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Introdução
Indicações Geográficas, em seu conceito mais amplo, são indicações que
identificam produtos ou serviços em razão de sua origem geográfica, e que incorporam
atributos como reputação e fatores naturais e humanos, proporcionando produtos ou
serviços com características próprias, que traduzem a identidade e a cultura de um
espaço geográfico.
As Indicações Geográficas podem ser utilizadas para fomentar a comercialização de
bens ou serviços quando determinada característica ou reputação podem ser atribuídas à
sua origem geográfica.
A proteção das Indicações Geográficas pode ser para produtos industriais e agrícolas,
e nas legislações de alguns países, como o Brasil, também para artesanato e serviços.
Na Comunidade Europeia, a legislação em vigor protege vinhos, bebidas espirituosas e
produtos agropecuários. Apesar da proteção ser conferida em âmbito nacional, existem
diversos tratados internacionais que dão assistência na obtenção da proteção em
diversos países.
Abaixo são indicadas algumas das várias repercussões positivas das Indicações
Geográficas:
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• melhora na comercialização dos produtos ou serviços, facilitando o acesso aos
mercados através da propriedade coletiva.
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Dessa forma, no intuito de criar normas legais e sanções para combater a
contrafação, concorrência desleal e fraude, surgiu o arcabouço jurídico relacionado à
proteção das Indicações Geográficas.
Indicações Geográficas
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“Qualquer produto que contenha uma falsa indicação pela qual um dos países a que
se aplica o presente Acordo, ou um lugar situado em qualquer deles, seja direta ou
indiretamente indicado como país ou lugar de origem será apreendido no ato da
importação em cada um dos ditos países."
O termo Indicação Geográfica, em seu conceito mais restrito, está hoje diretamente
vinculado à definição estabelecida no acordo de TRIPS.
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Nesse cenário, o termo Indicação Geográfica, em seu sentido amplo, era utilizado,
antes do TRIPS, em negociações internacionais e sob os auspícios da OMPI, para
designar tanto Indicação de Procedência quanto Denominação de Origem. Hoje,
conforme mencionado, o significado atualmente aceito de Indicação Geográfica está no
artigo 22.1 do TRIPS.
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Segmento de áudio no 1:
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QAA 1: Enumere duas Indicações Geográficas utilizadas em seu país.
Resposta QAA 1:
Espero que você tenha encontrado alguma. Se não conseguiu, tente pensar o
porquê. Será que a noção de Indicação Geográfica não é muito conhecida entre os
produtores regionais, ou eles não percebem o valor dessas indicações?
A Marca é um sinal distintivo utilizado por uma pessoa física ou jurídica, para
distinguir seus próprios produtos ou serviços dos produtos e serviços de seus
concorrentes. A Indicação Geográfica é utilizada para indicar que certos produtos ou
serviços são provenientes de uma determinada área geográfica. Todos os produtores ou
prestadores de serviço dessa região podem utilizar essa indicação. Por exemplo,
Bordeaux e Champagne podem ser utilizadas por todos os vinicultores na área de
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Bordeaux e Champagne, mas somente a Moët & Chandon pode designar seu
Champagne Moët & Chandon ® como Marca de seu champanhe.
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Em diversos países são protegidas por legislação sui generis ou decretos. Em
determinados países Marcas, Marcas Coletivas e/ou de Certificação, são sinais distintivos
de determinada pessoa (física ou jurídica) para distinguir seus produtos de seus
concorrentes. Como exemplo cita-se o sinal distintivo do carneiro vermelho da
Denominação de Origem “Roquefort”, que é uma marca coletiva registrada da
Confederation Generale des Producteurs de Lait de Brebis et des Industriels de Roquefort
no INPI francês. A Apeleção de Origem Controlada Roquefort foi definida pela Lei de
26/07/1925 e depois por Decreto em 1979 na França. O Institut National de l’Origine et de
la Qualité – INAO é o responsável na França pela demanda de reconhecimento de
identificação de origem e de qualidade de produtos agroalimentícios e estabeleceu a base
de proteção do produto Roquefort em 1996 em nível da Comunidade Europeia.
O Brasil protege suas Indicações Geográficas por meio da LPI, que regula direitos e
obrigações relativos à propriedade industrial e dispõe sobre as Indicações Geográficas
em seu Título IV. O INPI é a entidade governamental responsável pelo registro das
Indicações Geográficas, sendo a Instrução Normativa INPI nº 25 de 21 de agosto de
2013, o instrumento legal normativo vigente que estabelece as condições de registro para
as Indicações Geográficas.
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concorrência desleal. Se a parte lesada quiser buscar proteção contra o ato ilícito, não é
necessária nenhuma formalidade, como o registro de promulgação de uma decisão
administrativa; a parte pode recorrer diretamente aos tribunais.
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O nome geográfico que se tornou genérico, ou seja, que é percebido pelo público
como tipo de produto ou de serviço, não pode ser protegido como indicação geográfica,
pois perdeu a evocação à sua região de origem, como é o caso do Queijo Minas, no
Brasil.
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Marcas Coletivas e Marcas de Certificação
As Marcas de Certificação, por outro lado, não são passíveis de apropriação: são
registradas na suposição de que qualquer pessoa que preencha as condições prescritas
possa utilizá-las. As Marcas de Certificação atestam a conformidade de produtos ou
serviços a determinadas normas ou especificações técnicas. Vejamos o exemplo da
Denominação de Origem protegida na Comunidade Euopeia em 1996, White Stilton
Cheese, que foi requerida pela The Stilton Cheese Makers Association que é também o
organismo de controle da Denominação de Origem Controlada. Esta protegeu no INPI do
Reino Unido duas Marcas de Certificação abaixo discriminadas:
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INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS NO BRASIL
A LPI institui, em seu art. 176, duas espécies de Indicação Geográfica: Indicação
de Procedência e Denominação de Origem.
Indicação de Procedência
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Alguns dos efeitos decorrentes da concessão da Indicação Geográfica foram a
valorização das terras da região e o aumento do turismo, com reflexos positivos na
gastronomia e hotelaria.
Tal fato contribuiu para a melhoria das condições de exportação dos vinhos e
espumantes do Vale dos Vinhedos que, a partir desse reconhecimento, puderam ter em
seus rótulos informações importantes para vinhos finos, como safra, variedade das uvas e
local de engarrafamento, só permitidas para produtos com Indicação Geográfica
reconhecida na União Europeia.
Denominação de Origem
A primeira foi o Litoral Norte Gaúcho, para o produto arroz, seguida de Costa Negra
no Ceará para camarões, depois foram as Regiões Pedra Madeira, Carijó e Cinza, em
Santo Antônio de Pádua, Rio de Janeiro, para pedras decorativas, Manguezais de
Alagoas para própolis vermelha (primeira denominação de origem envolvendo produto da
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biodiversidade brasileira) e Vale dos Vinhedos, para vinhos tinto, branco e espumante e
por fim, a Região do Cerrado Mineiro, para café.
Figura 03: Sinais distintivos das Denominações de Origem brasileiras reconhecidas até abril/2014.
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cidade, região ou localidade de seu território cujo nome seja Indicação Geográfica.
Assim, nota-se que é possível também proteger a representação gráfica, que deve evocar
a região cujo nome geográfico é protegido. Exemplos de representação gráfica das
Indicações Geográficas brasileiras, além das já citadas:
O Art. 180 estabelece que, quando o nome geográfico houver se tornado de uso
comum, designando produto ou serviço, não será considerado Indicação Geográfica. Tal
fato ocorre quando a percepção do público em relação ao nome geográfico é remetida ao
tipo, à espécie do produto, e não mais à região de proveniência de tal produto. Por
exemplo, no Brasil, temos um queijo que chamamos ‘queijo minas’, produzido em todo o
país e vendido no varejo como queijo com determinadas características de composição
técnica, embora ‘Minas Gerais’ seja o nome geográfico de um estado brasileiro, que tem
como tradição a fabricação de queijos.
Não se pode admitir, entretanto, qualquer falsa referência de origem, como ‘queijo
de Minas Gerais’ ou ‘produto do estado de Minas Gerais’. A referência para se fixar o que
é ou não genérico depende basicamente da percepção da sociedade em relação ao uso
do termo, ou seja, se ele evoca a região ou se ele remete ao tipo de produto ou serviço e
ao ambiente legislativo de cada país. Cabe ressaltar que o Acordo de Madrid, vigente no
Brasil em função do Decreto 19.056 de 31/12/29, em seu art. 4º, não permite que seus
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membros signatários considerem genéricas “as denominações regionais de proveniência
dos produtos vinícolas”.
O Art. 181 estabelece que o nome geográfico que não constitua Indicação de
Procedência ou Denominação de Origem poderá servir de elemento característico de
Marca para produto ou serviço, desde que não induza falsa procedência. Nota-se que um
nome geográfico que não designe uma região com reputação por fabricar determinado
produto ou prestar determinado serviço ou com características de origem geográfica que
afetam um produto, pode ser objeto de marca.
O Art. 182 estabelece que o uso da Indicação Geográfica é restrito aos produtores e
prestadores de serviço estabelecidos no local, exigindo-se, ainda, em relação às
Denominações de Origem, o atendimento de requisitos de qualidade.
Resposta QAA 2:
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de Origem. Indicação de Procedência é o nome geográfico de um país, cidade,
região ou uma localidade de seu território, que se tornou conhecido como centro de
produção, fabricação ou extração de determinado produto ou prestação de
determinado serviço. Denominação de Origem é o nome geográfico de país, cidade,
região ou localidade de seu território, que designe produto ou serviço cujas
qualidades ou características se devam exclusiva ou essencialmente ao meio
geográfico, incluídos fatores naturais e humanos.
O objetivo foi proteger o termo ‘cachaça’, principalmente nos países para onde é
exportada, e tendo em vista que na LPI existe a obrigatoriedade de se proteger o nome
geográfico da região, o que não se aplica para ‘cachaça’.
A solução encontrada foi reportar-se ao art. 22.1 do TRIPS, em que não existe tal
disposição. O Decreto manda conformar o uso da expressão à legislação vigente, e ainda
prevê que caberá à Câmara de Comércio Exterior aprovar o regulamento de uso da
Indicação Geográfica, de acordo com os critérios técnicos definidos pelo Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e pelo Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento.
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PARTE II
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emitido, no âmbito específico de suas competências, pela União Federal,
representada pelos Ministérios, e pelos Estados, representados pelas Secretarias,
afins ao produto ou serviço distinguido pelo nome geográfico. A delimitação deverá
ser realizada de forma pormenorizada, precisa e inequívoca.
Abrangência da Proteção
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É possível obter a proteção em escala internacional
No contexto bilateral, um país celebra acordo com outro para a proteção mútua de
suas Indicações Geográficas. A etapa seguinte é a troca das respectivas listas de
Indicações Geográficas, e a proteção é então concedida numa base de reciprocidade. Na
suposição de que a França tenha concluído um acordo bilateral com a Espanha, ela
enviaria sua lista de Indicações Geográficas para a Espanha, e esta lhe enviaria a sua,
após o que as Indicações Geográficas de cada país seriam protegidas por ambos.
Esse sistema funciona desde que dois países celebrem um acordo, mas nem todos
os países têm acordos bilaterais desse tipo.
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O Acordo de Lisboa reúne ainda um número muito pouco expressivo de
participantes, apenas 28 países aderiram ao acordo até 2013. Deve-se ressaltar que no
âmbito do acordo os países europeus concentram a maior parte dos registros.
O Brasil não tem acordos bilaterais firmados em matéria de Indicação Geográfica com
outros países, e tampouco aderiu ao Acordo de Lisboa.
“(13) A protecção mediante um registo conferida pelo presente regulamento deverá estar
aberta às indicações geográficas de países terceiros sempre que estas estejam
protegidas no seu país de origem.”
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A Denominação de Origem é um tipo de Indicação Geográfica, que especifica que o
produto em questão tem certas qualidades ou características que se devem exclusiva ou
essencialmente ao meio geográfico, incluídos, no caso brasileiro, os fatores naturais e
humanos. A ideia latente é que certos produtos devem suas qualidades especiais ao meio
de onde provieram. É muito comum no caso de produtos agrícolas, como o queijo
Roquefort. Os produtores de Roquefort dizem que o gosto desse queijo provém de sua
maturação nas caves da região de Roquefort. E somente porque é maturado nesse local
especial ele finalmente adquire o sabor característico pelo qual é famoso.
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Segmento de áudio no 2
Então vamos voltar para o seu exemplo original do Champagne, essa seria uma
Denominação de Origem ou uma Indicação Geográfica?
No Brasil, tanto Salinas quanto Litoral Norte Gaúcho são Indicações Geográficas,
mas de espécies diferentes. Salinas é uma Indicação de Procedência e Litoral Norte
Gaúcho é uma Denominação de Origem.
a) Vinho Bordeaux
b) Queijo Stilton
c) Queijo Roquefort
d) Champagne
e) Aço Sheffield
h) Litoral Norte-Gaúcho
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Resposta QAA 3:
As respostas corretas são: (a,c,d, g, h), pois todas elas são influenciadas e
dependem de fatores naturais e humanos da região.
Segmento de áudio no 3:
Dentre os vários sistemas, a CUP estabelece que os países membros deverão criar
condições para a repressão às falsas indicações de procedência. O Acordo de Madrid
reforça essa necessidade. O Acordo de Lisboa define e cria formas de proteção
especificamente para as Denominações de Origem. TRIPS estabelece as condições
mínimas de proteção da propriedade intelectual aplicada ao comércio criando a
definição estrita do conceito de Indicação Geográfica.
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MARCOS LEGAIS SOBRE INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS
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RESUMO
As indicações geográficas podem ser protegidas nacionalmente por lei ou por meio
de registro.
No Brasil, as indicações geográficas são protegidas por meio de registro, com base
na Lei 9.279/96 e na Instrução Normativa INPI Nº 25/2013.
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Textos Legislativos:
Lei Federal n.º 9.279, de 14 de maio de 1996. (Regula direitos e obrigações relativos à
propriedade industrial).
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