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Quando morre a democracia?

Valor Econômico · 25 Jul 2017 · Antonio Delfim Netto

Há um mal estar nas sociedades, desde as mais prósperas e integradas à economia mundial até as mais pobres e dela desintegradas. É visível a
dificuldade de adaptação de todas elas às circunstâncias concretas vigentes: enfrentar os problemas do envelhecimento demográfico; reconhecer o
limite físico dos recursos para atender a todas as demandas; incapacidade de adaptar-se à rápida evolução tecnológica; inconformismo com a relati-
va estagnação da melhoria intergeracional; ampliação das desigualdades na distribuição de renda e, acima de tudo, a enorme insegurança na manu-
tenção do emprego revelado por sua ampla flutuação no último decênio. Esse mal estar estressa o indivíduo. Leva-o ao pessimismo e, este, à propen-
são para aceitar aventuras propostas por demagogos “populistas” que prometem à sociedade o conforto de uma piscina aquecida. Ao mergulhar ne-
la, o estressado “quebra a cara” porque verifica que ela está vazia!

Essa situação pode ser empiricamente apreciada no recente levantamento do Pew Research Center, realizado entre 16/02 e 28/04 de 2017, que
ouviu 34.788 cidadãos em 32 países (excluída a China). À pergunta aberta “A atual situação econômica de seu país está pior ou melhor, as respostas
variaram muito, como se vê na tabela abaixo.
Os números são surpreendentes e devem ser interpretados com cautela, porque é dificílimo encontrar relação de “causalidade” num fenômeno
tão complexo. A resposta revela um sentimento íntimo que deve ser muito influenciado pela coincidência ou não da preferência do cidadão pelo par-
tido que determina a política social e econômica. A correlação entre “pior” ou “melhor” e a qualidade do regime democrático é praticamente nula.
Isso sugere duas mudanças possíveis no futuro próximo: 1) um aperfeiçoamento dos regimes eleitorais naqueles países onde a convicção de que a
democracia, com o poder incumbente eleito em prazo certo e pelo sufrágio universal honesto, é o melhor ou 2) uma tentação autoritária que pode
ocorrer depois de um desastre eleitoral em que — inadvertidamente — se entrega o poder a um demagogo oportunista bem servido de uma retórica
convincente...
A tabela sugere três exemplos:
1. Turquia: situação apoiada por ampla maioria a um governo que enfrentou (ou inventou) um “golpe” para justificar o seu “contragolpe”, que
concentrou todo o poder no Executivo, eliminando a independência do Poder Judiciário, a liberdade de opinião e de ensino e a independência da
mídia. Tudo se encaminha para um regime autoritário;
2. França: situação inversa. Depois de anos de experiência com governos com tinturas ideológicas diferentes, mas incapazes de retornar a um
crescimento seguro, o “falso socialismo” com Holland não teve sequer condições de propor sua reeleição! Um sentimento de repulsa e indignação,
capturado por uma figura carismática, enterrou os partidos tradicionais e surpreendeu o mundo revelando a energia desconhecida que se esconde
numa sociedade democrática esclarecida. Respondendo às dificuldades e estimulada por Macron, a velha França apresenta-se como candidata a
mostrar ao mundo que, mesmo com uma soma de fracassos de sucessivos e ideologicamente diferentes governos incumbentes, a insistência na de-
mocracia acaba encontrando a energia necessária para uma experiência verdadeiramente revolucionária. Tem boa probabilidade de dar certo, se ti-
ver paciência para enfrentar a “esquerda” mais reacionária do mundo...
3. Polônia: a nação que com uma organização política autêntica, o sindicato Solidariedade, sob o comando de um líder carismático e o apoio mo-
ral do Ocidente, enfrentou a URSS (cansada e desiludida do socialismo “real”), quebrou um dos pés do “capitalismo de Estado” que em meio século
não gerou nem liberdade, nem igualdade, nem eficiência produtiva. Sofre hoje uma redução do crescimento e o partido que controla o governo, (“Lei
e Justiça”) enfrenta uma oposição dividida. Dá sinais estranhos de um desarranjo interno entre o Executivo e o Legislativo: uma lei recentemente
aprovada que permitira ao primeiro substituir todos os juízes da sua corte suprema, o que é um péssimo sinal para a democracia. O mesmo está
ocorrendo na Hungria.
A tabela mostra que o Brasil é o país onde é maior a separação entre os que esperam melhoria e os desiludidos! Isso, provavelmente, se explica
pela clara separação entre o poder incumbente e o que ele tem que fazer para superar a tragédia deixada pelo exagerado voluntarismo do governo
anterior. A história mostra que há múltiplas saídas para esse problema, mas a pior delas é exemplificada pela Turquia e pela Polônia. Quando os Po-
deres se estranham, quem morre é a democracia...
Correlação entre ‘pior’ ou ‘melhor’ e qualidade da democracia é nula Brasil na lanterna

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