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Jesus no nosso meio

Chiara Lubich
Role, 5 de agosto de 2004

Este tema que falaremos agora é um pouco insólito para mim.


Porém, deveria causar um determinado efeito. Estudando-o com alguns
focolarianos da Escola Abbà, sobretudo com Gerard, causou-me um
grande efeito novo!
Eu entendi de maneira nova o que é o nosso Carisma. Nós não
imaginamos o que é o nosso Carisma, não conhecemos o seu valor,
sobretudo para a Igreja...
Iniciamos agora uma série de considerações sobre um dos pontos da
nossa espiritualidade: Jesus no meio, que, de acordo com a última
revisão dos nossos Estatutos, conclui os 12 pontos da “Espiritualidade
da Unidade” ou “Espiritualidade de comunhão”. (O Papa entende a
espiritualidade da unidade assim, pois foi como a definiu nos últimos
documentos)
Este ponto está no final: eu escolho Deus que é Amor; amo e vivo o
Evangelho; amo Jesus Abandonado; amo Maria, Mãe da Unidade; o
Espírito Santo nos faz um; tudo para chegar a Jesus no meio.
O objetivo do nosso itinerário espiritual é dar vida a Jesus,
espiritualmente presente entre nós, seguindo o exemplo de Maria, que
lhe deu a vida física.
Contudo, antes de começar a examinar os meus escritos sobre “Jesus
no nosso meio”, pareceu-me importante e útil que eu aprofundasse
pessoalmente, com o auxílio da Escola Abbà, este ponto da nossa
espiritualidade na Revelação e na sua dimensão eclesiológica.
Nesta primeira parte explanarei o que compreendi quanto a isso e
que me parece importante.
A seguir, veremos como o Carisma nos revelou a presença de Jesus
no nosso meio, no início do Movimento, lendo as “cartinhas” que
escrevi, nos anos 40, aos primeiros membros do Movimento. Elas são
fantásticas! Só agora percebo isso; querem mesmo atingir o objetivo de
ter Jesus no nosso meio.
Então comecemos a refletir sobre a presença de Jesus no meio na
Revelação.

A presença de Jesus no meio na Revelação

Desde o início, a Igreja nascente e o Novo Testamento atestam a


presença de Jesus no meio (não é uma novidade nossa).
Os Evangelhos foram escritos na convicção de que Jesus
ressuscitados continua a agir e falar na comunidade cristã, por meio das
suas palavras (que encontramos no Evangelho) e das suas ações (porque
também hoje dá as graças, faz milagres, segundo a nossa fé).
De fato, os Evangelhos não são somente uma biografia que recorda a
vida de Jesus, mas são um convite para encontrá-lo e segui-lo agora,
pois também hoje Ele está realmente presente, embora numa forma
invisível.
O Carisma nos deu sempre essa convicção desde que constatamos,
por exemplo, que as promessas de Jesus se verificam ainda hoje. Isso
significa que Ele está sempre presente.
É graças à sua ressurreição Jesus se faz presente também hoje.
É belo perceber como é essa ressurreição... Como é Jesus na
ressurreição!

A ressurreição faz com que Jesus esteja para sempre presente na


plenitude de vida, na mesma dimensão de Deus. É com essa plenitude
de vida que Ele continua presente.
Após a ressurreição, Jesus passa a ter uma condição diferente. A sua
relação com o cosmo muda radicalmente. Ele não está mais contido na
dimensão do tempo e do espaço na forma que nós conhecemos. É Ele
que contém em Si o espaço e o tempo. O universo físico e humano está
nele. Jesus não está mais submetido às leis que governam o mundo, pois
é Ele que as domina totalmente.

Jesus está presente também em cada ser e por isso podemos falar
com Ele também no nosso íntimo.
De fato, no ano passado falamos sobre a união com Deus, como a
encontramos e sentimos. Agora explico uma coisa nova que eu entendi.
Aquele Deus que, por uma iluminação especial do Espírito Santo, em
1949, eu vi sob toda a Criação, era provavelmente Jesus Ressuscitado. E
por que deveria ser Ele? Porque, assim como eu O vi, Ele unia todas as
coisas entre si, de forma que pareciam enamoradas umas pelas outras, e
é essa a sua característica.
O que faz este Jesus Ressuscitado em meio a nós, dentro de nós, que
abraça todos? A realidade bela é que Ele se coloca na posição de
unificar tudo.
Jesus Ressuscitado é o mesmo Jesus que sofreu o abandono, a cruz e
que gritou “Meu Deus, meu Deus...”, mediante este grito Ele venceu,
uniu-nos entre nós e com Deus. É ali que Jesus Ressuscitado ama, opera
e revela todo aquele amor que Ele tinha na cruz. Ele realiza esta coesão.
Também nós, na comunidade, acreditamos que somos Igreja, mas é
Ele que está sob todas as coisas. É Ele, antes de tudo, que nos une.
A Ressurreição de Jesus é o início da Nova Criação, na qual Ele é
visto e compreendido como aquele que realiza o projeto divino para o
mundo e para a humanidade. Todas as coisas encontram nele o seu
significado último.
O hino da Carta aos Colossenses canta: “Tudo foi criado Nele... por
meio Dele e para Ele. Ele existe antes de tudo e tudo subiste Nele.” (Cl
1, 15-17)
A sua característica é o Amor.
De fato, Jesus Ressuscitado não é uma presença estática. A
característica fundamental da Sua presença é o seu princípio unificador
e, portanto, ativo: o amor.
Na Ressurreição, Jesus é o Cristo na sua total doação de amor aos
homens. De modo especial, o grito de abandono revela que o Filho
assumiu perfeitamente a condição humana, limitada e pecadora, e a
restaurou em si. Ele a plasmou de amor.
Portanto, a Sua é uma presença que reúne e cria a comunhão entre os
homens, e entre eles e Deus.
A carta de São Paulo aos Efésios fala de recapitular todas as coisas
em Cristo (cf. Ef 1,10). Portanto, Deus quer recapitular todas as coisas
em, e mediante, Cristo Ressuscitado. Isso quer dizer: Jesus é a cabeça
da criação e lhe dá sentido.
***
Jesus Crucificado-Ressuscitado é o lugar de uma reconciliação que
se estende até confins do mundo. Não está presente somente na Igreja,
se estende...
No entanto, a presença universal do Ressuscitado se verifica em
primeiro lugar e, sobretudo, na Igreja; e torna-se real e visível na Igreja
se os cristãos se amam, senão não existe visibilidade, isto é, a Igreja não
é Ela mesma.
Eis o motivo porque muitos não amam a Igreja e dizem: Cristo sim, a
Igreja não... Porque não O vêem na Igreja. Ele será visto somente se nós
correspondemos a esta sua força unificadora e nos unimos, porque
assim Ele o deseja. Deste modo Jesus resplandece na Igreja.

Qual é a diferença entre a relação de Jesus com a Igreja e com o resto


do mundo?
A Igreja possui uma relação totalmente privilegiada com o Senhor.
Jesus Ressuscitado é a Cabeça do cosmo e da Igreja, mas somente a
Igreja é o seu Corpo.
A comunidade cristã, cada comunidade concreta, e não somente a
Igreja universal na sua identidade profunda, nada mais é que a pessoa de
Jesus Ressuscitado, como afirma São Paulo, escrevendo aos Coríntios:
“Vós sois o corpo de Cristo” (12,23).
A comunidade é Jesus presente, mas, atenção! – somente será assim,
de forma visível, se os cristãos se amarem.
A presença de Cristo na Igreja é sempre um chamado à unidade, a
construir a Corpo de Cristo com o amor recíproco. O carisma imprimiu
fortemente em nós esse chamado à unidade.
Porém, se o Soberano da Igreja é também o Senhor do cosmo, a
Igreja não pode ter a pretensão de conservar o Cristo só para si.
Portanto, a presença de Cristo na Igreja é também uma missão que a
impele na direção do homem.
Sendo Corpo de Cristo, a Igreja é em si mesma esse Corpo doado
para a vida do mundo, tal como Jesus. Nós sentimos esse chamado de
um modo todo especial: o nosso objetivo, de fato, é o que todos sejam
um.
Lendo aquelas “cartinhas”, podem parecer até exagerada, mas eu as
entendo melhor com este tema.
Escrevi, por exemplo, sobre a unidade para alguns padres
capuchinhos (que tinham encontrado o Ideal), e digo que isso é
maravilhoso, mas que eles devem mirar a toda Ordem franciscana.
Parece exagerado, mas não devemos ter Jesus só para nós, não seria
nem mesmo um Jesus verdadeiro; é necessário que seja para o mundo.
Escrevi também para Pescara, onde começava a nascer a
comunidade: “agora mirem toda a cidade”. Deus não nos fez
concretizar isso porque nos difundiu pelo mundo inteiro, nestes 60
anos...

Mas de que modo Jesus faz dom de si mesmo na Igreja?


Ele o faz por meio de canais que são a Palavra e os Sacramentos.
A Escritura torna Cristo presente em quem crê.
Cada pessoa, pelo Batismo – momento em que entra para a
comunidade cristã -, é inserida na íntima comunhão com Cristo
presente, ratifica depois pela Eucaristia.

Jesus presente entre nós continua ao longo do tempo a realizar a


unidade da Igreja, inserindo o cristão no seu Corpo.
A comunidade encontra a sua verdadeira identidade numa realidade
que a precede, isto é, a presença do Ressuscitado.
Às vezes pensamos que Jesus no meio está ou não presente. Ele
sempre está presente! Somos nós que somos e nãos somos cristãos.

É Ele que reúne os cristãos a si e entre eles.


Também o evangelista João vê no Crucificado-glorificado a origem
da unidade: “Quando eu for elevado da Terra, atrairei a mim todos os
homens” (Jo 12,32)
Eis outro esclarecimento: por que razão o Crucificado atrai?
Para conduzir todos à unidade com o Pai. A atração exercida pelo
Crucificado, fonte de comunhão, tem esta finalidade precisa: introduzir-
nos na vida de comunhão do Pai e do Filho.
Assim, o cristão é inserido no Seio do Pai.
O “pacto de 49”, nos fez entrar exatamente ali. Vivíamos a Palavra
que é Jesus Abandonado – a Palavra por excelência – tínhamos a
Eucaristia, porque o Pacto se realiza com a Eucaristia, e nos amávamos.
Com estes três elementos Deus nos fez penetrar na sua intimidade.
Isto para dizer que com a nossa experiência entendemos esta teologia
e vice-versa, a teologia ilumina a nossa experiência.

Essa comunhão com as Pessoas Divinas não deve ser entendida


como uma relação particular. De fato, nós conseguimos “entrar” quando
éramos em dois – Foco e eu. Depois vieram as outras focolarinas e
focolarinos e depois todos.
Dias atrás me fez muita impressão um livro que eu li com belos
pensamentos de personalidades cristãs e não cristãs, no qual um
escreve: “Não entramos sozinhos no Paraíso, o próprio Jesus chegou,
pelo menos, com o bom ladrão”.
Isto confirma que a comunhão divina com as Pessoas Divinas não
deve ser entendida como uma relação particular.
A expressão de Mateus, “Eu estou no meio de vós” deve ser
interpretada como “a presença de Deus em meio a Israel”. O povo
hebreu, por ser o povo eleito, pertencia a Deus e podia contar com a sua
proximidade.
Porém, já que existe uma continuidade entre a história da salvação de
Israel e a Igreja, que é a sua realização, a presença de Javé em meio a
Israel atinge o seu objetivo com a presença do Ressuscitado em meio ao
seu povo, que – como dissemos – é chamado a incluir a humanidade
inteira (Mt 28, 20b).
A presença de Jesus Ressuscitado espera nossa resposta.
É como quando falamos dos pólos da luz elétrica – a corrente é
potente, mas se os pólos não estão em contato, a luz não brilha. Jesus
está ali e deseja realizar a unidade, mas se nós não fazemos a nossa
parte, Jesus está presente, mas não aparece. Então a Igreja não é Igreja,
é uma espécie de caricatura.
Eu me lembro do Papa Paulo VI, que tinha entendido muito bem o
nosso Ideal, que uma vez pronunciou o seguinte discurso:
“Vocês estão aqui na Igreja, a liturgia deveria ser o momento da
presença de Cristo em meio a vós, mas não se iludam; não é quando
estamos um ao lado do outro que somos Igreja, é o amor recíproco que
nos faz Igreja.”
A presença de Jesus Ressuscitado – como já mencionei, espera a
resposta do homem. Podemos atuar na própria vida a presença de Jesus
se amamos.
A presença de Cristo, que constitui a fisionomia íntima da Igreja,
bem como de cada comunidade cristã, nunca faltou ao longo dos
séculos... Ela continua a manifestar-se em cada membro do Corpo de
Cristo que vive em coerência a sua fé. Ele está presente em cada
convivência religiosa (mosteiros, etc).
Eu vi recentemente um filme sobre Santa Clara de Assis; é certo que
elas tinham Jesus no meio no seu mosteiro, mas qual é a diferença entre
aquele Jesus no meio e o nosso, assim como o Espírito Santo nos pede?
Também em uma assembléia litúrgica (se não estão somente um ao lado
do outro), em cada família realmente cristã, contanto que o amor
recíproco seja mantido vivo, existe Jesus no meio.
O que existe de novo e que, segundo a Escola Abbà, nunca existiu?
O que existe de novo?
Criar as condições para que essa presença realiza a sua finalidade: a
unidade de todo o Corpo, que corresponde a nossa vocação a que todos
sejam um.
Esta é uma novidade. Deste modo começamos a entender a enorme
graça que recebemos com este Carisma...
Se as coisas são assim, é claro que a ágape não almeja realizar
primariamente obras de beneficência, mas a reciprocidade; a comunhão,
que torna “visível” o Senhor.
Lembro-me uma vez, quando eu estava em Einsiedeln, onde existe
um santuário muito bonito, e ali passavam muitos religiosos, vestidos
com os seus vários hábitos, e assaram diante de mim, de bicicleta,
algumas religiosas de Foucauld, vestidas com seu costume, como
lavadeiras, com um lenço azul. E, sabendo que o seu fundador dizia que
é preciso gritar o Evangelho, percebi que elas, tão jovens e belas,
vestidas daquela maneira, expressando a felicidade de Deus no coração,
gritavam o Evangelho: “Bem-aventurados os pobres...”; gritavam o
Evangelho com a própria vida.
Então eu me perguntei: e nós? Eu não sabia responder. Encontrei-me
com Natália, que faz logo uma grande unidade, e lhe disse: aquelas
irmãzinhas me fizeram um grande apostolado, testemunharam o
Evangelho. E nós?
Ah! - eu disse – porque tínhamos Jesus no meio “Disto conhecerão
se sois meus discípulos.” “Disto conhecerão... se vos amardes uns aos
outros”.
Entendemos que onde estivermos... devemos sempre ter Jesus no
meios, porque “Disto conhecerão...”. Ali está presente uma parte da
Igreja e, se não existe a unidade, não vale nada recebermos tantas
graças, os milagres que realizamos... Devemos estar unidos no Seu
nome, no Seu amor... Isto é importante, é a nossa vocação.
E assim certamente o amor ágape é orientado em primeiro lugar não
as obras de beneficência, mas à reciprocidade, à comunhão, que torna
visível o Senhor.
Cada divisão na comunidade, portanto, “vai contra a sua natureza”,
pois altera a identidade profunda da comunidade, que é Cristo presente.
Cristo não pode estar dividido. Um Cristo fragmentado é irreconhecível,
está desfigurado. É por essa razão que, algumas vezes, a Igreja não é
amada, pois, de certa forma, é uma caricatura de Igreja.

Viver de modo consciente com Jesus no meio é uma espiritualidade


eclesial e nos faz viver como Igreja. Com efeito “Jesus no meio” é
constitutivo da Igreja e não representa apenas um aspecto da vida cristã
como a pobreza, a oração, o estudo, o amor pelos marginalizados, etc.
Viver com Jesus no meio significa vivificar a identidade e vocação
da Igreja em si mesma.
Viver com Jesus no meio é atuar no „ainda não‟ da história, o “já” do
projeto de Deus para a humanidade. Porque seremos assim no Paraíso:
entraremos unidos no seio do Pai, senão não entramos.
A originalidade do nosso carisma não consiste somente em
conscientizar-se disso. O carisma nos dói doados para que, com Jesus
entre nós, contribuamos para a realização da finalidade de “Jesus no
meio‟‟, que é a unidade vivida por todos (o “que todos sejam um”).
A essa altura podemos compreender porque estudando e
comunicando a alguns focolarinos essas ideias ficamos fortemente
impressionados com a grandeza, a importância e unicidade do nosso
carisma, a ponto de me assustar: “Mas como caiu sobre nós uma graça
tão grande e também uma responsabilidade desse tipo?”
Entende-se porque o Papa, a um certo momento, viu a possibilidade
de dar a toda Igreja a espiritualidade que o Espírito Santo possui...
porque esta espiritualidade é a Igreja. E se nós, Igreja Católica,
fossemos assim, todos os cristãos viriam, porque vêem.
Durante o Simpósio Budista-Cristão aconteceu algo belíssimo.
Estavam presentes muitos budistas vindos da Tailândia e do Japão e nós
dizíamos aquilo que é mais importante não são os discursos que
preparamos, mas que estejamos no meio deles e tenhamos Jesus no
meio. Façamos isso e basta. Mantenhamos a Sua presença ente nós e
amemos a todos...
E aconteceu realmente assim, porque, no final, um monge ancião,
que tem sob sua responsabilidade mil templos e que trouxe os seus
melhores jovens, ergueu o crucifico e nos perguntou: “Vocês sabem
quem é este? Eu entendi nestes dias: o Super Amor. Talvez nem mesmo
os cristãos saibam o que é isto.”
E quem revelou isto àquele ancião?
Jesus entre nós. Eles o viram e entenderam. Isso para dizer o que é e
o que não é se nós não temos Jesus entre nós.

E agora podemos falar sobre a Eclesiologia da comunhão.


Por vários motivos, a partir do final da Idade Média, era muito
acentuado o aspecto institucional e jurídico na Igreja Católica.
Consolidava-se assim a distância entre a hierarquia e o povo cristão.
No antigo Direito Canônico, lia-se: “Jesus instituiu a Igreja como
sociedade desigual: pastores e rebanho...”. A eclesiologia pós-
tridentina definia a Igreja como “sociedade desigual”, isso também é
justo, se for vivido no espírito de Cristo, que, em primeiro lugar, coloca
o amor, como disse a Pedro “tu me amas” e, depois, “apascenta”.
Entender que os pastores são superiores e que possuem uma graça
especial em relação ao rebanho é óbvio. Porém, é preciso entender isso
do modo cristão, o que Jesus pensa sobre isso.
Essa mentalidade foi motivo de grandes sofrimentos para Foco,
contra a qual lutou ao longo de sua vida, e foi consolado ao ver essa
definição ser superada por meio do nosso carisma.
A hierarquia era superior aos fiéis, como a cabeça ao corpo. Tal
como Cristo-cabeça (Cf. Cl, 2,19; Ef 4,16), ela continha toda a riqueza
dos dons da salvação, com a função de comunicá-los ao “rebanho” que,
mediante a Palavra e os Sacramentos, tinha somente o direito de ouvir,
de obedecer e de rezar.
Porém, no século XX, o Espírito Santo fez nascer (assim dizem os
nossos focolarinos da Escola Abbà) vários carismas e movimentos e, de
modo especial, o carisma da unidade (o vêem justamente como algo
especial).
Ao mesmo tempo, impelindo à renovação bíblica, patrística,
litúrgica, o próprio Espírito preparava uma eclesiologia diferente, em
sintonia com o nosso carisma da unidade. A seguir, ela receberia o
nome de “Eclesiologia da comunhão”.
Essa eclesiologia se apóia em duas colunas: no Sacramento, “sinal
primordial da presença de Cristo é a comunidade” (e não a hierquia); e
em todos os cristãos, quer façam parte da hierarquia quer sejam leigos,
pois possuem a mesma dignidade. (Cf. Lumen Gentium, n. 32)
Ressalta-se que pastores e simples fiéis são irmãos: “Não vos façais
chamar de mestre, porque tendes um só Mestre e vós sois todos irmãos.
A ninguém chameis de vosso “pai” na Terra: porque só tendes um, o
Pai celeste”. (Mt 2, 8-9)
Se todos são irmão, em primeiro lugar, são chamados ao amor
recíproco.

Observemos agora como se vive a eclesiologia de comunhão na


nossa vida, considerando que tudo o que se diz aqui, do focolare, vale
para qualquer outra comunidade permanete ou temporária, presente no
Movimento.
Não somente! De certa maneira vale para qualquer comunidade
presenta na Igreja, sobretudo agora que o Papa propôs a “espiritualidade
de comunhão” em todos os níveis.
Mas como se vive no focolare a eclesiologia de comunhão?
Pelo fato de se afirmar na introdução de nosso Estatuto: “A mútua e
contínua caridade, que torna possível a unidade e traz a presença de
Jesus na coletividade, é, para os membros da Obra de Maria, a base da
sua vida em todos os seus aspectos (antes de rezar, de ir à missa...): é a
norma das normas, a premissa de qualquer outra regra”; a base da vida
de unidade é o amor recíproco.
Para nós, antes de tudo, deve existir a relação fraterna e a igualdade
entre todos; a seguir, vem o resto, como, por exemplo, o comando,
como um dever, e a obediência, também essa necessária.
Vivendo assim, o responsável do focolare permanece, na vida de
unidade, um focolariano, ou seja, um irmão igual aos outros. Junto com
os focolarianos, ele deve viver o amor recíproco, ser um “nada de amor”
para amar a todos e manter viva a presença de Jesus no meio.
E é com essa luz que terá a graça para guiar o focolare. Desta forma,
os focolarianos vêem que não é ele que comanda, mas Jesus no meio.
Fazendo assim, a sua autoridade é reconhecida com convicção e
amada pelos focolarinos, porque Jesus entre eles iluminará cada um e
fará com que aceitem intimamente a autoridade do responsável como
aquele do próprio Cristo presente no coração deles.
Se não agíssemos assim, se pensássemos que teríamos “Jesus no
meio” no focolare, com o simples ato de obediência no responsável,
poderíamos cair – por assim dizer- na eclesiologia precedente e
interpretar mal a presença de “Jesus no meio” no focolare, a ponto de
desfigurar o seu semblante.
Isso não corresponde ao nosso carisma, o qual afirma que Jesus no
meio “é gerado” pelo amor recíproco e não pela obediência a um
responsável.
Jesus não diz em Mt 18,20: “Onde dois ou três estiverem reunidos,
eu estou no meio deles.”
Como devemos nos comportar quando, quem preside, falta com o
seu dever de amar? Esta é uma pergunta importante.
Temos a resposta em Jesus Abandonado, o qual, tendo a impressão
de ter sido abandonado (portanto, de não ser amado pelo Pai), continuou
a amá-lo com um amor abissal, mais que heróico, e voltou a abandonar-
se nele.
Certamente, quando o responsável faltar no amor, será sempre
necessário obedecer. Deus não permitirá que as coisas prossigam assim.
Os responsáveis regionais seguem os responsáveis dos focolares, e a
esses podemos sempre recorrer. Eles têm a obrigação de garantir a
pureza do Ideal naqueles que devem servir.
Na “hora da verdade” podemos viver a fraternidade, porque o
responsável do focolare, segundo o nosso Estatuto, não é, enquanto tal,
o responsável, mas um simples moderador, que deve verificar-se se, ao
exprimir um julgamento, os focolarinos permanecem na verdade e na
caridade. Ele mesmo será objeto da “hora da verdade”, pois ele e os
outros responsáveis a farão pessoalmente, tendo o responsável regional
como moderador.

Conclusão
Preparando este tema, encontrei respostas novas para algumas
questões.
Compreendi melhor, por exemplo, porque às vezes Cristo é amado e
a Igreja não.
Eu repito que é porque a Igreja não se assemelha a Ele, não tem o
seu semblante, não é Jesus nela.
Por que ao longo dos séculos ocorreu a divisão entre cristãos? Um
dos motivos é exatamente este: a Igreja não refletia o semblante de
Cristo. Era difícil, para alguém, obedecer à Igreja.
Como restituir à Igreja o semblante de Cristo?
Este tema nos indicou como fazer: agindo para que ela seja o que
deve ser – o Corpo de Cristo.
Hoje, é possível contribuir para isso, vivendo e ensinando, ponto por
ponto, a “espiritualidade de comunhão”, “da unidade”, colocando Jesus
no meio, cujo fim é fazer com que Cristo, já vivo na Igreja, se manifeste
nela segundo as suas plavras: “Onde dois ou três estiverem reunidos, eu
estou no meio deles.” No “meu nome” significa nele, no seu amor.

A esta altura, concluímos que, ao recebermos o carisma na unidade,


nos foi entregue uma missão divina e grandiosa: ajudar a restaura o
semblante da Igreja.
O carisma é uma injeção divina a ser aplicada na Igreja a fim de que
seja o que deve ser.
Com o carisma, que nos doou, o Espírito Santo nos pede para
realizarmos o “que todos sejam um”.
É uma idéia que nos faz exultar, mas também tremer pela
responsabilidade que temos.
E atuaremos o “que todos sejam um”, se Jesus estiver
constantemente entre nós.
Isso está ao nosso alcance, sobretudo porque Jesus, naquela noite,
rezou para que isso se realizasse.

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