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Medicina
9º Período
2018-1
Internato em Gestão
Tema: Princípios e Diretrizes do SUS – (Tarefa 2)
Docentes: Ana Pimentel, Karine Siqueira e Pablo Oliveira
Discentes: Francielle Santana; Luis Ribeiro da Silva Neto; Marcos Felipe
Almeida Costa
Para iniciar as discussões acerca dos princípios e diretrizes que regem o atual Sistema Único de
Saúde no Brasil, é importante compreende-lo historicamente e como produto resultante de
um processo político e que expressa concepções sobre saúde e doença, direitos sociais,
gestão, as relações entre as esferas de governo do país e outros.
Numa análise inicial e considerando sua base legal, o SUS é estruturado em torno de três
documentos/leis principais. A primeira é de 1988 e está na Constituição Federal, que passa a
entender a saúde como um setor que estrutura a seguridade social; a segunda é a famosa lei
8.080, chamada Lei Orgânica da Saúde de 1990, que dispõe sobre a organização e regulação
das ações e serviços de saúde no território brasileiro; e a terceira, também de 1990, que
estabelece o formato da participação popular no SUS e regulamenta as transferências
intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde. Muitas normas e decretos
atualizam o sistema desde então, mas sempre baseados nesses documentos citados.
Após uma análise de tais documentos, criou-se uma discussão em torno dos termos
“princípios” e “diretrizes”, sobre quais seriam as bases para organização e estruturação do
sistema. No entanto, quando comparados um a um, os mesmos se mostram como sinônimos
nesse caso, já que apesar de diferentes nomenclaturas, se tratarem dos mesmos pontos.
Descentralização, integralidade e participação da comunidade, tomada a legislação em seu
conjunto, são apresentados ao mesmo tempo como princípio e diretriz. Assim, é importante,
mesmo dentro de conceitos semelhantes, definir "princípios" para a base filosófica, cognitiva e
ideológica do SUS, e "diretrizes" para a forma, as estratégias e os meios de organização do
sistema para sua concretização.
Com a universalidade “o indivíduo passa a ter direito de acesso a todos os serviços públicos de
saúde, assim como àqueles contratados pelo poder público” (MS, ABC do SUS, 1990). Agora,
todas as pessoas passam a ter o direito à saúde, rompendo com o modelo excludente anterior
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Num contexto histórico, a saúde passa a ter uma concepção completamente diferente, já que
antes tinha-se um sentido de seguro social, em que os trabalhadores e empregadores
financiavam as Caixas de Aposentadoria e Pensões (Caps) regulados pela Lei Eloi Chaves de
1923. Assim, não existia um conceito de garantia de saúde a todos.
Um trecho do ABC do SUS de 1990 resume muito bem tal princípio: “consiste em ‘assegurar
ações e serviços de todos os níveis de acordo com a complexidade que cada caso requeira’ (...)
“todo cidadão é igual perante o SUS e será atendido conforme suas necessidades”.
Assim, o SUS, ao abraçar esse princípio, tem o desafio da construção de estratégias que
reflitam a participação e a emancipação cívica e social, expressas no texto constitucional e na
luta histórica pelo direito à saúde no país.
O terceiro princípio que norteia o Sistema Único de Saúde é o da Integralidade. A partir dele
fica reconhecido que “cada pessoa é um todo indivisível e integrante de uma comunidade” e
que “as ações de promoção, proteção e recuperação da saúde formam também um todo
indivisível e não podem ser compartimentalizadas” (MS, ABC do SUS, 1990). Ficou
estabelecido, assim, que as unidades prestadoras de serviço, em seus graus diversos de
complexidade, configuram um sistema capaz de prestar assistência integral. Além disso, o
indivíduo é concebido como “um ser integral, biopsicossocial e deverá ser atendido com esta
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visão integral por um sistema de saúde também integral, voltado a promover, proteger e
recuperar sua saúde” (MS, ABC do SUS, 1990).
Ainda hoje, existem discussões envolvendo os diversos significados desse princípio e o que ele
garante. Alguns deles apontam uma quebra histórica com a dualidade entre ações de
preventivas e curativas, anteriormente administradas de maneira separada pelo governo.
Nesse momento o atendimento integral deve priorizar as ações preventivas, sem prejuízo das
ações de assistência. Isso significa afirmar que o usuário do SUS tem o direito a serviços que
atendam às suas necessidades com prioridade para o desenvolvimento de ações preventivas.
O certo é que todos os sentidos estão corretos e, em suas singularidades, apontam melhorias
que têm sido feitas desde a concepção do SUS e da interpretação de seus princípios.
Ao mesmo tempo em que estimula essa descentralização, a norma também cria condições
para que isso aconteça, definindo instâncias de representação nas 3 esferas do governo. Até o
ano 2000, 99% dos municípios haviam aderido ao SUS.
de saúde e do controle da sua execução, em todos os níveis, desde o federal até o local. Essa
participação ocorre por meio dos conselhos de saúde que têm poder deliberativo, de caráter
permanente, compostos com a representatividade de toda a sociedade. Sua composição deve
ser paritária, com metade de seus membros representando os usuários, e a outra metade, o
conjunto composto por governo, profissionais de saúde e prestadores privados de serviços.
Referências: