Sunteți pe pagina 1din 4

Boa tarde,

Primeiramente, gostaria de agradecer a presença daqueles que aqui estão, (falar nomes dos amigos
por comparecerem), em especial a de meu orientador Arthur Ávila e dos professores que compõe a
banca, Cesar Augusto Guazzeli e Fernando Nicolazzi, por ajudar a construir o trabalho que hoje
defendo, através da orientação, leitura e avaliação.

O presente trabalho se fez possível através da minha inclinação, enquanto graduando do curso de
História, em trabalhar o cinema e suas representações como potenciais fontes históricas. Essa
inclinação encontrou suporte ao longo do curso em diversas cadeiras ofertadas pelo Departamento,
seja com bibliografias sugeridas ou pelo simples interesse dos docentes em reconhecer, no cinema,
uma valiosa e legítima fonte histórica em potencial.

A fonte analisada por mim é o filme Bastardos Inglórios, de 2009, escrito e dirigido por Quentin
Tarantino; meu objeto de estudo, aqui, é a representação do nazismo presente nessa obra e diversas
outras questões que se apresentam em paralelo – principalmente, as problemáticas éticas e
narrativas que se apresentam ao tratar da Segunda Guerra Mundial, do Nazismo e do Holocausto.
Conforme demonstro no trabalho, e resgatarei em minha exposição oral, Bastardos Inglórios
possibilita a apresentação destas discussões, a partir de seus elementos narrativos, temáticos e
estéticos.

O “autor” do filme – seu escritor e diretor e, portanto, responsável pela elaboração destes
elementos – é Quentin Tarantino, cineasta norte-americano que encontrou sucesso e consolidação
na indústria durante a década de 1990 com filmes caracterizados pela violência, tempo não-linear, o
uso do humor e a temática da vingança. “Bastardos Inglórios” pode ser considerado o primeiro filme
do diretor a transportar estes motivos estéticos e temáticos a um contexto histórico – Em Bastardos,
a Segunda Guerra Mundial e, em Django Livre de 2012 e Os Oito Odiados de 2016, ao Estados
Unidos escravocrata. Nestas três obras, o tema da vingança ganha a dimensão de “vingança
histórica”, onde categorias convencionalmente tomadas como vítimas destroem violentamente os
perpetradores, afim de causar um efeito de catarse no público.

Conforme apresento em meu trabalho, a campanha de divulgação de Bastardos Inglórios explorou


amplamente a temática da “vingança histórica”. A ideia de que o filme seria prazeroso de ser
assistido por não mostrar judeus como vítimas, e sim como vingadores sangrentos também aparece
em entrevistas de Quentin Tarantino e Eli Roth. Entretanto, ao realizar uma análise mais
aprofundada do filme, reconhecemos, principalmente, outros dois motivos narrativos: o grande
destaque dado ao cinema – metalinguisticamente através de referências a outras obras mas
também explicitamente no clímax da narrativa – e a inversão na forma de representação de nazistas
e judeus. Verificamos que na obra em questão, salvo dois personagens, os estadunidenses judeus
que compõe os Bastardos são retratados como bufões bidimensionais, sanguinários e ignorantes ; os
nazistas, por sua vez, surgem como figuras que destoam do que consideramos, a priori, como a
representação tradicional do nazista no cinema estadunidense – representação esta que é
investigada no segundo capítulo de meu trabalho. Para além disso, o clímax do filme – a explosão do
cinema – propõe a visualização de um grupo de nazistas sendo mortos em um grande forno por uma
personagem judia. Outro ponto problemático levantado é o do personagem Hans Landa, coronel da
SS, retratado como carismático, extremamente capaz e principal gerador de humor no filme, além
de estar presente no maior número de capítulos da narrativa.

São estes os elementos que possibilitam o encaminhamento de discussões sobre os limites éticos
das narrativas do Holocausto e do Nazismo que compõe o terceiro capítulo de meu TCC. Antes
destas discussões, entretanto, achei necessária uma breve investigação sobre o que considerava
representações tradicionais do nazismo no cinema norte-americano, afim de verificar a sua validade
e entender o seu contexto de construção.

Esta investigação levou a elaboração de um breve histórico das representações nos filmes, que dividi
em três momentos, cada momento com alguns filmes emblemáticos. Primeiramente, analisei os
filmes Confissões de um Espião Nazista, de 39; Prelúdio de uma Guerra, de 1941 e Casablanca, de
1942. Observei que estes filmes caracterizam suas personagens nazistas como astutas, inteligentes e
sádicas – inimigos extremamente capazes, portanto. A luta contra estes inimigos representava a luta
contra inimigos da raça humana como um todo. Atribuo o caráter destas representações com a
presença real do nazismo e da Guerra, o que se apresenta de maneira mais explícita no filme de
1941, realizado com o objetivo de mobilizar as tropas e a população estadunidense no conflito.

No segundo momento, desloco-me para a década de 1970 com o filme Ilsa, a Guardiã Perversa da
SS, de 1975. Trata-se de um filme do gênero nazisploitation: como elementos específicos, este filme
contém cenas longas de sexo e de violência sexual, associando a tortura de prisioneiros de campos
de concentração – em especial mulheres – com o prazer sexual. Ilsa, a personagem nazista que dá
nome ao filme, é extremamente sádica, e sua sexualidade é colocada em primeiro plano. Associo
estas características com os nazistas presentes nos filmes da série Indiana Jones, do diretor
estadunidense Steven Spielberg. Nestes, os nazistas são também sádicos e bidimensionais,
apresentados como obstáculos a serem ultrapassados em uma aventura fantasiosa. O paralelo mais
explícito se apresenta em Indiana Jones e a Última Cruzada, de 1989, obra que contém a
personagem nazista Elsa Schneider, que se assemelha muito com Ilsa, do filme de 75.

O fetichismo sexual presente no imaginário do nazismo – algo explorado por Susan Sontag em seu
artigo Fascinating Fascism –é algo que se apresenta no terceiro e último “momento” que apresento,
onde volto meu olhar para o filme A Lista de Schindler, também de Steven Spielberg. Aqui, o
personagem nazista que tem o papel de principal antagonista também é marcado pelo desejo sexual
por uma personagem judia. Esse desejo atinge seu clímax em uma cena que culmina em um brutal
espancamento desta personagem, cena esta criticada pela forma com que o corpo da personagem é
fotografado, efetivamente erotizando a cena de violência.

A Lista de Schindler supostamente tem um objetivo diferente dos filmes anteriormente citados: o de
educar as novas gerações sobre os horrores do Holocausto e garantir a sobrevivência da memória
das vítimas, dos sobreviventes e de Oskar Schindler. Entretanto, é um filme que não escapa de
críticas: o antagonista nazista, Amon Goth, é tão sádico e unidimensional quanto os das
representações anteriores. Para além disso, apresentamos autores que percebem as cenas dos
massacres nazistas nos guetos judeus como momentos de espetacularização destes atos em função
de seus excessos. Se Tarantino se diz cansado de ver judeus como meras vítimas – o que seria sua
justificativa para criar Bastardos Inglórios – em nenhum outro filme isto é mais presente que em A
Lista de Schindler.

No último capítulo de meu TCC, procurei apresentar as problemáticas narrativas e éticas destas
representações com Bastardos Inglórios em mente. Meu primeiro ponto de análise é a questão do
nazista humanizado. A percepção do nazista como personificação do mal absoluto é criticada por
inserir estes perpetradores reais e historicamente construídos em um plano fantasioso; neste
sentido, o trabalho de Hannah Arendt na coletânea de ensaios sobre Adolf Eichmann é determinante
para a análise deste problema. O problema, entretanto, tende a inverter-se: quais os limites que
aparecem ao retratar-se os nazistas como figuras absolutamente banais? Trago aqui o exemplo
presente no filme O Leitor, de 2008, baseado em um romance de 1995. Aqui, a personagem nazista,
teria sido cúmplice do 3º Reich por ser analfabeta. O foco, nesta obra, não são as vítimas do
Holocausto e do nazismo, e sim Hanna Schmitz, vítima de sua própria ignorância. Trata-se de uma
abordagem que considero perigosamente apologética; como exemplo positivo, trago o filme
Julgamento em Nuremberg, de 1961, que explora a questão da culpabilidade de cúmplices do
nazismo. Neste filme, a aceitação de Hitler por parte de homens inteligentes e capazes, é atribuída
ao medo e ao desespero. Apesar disso, e apesar de qualquer culpa que possam sentir, estas
personagens não são premiadas com uma redenção ao fim da narrativa.

Pela presença do humor em Bastardos Inglórios, apresento as discussões teóricas sobre as


possibilidades de narrativas humorísticas sobre o nazismo e o Holocausto. Para além da existência
de relatos sobre o papel desempenhado pelo humor dentro dos guetos e campos de concentração,
aqui, duas linhas de pensamento são evidenciadas: em primeiro lugar, a noção de que o riso pode
ser uma ferramenta valiosa para o tratamento e elaboração do trauma nos sobreviventes; uma
alternativa ao silêncio e ao luto, respostas estas respeitosas e solenes mas potencialmente
debilitantes. Em segundo lugar, a proposição de que filmes do Holocausto que contém humor só
funcionam quando estabelecem-se enquanto fantasia, distanciando-se da pretensão de reproduzir o
acontecido. Isso envolve a discussão de que o Holocausto seria impossível de ser reproduzido e
descrito.

Esta ideia de impossibilidade permeia o fim do último capítulo. Adorno escrevera sobre o assunto,
criticando a noção de extrair prazer de uma obra de arte que se baseia em sofrimento humano.
Entretanto, representações do Holocausto existem aos montes, em uma pluralidade de
características variantes; boa parte delas, tentando extrair algum sentido do Holocausto e do
nazismo, frequentemente transformando os dois eventos em uma metáfora genérica sobre os males
do racismo e da injustiça. Ademais, estas narrativas normalmente possuem um desfecho – do inglês,
closure – algo que não se repete no mundo real, seja nas reinterpretações do evento ou na memória
dos sobreviventes. As narrativas fantásticas, por sua vez, podem incorrer no problema de
trivializarem o Holocausto e servirem de aporte para apologistas ou negacionistas.

Tudo isso aponta para a ideia de que representar o nazismo e o Holocausto seja algo de fato
impossível e até mesmo nocivo – o problema, porém, se constitui por estarmos avançando no
tempo, e os participantes remanescentes começando a desaparecer. Ainda no sentido de que as
representações seriam – por falta de termo mais adequado – necessárias, trago as ponderações de
Dominick LaCapra sobre o potencial destas representações – cinematográficas ou não – em
processos de elaboração do trauma.

Para finalizar, concluo que a análise de Bastardos Inglórios permitiu a apresentação destas
discussões acerca dos limites e problemas das representações do nazismo. Sinto-me a vontade para
mencionar, ainda que brevemente , inúmeras representações do nazismo estadunidenses que
parecem carregadas de pouca (ou nenhuma) responsabilidade ou reflexão: o filme de super-heróis
X-men, de 2001, tem sua cena inicial situada em Auschwitz, onde situa-se o antagonista da narrativa.
Serve como uma analogia para a fantasia central do filme (de que os personagens mutantes são
perseguidos pelos humanos por serem diferentes) e para motivar os atos de vilania do antagonista,
que acredita que a humanidade como um todo é inerentemente odiosa. O filme de 2011 “Capitão
América: O Primeiro Vingador” apresenta a organização fictícia Hydra, uma divisão do exército
nazista que serve de inimiga para o herói-título, e que cuja imagem serviu de base para bonecos
infantis. O jogo de videogame eletrônico “Wolfenstein: The New Order”, de 2014, tem como mote
colocar o jogador exterminando violentamente inimigos nazistas sem rosto. São alguns exemplos de
representações do nazismo feitas de maneira pueril e inconsequente, visando o esvaziamento de
sentido e, em ultima instância, trivialização do evento e período. Por outro lado, o filme alemão “A
Queda”, de 2004, retrata de maneira séria os momentos derradeiros do 3º Reich; apesar da
seriedade, uma cena do filme em que Hitler critica seus oficiais é infinitamente parodiada na
internet. Pode-se argumentar que essas paródias esvaziam a figura de Hitler de qualquer sentido ou
impacto negativo, como também pode-se dizer que servem para esvaziar a figura de qualquer poder
ou dignidade. Minha posição é de que os dois fenômenos não são excludentes.

Devo dizer, ainda, que considero Bastardos Inglórios um filme tecnicamente muito bom e
competente. Apesar disso, à luz das discussões que tento apropriar, encontro inúmeros problemas.
A “subversão de papéis” me parece desrespeitosa e irresponsável, ainda que motivada por “corrigir”
outras representações também imperfeitas e incômodas; o mesmo posso dizer da figura de Hans
Landa e todo seu carisma. Não quero, com estes apontamentos, sugerir qualquer tipo de proibição
ou censura; Porém, tendo a posição de que o assunto demanda responsabilidade; de que o
progressivo desaparecimento de sobreviventes demanda ainda mais responsabilidade; de que o ano
de 2017 viu o desacobertamento de defensores do nazismo, que sentiram-se seguros para carregar
bandeiras com a suástica em público nos Estados Unidos e, finalmente, com o olhar de Historiador
em formação, devo assumir a posição de criticar, sim, representações cinematográficas do nazismo
que considero imperfeitas e desrespeitosas de quaisquer limites éticos.

Obrigado.

S-ar putea să vă placă și