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Universidade de Brası́lia

Departamento de Matemática
Prof. Celius A. Magalhães

Cálculo III
Notas da Aula 04∗

Limites
As aproximações são um tema central em Cálculo: aproximar números irracionais por
frações; aproximar gráficos por retas tangentes; aproximar áreas de figuras arbitrárias por
áreas de retângulos... Em qualquer caso, objetos pouco conhecidos são aproximados por
objetos bem conhecidos, e o problema é saber se essas aproximações podem ser tornadas tão
boas quanto se queira. Esse passo, de tornar as aproximações tão boas quanto se queira, é a
ideia central de limite, uma ideia que permeia toda a Matemática.

Lembrando: Limites em Uma Variável


Como motivação, considere o problema de fabricar um comprimido que tenha o raio
r0 > 0 e a altura h0 > 0 como medidas ideais, de forma que o volume ideal seja V0 = πr02 h0 .
No entanto, toda fabricação inclui erros, e tanto no raio quanto na altura. Se o volume real
do comprimido for muito menor do que o ideal, o comprimido pode não ter o efeito esperado;
se for muito maior, pode ser prejudicial à saúde.
O problema do fabricante é então o de controlar os erros no raio e na altura de modo que
o erro no volume não exceda a uma margem de tolerância dada.

Para fixar ideias, suponha que não haja erros na altura, de


r
forma que o erro no volume decorra apenas do erro no raio. Nesse
r0 caso, se r > 0 é o raio real, então o volume correspondente é a
função V (r) = πr 2 h0 , com V (r0 ) = V0 . Os erros no raio e no
volume são dados por |r − r0 | e |V (r) − V0 | = πh0 |r 2 − r02 |, res-
Erro em r0 pectivamente, e é claro que o segundo erro depende do primeiro.

Suponha agora que o erro no volume deve ser menor que uma margem de tolerância dada,
digamos ǫ > 0, que pode ser arbitrariamente pequeno. Assim, deve-se ter que |V (r)−V0 | < ǫ.
Nesse caso, o problema do fabricante é determinar uma margem de segurança δ > 0 de modo
que, se o erro no raio for inferior a δ, isto é, se |r − r0 | < δ, então o erro no volume está
dentro da margem de tolerância. Resumindo, dado ǫ > 0, deve-se encontrar δ > 0 tal que

|r − r0 | < δ =⇒ |V (r) − V0 | < ǫ (1)

Para simplificar um pouquinho, suponha que o erro no


raio não seja muito grande, por exemplo, que |r − r0 | ≤ 21 r0 . V0+ǫ
Isso significa que, em qualquer caso, o erro é menor ou igual
V0−ǫ
à metade do raio ideal. Com essa hipótese tem-se que
5
|r + r0 | = |r − r0 + 2r0 | ≤ |r − r0 | + 2r0 ≤ r0 , (2)
2
e daı́ segue-se que r0−δ r0+δ

5
|V (r) − V (r0 )| = πh0 |r 2 − r02 | = πh0 |r + r0 ||r − r0 | ≤ πh0 r0 |r − r0 | (3)
2

Texto digitado e diagramado por Yuri Santos a partir de suas anotações de sala

Pronto! Isso já responde ao problema do fabricante: dado ǫ > 0, basta escolher δ < πh0 5r0
.
De fato, com essa escolha e da desigualdade acima tem-se que
5
|r − r0 | < δ =⇒ |V (r) − V0 | < πh0 r0 δ < ǫ (4)
2
De acordo com a próxima definição, o que se fez acima foi mostrar que lim V (r) = V0 .
r→r0

Definição 1. Tem-se que lim V (r) = V0 se, dado ǫ > 0, existe δ > 0 tal que
r→r0

|r − r0 | < δ =⇒ |V (r) − V0 | < ǫ

Em palavras, essa definição equivale a dizer que V (r) pode ser tornado tão próximo de
V0 quanto se queira (o valor de ǫ > 0 pode ser tão pequeno quanto se queira), desde que r
esteja suficientemente próximo de r0 (|r − r0 | < δ, com δ > 0 suficientemente pequeno).

Limites em Várias Variáveis


A definição de limite, dada acima no caso de função de uma variável, é praticamente a
mesma para funções de duas ou mais variáveis.

Para ilustrar essa afirmação considere mais uma vez o exemplo


do comprimido, mas agora supondo que o volume V (r, h) seja
r0 r
função do raio r > 0 e da altura h > 0. Como antes, suponha
h0 h
que r0 e h0 sejam as medidas ideais, de modo que o volume ideial é
V (r0 , h0 ) = πr02 h0 . Os erros nas medidas são |r − r0 | e |h − h0 |,
Erros em r0 e h0 e o correspondente erro no volume é |V (r, h) − V (r0 , h0 )|.

Suponha novamente que o erro no volume deve ser menor que a margem de tolerância
ǫ > 0, isto é, que |V (r, h) − V (r0 , h0 )| < ǫ. Nesse caso, o problema do fabricante agora é
determinar uma margem de segurança δ > 0 de modo que, se os erros no raio e na altura
forem inferiores a δ, isto é, se |r − r0 | < δ e |h − h0 | < δ, então o erro no volume está dentro
da margem de tolerância. Resumindo, dado ǫ > 0, deve-se encontrar δ > 0 tal que

|r − r0 | < δ e |h − h0 | < δ =⇒ |V (r, h) − V (r0 , h0 )| < ǫ (5)

A ideia é tratar separadamente as variáveis r e h, argumen-


tando da seguinte maneira: para comparar V (r, h) com V (r0 , h0 ), h
primeiro compara-se V (r, h) com V (r, h0 ), mantendo r fixo e va-
riando apenas h; em seguida, compara-se V (r, h0 ) com V (r0 , h0 ), h0
mantendo h0 fixo e variando apenas r. Essa ideia, conhecida
como o “argumento da esquina”, como ilustra a figura ao lado,
pode ser implementado usando a desigualdade r0 r

|V (r, h) − V (r0 , h0 )| = |V (r, h) − V (r, h0 ) + V (r, h0 ) − V (r0 , h0 )|


≤ |V (r, h) − V (r, h0 )| + |V (r, h0 ) − V (r0 , h0 )| (6)

Suponha agora, como anteriormente, que o erro no raio não seja muito grande, por exemplo,
que |r − r0 | ≤ 21 r0 . Com essa estimativa, pode-se argumentar como em (2) para obter que

5
|V (r, h0 ) − V (r0 , h0 )| ≤ πh0 r0 |r − r0 | (7)
2

Cálculo III Notas da Aula 04 2/5


Além disso, da hipótese de que o erro no raio não seja muito grande, segue-se que
3
|r| = |r − r0 + r0 | ≤ |r − r0 | + |r0 | ≤ r0 (8)
2
e usando essa estimativa obtém-se que
9
|V (r, h) − V (r, h0 )| = π|r 2 h − r 2 h0 | = πr 2 |h − h0 | ≤ π r02 |h − h0 | (9)
4
Finalmente, substituindo (7) e (9) em (6) obtém-se
5 9
|V (r, h) − V (r0 , h0 )| ≤ πh0 r0 |r − r0 | + π r02 |h − h0 |
2 4
≤ πK(|r − r0 | + |h − h0 |) (10)

onde a constante K é, por exemplo, a soma K = h0 25 r0 + 94 r02 .


ǫ
Pronto! Isso já responde ao problema do fabricante: dado ǫ > 0, basta escolher δ < 2πK
.
De fato, com essa escolha e da desigualdade acima tem-se que

|r − r0 | < δ e |h − h0 | < δ =⇒ |V (r, h) − V (r0 , h0 )| ≤ πK(δ + δ) < ǫ (11)

O que se fez acima foi mostrar que lim V (r, h) = V (r0 , h0 ), de acordo com a
(r,h)→(r0 ,h0 )

Definição 2. Tem-se que lim V (r, h) = V (r0 , h0 ) se, dado ǫ > 0, existe δ > 0 tal que
(r,h)→(r0 ,h0 )

|r − r0 | < δ e |h − h0 | < δ =⇒ |V (r, h) − V (r0 , h0 )| < ǫ

Agora fica mais claro que a definição de limite é praticamente a mesma em uma, duas
ou mais variáveis. Em qualquer caso, dada uma margem de tolerância ǫ na imagem, deve-
se determinar uma margem de segurança δ no domı́nio de modo que, se todas as variáveis
estiverem dentro da margem de segurança, então a margem de tolerância será atendida.

A semelhança entre os casos de uma ou mais variáveis


h pode ser tornada ainda melhor se for introduzida a distância
k entre os pontos P = (r, h) e P0 = (r0 , h0 ). De fato, como
|h − h0 |

P0

kP p
h0 kP − P0 k = |r − r0 |2 + |h − h0 |2 (12)
|r − r0 |
tem-se que kP − P0 k é pequeno se, e somente se, |r − r0 | e
|h − h0 | são pequenos. Usando essa equivalência, segue-se
r0 r que a Definição 2 é equivalente a

Definição 3. Tem-se que lim V (P ) = V (P0 ) se, dado ǫ > 0, existe δ > 0 tal que
P →P0

kP − P0 k < δ =⇒ |V (P ) − V (P0 )| < ǫ

Agora sim, comparando-se as definições 1 e 3, percebe-se que, conceitualmente, elas são


as mesmas. A diferença é apenas em relação à distância, igual ao módulo |r − r0 | no caso de
uma variável e igual à norma kP − P0 k no caso de duas variáveis. É claro que a definição
será a mesma no caso de três ou mais variáveis, e não será necessário aprender nada de novo.
O próximo exemplo usa limites para estudar o comportamento de uma função na vizi-
nhança de um ponto que não está no domı́nio.

Cálculo III Notas da Aula 04 3/5


Exemplo 1. Sejam P0 = O, D = R2 \{P0 } e f : D → R a função dada por

3x3
f (x, y) = .
x2 + 2y 2

Decida quanto à existência do limite lim f (P ).


P →P0

Solução. A dificuldade do exemplo é que, à medida que P = (x, y) se aproxima de


P0 = (0, 0), o denominador se aproxima de zero e, em princı́pio, a função poderia tornar-se
ilimitada nas vizinhanças de P0 .
Um forma de descobrir o comportamento da função é estudá-la ao longo de retas que
passam por P0 . Por exemplo, ao longo do eixo Ox, a função é f (x, 0) = 3x3 /x2 = 3x, e
portanto f (x, 0) → 0 quando x → 0. Analogamente ao longo do eixo Oy. Também ao longo
das retas y = mx, com m ∈ R, tem-se que f (x, mx) = 3x/(1 + 2m2 ) → 0 quando x → 0.
Esse comportamento sugere que lim f (P ) = 0. E, de fato, tem-se que
P →P0

3x3 2

= 3|x| x

|f (P ) − 0| = 2 − 0 ≤ 3|x| (13)
x + 2y 2 x2 + 2y 2
p
uma vez que x2 /(x2 + 2y 2) ≤ 1. Mais ainda, como |x| ≤ x2 + y 2 = kP k = kP − P0 k, da
desigualdade acima segue-se que

|f (P ) − 0| ≤ 3|x| ≤ 3kP − P0 k (14)


Agora é claro que, dado ǫ > 0, basta escolher δ = ǫ/3 para
se ter que

P ∈ D e kP − P0 k < δ =⇒ |f (P ) − 0| ≤ 3kP − P0 k < ǫ (15)

Assim, de acordo com a Definição 3, tem-se que


lim f (P ) = 0. A figura ao lado ilustra o gráfico da função.
P →P0 

Exemplo 2. Decida quanto à existência do limite lim f (P ) no caso em que P0 = O e


P →P0
f : D → R é a função
−xy
f (x, y) = .
x2 + y2
definida em D = R2 \{P0 }.

Solução. Observe que a função é identicamente nula tanto ao longo do eixo Ox quanto do
eixo Oy, uma vez que f (x, 0) = f (0, y) = 0 para quaisquer x 6= 0 e y 6= 0. Assim, para
que exista o limite, o valor e f (x, y) deve estar próximo de 0 para todos os pontos (x, y)
suficientemente próximos de (0, 0).
No entanto, ao longo da reta y = x, a função é constante
e igual a f (x, x) = −1/2. Isso significa que existem pontos
tão próximos de (0, 0) quanto se queira nos quais a função
fica longe de 0, e a conclusão é que o limite não existe!
Em geral, ao longo da reta y = mx, a função é constante
e igual a f (x, mx) = −m/2. Como esse valor depende da
inclinação m da reta, segue-se que não existe lim f (P ).
P →P0

Esse comportamento pode ser percebido no gráfico da função, ilustrado acima. 

Cálculo III Notas da Aula 04 4/5


O que de fato foi usado no exemplo acima é o seguinte: ao longo de retas distintas a
função tem limites distintos, e portando não existe o limite lim f (P ). É claro que esse
P →P0
critério pode ser usado em outros exemplos, e não é necessário que sejam retas, podendo ser
escolhidos quaisquer dois caminhos que passam pelo ponto P0 . Isso fornece um critério para
a não existencia do limite, como enunciado abaixo:
Regra dos dois caminhos: Se, ao longo de dois caminhos distintos que passam por P0 , a
função f possui limites distintos, então não existe o limite lim f (P ).
P →P0

Em geral, no estudo de um limite lim f (P ), o primerio passo é estudar a função ao longo


P →P0
de retas que passam por P0 . Se P0 = (x0 , y0 ), essas retas são da forma y = y0 + m(x − x0 ),
e deve-se estudar se existem os limites em uma variável limx→x0 f (x, y0 + m(x − x0 )). Se
um desses limites não existe, ou se existem mas dependem da inclinação m da reta, então
não existe o limite lim f (P ). Caso todos esses limites existam e sejam todos iguais, vale
P →P0
tentar outros caminhos, como parábolas, raı́zes, ou outros quaisquer caminhos. Se forem
encontrados dois caminhos com limites distintos, então o limite lim f (P ) não existe.
P →P0
Mas, atenção: se, ao longo de todos os caminhos que forem tentados, os limites existirem
e forem iguais, isso não significa que o limite lim f (P ) exista. De fato, sempre se pode
P →P0
escolher um caminho diferente dos que já foram tentados e, ao longo do qual, a função pode
ter limite diferente. Esta situação está ilustrada no exemplo a seguir.

Exemplo 3. Decida quanto à existência do limite lim f (P ) no caso em que P0 = O e


P →P0
f : D → R é a função
2x2 y
f (x, y) = .
x4 + y 2
definida em D = R2 \{P0 }.

Solução. Tem-se que f (x, 0) = f (0, y) = 0 para quaisquer x = 6 0 e y 6= 0, e portanto a


função se anula ao longo dos eixos. Também ao longo das retas y = mx tem-se que

2x2 (mx) 2mx


lim f (x, mx) = lim = lim = 0.
x→0 x→0 x4 + (mx)2 x→0 x2 + m2
Assim, ao longo de todas as retas, o limite existe e é igual a
zero. Mas não se pode concluir daı́ que o limite lim f (P )
P →P0
exista!! De fato, ao longo da parábola y = x2 , tem-se que

2x2 (x)2
lim f (x, x2 ) = lim = 1.
x→0 x→0 x4 + (x2 )2

Daqui e da regra dos dois caminhos segue-se então que


o limite lim f (P ) não existe. A figura ao lado ilustra o
P →P0
gráfico da função. 
De uma maneira geral, estudar a função ao longo de caminhos, usando o limite em uma
variável, é importante para mostrar que o limite não existe, como na regra dos dois caminhos.
No entanto, estudar a função ao longo de caminhos não ajuda muito para mostrar que
o limite existe. Pode acontecer de o limite ser igual ao longo de vários caminhos, e parecer
que o limite em duas variáveis existe. No entanto, como não se conhece “todos” os caminhos,
pode existir algum outro caminho em que o limite é diferente! Assim, para mostrar que o
limite existe, deve-se usar a definição. Pode-se ainda usar as propriedades do limite, como
indicado na próxima aula.

Cálculo III Notas da Aula 04 5/5

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