapar uma wer sie erweckte, quem a acordar
unwillkürlich in helles Lachen aus) gargalhada sonora) wer sie gewänne, e a conquistar,
Hahahaha! Hahahaha! machtlos macht’ er mich ewig! retira-me os poderes para sempre!
Zum Lachen bist du mir lustig! Tens mesmo muita graça! Ein Feuermeer Um mar de fogo
Doch hör’, nun schwatz’ ich nicht länger: Mas ouve, não vou ficar aqui a falar mais tempo: umflutet die Frau, envolve a donzela,
geschwind, zeig’ mir den Weg, depressa, indica-me o caminho glühende Lohe labaredas ardentes
deines Weges ziehe dann du; e depois segue o teu; umleckt den Fels: lambem o rochedo.
zu nichts andrem parece que não tens wer die Braut begehrt, O fogo virá consumir
acht’ ich dich nütz’: outra utilidade. dem brennt entgegen die Brunst. aquele que a desejar.
drum sprich, sonst spreng’ ich dich fort! Vamos, fala, ou mando-te pelos ares! (Er winkt mit dem Speere nach der Felsenhöhe) (com a sua lança indica o rochedo)
Blick’ nach der Höh’! Olha para o alto!
Wanderer (weich) O Viajante (docemente) Erlugst du das Licht? Vês aquele brilho?
Kenntest du mich, Se soubesses quem sou, Es wächst der Schein, A luz aumenta,
kühner Spross, jovem audaz, es schwillt die Glut; o fogo cresce;
den Schimpf spartest du mir! não falavas assim! sengende Wolken, nuvens ardentes
Dir so vertraut, Desejo o teu bem wabernde Lohe de chamas dançantes
trifft mich schmerzlich dein Dräuen. e as tuas ameaças desgostam-me. wälzen sich brennend avançam para nós;
Liebt’ ich von je Sempre amei und prasselnd herab: crepitando e queimando,
Wanderer O Viajante
Fürchtest das Feuer du nicht, Se não temes o fogo, 3. Szene Cena 3
(den Speer vorhaltend) (mostrando a sua lança) Siegfried, Brünnhilde . Siegfried, Brünnhilde.
so sperre mein Speer dir den Weg! então que a minha lança te vede o caminho!
Noch hält meine Hand A minha mão ainda segura Das immer zarter gewordene Gewölk hat sich in einen As nuvens cada vez mais ligeiras deram lugar a uma
der Herrschaft Haft: este símbolo de poder: feinen Nebelschleier von rosiger Färbung aufgelöst und fina neblina rosada que, por sua vez, sobe deixando
das Schwert, das du schwingst, já uma vez ele quebrou zerteilt sich nun in der Weise, dass der Duft sich aperceber um céu azul e sereno. Na base do rochedo
zerschlug einst dieser Schaft: a espada que tu brandes! gänzlich nach oben verzieht und endlich nur noch den que agora avistamos – o mesmo cenário do terceiro
noch einmal denn Que a lança eterna heiteren, blauen Tageshimmel erblicken lässt, während acto de A Valquíria – uma névoa rosada permanece
zerspring’ es am ew’gen Speer! a parta de novo! am Saume der nun sichtbar werdenden Felsenhöhe suspensa fazendo lembrar as chamas encantadas
(Er streckt den Speer vor) (estende a lança) ganz die gleiche Szene wie im dritten Aufzug der que se encontram agora na base do rochedo.
Walküre – ein morgenrötlicher Nebelschleier haften A disposição da cena é a mesma que deixámos
Siegfried (das Schwert ziehend) Siegfried (desembainhando a espada) bleibt, welcher zugleich an die in der Tiefe noch no final de A Valquíria: em primeiro plano, sob
Meines Vaters Feind! O inimigo de meu pai! lodernde Zauberlohe erinnert. Die Anordnung der Szene a árvore frondosa, encontra-se Brünnhilde mergulha
Find’ ich dich hier? Vim encontrar-te aqui? ist durchaus dieselbe wie am Schlusse der Walküre: im da num sono profundo, envergando a sua armadura
Herrlich zur Rache geriet mir das! Não poderia haver melhor ocasião para a vingança! Vordergrunde, unter der breitästigen Tanne, liegt brilhante, com o elmo na cabeça e o grande escudo
Schwing’ deinen Speer: Brande a tua lança, Brünnhilde in vollständiger, glänzender Panzerrüstung, que a cobre.
in Stücken spalt’ ihn mein Schwert! a minha espada a há-de quebrar! mit dem Helm auf dem Haupte, den langen Schild über
(Er haut dem Wanderer mit einem Schlage den Speer in (Com um golpe da sua espada parte a lança em dois; sich gedeckt, in tiefem Schlafe.
zwei Stücken; ein Blitzstrahl fährt daraus nach der dela parte um relâmpago que atinge o alto do rochedo
Felsenhöhe zu, wo von nun an der bisher mattere onde as chamas, que até agora emanavam uma ténue Siegfried (gelangt von aussen her auf den felsigen Siegfried (Vindo do fundo chega ao bordo do rochedo
Schein in immer helleren Feuerflammen zu lodern claridade, vão crescendo de intensidade. Um forte Saum der Höhe und zeigt sich dort zuerst nur mit dem sendo só visível a parte superior do seu corpo: daí
beginnt. Starker Donner, der schnell sich abschwächt, trovão, que depressa se extingue, acompanha o golpe Oberleibe: so blickt er lange staunend um sich) contempla em seu redor em prolongada admiração.)
begleitet den Schlag. Die Speerstücken rollen zu des da espada. Os pedaços da lança caem aos pés do Selige Öde Divina solidão
Wanderers Füssen. Er rafft sie ruhig auf.) Viajante, que os apanha com calma.) auf sonniger Höh’! a deste cume radioso!
(Er steigt vollends herauf und betrachtet, auf einem (Acaba a subida e, sobre uma rocha no fundo,
Wanderer (zurückweichend) O Viajante (recuando) Felsensteine des hinteren Abhanges stehend, mit observa maravilhado a cena. Olha em direcção
Zieh hin! Ich kann dich nicht halten! Vai! Não te posso deter! Verwunderung die Szene. Er blickt zur Seite in den Tann à floresta e dá alguns passos
(Er verschwindet plötzlich in völliger Finsternis.) (desaparece de repente no meio da escuridão) und schreitet etwas vor.) na sua direcção.)
Was ruht dort schlummernd Quem repousa lá longe
Siegfried Siegfried im schattigen Tann? na sombra dos pinheiros?
Mit zerfocht’ner Waffe O cobarde fugiu Ein Ross ist’s, É um cavalo
wich mir der Feige? com a sua arma despedaçada? rastend in tiefem Schlaf! que aí dorme profundamente!
(Die wachsende Helle der immer tiefer sich senkenden (a claridade das chamas aumenta nas nuvens que (Langsam näher kommend, hält er verwundert an, als er (Lentamente aproxima-se e pára admirado
Feuerwolken trifft Siegfrieds Blick.) descem chamando a atenção do olhar de Siegfried) noch aus einiger Entfernung Brünnhildes Gestalt quando, de longe, avista o vulto
Ha! Wonnige Glut! Ha! Chamas deliciosas! wahrnimmt.) de Brünnhilde.)
Leuchtender Glanz! Brilho luminoso! Was strahlt mir dort entgegen? Que brilho é este?
Strahlend nun offen O caminho está agora aberto Welch glänzendes Stahlgeschmeid? Que armadura reluzente!
steht mir die Strasse. com todo o seu esplendor. Blendet mir noch Estarei ainda cego
1 4
Musikalisch-dramatische Parallelen (Leipzig, 1906), cit. in Christoph É curioso registar a presença de uma personagem de nome Florestan
von Blumröder, “Leitmotiv” (1990, p. 13), in Hans Heinrich Eggebrecht/ em Richard Coeur-de-lion, tal como no Fidelio beethoveniano, embora na
Albrecht Riethmüller (eds.), Handwörterbuch der musikalischen Terminologie ópera de Grétry se trate, não do prisioneiro, mas do governador da
III, Stuttgart: F. Steiner [1972-2006]. Todas as traduções incluídas no fortaleza. O libreto, de Michel-Jean Sedaine (1719-1797), inspira-se
presente artigo, realizadas a partir dos textos originais, são da possivelmente na versão da aventura do Rei Ricardo veiculada pela
responsabilidade do autor. Bibliothèque universelle des romans de 1776, em que a sequência dos
acontecimentos surge já centrada num lai supostamente escrito pelo
2
Citação da edição de Bruxelas: Académie de musique/Paris: La lyre monarca na Palestina (cf. David Charlton, Grétry and the Growth of Opéra-
moderne, 1829, pp. 292-3. -comique, Cambridge: Cambridge University Press, 1986, pp. 229-30).
Grétry, que declara ter aceite sem reservas a “bela obra dramática” do
3
Como é habitual no jogo de atribuição de prioridades, é possível aduzir seu colaborador, confessa nos Mémoires ter hesitado longamente sobre
diversos precedentes históricos neste processo. Mozart, por exemplo, o modo de conferir a necessária patine histórica à música da romança:
parece ter utilizado conscientemente motivos recorrentes na partitura “fi-la de várias maneiras, sem achar o que procurava, isto é, o estilo
de Idomeneo, re di Creta (1781), e possivelmente noutras obras. antigo [le vieux style] capaz de agradar aos modernos”. Em última
instância, o compositor declarar-se-á satisfeito: “Fui bem sucedido? É de
crer que sim, pois que cem vezes me perguntaram se tinha achado a
melodia no fabliau de onde foi retirado o argumento” (Mémoires, p. 289).
5 7
Acto III, Cena 4. Id., p. 247.
6
Charlton, Grétry, p. 243.
8 9
“‘Raoul Blaubart’, Oper von Grétry”, in Kunstansichten. Ausgewählte Schriften, “‘Faust’, Oper von Spohr”, ibid., p. 194.
Wilhelmshaven: Heinrichshofen, 1978, p. 204 (itálico acrescentado).
10 12
Eine Mitteilung an meine Freunde, in Gesammelte Schriften und Em Eine Mitteilung an meine Freunde, Wagner afirma ter procedido de
Dichtungen IV, Leipzig: Fritzsch, 18882, p. 323. forma semelhante em Tannhäuser e Lohengrin: “[C]om a diferença de
André-Ernest-Modeste Grétry (1741-1813)
que, aqui, não tinha diante de mim à partida uma peça musical
E. T. A. Hoffmann (1776-1822) 11
A expressão “drama musical” (Musikdrama, musikalisches Drama) completa como [a] Balada, começando por criar a própria imagem
Louis Spohr (1784-1859)
parece ter-se imposto desde a década de 60 do século XIX para designar [Bild] na qual convergiam os raios temáticos, a partir da construção
Carl Maria von Weber (1786-1826)
a especificidade do género inaugurado por Wagner, por oposição à das cenas, do seu crescimento orgânico umas a partir das outras,
Heinrich Marschner (1795-1861)
“ópera” no sentido tradicional, mas o termo é submetido a crítica e fazendo-a reaparecer sob diferentes formas sempre que necessário para
rejeitado pelo compositor no seu artigo de 1872, “Über die Benennung a compreensão das situações principais” (in Gesammelte Schriften und
‘Musikdrama’” (“Sobre a designação ‘drama musical’”); cf. Gesammelte Dichtungen IV, pp. 323-4).
Schriften und Dichtungen IX, pp. 302 e ss. Perto da conclusão de Eine
Mitteilung an meine Freunde, Wagner havia escrito, em nota de rodapé:
“Eu não escrevo mais óperas: como não desejo inventar um nome
arbitrário para os meus trabalhos, designo-os por dramas, já que pelo
menos deste modo se descreve com a maior clareza o ponto de vista a
partir do qual aquilo que proponho deve ser acolhido” (op. cit., p. 343).
Por trás da desconfiança manifestada pela mera atribuição da
paternidade de um “novo” género dramático, pode ler-se a ambição
wagneriana de marcar com a sua obra um verdadeiro apogeu (e fim!) da
história do drama, na sua totalidade.
13
O tema wagneriano da “crise” da linguagem ressoará através de toda a declínio da tragédia: assim como o espírito colectivo se fragmentou em
cultura europeia do final do século XIX, ilustrada sob diferentes múltiplas direcções “egoístas”, assim também a obra de arte total
perspectivas por Nietzsche, Maeterlinck, Bergson, Fritz Mauthner e (Gesamtkunstwerk) da tragédia se dissolveu nas suas componentes
Hofmannsthal, entre outros, a partir de uma problemática que ocupava já individuais (Gesammelte Schriften und Dichtungen III, Leipzig: Fritzsch,
um lugar central na filosofia de Schopenhauer (lido por Wagner a partir de 18872, p. 12; cf. também p. 29). Em Das Kunstwerk der Zukunft (A obra de
Outubro de 1854, precisamente durante a composição de Die Walküre). arte do futuro, igualmente 1849), o compositor sugere que a obra de arte
total, devendo abarcar todos os géneros artísticos na representação
14
Cf. Oper und Drama (ed. Klaus Kropfinger), Stuttgart: Reclam, 1994, incondicionada e imediata da plena natureza humana, será a obra
pp. 236-44. Em Die Kunst und die Revolution (A arte e a revolução, 1849), colectiva da humanidade do futuro (ibid., p. 60; cf. também p. 159).
Wagner expõe a sua visão (amplamente glosada pelo jovem Nietzsche) Curiosamente, o termo Gesamtkunstwerk não voltará a ser utilizado por
segundo a qual a dissolução do estado ateniense arrastou consigo o Wagner nos seus textos teóricos.
15 16
Cf. Oper und Drama, pp. 309-20. Ver também o meu artigo “Arte, De notar que, na estética wagneriana, a expressão “dança” tende a
mito e revolução: o prólogo”, no programa de sala de Das Rheingold, abarcar por extensão o domínio da mímica e da acção cénica em geral.
TNSC, 2006.
17
Cf. Oper und Drama, pp. 329-42.
18 19
Cf., a este respeito, Carl Dahlhaus, Wagners Konzeption des Cf. Oper und Drama, pp. 343-63.
musikalischen Dramas (ed. orig. 1971), München: DTV/Kassel:
20
Bärenreiter, 1990, p. 26. Entre a conclusão da partitura de Lohengrin (28 de Abril de 1848)
e os primeiros esboços de Das Rheingold (1 de Novembro de 1853)
situa-se um período praticamente improdutivo na vida de Wagner, do
ponto de vista composicional.
21 22
“Epilogischer Bericht”, in Gesammelte Schriften und Dichtungen VI, Richard Wagners Musikdramen (ed. orig. 1971), Stuttgart: Reclam,
Leipzig: Fritzsch, 18882, p. 266. 1996, pp. 168-70.
23 26
“Impressions sur la Tétralogie à Londres” (Gil Blas, 1.6.1903), in Mesmo uma comentadora tão perspicaz como Carolyn Abbate parece
Monsieur Croche et autres écrits, Paris: Gallimard, 1987, pp. 180 e ss. pronta a incorrer no contra-senso ao declarar que o “significado poético”
24
não é imanente aos Leitmotive (Unsung Voices. Opera and Musical
A tendência para a plena continuidade do discurso orquestral e a Narrative in the Nineteenth Century, Princeton: Princeton University
densificação “sinfónica” das relações motívicas, relativamente ao estádio Press, 1991, p. 168), o que revela uma concepção metafísica
representado por Das Rheingold e Die Walküre, é perceptível desde o início (ou ingénua) da significação: o significado é sempre o resultado de uma
de Siegfried (num possível reflexo da técnica lisztiana do poema sinfónico, prática significante, não uma determinação inerente ao signo.
revelada a Wagner a partir de 1856), e não apenas no último acto, 27
composto após uma longa interrupção de cerca de doze anos, durante a Nas palavras do próprio Wagner, neste ponto muito próximo de
qual se situa a criação de Tristan und Isolde e Die Meistersinger von Schopenhauer, “através do tom lendário, o espírito é transportado de
Nürnberg (além da revisão de Tannhäuser para a Ópera de Paris). É um dos imediato àquele estado onírico a partir do qual lhe é possível atingir a
milagres da Tetralogia o facto de esse hiato temporal não se traduzir numa completa clarividência, tornando-se consciente de uma nova coerência
discrepância estilística profunda entre o II e o III actos de Siegfried. dos fenómenos do mundo, uma coerência que precisamente lhe escapa
aos olhos da consciência comum” (“‘Zukunftsmusik’” [“‘Música do
25
Wagners Konzeption des musikalischen Dramas, pp. 41-2. futuro’”, 1860], in Gesammelte Schriften und Dichtungen VII, p. 121).
28 31
Wagner e Cosima recebem Liszt e Hans von Wolzogen em Bayreuth. “Über die Anwendung der Musik auf das Drama”, in Späte Schriften zur Thematischer Leitfaden durch die Musik zu Rich. Wagners Festspiel Der
Pintura de W. Beckmann. Dramaturgie der Oper (ed. Egon Voss), Stuttgart: Reclam, 1996, p. 202. Ring des Nibelungen (“Fio condutor temático através da música para o
29
festival de Rich. Wagner O anel do nibelungo”), Leipzig: E. Schloemp,
“Über die Benennung ‘Musikdrama’”, op. cit., p. 306. Cf. Schopenhauer: 1876, além de outras publicações; é na série de artigos “Die Motive in
“[A música de uma ópera], composta com vista ao drama, é como que a Wagners ‘Götterdämmerung’” (“Os motivos no ‘Crepúsculo dos deuses’
alma deste, na medida em que, na sua ligação com os eventos, de Wagner”), Musikalisches Wochenblatt VIII (1877) que Wolzogen parece
personagens e palavras, se converte na expressão do significado íntimo e ter introduzido o termo Leitmotiv. Deve notar-se no entanto que o
da necessidade última e secreta de todos esses eventos, dele decorrentes” conceito fora já empregue por August Wilhelm Ambros na década de 60,
(Die Welt als Wille und Vorstellung II, Ergänzungen [ed. orig. 1844], em relação às técnicas desenvolvidas por Wagner até Lohengrin e por
Stuttgart/Frankfurt a. M.: Cotta-Insel, 1960, p. 576). Liszt na sua obra sinfónica (cf. Kulturhistorische Bilder aus dem
30 Musikleben der Gegenwart, Leipzig: H. Matthes, 18652, p. 142). A história
Op. cit., p. 305. Relativamente à proclamação liminar de Oper und
do termo parece passar em seguida pelo catálogo da obra de Weber por
Drama, segundo a qual o equívoco estético inerente ao género “ópera”
Friedrich Wilhelm Jähns (Carl Maria von Weber in seinen Werken, Berlin:
consistiria na confusão entre um meio de expressão (a música) e o
Schlesinger/R. Lienau, 1871, pp. 2 e passim), cuja intenção polémica,
respectivo fim (o drama) (p. 19), é notória nos escritos tardios uma
evidenciada desde a primeira página do texto na contraposição
deslocação de ênfase materializada na concepção da música como
Weber/Wagner, faz supor uma familiaridade com o conceito que
origem e matriz do drama. Deve sublinhar-se, contudo, que a noção
antecede largamente a sua vulgarização após a estreia do Anel. Por
wagneriana de drama não pode em caso algum ser circunscrita ao
outro lado, o repertório motívico wagneriano tinha sido já descrito
simples texto poético, devendo entender-se desde os primeiros escritos
detalhadamente, antes de Wolzogen, por Heinrich Porges e Gottlieb
na acepção holística de totalidade da representação – o que tende a
Federlein, embora sem recurso ao termo Leitmotiv.
relativizar a aparente discrepância entre as diferentes fases do discurso
wagneriano. Parece, de resto, ter escapado à maioria dos comentadores 32
“Über die Anwendung der Musik auf das Drama”, pp. 202-3.
que a ideia da música como “elemento materno” do drama ocorre já
explicitamente em Ópera e drama (p. 242), motivando aliás uma
surpreendente referência por parte de Wagner à figura de Édipo, nascido
de Jocasta e gerando com esta a “redentora” Antígona (p. 243, nota).
33
Cosima Wagner, Die Tagebücher (ed. Martin Gregor-Dellin/Dietrich
Mack) II, München: Piper, 1977, p. 300.
142
Marko Letonja
Direcção musical
Graham Vick
Encenação
Nascido na Índia, estudou nas Universidades de Cambridge e Yale. Foi Responsável de Após a sua estreia no papel de Tristan, em 2003, no Teatro de Mannheim (Alemanha),
Imagem da ABC Television entre 1956 e 1965 (Londres). Em 1966 foi artista associado afirmou-se como um dos mais notáveis tenores heróicos do nosso tempo.
da Royal Shakespeare Company. Em 1975 ganhou a Medalha de Ouro de Design na Nas últimas temporadas interpretou os papéis de Siegfried no Teatro La Fenice em
Quadrienal de Praga. Entre 1984 e 1991 ocupou o cargo de Chairman da Society of Veneza e na Ópera de Colónia, Bacchus no Grand Théâtre de Genebra e na Ópera de
British Theatre Designers. No início da sua carreira trabalhou em produções, Filadélfia, e Lohengrin na Ópera de Leipzig, na Staatsoper de Nuremberga e no Teatro
apresentadas em Londres, de peças de Ionesco, Pinter e Beckett. Ao longo dos anos de Mannheim. Em Leipzig também interpretou Tristan, Rienzi e Parsifal.
tem colaborado em produções da Royal Shakespeare Company, Royal Opera House – Na Ópera de Colónia, onde já se fez ouvir como Florestan, irá cantar Siegfried na
Covent Garden, English National Opera e National Theatre. apresentação integral do Festival Cénico wagneriano (Der Ring des Nibelungen) em
Também apresentou trabalhos na Comédie Française, Staatsoper de Berlim, 2010 e, no mesmo ano, levará a sua interpretação ao palco da Deutsche Oper de
Staatsoper de Viena, Kirov de Leninegrado, Scala de Milão e em cidades, tais como Berlim, assim como a Xangai no âmbito da Exposição Mundial. No final desse ano, vai
Nova Iorque, Amesterdão, Oslo, Gotemburgo, Adelaide, Sydney, Atenas, Génova e estrear-se na Opéra de la Bastille (Paris) no papel de Bacchus, numa nova produção de
Colónia. Em 1978 criou os cenários de Evita, em parceria com Tazeena Firth, cuja Ariadne of Naxos. Foi convidado a inaugurar a temporada de 2009 do Teatro La Fenice, com o papel de Paul, na
produção foi apresentada posteriormente em Nova Iorque e noutras cidades. Nas Temporadas de 2004, nova produção de Die tote Stadt, seguindo-se Tristan und Isolde na Ópera de Leipzig e, de novo, Siegfried
2005/06 e 2006/07 do Teatro Nacional de São Carlos assinou, respectivamente, a cenografia e os figurinos das (Götterdämmerung) no Teatro La Fenice.
novas produções de Werther, Das Rheingold e Die Walküre. Para além dos papéis de Tannhäuser, Siegmund, Max, Flüchtling e Erik, o seu repertório também inclui os de
Don José, Andrea Chénier, Canio e Hoffmann.
Nascido em Itália, estudou na Guildhall School of Music and Drama (Londres). Após os estudos na Guildhall School of Music apresentou-se na Scottish Opera,
Colaborou com Graham Vick nas produções de Die Walküre (São Carlos), Idomeneo e La Festival de Glyndebourne, English Touring Opera, Glyndebourne Touring Opera, English
traviata (Birmingham Opera), Tamerlano (Madrid), Anna Bolena (Verona, Palermo), La National Opera e Royal Opera House–Covent Garden. No Festival de Glyndebourne
Bohème (Ópera Nacional da Grécia), Die Zauberflöte (Teatro Bolchoi), Orfeo ed Euridice cantou os papéis de Remendado (Carmen), Coryphee (Le Comte Ory), Gaston (La
(Festival de Ravenna) e La clemenza di Tito (Turim). traviata) e Andrew (The Last Supper) que repetiu na Staatsoper de Berlim. Para a
Recentemente, assinou o desenho de luz das seguintes produções: Otello no Festival de Scottish Opera interpretou Borsa (Rigoletto), Alfred (Die Fledermaus), L’incroyable
Salzburgo e em Roma, The Turn of the Screw na Nationale Reisopera (Holanda), e (Andrea Chénier) e, na última temporada, Jaquino (Fidelio).
Salome na Ópera de Malmö, sempre com Stephen Langridge; Carmen (cenografia e Integrou a Companhia da Ópera de Colónia onde interpretou vários papéis,
desenho de luz) em Saarbrücken, com encenação de Inga Levant; Faust na Opéra destacando-se Goro (Madama Butterfly), Pedrillo (Die Entführung aus dem Serail) e o
National de Bordeaux, com encenação de Jean-Philippe Clarac e Olivier Deloeuil; L’elisir muito aclamado pela crítica Truffaldino (L’Amour des trois oranges). Estreou-se na Royal
d’amore na Glyndebourne Opera, com encenação de Annabel Arden, com estreia Opera House–Covent Garden, na temporada passada, com a interpretação de Pang em
prevista em Houston para 2009;Tamerlano, The Knot Garden, Aïda, Samson et Dalila na Scottish Opera; Ascanio in Turandot. Futuros compromissos incluem a sua participação nas produções de Die Zauberflöte e Salome na
Alba, de Mozart, na Academia do Scala de Milão, Simon Boccanegra (Trieste), Romanza una favola (Ópera de English National Opera, A Midsummer Night’s Dream (Snout) no Teatro Real de Madrid, Carmen (Remendado) na
Roma), e Carmen numa digressão italiana com a Operaoggi, sempre com Franco Ripa di Meana; Manon e King Scottish Opera e Der Ring des Nibelungen (Mime) no Festival de Erl (Tirol) e na Opéra National du Rhin.
Priam, com encenação de Anthony McDonald, na Nationale Reisopera; Le nozze di Figaro na Opera North; The
Shops e Blond Eckbert, para The Opera Group, com encenação de John Fulljames, numa digressão que incluiu o
Festival de Bregenz. Da sua carreira destacam-se também Faust (Roma e Turim), com encenação de Hugo De Ana
e Aïda (Cagliari), com encenação de Stephen Medcalf. Para além do desenho de luz, assinou também a cenografia
de Il trovatore (Nuremberga), Macbeth (Münster), Otello (Kiel), com encenação de Inga Levant, e de Semele, com
encenação de John La Bouchardière, para a Scotish Opera. Esta última será apresentada no Milwaukee em 2009.
Estudou Canto em Seul, a sua cidade natal, prosseguindo posteriormente a sua «Kammersänger», lecciona Canto na Universidade de Música de Colónia e na
formação no Conservatório «Giuseppe Verdi» em Milão e no Conservatório de Colónia. respectiva sucursal em Aachen. Posteriormente aos seus estudos na Universidade de
Enquanto membro da companhia da Ópera de Colónia, desde a temporada de Música de Wuppertal, teve o primeiro contacto com o teatro lírico em Saarbrücken em
1999/2000, enriqueceu o seu repertório e adquiriu uma vasta experiência. Naquele 1964. Apresentou-se em inúmeros teatros líricos incluindo a Ópera de Düsseldorf. A
Teatro participou nas produções de Carmen (Escamillo), La forza del destino (Carlo di partir de 1981 apresentou-se em diversos papéis, destacando-se, Fafner em Der Ring
Vargas), L’Amour des trois oranges (Tchelio), Cavalleria rusticana e I pagliacci (Alfio e des Nibelungen de Wagner, no Festival de Bayreuth. O seu repertório inclui os papéis
Tonio), Der Freischütz (Kaspar), Billy Budd (Mr. Redburn), tendo interpretado os papéis de Sarastro, Rei Marke, Landgraf, Fiesco, Fafner e Daland, entre muitos outros.
wagnerianos de Gunther e Donner (Der Ring des Nibelungen) e Herrufer (Lohengrin). É regularmente convidado a actuar nos principais teatros líricos europeus,
Paralelamente ao seu compromisso com a Ópera de Colónia, é regularmente destacando-se as cidades de Roma, Viena, Bruxelas, Paris, Berlim e Hamburgo.
convidado pelos teatros líricos internacionais, tais como Capitole de Toulouse (O É membro da Companhia da Ópera de Colónia desde a temporada de 1988/89 onde
Mensageiro dos Espíritos em Die Frau ohne Schatten, em 2006; Lindorf/Coppélius/Dr. pode ser ouvido nos principais papéis dramáticos para a sua voz.
Miracle/Dapertutto em Les Contes d’Hoffmann, em Junho de 2008), Festival de Bayreuth (Tannhäuser e Parsifal,
em 2005 e 2008) e Deutsche Oper de Berlim (A Raposinha Matreira). Com a companhia da Opéra de Paris cantou
em A Raposinha Matreira no âmbito de uma digressão japonesa em Julho de 2008. Os seus futuros
compromissos incluem Jochanaan (Salome), Kurwenal em Colónia (Outono 2008) e Berlim (Deutsche Oper,
Junho 2009), e O Mensageiro dos Espíritos no Scala de Milão em 2012.
Nascido na Áustria, estudou Canto na Accademia Musical de Graz (1984) depois de ter Em 2003 foi finalista do Concurso «Richard Wagner» em Bayreuth com a interpretação
cursado Psicologia, Pedagogia e Filosofia. Nesse ano estreou-se no Festival de dos papéis de Kundry e Fricka. Estreou-se na Opernhaus de Frankfurt em Hänsel und
Bayreuth em Das Rheingold (Donner). Prosseguiu a sua carreira em Viena (Staatsoper, Gretel (2001), seguindo-se os papéis de Mulher em Un re in Ascolto, de Berio (2002) e
«Festwochen») Graz, Festival de Salzburgo, Düssedorf, Barcelona, Bona e Leipzig. Em Mrs. Sedley (Peter Grimes), de Britten (2003).
1989 integrou a Staatsoper de Wiesbaden, onde interpretou todos os grandes papéis Cantou pela primeira vez o papel de Brangäne (Tristan und Isolde) no Teatro de
inclusive para «Heldenbariton» wagneriano. Cantou Hans Sachs (Die Meistersinger von Meiningen (2003) e, na temporada de 2004/05, interpretou o mesmo papel no Teatro
Nürnberg), König Heinrich (Lohengrin) Biterolf e Landgraf (Tannhäuser), Gurnemanz e de Mannheim, sob a direcção de Adam Fischer.
Amfortas (Parsifal), Wotan e Gunther (Tetralogia), e o papel protagonista de Der Na temporada de 2005/06 cantou Erda (Das Rheingold) na Staatsoper de Nuremberga,
fliegende Holländer na Staatsoper de Wiesbaden, dirigido por Dovico (2000/01). O seu para além dos papéis de Primeira Norna e Sigrune. Na interpretação destes papéis
repertório inclui Sarastro (Die Zauberflöte), Filippo (Don Carlos), Amonasro (Aïda) e participou na digressão daquele Teatro no âmbito da primeira apresentação asiática
Jochanaan (Salome). Cantou em Wozzeck (Médico) no Teatro Verdi de Trieste (1998), de Der Ring des Nibelungen.
papel que retomou no Teatro Comunale de Bolonha (nova produção, 2000) e em Roma, Estreou-se no São Carlos com o papel de Erda (Das Rheingold) em 2006. Na última
sob a direcção de Gatti. Em 2001/02 firmou contrato com as Staatsopers de Nuremberga e de Wiesbaden. Em temporada cantou o papel de Madame La Perouse na ópera Melusine, de Aribert Reimanns, na Staatsoper de
2004 cantou na estreia mundial de Wolkenstein (W. Hiller) na Staatsoper de Nuremberga, uma co-produção com Nuremberga, e a sua primeira Erda em Siegfried, de Wagner.
o Teatro Nuovo de Bolzano. Nesse ano foi aclamado na interpretação de Simone (Eine florentinische Tragödie, nova
produção do Teatro São Carlos) e num recital dedicado a W. Rihm no CCB (co-apresentação com o São Carlos).
Em 2004/05 cantou Kurwenal (Der fliegende Holländer) em Halle, com encenação de René Kollo e direcção musical
de Klaus Weise, seguindo-se novos êxitos nos papéis de Thoas (Iphigénie en Tauride, Gluck) em Nuremberga, e de
Alberich (Das Rheingold) no Teatro São Carlos. Em concerto interpreta missas, oratória, Lieder e música
contemporânea. Gravou obras de Schubert. Na temporada de 2006/07 cantou a Nona Sinfonia (Beethoven) no
Porto e em Lisboa, e interpretou o papel de Médico (Wozzeck) numa produção do São Carlos. Seguiram-se Faninal
(Der Rosenkavalier) no Teatro Politeama Greco de Lecce, em co-produção com o Teatro Vorpommern
(Stralsund/Greifswald), sob a direcção de Husmann, e Simone (Eine florentinische Tragödie) numa nova produção
em Lyon e em Tenerife. Inaugurou a temporada de 2008 de Lecce com Samson et Dalila (Grande Sacerdote).
Considerada uma das principais sopranos dramáticos tem-se destacado, em De origem canadiana, diplomou-se em Canto pela Universidade de Wilfrid Laurier.
temporadas recentes, na interpretação de Brünnhilde no New National Theatre de Prosseguiu estudos na Hochschule für Musik em Colónia com Monica Pick-Hieronimi.
Tóquio, com a Canadian Opera Company e no La Fenice de Veneza. Cantou o papel de Nos palcos dos teatros na Alemanha, cantou por diversas ocasiões o papel de Rainha
Isolde em Londres, Frankfurt, Verona, Leeds e Rouen. da Noite em Die Zauberflöte, papel que fez resplandecer com a sua coloratura.
De todos os papéis do seu repertório, foi com o de Elektra (R. Strauss) que obteve os Outros papéis incluíram Tytania em A Midsummer Night’s Dream (Britten), La Princesse
maiores êxitos nos teatros líricos internacionais, proporcionando-lhe também em La forêt bleue (Aubert), Phédra em L’abandon d’Ariane (Milhaud) e Nerone em
colaborações com maestros tais como Bychkov, Ozawa e De Waart, e as estreias no Agrippina (Handel).
Scala, Dresden, Estugarda e Hong-Kong. Em Dezembro de 2006 criou o papel de Despina na estreia mundial da ópera
Na actual temporada estreia-se na National Opera de Washington e no Maggio Fintenzauber de Camille Kerger e foi convidada a participar na reposição do mesmo
Musicale Fiorentino (Elektra), na Opéra de Lyon (Siegfried) e com a Orquestra Sinfónica papel no Luxemburgo. É frequentemente convidada a apresentar-se em recital na
da Rádio Húngara, sob a direcção de Adam Fisher (Der Ring des Nibelungen). Futuros cidade de Colónia, em particular para a interpretação de música contemporânea.
compromissos incluem o regresso ao Covent Garden (Elektra) e a estreia na Opera A jovem soprano conta no seu repertório com obras de oratória, incluindo Carmina Burana (Orff), Messiah
Australia (Lady Macbeth de Mtsensk) e no Gran Teatro del Liceu em Barcelona (Parsifal). (Handel) e Gloria (Vivaldi). A sua estreia no Concerto de Gala de 19 de Outubro de 2007 deu início a uma série
Interpretações recentes incluíram Marie (Wozzeck) no Covent Garden sob a direcção de Daniel Harding, Lady de participações nas Temporadas Líricas e Sinfónicas do Teatro Nacional de São Carlos.
Macbeth (Macbeth de Bloch) em Viena, Der Schatzgräber de Schreker com a Opernhaus de Frankfurt, Ellen Orford
(Peter Grimes) para a English National Opera e Ópera Real Dinamarquesa, e Brünnhilde (Die Walküre) na nova
produção do São Carlos.
A sua actividade em concerto é vasta e diversificada, destacando-se a sua estreia com a Orquestra Filarmónica
de Viena, dirigida por Mark Elder (Hänsel und Gretel); Erwartung de Schönberg com a BBC Symphony Orchestra
dirigida por David Robertson; o Prelúdio e Liebestod, da ópera Tristan und Isolde, com direcção de Esa-Pekka
Salonen à frente da Philharmonia; e com Zubin Mehta e a Orquestra da Staatsoper da Baviera.
Kirsi Tiihonen
soprano
II Violinos
Jan Schabowski (Coordenador de Naipe)
Contrabaixos
Klara Erdei (Coordenador de Naipe Adjunto)
Pedro Wallenstein (Coordenador de Naipe)
Rui Guerreiro (Coordenador de Naipe Adjunto)
Petio Kalomenski (Coordenador de Naipe)
Mário Anguelov (Coordenador de Naipe Assistente)
Adriano Aguiar (Coordenador de Naipe Adjunto)
Nariné Dellalian (Coordenador de Naipe Assistente)
Duncan Fox (Coordenador de Naipe Adjunto)
Aurora Voronova
Anita Hinkova (Coordenador de Naipe Assistente)
Carmélia Silva
João Diogo
Inna Reshetnikova
José Mira
Isabel Barão
Manuel Póvoa
Kamélia Dimitrova
Svetlin Chiskov
Katarina Majewska
Maria Filomena Sousa
Maria Lurdes Miranda
Slavomir Sadlowski
Sónia Carvalho
Tatiana Gaivoronskaia
Witold Dziuba
Bilhetes
O Teatro reserva-se o direito de alterar a sua programação
em casos de força maior. A alteração substancial da sua
programação constitui causa única para efeitos de
reembolso de bilhetes adquiridos. Espectáculos para
maiores de seis anos.
10 Outubro 13h00 – Making of Das Rheingold (documentário RTP) Bilhetes de «Última Hora» – Duas horas antes de cada
espectáculo de ópera, os bilhetes disponíveis serão
17h30 – Making of Das Rheingold (documentário RTP) colocados à venda ao preço de 20C para a plateia, frisas
e camarotes grandes de 1.ª e 2.ª Ordem grandes. Os
restantes lugares da sala poderão ser adquiridos a 15C.
18h30 – Die Walküre (produção TNSC 2007) Duas horas antes de cada concerto, os bilhetes
disponíveis serão colocados à venda ao preço de 10C.
Formas de pagamento
11 Outubro 15h00 – Making of Das Rheingold (documentário RTP) Numerário, Cheque, Multibanco e Visa.
Legendas
16h00 – Das Rheingold (produção TNSC 2006) No caso de apresentação de óperas em língua estrangeira
o Teatro garante um sistema de legendagem em português.
Pontualidade
Depois do início do espectáculo não é permitido o acesso
12 Outubro 15h00 – Making of Das Rheingold (documentário RTP) à sala até que tenha lugar o primeiro intervalo, durante
o qual os espectadores serão conduzidos aos seus lugares
18h30 – Siegfried Transmissão em directo pelos assistentes de sala.
Gravações e fotografias
Não é permitida a utilização de qualquer tipo de
gravadores ou máquinas fotográficas no interior do Teatro.
Bengaleiro
O Teatro conta com um serviço de bengaleiro situado
dos dois lados exteriores da plateia.
Aparelhos sonoros
Agradecemos que sejam desligados telemóveis e relógios
electrónicos no interior da sala de espectáculos.
Cafetarias
Para além da cafetaria no Foyer, o Teatro conta com
um serviço de esplanada no Largo de São Carlos. Teatro Nacional de São Carlos
Rua Serpa Pinto, n.º 9 – 1200-442 Lisboa
Transportes Tel. 213 253 000 – Fax 213 253 083
Autocarros: 58, 100, 204* (*só serviço nocturno)
Eléctrico: 28; Metro: Baixa-Chiado Consulte a programação em www.saocarlos.pt