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São Luís
2017
1 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
Adam Schaff nasceu no dia 10 de março de 1913 e morreu no dia 12 de novembro de 2006.
Estudou na École de Sciences Politiques et Economiques de Paris.
Suas Obras:
Adam Schaff foi um filósofo marxista, sua obra se fundamenta nessa vertente, sua relação com
o marxismo estava relacionada ao materialismo histórico e à defesa da ação humana como
criadora do conhecimento em relação ao contexto social.
Em primeiro lugar, temos que excluir os países que tradicionalmente são agrupados no
Terceiro Mundo, mas que, tendo em vista o seu tamanho e o seu desenvolvimento efetivo,
ultrapassam muitos dos países do Primeiro e do Segundo Mundo. Sequer este grupo, porém, é
unitário.
A situação dos países norte- africanos como a Argélia e o Egito é diferente: embora se
diferenciem em muitos aspectos dos demais países do Terceiro Mundo, é indubitável que fazem
parte deste grupo. Sua situação específica, comparada com a de outros países do Terceiro
Mundo, consiste em que são mais avançados do ponto de vista industrial, mas não são
suficientemente ricos para se permitirem um desenvolvimento moderno que leve em conta as
exigências da atual revolução industrial.
A situação dos ricos países petrolíferos do Oriente Médio é ainda mais complicada.
Atualmente, tais países dispõem de meios financeiros para sair do Terceiro Mundo, mas são
impedidos pelo peso de um sistema político anacrônico e de formas de ordenação da sociedade
que já não mais se observam em nenhuma outra parte do mundo, como é o caso da escravidão.
A atual revolução industrial afetará também o mercado dos países de Terceiro Mundo
de diversas outras maneiras. Seus produtos, que graças à mão-de-obra barata podia competir
nos mercados dos países industrializados, perderão sua posição privilegiada na nova situação.
Pois se sua produção continuar através dos métodos tradicionais, não serão mais respeitadas as
regras da concorrência; se modernizar, será eliminada a mão-de-obra, como já ocorre nos países
mais industrializados, agravando o problema do desemprego estrutural dos países de Terceiro
Mundo.
É evidente que este processo terá também repercussões na esfera social e política. As
condições específicas dos países do Terceiro Mundo farão com que tais repercussões sejam
mais agudas, e socialmente mais perigosas, do que nos países do Primeiro Mundo, e
especialmente do Segundo Mundo.
Os problemas dos países de Terceiro Mundo, por mais difíceis que sejam, podem ser
solucionados. Mas a condição necessária para isto é a ajuda dos países industrializados (do
norte), tanto no financiamento de toda a operação (são necessários gastos materiais imensos
que os países do Terceiro Mundo não podem permitir) quanto na elevação do nível cultural das
massas, para que possam realizar a transição à categoria de países industrializados. A realização
destes requisitos enfrentará a resistência dos financiadores potenciais, mesmo que seus países
venham a ser incomparavelmente mais ricos, mas também dos destinatários potenciais, que
certamente protestarão contra os mecanismos de controle embutidos na nova situação.
Comecemos com a ajuda material. A ajuda para os países de Terceiro Mundo não deverá
ser feita necessariamente sob forma de dinheiro, mas essa ajuda deveria consistir em bens
necessários à construção de uma nova infraestrutura no Terceiro Mundo. Portanto, quem deverá
proporcionar os meios para a compra destes bens por parte do Terceiro Mundo?
Seria muito fácil demostrar que a redução de armamentos em todo mundo resolveria
inteiramente o problema, mas o certo é que somente pessoas politicamente ingênuas podem
acreditar que os armamentos diminuirão nestes próximos vinte ou trinta anos. Ao contrário, é
mais razoável supor que aumentarão perigosamente e que isto consumirá grande parte da
crescente riqueza dos povos.
Os problemas do Terceiro Mundo devem abordados de outro modo: cada país deve
contribuir conforme a sua situação econômica. Para que se possa suportar todo peso desta tarefa
e realizá-la com sucesso, todas as nações do Primeiro Mundo (isto é, os países industrializados)
deveriam participar unidas na solução do problema.
Portanto, as nações de Primeiro Mundo estão dispostas assumir tal tarefa? Deve-se ter
presente que até agora nenhum apelo neste sentido obteve resposta, e hoje a situação mais difícil
porque todos os países devem enfrentar os problemas internos resultantes do crescente
desemprego estrutural. Por isso, é difícil acreditar que estes países venham se mostrar mais
“abertos” ás necessidades dos mais pobres.
Mas, supondo que tal hipótese ocorresse, o fenômeno teria que se basear no consenso
de todos os países industrializados, independentemente de seu sistema político, o que
significaria que todos deveriam assumir as obrigações correspondentes sob a direção de uma
organização internacional especial. Esta organização teria pleno direito de supervisionar a
execução de toda a iniciativa: da planificação internacional dos projetos até a distribuição dos
meios correspondentes para coloca-los em prática. Se produzisse o milagre e se colocasse à
disposição os fundos apropriados, então não se deveria perder a chance.
Ainda que no Terceiro Mundo fosse distribuindo um computador por cabeça, isto nada
modificaria sua situação, pois as pessoas não saberiam o que fazer com ele. Nestes países, o
caminho que leva à utilização apropriada da informática é logo e impregnado de obstáculos.
Seria uma oportunidade para encontrar ocupação honrosa, para milhões de “instrutores”
que poderiam ser recrutados dos exércitos de desempregados estruturais existentes nos países
industrializados. Isso ajudaria também a internacionalizar a cultura, no sentido das mútuas
influências culturais entre países e povos.
Podemos também tomar como exemplo a Argentina, Brasil e México como países de
Terceiro Mundo, e se acrescentarmos os países do Oriente Médio, Egito e África, fica ainda
mais evidente a necessidade de analisá-los separadamente, pois cada um possui suas
especificidades e, portanto, não se pode chegar a uma conclusão geral sobre todos eles.
Outra questão é que existem países que apesar de serem considerados como de Terceiro
Mundo, possuem desenvolvimento que ultrapassa até mesmo aqueles considerados de Primeiro
e Segundo Mundo, como é o caso da China Popular que em breve se tornará uma superpotência,
pois além da sua considerável população (um quarto da população do globo) possui um nível
de desenvolvimento científico e industrial bem elevado.
A China Popular na visão do autor não deveria estar inclusa nos países de Terceiro
Mundo, pois é altamente industrializada e independente; e se adequaria mais facilmente as
mudanças sociais ditadas pela nova revolução industrial. Já nos países da América Latina a
aceitação desse novo sistema geraria conflitos de classes, assumindo um caráter extremamente
violento, devido entre outras coisas aos restos do colonialismo e do neocolonialismo resultante
da política dos Estados Unidos na região.
Quantos aos países Norte-Africanos como a Argélia e o Egito que fazem parte do
Terceiro Mundo são bem mais avançados do ponto de vista industrial em comparação com os
outros, porém, não teriam condições de sustentar as exigências da moderna Revolução
Industrial, por não possuírem capital suficiente para tal.
A partir destas concepções podemos afirmar que cada país com suas singularidades,
reagiria de maneira diferenciada, pois levariam em conta suas condições sociais, históricas e
ideológicas.
Isto se torna evidente quando analisamos a situação dos países do Oriente Médio, a qual
acaba se tornando mais complicada, pois mesmo dispondo de meios financeiros para sair do
Terceiro Mundo questões políticas e culturais os impedem.
Mesmo enfatizando a necessidade de fazer uma análise separada para cada país, o autor
nos afirma que as consequências da atual revolução industrial podem ser tanto catastróficas
quanto extremamente positivas. Entretanto, analisando os pontos colocados pelo mesmo,
discordamos quando afirma que os países de Terceiro Mundo serão afetados indiretamente, pois
como sabemos o dilema da dependência financeira é algo que afeta diretamente a grande
maioria destes países, visto que o não investimento por parte dos países de Primeiro Mundo
como aponta o autor, geraria problemas econômicos alarmantes.
Com relação aos aspectos positivos o autor relata que a revolução da microeletrônica
conseguiria acabar com os principais problemas que assolam os países de Terceiro Mundo que
são: a fome, escassez de água e a desertificação.
Ao afirmar que teoricamente o problema da fome pode ser resolvido com os progressos
da engenharia genética, é necessário que façamos uma reflexão a cerca desta informação, pois
sabemos que essa problemática está associada também ao o tipo de sistema que organiza a vida
em sociedade (Capitalismo), a distribuição de renda e ao trabalho. Assim, seria utópico
concordar com tal posicionamento.
Outro aspecto importante a ser comentado trata do que o autor expõe ao mencionar que
a solução para o desenvolvimento dos países de Terceiro Mundo está na ajuda dos países
industrializados (do norte), que ajudariam tanto no financiamento quanto na elevação do nível
cultural das massas. Tal solução, assim como mencionado no parágrafo anterior, traz a ideia de
utopia, pois se o que se pretende é a elevação dos países de Terceiro Mundo para Primeiro,
entende-se que estes, portanto, seriam independentes. Diante disto, alguns questionamentos
quanto à realização dessa revolução nos levam a refletir se os países de terceiro Mundo
verdadeiramente seriam beneficiados. O que podemos observar é que os benefícios seriam
majoritariamente apenas para uma classe, isto é, para aqueles que detém os meios de produção,
pois os demais permaneceriam imersos em uma realidade de pobreza, submissão e dependência.
Em uma visão mais geral podemos dizer então que os verdadeiros beneficiados com a
revolução serão apenas os países de Primeiro e Segundo Mundo, os quais se tornariam ainda
ricos e industrializados, enquanto os países de Terceiro Mundo permaneceriam nas suas
condições de dependência e pobreza, apenas com uma diferença; o status de países avançados
tecnologicamente.
Por fim concordamos com o autor quando diz que para resolver os problemas dos países
não basta apenas enviar uma quantidade adequada de microcomputadores para cada um deles,
é preciso algo além, algo que abarque aspectos não só econômicos, como também culturais e
sociais. A solução, portanto, está em uma nova sociabilidade, a qual deva superar entraves como
individualismo, corrupção, exploração e distribuição desigual de renda.