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Sumário
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grupos humanos, em tempos muito recuados. Essa incipiente globalização criou redes
e fluxos de gente, animais, plantas, artefactos, conhecimentos, doenças e
miscigenação, em quadros territoriais cada vez mais vastos. Essa primeira
globalização que durou milénios não foi uniforme mas, teve um foco essencial no
Médio Oriente, entre o Mediterrâneo e o vale do Indo. Esse processo teve,
naturalmente, altos e baixos, sendo de salientar a constituição de encerramentos
autárcicos na China do século XV, no Japão do século XVI ao XIX e na Europa feudal.
Ninguém pagou patentes nessas transmissões de conhecimento, embora houvesse
quem quisesse evitar a sua transmissão, em regra com resultados apenas
temporários; a propagação da tecnologia e do conhecimento sempre teve caráter
incremental, com cada criação tomada como algo adicional a uma longa cadeia de
contributos. Mas, só o capitalismo transformou o conhecimento em patente, como uma
mercadoria, que se compra e se vende.
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independências mais recuadas ou mais recentes, como muitos dos que não passaram
de semicolónias.
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Sobre os temas da soberania, do militarismo e do patriotismo, poderá consultar-se:
http://grazia-tanta.blogspot.pt/2012/08/o-militarismo-instrumento-politico-e_18.html
http://grazia-tanta.blogspot.pt/2012/07/para-que-servem-as-forcas-armadas.html
http://www.slideshare.net/durgarrai/o-capitalismo-predatrio-e-a-estupidez-patritica-1
http://www.slideshare.net/durgarrai/a-estupidez-patritica-e-a-globalizao-2
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A canonização de Nuno Álvares Pereira é um exemplo da ligação entre a religião e os feitos militares:
http://www.rtp.pt/play/p2055/e328891/radicais-livres
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incorporassem diversas culturas ou povos, sob a hegemonia de uma classe política,
de uma etnia, muito ciosa da sua supremacia e intratável face a separatismos, como
se vem assistindo na Espanha pós-franquista; ou em processos conduzidos de modo
mais civilizado pela experiente City, face à Escócia.
A subida dos preços internos reduzirá o valor aquisitivo dos salários se não for
acompanhada de uma forte reivindicação dos trabalhadores para um aumento que, no
mínimo, compense a taxa de inflação. Assim, sendo a inflação mais um instrumento de
redução do valor efetivo dos salários, a desvalorização da moeda torna-se uma forma
indireta para transferir rendimento para os capitalistas. Por outro lado, as compras e
vendas ao exterior levadas a cabo pelos capitalistas permitem manobras fraudulentas
de subfacturação das exportações - ficando parte do valor efetivo retido, à ordem de
capitalistas nacionais, no exterior, mormente em offshores; e no caso das importações,
o instrumento adequado para colocar capitais fora do país é a sobrefaturação. Como
se sabe, no capitalismo globalizado, os capitais movimentam-se livremente, sem
subterfúgios, saindo das regiões do planeta onde a rendabilidade é menor ou onde
carga fiscal é mais pesada, para aqueles países onde a rendabilidade é maior ou os
impostos mais leves, penalizando as áreas menos “competitivas”; como aliás tem
acontecido desde os alvores do capitalismo.
Por outro lado, uma vez que o acesso a moeda estrangeira, para a compra de bens
importados é controlado, ou mesmo punido pelo poder, isso serve para fidelizar a
população à compra junto dos capitalistas nacionais, seja de bens produzidos
localmente ou importados; podendo aqueles, assim, constituir margens mais elevadas
de lucro, promover artes especulativas, protegidos da concorrência externa, através do
acesso privilegiado a moedas de aceitação global.
Hoje, na maior parte das situações de pequenos e médios países a realidade é distinta
da observada atrás, ao tempo em que as fronteiras, de facto, existiam, com todo o seu
peso institucional e excludente.
Hoje, não são os capitalistas nacionais que estruturam os territórios nacionais, mesmo
que continuem com um papel, muito variável, caso a caso, nessas funções; são as
multinacionais e o sistema financeiro que procedem a essa estruturação, em ligação
com a economia do crime, local e global. Em estados-nação mais poderosos ou ricos,
como a China, a Rússia ou os EUA, por exemplo, os capitalistas nacionais têm um
papel variável que é dominante ou muito significativo; até porque detêm um papel
relevante através de multinacionais ou do capital financeiro deles oriundos. Esse papel
é reduzido na grande maioria dos outros, uma vez que não detêm poder económico ou
político para ombrear com as multinacionais ou o sistema financeiro global; e as
classes políticas indígenas, elas próprias, encontram-se bastante inseridas nas redes
globais de negócio, ainda que em posições subalternas, embora desenvolvendo as
suas próprias redes locais de crime e corrupção.
O trabalho deixou de ser um quintal vedado para uso exclusivo dentro de courelas
nacionais, com a saída em massa de gente em busca de uma vida melhor, a fuga para
a emigração, dos países pobres assolados pela fome, pelos desastres ambientais e
climáticos e pela guerra, para os países ricos da Europa, da América do Norte, para as
petromonarquias e outras áreas menos apelativas. E são os próprios capitalistas
nacionais que recorrem à imigração em épocas e sectores específicos, apesar das
medidas propostas por Trump que certamente não irão acabar com imigrantes
indocumentados, dispostos a aceitar baixos preços pelo seu trabalho. Globalizados
pelas multinacionais, todos os espaços nacionais se integraram – mesmo com a
bandeira nacional a flutuar nos mastros da fronteira – como pontos de cruzamento das
redes das multinacionais, como pontos de venda ou de obtenção de recursos
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competitivos, sejam eles matérias-primas, produtos agrícolas ou industriais, serviços
ou trabalho.
Os capitais, cujos movimentos estão liberalizados, entram num país para nele serem
investidos ou, saem dele para investimento externo; o que acontece com poucos
entraves, de acordo com as instruções de entidades globais, como a OCDE, a OMC
ou no seu âmbito próprio, a UE. Esses investimentos vindos do exterior (muitos com
capitais de residentes, previamente colocados em offshores) dirigem-se, obviamente e
como sempre, aos sectores onde os seus titulares entendam beneficiar em ganhos de
capital ou, em termos mais gerais, no contexto das suas próprias cadeias de
produção, onde quer que estas se localizem. E, no caso dos capitais especulativos,
com enorme fluidez e imprevisibilidade.
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no modelo actual, de capitalismo globalizado. Convém que se tenha em consideração
que capitalismo globalizado não é a mesma coisa que globalização, ao contrário do
que acintosa ou estupidamente muita gente diz por aí.
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Sobre a dívida, os seguintes, entre outros textos
http://grazia-tanta.blogspot.pt/2016/12/como-o-sistema-financeiro-captura.html
http://grazia-tanta.blogspot.pt/2017/01/como-o-sistema-financeiro-captura.html
http://grazia-tanta.blogspot.pt/2017/01/como-o-sistema-financeiro-captura_14.html
http://grazia-tanta.blogspot.pt/2016/11/a-divida-como-troca.html
http://grazia-tanta.blogspot.pt/2016/11/reestruturar-divida-publica-nada.html
http://grazia-tanta.blogspot.pt/2016/05/divida-publica-divida-publica-cancro.html
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utilizamos na nossa vida habitual é composto por um número variável de peças,
produzidas em vários pontos do mundo, de acordo com os aspetos acima referidos e
mais alguns parâmetros, mais políticos do que técnicos:
Essa separação fragiliza qualquer luta isolada dos trabalhadores porque no âmbito
da segmentação da produção, um mesmo componente é fabricado em vários locais
distanciados, o que inviabiliza uma pressão laboral susceptível de provocar
qualquer rotura de stocks;
Uma multinacional acossada com uma greve localizada pode fechar essa unidade
sem prejuízos incomportáveis, porque não perturba a cadeia logística montada.
Pelo contrário, o mais habitual é que essa unidade tenha grande importância no
contexto da região ou do país onde está instalada, em termos do emprego e da
massa salarial inerente; e sabendo disso, não é difícil a multinacional convencer o
governo local ou nacional a agir com a subtileza própria do cacete para jugular o
protesto;
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Finalmente, note-se que toda esta meticulosa arquitetura montada pelos capitalistas
de topo envolve um elevado volume de capitais, capacidades técnicas de ponta e
uma gestão profissionalizada que não existe em países menos desenvolvidos,
parcos de infraestruturas, de conhecimentos avançados e capitais autóctones para
estabelecer e colocar em funcionamento estruturas produtivas desta envergadura.
Assim, os capitalistas nacionais não são competitivos, não podem ombrear com as
multinacionais no contexto global, só sobrevivendo em áreas ou segmentos de
mercadorias de baixas tecnologias, com potencial de venda nas proximidades e nas
quais seja essencial um baixo preço para o trabalho. Note-se que em Portugal a
fábrica da Volkswagen em Palmela tem uma relevância de primeira grandeza como
âncora setorial, pelo volume de trabalhadores qualificados que enquadra, pelos
níveis salariais que vigoram; porém, é apenas uma fábrica da Volkswagen entre
muitas outras, cuja direção de topo está na Alemanha. O encerramento dessa
fábrica teria efeitos catastróficos na economia regional e nacional mas, certamente
faria parte de um rearranjo na logística global de Volkswagen que não afetaria a
Alemanha. E, como é óbvio, nenhum capitalista português terá, alguma vez
capacidade para erigir uma marca de automóvel, em competição com alemães,
japoneses, franceses…; mesmo com o apoio garantido dos arautos das políticas
patrióticas de esquerda ou de direita, de cima ou de baixo.
No seu conjunto, mesmo separados pela geografia e pela cultura, esses trabalhadores
são os elementos centrais que conhecem e enformam todo o processo produtivo.
Porém, existem elementos que distorcem esse processo, com objetivos próprios que
não são os dos trabalhadores, dos consumidores, dos utilizadores dos bens ou
serviços produzidos; e que estão longe, na sua avidez, de ter em conta o equilíbrio do
planeta.
Depois da dispersão inicial que se seguiu à saída das imediações do Lago Turkana, o
género humano protagonizou lógicas de integração cada vez mais alargadas, embora
muitas vezes de forma brutal. Hoje, a despeito da existência de várias culturas, as
relações entre elas são multifacetadas, a interdependência entre os povos é crescente
e as tecnologias existentes suplantam claramente as tradicionais barreiras nacionais.
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que se acelerou depois da II Guerra. A subjetividade contida nas organizações de
trabalhadores não se adequou à objetiva construção de um capitalismo globalizado. E,
por outro lado, a lógica burocrática imanente a um capitalismo de estado, agravada
pela competição militar face aos EUA conduziu à estagnação e ao desmoronar do
modelo soviético. Essa realidade foi estudada devidamente no seio do PC chinês que,
mantendo o controlo político, social e económico do país através de uma cuidada
planificação estratégica, soube recolher conhecimentos no exterior, aplicá-los à
realidade chinesa e avançar com um projeto capitalista que encaminha a China para o
retorno à posição de principal potência mundial que tinha tido até ao século XVI.
Simbolicamente, Xi Jiping e Trump representam bem a ascensão da China e
decadência dos EUA, mascarada pelo seu ineficaz militarismo.
Recordamos abaixo, os sumários dos textos que precederam o aqui presente e que
lhe serviram de base,
ÍNDICE GLOBAL
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O futuro precário do estado-nação (1)
A - Notas para o nascimento do estado-nação
1 - A expansão colonial conduziu à construção do Estado moderno
2 - O Estado, elemento essencial para a acumulação
3 - Nações e estados-nação
4 – O engrandecimento de um aparelho de estado envolve sempre violência
5 - L’Etat, c’est moi!
6 – A importância do patriotismo
7 - O início do capitalismo industrial
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http://www.slideshare.net/durgarrai/documents
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