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Lisboa: Página a
página, 2017.
[Comunismo: Cadáver vivente] “[...] visto que se decreta, como se fosse uma certeza
eterna, que o comunismo está definitivamente morto. Embora prossigam campanhas e
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“científicas” sucessivas, atacando aquilo que supostamente já não passa de um cadáver.
Estranho cadáver, que continua a suscitar tantas paixões irracionais!”. (p. 17)
[EUA: Mais Califórnia] “[...] Os EUA estão a tornar-se cada vez mais “californianos” e
cada vez manos “Nova Inglaterra” [...]”. (p. 21)
[PCFR: PCCh] “Se olharmos para o Partido Comunista da Federação Russa (KPRF),
verifica-se que mantém relações muitos estreitas com o Partido Comunista Chinês, o que
não impede que este desenvolva igualmente relações de partido a partido com a Rússia
Unida, o partido político putiniano. Mas, por sua vez, este não pode manter relações
oficiais com outros partidos comunistas não governamentais, como os da Grécia, de
Portugal, da Índia, da África do Sul ou da América Latina, e portanto pode considerar-se
que o KPRF é útil para o desenvolvimento de contatos internacionais que correspondem
aos interesses da política russa [...]”. (p. 47)
[Ideologia nova] “[...] Existe hoje na Rússia uma ideologia de Estado – diferente da época
tzarista ou soviética – que está em fase de construção, de jogo de correlações de forças
internas e externas, apoiando-se em elementos outrora completamente contraditórios uns
com os outros e que podem ser seletivamente explorados mais ou menos sob a autoridade
dos poderes estatais [...]”. (p. 49)
[Síria] “[...] está ainda por saber que lugar caberá ao socialismo na Síria do pós-guerra,
na medida em que no seu último congresso o Baath, com os partidos de esquerda seus
satélites, parece ter-se consciencializado das consequências socialmente negativas das
tentativas de parcial liberalização económica tomadas nos anos 2000 e ter reafirmado a
sua vontade de reatar com as suas bases sociais iniciais, os operários e os camponeses.
Também aqui o futuro poderá ajudar a clarificar os fundamentos dos objetivos e das
escolhas feitas em Moscovo”. (p. 55)
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[Ideologia terrorista] “Globalismo neoliberal e globalismo de religiões reduzidas a uma
amálgama de regras binárias: funcionam bem juntos, no fim de contas. Isto num momento
em que, na sequência da crise mundial, emerge por toda a parte uma juventude
lumpenizada, adepta de uma ideologia do pequeno proprietário, que agora se tornou de
facto impraticável devido à concentração capitalista crescente. Daí a necessidade de
responder a essa impossibilidade através do sonho de um paraíso quase material mas
remetido para o além, já que o desmantelamento dos regimes socialistas não permite por
agora colocar a questão simultaneamente islâmica e socialista do controlo dos meios de
produção e de troca, por conseguinte da recusa da especulação, da usura, do crédito e das
moedas virtuais que não são produto do trabalho e de um risco compartilhado”. (p. 58)
[Contradição russa] “[...] existe uma contradição entre os interesses ligados à burguesia
imperialista, globalizada, compradora, e aquilo a que temos de chamar uma burguesia
nacional [...]”. (p. 73)
[Forças] “[...] temos portanto um Pútin que se tornou extremamente popular entre a
população, porque restaurou o Estado, o orgulho nacional, as finanças nacionais, e pagou
ou mandou pagar regularmente os salários, ainda que miseráveis. Um Pútin que até certo
ponto também mete medo aos oligarcas, porque se sabe que poderia sempre apelar ao
povo contra eles. Mas, por outro lado, os oligarcas conservam o controlo da economia,
dos ministérios económicos, dos bancos e de uma parte dos postos governamentais ou
regionais. Face a eles, os ministérios de força (Segurança do Estado, exército, polícia,
aparelho de justiça), a que se soma hoje uma grande parte do aparelho diplomático, tentam
fazer contrapeso. Alcançou-se assim um ponto de equilíbrio instável entre estes dois pólos
de poder [...]”. (p. 74-5)