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ARTIGO
Suicide: the practice of the psychologist and the principal risk factors and
protective
Revista IGT na Rede, v. 12, nº 23, 2015. p. 444 – 458. Disponível em http://www.igt.psc.br/ojs
ISSN: 1807-2526
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CERQUEIRA, Yohanna, LIMA, Patrícia – Suicídio: a prática do psicólogo e os principais fatores
de risco e de proteção.
RESUMO
ABSTRACT
This article tries to contribute to the field of psychology and related fields
concerning the suicidal behavior. For such, with the assistance of data issued
by the World Health Organization, this article with deals the most frequent risk
factors and signs presented by people who have committed suicide or tried to
do. Based on these data, this paper shows how psychology professional can
empower their practice with such information. Finally, there will be presented
some application proposals of how the psychologist could be intervening in a
situation of risk.
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CERQUEIRA, Yohanna, LIMA, Patrícia – Suicídio: a prática do psicólogo e os principais fatores
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Introdução
O presente artigo pretende servir de auxílio para que o leitor possa identificar
os fatores de risco e os de proteção mais frequentes em alguém com
pensamentos suicida. O conhecimento destes fatores poderá ser uma
contribuição para que o profissional possa estar utilizando tal informação em
sua prática profissional.
Uma das motivações para esta produção aconteceu por ser percebida uma
carência no que diz respeito às produções científicas brasileiras sobre o
suicídio. Essa escassez de informação é encontrada inclusive entre os
profissionais de psicologia, que ao término de sua graduação, tendem a ter
pouco contato, ou nenhum, com informações a respeito do suicídio e de como
lidar com essa situação. Esse déficit acaba não dando um suporte para os
futuros psicólogos em como identificar e dar prosseguimento ao cuidado do
cliente e de si mesmo, em uma situação onde haja risco de suicídio, podendo
inclusive, trazer dificuldades no enfrentamento destes casos.
Buscando uma melhor qualidade nas informações sobre o tema, foi executado
um levantamento bibliográfico dando prioridade a materiais como, cartilhas
produzidas pela OMS (Organização Mundial de Saúde) e do Ministério da
Saúde, com o intuito de utilizar informações confiáveis que foram obtidas a
partir de pesquisas feitas por tais órgãos. Foram utilizados livros de autores
que estudam o comportamento suicida e autores ligados à abordagem da
Gestalt-terapia.
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Em relação ao luto daqueles que ficaram Fukumitsu (2013, p.75) diz, “[...] o
luto por suicídio não é somente um fenômeno que pertence ao território da
pessoa que se mata, mas trata de uma morte que pertence ao coletivo”. Sabe-
se que o impacto ocasionado pelo suicídio, possivelmente permanecerá por
toda a vida dos sobreviventes podendo seus efeitos permanecerem por outras
gerações, isso porque:
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Outra característica que pode estar presente entre alguns profissionais, é terem
dificuldades em lidar com suas próprias emoções ao se depararem com as
emoções do outro, acarretando uma deficiência na qualidade do tratamento.
Tavares (2001) apresenta uma reflexão a respeito dessa emoção causada ao
se deparar com as questões que englobam a morte. E afirma:
Na grande maioria dos casos de suicídio, foi constatado que o cliente possuía
algum tipo de transtorno mental. É importante que os psicólogos e demais
profissionais da área da saúde estejam atentos, e que busquem um
conhecimento mínimo para que possam encaminhar o paciente devidamente.
Pois, “o suicídio em si não é uma doença, nem necessariamente a
manifestação de uma doença, mas transtornos mentais constituem-se em um
importante fator associado com o suicídio” (Organização Mundial de Saúde,
2000 p. 03).
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De todos estes fatores que foram citados acima, vem sendo percebido que os
mais presentes em alguém que comete suicídio são: “históricos de tentativa de
suicídio; transtorno mental” (Estratégia Nacional de Prevenção do Suicídio,
Ministério da Saúde; Organização Pan-Americana de Saúde; Universidade
Estadual de Campinas, 2006, p. 17). Por serem fatores frequentes em muitos
pacientes com comportamento suicida, como já foi dito anteriormente, é
importante que o profissional de psicologia saiba perceber a presença de
transtornos mentais e aprenda a lidar com eles. Além disso é importante
investigar se já houve uma tentativa prévia, tanto do cliente quanto de alguém
próximo ao mesmo.
Os fatores acima foram distribuídos em uma forma mais didática com o intuito
de facilitar a visão do leitor, porém, na vida real eles não aparecem de forma
tão simples como aqui. Eles acontecem influenciando e sendo influenciados
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uns pelos outros, sendo a maneira singular do cliente e como ele lida com
estes fatores que determinará o grau de risco que ele corre. Essa percepção
será facilitada ao olhar para o outro, captando na sutileza de seus gestos e
palavras a mensagem que ele passa daquilo que ele é e o que almeja,
buscando extrair o que há de único nele. Esta ideia acaba sendo resumida por
Dutra (2011, p. 153) quando ele afirma, “o motivo ou motivos que levam
alguém ao suicídio formam-se ao longo da sua história e se revelam nos
sentidos e modos de ser que constituem a sua existência. Por isso esse
fenômeno não escolhe idade, classe social, gênero ou nacionalidade”.
Além dos fatores já citados, existem sinais que podem estar evidenciando uma
possível ideação suicida, tendo em vista que são frequentes nesse tipo de
cliente. São “sinais para procurar na história de vida e no comportamento das
pessoas” (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE (OMS), 2000) para que
possam representar ou não riscos reais da presença de um comportamento
suicida. Estes são:
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Presente nos fatores ambientais, Bertolote vai citar: boa alimentação; bom
sono; luz solar; atividade física; ambiente livre de fumo e drogas.
Muitas pessoas emitem uma mensagem existencial e isso não é diferente com
aqueles com comportamento suicida. Sendo assim, “[...] o fato de as pessoas
conseguirem ou não acabar com suas vidas não descarta a ideia de que, em
ambos os casos, existe uma mensagem existencial.” (FUKUMITSU, 2012, p.
24). E é esta mensagem que deve ser buscada pelo psicólogo ao identificar
tanto os fatores de risco quanto os fatores de proteção, além dos possíveis
sinais que possam se apresentar:
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De acordo com Perls (1981), o que faz algo se tornar figura, se destacar de um
todo, é o interesse do sujeito. A medida em que os interesses variam, toda a
percepção acaba sendo alterada também. Na psicoterapia,
E a partir daí, é importante estar com o cliente para ajudá-lo a se dar conta de
si mesmo, para que então ele possa tornar-se ciente de que apenas ele é o
autor de sua própria vida, sendo o detentor do poder de realizar escolhas. E
essa capacidade de decidir o que fazer e o que será melhor para si, inclui a
decisão de viver ou morrer:
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Para que seja possível olhar o cliente de forma mais ampla, é importante que o
psicólogo invista no contato entre ambos. Encorajando o outro para que ele fale
de si sem receio de mostrar quem realmente é. Esta atitude de aceitação do
outro é importante, já que não existe uma forma certa de estar no mundo, isso
varia de acordo com as necessidades de cada um, vai de acordo com quem se
é, deseja e escolhe para si mesmo.
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Considerações finais
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
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Recebido em 31/07/2014
Aprovado em 13/11/2015
NOTAS
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