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THE

UNIVERSITY
OF CHICAGO |
LIBRARY
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E PIT O M E
D A - • - - -

G R AMM
D A
A TI CA • • |-

• L IN G U A •

P O R T U G U E ZA,
c o M P o s rA
- • Nº O R *- -
ANTO N I O " D. <E M

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Natural dº Riº de Janeirº. … - }
- - - ,-

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§ 4: . }
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. LISBOA. M. Dcccv1 = }
• / " * #
NA OFF, DE SIMÃO THADDEo FERREIRA. }
Com licença da Meza do Desembargº dº Paçº. }
• - {

Vende-se na lºja de Borel Borel, e companhia, ,
• •
*| }
#
• }

;- • A • 1 #
*i

--

Nous avons compliqué nôtre Grammaire, parce


que nous l'avons voulu faite d'aprcs les Grammaires
Latines. Nous ne la simplifierons , qu' autant que .
nous rappellerons les expressions aux élémens du dis
COUIS, - -

Condillac, Gramm. p. 2. chap. 21. note ( ) page


ao5. édit. de 173o. à Genève.

-
· l' uNIvERsITY
OF CHICAGO | i

t /
. Ao LEITOR BENEVOLo. -
••
- "
-

- P Ropu z me nesta Grammatica dar te idéyas mais


clara e exactas , do que cómummente se achão
s,
- nos livros deste assumpto, que tenho visto no nosso . /

e idioma, tanto á cerca das Partes Elementares da Ora


ção, como da sua emendada composição.
-, Nelles não se explica por exemplo o que é arti
go; dizem te que se ajunta aos nomes para mostrar os }
numeros, e os casos. Mas os nomes Portuguezes, exce- #
ptos Eu, Tu, e Elle, não tem casos; e estes não se :
usão com artigos. Demais, sendo o artigo um adjecti- .
vo, quem fala, ou escreve deve saber o genero do no- |-
me, a que o artigo precede, para usar dele nava- #
riação correspondente ao genero , e numero do no- #
me, como se faz com qualquer outro adjectivo. 4,
Nenhum Grammatico, á excepção de Duarte Nur- 4;
nes do Lião (a) te diz quando deves usar do arti- *
go, e quando omitti-lo. Ensinão te que se não *:
diz mal.o
g. anaveg
que v.soari Mas semnosso
Tejº os s der
prece bonsº aPoeta
Tejos ,dicer
por-
ão •
}
}
= Tejo leva na mão o gran Tridente , e ,, Gua- #
diana atras tornou as aguas , sem o artigo. (5) !#
Passando aos nomes, fazem te não sei quantas #
declinações, e dão lhes não sei quantos casos: mas }
os nossos nomes não tem casos , ou desinencias fi- }
naes diversas, senão eu, ta, elle: os mais só se va- 4;
rião para indicar o numero plural, v. g. casa, casas; |- }
o, estes
templA templºs.
sonhados casos dão lhes nomes de No- {:
minativos, Genitivos, Dativos, Accusativos, &c. Se {
A ii lhes , {{
-
#
• - }
(a) Na Ortografia da Lingua Portugueza, pag. 3o6. 1.

e seg. da edição de 1784. #



(5) Ferreira, Eglogº 1. e Camões na Lusiada, 4, aº •
} |

. -
* *


*

}
}


Y

#
{ J
* v2 "...: . … . . ! : -> ".
lhes perguntares o que é isto, dir-te hão , que em
Latim são diversas terminações do mesmo nome, que
servem para indicar as varias relações , em que se
representa o objecto significado pelo nome. Mas
além de que são idéyas falsas dizer, que ha genitivos,
dativos, &c. em Portuguez, tambem serião falsas no
ções as que se dessem de correspondencias entre o
HLatim, e Portuguez. Me v. g. parece se com o ac
cusativo Latino , quando dizemos feriu" me, matou
me: mas me tambem indica o termo da acção, quan
do esta tem paciente, e termo, v. g. matou me um
cavallo; cortou me uma arvore, deu me um Livro,
as quaes relações no Latim se representão por outro
caso diverso: (mihi e não me) e no Portuguez múi
tas vezes me, e a mim representão o mesmo.
Alem disto; a tua lingua deve servir te de meyo
. para aprenderes as estranhas, e seria absurdo querer
te explicar o artificio da Sintaxe , ou composição
d’ella, por meio de outra lingua, e suas regras, que
demais de serem inapplicaveis aos idiotismos Portu
guezes, te são ignotas, e mais difficeis."
Quasi todos os Grammaticos, que tenho visto,
engrossão os seus livros com conjugações: as regras
da composição, parte tão principal das Grammaticas,
reduzem nas a muito poucas. Eu cuido que te expli
quei esta parte da Grammatica com assás curiosidade,
propondo-te o que nella é mais recondito, e múitos
exemplos dos bons autores, que seguramente imites,
porque tambem a copia delles te fará cair mais facil
mente na intelligencia, e applicação das regras. Ajun
tei algúas observações á cerca de frases, e construc
çõçs erradas, ou menos seguidas, para que imitando
o bom dos livros Classicos , não sigas tambem os
erros, e descuidos, ou o que já hoje se não usa ge
ralmente. (c)
Acha

(c) Isto mesmo praticárão na lingua Ingleza o Bis


po Lowth na sua Short Introduction tº the English
Grammar, o Dr. Priestley; e Mr. Wailly em Francez.
{ -

a{\ .
Acharás neste Compendio algúas palavras, con- - #
jugações, e frases, que te dou como antiquadas, pa- # ,
ra que - não as estranhes nos bons autores, e não as #
imites , , -

Não te contentes toda via com as noções ele


mentares deste compeadio: Sirvão te sómente de guia
para leres-os-bons autores , - que desde os annos de
15oo fixarão, e aperfeiçoárão a nossa lingua, e co
meçárão a escrever tão cultamente, ao menos os seus
Dramas, como os Itaiianos que primeiro o fizerão º
na Furopa moderna, antes que os Franceses, Ingle
zes, e outros tivessem Poetas correctos, e elegantes,
nem Historiadores , e Oradores dignos de se lerem #.
como os nossos Castanheda, Barros, Couto, Anto- #
nio Pinto Pereira, Lucena, Diogo de Paiva d'Andra- #::
da, Gil Vicente, Francisco de Sá de Miranda, An- ?>
tonio Ferreira, e a immortal Lusiada, tão superior #
aos nossos Epicos em invenção, grandeza e interesse f??
do assumto, elegancia, pureza, e majestade destilo,
e to justamente invejada do grande Tasso. (…) . .
• " | Lºº
-

}#
# %.

(d) Voltaire diz que Tasso é mui superior a Ca- -- " ##


mões, a pezar das invejas, que o nosso Epico fazia #1}
ao Italiano. Mas Voltaire nunca leu Camões senão na
má traducção Ingleza do Fanshaw : e se entendia bem
} ·

a Gerusaleme Liberata , entenderia melhor Camões,


do cue o Tasso, que reconhece a propria inferiori
dade ? Sei que Gabriel Pereira de.Castro, na Ulissea,
Vasco Mausinho de Quevedo, no Afonso Africano ,

\
\
#I
e a Malaca Conquistada do Menezes tem múito me
lecimento; mas estes tiverão em Camões um grande .".

exemplar; e elle só pôde ler para formar o seu esti


lo, a Castanheda, e Barros; e Jorge Ferreira de Vas- |-

concellos; poetas só a Gil Vicente, e Bernardim Ri- •

beiro: e os do Cancioneiro de Resende; porque Sá


de Miranda , e Ferreira &c. sairão á luz depois de
- composto o seu poema , ou no mesmo anno, em º
que se imprimiu. A 1° e 2° parte dos Palmeirins pu
- - … ***

f|

}|

VE

.

Delles tirei os exemplos, que te propuz; nelles
te exercita; conversa-os de dia e de noite, porque
se basta o estudo de um anno para saberes meyámen
• te um idioma estrangeiro, quandº quizeres saber º
lin
:
}
blicárão se em 1372, anno em que se fizerão as duas
primeiras edições da lusiada: Camões formou se a si
inesmo na
estilos, sua lingua,
quando não foie grande,
teve felicidade em todº
e sublime. º
A inve
ja, que º perseguíra na sua vida, resuscitou ha pou
co, preferindo lhe a Ulissea de Gabriel Pereirº, e até
a Malaca Conquistada. Mas a Ulissea só tem º meiº
ecimento
guia. Adafabula
dicção, em que eCamões
copiadalhedasfoide mºtº.»

é imitada; Horme

ro e virgilio, e despida das belezas dos Originº»


e das suas excelentes alegorias. Quantº á grandº º
e interesse dos assumtos. não é necessario.gº"** P*"
iavras, se Camões introduziu nomes, e alegºriº **
radas das Divindades do Paganismo , ele dº º **
descarga; e deviamos
o Papa Clemente X.,lembrar nos, que, &ê-
os Cardeaes nºººººººº
escrevião
# Deos atque homines, e usavão os imitadores de
icero, e Virgílio dos seus medos de diz* confor
mes á religião dos antigos Romanos. Voltaire f***
ra a Camões por ter falado ao Rei de Melinde nas
navegações de Ulisses, e Eneas, como se u" barba
ro Africano das Costas de Languebar tive* lido
Momero, e Virgílio. Mas elle mesmo não leu º 9°
Camões diz na est. 111. do Canto z., para preven"
esta censura; e não sabia, que na India, e especial
mente em ormuz, d’onde se navegava até é.º**
de zanguebar,
torias Romana, ose Greza;
Reis ouvião
e nãolersabia,
Chronicas da biº
que pºlº In
dia toda andavão obras dos Poetas de todas aº idº
des, e de todas as nações , que trazião os Soldados
e Eiches Europeus, e múitas vezes os nossos tomá
rão
go, entre os despojos? de
ou impossibilidade Quequeinverisemelhança
um Rei tivessehanoti
lo"
• *9E9

lingua patria perfeita, e elegantemente, deves estu


dar toda a vida , e com múita reflexão os autores
Classicos, notando principalmente as analogias pecu
liares ao genio do nosso idioma. E deste modo pode
rás imita los , não repetindo sempre servilmente as
suas palavras, e frazes, e remendando com ellas as
tuas composições, como alguns tem feito, mas di
zendo coisas novas, sem barbarismos, sem Gallicis
mos, Italianismos, e Anglicismos, como múivulgar
mente se lern , e mais de ordinario nas traducções
dos pouco versados nas linguas estrangeiras, e talvez
menos ainda na sua.
Sigamos o exemplo dos bons ingenhos, que na
Arcadia Portugueza resuscitárão as elegancias do idio
ma materno ; aproveitemos as reflexões sobre a lin
gua, que tem feito alguns membros da Real Acade
mia das Sciencias de Lisboa , e chegaremos a fazer
nos «apazes de produzir mais copiosas advertencias
sobre o artificio, purezas, e elegancias do nosso idio
ma, do que por hora temos, sendo elle múito di
gno de occupar os desvelos dos patriotas eruditos.
Assim teremos quem suppra as faltas desses Gram
maticos, com quem Cesar , Augusto, e o mesmo
º - Ci

cia das navegações de Ulisses , e de Eneas ? Quanto


ao silencio dos Poetas seus contemporaneos, que to
dos se regalarão de elogios re-iprocos , e nenhum
(salvo Diogo Bernardes ) derão a Camões , Hora
cio nos predice ha múito a causa destas desgraças
(Epist. 1. L. s.)
Unit enim fulgore suo, qui pregravat, artes
- Infra se positas: ,
Mas com quanta vergonha dos detractores do
nosso Epico
mano, não se
extinctus verifica idem
anabitur a preditção do Lyrico Ro
• •
-—_.
-
*; •

{: wrum ~ ' - .

'; ; Cicero estudavio, e ebnferißo, (*) depois de serem


*:; jä múi distinctos Orad*res , porque ainda que não
• * . tinhão em múito o merecimento de falar correctamen
… i te, haviäo que era grande torpeza não o saberem fa
:! - lar emendada, e puramente. - . *
-

-, . .
, ., . Nam ipsum Latine loqui est illud quidem in
: : : - magna laude ponendum, sed non tam sua spoi»-
•• i * , te, quam quod est a plerisque neglectum. Non.
-: • • enim tam praeclarum est scire I.atine, quam tur
. pe nescire ; neque tam id mihi Oratoris, quam.
, :: : : , Civis Romani proprium videtur. -

! ;
*
.
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'-':!. , ,i ,. •,.*
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- Cicero
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* 4 -

(*) V. o Tratado De Illustrib. Grammat. e Sueton•


- nas Vidas de Cesar , e Augusto. - "
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• {

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E PIT o M.E . … *…" : 23 - …

º , BA .… - - --

G R A M MATICA
P o R T U G U e zA. - * #

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I. A…--- Grammatica é arte, que ensina a de-


clarar bem os nossos pensamentos, por meyo (de pa-
º
#
#
lavras. - • #;
2. A Grammatica Universal ensina os methodos *- #
e principios de falar communs a todas as linguas. }} |
2. A Grammatica particular de qualquer º lingua t} }
v. g. da Portugueza, applica os principios communs ## {
de todos os idiomas ao nosso , segundo os usos ado- #"
ptados polos que melhor o falão. ", *. ## |
4. Trata pois a Grammatica das Sentenças, (is- ##"
to é , ensina a fazer proposições , ou sentidos perfei» \

tos) e das diversas partes, de que ellas se compõem.


5. As sentenças constão de Palavras (*): as Pa,
- • " • •

• • • ". • *

(*) A palavra é uma quantidade de som articula


do, que significa algum conceito em qualquer idio
ma: o som continuo não articulado, insignificante,
não é objecto da Grammatica, nem o são palavras,
ou particulas, que por si nada significão, como alguns
chamão ao adverbio, interjeição, preposição, &c.
• - " .. /
*____

19 E P I T O M E
lavras de Sillaias; as Sillabas de Sons elementares, e
suas medificações; e estes representão se aos olhos com
Lettras. • .

6. Os sons elementares, que a voz humana articu


la, formados pelos orgãos da fala, são ou vogaes,
Ou cousdantes.

7. Os sons vºgaes são simples sons articulados


lo impulso da voz e e sómente pela abertura da
fº de um certo modo, v. g. e, e, i, º, s.
3. Os sons conseautes são os que se não pódem
pronunciar bem per si sós, mas modificão preceden
do os sons vogaes, e formão com elles um som ar
ticulado composto, por movimentos particulares das
diversas partes da boca.
} 9. Quando pronunciamos alguns sons vogaes
séltase tambem o som pelos narizes, e estas vogaes
se dizem nasaes, v. g. à , é, i, im , 3, á (*).
1o. O Ditongº, ou som vogal composto , é a
união de dois sons vogaes pronunciados em um só
impulse da voz, v.g. ai, ui, &c. •

a 1. A Sillaba é a pronúncia de uma vogal só;


OLA

(*) Que as nasães são vogaes se prova: 1.º porque


a voz trina sobre ellas, ouvindo-se distinctamente,
v. g. sobre o as de amante, ou sobre o 5 de cºra
gões; que se o til, ou m, ou a, representassem co
| mo consoantes, não se ouvirião, como quando se tri
na sobre bar-ba-rº, porque os rr só se ouvem, quan
do a voz cessa da vogal trinada , e passa á outra
sillaba. s.º Os Poetas sempre fazem elisão das nasaes
com as vogaes seguintes, v. g. » A ti se devemºs
altos fundamentos, Parece que enverdecem ali, mais
#
cores., Floreeiam'entre tante novas flores, : O mes
mo é no Latim. Note se que em floreciam a elisão é
| de º final flºrerião , que é como se deve escrever,
mas este exemplo prova o que digo, ainda nos ca
sos de má ortografia,
*

DA GRAMMATICA roRTUGUEZA **
ou combinada, e precedida de consoantes, eu tam
bem de qualquer ditongo; sendo prºferidas a vºgal.»
ou o ditongo em uma só emissão , ou impulso da
voz, e formando uma palavra , comº º, de , lei,
hui, sãº; ou parte de uma palavra v. g. 4+º, º gº»
a-drº, tem-plo, es-cri-tu-ra, ice-ptrº.
12. Os sons vogaes simples, que temos, são os
seguintes A á fortes, ou agudos: A, à graves: 4
a mudos; É, é agudos; * à graves; E e mudos:
f i agudos, í i mudos; ó é agudos; b º graves; º
º mudos; Ú ú agudos; U u mudos.
13. Exemplos das vogaes agudas, ou fortes : Cºr
ro, Férro, Tíro, Porta, Faro.
14. Exemplos das graves: Làma, Camelº, ève,
Eàio. |- •

15. Exemplos das mudas: Tóca, Tosse, Águia,


Templo, Cônjuges. >

16. Os ditongos, ou sons vogaes compostos são,


de vogaes puras os seguintes ai, ei, ei, ai, as , eu,
iu, ºu, v. g. em Contrái, Lei, Fºi, Fúi, Áuto,
Fèudo, Feriu, Gozºu (°). -
}}
17. Múitas vezes pronunciamos como ditongos;
ou fazendo uma vogal composta, e uma sillaba, as
vogaes seguintes ia , io, na, ue, ui, v. g. em á-guiº,
só-briº, á-gua, de-lin-quen-te, li-qui-do. » Tambem
i:
movem da guerra as negras furias, A terra de Gú
púscua e das Asturias , Em Canusio reliquias só de
{
Cannas , (Lasiada 4.° 1 1. e ao..) - -
* #
, 13. Os ditongos compostos de vogaes nasaes sãº
OS }

(*) Outros escrevem aº por «a; eº por ea, e por


evo, iº por iu, v. g. pao, kº, farie, o que dá occa
#
{
:

sião a múitos equivocos na ortografia vulgar. (Veja


se a nota (e)) Ley, Rey, Grey, com y final são
contra a etimologia (de regi, kgi, gregi tirado o g * }# }
medio ) É desnecessario o y, bastando o nosso # !
alias o y Grego soa mui diversamente do nosso i. V.
Leão Ortegr. f. 2os.
#
-

{#

* }
az .. ' ' ' E P I T O, M E , .

os seguintes ña, ie, ái, áº, Fe, éi, óe, Bi, óo, áa,
si, úº. Os nossos mayores usárão alguns, que já não
usamos; antes os reduzimos, a sons nasaes simples:
nós não pronunciamos v. g. Lä-a, mas Lã : elles di
cerão , , e escreverão bée, que nós ainda dizemos, pos
to que escrevemos bem , e impropriamente; dicerão
a fi-i, que dizemos a fim, dicerão há-º, há-º, que
hoje dizemos bom, hum (a). São pois os ditº agos ua
saes, de que hoje usamos, exemplificados nas pala
vras seguintes Mãe, ou Mái, São , Bée, Véi, . Re
zães, Póis, Úa; e Mái, e Müite, que ninguem pro
nuncia com u puro, como os de fui, Tui &c.."
19. As lettras, com que representamos os sons
vogaes são A a, E e, I i, 0 o, U u. Os sinaes
* * dos accentos, ou tons mais, ou menos fortes, com
que proferimos, as vogaes são (!) agudo, (' ) gra
- ve: as mudas não tem sinal particular: o accento
circumflexo não o temos;.. as vogaes, que com elle
se notão, são graves. ( b ) As nasaes notamos com
• * * *
•• ••••• . *** * ** * * * *… - Aº' • UITA

*; , , .… --- …

|- (a) Os nossos mayores assim o escreverão, e cui


do, que assim os pronunciavão, se já não era os
.
tentação de etimologias escrever Läa de Lana, Rée
de bene, Bóº, da Bono,. Afii de Afinis, Hå-º de Unº,
Lúa de Luia. Comniummente forão mais exactos es
crevendo o til (-) sinal do som nasal, sobre a vo
• gal, quero é, e não na outra vogal, de que se for
* . * ma o ditongo, v. g. Joaó, Naó, Maã, &c. o que é
|- erro. (V. Leão Ortogr..f. 2 1 1. a 16. 23o. Lusiada 1o.
33. bãos, ediç. de 1783: 5. volum. 8º) Duarte Nu
nes de Leão justamente reprova escrever os ditongos
• nasaes por am em vez de ão: as nasaes simples em
# à assim se escrevem melhor, porque o m em am in
dica , que se pronuncie fexando a boca , contra o
som aberto e final das nasaes. V. Ortogr. de Leão, e
Barros, Gram...f. lo5.
(b) Ácerca dos accentos circunflexos, v. o cit. Leão
Ortºgr. f. 188, e a 17. edif. de 1734.
.………
+
* 1

DA GRAMMATICA PORTUGUEZA. rs. •

um
são, tilvéis,
( — póis,
), quandº
cãiba, formão ditongos,
&c. e quando são v. É mãe,
simples na- •

saes com (-) v.g. lã, s㺠ou com, m, v. g. cam-pº,


tem-po, sin-ples, pom-pa, tum-ba; ou com o * * v- 5
Saw-to, bem-to, sin-to, pon-to, jun-to.
• 2o. são:
guez, Os os
sons consoantes,
seguintes: . . que
. temos em Portu • " ">

Ré, ce, D2. Fè, Gº (soando como gue) Jè, Lè,


M2, N2, Pe.Qé c) Fé, Sè, Tè, Vê, Yè, Zé, Vê,
cus vulgarmente se dizem Be, Ce, .De, ºfe, Ge,
scando como o I consoante, Éle, àme, $ae, Pº,
Què, Erre, Ésse, Te, U consoante, Xis, Ze, Ypri
lon; e H ( hagá) sinal de aspiração , desconhecida
em Portuguez. . •

21. Temos mais (segundo a escritura vulgar) Cá


hora com som de e em chapéu ; hora como k em
charidade, chore, Christo &c.: Lhe em folha, filhº;
Nh em uinho, minha, sons consoantes simples repre
sentados por duas lettras (*). . -
22. As figuras das consoantes maiusculas são B,
C, D, F, G, H, J, L, M, N, P, Q, R, S, •

T, V, X, Z, e V a que damos som de ye e K:


as menores são b, c, d, f, g, j, l, m, u, P, 7 ,
r, *, *, *, *, *, J, K, e h. (
• • • ' ' . . Pas

(c) Na ortografia vulgar temos casos, em que gue,


e qui soão como ke, ki; outros em que soão kue,
kui, e estes de commum não se distinguem, deven
do notar-se com dois pontos que qui: em gue, gui
tambem soão hora como senão tivera u, outras ve
zes soa o u , e deve haver a mesma distinção com
os (…) sinal que não se ditongão as vogaes.
(*) O nh , não fere as vogaes das palavras com
. postas,
&c. v.g. in-habil, in-habitadº, in-herencia, ia-hibir,
• •
--
(d) 1. O Alfabeto Portuguez é, como outros múi
tos, em partes redundante, em partes falto de let
tras; e talvez tem , e usa caractéres equivocos, ex
44 . E P I T O M E .
Passemºs ás palavras, que dos sons se compõem º
e de que consta a oração.
• 4 • LI

primindo as mesmas lettras sons diferentes; e talvez


diferentes lettras representão o mesmo som.
2. Redunda em C antes de a, º com som de Q,
ou K: no H antes das vogaes, que não aspiramos:
e e antes de e, i homônimo de se, si: em Ç soan
do come S.
3. Tem falta de caractéres simples, que representem
os sons Lá, Nh: X suppre a ch, mas não sempre.
4. Exprimem se sons diferentes com as lettras C,
e G , que antes de a ºu soão Ka, Kº , Ku,
Ga, Go, Gu, e antes do é, i soão se, si, je, ji;
e aqui mesmo temos diversas lettras G e J com os
mesmos sons, assim como em ph com som de f; e
eh de x , e de que. Outra incoherencia é o = com
som de it em exemplo , que se diz eixemplo ; , ou
com som de is, v. g. em sextº, textº, que se lem
seistº, teisto, como múitos Classicos escreverão.
s. O rusão múitos por i nas palavras derivadas
da lingua Grega, v. g. hydra, *ynedº: nas é super
fluidade. O uso, que d’elle se deve fazer, é como de
consoante entre vogaes, que tem semelhante som; v.
g. pra-ya, idé-ya, vê-ya, vê-yº, cor-rèye, vi-yº, bri

Jº, eu ri-yº, o riyº corre; por diferença de elle ri-º-se,


e do ri-> corre , como hoje se escrevem ; e de veº
para véº, e para , ele veyº, de vir, &e. Receo e Or
Jeº (na Lusiada 3. est. s.) não são consoantes, pois
que aoão receyo e Orfeu, e a rima pede Orfeyo. O º
de cria, lis, cºmia, elegia &c. não he puro , mas
ouve-se precedido de ye cri-ya, comi-ya, li-ma; elegi
ya ( ekgeis Latino). Quando º estes verbos se segue
a relativo, v.g. leste a carta ? li-ya; viste-a? virya;
assim se tirará o hiyato dentre as vogaes; nós o ti
ramos com n em virãº-se, busquem-nº; e por eufonia
dizemos tu basea-lº, em vez de búscai-º; ve-lo, por
ve-º ? .Suscá-lº, por buscar-º, &c. /
}
DA GRAMMATICA PoRTUGUEzA. 1,

#xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
L IV R O I.
i
;
?#
Das Palavras pºr si só, eu partes da Seatença. }
{
|{
A
**

1. A S palavras, de que consta qualquer ses


tença, são as seguintes:
2. I. Nomes, ou Sustantives, com que significa
:mos os individuos da natureza , ou da arte, v. g.
Pedrº, casa, Pºme: e as qualidades de per si como
alvura, docura. •

2. II. Os Adjectives Articulares , que ajuntamos


aos nomes, para determinarem a extensão individual,
a que se applica um nome commum, v. g. o hºmem º
falando dos individuos da especie humana; este ho
mem,
nhã homem, casa , um pomo , tºda pessoa º me
aquella&c. •

4. III. Os Adjectives Attributives, que ajuntamos


aos nomes, para significar os attributos, proprieda
des, qualidades, e accidentes das coisas, v. g.
mem bom, fruta doce, seda azul, homem …}, &c.
$.

6. Concluiremos esta nota observando, que nos


livros antigos se achão vogaes dobradas, para indicar
se, que são agudas, ou que é aguda a simples, v. g.
-faraa, por fará; outras vezes para mostrar que havia
duas vogaes na lingua, donde se derivou a Portugue
za, v. g. rºboº, pºvoº, de pºpulº, Cidadãaº de Cibde
danº, vós farees de faredes mais entigo, como amases
de amades do Latim ematis, que dizemos amáis. As
sim dobrando consoantes no principio das dicções, v.
g. steendo, sendo; rreegnº, reino, e isto talvez por
que S e R tem sons diversos. V. as Ordenações Afos
sinas, e os Inedites da Acadernia, 5- vel, fel. &c....
Ar
/-
16 . E P I T O'M E
5. IV. Os Verbos, ou palavras, com que primei
ro afirmamos, que algum attributo compete a algu
ma coisa v. g. , , este pomo é doce ,, Pedro é aman
te da verdade ,, Pedro ama a verdade; ou segundo
declaramos o nosso desejo, de que -alguma coisa, ou
pessoa tenha alguma qualidade, e attributos, ou faça,
ou sofra alguma acção, v. g. ,, filho sê amante da
verdade, filho ama os reus se melhantes , , : Perdoai;
e sercis perdoados ,, são duas sentenças, uma (per
deai) mandativa, ou exhortativa; a outra (sereis &c.)
- assertiva (*).
6. V. Os Adverbios, ou palavras, com que mo
dificamos os attributos das coisas, v.g. māitº branco,
pouco euente; e tambem os attributos significados pe
los verbos, v. g. ama múito, fala pouco: n㺠exclue
o attributo adjectivo, ou verbal (**).
7. VI. As Preposições, com que declaramos as re
lações, que umas coisas tem com outras, v. g. Se
nhor da casa; da casa ao prado ha cem braças; ho
mem sem briyo; de Norte para o Sul.
3. VII. As Cº…junções, ou palavras, que indicão
as correlações das sentenças, e as atão entre si, v. g.
Pedro é intrepido, mas é imprudente; João não foi
lá , nein Francisco: Pedro, e João são amaveis.
- - 9--
(*) Donde se vê , que a sentença é proposição,
ou exposição com palavras do que passa na nossa
alma, quando julgànos, ou queremos; numa palavra
só, como anº, amas, ama tu; ou dividindo, e ana
lisando o que ellas contem, por palavras equivalen
tes, eu sou amante; tu és a na te; tu se amante, •

(**) Não ano, é , existº n㺠amante, sem amar:


» A Egypcia foi bella, e não pudicº, ou inpudicº,
* existiu com belleza, e sem pudicicia: ,, Não sºfre o
peito forte ,, o peito forte é inºfrido , istolerante;
não-sºfrido. O verbo sempre afirma a existencia do
attributo, que a negação exclue, ou nega: ºãº fiquei
Bem, não nega que fiquei, mas o modo, i. e. figuºs
nãº-bom, sem bondade fisica, ºu mºral.
{
}
DA GRAMMATICA PoRTUGUEZA, 11 *
9. VIII. Éstas são as palavras , de que usamos
na linguagem analisada, e discursada. As paixões tarn #{#

bem se exprimem ás vezes com uma só palavra, v.


g ai, guai, hui, que equivalem a ,, eu tenhº der,»
eu lastimo, e me compadeçº ,, eu me admirº. Éstas pa
lavras pois equivalem a sentenças sentimentáes; e tál
; *

:
vez se arrojão, ou entremettem com as da linguagem 2 =
# #
!* *
analisada, v. g. ai de mim ! guai dº tiranº ! e por *
isso se chamão Interjeições. ***

1o. Em gérál as palavras , que ficão descriptas, > dº


* *>"
|

significão 1º os objectos, que se appresentão á nossa


alma; ou 2° o que ella julga, afirma, e quer á cerca
d'elles; ou 3º as correlações, que ella vê entre elles;
e entre os juízos, que fórma d'elles. -

11. Significamos os objectos com os Nomes e Ad


jectivos d'attributos; o que pensamos, ou julganos,
e queremos com os verbos ; as correlações entre as
coisas com as Preposições; as correlações dentre os
juízos, ou sentenças, com as •onjunções. (a)
12 Mas em algúas palavras acimão se juntamente
declarados os objectos , e attributos, e outras circuu
stancias, v. g. Eu significa o homem , ou mulher,
que te falo; Amo quer dizer por si só tanto como :
Eu sºa amante agora : Teme equival a Tu vê te
neute agora; e nestes duas palavras Amº e Teine se
encerrão duas sentenças, isto é, noções dos sujeitos
Eu e Tu, de quem se afirma, ou deseja terem os
attributos amante e temente ; e o que a nossa alma
afirma,
te e quer(b)
e teniente. á cerca dos sujeitos, e attributos amanº.
• •

& $e

(a)Os adjectivos articulares indicão o modo , em


que a alma vé a extensão individual dos nomes de
classes, generos, especies, i. é, a quantos individuos
estende a significação do nome. •

(b) Os adverbios são destas palavras compostas, v. ,


g. agºra de hac hora Latinos; hºje de loe die; ºgane
de hoc annº; boementº de bena me…ts; &c.: Outrem ou»
• •
- •


23 EP I T o Mɺ -

13. De cada uma d’estas partes da Oração, ou da


Sentença direi aqui a natureza, e usos, e assim os
accidentes, de que se acompanhão. No Livro seguin
te da composição d’ellas em Sentenças, e Proposições.

C A P I T U L O I.

Des Nomes, ou Substantivos.


3• Omes são as palavras, com que indicamos


as coisas, que existem por si, v. g. ca
sa, pomo, homem ; ou as qualidades, que representa
mos como existindo sobre si, v. g. alvura, riqueza,
doçura, mansidão, &c. estes se dizem nomes abstra
«tes. (a) -

2. Os nomes ou são individuaes, como v. g. Ca


tão, Sertorio, Roma, Evora : ou communs, e geraes pa
ra os individuos de um genero, de uma especie, ou
classe fisica, como v. g. planta, arvore, arbustº, ca
vallo, homem ; ou moral, v. g. Cidadãº, Juis, Filoso
fo, &c. • •

2. Quando falamos de umais de um individuo da


especie, classe, ou genero, variamos os nomes dizen
do , v. g. ( no singular) um cavallo , esta arvore,
{MI73

tra pessoa; Ninguem nenhúa pessoa (de neminem La


tino ).
(a) Os substantivos proprios de coisas , que exis
tem por si, significão obscuramente um sujeito, ou
base de attributos individuáes, ou communs aos indi
viduos de uma classe, genero, especie, e por isso se
chamão concretos , á diferença dos que significão os
attributos separados pelo nosso entendimento das coi
sas, em que estão, e se dizem nomes abstractos, i. é,
separados, de qualidades separadas dos individuosº
a…

DA GRAMMATICA PoRTUGUEZA. 43.


um cidadão; etresnocidadã,
tas arvores, numero1. plural , dois cavallos, és
- • •

4. Os nomes , e appellidos individuaes não tem


plural, senão quando pertencem aos de uma familia,
v. g. os Almeidas, Albuquerques; ou por figura se dão
a sujeitos, que tem qualidades, ou nomes semelhan
tes , v. g. Dá a terra Lusitana Sciriács ; Cé-ares,
Alexandros, e Augustos : as duas Vianas, &c.
5. Os nomes significão talvez aninaes da mesma -
especie, nas de sexos diferentes, variando se o mes
mo nome, v. g. cºelho, coelha, ratº, rota : outras
vezes indicamos a diferença séxual por nomes diver
sos, v. g. homem , mulher; revallº, égua.
6. Os nomes, que significão o macho da especie,
se dizem masculinos; os que significão as femeas são
.femininos; e ésta diferença dos séxos, indicada pelos,
nomes se diz o genero d'elles, na linguagem dos Gram
II121 1COS.
7. As diversas relações, que as coisas significadas
pelos nomes tem entre si, em algúas linguas se de
clarão, variando as finaes dos nomes, v. g. no La-,
tim, Dominus ( o Senhor), em Domini ( do Senhor )
Donia» (ao Senhor), Dominum (ao Senhor), Domi
ne ( ó Senhor). Estas diversas terminações dos mo
mes chamão se casos. - ••

8. Nós em Portuguez temos algúa semelhança de


casos nos nomes seguintes, que os Grammaticos cha
mão Pronomes.
9. Eu nome , com que quem fala de si se no-.
meya, em lugar do seu nome proprio, tem as varia
ções Me, Mim, Migº no singular. Se quem fala de
si se considera como dois, diz Eus, v. g. , Em mim.
la dois eu", um segundo a carne, outro segundo o
espirito. , ( Heitor Pinto.) •

1c. Quando alguem afirma algúa coisa de si, é


de outros, diz Nós; e tem mais as variações Nos,
e Noscº. Eu, e Nós se dizem pronomes da primeira
pessoa. •

11. Quando falamos a outrem, dizemos familiar-..


B ii Hellº
• • - - - •

2@ - E P IT O M E .
mente Tu, Te, Ti, Tigo ; e no plural a mais de
um, Vés,
pessoa. (…) Vºs, Voico, e tal e o pronºme da segunda
• •

- 12. Quaesquer outras pessoas-, ou coisas, que não


são a primeira, ou segunda pessoa, se dizem tercei
ras pessoas, v. g. Pedro, o cavallº, a arvore ; e quan
do se põem em relação comsigo mesmos, tenips as va
ríações, ou caso: Se, Si, sigº, para o singular, e
plural, v. g. Pedro é Senhor de si: Paulo feriu se :
Estes ardão malavindos entre si, ou cºm igº. Do
uso dos casos direi mais na Sintaxe , ou regras da
composição. < *

13. Quando falanos a cualquer pessoa, ou coisa,


então se reputa segurda pessoa , v. g. o Pedro : é
monte Sião: Tu só, tu puro amor, &c. (b)
14. A influencia, que tem na composição os ge
neros dos nomes, e as variações do plural, tem al
guia colsa de commum com os aºjectivos, e por isso
: depois dos Capitulos seguintes tra-arei dos Generos dos
• Nomes, e das Formações dos seus Pluraes. (V. Cap. 4- )
} 15. Dos nomes, e adjectivos primitivos se derivão
º os diminutivos: v. g. de homem homemzinho; de mu
* i
- **
,
| !
+ •
lher mulucrinha; de cavallo cavallinho, &c. e os
. - •
au
J}}C/]*

:
i",{
(*) Eu indica mais e melhor o individuo , que
afirma de si algúa coisa , que o nome proprio do
sujeito, o qual póde ser ignorado da pessoa, a quem
} falamos; e ao mesmo tempo que individúa tanto, é
commum a todos os que o dizem de si. Tu quasi
sempre requer nome adjunto, quando ha varias cois
sas, ou pessoas presentes, a quem falanos, v. g.
Tu só, tu puro amor, &c.
{ (b) Se alguem fala a si mesmo trata se como a se
gunda pessoa. Socrates ( dizia elle entre si) conhe
;{ , ces o teu engano? Se fala de .si pelo seu nome pro
#
\ prio, considera se cer, o tereira pessoa, v. g. So


º cs
trates
vos ( saudo.
escrevendo a outrem) vos envia saudar; ou,

: | •
DA GRAMMATICA PoRTUGUEZA. si
mentativos, v. g. homemzarrão, mulheraça, ou mulhe
º rona, caval’ão, &c. dos adjectivos, v. g., doidº deidar
rão, louco toujuiuho, secco seccarrão; Ladr㺠, ladrº
vás, &c. (c) *
• C A P I T U L O II.

Dos Adjectivos Articulares.


1. S adjectivos articulares ajuntão se aos no
mes geraes, ou communs, para determi
narem o numero, ou quantidade de individuos, de
que falamos. •

2. Entre estes tem o primeiro lugar o artigo sim


ples e, a , o qual indica, que o nome se toma em
toda a extensão dos individuos, a que a sua signifi
cação é applicavel, v. g. 0 homem é mortal: º
cavallo é quadrupede, serviçal : a larangeira é arvo
re de espinho: ,, A mayor pouquidade , que eu nº
homem acho, é querer bem de siso a nenhuía mulher,»
(Eufrosin. 5. 5. f. 131. diz de todo homem em ge
ral. ) .
3. Se queremos tomar o nome individual, e ex
tensivamente, nas restricto a um só sujeito, ou a
menos de todos os da especie, limitamos a generali
dade, que indica o artigo simples , com outras cir
* *

|
cunstancias , v. g. º homem , que houtem vimos : º
velho da mentanha : o homem sábio : o casquilhº de
bairro. Outras vezes subentende se facilmente a cir
cunstancia, ou circunstancias restrictivas, v. g. º viste
º homem ? i. é, de quem já falámos. & Foste á praça ?
i. é, á praça desta Cidade. ! Já veyo º Pedro ? i. é, o
moço de casa d'este nome. -

|
4.

(c) Os Grammaticos dividem os nomes em collecti"


vºs, partitivos, &c. mas todas as divisões, que fazem
não influem nada, nem servem na composição Gram #
matical, senão o que vai no S. I. dº Liv. II. C. I. *

ild IYOt㺠} ?
— •• ---- == **aa *

$2 . • EPIT o M e
4. Os nomes individuaes, ou proprios são de si
mesmos determinados, em quanto á sua extensão; e
por isso não admittem adjectivos articulares. Assim
não dizemos o Catão, o Serteriº fez isto: a Roma é
Cidade antiga. (a), Se a cubiça de Italia, e as de
licias de Asia não devassarão Portugal. , (Eufr. 2. Sc.
5.) », Africa, Europa , e Asia as adorou. , (Camões,
Soneto 44. e V. Lus. 1o. est. 97. e seg. até 1os. Bar
ros, Gram. Dedicator.)
5. Todavia acinão se nomes proprios de regiões,
e os dos rios, e dos montes com artigos, pois di
zemos, v. g. a India, º Egito, º Cairo; a Ethiº
pia, a China, º Japãº, º Deca", o Canará; º Te
Jº, º Mondego , º Etna, º Vesuvio, o Norte , , º
Sul, &c. Isto procede assim, porque os nomes indi
viduaes, a quem não conhe-e os individuos, não dão,
pela mayor parte, idéya algia, nem da classe, a que
pertencem ; e por isso era usual ajuntar se o none
commum com o proprio apposto, v. g. º Rio Mou
degº, º Rio Tejº, º Lagº, ou a Lagºa Mcvthis, a re
: : :

gião Africa,
Vesuvio, a Cidade
o reino Mciade,#ce 1, o noite
a Cidade Beja; Etna , o monte
,, a Cidade Zei


i la situada na terra Africa. ,, (V. Barrºs D. 3. L. 1.
C. 5.),, a terra Asia ,, º reino Deca , ,, a Ilia In
glaterra, (Barros. 1. 9. 1. e 2. 6. 1.) &c. Depois
| que as noticias geograficas se divulgárão mais, foi se
omittindo o nome comimum , e ficou o artigo tal

vez com o nome proprio. E d'aqui véi a variedade,
com que os mestres da lingua hora exprimem, hora
calão o artigo antes dos taes nomes. (b) », Le o que
}

(2) Quando o nome individual não basta, usamos


}, do artigo posposto , com algúa circunstancia indivi
duante, v. g. Lucullo o rico ; D. Jorge de Alenezes
º Baroche; D. Sancho º Capellº; D. Afonso º bravº;
Catão e Jiayor. •

(b) Assim lemos nos classicos de Asia, de Egito,


de Et.iopia, de Grecia, de Melinde, de Africa sem ar
tigos: e logo que o nome é múito usual perde o ar

DA GRAMMATICA PORTUGUEZA, 29
Africa, Arabia, India te escrevem. » ( Ferr. Carta se
L. 2. ) \ • -

6. Os nomes proprios de terras, que são communs


a duas, ou levão epithetos, ficão como appellativos,
e usão se com artigo, v. g. a India Oriental , e s
Occidental; o Algarve d'aquem mar; as Arabias tres.
O mesmo é dos nomes de homens, v. g. º Camões,
i. é, o poeta Camões; o Seneca, i. é, o Filosofo Sene
ca; º Magalhães, i. é, o que descobriu o estreito: •
Pacheco, i. é, º Duarte tão célebre nos fastos da His
toria Oriental Portugueza; º Catão de Adisson, i. é,
o drama intitulado Catão; a Castro de Ferreira, i., é,
a tragedia intitulada Castro ; a Asia de Barros, para
a distinguir da Asia de Diºgo do Coutº ; a Venus de
Medicis; i. é, a estatua; o A tiaco, &c.
7. Os nomes proprios de terras, que d'antes erão,
e ainda são appellativos, ou communs, usão se com
artigo, v. g. a Bahia, o Rio de Janeiro, a Casa bran
ca, o Porto. Pela mesma razão se diz na Astronomia
º Ursa, o Cão, a Lira, a Donzella, o Escorpião, &c.
eJupiter, Saturnº, que forão nomes de homens, sem"
artigo ( Lusiada 1o. 82.) • *

8. Omitte se o artigo todas as vezes , que o


nome commum se usa attributivamente , v. g." , tees

tigo : antigamente dizia se o Pombal; hoje , º Mar


quez de Pombal; o mosteiro das Cellas (junto de
Coimbra ): hoje dizem tcdos: fui a Cellas; venho de
Cellas : d'antes dizia se, o Secretario do estado da guer
ra, dos negºcios do Reino, &c. hoje o Secretaria d'Es
tadº. » (V. do Arceb. L. 6. C. 3: no fim, e Orden. L. º
3. T. 5. princ. e S. 7.) Lucena diz de Japão, em que
tantas vezes fala ; e dizemos de Torres Neves, de Alhos .
vedros, &c. o Rio de Teurões; e na Lusiada 4. 23.
vfi Guadia a sem artigo ; Douro, e Tejo com elle.
Veja se toda a Egloga 1. de Ferreira, e Lusitan. Transf.
f.
*º,131,
** Palmeir. p. 4- f. 25. Y. » pelo riº Tejº aci
- • •
24 e ºIToM e
te animal é eavallº, é boi; ou quando se dá por at
tributo , por meyo de uma preposição , v. g. esta
pélla é de ferro. Em taes casos podemos substituir um
adjectivo ao nome sem artigo, v. g. esta pélla é fer
rca; este animal é cavallar-nacho, &c. e pelo contra- .
rio ,, d'º.ferrº, que me deste, fez se um punhal ,,
º cavallo de Pedro , quando o nome se toma exten
sivamente ; i. é, de todos, de certos, ou de um indi
viduo da classe, genero, especie, &c. -
9. Igualmente se cala o artigo, quando o contex
to dá a entender assis, que o nome se toma exten
sivamente, v. g. ,, Pobreza não é vileza , Não sabe
homem como se valha contra a calumnia , Homem é
.. mais obrigado a si , que a outrem , , (c) < venho de
:: : , casa » (isto é de minha casa) porque os antigos não
: : ajuntavão o artigo simples com os articulares posses
, , sivos, como abaixo direi; assim mesmo dizemos ,,
Pedro véi de casa (sc. de sua casa) e ,, véis de ca
| sa? i. é, de tua casa. (V. abaixo o numero 17.)
1o. Quando fazemos duas classes oppostas usamos
. * * do artigo repetido , v. g. Virá a julgar ºs vivos, e
? • -
(e) Este modo de usar da palavra homem imitámos
do Francez antigo hom, que se corrompeu em on (V.
a Grammaire Générale cºraisonnée, Part. 2. chap. 19.
… pag. 574. e Condillac, Grammaire, chap. 7. pag. 125.
I •


edit. de Genève, 178o.), Cá sem razom seria ao afili
cto accrescentar hom afilicçom. , , (Orden. do Snr. D.
Duarte.) Neste sentido o dizem as mulheres de si. V.
Camões, Anfitriões A. 1. Sc. a. » Há-os homem de tra
zer nos amores assi mornos, ,, e no Filºdemo, A. 2.
. Sc. 5.: Barrºs, Clarim. L. 2. C. 22.: Ulisipo de Jor

ge Ferreira, f. 33. Inedit. tom. 3...f. 6. ». Homem não
? póde jurar por ninguem. , (Eufros. 1. 6. f. 32. V.
A 3. Sc. 1. Ferreira Comedias,.f. 24- 31. Ulisipo Ce
med. f. 1 18. e 191. edições ult.) Os editores ignoran
tes accrescentárão o artigo em semelhantes modos de
dizer, o que não véi nas antigas edições.
DA GRAMMATICA PORTUGUEZAº s? |-

•s mortos: Álias diremos sem repetição », ºs hºnradºs,


e leaes vassallos de V. Alteza , , . #
r
11. Os nossos mayores usarão do articular um acom
panhado do artigo simples, v. g. ,, não posso servir
vos por duas razões; a uma porque é fora de tempo,
a outra &c. Ainda dizemos: todos á uma, sc. voz :
(aa uma : por uma, sc. razão. ) -
:$
*
}
12. Múitas vezes o artigo parece trazer à memo }# #•

ria o nome antecedente , v. g. viste o cavallo de


João ? Vi-º. Mas realmente aqui ha elipse, ou falta do
nome cavallo, que facilmente se subentende: o artigo
não muda de natureza, nem é pronome como eu, e
*tte •

13. Se usamos dos adjectivos attributivos em ve"


dos nomes abstractos, v. g. º doce, º agrº , por º
doçura, a agrura, o artigo refére se, e modifica ao -

nome ser subentendido, bem como se dizemos, v. g. }|


» Que º ser de tão formosos olhos preso , cantá-lº
(i. é, cantar º ser preso, a minha prisão ) bastaria
a contentar-me. , (Camões) No mesmo singular mas
culino usamos do artigo, quando se refere a uma fra -
# }} \, .
se, em que deve subentender se um infinitivo, v. g.
» Que vos prometta os mares, e as areyas não lhe
creais. , i. é, não lhe creais o prometter-vos, ou o pro
mettimento: , , Se me tratou bem, devo-o ao vosso
patrocinio , , i. é, devo º tratar-me bem &c. O artigo
sempre se refere a nome claro, ou occulto, e suben
tendido, como todos os demais adjectivos. (V. abai
|
xo no L. a. Cap. 2. a nota (f) ). Isto pelo que
respeita ao artigo simples. (d) - ,

14

(d) A natureza do artigo parece que foi inteiramen


te desconhecida dos nossos Grammaticos, um dos quaes
diz, que delle usamos antes dos nomes proprios, v.
E º Tejº, º Alondegº, porque soaria mal dizer, v.
E eu navegº Tejº ; navegº Mondegº. Mas dizem os
nossos Poetas,, Tejº leva na mão o gr㺠Tridente »
( Ferr. Egl. º. Personificando o Rio...) » Ouviu-o o

i
*— 4 = ==#====

26 , E P I T o M E
14. Alem deste temos os adjectivos articulares nu- |

meraes um, dºis, tres, &c. e os numeraes ordinaes


Primeiro, seguidº, terceirº: um denota incerteza.
15. O articular Elle trás á memcria um nome
antecedente, v. g. conheces o Pintor da Madalena?
• • Pois

monte Artabro, e Guadiana atrás tornou as aguas de


medroso. » ( Liviada), ,, entre Tejo, e Guadiana,
(UTisipo Com. . f. 352-) , ,, Danubio enfrea , Camões
Egl. 1. Outro Grammatico nos diz, como adverten
cia sua múi especial, que De é artigo as vezes: mas
De sempre foi, e é uma preposição; e ésta falsa no
ção veyo-lhe de ler em alguns Grammaticos France
zes, que Du, e Des são artigos, no que elles errá
rão; porque Du equival a de le, Des a de les, isto é,
• equivalem á preposição de , e ao artigo le, ou les no
plural (V. Granmaire Générale cºraison "ée, chap. 7.
Des Articles, pag. 96. e 1 o5. édit. de 178o.) O nosso
. # Barros tambem desconheceu a natureza do artigo , e
: : *4: chama des, e das artigos, que.são combinações da
, : preposição de, com os artigos ºs, as , como é visi
: -* # : vel. Duarte Nunes de Leão atinou melhor: Compare
4 # • se o que eile diz na Ortografia a f. 3c6- com º Grºº
! # matica de Barros a f. 99. leo. ; e la Grammaire Gé
nérale e raiton. pag. 1o;. e pag. 459. (édit. de 178o.
à Paris.) Cº 47%. 479. Coudillac, pag. 164. Os artigos
não mostrão casos dos nomes, que os não tem, nem
• se ajuntão a Eu, e Tu que os tem ; o genero do no
me governa o do artigo, e não o artigo ao genero
do nome, pois o substantivo geverna as variações
do adjectivo respondentes aos generos, e numeros dos
substantivos. Na lingua Latina a falta do artigo sim
ples dava occasião a modos de falar equivocos, v. g.
», Filius Dei tu es , que póde significar ,, Tu esf
tho de Deus,, e ,, Tu es o Filho de Deus,, duas, sen
tenças de múi, diverso sentido ; porque a primeira pó
de dizer se de todo homem pºr graça de adopção;
| #

a segunda só do Unigenito de Deus. •


DA GRAMMATICA PoRTUGUEZA, …
Pois elle foi quem pintou o retabolo. Quasi sempre
elle vem sem nome expresso, que ás vezes se decla
ra, v. g., dice, que elle Idalc㺠não referia as cau
sas, &c., e isto obsérva se, quando ha mais de uma
terceira pessoa do mesmo genero, e numero. Ele tem
os casos Lhe, e Lhes, e impropriamente lhe chamão ,
pronome da terceira pessoa, sendo um adjectivo arti
cular derivado do Latino ille, illa, illud, que no Por
tuguez se usa múito com ellipse do substantivo, a
que pertence.
16. Este determina a extensão do nome , a que
se ajunta, pela circunstancia de estar o objecto, que
ele significa, junto á primeira pessoa, ou nella: Esse
pela circunstancia de estar o objecto modificado por
ele junto a pessoa, a quem falamos: Aquelle indica.
o objecto remoro da primeira , e da segunda pessoa.
», Que espada é essa ? », perguntamos a outrem, que a
tem ; e elle mostrando-a responde , ésta espada é a
minha :: Ajuella álem é de Pedro. , Os Grammati
cos chamão a estes Pronomes demonstrativos; mas são
verdadeiros adjectivos articulares demonstrativos, (e)
cujos substantivos se calão, ou expréssão.
- 17»

(e) Istº, Issº, Aquillo dizem alguns Grcº-maticos,


que são variações neutras de Este, Esse, Ayuclle. Mas
istº, issº, aquilio nunca se ajuntão a nomes, ou sub
stantivos, antes estão per si sós na sentença, v. g.
istº, que aqui tenho, e não sei, ou não quero no
meyar; issº que ai tens com tigo, e não quero, ou
não sei nomeyar; aquillo, que além vês, que é? Istº,
Isso, Aguilio é lindo ! concordão com lindo na forma
masculina. « E temos nós variações adjectivas para
nomes neutros, que não conhece a nossa lingva? Um
º , um b não tem diferença sexual, ou generica; e
com tudo dizemos um a , um b, como um hºmem,
" boi; e um pomº, que tambem é masculino, e sem
sexo. » Tias istº, ( assi não fosse clie verdade!) sa
| • • - • |-

}
|{**,
2$ •
E P I T O M E
• •
"


{# i * 17. Mea,
maticos, Tea,
que são Seu,nesNossº,
pronº Vºsso dizem
possessivos; os Gram
mas são verda
deiros articulares possessivos. D'elles usavão nossos
mayores sem artigo simples , v. g. é filho de meu
pai: é efeito de tua , de vossa bondade. Só acom
panhavão estes possessivos com o artigo, quando ca
lavão o nome, v. g. ésta espada é minha; a vossa é
aquella: ou quando se falava de algúa coisa habitual,
v. g. , estou com a minha dºr , , .
13. Todo é outro articular, que usavão sem o ar
tigo, para indicar a totalidade de individuos, v. g.
» Só Deus é verdadeiro, e tºdº hºmem me tirºsº ,, em
toda parte ,, a toda hora. Só acompanhavão todo com
o artigo , quando falavão da totalidade de partes de
uma cousa, v. g. o homem todº não é mortal : ar
deu a casa toda : passei todo o dia com João. Ho
je múi vulgarmente se ajunta o artigo a Tºdo em
ambos os casos , e dizem promiscuamente : Todo º
WII/(4*

bci, que Amor usa de manha, ( Sá Mir.) , Não


podéra istº tão facilmente desejar, como lhe ele suc
cedia. , (Clarini. L. I. C. 1.) Nestes exemplos elle
nmasculino trás á memoria, e refére se a isto; logo
ou elle é neutro, ou isto é masculino. Por onde de
• vemos concluir, que Isto, Isso, Aguillº, equivalem
|
|
#" varios elementos daesse
ascimo Oração; istº º estº ºbjectº pre
ºbjectº proximº º ti, ºu que


# ig. mim
a ;tsso a
***
• •
nomeyast:
mo Outrem; aquillº á puelle
quer dizer objecto
outra remoto.
pessoa; Ninguem, mes
Assimnenhuía

pessoa, isto é; equivalem a nºmes combinadºs com ar


ticulares. » Bem sei que ºutrem ninguem póde valer
me , (Lobº, Peregr. ) V. aqui o Cap. 4. S. 2. n. 15.
nota (e). » De ninguem outrem se poderão aceitar suas
coisas ,, (Ulisipo, 3. Sc. 2.) Tudº não é variação
neutra de Tºdo; mas uma palavra, que significa to
da coisa, ou todas as coisas, v. g. , tudº 'nesta C2
sa respira governo, e ordem », tudo é bem feito. »
\
DA GRAMMATICA PoRTUGUEZA, aº
mundº ; por todas as pessoas, que o compõem ( que
antigamente dizião Todo mundº), e por a totalidade
das partes do Mundo. (V. Lusiada, 1o. 73. e $3. e
Ferreira, Bristº, A. 2. Sc., s. f. 13.) —
19. Algum , Nenhum , Cada, Qualquer são outros -
tantos articulares, cujo sentido é obvio. Só notarei
a respeito de Algum , que é erro cuidar se, que a
transposição deste articular ao nome, v. g. pessoa al
gãa, equival, sem a negativa nãº, a Neubúa pessoa,
Nos livros classicos se acha o dito articular posposto
sem força negativa, v. g. ,, Palavra Arabia algüa se
lhe entende , , D'esta gente refresce algum temámos »
E lajuela menina tiveste nºticia algüa ? (Camões Lu- •

<iada 5° 69. 75. 76. e V. Cait. 1.º est. 71. 2.º est. 1 =

44. 5.º cit. 4. e 64, Os Estrangeiros de Sá de Miran


da; 2.° Cerco de Diu, f. 57. ) -
2o. Que, Qual, Quem , Cujo são articulares relati
vos, conjunctivos, que trazem á memoria o nome an
tecedente, e ajuntão a senfença, em que está o ar
ticular, com a antecedente, v. g. 2, a casa, que eu
edifiquei é vossa , i. é, e eu edifiquei-a ,, a quin
tº, cujo donº era um amigo meu , i. é, e um ami
go meu era dono della. O vulgo diz erradamente
º cujo, a cuja , em vez de o qual, a qual, v. g.
Um homem , º cujo é meu amigº ; que tanto val
como dizer
significa : o dºdo qual,
sempre qual é cuja
meu da
amigo
qual : : porque
de cujaCujº
ca- •

º vim i. é, da casa do qual ; e correcto. ( Leãº,


Descr. C. 7;. usa-o improprimente dizeudº ,, Sant la
go Interciso de cuja nação fosse não nos consta, (is
to é um nós.
dizemos Latimismo.) : De que
» O Senhor, de nação,
cujº hadedequeserterra é?
o edi- •

ficio , é erro : (Barr. Prel. D. 1.) deve ler se: •

º Senhor, cujo ha de ser &c. - - -


21. Oude e articular conjunctivo, que traz á me
moria o lugar antes mencionado; Quandº, o tempo,
v. g. estiveste no theatro, ºnde, e quando (no tem
Po, em que ) eu estive tambem. Onde figuradamen-,
tº se relere as pessoas, v. g. , Eu chamo vulgo
• - enº …, …
se E P I T o M E
ºnde ha baixos intentos, (Ferreira) isto é, aquelles,
em quem ha &c. (f)
C A P I'T U L O III.

Dºs Adjectivos Attributivos.


J. E Stes significão as qualidades existentes em
—a algum objecto, v.g. branco, louro, man
so, leal, amavel, quando coexistem com homem, me
nino, &c. " •

2. As qualidades , e attributos das coisas admit


tem ordinariamente mais, e menos, ou nãito. O que
é bom póde ser mais bom, ou melhor, ou ºptimo a
respeito de outro ; o que é grande póde ser mayor,
maximo,
Pequeno. ou mui grande; menor, ou minimo, ou múi

3. Em algúas linguas o adjectivo attributivo sim


ples, ou positivo, se altéra para indicar a mayoria,
ou diferença comparativa, v. g. doctus ( douto) em
Latim, varia se em docticr (mais douto) e doctissi
mus (múito douto); Minor (menor) Minimus (mi
nimo ).
4. As variações, que significão mais com o attri
buto, dizem se adjectivos comparativos; as que ajuntão
milito aos attributos, superlativos. •

5. Nós temos comparativos em fórma simples


Mayor, Melhor, Menor, Peyor, Anterior, Interior,
Exterior, Inferiºr, Superior, Citeriºr, Posterior, Ul
terior, &c. adoptados do Latim; os mais, que nos
faltão, supprimos com a palavra mais, v. g. mais al
• • • vo »

(f) Em Poftuguez, dizemos ,, aquelles, d’onde ve


nho , por de quem descendo, como Horacio disse :

i Levinum Valeri genus , unde Superbus regno pulsus


fuit : e Terencie ; e Latronibus , " unde emi : unde
por ex quibus; e Philosophºs domi habuit, unde dis
seret, &c. por, e quibus disceret.
/
*--
|-


#;;
###
pA GRAMMATICA PORTUGUEZA. 3º , • ###
ve, mais verdadeirº; e usando dos nomes por adjectiº ##
vos, dizemos, v. g. mais homem, que outrem; mais ####
mãe, que avó; º mais sem honra. - }
6. Dos superlativos temos algúas fórmas simples ?>
tomadas do Latim, v. g. Maximº, Minimº, Optimº, X:

Pensinº, e Humillimo, Simillimº, Pauperrimo pouco ##


usados. Outros formamos segundo as regras seguintes
ensinão. #4
7. Os adjectivos acabados em º, e, mudão o º, S
ou e em íssimo, v. g. Douto, Doutissimº , Felice,
Felicissimo. Excepções: Sagradº, Sacrativimº; Ami
go, Amicissimo ; Friº, Frigidissimº; Asperº 2. As
perrimo, ou Asperissimo; Micro, Miserrimo; Magui
fico, Magnificentissimº ; Célebre, Celeberrimo; Ne
bre, Nobilissimo; Salubre, Saluberrinº; Agrº, Acer
rimo, &c. • • ..…
3. Os adjectivos em åo , tem o superlativo em ----
nissimo, perdendo o º, e mudando a nasal á em a
v.g. Vão, Vanissimo; São, Sanissimo; Christãº
puro,Christianissimo +
tem . - •

9. Os positivos acabados em L , ou R, tem os


superlativos em issimo, v. g. Natural, Naturalissimo;
Cruel, cruelissimo; Util, utilissimo; Geral, ou General
tem Generalissimo; Particular, Particularissimº ; Fiel,
Fidelissimo; Infiel, Infidelissimº; Fácil, Difícil, Fa
cillimo, ou Fácillissimo, e Dyficillimo, ou Dificillissi
mo; Miseravel, Miscravelissimº. • •• •

1o. Os positivos em om , e um mudão o m em


nissimo, v. g. Bom, Bouissimo (º); Commum, ceram…
nissimo; Um, unissimo. •

11. Alguns positivos em Z, ou ce, mudão o z, º


ou e em cissimº, v. g. Atroz, Atrocissimº; capaz, ca
pa- .

(a) Este superlativo é classico ; mas de commum ,


usamos de Optimo tomado do Latim Boius, Melior,
Optimus, alterados em Bom, Melhor, Optimo. Assim .
dizemos Sumo por o mayor de todos, v. g. º Suwº
bem, e Infimº, Intinº, Ultimo, Extremº.
. 32 | - E P I T O M E
pacissimo; Feliz, Felicissimo, &c. Outros derivão estes
superlativos dos positivos Rapace, Pertinace, Vorace,
Atroce, Felice, Infelice. Bellacissimº não tem positi
vo Portuguez.
12. Quando não temos superlativos derivados dos ad
jectivos positivos, ajuntamos a estes o adverbio mitº,
-* v. g. müitº politico; müitº ajudado; múito favorecido.
13. Talvez se ajuntão os adverbios mais , tão,
múito aos superlativos, v. g. müito grandissima suber
ba; mãito pessimo ; mais intimo ; tão bellicosissimo,
tão minimo. Alguns adjectivos parece , que não admit
tirião superlativo por sua significação, v. g. Divinis
simo de Divino ; juesmissimo de Mesmo; Unissimo de
Um ; Infinitissimo de Infinito; e todavia assim se achão
nos bons autores.
14. Múitas palavras se usão de ordinario como
-nomes , que são verdadeiros adjectivos attributivos,
v. g. o hermo, e herdades hermas; o missal e Livrº
missal; o passador e sétta pausadora; o fedegoso, e
lervas, ou coisas fedegosas, (Ordenação Afonsina L. I.
Tit. 28. S. 16.) homem ou mulher herege, e hereges
ºpiniões; o homem adultero, e o adultero engano, &c.
15. Advirta se, que com os attributivos qualifica
mos de ordinario as coisas ; e que tambem o fazemos
com os nomes acompanhados da preposição de, v. g.
homem de valor , ou valoroso ; de saber ou Sabio.
Assim mesmo negamos, ou tiramos os attributos pe
la preposição sem , v. g. O scm-ventura amante.
Nestes ultimos casos tambem usamos de mais e múi
te para supprir comparativos, e superlativos, v. g.
o homem de mais honra, de mais saber; o mais sem
honra ; múito sem-sabor : Tu - es múi para pouco.
(Costa, Terenc. t. 2..f. 267.)
16. Os adjectivos attributivos usão se por nomes
abstractos, v. g. o agro desta fruta; º doce do mel,
# º teve do monte, &c. mas não se subentenderá o no
me verbal ser ? (b)
17.

(*) Camões dice , que º ser pretº de tão formo-.


• •
\

DA GRAMMATICA PoRTUGUEZA. ; ,
17. Abaixo tratarei dos Participios, que são adje
ctivos attributivos verbáes, ou derivados dos verbos
(V. Cap. 5.).
,\
#
cA e I T U L o Iv.
De alguns accidentes communs aos nomes, e adjectives
I. S nomes, e os adjectivos, que os modi
ficão, varião de terminações, quando si
gnificamos múitos objectos; v. g. um dia, dois dias,
este pomº verde, aquelles pomos doces: isto é, ir o no
me, ou adjectivo ao plural.
2. Igualmente se varião os nomes para indicar os
séxos dos individuos; e os adjectivos que os modifi
cão, para apparecer a qual nome se referem : assim
dizemos, . v. g. Le㺠bravº ; Leºa parida , brava;
homens máos; feras tigres (').
A $. I.

Da formação dos Plurács dºs Nomes, e Adjectiver.


J

1. J? apontei, que os nomes de um só indi


viduo não se usão no plural, senão é fi
guradamente, quando os damos a sujeitos de caracter
semelhante: v.g. “ Andão ? Scipiões pelos hospitáes »
Be

aos ºlhos, cºntálo bastaria a contentar-me : e Jorge


Ferreirº na Ulisipº, At. 5. Sc. 7. “Pessoa, e "ser"é
º de Florença, para um Principe a tomar por mulher. »
Canta-lº, i. é, cantar º ser presº : ser é o de Floren
ça, i. é, º ser de Florença.
C) Em outras linguas os nomes, e adjectivos tem
terminações fináes diversas, a que chamão casºs , e
*㺠mais ou menos ; nas linguas vivas pela mayor
parte só tem casos os nomes respondentes a Eu, Ta º
Elle ; e alguns adjectivos articulares possessivos,
----
=*-+----

34 E P I T O M E -. -

i. é, os grandes capitães: “ Haja Mecenas, e haverá


Virgilios », i. é , tenha o mundo protetores das Mu
sas, e terá grandes poetas.
2. Eu considerando-se como dois tem Eus, e por
analogia “ em ti há dois tus » como “Em mim há
dois eus ("... º
1. Deus faz Deuses; o Sol Sees; e damos plural
a cousas unicas, cuando questionamos se é possivel
existirem mais como ellas. La girão outros soes , e
outros mundos. “Se nos afigurou, que viamos duas
Venus ; ... e que se nos offerecião ao encontro duas
Dianas: º figuradamente (Lusit. Transf. f. 359. ). Os
• • < Adenis 2 &c.
. . . . 4. Os nomes de metáes não se usão no plural,
# : ;"| salvo para significar peças, e instrumentos feitos del
} ” ; les, e especies accidentalmente diferentes, ou quan
! º tidades, e porções: v. g. tinha umas pratas na bol
} : .. sa, os aços, os ferros do passador, das lanças, e pri
} sões; dos ferros uns são doces, outros pedrezes, e que
|
: ".….. bradiços: assim dizemos os sáes neutros, fixos; as
} #. cáes metallicas; as aguas ardentes, mineraes, ther
máes; os vitriºlos, terras, barros, ºcres, assucares,
: - &c.
;. Não admittem plural os nomes de qualidades
} habituáes, senão usados polos actos dellas; v. g duas
.fés, e crenças; as caridades que me fez; as nobrezas
deste homem ; éssas tuas paciencias, e ºf imentes: “a
- • ealma assalteada s%de Deus
deshenestidade invejas, cubiça",
aborrece ambições,
avareza, odios,
» i. é, os
actos viciosos d'inveja, &c.
} { 6. Os nomes de Ventos usão se no plural, quan
: | do cursão dias, e temporadas: v. g. “entrárão-lhe os
# !! Sues, os Nordestes, as Brisas. »
###
# ht… .
-
7. Nós dizemos os azeites, méis, ºleos, assucares,
• //]d/]*

| | | ' '
f.jº
t: ; • , º • •

: .. (*) Heit. Pintº, D. da Relig. C. ; “ Fm mim há


{| | {}:}.: ! dous ens, hum segundo a carne» outro segundo o es
• -
: , ! • pirito. » |- •

.
º
{{##
#
",

|
### • |- _/ +


dA GRAMMATICA PoRTUGUEzA. rs
manteigas, especiarias, pimentas, vinhos, leites, dar
encensos; famas; os trens dos exercitos, as memorias,
os quaes alguns Grammaticos dizem, que só se usão
|#
*A

no singular. Pelo contrario usamos no singular uma ##


fava, um gr㺠de bico, um tremºçº, uma lentilha; a
Pepa", o farellº, o alforge, &c. os quaes Barrºs ensina,
####
que só se usão no plural: “Todas as forças de San }2
são levou uma tesoura º
gra (…) . .
diz elle contra a sua re-.
-

$. Actas, Algemas, Alviçaras, Andas, Andilhas,



{#
Cerculas, Grélhas, Fezes (b), Exequias, Fauces, Pre
ces, Póstrcs, Piós, Viveres , e os nomes das horas
#
:
Canonicas Vesperas, Completas, Matinas, Laudes usão
se no plural: dizemos os miellos, e não os cérebres i.
de um homem; mas o cerebrº, e o cerebéllº (Ulisses,
1o. est. 39.) Os adjectivos numeráes só tem plural »
quando dizemos os setes, oitos, ou noves do baralho;
não há quem não dê seus cincos, ou cincadas..
9. Os nomes verbáes infinitos, quando significão
figuradamente coisas, em vez de acções, usão se no
#
#
#•#
plural; v. g. para seus comeres, beberes; os seus teres, * :
e haveres. Assim mesmo dizemos: isso tem seus quês;
saber os porquês das coisas ; dar os «mens; estar aos
itens, &c. • -
;-

Vejamos como se fórmão os pluries dos nomes


e adjectivos.
-

C ii IO,

(a) V. a Grammatica de Barros, pag. 97, e o Dial.


i}
de Viciºsa
da mel. vergonha,
Ineditos, 2. pag. 116.Os antigos dicerão melles
f. 3o4.
(b) Duarte Nunes de Leãº, Ortegr. f. 315. e Ferrei

ra, Carta 9. do L. 2. trazem no singular a féx, e Leon.


da Cotta, Terene tom. 1. f. XLVIII. “ da féz» e “ os
| |
Athenienses untavão o rosto com fezes: º “a quem te
não roga, nem voga, não lhe vás á voda : º Fºrellº, •

Mend. Pintº, C. 1o4: “ para mal de costado é bom º


abrolhº º (Eufr. 2. Sc. 4.) “ Dar-te-ia o pái boa alvi
fara » (Ferreira, Bristº, 5. Sc. 3.) º bofe; ésta vice
ra: prece é pouco usado, •
• -

J6 E P I Tº O M E
1o. Os que acabão em vogal pura, ou nasal, tem
o plural accrescentando se ao singular um s: v. g.
casa, casas; boa, boas; lebre, lebres; leve, leves; Ne
bri, Nebris; Dono, Donos; Sé, Sós; Lá, Lås; Cã, Cás;
Bahú, Bahás. Reyes de Rei; Leyes de Lei; Payes de
Pai; Alvaráes de Alvará; e Péis de Pé são antiqua
dos. ( Paiva, Serm. trás péis, e F. Mendes).
11. Os nomes acabados no ditongo nasal āo, tem
o plural mudando o áo em óes; v. g. razão, razões.
Outros seguem a regra geral, e tem o plural em åor :
v. g.A Accórdão, Alão, Anão, Ancião, Cestellão, Chão,
Christão, Coimbrão, Conimarcão, Corterãº, Grão, Ir
mão, Lédão, Mão, Orfão, Orgãº, Orégão, Pagão,
Rábão, São, Sótão, Soldão, Temporão, 17ão, Zán
gão. Alguns dão plural em 5es a Villão, Aldeãº, Ben
$ão, Anão, Cidadão, Cortesão (c).
12. Tem plural em áe, Cepellão, Cão animal, Al
lemão, Catalão, Deão, Ermitão, Escrivãe, Guardiãe,
2Massapão, Pão, Sacristão, Tabellião: dicerão alguns
Feliães; hoje dizemos Foliões. Os Bulcões, os Vulcões,
de Bulcão, e Vulcãº, ou Bulcãos, e Vulcão", que são
mais conformes á regra geral.
13. Os nomes , e adjectivos terminados em al,
el, ul, mudão no plural o l em es: v. g. Sal Sáes;
i Natural , Naturáes; Sol , Soes; Azul, Azues, Ta
-
| Jul , Tofues. Mal tem por plural Males, Cal de moi
nho
|
(c) Todos dizemos as benções do Ceo. (Souza, V.
do Arceb. l. 4. C. 15. Elegiada, f a 83.) e os Clas
sicos dicerão benções da Igreja, (Ined 2. pag 123.)
que hoje dizem bênçães. Peões de Pcdones barba
ro, é mais usual , que peões: “ innumeros peões. »
(Lusiada) Peães é variação feminina (V. Eufros. A.
3. Sc. 2. pag. 115. “ as outras prões.») e será peões
ara homens. Aldeão, áldeães: Os Cão, perto de Lis
fº, os velhos encanecidos, com cãs; “velhas cãs; º
palavras cãs, múi idosas, antigas. Al㺠tem no plu
ral alães, alios, e alões. V. o Dicconario.
DA GRAMMATICA roRTUGUEzA. "
nho Cales; de pedra, ou ostras, as cáes metallicas, &c.
Consul Cºnsules, Curúl Curúles, Aaval Auzºes: (An
|
zelos é antiquado de Anzolº). Real moeda imagina
ria; o plural reúes abrevia-se em réis: v. g. mil réis.
14. Os nomes, e adjectivos em ele mudão no plu
ral o leem is: v. g. Sável Sáveis; Amavel Amáveis;
eurºpél, plur. europélles ( Arraes, 1o. 74-). Aos termi
nados em il agudo muda se o l em *: v. g. Anaft
Anafis , Vil Vis, Gavíl Gazís : ( Anafiles de Ana
fil, é pouco usado) Edil, Ediles, ou Edís. Os que
não tem o accento no il mudão-no em eis : v. g. Fá
cil, Fáceis; Dócil, Dóceis. Habiles, Faciles, Terribi
les, e semelhantes plurães, que usárão os classicos,
i
estão antiquados. Os antigos dicerão melles , nos méis.
15. Aos nomes acabados nas nasáes em, im, em,
um, muda se no plural o m em ns (*) v. g. Bom ,
Bons; Dom nome, e prenome de honra Dons ; (os
classicos terminavão Dões por dadivas) Bem, fas
Bens, que se pronuncia Bres , assim como Vintées,
Armazées, e semelhantes ( que assim se escrevião, e
seguião a regra dos nomes acabados em vogal , ou
ditongo
um es, nasal ) a Canon, Nomecânon , accrescenta se
Canones. •

16. Os nomes, e adjectivos em r, s, x, z tem


plural accrescentando se lhes um es: v. g. Perar, Pe
zares; Clamor, Clamores; Rapás, ou Rapace, Rapazes;
- • Ve

(*) Quem é singular, e plural : obrão como quem


*ãº: Quem erão ? C Lusiada 1. ;o.) Ninguem, no fi
gurado: “são uns ninguens.» Alguem, Ostrem não se -

usão no plural. A analogia da nossa lingua na corru


pção dos vocabulos Latinos , que tem n entre duas
Yogāes, é tiralo, fazendo nasal a vogal, que prece- .
de ao " : v. g. bene bre; rationes razões; venis, po
ºit, vi, põi: Romano, Romã-o; tertiana, terçã-a;
bonº, bó-º; Luna, Lü-a; por onde se vc, que o til de
ve ir sobre a nasal , que precede á ultima vogal»
quando se ditongão, -
3$ E º I T o M E
Veraz, Vorazer; Feliz, Felizes (d). Alferes, Arráer, e
Cães, Ourives, Duples, Pioz, Onus; (Jus, plur. Ju
ros, direitos, v. g. da Natureza) simples, hoje são in
variaveis no plural (e). Dizemos porém os simplices,
ingredientes, que entrão em composições Medicináes.
Cáli, tem o plural Calices; Appendix, Appendices; In
der, ou Iadice, Indices: Fenix não se varia no plu
ral, e dizemos as fenix. Barros (4, 4- 3.) escreveo
• ºs Caezes; mas cáes plur é usual.
1
17. As palavras compostas, ou soldadas de duas
: mudão no plural as partes, que se varião , e que ficão
- --
{ por inteiro: v. g. Cada-uns, Façalves, Quaesquer de
Qualquer, Gentis hºmens de Sentil-homem (f) mas Prol
Ja; is, Rectaguardas, Republicas, Vanglorias, Dom
455a 'es, não seguem a regra. Grau por Gra ide é in
variavel, e assim o deve ser em Gra I-Cruz , Graº
Cruzes, e Gra "-Mestres , que os Antigos dicérão os
Grãos. Mestres, alterando, contra a amalogia, o granº
sincopado para grão. (g) Gram fortaleza gran Turco
( Caninna f. 36.). Os que escrevião por am os di
tongos em áo derão occasião aos que menos attenta
rão nisto , para depois confundirem grau com grãº,
e Jan com ião. • $ •

(d) Outros usão Felice, Iyfelice, Felices, Infeli


«es ; Feroces, e Ferozes; Atroces, &c.
(e) Os classicos usárão os plurães Alferezes, Ouri
vezes; simplices, e simples; Cáezer.
(f) Couto, 8. C. ; 3. “ vierão muito gentil hºmens.»
Vieira, Carta 1o?. tem. 1. “ pareceremos pouco gentil
homens a essa Senhora: º mas dizemos os Gentis homens
da Camara. Arraes, D. 9. C. 3. e Cºutº, D. 1o. L.
4- C. 1. dizen vaisvens no plur. de vai verbo , e
vem tambem verbo, declinando vais como plural de
vai, segundo a analogia dos nomes, e não como é
o verbo no plural, que seria vão-vem, e se n㺠dir.
(g) Duarte Nunes diz expressamente, que Gra",
e Saut são contracções de Grande, e Santº - mas a
—#
DA GRAMMATICA PORTUGUEZA: 19
s. Il.'. i} ;{#
Des Generes dos Nomes, e Variações dos Aºjectivº …; #
respondentes a elles. Dos nomes prºprios. . «
I. S nomes de homens,. Anjos, Deuses de
Fabula são masculinos: v. g. Achiller, Jºº
:}#}
ve, º Serafin
(Ulisipo, At. : 1.noSc.figurado
6. ). diz se : aquella Serafins

2. Os nomes de mulher, Deusas, Ninfas, Furias


são femininos: v. g. Ana, Clothº; Echo Ninfa (écº,
ou écho, som reflexo, é masculino) Iris ninfa é fe
minino ; o arco é masculino; e no figurado º iris
dos olhos, das lentes: “ é º Iris, que a paz nos asse*
gura: ),
cripç. º outros
(*) dizem, o arco da Iris ( Lcãº, Desº
• -

3. Os nomes proprios de Ventos, Rios, Montes,


Mares, e Mezes são masculinos; dizemos porém •
Meoti.is, ou a Meothis, segundo o referimos a lago,
ou alagoa ( Naufr. de Sepulv. f. 39. e 4o.) e a Es
tige, º Estige (Eneida, 12. 193 ).
4. Os nomes proprios de Regiões, Cidades, Víl

tendencia da Lingua para fazer terminações masculinas


em áo fez Gr㺠, e São para algumas composições,
e conservou Gra", e Saº noutras: v. g. San Pedrº,
Sa Jºãº, SaºJoaquim, Saº-Telmo, Santº Iágº, San
Joa eiras, &c Grão Turco, grão destroço, grão tra
balho, &c. (V. Leão, Ortogr. f. 2 a 1. e 2; 3. edif.
de 1734 ) •

(*) Quando se appói um nome como attributo


modificante, os adjectivos concordão com o principal: #

#
v. g. “. Aquelle fonte de eloquencia Tullio » (Resen {
de, Prol dº Leliº). “ Morto aquelle peste do Mundo *
Herodes » ( Paiva, Serm. t. 1.). “ Veyo Francisco de
Tavora em a sua Rei grande (sc. nau ). » Barros
* 3. és
#
:} }:
} * *>

::
{ {
#
#

;#
4º EºIToMe
* º lugares, achão...se commummente femininos; e
ºlvez masculinos referindo se aos nomes communs
Jºgar, Villa, Reino, cidade , Região, Praça Assim Ce
** traz Piu masculino, e feminino ( Lguiada, 2.
5º; e nº C. 1o. est. 64. e 67.) Freire , a illustre
Diu: outro Diu (Castanheda L. 8. J. ; ;.) ** Tan
É** Pºpulºsº, e º dura Arzila, Porém elas em fim
Pºr força entradar » (Lusiada 4. est. 55. e 56.).
4 suberba Ormus (Lusiada 1o. est. ; 3. ). “ Or
* - S - º torna d'elle posse » (2.º cercº de Diu, .f.
434: ) - “A ºpulenta Bisanciº, e iodº º Epiro » ( Naufr.
de Sepulveda, f. 24. ): a guerreira Carthago; a infa
* Egytº; a bimar Corintho; a cidade Beja . . . .
Trançoiº destruida ( Lusiada 3. 63. ). Santarem é
tomado (Leão, Cron. de D. Af. 1.). Scilla, e Cha
riºdº mascul. ( Lusiada e Ferreira j e femin. Ulis
Jea, 8. 72. (*).
3- Todavia os nomes proprios usados sempre em
um gênero não se alterão; e é erro vulgar dizer te
de Lisboa, tºdo Castella; e menos proprio dizer se
"º#Pre, um Gaido; porque o nome commum » e
#ais obvio, a que devem referir se estes, é ilha:
“ºutrº Chipre, outra Guido ali se via » Seg. Cercº
de Piº, f. 138. a fresca Cypre (Lusitan. Transf.
J = 13. ) “ Nesta ilha Cipre a Venus dedicada. » .
Nº Jornada d'Africa véi (e mal ) todº Hespa
nhº: tºdº Berberia ; Féz º nove, &c. ( a f. 49: «
99. ). Tºdo Hespanha será todo o territorio , ou reino
Hespanha ?
6. Nótese, que os nomes proprios dos Lugares,
que antes forão appellativos, ou communs , seguem
º generº das terminações; v. g. º Portº, º Pombal,
a Bahia, os Ilhéos, &c.

Des

(…) F. Mendes, C. 1o7. huma Roma, huma Vene


za, huma Coutantinºpla, ham Paris, hum Londres,
*
DA GRAMMATICA PORTUGUEZA. 41

Dos nomes cºmmuns. •

7. Os nomes communs dos animáes, que signi


ficão o macho são masculinos; os que significão a fe
mea são femininos; v. g. º hºmem, a mulher; º cãº,
a cadella; elefante,
8.
### ou aléa, mú, múa.
Outros nomes de ânimáes debaixo da mesma
terminação são sempre masculinos, ou sempre femi
ninos; v. g. o Javali, o Corvº, o Lagartº, (a lagar •

ta insecto), o RJixinol, o Golfinho, o Noitibó, &c.


A córva cozinheira, se dice por uma preta: a Oaça,
Serpente, Aguia, Corvina, Cobra, Eurºva, Fataça »
a 4adorinha, a Coderniz, a Betarda, a Fenis, que
no figurado tambem se usa masculino: v. g. “Vés,
meu Jesus, Divino Fenis » ( Vieira), o Sol é º Fe Ex:
nis dos Planetas (V. Lusit. Transf. f. 373.) #
9. Nomes há em fim, que são masculinos, e fe
mininos; v. g. Eu e Tu; e, e a Alciãº, o Tigre, a -"
Tigre, o Crocodilo, a Crocodilº: e quando houver dú
vida, e necessidadé de mayor precisão, diremos, con -
forme a analogia da lingua, a crºcodila, a golfinha; •

OU! 0 f{" .fenea;


co5ra ? &c.
a cobra macho, ou º macho da
• •
%
#
#
*
1o. Os nomes de oficios , e exercicios proprios ?
de homens são masculinos; os de mulher femininos; #
e são de ambos os generos os que convem a ambos; $.
v. g. o Juiz, Desembargador, º General; a Costurei
ra, a Conmendadeira; º e a Taful (a); º Personagem, #:
e a Personagem: o e a Homicida, Matricida, Parrici #
da (b), Hypocrita, º e a Oficial: “ cite homicida "…

*;;
*, ,
#
(a) A plebe dis certas tafulas, devendo dizer cer-- * #
tas tºfues : e já se lê na tradução do Gilbras. Dizemos
*
a juiza de irmandade : e porque não diremos a Me
narcha, como º Sºberana, a Regente, &c. ? - #
t>
(b) Alguns dão variações em o a homicida, e hipo
crita: v. g. desejos homicidos; hypocritº verdugº; mas

|
;*
*.

e
42 • E P I T O M E
dº » ( Lusit. Transf. f. 155.): º e a apestata, &c.
Sentiacla é feminino: Guarda de navio, e prisão mas
culino; alias dizemos : traz uma guarda de cavalla
ria; o corpo da guarda; as guardas Reães; os Guar
das marinhas; as gu irdacostas. Os e as Vigias, Ata
layas, homens; mas a Atalaya, a Vigia, póstos,
sempre são femininos: ºs guias, fºi guias homens, ou
mulheres; mas as guias cordões; feminino: es, e as
espias homens; (Freire, f. 398. ) uma espia lugar; e
corda nautica: trombetas bastardas (por trombeteiros)
no feminino, e logo “vestidos de seda... e muito
bem encavalgados; º traz Resende (Cron. de D. Joãº
2. C. 128.) com boa distinção. Mocnila homeau é
- masculino; saco é feminino.
11. Nos nomes acima , e outros como Fiador,
Fiadora; Juis, Juiza; Doutor, Doutora; Idolo, Idola;
Infante, I junta; Parente, Pare ita; Prégador, Pré
gadºra vemos a analogia, que dirigiu os inventores
das linguas, para darem diversos generos, e termina
ções diversas para machos, e femeas. (c) Não se vê
porém a razão, porque dicemos o Páo, o Pão mascu
linos, a Pedra, a Farinha femininos. Nestes de coi
sas sem séxo, apellativos , ou conmuns, seguiremos
as regras abaixo.

• Ge

é improprio. “ Ferro homicido passa ao Rei homicida º


é(Elegiada,
uma incoherencia
f. 19. )., sendo ferro e Rei masculinos

{#
(e) Nos Livros classicos, e nas Leis vemos fiador
mascul. e feminino , e assim Prégador, Autor, Ser
vidor, Devedor, Inventor, Senhor, Juir: v. g. eu
sou má Juis; Infante. Mas já os classicos mesmos di
cerão Moradora, Tragadora, &c. Hoje geralmente da
mos variações em a femininas a todos; e nº femin.
tambem dizemos a Poeta, ou Poetiza; a Prºfeta, ou
Profetiza; º e a Martir, &c.

DA GRAMMATICA PORTUGUEZA. 4y
A -

Generos dos nºmes, que se regüi㺠pelas terminações.


12. Os nemes communs terminados em a puro,
ou nasal são femininos; v. g. caia, romã. Except. Al
vará, Clima, Cometa, Dia , Diciºma, Emblema , e .
Nada, o Nunca, º Agºra, º Enigma, Empicnia, Edeº
ma, Tena, Dilema, Tacorema, Anathema, Sofismº,
Prisma; º trombeta, º trompa, º clarineta fg. por o
que toca: Mapa, Estratagema, Poema , Sistema, Pre
blema, e outros masculinos (d).
13. Os nomes em e são masculinos. Except. Ar
vore, Cohorte, Neve, Face, e muitos outros acaba
dos em ade, e ice, exc. o Apice; e Vertice: os que
terminão em é agudo ; v. g. Maré, Galé: mas Café, .
Boldrié, Rapé, Petipé, Rosici é, e outros são mascu
linos. Arvore acha se nos classicos masculino, mas é
antiquado. Corte golge masc.: córte de aves, e cria
Gão , e côrte femininos.
14. Os nomes em i, º, u são masculinos; v. g
Grei, Lei , Comboi; Lenho, Bahá. Except. Beilhi,
Euxó, Ilhó, Má femininos: Tribu ácha se cómúnmente
masculino nos bõs autores. •

15. Os terminados nos ditongos em åo , e ée, ou


em são femininos. Except. Carvão, Celzão, Feijão,
Ferrão, Mellão, Pão, Trovãº, Arçãº, Massapão, Ca
bºçãº, Pavelmão, Torrão, Tostão, Trotão, Artesão,
Tesão, Aivão, Gavião, Torsão, e outros masculinos;
e assim o são Bedée ou Bedem, Vintée, ou Vjutêm ,
Arrebêm, Vaivém, Bem, Trem, Desdêm", Assém , &c.
ºs classicos dicérão talvez º Linhagem , que hoje é
feminino. Quem, Alguem, Ninguem são communs ?>
--•
1
|
(*) Nos Livros classicos vemos femininos clima,
Cometa, Diadema, Estratagema , Mauá , º rº: Scirº
ma; nós dizemos o Scisma do Oriente: e º metteu
se-lhe ajuella scisma na cabeça » erronia, má opinião.
(*) “ Não havia ali ninguem iscuta d'estas coisas:
!•##

#
E P I Tº O M E
16. Os nomes em om, im, um são maseulinos.
Fim ácha se femin. nos antigos, mas é desusado; e
dizemos º meu fim: este fim teve.
17. Os nomes em l, e r são masculinos. Except.
Cul, Colhér, Dor, Flor; ésta côr, vontade , ácha se
nos Livros classicos; ésta côr é usual. Os Infinitos
dos verbos são, nasculinos: v. g. o amar, o ler, e ou
vir; o serdes letrados; º sermes feyas (*).
18. Os nomes em s, e z são masculinos: v. g.
um Atlas; um As dos naipes; a Az esquadrão ( Cla
rim. 3. c. 11.) um Ras panno; Jus, Alcatrus, Al
cassús: são femininos ##"
Arras, Cócegas, Alvi
faras, e outros usados no plural, e assim Preces,
Efemérides; &c. Cutis é feminino, e assim o são Paz,
Tenáz, Vºz, Toryuèz, Buiz, ou Boiz, Matriz, Foz,
Vóz, Nóz, Cruz, Luz, &c.
Das variações dos adjectivos accommodadas aos generos
dos substantivos.
#i
19. Os adjectivos de duas terminações em a, e
e tem ésta para os nomes masculinos; as em a para
os femininos; v. g. casa nova, templo novo. Parvo tem
o feminino párvoa, e dizemos uma parva de almoço:
Ca

alguem andava então bem saudosa: ella é a quem amo.»


(V. Barros, Clarim. L. 3. C. 13. ) “ outrem mais bem
# prendada. » Vieira, Serm. 11. 1., 3. n. 96.
(*) E é de notar, que o adjectivo, que se refe
re as pessoas do infinito pessoal, concorda com ellas
em genero, e numero, como vimos; se se refere ao
infinito puro, usa se na variação masculina singular :
v. g. º ser infinito, o ser árditº: “ o sermos sós » sós
concorda com nós subentend. ( Costa, Terenc, tom. 2.
". J. 237. ) “ O ser eu cativa tua º : “ Letrados, que o
1 são fracos » ( Veiga Ethiop. ) : o ser vista, deixada
( Can. .Eleg.
deixada (V. 8.) ; está porart.o Infinitivo)
o Diccionar, seres tu Belisa
. . vista,

;}:
:*
DA GRAMMATICA PORTUGUEZA. 4;
Cada é invariavel, ou commum : cada homem, ou
mulher.
2o. Os terminados em e servem para nomes de º ?
# =—
ambos os generos; v. g. casº grave, materia grave: .
Elle, Este, Esse , Aquelle, mudão o e final em º
com os nomes femininos; e assim Cofre, Hereje (*)
Parente. É invariavel Infante adjectivo: mas dizemos
#
a Senhora Infanta, posto que os antigos dicérão nes
te sentido Infante. Regente, Penitente, Amente são
communs ; e assim mesmo outros adjectivos verbáes
em ante, ente, e inte. ( Cam. Filod. tem. 4- f. 163.)
Constantemente dizemos uma corrente, talvez suben
tendendo cadeya (V. Barrºs, Clarim. L. 1. C. 23.): a
vaiante, a descente da maré ; na mingwante da tua,
i. é, na quadra minguante : na minguente dos vºcá
bulos (Lusit. Transf.) ; º Fendente do brinco, e do
sello do Chanceller (Orden. Afons.).
21. Meu, Teu, Seu, Sandeu, Judeu tem os femi
ninos Minha, Tua, Sua, Sandia, Judia: aos em a
puro accrescenta se um a na fórma feminina: v. g.
Nu Nua ; Cru Crua. >"
*--*
-

22. Os adjectivos terminados no ditongo nasal āe ----


** - -
perdem o º final para os nomes do genero feminino: *
v. g. lugar chão, terra chã; meyãº, meyã; sãº, sã , >"
(f) melhor ortografia que meãº, chãa, pagãa, &c. * *
••
23. Os terminados nas nasães em , e um são Bom,
que tem boa para os nomes femininos (g); Algum, :-
Nenhum, Um, tem os femininos em úa , ou uma.
Cem

(*) Souza, V. do Arceb. s. c. 3s, dis a eregº --•

(ediç. de Paris); Cafra ( Castanheda.).


(f) O som nasal d’estes femininos assim se deve -
escrever, que termina com a boca aberta, e não por
am, pois que o m faz cerrar a boca; e mais absurdo
é escrever am por áe (V. Barros, Grani. f. loj. e
Leão, Ortºgr. f. a 19. e seg. edif. 1784 ).
(g). Alguns dizem ainda bóa como Barrºs escreveu
(Gram, f. 18. e 119.). * * *

.
\,
/
• 46 • E º I T o M E
Commum tem Commúa femin. nos Livros classicos; ou
• • commum para ambos os generos; e alguns os imitão;
- mais ordinariamente dizem commua , contra aquelles
. . exemplos, e a analogia de um , e derivados (h): Ca
º "i". brum, Cabrás, ou Cabrua.
: - • 24. Os adjectivos , ou nomes acabados em or
• achão se enesta
culinos, mesma v.forma
femininos: g. Secommuns para os
lhora Superior, mas»
Fiador

Peccador, Tutor, Curador, &c. Se alguem achar Lo


bo , ou ave caçador (Orden. L. 5. f. 62.) Assim
mesmo dicerão : a Nação Portuguez : frutas mente
zes (Barr. Dec. e Claria. L 2. c 23.): hoje damos
femininos em a a estes adjectivos; v. g. Fiadora, Su
eriora, Priora, e tudo o que póde pertencer a mu
her. “ Pales do manso gado guardadora » ( Camões
Eglog. 2.): mas com os nomes de coisas sem sexo
são invariaveis os adjectivos em or, quando não si
gnificão oficio: v. g. ºbra, fermosura superior a todas;
|- noticia ulterior. Assim dizemos a nação Portugueza ,
# Ingleza, Franceza. Preitêz, Préstes, Duples, Simples ,
e semelhantes são communs a ainbos os generos. To
* * davia cuido, que ainda dizemos gente montanhez: fru
4. " tas, e cabras montezes : ( i ) na V. do Arceb. L. 3
; •
c.2. 2o. ediç. mostezas.
y. vem de París,f.e Naufr. de Sepulveda, 1o. fol.
, ! * CA
* * *}
} # •

# • •

# : ; (h) Paiva, Serm. 1. f. 344. Eufr. A. 2. Sc. 1. f.


}…
… { •
53. Y. cºmmúa
trazem e A, 5. Sc.
, e 5..f. 133.classicos
outros Y. Elegieda,.f. 139. y.
: mas geralmente
não guardárão a analogia dos adjectivos em um; e a
"
mayor
v. parte usão
g. communs de commam
opinião; mulherescom nomes femininos:
cémans. •

f
() “Lettras conservadores de todas as boas obras º traz
: Barrºs no Prol da Dec. 1. edições de 15 ; 2. e 1623.
* * (V. Ined. 3...f. 34.) mas o mesmo Barros (no Cla
*
• rim. L. ; ) dice: “ a Lºba marinha grã tragadora: º e
-, • Camões º Eternas meradoras do Parnaso: º e ésta é a
3
*
• variação, que gérálmente se usa com os nomes femi
…______
*
----

• * ** * *
| | "}" |

DA GRAMMATICA PoRTUGUEZA. 47
• cA e I T U L o v. ">

• +

De Verbº, e Seus Modos, Attributos, Tempos, e


# \
• Pessoas. -

I. Verbo é a palavra, com que declaramos


o que a alma julga, ou quer á cerca dos
Sujeitos , e dos attributos # sentenças; com elle -
afirmamos, e mandamos : v. g. Eu sou amante: o *

pomo é doce: Filho sê temente a Deus, e ama o.


a. Á significação, ou oficio principal dos verbos
anda annexa a significação de algum attributo, e da
pessoa ou coisa , em quem o attributo existe , ou
queremos, que exista; e das diversas épocas em que
o attributo existe, existiu , ou existirá no sujeito.
Assim Ame por si só, equival a Eu sou aman
te actualmente: Ama a Deus , a , Sê tu amante de
Deus: Amei refere o attributo ao passado; Amarei ao
futuro. • •

3. . Quando a alma julga, ou quer pensa de dois


modos diversos; e por isso as variações dos verbos,
que declarão a afirmação, e o nosso mando, ou ques
rer se dizem Medos de verbe. Hora nós podemos af
firmar, ou querer com algúas diferenças, e modifi
cações ; e por tanto os Modos do verbo podem ser
tambem diversos, á proporção dessas diferenças acci
dentáes de afirmar, ou querer. Mas a Grammatica só

#
]
:
reconhece por modos diversos aquelles, que se expri
mem com palavras diferentes (2). !
4.

ninos. Alguns dizem a Priora das Ordens terceiras •


que as tem ; e a Prioreza do Mosteiro, de Ordem
Religiosa : foi juiz da pendencia a mulher do al
caide: e a juiza da festa : a mentira autor de
toda maldade (Eufre, 1.4- f. 4o.): bom pacificador
d'arruidos
der de letraestá ésta (f.
tirada (ibid.
7o.)f.percador
38.). (Eu
ibi sou
). má lê •

(*) Os Gregos tem um &#. Proprios que os

}
#
48 err roMe
4. Na lingua materna temos dois modos verda
deiros, o Indicativº ou Mestrador, com que afirma
mos, e o Imperativº, ou Mandativo, com que man
damºs , pedimos, exhortamos , ou declaramos o nosso
querer directamente a alguem.
5. Temos mais variações verbáes ditas do Mode
Conjunctivo , ou Subjunctivo, as quaes não declarão
afirmação , nem mando; mas ajuntão um attributo
verbal referido á primeira, segunda, ou terceira pes
soa, e tudo subordinado a outra sentença principal,
em que entra verbo no Indicativo, ou no Imperati
vo: v. amem
que te g. Não(b).
espero, que venhas cá: Ama, para

6. Estas variações verbáes subjunctivas tanto não


afirmão, nem mandão, que se podem supprir com
um nome abstracto, que signifique o attributo ver
bal , e um articular possessivo , ou com infinitos
pessoáes : v. g. “ Filho mais queria que morresses,
que

Latinos não tem. Veja se a Grammaire Générale er


i •
*
+
Raisonnée, Part. 2. Ch. 16, n. 1. pag. 177. édit. de

Paris , 178o. Os nossos Grammaticos referem ao mo
do Subjunctivo variações dos verbos, que são do mo
do indicativo: v. g. se eu amára, quizera, &c. eu iria,

faria se podesse: iria, viria são visivelmente compos


tas de ia vir, ia ir, como irei, virei de hei e vir,
:; ir; ir-me-hás, por irás-me, prová o que digo; ir-hei,
hei tensão dir, ellipticamente hei-d'ir; tenho dir. Far
me-há, por farás-me é analogo, e tudo do Indicativo,
como se lá vou : se sei, &c. com conjunções. (V.
Leão, Orig. C. 19.)
(b) Quando dizemos : Venha a nós º teu Reinº;
seja feita a tua vontade : faltão os verbos do Indica
tivo Peçº, Rºgº, Deseje , que venha,... que seja
feita, &c. Peçº vos que me ampareis , ou me ma
|

! ". tai (Clarim. L. 2. c. 21. Pag. 217.). Sobre os Me


+ \
dos dos verbas veja se a Short Intrºduction intº the
-|
4


English Grammar, pag. 66. (Lºnd. 1784-) net. (7) e
pag. 52. mºtº (4).
|-

+ *

• * • - " -

DA GRAMMATICA PoRTUGUEZA. 49
que ºfenderes a teu Creador.cºm peccado mortal B
( Flo, Sanct. Vid. de S. Luis, f. CVIII. edif. de 1967. 3 *

* o Imperador desejava múito de ficarde (que fiqueis • -"


na sua terra: A causa, que me fez cºnhecerves, essa
me faz que vos leixe (Barres, Clarim. Leixar por
Deixar) : Trabalha, filho meu, pºr agraderem tuas
cbras a Deus; º ou porque agradem (Mendes Pistº, e.
1 68 ) . "
!? Nos exemplos citados a que mºrresses podemos
substituir “ a tua morte » ficando o mesmo sentido :
• { {#
a ºfenderes podemos substituir “ºfensa tua a Deus:
ou que o ºfendesses: º isto é, ao infinitivo pessoal
pelo subjunctivo: a ficardes podemos substituir º ves
se ficada, ou que ficasseis, o subjunctivo pelo infini
tivo pessoal. Em lugar de conhecer vos podemos usar
de vos conheça; e por vos leixe, leixar ves, ou a mi
nha deixação de vós.
3. Deste mesmo exemplos se vê, que os Inf.
nitivos Pesseães (múi proprios, e talvez só da Lin
gua Portugueza) não são outros modos verdadeiros
dos Verbos ; mas palavras equivalentes ao attributo
do verbo referido a uma das tres pessoas, como se
faria por meyo dos articulares possessivos Meu, Teá,
Seu, Nºsso, Vossº, Seu d'elles. Assim Lermºs, Ler
des, Lerem significão e nºssa Liçãº, ou º nossº Ler;
e vesse Ler ou a vossa Liçãº; e º Ler ou Lição d'el
les. Nestas variações verbáes decópõise o verbo mais,
que "nas do subjunctivo, porque "neste modo o at }}
tributo se refere a uma época; nas variações infini }
tivas pesso:es, perde esta significação accidental de tem &
fº. (V. Clarim. L. s. c. , a4 pag. 267. alt. ed.) 1,

O vºssº engeitar º equival a º engeitardes; e alimes • {*


mo.folgarde d'aventurar equival a º vesse folgar. # *
9. Nos Infinitivºs puros representamos sómente o
attributo verbal, sem afirmar, nem querer, nem re
lação có pessoas, ou tempos; elles são verdadeiros #
}:
nomes verbáes abstractos: (…) O murmurar dº Pºvº,
: }}
G) Os Infinitos puros . e pessoaes, são sujeitºs #
*|-#"
{}
*} •

\ ,
{
.*
'+ ##
Se . " E. P. I T O M E " " " •

é a murmuração dº povo. O variar faz bella a Natu


reza ! Por isso concordão com adjectivos articulares,
e attributivos. “ Porem vós, tristes Reis, "neste ser
Reis, negãís a natureza, de que Deus vos formou. »
( Mend. Pinto, c. 163. ) . .
1o. Dos mesmos verbos se derivão as palavras em
- – " . 67/J=
-,

de proposições, e são regidos de preposições; e, por


onsequencia são palavras, que exprimem um objecto
abstracto ; e modificado por um articular possessivo
nos infinitivos pessoães. Assin dizemos: v. g. “ o se-.
rem feyas não as deve desconsolar: » onde º serem é
. - sujeito precedido do artigo e; e é sujeito do verbo de
; , ;" ve. “ Tentárão difamarem de mim, para indinarem a
* - - - V. Alteza (Couto): » difamarem é paciente de tentá
rão, e indinarem regido da preposição para. “Aquelle
, ,º seu dizerem, e fazerem não se acha nestes dias: » sãe
- * infinitivos modificados por aquelle, e seu. Donde se vê,
que nestas palavras prevalece o caracter de substanti
: . 4 -
1
-
vos, os quaes sós são sujeitos de proposições, e regi
dos pelas preposições. É de notar porém, que os ar
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tigos, que se lhes ajuntão concordão no singular mas
", culino; como com os infinitos, mas os attributivos ac->
*- - - , crescentados aos infinitos pessoáes concordão cõ a pes
.• soa, ou pessoas, a que se refere o attributo: v. g.
* Presumimos de honrados, e de gente de primor; e
.:: . queremos ser tidos por esses: º i. é, presumimos de
- - ser homens honrados &c, onde hourados concorda modifi
{ | cando o infinitivo com o nome nós ; e assim tidos
junto a ser: “_0 serem feyas: O ser de tão formo
| sos olhos presº &c. » i. é, º serem elas feyas: º ser
eu preso. Assim mesmo os Latinos usavão dos seus in
finitivos: Nam istúd ipsum non cite, cum fueris, mi
serrimum puto (Cicer. Quaest. Tuscul. L. 1, n. 12 ):
e Horaciº dice: nescius uti; metuens contingere; recita
\
re timentis; culpari dignºs ; piger scribendi.ferre labo
:{ rem;&dif.
elt. &c. 1791.
V. Severim de Faria, Discursº 2. pag. 63.
• * - " ,

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DA GRAMMATICA PORTUGUEZA: #s º
ante, ente, inte, que significão adjectivamente o atº
tributo do verbo: v. g. eu sou amante. (d) Estas to- -

mão-se commummente por substantivos: v. g. o Regen


te, a vaiante, o Intendente, a correste, sc. cadeya, &c.
11. Derivão se mais dos verbos outras palavras em
andº , endº, indº, que significão o attributo verbal
adjectivamente, e imperfeito, actual: v. g. achei a
Pedro dançandº, cantandº. Os Grammaticos lhes cha
mão Participios de presente (e). Estas mesmas pala
vras se tomão como substantivos abstractos, que re- º
- - D li . . . pre

(d) Os nossos mayores usárão das palavras em as


te, ente, inte, como de participios á maneira dos La- .
tinos : v. g. “Eu o Conde D. João Afonso temente
(por temendº) minha morte. » ( Menarck. Lus. t. 6.f.
?o. Y.) “ Rºmpente º alver da manhã. » ( Nºbiliar.
dº Cºnde, f. 33.). Camões dice: “ as perlas imitantes a
cor da Aurora:
(tem. º e »Ferreira; “ a aguia mais voante. »
2. f. 118.) - - - A
, º
(*) Na Cron. ant. de Condestavel, Capit. 9. 1o. s.
15. 39. 63. na Mºnarch. Lus. t. 6. f. ;c6. e 512, em
Fern㺠Lºpes, Crºn, de D.Jºãº I. e Camões, temº IV.
pag. 54-55. edif. de 1733. Ulissea, 7.° 13, e 15. vei
ºs gerundios com preposições múi frequentemente, é
imitação do que se usa nas Linguas Francesa: v. g. eº
riant, tºut ºn jºuant; e na Ingleza: v. g. is acing,
e em representando; in raining, em excitando. (V. Spe
<tactºr, "ºs io) Animus ia cºnsulendº liber: é de Sal.
lust. Bell. Catil na fala de Catão. (V. Terent. Andr.
act. IV. *e. IV. v. 3a. in Periuade) Na Lingua In- -
Eleza º gerundio serve de sujeito de proposições acó
panhado dº artigº thº: “the making ºf war; º fazendº,
ou fazer da guerra C Spectatºr, n°. 7; ). Nós dizemos -
semelhantemente: “E sabendº elles, que me hão-de achar
com sigº, quando menos o esperarem, bastará para an
darem espertos: º onde sabendº elles está como º se.
*****l*. :: bastará para &c. i. é, o gerundio per
*onalisado por sujeitº do verbo (Sºuza, V. dº Arcºs. •

-- • • •

* • •
$e E. P. I T O M E º " "
é a murmuração dº povo. O variar faz bella a Natu
reza ! Por isso concordão com adjectivos articulares,
e attributivos. “ Porem vós, tristes Reis, "neste ser
Reis, negais a natureza, de que Deus vos formou. »
( Mend. Pinto, c. 163.) •

1o. Dos mesmos verbos se derivão as palavras em


• • - • (J/**

de proposições, e são regidos de preposições; e por


onsequencia são palavras, que exprimem um objecto
abstracto ; e modificado por um articular possessivo
nos infinitivos pessoáes. Assim dizemos: v. g. “ o se
rem feyas não as deve desconsolar: » onde º serem é
sujeito precedido do artigo e; e é sujeito do verbo de
ve. “ Tentárão difamarem de mim, para indinarem a
V. Alteza (Couto): » difamarem é paciente de tentá
rão, e indinarem regido da preposição para. “Aquelle
seu dizerem, e fazerem não se acha nestes dias: » sãe
infinitivos modificados por aquelle, e seu. Donde se vê,
que nestas palavras prevalece o caracter de substanti
vos, os quaes sós são sujeitos de proposições, e regi
dos pelas preposições. É de notar porém, que os ar
tigos, que se lhes ajuntão concordão no singular mas
culino; como com os infinitos, mas os attributivos ac->
. crescentados aos infinitos pessoáes concordão cõ a pes
soa, ou pessoas, a que se refere o attributo: v. g.
* Presumimos de honrados, e de gente de primor; e
queremos ser tidos por esses: º i. é, presumimos de
ser homens honrados &c, onde honrados concorda modifi
cando o infinitivo com o nome nós ; e assim tidos
junto a ser: “ O serem feyas: O ser de tão formo
aos olhos presº &c. » i. é, º serem ellas.feyas: º ser
eu preso. Assim mesmo os Latinos usavão dos seus in
finitivos: Nam istud ipsum non csse, cum fueris, mi
serrimum puto (Cicer. Quaest. Tuscul. L. 1. n. 12 ):
e Horaciº dice: nescius uti; metuens contingere; recita
re timentis; culpari dignºs ; piger scribendi.ferre labo
rem; &c. V. Severim de Faria, Discursº 2. pag. 63.
ult, edif. 1791.
+

;
DA GRAMMATICA PoRTUGUEzA. ss #*** }

ante, ente, inte, que significão adjectivamente o at


tributo do verbo: v. g. eu sou amante. (d) Estas to ••

mão-se commummente por substantivos: v. g. o Regen


te, a vasante, o Intendente, a corrente, sc. cadeya, &c.
11. Derivão se mais dos verbos outras palavras em
andº , ende, indº, que significão o attributo verbal
}

adjectivamente, e imperfeito, actual: v. g. achei a


Pedro dança idº, cantandº. Os Grammaticos lhes cha
mão Participies de presente (e). Estas mesmas pala
vras se tomão como substantivos abstractos, que re
D li pre

(d) Os nossos mayores usárão das palavras em ei


te, ente, inte, como de participios á maneira dos La- .
tinos : v. g. “Eu o Conde D. João Afonso temente
(por temendº) minha morte. » ( Menarck. Lus. t. 6.f.
jo. Y.) “ Rempente º alver da manhã. » ( Nobiliar.
do Conde, f. 33.) Camões dice: “ as Perlas imitantes a
cór da Aurora: º e Ferreira; “ a aguia mais voante. » }
(tem. 2..f. 1 13.) º
(*) Na Cron. ent. dº Condestavel, Capit. 9. 1o. 1s.
15- 59. 63. na Mºnarch. Lus. t. 6..f. 5c6. e 512. em
Fernãe Lºpes, Crºn. de D.João I. e Camões , tome IV.
pag. 54-55- edif. de 1733. Ulissea, 7.° 13, e 15. véi
{
os gerundios com preposições múi frequentemente, á
imitação do que se usa nas Linguas Francesa: v. g. eº
:#:!
#
riant, tºut enjºuant; e na Ingleza: v. g. in acting,
em representando; in raining, em excitando. (V. Spe.
;#*

ctacter, nº § 1o) Animus in cºnsulendº liber: é de Sal. #


lust. Bºll. Catil. na fala de Catão. (V. Terent. Andr.
act. IV. vc. IV. v. 3a. in pariuade) Na Língua In
;}$ …

}
gleza º gerundio serve de sujeito de proposições acó
panhado dº artigo the : “the making ºf war; º º fazendº,
ou fazer da guerra C Spectator, nº. 7; ). Nós dizemos
semelhantemente: “E sabendº elles, que me hão-de achar
com sigº, quando menos o esperarem, bastará para an
darem espertos: º onde sabendº elles está como º sa
Berem eles... bastará para &c. i. é, o gerundio per
sonalisado Por sujeitº do verbo (Sºuza, V. de Arces.
• \
= |- • -- |

" { •

#
### . "
{
5a . E P I T O M E
presentão o attributo verbal incópleto, imperfeito,
| actual, e nisto diferem dos infinitos puros: v. g.
!
* múitas outras coisas contèm o Livro, que entre len
do se verão: º i. é, ao ler, ou na leitura: “ A manei
} ra dº accrescentando o desejo ao pedido : º (Mcn. e
Moça, pag. N. dº Titulo, cdição de 1559. e L. 2. c. 4.)
} “ Sem sendº resistidos, nem punidos: » (Cortes d'Evora
* de de
1442. art. dice
1.)me,
“ O&c.Imperador,
, r, º , eu falar, » “ Comoemtudolhe se
acabande
alegra
.:: …" em vós saindo ! ? Neste sentido éstas variações se cha
* * . mão Gerandios, e são verdadeiros nomes, pois são re
, gidos de proposições. Pºstº eu á mesa ; é frase elli
3 : : ptica; i. é, em eu estando posto a mesa: mºrtº He
' ' . . redes , i. é, em sendo morto : como ; em mºços lá
.…. ! se forão ; sc. em sendo moços: em verde colhidas ;
, ! sc. em sendo verdes, &c. (V. Leãº, Cron. temº 1. f.
.154. edição de 1774) Aqui o adjectivo modificante
ºs?" ; COI}-
". . : :
# é

…. " " ; •

.. Lobo, Cort. Dial. 9. f. 176. “ porque nemcandº estas


....… , partes diante das mulheres, n㺠é certezia.» ) V. a Or
•,
! :
| # denaç. L. 4.casas,
do-se duas t. 1oo. S. 5. “Eemquetíapor
e morgados só tanto ajuntam
pessoa, &c.
; ". será causa, erc. » V. Barrºs, Gram pag. 12, nº fim. Dº
". . estes exemplos temos múitos outros nos bons auto
res; e que os gerundios se personifiquem é vulgar : v.
g.“ em cu e vendº: em tu saindº: º onde a preposição
{ em afecta os gerundios, e não aos nomes eu , e tu,
que se fossem complementos da preposição irião aos
casos mim, e ti. Assim mesmo, quando personifica
1i . . •
mos
mes: osv.g.,
infinitos,
“ para as preposições
tu saires: para tanão afectão
veres: os no
» e “por eu
• dizer a verdade: º &c. A cerca dos Adjectivos verbáes
#: : em ante, ente, inte, dos Participios, e Gerundios, e
} , : Supinos vejão-se as notas de Duelos à la Grammaire
. - Générale e Raisonnée, part. a. chºp. a 1. Pag. 2o1. e
'': , : Cºndillae, Grammaire, Part. a. chºp. a 1. Pag. 2o;. édit.
f :: º de 178o, à Genève. Dos Participios, e Supinos direi
#, # 1 nas Tabeas das Genjugações, nº fim desta Grammatica.
• -1 !»

}f : #
###
assº ----
#">

DA GRAMMATICA PORTUGUEZA, 1B.


coneorda co" o nome: v. g. Em tu saindº t㺠formeiº
e bella.... •

12. Temos mais palavras derivadas dos verbos,


terminadas em adº, idº, que se tomão adjectivamente »
e significão o attributo do verbo passivamente, com }|
pleto, e acabado: v. g. o livro está lidº, a casa cai
da , paramentada. Então se dizem participiºs dº prete
rito, ou passado. Outras vezes se temão como substan
tivos, que só se usão no Singular, no genero mascu
lino, e representão o attributo do verbo abstractamente,
mas como acabado, e perfeito no sentido activo, ou
neutro: v.g. tenho tido livros, acabadº obras, vistº Ci
dades. Neste sentido se dizem Sapines, e são nomes re
gidos, ou pacientes dos verbos Haver e Ter; porque
assim dizemos tenho um vestidº, uma casa, como tenho
lição, ou leitura feita, que é o mesmo que tenhº lidº, tre
Os Latinos tem participios, ou adjectivos verbáes »
que referem o attributo a uma época futura, a que
chamão participiºs de future. Nós os imitámos, e d’elles
tomamos vindºirº, duradeira, futurº, e poucos mais, |
Os antigos dicerão recebedeiro, digno de receber se; }
docutadoiro, digno de ser doestado; &c.
13. A cerca dos Modos verbáes advertiremos, que
os Poetas º imitando a simplicidade primitiva (usada
inda entre iguáes, e familiarmente; ou dos superiores
com os seus subordinados) usárão pedindo, do modo
Mandativo: v. g. “ Agora tu Calliope me inspira: º
outras vezes do subjunctivo ellipticamente; v. g.“ Mu
sa hºnremas o heroe &c. » e assim pedimos cortezmen
te. O Legislador manda, ou prohibe predizendo, com
º futuro do Indicativo: v. g. “ Amará, a Deus; não
|
jurarás o seu santo nome em vão. » Commummente
usamos prohibindo, dissuadindo, ou pedindo que não,
do modo subjunctivo: “ N㺠nos deixes cair em ten
tação: Não se mova ninguem; assegaraivos (Sá e Mir.
Estrang. Prol.): Não cuideis, que sendo taful, blas"
femo, renegador poderèis entrar no reino dos Ceos
(Paiva, Serin. 1. ) . » “ Esforça Infante, nem cºope
*º inclina: º o imperativo inclins, por inclines$1}*
\
• •


:} ;

}
} $4 º ET I T o M E : ' '
}{ subjunctivo, é um Latinismo. ( Maurinhº, Africas. f.
89. y..) Isto pelo que respeita aos modos dos verbes.
14. O Attributo verbal nas mesmas variações se
} refere ás pessoas eu, tu, elle, nós, vós, eles: v. g.
!# leyo, lês, lê, leinos, ledes, lem: eu, e nós são as pri
*-* #
meiras pessoas; do singular eu, nós do plural; ºu é a
} segunda pessoa do singular, vós a segunda do plural:
} toda outra coisa, ou pessoa, a que se pode ajuntar o
pronome ella, elle, é terceira pessoa do singular; elles
do plural. As variações verbäes, que respondem a es
tes pronomes se dizem pessoas do verbo no numerº sin
" gular, ou plural -

15. Alguns verbos não tem variações responden


:
tes à primeira, nem á segunda pessoa, que são de com
mum homens, porque os attributos #
taes verbos
não podem cópetir a homens: assim não dizemos: eu
* 1 «hovº, eu corisco, eu trovejº: no sentido figurado po
} rem dizemos: “ tu nos cheves altas doutrinas ( Cami
nha, Ode 3. e Epist. 14. ). » Dizemos mais o Cee
chove, geya, neve, trovea. A estes verbos chamão os
Grammaticos impessoáes, ou carecentes de variações.
pessoaes; mas elles as tem, ao menos das terceiras
pessoas. Por uso não dizemos eu fedo, de feder, nem
munº, brandº, de munir, brandir, ere. e aos verbos se
melhantes chamão defectivos. (V. a pag. 5a. nº fim
d’esta Gramm.) • -

* *
16. Civilmente usamos, falando a um só, das va


riações verbáes correspondentes a vós: v. g. ! Sabeis,
Senhor, o que vai? Ponde, meu Deus, em mim os
A
olhos: &c. (.f.) Outras vezes usamos da terceira pes
#
{
>
soa : v. g. “ Lingua tem V. Alteza; Elle por
+
"º|-
• •

(f) Então é incorrecto usar do verbo na segunda


pessoa do singular: v. g. “Porque a vós vos impor
ta seres boas: º por, ierdes. ( L. da Cºsta, Terenciº,
* Jieaatºut. At. 2. c. 4. f. 67. ) Outros dizem mal sê
reis, vèreis, buscáreis; por serdes, verdes, buscardes.
Negar porém, que os lnfinitivos Portuguezes tenhão

#*
# i{

+ #
; #{
DA GRAMMATICA PoRTUGUEZA: ; ; *

dira. » (Revende, V. dº Inf. V. Ulisipº, f. 4o.


“ que vê ella em nós? »). Mas quando alguem fala, I :
ou se exhorta a si mesmo, considéra se como segunda
pessoa: “ Merrº, Afonso d'Albuquerque, morre (d.
zia
.
i #i

#

propriamente variações pessoies, ou sejão pessoíes,


é negar a existencia do que se vê; e nasce de se não
considerar o que é essencial ao verbo; e como d'elle
se vão derivando palavras complexas em quanto ao
sentido, que representão per si sós coisas, que po
demos significar por outros elementos,, ou partes da
oração: v. g. em tu saiado, que equival aº faires, é
tua saída; bem como amº a eu sou amante; onde amº
significa syntheticamente, o mesmo que analysamos
com as palavras eu seu amante. (V. Severinº, Discurs.
2. pag. 65. tem 3. edic. de 1791. ) O que não póde
representar se, senão por outro verbo , é a afirma
$ão, que por isso se reputou entre os melhores Gram
maticos por o caracter essencial do verbº, ou pala •

vra por excellencia, porque elle só ás vezes contêm


uma sentença perfeita. V. Harris' Hermes, pag. 164.
Granimaire Générale er Raisonnée, Part. 2. Chap. 13.
Condillae dis, que se os verbos afirmassem, nunca
poderiamos fazer proposições negativas; mas não ad
vertiu, que o não afecta o attributº annexo ao verbo:
«u não amo é q existo não-amante: o verbo sépre afir
ma o attributo mais geral, que é a existencia, pri
vada, ou descópanhada de outros attributos por meyo
:: }

do adv. nãº, que se ajunta aós adjectivos attributi


vos, e nomes usados attributivamente: “ Não fiquei
hºmem » é “ fiquei não-homem; º como Yºung dice
em Inglez: I was undone, I was unmansd: Eu fui
* };
desfeito do ser de homem. Os adverbios afectão o
attributo verbal : eu n㺠mintº, quer dizer, eu tes.»
#
existe não-mentirozo: não teno, sou sem temºr, seu impa
vido. V.e Grammaire Généerale cy iste onnée, pag. 541.
Raisnce
Le verb est dºne le sign de l'ex e c. Cond illaes •

Gramma » pag. 9o. V. aqui o cap. 6. dº Adverbie.


ire

!
§6 E P IT oM E
zia, ele cosigo mesmo) que cumpre à tua honra
morreres. » (Conte, D. 4. L. 6. c. 7. f. 111. y.)
17. Os Soberanos falavão de si com os verbos no
plural: v. g. mandamos, fazemos saber, ere. Os Prela
dos mayores ainda hoje o fazem: mas não ha rasão,
porque um particular diga, por exemplo: “ Escre
verei a vida de D. João de Castro... » e logo: “ e
Nós judaremos o pregão universal de sua gloria &c. »
transformando se o escritor de um em múitos.
13. Os attributos annexos á significação dos verbos
são activos: v. g. ferir, matar, dar; ou de mero esta
dº: v. g. estar, igualar (ser igual), parecer. Assim
os verbos Portuguezes em razão dos attributos são ou
activºs, ou de estado. Os Latinos tem verbos deriva
dos dos activos, nos quaes se afirma, que o sujeito é
paciente da acção do verbo activo: v. g. ferior, eu sou
ferido, derivado de ferio activo, eu firo: áquelles ver
bos chamão-lhes passivos; nós não temos verbos pas
21VOS.

19. Verbos neutros, i. é, nem activos, nem pas


sivos, chamão os Grammaticos áquelles, que não si
gnificão acção: v. g. “ O vento dorme, o mar e as
ondas jazem ; O Cisne iguala a neve na candura: º ou
que significão uma acção, que fica no mesmo sujei
to, de quem se afirma: v. g. eu andº, saltº, respi
rº » corro, vivo, ere.
2o. Os verbos activos commummente tem um pa
ciente, ou objecto, em quem passa, ou se emprega a
+

; ?

sua acção: v. g. feri a Pedro; matei a lebre; remar º
. * ** ! batel ; remei meu remo; pelejar as pelejas dº Senhor;
! ' + ' ,
* *. *
,
\
erc. estes se dizem verbos Transitivos ; mas ás vezes se
* . , usão sem paciente: v. g. “ Não teme, não esperº a
| | | ". consciencia pura; º i. é, não teme, não espera nº
:
, , da : espirou , acabou, sc. a vida, º alentº, e almº :
- ; ,
• - • •
* primeiro haveis de alimpar como marmello; º i. é,
* - 1
" + , } ficar limpo: “ as minas d'Hespanha esgotárão; º &c.
• ." " a 1. Pelo contrario aos verbos neutros ajuntamos
,** -*
ás vezes pacientes, como aos transitivos: v. g., viver
# vida felii; correr carreiras; correr seu curiº; º hºme"
• IID6"

*
}{
5.

}
##
J2 #***…
*-

-< *
A

DA GRAMMATICA PoRTUGUEzA. 17
# i
medreiº tudº º estremece (Eufr. 1º. 4 ): Deus chºvie #
maná aos Israelitas: A planta malnascida o Ceo e gºya,
neva, abrasa, e chove (Lºbº, Egl. 7.): “Bem º parece
no semblante: º i. é, se lhe assemelha, parece-se com
<ile: voar aves, lançá-las a voar: a mina voou o mu
ro: subir o basilisco á fortaleza; fazer subir: avistar
ºs do soccorro com o inimigo; arrºstá-los aos perigos
&c. a chuva reverdece a terra: o verão reforece os jar
dins: n㺠soia a ser ( Paiva, Serm. ) &c.
22. Alguns verbos neutros; v. g. estar, ir, vir,
sair, parar, usão-se com paciente, para designarmos
espontaneidade, e energia do sujeito: v. g. entres •
anno; e entrou se º inimigº pela porta: parou a pedra;
e parou-se º galgº: Pedro fcou doente, ou pretº; e, lá
se ficou por sua vontade. “He hum estar se presº pºr
vontade ( Camões, Son. 31.). » “ Em fim lá se ficá
rão, cá me estºu ( Cruz, Pees. f. 74.); º “ Os ven
tureiros se fisárão quedos (Jºrnada d'Africa,.f. 61.).»
“ Seja-se elle vosso servidor ( Eufr. 3°. 3. ). » Fuão
«ativou: por, ficou cativo; trazem Telles, Hist. Ethiºp.
Lºbo, Corte, D. 4- Lucena, L. 4. c. 16. porque se
dicérão cativou-se, ou cativarão-se, darião a entender,
que voluntariamente o fizerão , como quando dize
mos: cativou-se da cortezia, da formosura (*). Dizemos
rir se, enfastiar se da, ou enfastiar a verdade; rir a hi
Pecrisia; cre. (Paiva , Serm. 1. 52. Ferreira, Carts
4- L. 1.) • • •

33º

(*) Assim dizemos doer se de algúa parte, ou cau


sa, por queixar se; magºar se, por dizer magoas: mas é
improprio dizer ; “ a avezinha se caia morta, ou mor
reu-se (V. Men. e Moça, f. 2. e 153.): » nenhua
destas acções é espontanea. Finºu-se, acabou; porque
Jinar é ativo, acabar, posto que antiquado: “ ader
meci-me cansado » é igualmente improprio, quando
alguem não se agita, ou faz algüa diligencia por ader
mecer-se: “ este menino adormèce-se cantando elle mes
mº º é direito: “Eu te fico º tem diverso sentido,

}
"*===== …--------
=…

• • \

§8 E P I Tº O M. E •

23. Quando o sujeito faz a acção em si mesmo :


v. g. Pedro feriu se, cortou se; dizem os Grammaticos,
que cstes verbos são reflexos. Se os sujeitos são recipro
camente agentes, e pacientes; v. g. “Pedro e Jo㺠amãe
se ; ferir㺠se : º chamão-lhes verbos reciprocos: mas es
tes verbos são os mesmos na figura, e no sentido º
que quando tem agentes, e pacientes diversos. Ou
tras linguas tem propriamente (isto é, em sentido,
e figura) verbos mediºs; debradamente activos, crc. de
* que nós carecemos: os reflexos, ou pronomináes, e os
reciprocos são activos puros, usados com sujeitos, e

pacientes identicos.
24. A falta, que temos de verbos passivos, sup
: pre se de dois modos : 1° usando dos verbos Ser e Es
tar com os participios passivos: v. g. sou amado; es
tou ferido: “ Foi tido por honra, e riqueza, ter mui
tos amigos (Heit. Pinto, da Verdad, Amiz. c. 4.): »
“ Por ser justo, e devido o dever se-guardar tal modo
( Hist. "dos Illustr. Var. de Tavora, f. lo ; ). »
25. O aº modo de supprir a falta dos verbos pas
sivos é ajuntar o caso se aos sujeitos da terceira pes
soa, que não podem fazer a acção em si mesmos: v.
g. “ cortão se arvores; tecem se sedas; edifica se o edifi
cie ( Lugiada , 1o. 1 3o): Festa sem comer não se
.festeja ( Cruz, Pocs...f. 66.): Quanto se tem se val; º
i. é, quanto haver se tem, tanto valor se val ( Ca
minha, Epist. 5. ). Vê se, Parece se; é visto, pareci
do. ( " ) “ Deus, quer , que só a elle se ame; nin
guem se deve
(Paiva, Serm.amar,
1.). senão
» a um Senhor tão poderoso

• - • 26.

e é : “ eu te ficº fiadºr, assegurador, ou me obrigo,


cue assim se faça; » onde te e termo, como lhe em
“ tudo lic succcde bem : » aconteccu-se é igualmente im
proprio, posto que este, e caiu-se, morreu-se , e seme
lhantes se achem -nos bons autores imitando os Cas
telhanos. •

(“) Quando-os verbos , se apassivão de qualquer



DA GRAMMATICA PORTUGUEZA. 39 " ?


26. Em tães casos será equivoco apassivar os ver
bos, quando o sujeito póde fazer a acção em si mes
mo: v. g. “Ja se estendem Por terra mãitos : º por,
- • • são

dos dois modos, os sujeitos concordão com o verbo


em numero, e pessoa; e sendo os sujeitos infinitivos
apassivados, os verbos da sentença ficão no singular.
Assim diremos vem-se homens , como são vistos he
anens, e não vê-se hºmens; porque homens é paciente
aqui; e qual será o sujeito, sem o qual não se dá sen
tença perfeita? “ Os progresses forão quaes se devia es
perar: » é erro, deve ser : quaes se devião esperar,
ou devião ser esperados. Quaes re devia esperar, é má
imitação de um Gallicismo correcto: em devoit les at
tendre, ou s" attendre; onde on é home sujeito, e tem
o verbo devoit no singular. (V. nesta Grammatica o
L. 1. Capit. 2. n. 9. o que notei á cerca de hºmem,
e ºn ) “ Porão as penas, que virem, que é necesse
rio pôrem-se: º é correcto ( Orden. 5. Tit. a 36.).
“Fará as citações, que forem necessarias fazer se: º
é incorrecto (na Orden. 1. T. 24.5. 23. ) : “ as coi
sas, que por cumprimento é necessario fazerem se: º.
bem. (Filosef. de Principes, tomº 1. f. 64.) Quan
do se apassivão os Supinos, são invariaveis: v. g.
Tem se impreito livros; sentidº falta de gente; tem se
feito müita ºbra: tem-se idos måitos; é erro: mas é
correcto, são idos, vindos, o verbo ser com participios:
** casas tem-se evakadº, ou, tem sidº avaliadas por
vezes ; são exemplos correctos, porque os adjectivos,
que modificão o infinito ser, e os seus gerandiº, e
*"Pinº concordão com o sujeito: v. g. e seres belis;
em sendº minha te servirei melhormente; as casas tem si.
dº avaliadas. Quando se dis: tem se feitº sºldados; tem
*e feitº fortes: damos dois sentidos; o activo signifi
candº, que alguns se exercitárão na milicia, e se fize
*㺠fortes; outro passivo, sºldados tem se feitº, ou re
*#rtadº, como “ honrão se Venus e Amer có sacrifi
*º* º Por» 1ão hºnrados. V. o num sé, aqui.
• •
-

-
–=----
*

6o , E P I T o M E
s㺠estes didos có golpes: “ um se matºu: º por foi
mortº: “ cativarão se inúitos » por, forão cativºs (Pin
to Pereira, L. 1. c. 22. L. s.f. - 59. ). Outras vezes
é sem equivoco: v. g. “ Pafos, onde se hºnr㺠Ve
nus, e Amor cõ sacrificios: º por, são honrades: e
“ Verás esquecerem se Gregºs, e Romanos pelos feitos,
que hão-de fazer os vossos Lusitanos: º por, serem
esquecidos. (V. Lusiada, a 44.). Isto é bem, quan
do os sujeitos não costumão fazer a acção a si mes
II2O3,
27. Talvez damos ao sujeito uma acção, que elle
não póde exercer em si mesmo: v. g. Em terra estra
nha, e alheya mãitos ºs ºssos para sempre sepaltárãº.
(Lusiada, s. 31. ) “ E os que neste sentido o acom
panharão, Os membros em penhascos transformárãº. »
(Lirica,
vida. 5. 91..) Aqui o sentido não padece dú
- •

28. Os Grammaticos chamão ao verbo Ser substan


tivo, porque a elle se ajuntão todos os attributivos,
e ainda nomes usados comprehensivamente, ou attri
butivamente (***): v. g. *cr amadº, feridº, amante.
“ A ser vossº, Senhora, me condemna (Camões).» “O
campo ensina ser justo ós pequenos (Ferreir. tem. 2..f.
ao1.). » “ Tudo é suspeito, e pouco seguro para as
mulheres, até o serem virtuosas ( Menina e Mºça , L.
z. 'c. 2. ). » “ O vós, que Amor obriga a ser su
eitºs a diversas vontades (Camões, Sonetº 1.) - º tIO

“A

(***) Talvez se cala o infinito substantivo ser, ou


serem : v. g. “ de que maneira podião escapar, de mor
tor, ou cativos ? º i. é, de serem mortos, ea cativos.
";
(Jornada d'Africa, f. 3o. ) “ em mºços lá se forãº: »
i. é, em sendº elles mºços: “ em ligeirº é uma «guia: º
sc. em ter ligeirº ere. Onde ha adjectivo só có, pre
posição , deve subentender se neme: “segundo os
cavalleiros desta casa são pouco costumados a eciºsºs: º
i. é, a serem, ou estarem ociosos (Palmeiris, P. a.
: Ce 134.). • - • ! ... >

#
i *
DA GRAMMATICA PORTUGUEZA
troco de ser senhora ( Camões). » “ Deposérão Malaca
6s
: |
#:#
de ser Cidade (F. Mendes Piato, cap. a 19. ). » De todas
as palavras, que contém uma noção attributiva, pro
}
i
pria, ou figuradamente se derivão verbos: v. g. de
Plat㺠Platonizar, pensar como Platão; Emzamperi
nar se de Zamperini (dice o autor da elegantissima Sa
tira dº Entrudº); de Justiça justiçar; de Avante avan
tejar. Temos alguns verbos frequentativos: v.g. bº
tºcar, jºguetar, sopetear; outros diminutivos: v. g.
chuviscar, mollinhar, chºromigºr, beberricar, de com
mum usados no estilo familiar, ou chulo.
29. O verbo Fazer substitue-se aos activos, e neu
tros, que não queremos repetir: v. g., “ não ames
a riqueza como º faz o avaro: º “ cair㺠no mar, e
assim º fizerãº
infinitivos amar,outros: » 'nestas
cair, calados porfrazes
ellipse.e refére se aos

jo. Os verbos tem variações accommodadas aos


tempos, ou épocas, em que o attributo cºexiste, coex
istiu, ou hade coexistir com o sujeito; v. g. eu es
creve, sou amante; eu escrevi, fui amante, eu escre
verei, serei amante. Estas tres épocas do presente, em
que escrevo, ou amo; do passadº, em que escrevi, ou
amei ; do futuro, em que escreverei, ou amarei, são
simples na figura dos verbos, e cbsolutas no sentido.
$ 1. Outras variações do verbo indição épocas re
lativas; i. é, de um attributo presente, e actual em
época passada : v. g. eu escrevia, lia hontem ; e
de um attributo, que existiu em época passada: v.
g. já eu lêra , escrevêra, quando tu chegaste. Estas
variações relativas tambem se declarão no Portuguez
por uma figura simples dos verbos: v. g.lia, amava,
lêra, amára, cantára, Gre.
32. Talvez queremos declarar mais o estado da
acção significada pelo verbo; i. é, se era imperfeita,
e incópletº; e usamos do verbo Estar com os partici
Pios do Presente, v. g. estou escrevendº, lende ; este
vº, estive, estivera, estarei lendo, escrevendº; ou se
era já acabada, perfeita, a cópleta então usanos dos .
verbos activos de possessão Ter, e Maver, e dos Su +•

• :. ; Piº

#
I • • - • • • •

E 62 . E P I T O M E - -

Pinos; v.g. Tenho, ou Hei lido, escritº; Tiaha, ou


-Havia lido, escrito, "erc, “ E com sigo trará a formo
*a dama, que Amor por grá merc- lite terá dado. »
C Lusiada ) A razão disto é, porque tanto monta afir
mar, que a acção, ou attributo verbal existe no su
jeito , como que elle o possue ; que por analogia
assim possuimos um vestido , como uma qualidade
abstracta o amor, ou amar, que são o mesmo; e ama
do, lido, que são o amar, e ler cópletos, acabados,
perfeitos; os quaes amar e ler, attributos energicos,
podem ter um paciente; v. g. tenho lido livros, ama
- dº varios objectos: (g) e apassivar se com se; v. g.
cºmidº-te , lido-se , dançado-se ; bem como ler-se,
• • - dan

(g) Haver sempre é activo, e nunca significou exis


tir, como dizem Argote, e outros. Tanto é incorre
to dizer = Ha homés = por existe hºmeas; çomo su
Tor, que na significação de ter é idiotismo Portuguez
concordar com sujeitos do plural. Ha homens é uma
sentença elliptica, cõ sujeito do singular; i. é, º
•:----
mundo, º especie humana tem homens: “ nesta terra
ha boas frutas; º i. é, a especie das frutas (ha) tem,
* * * contém: “ Em mim ha dois cus; º i. é, o meu indi
-

; viduo , sujeito, supposto contém dois eus. “ Duas


• •
coisas se hão de notar no texto; º i. é, duas coisas
- - - ? hão lugar de notar se no texto. “. H㺠na Lagica ou
.:: . f. trou termos » é erro, porque o sujeito proprio d'esta
. . ! sentença é : Linguagem Filosofica, ou Scientifica ha,
** . * . ou tem na Logica outros termos. “ Póde haver ho
, , ! mens tão grandes, como os que já forão; º i. é, a
. . . ? especie humana póde ter homens, &c. “ Repugna
-- - - haver em húa alma, no mesmo tempo, duas consola
: : : : gões contrarias; » i. é, é repugnante ter a natureza
# < < < humana em úa alma, ao mesmo tempo duas consola
f: * . * ções contrarias. Todas as vezes pois, que o verbo se
: ; usa no singular, deve supprir se a sentença com um
: : sujeito nome no singular; porem quando o sujeito é
# { ;- plural, o verbo haver vai ao plurar : v. g.“ ho
#### …"

# ES = •

### # * \
\

**a*--
|
*

• •

DA GRAMMATICA PoRTUGUEZA s?
dançar-te, comer-se, beberse; e lendo-se os livros, dºn
fando-se aninuetes, cºmende-se comidas gulosas, bebendº
se vinhos puros, &c. " *- º
33. Com semelhantes cóbinações do vcrbo Estar
cõ os participios do presente; e de Ter, ou Haver c'os
Supinos indicarros a imperfeição, ou o acabamento da
acção, ou attributo verbal no subjunctivo; v. g. que
eu esteja, ou estivesse lendo ; se eu cstiver lendo, que
eu hºja, ou tenha lido; que eu houvesse, ou tivesse
lido; como eu heuver, ou tiver lido.
24 Nos Infinitivos dizemos estar lendo; ter, ou .
haver sc. tenção, ou necessidade de ler, ter ou haver º
lido: i. é, lição feita. • -" ,

35. Todas éstas variações verbáes se verão nas


taboas, ou exemplares das Conjugações dos verbos,
que vão no fim desta obra, para se consultarem,
quando for necessario ; pois os que estudarem ésta
- Grammatica já as saberão por uso, Ahi mesmo se acha
{ rão os verbos Irregulares, que se desvião do exemplar,
e regra analogica de conjugar; e os Defectivºs, a que
faltão alguns tempos, ou variações pessoaes.
36. Os verbos Estar, Ser, Ter, Haver, que ajudão
a formar tempos imperfeitºs, e perfeitos shamão se auxi- -
liares: e tanto val dizer; que o sujeito existe acom- -
+ |- pa

mens, que hão visto; que hão de saber: º i. é, que º


| hão razão, ou motivo de saber, &c. “artes, que ºs ho
mens, os maos hão inventado. » “ Após mim não ha
utro mim (Mem. e Moça, L. 1. c. 13.); º i. é,
# depois de mim (por minha morte) o mundo, ou a
- especie humana não ha ( tem , possue) outro eu. V.
º cap. 6. da Prºposições, nota (d). “ Os homens, que
ha visto o mundo: º o mundo é sujeito, e nunca hº
mens ali o póde ser ; ao contrario de “Os homens,
que h㺠visto o mundo civilisado: a ceya, que esta
noite haveis de haver: » i. é, tendes destino, ou sor
te de ter ( Clarim. 2. c. si.). V. abaixo o cap. 7.—
nota (O.
{
}{'
64 E P I T O M E
!s "panhado, ou modificado por um attributo, como di
}
zer, que o sujeito o possue: assim ano, sou amante,
} estou amando, tenho o attribute amar, tenho amor, tu
***
do vem ao mesmo sentido. (k)
27. O verbo Ser quando afirma attributos immu
daveis usa se no presente: é, v. g. “ Deus é infini
to; oº todo é mayor que a parte; Camões é poeta
(*)... - •

• CA

: :
(k) Do que fica dito se vê, que o verbo exprime
juntamente o sujeito, a asserção ou dezejo, o attribu
to, e o tempo, a que referimos a sua existencia, e
tem uma significação múi complexa. D'aqui as diver
sas definições, que se derão d'elle: todavia o seu ca
racter essencial, e distinctivo é significar o que a nossa
alma pensa á cerca das coisas, e seus attributos. Em
outras Linguas tem os verbos variações derivadas da
mesma radical, para lhe dar um sentido dobradamen
te activo; ou de uma acção reflexa sobre o sujeito
mesmo &c. tem variações, t que indicão o sexo do
sujeito, e cópõem se mesmo com a negação &c. O
mais notavel é, que em múitas Linguas falta verbo
correspondente ao substantivo ser, como é na Chine
sa, e na dos Indios Galibis, e na Lingua geral dos
Brasis; e quando querem afirmar ajuntão o sujeito eu
nome com o adjectivo: v. g.“ Francici irupa: º Fran
cezes (sc. são) bons; e negão por meyo do adver
.
bio: “ Francici irupa ua : » Litteralmente; Franceses
bons não; sem verbo. (V. Harri's Hermes, pag. 164
Grammaire Générale er Raisonée , Part. 2. Ch. 13.
Encyclop. articl. Construction, par Du Mariais. A thco
rica dos tempes dos verbos assas engenhosa, mas dif
ficil na Gram. Génér, de Bauzée, acha se mais simpli
ficada no Hermes de Harris, L. 1. c. 3.
(i) Procede isto de que o presente cópói-se de par
te do passado, do momento, que corre, e do que vai
a passar; ou porque damos uma certa latidão ao tem
po do momento á hora presente, ao dia de hoje, a
DA GRAMMATICA PoRTUGUEzA. e,
C A P I T U L O VI.

Dºs Adverties.
1. ós dizemos: v. g. amº com ternura, cºmº
constancia; e no mesmo sentido : amº ter
samente, constantemente: està "naçuelle lugar, ou ali;
fez de boamente, ou de má mente; cantar a revezes, ou
alternadamente; &c. Todas éstas frases com ternura,
com constancia modificão o verbo ame, determinando
o modo de amar; naquelle lugar, ou ali, determinão
uma circunstancia do verbo estar; de boa mente, de má
mente, modificão a acção do verbo fez, &c. Estas
frases pois se chamão frases adverbiáes; e as palavras,
que se substituem ás frases modificantes do verbo, co
mo, bem, mal, agora, hºje, ere. se dizem Adverbies.
2
. Devo porem notar, que os Adverbios não são
uma parte elementar das sentenças, porque todos
elles são nomes, e talvez combinados com attributi
vos, e regidos de preposições claras, ou occultas, que
por brevidade se ommittem, e tambem se exprimem :
v. g. igualmente ( a ); de

gºs…"; a cá, a lá; de
68/>

este mez, a este anno, a este século, e em fim á eter


nidade. Assim é improprio dizer, das maximas sem
pre verdadeiras, e perpétuas, com as linguagens do
imperfeito: v. g. “ dizia um Sabio, que o bom Rei
devia ser um bom pai: » dizia está bem; mas hou
vera de dizer deve; porque o bom Rei em todo tem
po deve ser bom pai; &c. “Dizia elle, que não ha- .
via mór vileza, que ser avaro: » deve ser, que não
ha; porque é uma verdade moral perpétua, ou que
se inculca como tal. “Afirmava não existirem anti #
Podas ; º é correcto, porque os infinitivos não referem }
º attributo a época algüa; i. é, afirmava a não-exis
tencia dos antipodas. }
(*) Alguns pertendem, que mente vem do Latim #

#
66 E P I T O M E
antes; heje; agora ; de hºje; d'agora; ali é a prepo
sição a com li relativo , como em a-i, a-qui, (b)
até i, dès i , dēshoje, até lí, até qui: “ Buscai de
hºje outro Pastor (Lobo): » de melhormente (Lusiada):
“ De sempre forem ( Orden. Afons, 2. T. 59.S. 9. ): »
“ para todº sempre. » De sia, juntamente. Ord. Af.
S. T. 1o9. e L. 1. T. 63. S. 24.
3. Os adverbios regem, ou pedem outras palavras,
que completem, e determinem a significação de uma das
palavras, de que os mesmos adverbios se-compõem: v. g.
Não podia em meu verso o meu Ferreira
Igualmente á dor minha ser chorado:
(Caminha, Eleg. 4- ) •

i. é, ser chorado de modo igual á minha dor: bem de


resistencia: assás de pouco faz quem perde a vida (Ca
mões): “ estavão assentados arresoadamente de tiros d'
artelharia. » ( Castanheda, L. 5. c. 35.) “ O Senhor
da embarcação, que tinha igualmente de nobreza, e bran
dura ( Lobº, Deseng. f. 2.): » i. é, tinha

#"> O 3

mente, bonã mente; outros que do Celtico meat, que


significa modo (Ballet, Memoires sur la Langue Cel
tique, article Ment). Como quer que seja, Latino, ou
Celtico, mente é um substantivo. D'antigamente (Or
den., 3. 21. §..f. Ferreira, Eglogº 1.)
(b) Nos classicos acha se y, i, ou ki relativo a
lugar com, ou sem preposição: v. g. i estavas tu ?
Té li , té qui, para qui, per hi; que é i? ai. V.
Ferreira, Ciosº, At. 2. ic. 3. e 5. e nº ternº 1.f. 149,
hi , li. “ Hi-vos d'hi , boca de praga: º ide-vos
desse lugar (Cun. Filed. A. 2.sc. 5.). Este i, ou hi
adoptimos do Francez y, como hu (onde), ou an
tes u, antiquado, de bå : “ nom cries gallinhas, hu
raposa mora...» Ende antiquado (d'a' ) do em Fran
cez, ou inde Latino, corrupto o in em em á Franceza,
como Sengradura de singler, &c. “Sem quedar ende por
contar hi" rem: » sem ficar disso por contar ahi coi
sa. (Ferr. Sºnet. 34. L. 2. Barr. Gran. f. 193.)
DA GRAMMATICA PORTUGUEZA. é?
dó, ou partes iguíes de nobreza, e bondade. C) “Dir
zei-lhe, que dos meus póde vir seguramente (Barrºs). »
4. Os adjectives attributivos usão se ellipticamen
te na variação masculina singular, por adverbios: v.
. “ as fustas andavão melhor remeiras ( Barros, 3.
1. 7..): » altº Brádando: i. é, de modo, ou em só
alto: “ Dece tanges, Pierio, doce cantas: º i. é, de
modo, ou cºm som, e voz dºce; ou com ellipse de
mente: “ documente suspira , e doce canta, º (Ferr.
Egl. 2, e Carta 1o, L. 2. ) “ Teve pºucº mais di
ta: º múito mais rezão (Palmeirin, ; P. e. 17.) “.Faya &
que sobe ao Ceo de purº altiva (Camões, Est. Quartas): º
melhºr parados, mãitº unidas: isso é mñitº verdade (e
não máita): já é múitº noite: ere. Quando dizemos r
v. g. Corpos meyº ardidos (Seg. Cercº de Diu, Cante
6. e 16.): Parede meyo derribada (Pintº Pereira, L.
a. f. 63. Y.): mevº está sem a preposição pºr: de teº
dº; sc. modo, pºnto. (e) Leuve múitº; i. é, em,
múito modo. V. Ined, Etomº
• li 3. f. 77. “Lºuve eixº\
mãi-

(*) Os Latinos dicerão ubinam gentium; ubique ter


rarum; Credo ego inesse illic auri, & argenti largi
ter. Plaut. Rudeus, A. 4- vc. 4. v. 146. V. Barros,
Gram. f. 1 ; 3. da regencia dos Adverbios. Dentrº de
ou em ; a dentrº, a foi a, tre. a fora esse; i. é, ficam
do esse a fora do conto, ou numeração.
(c) Analogas são: vender barato, comprar carº: to
cada junto foi de medo e de ira ( Lusiada, 6.65.) de
cºntinº, &c. Os classicos tãbé dizem: v. g. paredes.
meyas desfeitas ( Barrºs, Clarim. L. 2° e. .f ): Lou-º.
vores justº devidos (Seg. Cerco de Diu, f. a 36.): Pa
lavras meyº formadas: troncos meyo-escºs (Cruz. Pecs.
J. 12.): Paredes meyas; i. é, cómúas aos donos de
duas casas contiguas, travejadas na mesma parede
meya , ou media: “ Os menos conhecidos são os me
lheres parados: m é erro; deve ser melhor adverbial
mente, como os mais bem parados. (V. Vasconcel,
Sitiº, f. 34. “ºs melhor cópistos corves, º *.
- - == - - - –=>****…………… ---- • •

>${ **aa

63 . EP1ToMe
müito Deus: º “ estimou em muito. » Barros, 1.5.8.
• r: (V. o Diccionar. art. Adverbio )
5. Os Adverbios, ou frases adverbiáes indicão as
circunstancias de tempo : v. g. Hoje, Hontem, Agora,
Já, Nunca, Sempre, Entretanto, Antes, Depois, ere.
" . 6. As de lugar, e distancia: v.g. Cá, Lá, Aqui, Hi,
ou Ahi, Ali, A cerca, Alem, Aquêm, Avante, Antes,
" | a Diante, Atras, Após, contraidos em Diante, Tras,
… - . Pós; e talvez usados como preposições: v. g. diante,
:: : : : trás, após mim: •

| i | 7. As de quantidade: v. g. Assás, Pouco, Múitº,


? 1 : Mais, Grandemente, Bem , Assim, Tão, Quãº, Tão
* # bem, crc. Outros escrevem Tam , Quam, conformes
' . . á etimologia, e contra a pronúncia.
* , 3. O modo: v. g. Prestesmente, Asinha, Ardente
mente, Cortezmente, erc. Mal, Bem, Melhor, Sabia
mente, a tentº, a sinte. •

, 9. A ordem: v. g. Primeiramente, Segundariamen


', ' te, ou Primeirº, Segundo, Terceirº, Quartº, ere. usan
2. do os attributivos ordináes ellipticamente, por em
• •

* serceirº, quartº, sc. lugar.“ Para isto foi que as car


...i.. tas primeirº se inventárão (Lobo, Corte). »
## 1o. De afirmar; Sim, Certamente: de negar; Ja
mais, Nunca, Não , . Nada, de nenhum medo. De du

vidar: Quissa, do Italiano chi 1á. (Leon. da Costa,
Terenc..f. 217. tom. 1.) vulgarmente quiçá.
# 1 1. Concluirei advertindo: 1º que os adverbios
modificão os adjectivos attributivos, e os nomes usados
••

attributivamente: v.g. bem douto; mãi virtuºso. V. Al


teza mais mãe, que avó d’el Rei: era já múito noi
te: Por mais rico, e mais principe, que homem seja:
hu mez de não-caminho. Vieira, (*)
#
(*) “ O coração não-senhor de si. . . é uma das cou
sas, que mais privão a luz do entendimento (Barros,
Panegar..f 185). » Os não-cidadãos (Arraes, 4. s.
9. ): “º Tornar tão cordeirº quem t㺠leão viera C. Seu
sa), • - *
DA GRAMMATICA PORTUGUEZA. 69
12 2? Que dos Superlativos se fazem adverbios
superlativos: v. g. amantissimamente, triacissiºnamen
te , religiosissimamente, de «mautissimº, temacintimº,
religiosissimº, ere.
13. 3º. Que os adverbios modificão outros: v. g.
mãito a de trº; mais bem ; múito mais razão; tão poucº
admirados; não múi prudentemente; múitº mais atras.
(V. Ferreira, Bristo, f. 75. e Cruz, Pºesias, Egl.
s. f. 34-) (º) - •

C A P I T U L o vII.
Das Preposições.
• º

1- S Preposições (assim chamadas, porque se


prepõem, ou põem antes dos nomes, a
que se referem outros nomes correlativos anteceden
tes, e que as preposições atão entre si) servem de mos
trar a connexão, e correlações, que o entendimento
concebe entre dois objectos significados pelos nomes
sós, ou modificados por adjectivos, ou verbos. (…).3º

(d) Acarão, Adrede, Adur, Quiçais, e outros são -


adverbios antiquados, cujo sentido se verá nos voca
bularios; quiçais é rusticidade, vista a sua origem de
Chi sá, quem sabe. (V. o numero 1o. deste Capit.).
Camanho, ou Quamanhº alterou a inorancia dos edito
res em Tamanho no Clarim. tomº 2, pag. 35. e 43. ediç.
de
das,1791.
ere. São antiquados
Sa micas Cá, porque;
do Italiano Sà mica. alhures; a esa

(a) A Preposição, dizem os nossos Grammaticos,


serve para mostrar os casos dos nomes. " E que casos,
ou diversas terminações tem os nomes Portuguezes,
A excepção de Eu, Tu, Elle ? Destes mesmos as pre
posições todas só se ajuntão a mim, ti, si; e a prepos.
com a migº, tigº, sigº. Se pois temos preposições, que
Pedem genitivos, dativos, accusativos, ablativos, ou
mi , ti, si são todos estes casos, ou não sabemos
---===-----

@ R Jo E º I T oM E /*
# 2... Ellas fazem variar os nomes, ou pronomes Ea,
* #m Min, Migº, Nés, Nossº; Tu em Ti, Tigº ; Vés,
> Yºicº; e quando se trata da terceira pessoa em relação
com sigo mesma, precedem ao caso Si: v. g. de mim, a
mim", pºr mim, para mim, para ti, por si, a si, de

ºi º cºm
*ºmº casosmigº,
elas cºm sigo,nelles,
influem com tigº. Nas linguas,o caso
ou determináo que
º relação do nome, a que precedem.
5- As preposições designão primariamente relações
fisicas de lugar, aonde algúa coisa está, d’onde se
| i| | Parte, para onde se vai, onde termina, algúa acção;
} - }.
L - de posição:
encenso na v. g. prostrei-me
ara, saí de casa,porfuiterra,
e o templo,
bati neslancei
pei
fºs » voltei para casa; voltei-me contra o Oriente;

lancei-me sobre a cama;
4. De indicar olhai fisicas
as relações por mim; &c. figurada
passárão
"ente a outras semelhantes: v. g. a mostrar o pacien
tº, da acção do verbo, que é como lugar para onde
Sllº Passa, e onde se termina; assim dilemos: feri -
Pedrº, amo a Pedrº, louvo 4 Deus; dou o livro a
#:.*Jºãº. (b) Veyo a casa; veyo a ser tem Rei.
* * C Barrºs, Paneg.)
# • 5º

Sºº tºdas as preposições rejão senão um caso (á ex


:! #Fºº.de "e") de cada um dos pronomes pessoaes.
"...": { No Latim, e mais linguas, cujos nomes tem casos,
- # *** conhecem pelas declinações; a preposição rege
; " }; tal, ºu tal caso, ou segundo a relação, que signifi
" , *>.*júnta se lhe o nome em tal, ou tal caso. A: pre
i : , Fºººººº de algúas Linguas pospõém-se aos nomes regi
,, , ;º dos Pºr ellas; v. g. na Lingua Persiana, e na Geral
, , Brasiliana; os Latinos dizião quicum, mectini ; os In
: : :
••
S*es pospõem mui frequentemente as preposições;
: ! * farissima vez: v. g. “Imper-te o jugo eu bem
- § sº, quem ha-de: » i. é, eu bem sei quem ha ( ie.
:{ poder) de impor-te o Jugo. •

,, | (b) Quando a preposição concorre com a artigo,


contrahem se ou ajuntão se em á com accento agu

:
*–
DA GRAMMATICA PoRTUGUEZA: ºs
1. A fonte nasce desta pedra; e figuradamente, º
má vontade nasce de cºraçãº; o odio da inveja, drº
Érnnor, •

6. Vamos é praça; e fig. é verdade, aº fundº das


coisas ; a demºnstrar; a adivinhar; ere. -

7. Parte da casa; Senhor da casa; Senhor de


materia, d'a negºciação, das suas paixões; Senhor de si.
3. Não cabe em casa; não lhe cabe na cabeça; nãº
«abe em si, ein raz㺠humana; 'nº tempº; “ua Fé; ere
9. Da casa para a praça, de mim para ti, da ver
dade para a meatira; de trez para quatrº. • •

1o. A ponte ata com a Cidade; estai comigº; a man


sidão abraçada com a caridade; mentiras com verdades =
correr cá alguem; movido com a mão; com razões, e
carinhºs, Gre. - •

11. Nestes exemplos vemos como por semelhança -


passárão as preposições de mostrar as correlações entre
dois termos fisicos, a outros intellectuáes, moráes, e
geralmente incorpóreos. Estas são as preposições sepa
radas; de cujos oficios tratarei mais nas regras da Syn
taxe, ou Composição; porque ellas são partes conne
xivas dos nomes entre si, ou sós, ou modificados por .
attributivos: v. g. homem habil para as Lettras; Pe
drº navega para a Asia; destina se é Vida Litteraria.
Os nomes regidos talvez se calão: v. g. “Tenho-o por
homem circunspecto; e pºr de consciencia: º i. é, s
por homem de consciencia.
12. . As preposições calão se múitas vezes, quando
a relação do nome não padece equivoco. Assim dize
mos: Amo a Dºes, a Jºãº; e sem preposição: Amo
* * *
, º

do: se concorre com º artigo, perde se ás vezes, e é faz


se agudo; v. g. fui é templo, bradei és Ceos. De cone
correndo com o artigo perde o e, e fica d'a, de , dºas»
d'o". Em com o artigo perde se, e fica n'a n'e por
* * , em º. Por com o artigo perde o r, ou muda se
este em 1:
em Pel, v. ces
Pelºs g. po-lo campo, ou por º campº; Per
* '
• • • •

• *** • - -.
1- E P I T O M E
º Gregº cantor; a caça, º jºgo, ere. “ Este dia fizerão
os nossos grandes feitos; º por, em este dia: navegamos
costa abaixº; sc. por a costs,
13. Outras vezes o nome se oferece ao nosso en
tendimento em duas relações: v. g. a porta de sobre o
murº: onde muro se oferece como possuidor da pórta,
e como lugar, sobre que ella estava (e). É porém º
vicioso dizer de d'onde, porque o d”, que precede a
ºnde, é a mesma preposição de expressa por inteiro, e
sincopada em d'onde é igual erro dizer ad’onde está;
por , e ende está ? Só diremos bem : voltei a d'ºude

saira; i. é, voltei ao lugar, d’onde saíra, quando o
sentido pede a do qual, da qual, dos quaes , das quaes,
calando se o nome regido por a, ou o que ésta pre
posição pede: assim é a ellipse, com que dizemos:
"\
v. g. foi tido por nescio, e por para pouco; i. é,
foi tido por homem nescio, e por homem habil para
pouco negocio, serviço, ou feito. Igual erro é juntar
« a até; v. g. até a o muro; deve ser até º muro, até
e campº, até as estrellas.
14. Se aos pronomes Eu e Tu se juntarem os adjecti
vos um, ou outro, ficão os pronomes indeclinaveis, ou
nestes mesmos casos: v. g. por ºutrº tu, cºm ºutrº
eu ; mas Si é constante neste caso com a preposição:
*
v. g., “ fica homem tão diverso d'aquelle outrº si, que
#
: tras de Adão. » (d) -

. 1 jº

:?}
{ (…) Os Hebreus tinhão o mesmo uso. V. Oleastri,
JIebraism. Canon. 5. Non auferetur sceptrum de Jehu
dáh, & Scriba de inter pedes ejus, donec veniat Si
-• lóh, & ei obedientia gentium. Os Latinos usárão o
mesmo : v. g. in ante diem; insuper roges; desuper:
nós dizemos d’entre muros; perante, empós, após de ;
{
: Desne tempo, Desde, de Des e De “forão-me tirar
dos claustros, e de sobre os livros (V. dº Arceb. ): º
“ De sob
ripas, º ..as árvores ( Men. e Moça): º “mera a Sob
• .
<

(*) “Ajuntai-me dita, e saber, verei um eu : º e não,


+
••

##i
## i ******#*#
«"

–à—

--
\

DA GRAMMATICA PORTUGUEZA, 73
15. Outras preposições contão os nossos Gramma
ticos, que o não são: v. g. é cerce, que é adverbio,
e acima, abaixº, álem , áquem, antes, aº redor, tras,
diante, a par, é roda, a riba, atras, de baixº, de ci
ma, defrente, dentrº, fora, depois, de fora , de tras º
em cima, pºr baixº, por cima, em diante, aº diante,
por diante, para tras, para de tras, ere, onde é vizivel.
a preposição verdadeira combinada com o nome, ou o
nome sem ella, que pede talvez outro nome com
preposição: v. g. das portas a fora, a dentrº; por dem
trº; por de fora, d'aquem para além; antes ou atras»
adiante de mim ; á cerca dº issº; depois dº issº; pºr cima
do telhadº: “ Aº diante vos espero, se diante o caso vai
" (Filodemº, z. Sc. 3..): » }}; enrfora; e de fora dor
mireis; o que sinto dentre em mim; ere. Hora uma
preposição indica o nome correlato com o anteceden
te, e o pede; mas não pede outra preposição. Juntº
é o adj. usado adverbialmente; e assim o são Conforme,
e Segundo: v. g. está juntº (em lugar junto) da Igre
ja; isso é #… a Lei; salvo conforme aos gárrulos
trovistas; i. é, salvo julgando de medº conforme aos
gárrulos trovistas : conforme aos principios da Fé:
julgamos tudo cºnforme ás parxões. (V. Paiva, Ser
mács, T. 1. f. 32, 95, 96. Vid. dº Arceb. L. i. e. 1s.
e L. 2. c. 22.) Segundº é outro adjectivo usado ad
verbialmente : v. g. fareis segundº virdes; i., é, do 2
modo segundo for o que virdes: Segundº a Lei; #"

um min (Ulisipo, At. 3. se, 6.): O que com outrº


eu sómente ousára (Ferr. Carta 4. L. 2.): Por eu.--
trº tu teu filho (id. Castrº): V. Caminha, Ode 3.
Toda via dizemos: andas tão outro de ti: Heit. Pin
to dice; apartado d'aquelle ºutrº ti, que traz de Adão :: -
e na Men. e Mºça vem (L. i. e. 18.): Que após mi -
não ha ºutro mi. Este ultimo exemplo mostra, que
ha significa tem, e não existe; alias dir se hia: não
ha ºutrº eu; como, não existirá ºutrº eu: lá anda es
tro eu, outro Sósia...

/
" *-*___*____ =–=…………

74 E P I Tº O M E •

do modo segundo a Lei manda: Segundº o que me di


•- zeis, devo obrar; i. é, devo obrar do modo segundo
|- é o que me dizeis. Os nóssos mayores dicerão a segua
:: : : de; i. é, a inodo segundo: “ e segundº a policia Me
i <- l_> lindana: º a segundo se vê (Canées, Lusiada, VI. a.
-- 33. e VII. 47. Etegiada, C. s. f. 3 #1. ) . Adornado
segundo seus costumes, e primores ( Lus.): i. é, se
gundo são seus costumes. “As coisas todas a apparen
<ia tem, Segundo os olhos são , com que se vem. º
? : (segundo
Lusitan.erão
Transf. f. 1 a 4. V. Vida do Arceb. L. 4. c. 5.
as casas.) •

.
; 16. Em fim tudo o que não faz variar os nomes
#: Tu, Elle em Mim, Ti, Si não é preposição.
- (*) • • •

• • 17. São pois as verdadeiras Preposições Portuguezas


A mim, Ante mim , Após mim, Até mim, Centra
{
mim, De mim, Em mim, Entre mim, Para mim,
Por mim, Per mim, Per si, Sebre mim, Sob mim.
Perante mim, e Desde mim são duas preposições em
uma, Per e Ante, Dès e De. Com migº, Com tigº,
cºm13.sigº, Com noscº,
outras com
{ vºscº. combinadas com
• Temos preposições
nomes, com adjectivos, e verbos, que talvez influem
na sua significação, e se dizem inseparaveis: e são de
ordinario tomadas do Latim, de que darei alguns

exemplos. De A e vante formimos avante, e derivá

mos avantagem, 6 e. de De e redor fizemos derredores :
&& Os
–à

#
** +

#
(*) Já apontei, que isto não se entende, quando
•• >

Fu e Tu se ajuntão aos infinitivos pessoáes, e gerun
{ dios, regidos o infinitivo, e gerundio de preposições:
+
*. -,
* v. g. para eu ir comtigo: em tu suindo. Toda prepo
sição deve ter depois de si nome claro, ou occulto,
; que é o segundo termo em relação com o anteceden
r
*e; e todas as palavras acima apontadas se usão adver
{ bialmente, com nomes depois, regidos de outras pre
*
*
| posições, ou sem outra regencia: v. g. estavão mor
tos, ou é «crca ( ou quasi ).

}
DA GRAMMATICA PoRTUGUEzA. rs
* Os seus derredores (arredores de a e redor) e deser
tos fitárão santificados. » ( Feyº, Trat. 2. dos Sam
tes Ianecentes, f. 46.) Vejamos as inseparaveis toma
das do Latim, que múitos não estudão, a quem im
porta entender isto. -

19. Ab ou Abs denotão lugar, coisa , d’onde se


aparta; d'aqui Akrºgar, ou rogar que se tire a Leis
Abster se, ter se longe, apartar se; Abutcmiº, Absti
nente, Absente corruto em Ausente.
2o. Ad designa termo, lugar, para onde se ache
ga, ajunta: v.g. Adjuntº, Adventiciº, Adverbio, Admºes
tação. O ad muda se em ac, at, ºf, ag, as, al»
er; v. g. em Accomodadº, Accorrer, Accuiar, Atten
ter, Afiigir,
sentar, cre. Aggravar, e Arrºgar se, Alluviãº, As

a 1. Ante denota precedencia; v. g. Antepostº: e


prioridade , antecedencia ; v. g. Antepassadº, Ante
cedente, Antevidencia, Antecuco. (e) -

22. Anti Astirapa,


Anticristão, denota contrariedade,
Antiscorbutice."opposição: v. g. •

23. Cº, Cem, Con, de Cum Latino, indica relação


de companhia, concomitancia: v. g. Coºperar, obrar
com outrem; Compostº; Conforme; Conjuges; ere.
24. De , Des declarão termo, d'onde se aparta;
d'aqui Desvio, Desviado; Desgraçadº; Desvalido, apar
tado da graça, do valimento, &c. Por isso Des indi
ca geralmente privação, mudança: v. g. Desmayar,
Desanimar, cre. Deportação, Derretidº, Devolvidº.
43. Dis indica variedade, diversidade de partes:
v. g. Disperso, esparso por varias partes; Distribuir
a varios; Dispôr plantas em varios lugares: Dissentir;
Piscerdar; Dilapidar perdido o s, como em Diverse.
Alguns confundem Dis com Des ou De, e dizem Dis
Jºrme, Disgraça
desfiguradº, e porpordesgraçadº.
desferme, ou deforme, sem fórma,

• - 26.

(*) Barrºs confunde Ante, que é preposição, com An


** adverbio. V. Grammatica, f aº 6. e noutros luga #
* •

reº; f. 45. ente Deus, e ante dº prefaçº. }


{ {4.
###
{
## {
* 1:
76 -. E P I Tº O M E
26. Em de In Latino, ou En, denota lugar para
onde, ou aonde se está. Empregar em algúa coisa ;
Endividar se em tanto: Emboizadº, arcado da feição
da boiz de caçar ; Eulevar se, cre. -

27. Entre de Inter: v. g. Entreter-se em algúa


coisa, por ter se entre as partes, cuidados della; In
«erpor-se; Intermissão. •

28. Ex indica o termo d’onde: v. g. Extrair, ti


rar de algúa coisa; Extractº, tirado de; Exigir, pe
dir d'alguem; Exportar, tirar do porto em fóra. Ex
tra; fora, alem : v. g. extraºrdinario, extravagante;
fora do ordinario, que vaga fora da collecção, ou do
proceder cómum.
29. In disigna lugar para onde: v. g. Importar,
trazer, ou levar para dentro ; Induzir, guiar a algúa

| acção; Influir; Inspirar, soprar em alguem. Outras


vezes o in indica privação: v. g. Iu-habil, Ineptº. In
muda
cional.
se em in, Immovel; em il, Illicito; ir, Irra

3o. Ok designa o que está defronte, diante, para


onde se olha: v. g. Observar; Obstaculo. Ok muda se
em ae: v.erc.
g. Occorrer, Occupar; em ºp: v. g. Oppôr,
Opposto, • • •

31. Per indica o meyo, espaço : v.g. Perpassar, pas


sar por algúa coisa, ao longo d'ella; Permeyar; Per
*ender. Tambem indica acabamento: v. g. Perfeito,
cópletamente feito ; Pertinace, acabadamente, múi
tenaz; Perspicaz; Perduravel; Perturbado; crc.
32. Pás indica posterioridade: v. g. Pospôr, pôr
depois ; Posterior; Postergar, lançar após, ou atras
• +

. * .* .
! das costas: a Póspello, contra o pello (contrario de
álpello) mal transformado em passapellº (f).
*** #: ; 33º
* ** * "..
* #
.
.. .
*
#
. .
** 1.1
(f) De al pelº se derivou a pello, opposto a após
* * pelle. V. Cruz, Poesias, Egl. 1o..f. 66. “Que a pellº
;; me não falta na amizade &c. » i. é, liza, direita, e
não revessamente: outros interpretão a pés e pellº,
… } A
descalço, ou a pé, e nu; ou mal roupado. “ a pele
|- *

#•*.*
|} --+
|=>-

;+
#
DA GRAMMATICA PoRTUGUEzA. 17
13. Pre indica precedencia em ordem, lugar, po
}
der, tempo: daqui Presidencia ; Presumir, tomº ;
tes para si; Presupper; Prever; Predominiº; ere.
B4. Prº designa o lugar onde, a presençº"; v. g.
•*#

#
>
;
Prºpostº, posto a ; Promessa, expressão da *# : +
#
posta no negocio; Prºrºsitº, tenção posta em algúa
COISA,
15. Re indica repetição: v. g. Reimpresse, Re
vender, Repor; sou vosso e Revesse : ás vezes val, o
. ::>
#
{

:
••

mesmo que retrº para traz: v. g. Repulsa, Repellir,


Recambiar, Rebotar, Rechaçar, Reluctar, ere. Reyiar
a carreira; alter. em arrepiar, &c. •

16. Retrº, para traz: v. g. Retrºgradar, voltar a


tras, desandar; Retrógrado mºvimentº, desandando.
17. Sº, Seb, Setto, Sub, debaixo: v. g. Săceler,
Sobordinadº, Sottºpeste, Subtrair. O ob muda se em
ºe em soccorrer; em er em Serrir; em ºs em Sester;
em º em Sépena; em up; v. g. “ as suppºstas chamas. »
Sottºpiloto alterou se em Settapiloto, ou piloto subor
dinado ao primeiro piloto (g). - •

: 38. Sobre em cima-: Sobrepôr; Sobreestar, estar em


cima, assentar se, e fig, parar: v. g. Sobreestar nº
negocio, na execução, que o vulgo dis Substar, Sus
tar, e até já passou assim para as Leis (h).
- • • 39.

pelo vir da sua aldeya, º (Garção, Epist. a. véi errá


do apassapellº) . • -

(g). Assim mesmo se diz Sétevento, por Sotºvento


do Italiano Soto. Todos sabem, que os Peçanhas pri
meiros almirantes do mar, e sua tripulação, que elles
assoldadavão, erão Italianos, d’onde ficárão termos
Italianos na Nautica: v. g. galeºte, Comitre, gémene,
e outros. (V. Severin, Nºticias, Disc. II. S. XIII.y
(h) E com sentido absurdo, porque Substar é estar
;* da Lei, ou #'; assim mesmo dizem Des
*yar por affeyar, devendo ser o contrario; desfeyar
# # a feyaldade. (V. Cruz,
aº “& Queres que nosso canto sºbreestya em quan:
####
• \
1

rs ! E F f T O M E
39. Estas preposições de ordinario fazem ajuntar
outras semelhantes, aos nomes, que os verbos, e adje
etivos compostos regem : v. g. cºnsultar cem alguem;
contrahir có outrem; sompostº com a má fortuna; in
fluir em alguem; attender a, attentar a tudo; descen
der de algum; &c. Mas isto tem múitas excepções,
que o uso, e leitura ensinarão; e na dúvida o excel
lente Diccionario Portugues da Real Academia das
Sciencias de Lisboa mostrará as preposições, que se
usão com os adjectivos, e verbos, e suppre múito bem
a umaa Leitura
nem todos é comparativa
faci •dos Livros Classicos, que

C A P I T U L o viII.
Das c…j…fiº.
I• S Conjunções átão as sentenças, que tem
alguia connexão, ou correlação entre si,
de semelhança de juízo, de opposição, de modificação:
Em “ Pedro e João forão á caça » a conjunção e in
dica, que vou afirmar o mesmo de ambos. “ Nem
Pedro, nem João tal fez : " nem indica a correlação
|-
de negação entre as sentenças.
2. Em “ Pedro é bom, mas inconstante » modi
ficamos com mas a asserção da bondade, a que pare
. cs põe modo a inconstancia. “ Irei, se vós fordes: º
|-

* se indica a correlação hypothética, ou condicional da


sentença principal irei, com a hypothética subordina
:* da a ella.
| 3. Assim as conjunções indicão os modos de ver
. da nossa alma entre diversas sentenças, os quaes ás
= vezes se expréssão por mais de uma palavra:gºl]Qº
• •
v. g.

tº vou buscar que cozinhemos? » Neste sentido não


ha exemplo classico de Substar, senão de Sºbrestar. V.
Crdes. 3- ao, 26. -Arrow», 3. c. a. • -
DA GRAMMATICA PORTUGUEZA. 79 A

amo-vos ; cem tudº não sofrerei esse desatino : farei


isso, com quantº me custa; em que lhe pere.
Os Grammaticos contão varias especies de cen
junções, a saber:
4. As Copulativas, ou que ajuntão as sentenças em
uma são E, Outreuim, Tambem: Item Latina adopta
da (º).
1. As Disjunctivas Nem, Ou, Ja, Quer. •

. 6. As Condicionáes Se, Senãº, com tantº gue, Sesº


gue; Cem quantº: destas múitas limitão.
7. As Causães Porque, Pºis, Por ende, Perguente.
8. As de concluir, e inferir Lºgº, Pertentº, Pelº
que, Assimque.
9. As Comparativas : v. g. Assim, Anim cºmº ».
Bem cºmº: os antigos escrevèrão Azui. •
.•
1o. As Adversativas, que modificão por opposi
ção : Mas, Porêm, Postegwe, Cenquantº, Suppºstº •
Todavia, Ainda assim, crc. Porem usou se como ad
verbio , porditas.
isso,(do
poloque.
Latim “Porêm
Proinde) mandames : º
pelas causas
11. As conjunções condicionáes, permissivas, e
outras geralmente fazem usar os verbos no Modo sub

|#
junctivo: v. g. “irei se ferdes; sentantº que elle tam
m vá: desejo, quero, mando que va: não creye
*; •
que tal faça, tre.» Mas o que dirige os nodos dos ver
bos, é o modo de pensar, que queremos exprimir;
assim dizemos: se tu vais, eu tambem veu: e todas
as asserções directas, e absolutas são de modo indica <!|

tivo; as uniões de attributos verbáes subordinadas ás


assersóes principáes vão ao subjunctivo: v. g. Desejo.
que vas, ou a tua ida; eu o diria, se soubesse; &c. e,
por aqui se vê, que diria, faria, iria, e semelhantes.
são variações indicativas, e não subjunctivas.
• - - • C Á- |
} #i
(2) Que é o articular usado com ellipse de verbo:, !# •

}
* g. “Digo que és bom : º i. é, digo isto, que, }
é, tu es bom : “ quero que venhas : º quero isto»,
que é, a tua vinda, ou º viretº . . +
2 - . *
R.
* --

i
#
E P I Tº O M E

| cA e I T U L o Ir.
*
• • Das Interjeições.
|-

- I• P Aixões
violentas exprimem se em uma, ou
poucas palavras; as quaes equivalem a uma
sentença: v. g. ai, tenho dor; guai, compadeço-me,
:
lastimo ; ui! admiro-me. Ai, Guai, Ui são Interjei
: ções, ou palavras arremessadas entre as da linguagem
analisada, para exprimir as paixões.
2. Ás vezes se cópleta o sentido da sentença co
meçada a exprimir pela interjeição, com outras pala
vras. Ai, v. g. sinifica eu tenhº dor; se lhe ajuntamos
de ti (ai de ti) indicamos o objecto da dôr, ou a
causa (4). “ Hui por mi, e pela minha vida ! »
(Ferr. Bristo, 2.sc. 3.) “ Hai tanta diligencia tão per
dida ! » i. é, Eu lastimo tanta diligencia &c. (Ferr.
Eleg. 1.) ou doe-me tanta diligencia &c. como “doe
me ver estas coisas. » Destas palavras contão se va
rias especies, que mostrão os afectos seguintes:
De admiração, ah, ºh , ui.
De excitar attensão, O', Siu, Cé, Ah hum, Ak.
*|
De dor, Ak! Guai ! Ui, ou Hui !
De espanto, Am; 0"; Apre! Hum, tu tens si
-. so ? (Ferr. Ciese) - De
.: • • •

. :
(2) Assim mesmo dizem os Latinos Ve tibi, ai de
. ti: var vobis, ai de vós: por onde se vê, que as in
terjeições pedem ou regem o seu complemento, ou as
palavras, que completão a sua significação. (V. Bar
res, Gram. f. 1 6o. ) “ Ai de ti º dirão que é “ por
* amor de ti: º mas quem rege a por amor? ou a quem
serve por amor de complemento, senão a ai, tenho
# dor? Os Grammaticos Gregos confundem os adverbios

i com as interjeições; mas éstas equivalem a uma sen


tença perfeita com verbo; os adverbios a uma frase mo
dificativa do attributo verbal, de adjectivos; e nomes
attributos. • •
**a

DA desejo,
De GRAMMATICA
Oxalá, Ok PoRTUGUEZA.
! •
si s . -

De excitamento, Olá, gº, sas, herasus.


De silencio, Tá,1. viº.
aversão, irra , 4:+ • * > - -
. De derisão, Ás he ! * . * •

De pedir attensão aos objectos, ou de os mos--


-
trar:
ertº ).v. g. cis; de excitar á lerta ( do Italiano alf
• •

3. Assim é adverbio comparativo, e não interjei


| ção. “ Assim te eu veja Rei, como me dês o que
te peço : º équival a: “ Assim desejo, que eu te veja
Rei, como desejo, que me dês & c. » O múito dese
jo do bem, que afirmamos áquelles, a quem rogamos,
excita a sua benevolencia para uos cumprir o outro
desejo, acerca do que se lhes-pede. Outras vezes se usa
em frases assertivas: |- *
-

- +

Assim me veja eu casar,


• • • • 1
Como despida em camisa •

Se ergueu por vos escutar (Cam, Filed.):

# i. é, assim, ou tanto desejo ver-me casar, eomo é


## verdade,
«utar (#) que
. despida em camisa se ergueu para
• • . - vos es: :
+
{ 4- Assim ! dizemos elipticamente; por, é possivel
isso assim , como
comparativo, e não ointerjeição.
dizeis ! aqui mesmo é adverbio •

\
F ., LI-.

(*) Assim, ó Thais, os Deuzes bem me queirão,


Que já (Costa,

te quero Terene.
bem : Eunuck. A. g..::
re. s. X -

Assim, ou tanto é certo, que te quero bem, quanto


dezejo, que os Deuses me queirão bem. Veja se o In
dice da Lusitania Transformeda, nova ediç. .art. Asti. --
“Peço-vos, Senhor, assi Deus proveja sempre com º
Prosperidade vossas coisas, que me queiráes ajudar. »
(Barros, Clarim. 1. c. 6. ) Peçº-vos exprime claramen
te º desejo, que vai por ellipse nas outras senteaçãº,
+
••

• •
1s ; .EºIToM=
******************
L IV R O II.
s Da Composiç㺠das partes da Sentença entre si, ºu
Syntaxe. •

· C A P I T U L O I.
1
= •
/

#; -- Introducçãº. -

º
i: . . D A boa composição das partes da oração en
Je
tre si resulta a sentença, ou sentido perfeito, com que
- nos fazemos entender, falando com palavras.
2. Todas as sentenças se reduzem a declarar o que
julgames das coisas: v. g. este pomo é dece; Jºãº é
virtuaiº: ou aquillo que queremos, que as pessoas ou
coisas sejão, fação, ou sofrão: v. g. Filho se estudioso;
trabalha; séfre-te com os trabalhos; está-me a tente. (*)
3. Nestas são notaveis: 1º O Sujeito, de quem se af
|- firma, o qual deve ser um nome só, ou modificado
+ por articulares , e attributivos: v. g. “ este homem
}, : :{ |- - vir

* #: ;
, . * Assim sejas de Filis sempre amado comº, ou qse
* * • me digas os versos, que cantaste : º assim desejo
: :: : (tanto), que sejas sempre amado, come dezejo que me
- . diga! &c. - •

. (*) A tentº é frase adverbial derivada do uso de con


tar por tentos; d’onde dizemos contou tudo tentim,
por tentim : os editores ignorantes o confundirão com
attente adjectivo: tal é a sinte (de a sciente); a ter
tº, a drede; estar a direitº ; á centa, é razãº, com al
guem: “ Dizei a tentº; º como quem calcúla (Uli
sipº, Com. A. 3. vc. 4.) de vagar: “Vai-me Amor ma
tando tanto a tente, º Gem, Ses. 11- -


\

| |: A

DA GRAMMATICA PoRTUGUEZA, 1,
virtuºsº foi infeliz: » ou por nomes com preposições:
v. g., “ O templº de Deus é lugar santo: º de Deus
modifica a º templº, e determina aquelle de que fala
mos, que é o de Deus verdadeiro. -

4. 2º O Attributº, que se declara por adjectivos


attributivos; v. g. infeliz : outras vezes por nomes
com preposições; v. g. “ Pedro é sujeitº de verde
de, de honra; º por verdadeirº, honradº: ou “ é hà
mem sem honra. » - /

5. 3º O Verbº, que afirma, e ajunta os attributos


aos sujeitos; ou exprime a vontade, e mando: v. g. - |-

“Tu és amante; se amante: º o qual verbo múitas


vezes é uma só palavra, v. g. amar (por és aman
{>;
te); ama tu (por sê amante); faz uma sentença
perfeita. • • - _>
• •
+-
}-
**
6. 4.º Ás vezes o Verbo significa acção, que se +",

emprega no paciente: v. g. feri a Pedrº, dei am li


vrº; e termina em alguem: v. g. dei º livrº a Pedrº;
deu saúde a um enfermº : ensinei a Gramatica aos mé
•••
%
##
ninos, -

7. 5.º O verbo, ou acção, que elle significa, tal-.


• -

# •

vez é modificada, e acópanhada de circunstancias de


lugar, tempo, modo, instrumento, fim, &c., v.g.
A
+
#
“Dá esmolas aos pobres em segredo, com alegria,
para consolação da sua aflição, sem véxame da sua
vergonha, e por satisfação da tua verdadeira liberalida
de, sem mistura de vãgloria. »
3. Em segredo designa o lugar secreto, onde se
fas a acção dar einelas; cºm alegria o modo, que acom
panha a acção; para cºnsolaç㺠o fim d'ella; sem ve
*ame, outra circunstancia do dar; pºr satisfaçãº, o
motivo de dar; sem mistura, outra circunstancia né
gativa, e modo de dar esmolas, assim como tem vé.
acame &c. " : - . - - *

{
9. 6º São tambem de notar as sentenças, que mo *

dificão uma palavra da sentença principal, explicando-a


mais : v. g. “a virtude , que sempre é respeitável }:
nem sempre é amada: » ou limitando, e determinan.
º um, ºu mais individuos: v. g. “º cara que
* ;
\ }
} #i
• • •
?•

34 - - E P I T o M E
Jientem vimos, é minha: Os livros, que eu tinhº, per
derão-se-me em um naufragio º Estas sentenças, em
que entrão os articulares relativos conjunctivôs-, que,
quem, qual, ºnde, quando, ere. (*) chamão-se inciden
ies, e são explicativas, ou determinativas do sentido
de uma palavra da sentença principal.
1o. Gérálmente falando em todas as sentenças tra
tamos de coisas connexas com seus attributos, ou de
coisas, que tem algúa relação, ou dizem respeito a ou
tras coisas. Todo o artificio pois de compor sentenças
consiste em mostrar as connexões, ou correlações en
tre os nomes de coisas, e seus attributos significados
polos adjectivos; entre os nomes das coisas, e os adje
ctivos articulares, que os modificão determinando a
extensão, em que se tomão; e entre os nomes sujei
tos, e os attributos amnexos aos verbos com a afir
mação, ou querer. As regras, que ensinão a mostrar
as connexões entre os nomes, e os adjectivos, e os ver
bos se dizem Sintaxe de Concordancia, . . •

* 1. As outras correlações entre os nomes, e no


nmes mostrão se, 1.° variando a terminação do nome
correlato com o seu antecedente, e isto principalmen
te nas linguas, que tem casos: 2.º por meyo de pre
posições, que indicão a correlação, que ha entre os
nomes dos objectos: 3.º pondo o nome correlato jun
to do outro, que está em relação com elle, por meyo
de algum verbo modificante do nome antecedente (**).,
• • + * 12. "
;
:
(*) V. g. “ estive no theatro quando tu lá esta
vas: º i. é, nº tempº, quando , ou nº qual. Quando
c, dize me o tempo, quando vèis ? O como,
º quandº; é º modo, comº; º tempº, quandº: ** Ensi
mai-me ó como: º i. é, o modº, de cºmº , &c. donde
se vê, que como sempre pertence a uma proposição in

cidentc, \que modifica uma palavra subentendida, ou
clara da proposição principal: alguns Classicos escre
, verão quema, de juº mºdº Latinos. - • •

*: (") “ Pedrº ama º Joãº; º a correlação entre Joãº


'\ •

-
___ **a

-•

• ! * *

DA GRAMMATICA PoRTUGUEzA. si
1s. Em Latim por exemplo Templam significa tem
plo, Dominus Senhor; quando se quer pôr em relação
de possessão, ou considerar o templº como coisa possuí
da , e de Senhor, o nome «Dominus muda a terminação
|}
?4.
#;

em Domini, e dizem Templum Domini. Em Portuguez ##


geralmente falando os nomes não se varião na termi
nação para este fim, mas dizemos: “ Templo de {•
Senhor: º onde a preposição de indica, que º Senhor
é o possuidor do templo (***). #
13. Semelhantemente o nome Deus em Latim cor
responde a Deus Portuguez; os Latinos dizião Amº
Deum (amo a Deus) mudando o us de Deus em ass;
nós representamos Deus como paciente, por meyo da , -
\| *

##
preposição «. Quando dizemos : a mulher ama º mariº
de : a mulher antes do verbo é o sujeito da proposi
ção; e se dicessemos: º marido ama a mulher: º mari
do antes do verbo seria sujeito, e a mulher o objecto *- •

da acção do verbo ama, ou paciente, indo este depois ##


* * ** * * ** .
do verbo. O lugar indica a relação de sujeitº, ou de
paciente da mesma palavra, e não o artigo, que se não ##
muda, variando as relações tanto. "
# 4
* * 2;
14. A palavra, que muda de caso, ou é acópa
nhada de preposição, e é segundo termo de uma rela
##
* #
ção, se diz regida pela palavra antecedente correlata,
• * OUA º ##
#
* # :
como objecto amado, ou paciente a respeito de Pedrº
# •

agente resulta de amäte attributo unido ao verbo é;


pois ama val é amente: em, hem? habil para as let
tras ; º a correlação entre homem e lettras mostra-a aº {#
preposição para, que indica o fim, e que cópleta oe # <!

sentido vago de homem habil, o qual o pôde ser para)


múitas coisas: “homem de lettres » de indica a possº
sessão da Litteratura competente ao hºmem,. que: a. !;
S$UGºs - - ", •
*

(“) Em Inglez usa-se de preposição ºf, ou de ajun…


tar um s ao nome: v. g., hºuse ºf Peter, ou Peter"
hºste; cºla de Pedrº, ou de Pedrº casa, imitandº º:
genitivo Latino,
?
>

* 34 - E P I T O M E
Jientem vimos, é minha: Os livros, que eu tinha, per
|-
derão-se-me em um naufragio » Estas sentenças, em
que entrão os articulares relativos conjunctivôs-, que,
quem, qual, ºnde, quando, erc. (*) chamão-se inciden
res, e são explicativas, ou determinativas do sentido
de uma palavra da sentença principal.
1o. Gérálmente falando em todas as sentenças tra
tamos de coisas connexas com seus attributos, ou de
coisas, que tem algúa relação, ou dizem respeito a ou
tras coisas. Todo o artificio pois de compor sentenças
consiste em mostrar as connexões, ou correlações en
tre os nomes de coisas, e seus attributos significados
polos adjectivos; entre os nomes das coisas, e os adje
ctivos articulares, que os modificão determinando a
{ extensão, em que se tomão; e entre os nomes sujei
tos, e os attributos annexos aos verbos com a afir
mação, ou querer. As regras, que ensinão a mostrar
as connexões entre os nomes, e os adjectivos, e os ver
bos se dizem Sintaxe de Concordancia, . . •

* 1. As outras correlações entre os nomes, e no


: mes mostrão se, 1.° variando a terminação do nome
correlato com o seu antecedente, e isto principalmen
te nas linguas, que tem casos: 2.º por meyo de pre
posições, que indicão a correlação, que ha entre os
nomes dos objectos: 3.º pondo o nome correlato jun
to do outro, que está em relação com elle, por meyo
de algum verbo modificante do nome antecedente (**).,
• • • $ 12.
!
(*) V. g. “estive no theatro quando tu lá esta

i vas: º i. é, no tempo, quando º ou no qual. Quando


võis? i. é, dize me o tempo, quando véis? O como,
o quando; é º modo, como; º tempº, quandº. “Ensi
nai-me o como : » i. é, o mºdº, de cºmº , &c. donde
se vê, que como sempre pertence a uma proposição in

cidentc, \que modifica uma palavra subentendida, ou
clara da proposição principal: alguns Classicos escre
; verão quomº, de quo modo Latinos. -
*: (") “ Pedrº ama a Joãº; º a correlação entre Joãº
• •

* • - *
• + +

• ! ! •

DA GRAMMATICA PoRTUGUEZA. rs
1a. Em Latim por exemplo Templam significa tem
plo, Dominus Senhor; quando se quer pôr em relação
de possessão, ou considerar o templo como coisa possuí
Y!:}
da , e dº Senhor, o nome «Dominus muda a terminação #
em Domini, e dizem Templum Domini. Em Portuguez , # .

geralmente falando os nomes não se varião na termi- #


nação para este fim, mas dizemos: “ Templo de $##
Senhor: º onde a preposição de indica, que º Senhºr - - N ## •

é o possuidor do templo (***). . - *####


13. Semelhantemente o nome Deus em Latim côr- ###|
responde a Deus Portuguez; os Latinos dizião Amº - " # #
Deum (amo a Deus) mudando o us de Deus em um; * ####
nós representamos Deus como paciente, por meyo da ####
preposição «. Quando dizemos: a mulher ama º mari- ###<= ** !
de : a mulher antes do verbo é o sujeito da proposi -** !
ção; e se dicessemos: o marido ama a mulher: o mari #? #}
do antes do verbo seria sujeito, e a mulher o objecto
da acção do verbo ame, ou paciente, indo este depois }
do verbo. O lugar indica a relação de sujeitº, ou de {{ {
paciente da mesma palavra, e não o artigo, que se não # 2.
muda, variando as relações tanto. 3.
14. A palavra, que muda de caso, ou é acópa- º:
nhada de preposição, e é segundo termo de uma rela- r} :
ção, se diz regida pela palavra antecedente correlata,
* OUA
-

###
#i
*- # r

como objecto amado, ou paciente a respeito de Pedrº


agente resulta de amäte attributo unido ao verbo é;
pois ama val é amente: em, hemê habil para as let
tras ; º a correlação entre homem e lettras mostra-a aº # !,
“S,
preposição para, que indica o fim, e que cópleta o ###
sentido vago de homem habil, o qual o pôde ser para) ##
múitas coisas: “ homem de lettres » de indica aposº, ####
sessão da Litteratura competente ao hºmem, que a * #3 #
possúe. - " …" .. - }
(***) Em Inglez usa-se de preposição ºf; ou de ajun-> }
tar um s ao nome: v. g., hºuse ºf Peter, ou Peter" }
hººte ; casa
genitivo de Pedrº, ou de Pedrº casa, imitando º .
Latino, •

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----,

:
"-

-

| i
.E ºIT oM e
Ou pela preposição, ou pelo verbo: e as regras, que
ensinão a mostrar as relações entre os nomea, por meyo
das
dascapreposições,
de Regencia.e casos, ou da collocação, são a Sin

S. I.
Da Sintaxe de Concordancia. }

Q. ós mostramos, qual é o adjectivo, que


modifica um nome, usando do adjectivo na
variação respondente ao genero, e numero do nome:
v. g. bem homem, mulher honesta, varões doutos, mu
lheres devotas.
substantivo. Isto é concordar o adjectivº com º seu
• •

2. Se os adjectivos tem uma só terminação para


os dois generos, e numeros, por-se hão junto dos no
mes, a quem pertencem: v. g. nºbre marido da Senho
º
> ra: o marido da nºbre Senhora: a casa, ou casas, pres
tes de tôdo.
} 3. A relação, que ha entre o nome sujeito da pro
posição, e o verbo d'ella, móstra se, usando do ver
bo na variação pessoal, e no numero correspondentes
à pessoa do sujeito, e ao numero d'elle: v. g. Eu amº,
3Tu amas , Pedro ou elle anna ; Nós amamos, Vós
amais, Elles amão. Não ha sentença sein nome sujei
to, e sem verbo expressos, ou occultos, diversos,
ou cognatos: v. g., “ é justo e devido, o dever se guar
dar tal modo: º “ Foi tido por honra, e riqueza ter

,•
}•
••*•}

muitos amigos. » ( Hist. dos Varões illustres de Tava
va, f. 1o 3. Heit. Piato, Verd. Amiz. c. 4- ) “ Dor
nem se somos tranquillos: espantos, que espantem. º
(Ferreira, T. 2. f. lo9. ) “ Feita sem comer não se
festeja. » ( Cruz, Poes.) “ A quem º saber mesmo tão
mal sabe, º (Ferreira, f. 11a.)
| "4. Estas são as concordancias regulares, e naturáes
dos nomes cos adjectivos, e cos verbos; outras com
cordanzias ha de nomes no singular com adjectivos no
Plural, e com verbos, no plural; e dos …………
• lº
A

1A
DA GRAMMATICA PORTUGUEZA. By , ,
diversos generos; dos verbos em diversas pessoas das
expressas nas sentenças, as quaes concordancias dão á
cóposição apparencias, ou figuras irregulares; mas não
o são, sendo usadas dos bons autores, e fundadas na
theorica geral das Linguas; chamão se pois as taes con
cordancias Figuradas, de que direi no Capit. segundo
(º), e ahi mesmo das regencias figuradas. •

(a) Os bons autores dizem variamente: * eu sou "g


o que fallei, ou o que fallow: º o primeiro é mais
classico, e conforme á rasão; porque que refere se, ou
substitue se a eu, e vale tanto conno, e ca falei: “es
sou uma dona, que venhº aqui : º “ eu fui aquelle »
que menos senti: º “ca sou a que andº nas mexiri
cadas. » ( Barros, Clarim. L. s. c. 2. e 19. Sá Miranº ;# {
da, Egl. V. Lusiada, 5. ;o.) “ Quem es a que me
Jallas? » é analogo, “ Esse ta, que lá estás. » (Men.
e Moça, L. 2. c. 22. e Camões, Anfitriões) Com tu }

}
; #|
do, nos mesmos classicos se acha: “ eu leu a que lhe
: •

mayor bem quer: º e “perdeis a mim vosso irmão»


que vos tanto bem quer: º parece que em ambos de }
ve ser gucrº. ( Clarim, L 2. c. 21, e a 6.) Na Ulis •#

sea, 3. $a. Lava, e estºu fazé parecer diversos sujeiº


tos das incidentes, sendo um só.
Quando as proposições incidentes determinão uma
#: •

classe de individuos, o verbo d'ellas deve ir ao plural = #:


v. g. “João é um dos homens, que se portár㺠melhor
"naquella acção. » Por tanto é incorrecto dizer: “Esta
Cidade foi uma das que mais se corrompeu da heresia; e
devia ser; das que mais se cerrompèrão. Outra coisas
seria, se a classe fosse já determinada, por qualquer
|;
#
attributivo, e a incidente explicasse só o sujeito da !
principal: v. g. “Eu sou um d'agucles infelices, e
o que mais sºfri nessa desgraça. » V. Leãº, Cren. T.
1. f. 23o. “Foi um dos Reis mais liberaes... é
{#
#
##
T

dºs que mais Villas, e Castellos derãº, e que a i


delRei seu irmão a Castella temeu por grande afron
1
-

# *

tº: º é um exemplo correcto, o primeiro que deter

;
E P IT O M E

#
|-
} i .
• $. II.

:* #-- De Sintaxe da Regencia.


!# } . ,
. > • Y» , S relações dos nomes mostrão se pelos ca
- - SOS CT) Me, Te ? Se } Lhe, Nos 9 Vos 9 Lhes
… sem preposições: pelos casos Mim, Ti, Si, Migº,
} Tigo, Sigº , N >, Vés, Noscº, Vascº, acópanhados
: : ::“ de preposições (°). As relações dos nomes , que não
sen
tem casos, indic㺠se pelo lugar, que tem na [Cf\-
*' ' . *.* - • • •

nina a classe geral dos Reis, o segundo dá mais attri


º butos a um dos Reis. .
1 Ha home is, ha frutas não são concordancias ir
• regulares: nestas sentenças, e semelhantes falta um su
… ; i jeito do singular; e os nomes do plural são a coisa pos
suída pelo verbo aztivo Haver: “ acabadas as inimi
. } , 1i. zades, que- havia entre Deus, e os homens: º i. é,
| | | } as inimizades, que o peccado havia postº, feito, cau
: , ; sado , entre Deus, e os homens, &c. (V. º Capit. 5.
, !
,"T •
num. 32.
L. I. Povo, neta Parte
Gente, (g) e outros nomes, que signi
, . ficão múitos individuos, levão o adjectivo, e o verbo
: : ao plural: v. g. “ Gente cega nem ºs estimo, nem
: ' ' me v㺠movendo. » (Ferreira, Carta 3. L. 1.) Quan
::: do falamos a um por cortezia como a múitos: v. g.
- vás estais múi anck», e contente: o verbo vai ao plu
|# · ral; os adjectivos fizão no singular. O mesmo é se al
4 guem fala de si, com verbo no plural: v. g. “ múi
• Largº temºs sido: º “ quando disso formes sabeder.»

Sendo o sujeito e attributo nomes, o verbo concorda
com o sujeito: v. g. O dote, ó Pamphilo, é:seis mil es
«udos. » “ As armas do Imperador é uma aguia. » (Lo
bº, Corte na All.) Mas disto direi mais na Sintaxe
figurada. __
i 5ão
(*) “ Por salvar mi ofereceo si: º (Ineditos, T.
3. pag. 37o.) é uma antigualha desusada: o mesmo
migº, tigº , sigº sem sºnº.
>1

DA GRAMMATICA PoRTUGUEZA. s? -
tença; ou por preposições, que significão a relação,
em que o nome regido, ou o segundo termo de uma
relação está com o seu antecedente só, ou acompanhat
do de adjectivo, ou verbo. * <! #
a. Vejamos as principies relações, em q&é qual- ###
quer coisa se nos póde representar, e com que artificio ##
se declarão. 's- • }}
3. 1º O sujeito da sentença, quando é a primeira ####
pessoa falando de si, diz se Eu: (") sê é a segunda {#
pessoa, a quem falamos, afirmando-lhe della algúa #

coisa, ou mandando-a fazer, dizemos Tu: v. g. Ta {


lès, e Vai tu. Se alguem se manda, ou exhorta a si
mesmo, trata se como a qualquer segunda pessoa:
v. g. “ Morre, Afonso de Albuquerque, ( diria elle
a si mesmo) que cumpre á tua honra morreres ( Cou-
to). » • •
##$#
##
##
}
4- 2° Se o sujeito é nome sem caso, e o verbo - *#
tem pacicnte sém preposição, antep5i se o sujeito ao ###
verbo: v. g. “ A aguia matou a serpente: º opa-
cien-
##
##
• #
(**) O sujeito do infinitivo em Portugues tambem -
é o nome Eu nesta figura: v. g. “. Todos sabem
ser eu dos teus mayores amigos. º “Fazem-se te
mer: » é, fazem temer a si, causão temor a si: por
que o nome abstracto, e os infinitivos são identicos :
“ Ver-me-nas do Reino - ser privada » é “ verás a
mim o ser privada do Reino: º sendo º ser privads
paciente de verás, e me o termo, como quando se diz: - -
“ vi-lhe uma espada; viu-me a cabeça ferida; ere. »
** Se faz temer ao Reino de Granada » é º faz temer
se ao Reino: º sendo temer paciente de faz, se pacien
te de tener; ao Reino terino de faz temer, como fez
tenor a todos: ou temer se, ser temido, paciente; aº -" }
Reino, termo á maneira dos Latinos, que dão um da- *#
tivo ao verbos passivos, a que arremeda a º Reinº. - $#.
“ Isto lhe fez deter-se ali. » ( Clarin. T. a. f. a 24-) #
“ o tempo, e a idade te fazem descºnhecer-me: º caus, }.}}|
são a ti o desconheceres-me. (Ferreira, Bristº, 3.a. ) .

|; |
ys . E P I T o M E
ciente vai depois do verbo. Mas quando o sujeito é
de numero. diverso, v. g. do singular, e o paciente
do plural, póde se alterar a ordem: v. g. º Ambos
hãa alma anima, ambos sustenta. » “O (sc. homem)
que é temido de muitos, muitos time.» Nestes exem
Plos ambos e múitºs são pacientes, porque os verbos
anima, sustenta,
gular. " e teme devem ter sujeitos do sin •

4. Tambem se pói o paciente antes do sujeito, e


do verbo, quando o attributo, ou acção do verbo evi
dentemente compete ao objecto significado por um
dos nomes: v. g. “ Depois que º leve barcº ao duro
remo... Atou o pescador pobre Palºmº: º onde bar
cº é evidentemente paciente da acção atar propria de
Palemº pescader, e sujeito da sentença.
6. ** Mas lego que o verbo póde concordar só o
sujeite, ou có o paciente, e o seu attributo cópetir
a um , ou a outro , devemos tirar a anfibologia, ou
dúvida, ajuntando ao paciente a preposição a: v. g.
“ Combate «o fraco esprito a dor antiga: º
R não será gran destroço»
Pois e amº quer a ama,
. Que a a moça queira º mºçº. (cantes, Filº)
. * . .
• Ne segundo
jeito verboobserva
antes doverso se aoordem
quer com directa
paciente do su
ama depois:
:
no terceiro verso como se inverte, precede a prepo
sição ao nome moça paciente, que vai antes de quei
*+ ra. Geralmente , todas as vezes que o paciente se
º alonga do verbo, é mais usual, e claro Ajuntar se
} lhe a preposição a : v. g. “Em quanto eu estes can
rº, e a vez não posso: º onde se subentende cantar
alongado de vês ; e estes está sem preposição co mesmo
- verbo proximo: “ Todo homem ama ºs partos de seu
! entendimento, e ás vezes mais que aos mesmos filhºs
: (Souza). »
} Rº7. 4° Quendo o paciente é a primeira pessoa Eu,
} ou a segunda Tu, usamos dos casos me, te; v.g.{62


______

#
DA GRAMMATICA PORTUGUEZA: 91 :
ceu-me, matou-te (e): “Vós matais-vos,e matais-me: º
} }#
e se é uma terceira pessoa referida por elle, ou pelo º
artigo dizemos: matou-º, matou-a, ou matou a elle,
a ella: e pondo se a terceira pessoa em relação com si
go inesma, isto é, sendo ella o agente, e pacientes !
diremos elle matou se, feriu se (***).
3. Tãobem dizemos a mim, a ti, a sí, e elle,
pacientes, quando a sentença começa pelo paciente, º
ou ha dois pacientes: v. g. a mim buscavas ? a ti bas*
##
f>

cava: mátas a mim, e a ti: “escurecião o ouro , a mim


matavão (Camões).» “ Deus... a elle só toma por teu
casamenteiro. » (Ferreira, Bristº, f. 37.) Múitas vezes
por mais energia se ajuntão os casos me e a mim, te
e a ti, se e a si; o artigo e, e o pronome elle precedido
este da preposição; v.g.“ quem me a mim diria tal ?»
“ melhor siso me deu a mim Deus. » ( Eufros. 3. 1.
i
•+
-

*;;
:
V. Ferreira, Ciosº, At. s. tºda a 1:ena 4.) “ quem te
vira então a ti tão vanglorioso? Qué se mata a si mais
facilmente matará os outros: quem º capacitará a elle,
e o desenganará do seu erro ? » (Ferr. Bristº, aº 5.
}
*••

e 8. e 3° 6. 4º 5. Lobº, Peregr. f. 17. e zo.)


9. No plural os sujeitos são ués, vós; os pacientes #}
• nos »
:!• {
\ i
(a) Limita se quando aos nomes eu, e tu se ajuntão
os adjectivos um, e outrº, como já apontei no Capit.
7. nas notas ao munero 14, e 16 (d) e (*)
(***) Múitos autores usão de se, si, sigº impropria :
mente: v. g. “ Saiu o Grão Duque a esperá-lo, e tres
## |
* *

Cardeaes com vigo: º devia ser com elle; i. é, e tres


Cardeães. Yairão cá clie: “º gr㺠Duque levºu cem sigº >
*
tres Cirdeães » é correcto. (V. dº Arceb. L. a. c. ao) {':
“ eu andº mal com elle » elle anda mal cºm sigº, de
, savindo com sigº, aborrido de si mesmº. “ elRei saiu
com a gente, que ficou cºm sigº » é erro ; deve ser
que ficou com Elle, ou que Elie deixºu com *igº, eres
#
*
|
“a virtude pºr si mesma é respeitavel » e não pºr elle
mesma. & Será proprio “Tu amas º saber por si sºmeº
tº? » (Ferreira: V. do Arceb. L. a. c. 35.)

E P I T O M E
nos, vos, as ; elles com preposição; e se. Então se os
pacientes se antepõem, ou se ha dois, usamos de nés,
ea vér
vós eofendia
si com depreposição: v. g.
para“ verdes
", a nós outrem,
buscavas?e
• palavra: vós
• eu para ver a ves. » Neste caso tambem se ajuntão
nºs, vos, se, com º nós, a vós, e os a elles: v. g.
“ que nºs are e nós, que vos respeite a vós obrigação
__ é sua : quem os a elles atormenta; quem as a ellas ve
tão vãs, e suberbas, &c. quem se a si tanto exaltão;
mal os podia livrar a elles, quem a si se não livrava.»
( Paiva, Serm.)
6.
*>

1o. s? Quando o verbo tem um termo da sua ac


gão, e é a primeira pessoa, ou segunda, usamos de
me, te; e sendo terceira pessoa usanos de lhe (b), e
se, ou a clie: v. g. deu me, deu-te o livro ; deu se,
deu lhe mil tratos: “ a quem o déste? a elle mesmo. »
Usamos tambem para º indicar o termo dos casos a mim,
a ti, a elle, a nós, a vós, a elles, a si, quando a sen
tença começa pelo termo , ou ha dois : v. g. a tipe
ço , ó bom Deus! a mim o dizião elles: a elle dirás:
“ A terra, que vès, darei a ti, e a tua geração ( Ca
thce. Romanº): » a quem o darei? a ti, ou a elle ?
dés

(b) O caso lhe, e lhes é termo, e não paciente: v. -


g. “ temºu-lhe a nºite com historias velhas; tomou-º a
noite ali: o i. é, sobreveyo lhe naquelle lugar. “To
mou-lhe a noite ali : º no mesmo sentido de tomou-º a
noite; é incorrecto; e assim o são : “ a Duqueza, que
em estremo lhe amava: º por, º amava (Palmeir. P.
2. c. 74-): “ tomou-lhe tanta der: tomou-lhe medo: º
por, tomou º tanta dor; e tomou-o e medo: “ tornar
lhe medº: » é conceke-lo de alguem. (V. Men. e Me
ça, L. 2. “ º tomou ali a nºite º c. 9. e c. 36. “tº
mou-lhe tanta dor; º mal, pois dizemos: tomou-º am
accidente; tomou-º a nova dor sobre a ºficção ainda re
cente, ore. Eu lhe amo, lhe adoro: são erros das Co

} lonias:ere,quero-lhe
como como…é
é correcto. minha vida; vc, quero-lhe bem »

}
- º

DA GRAMMATICA PORTUGUEZA. 93
déste-o a mim, ou «João? Então tambem se repetem os
casos me e a mim, te e a ti, se e a si: lhe a elle, nes,
e a nós, vos e a vós, se e a si, lhes e a elles: v. g. Se
elle me quizera a mi", como eu lhe quero; se te falá
ra a ti a verdade, como te eu falei; se se tirára a ri
a residencia, como outros lha tirão; &c. “ Quem nes
faria então a nós crivel -o que hoje vemos, e apalpa
mos? » “ Quem vos podia a vós dar a imnortalidade,
senão o Ser Supremo, e o Altissino, que vos creou ? º
“ a elles parecem lhes nadas as miserias dos proximos: º
“os que tanto se arrogão a si, e nada concedem aos
benemieritos,
rito esses
da suberba. » vos digo, que são o mesmo espi

* 1. 6° O'tu, ó vós, é montes, dizemos chamando, "


invocando , exhertando, apostrofando, &c.com. é, *;
:
talvez sem elle, v. g. “ Meu Deus valei-me: º o ver
bo no imperativo, ou subjunctivo: v. g. º Ouça Se
nhor, o que digo: º tirão a duvida, e a declarão a
#
#
relação
lamos. de objecto invºcado, chamado, erc. a quem fal
• -

12. 7° Todas as mais relações, em que se podem


considerar a primeira, e a segunda pessoa no singular,
se declarão por preposições, e pelos casos Mim, Ti,
Si; e no plural pelos casos Nºs Vés, Si (). B $e
• ", º • :

- \ ••• • * - /
F (c) Os nossos bons escritores múitas vezes ommit- -
tem as preposições, que havião de preceder aos nomes,

|
e indicão depois as relações destes, usando dos casos
dos pronomes referidos aos nomes, ou do articular re
+
{ }
lativo com preposições, ou junto ao verbo: v.g. “O
menino, que quem o afaga, o choro lhe accrescenta: º
Bromia,
Já da vidaquem com vida ter (por a quem)
desespera,
Que lhe poderás dizer? (Camões)
• • •
|i
}
}
}
+

“Regida pela lei das mulheres, que lhes parece Inef>


cer mais o tempo, que a vontade: º por, a quem pa

i# ;|
E P I T O M E
13. As relações diversas das apontadas, em que re
* * * presentamos os nomes sem casos, indicão se pelas pre

posições, que passo a expôr brevemente.
A indica c paciente; e o termº da acção; º lugar
para ºnde algúa cºisa se move; a que outra está proxi
ma; v. g. mora ao arco da Graça: º modo porçue al
gria coisa se faz; v. g. é pressa; ir a cavallo; supirar
-
º medo; estar a tento; á conta; a direito com alguem;
fazer a sinte:
te, aos º tempo,
tres dias; o poremsemelhança,
que acontecca; v. g. oà rio,
a o passar noi
", ? *•

i e o assinar a carta: º preçº, v. g. vende se a vinte: º


lugar occupadº; v. g. estar á janella: º instrumentº;
morto a ferro: º fim; sai a ver: a causa; morto á fo
me : a proximidade dº termº; v. g. está a partir: º actº :
: mesmo; v. g. ao sair da porta.
14

#
rece. (Clarim. 2. c. 6. pag. 57. ) “ Quem tão confia
do he em seus guardadores, escusado lhe seria eu. »
- (Barr. Clarim. s. 19. ) “ Que, porque do salgado mar
: nasceu ; Das aguas o poder lhe obedecia. » ( Lusiada )
… “ Vereis este, que agora presuroso por tantos medos
o Indo vai buscando, tremer d'elle Neptuno. » ( Li
: siada ) “ Em Diu não estavão as armas ociosas, por
que Rumecão valeroso, e constante, não º assombra
* vão os damnos recebidos. » ( Freire) “ Aquelle, em

> quem ponhé a vista, por esse dou a sentença. » (Ca
mães, Anfitr. e V. Lusiada, 2. 4o.) “De Subdiácono
***,


|# não seja ordenado quem lhe faltar ésta qualidade. »
(Souza, V. dº Arceb.) “ Uma vida de quem lhe não
lembra nada da outra. » (V. Paiva, Serm. 1. f. 74.)
Até qui bem; mas é incorreto dizer: Que eu em san
*
gue; e nºbreza, º claro Ceo me estreinou ( Camões, Fi
Jod.): devia ser: Que a mim, em sangue, e nobreza,
e Ceo me estremeu: alias eu será sujeito sem verbo.
* Da cavalgada ao Mouro já lhe peza: º o lhe escusa
-
do serve d'encher o verso. (Lusiada, 1. 9o. ) “ Com
os quaes lhe pareceu a D. Jo㺠Mascarenhas, que po
dia intentar coisas mayores (Freirº): » o lhe é su
perfluo.

DA GRAMMATICA PORTUGUEZA. 9s
14. Ante indica º ºbjectº, em cuja presençº, ******
ºutrº, v. g. “ ante sãi appareceu: º que tambem dir
semos Perante nós: “ não mereço tanto ante Dea"; º
para com Elle: “ em quá baixo predicamento está #
peus ante nos! » Tambem indica astecedencia; v. g.
* ante maduros annes amostrando pensamentº viril: º
* Lilia ante Celia pondo ? » ( Ferreira) -

15. Após designa º ºbjectº, 4°- "atrº segue: v. g.


Orfeu levou as pedras após si, após seu cantº (º);
após a fama falsa e mentirosa.
16. Até indica e termo de um espaçº, eu distaneiº;
#
v. g. de casa até a presa; até cima das cilhas; desd'
oatéReia noite.
até o (*)
mendigo todos somos mortáes: de manhã

| {#
17» #

; {
#

(O “Apis de mim virá cuein melhor me fará: º


* Vem logo após de mi, por aqui dentro. » (Cºrtº,
Terenc. 2. pag. 221.) Nestes exemplos erás usa se co
mo adverbio, como depois, atrás; em todos é visivel
a combinação das preposições a e de cem pé", que os
antigos dicérão espes, empés ( como os Latinºs inº
te, insuper, desuper) e talvez pés: v. g., “Clarº "F**
|lº
};
|
«húva
a.) V.o Soí, pés noite
a Histºr. o dia. Illustr.
dºs Varãe, » ( Ferreirº, º*de*Ta
dº «pelidº *
vora, f. 156. e 157. e o Dicciºnar. art. P*** e Após.
Sousa, Hist. P. z. L. a. c. 13. f. 94 V. Iredit. **
f: ; ; 1. Diante mim, diante si vem nos classicos; º :
diante Reis, diante ímperadºres; outras vezes diante de
Deus e dos homens. (V. Sagramer, 1. 17- Palmeir. s.
e, 34. Bernard. Flores de Lima) * - ,
>

| !
(*) Até ás vezes parece adverbio, tambem : “ Foi
tão grande o contentamento, que até º Pradelio, que
tão lastimado ia, coube parte deste gosto. » ( Luz.
Transf. f. 14o. ) “ E do que até nos agros se sente
|
falta. » ( Lºbº, Corte, D. . f. 61.) “ E até a sua pre
sença lhe valeu pouco. » (Id. Primav.) Nos Livros
Gren,
antigosdº vem
Condest.)
ati por até (Ordem. Afesº, Azºrersº

}
} ?
;
#
• •

* i
96 ' ' E P I T O M E
17. Com ( que faz variar Eu em migº, Tu em tí
gº, Nés em noice, Vós em vºº.cº, Se em Sigº ) indi
ca a coisa, com que outra se acópanha : v. g. foi com
Jºão: está com Pedrº; mudou se com a idade; entesta
com Lusitania; misturar cal cõ areya; o bem cá o mal:
a causa, que «espanha º efeito: “ fez isso com medº
delle: » º instrumente, arte, merº; “feriu-me com
a espada, cºm a lingua: com os dentes; caçar cá boiz:
º modo ; v.g. tratou-me com brandura: o preço: pagou
eom oiro, e fig. com boas palavras: a circunstancia do
tempo; v. g. acabou cºm dia, com cedº: a pessoa, ºu
cºisa, a respeitº de quem se exerce algüa qualidade; v. g.
caridoso com ºs pobres: suberbo com os suberbos; e por
analogia tratar se, vizitar se, corresponder se com al
guem; concorrer com alguem, consentir com, contrair
com, e múitos adj. e verbos compostos de com pedem
ésta preposição.
13. Contra indica o objecto, a que outro está oppos
tº; v. g. voltado contra o Oriente; e moralmente º ºb
3

jectº de ºpposição, inimizade; v. g. “ está e fala contra


mim. º - •

19. De denota º lugar d’ºnde saimes; v. g. sai de


saia; e fig. desviar se de mim; amansar da furia, por
indicar apartamento, separação: v. g. arrancar da ter
ra, puro de espinhos; limpo de edio; dobrar alguem
da resolução; esquecer se de algúa coisa; ganhárão dº
giranº; deposto da dignidade, da graça: desconformida
de, oppºsiçãº, aversão; v. g. desgostar se de algúa coi
sa; diverso de todos: a coisa, de que outra é parte; v
g. um quarto da casa, de real: a coisa que é cºntida
em outra; bolsa de dinheiro: a que é pertença e possui
da; v. g. Senhor da casa; e vice versa, a coisa que
possue; v. g. casa do Senhor, a porta da Cidade: os
accidentes a respeito de que ºs tem ; homem de côr : e
serviço e prestimo; v g. moço de recados: a causa; mo
vido, lembrado da dor; cego da ira, tocado de medº;
cubiçoso, desejoso de fama ; arder de amºres; desponta
de agudo: º agente, ou origem; v. g., “ é se este dos
Deuzes é vexame; de mim nunca te foi feita injuria: º
\,
>

\
+ I]llIl
: *

\
\ !

A
DA GRAMMATICA PoRTUGUEZA, ºr
nunca a recebeste, ouviste: a materia de que algúa coi
sa se faz'; vaso de ºirº, cobre, barrº; e fig. homem
de nada : º modo de fazer a cºisa; v. g. de pressº, de
vagar: º instrumentº; v. g. dar de lançadas, dar des-
Poras; figur, usar de herves, ensalmos; valer se das ha
|-
}
<! #
\
}
bilidades: d’a parte para º tºdº como pertença; v. g. me
tade de dia, de minha alina; nua dos pés, rapado da,
cabeça: dº genero é especie; v. g. o sentido dº taetº;
a virtude da castidade: º sujeitº de attributº; v. g. o po
bre de mim; mesquinhº de mim: º accidente; v. g. cha
ma se d’este nome ; chamando os de fracos, e cºvardes':
Accusar do Crime é ellipse, e falta reº, que do crime
modifica, e cópleta: assim é: “ forão d'elles a caval
lo, e d’elles a pé; Y, onde falta parte. Nós dizemos
com equivoco e emor da patria, a caridade de Christº,
significando o amor, que a patria tem, ou o que te
mos á patria; a caridade ou amor de Christo a nós, ou
que temos a Christo, ou em Christo. Portanto falan
do do amor, que temos á patria diremos: º amer é
Patria, ao Rei; a veneraç㺠aos Santes; a caridade de
Christo com nosco; a charidade, que em Christº temos
com alguem, ou a alguem; para alguem, (f) como
“ Tive indinaçãº
(Cathec. Rom. f. aos maos, vendo a paz do peccador. º
lo6.) • • •

2o. Desde indica o termo, d’onde se mede, conta.»


al

.* •

(f) Quando pois queremos indicar o objecto do


amor, e semelhantes qualidades energicas, é menos
equivoco usar de a, ou para ; v. #
tras, e para o proximo. Diremos bem geralmente fa
º seu amor às let {*
*"

lando : “º amºr do proximo é dever essencial; º por


que é um dever mutuo, de que devemos ser sujeitos;
e objectos. “ Para que juntos dispozessem a resistencia
dº commum inimigo: » seria melhor ao cúmum inimigº
(Freire). “ Não sei, se do amor á patria, ou da be
nevolencia ao Governador nascerião estes estremos: º é,
mais claro que do amor da patria; e da benevolencia da
Governador, de que este era objecto. -- … •

{i
i
i#
E P I T O M E
algüa extensão, espaçº, série: v. g. desde º paçº até
a quinta: desde o San João até o Natal. - Des # se só:
v. g. des i (g), desey, des hentem, des que; e Duar
te Nunes de Leão (Ortogr. f. 324. ult. ed.) expressa
mente aponta entre os erros do vulgo o dizer desde que
por des que ; e tal é desno: V. os artigos Des, e Des
de, e Des ey, e Dew, i (Diccionario, Seg. edição.)
21. Em indica º lugar, para ºnde nos movemos,
passamºs: v. g. saiu em terra; e fig. inspira em mim
tães sentimentos; de pastores em pastores passou a his
toria. O estadº, a que a coisa se passou, mudou: v. g.
transformado em Santº o peccador; brotar em list#-
mias; desarmar em v㺠, rebentar em lagrimas...
tempº cºmo termº: v. g. de dia em dia. O fim: v. g.
deu-lhe, tomou-o em pagamentº; o que fez em vingan
ça; em honra de Deus; em observancia da Lei; &c. O
lugar, onde algüa coisa está; º ºbjectº, em que alguem
entende, e se ºccupa : v. g. está em casa, medita na
-mºrte, entende nº trabalhº; e fig. e época: v. g. no anno
de $oo; em moços lá forão; na vida ; na morte. O va
lor, conta, preço: v. g. avaliado em dés crusados; fig.
tem se em conta de sábio, em mãitº (h). cair no la?»,
'as boiz, "nº engano, "nº brete, aº conta, em si.
• 32 e
!
#
(g) Des i ácha se nas reimpressões dos Livros Clas
sicos escrito assim de si com sentido absurdo; des i
quer dizer depois d’isso, desse lugar, passo, época.
Vejão se as obras de Barros, o Lelio de Resende , e
putros. •

(h) Em não se muda em n; mas cála se antes do


artigo, e a este ajunta se n por eufonia; os antigos
dicérão “ cm no tempo: em no eu vendo: Em nhas
assenhas: º (Foral de Tomar de 1 162. traduz. ) por que
* ••
escrevião he, ha artigo: “ Dá poder aos Judeos so
bre os Christãos em nas suas ovenças pruvicas: cm nas
possissões: em no termo: reduzer em na servidom. (Or
den. Afonsina, L. 2. T. 1. e 5.) “ Tem por injuria fa
zerem-nº. » ( H. Pintº, pag. 413.) “ &# nº á-de
V
*
…………
*N

DA GRAMMATICA PoRTUGUEZA. »» #
#
22. Entre designa dois eu mais objectos nº meyo des
quaes está outro; v. g. estava entre as arvºres; e figu
radamente no meyo : entre ºs annos de 6oo e 7oo; en- .
tre reixo e azul; entre laico e fuseº; entre bebado e ale
gre; entre ti, e mim (i): as artes e siencias tem gran
de
entreconnexão
ºs imigos.entre si, umas com as outras : amizade
• •
# |#
23. Para declara º lugar, para ºnde se mºve, tem #
de , olha, attende, considera; que se tem cºmº termº de
relação, e comparação: v. g. fui para França; olhei
Para mim: “ para ºs pequenos uns Neros, para ºu Gran
de tudo feros: º de a para 4 ha a mesma razão, que
{
de 3 para 6: bom para elles ; zelo para as cºuras da
Religião; amor para º proximº. O fim : v. g. buscarle
nha para º fogº; propenso para as lettras; procurar ps
**
{#
rº si. O termo approximadº: gastou duas para 3 horas:
º proximidade
para da acçãº;
morrer. (Pera v. g.
dicerão estou para partir; está
os antigos.) •
;? 4

24. . Por indica º espaço, lugar, extensãº, onde al


g㺠cºitº se move, dilata: v. g. passar pelo caminhº,
Pºlº cidade, por terra, polº mar; fig. polas chamas, :
Pºla, lanças ; por desares, e dessabores: privilegio por
dº annes. Indica º espaço de tempº: succedeu isto pº •
los annos de 6oo, até 6os. O motivº, º agente, a caa * *
**: v. g. feito por mim, ferido pºr mim; esmolár por *

amor de Deus; quebrar por desavenças, e desconfianças; ;


!s: •

conhecido por homem insolente; illustre, nobre por ar


mas, e lettras; por costume o fiz. O preçº, estimaçãº, ;
epi
}
lograr? » por, quem a hade lograr? (Cruz, Pºesias »
f. 15.) “ Tanto é mór a dor Quanto é mór quem
"º deu. » (Meu. e Mºça, Egl. 3.) Em todos os exë
Plos precede on ao artigo, que devia seguir se a em:
ºutras vezes dizemos; v. g. de º fazerem, para evitar i
º hiatº de fazerem-º; “sofrião muito malierem nº por
Regedor. » ( Leão, cron. T. 1.f. a 18. ediç. de 1774.)
G) Pintº, Pereira, L. s. f. 13. dis mal: “ para en
trº el Rei de Portugal, e eu; º devia ser e mim,
i
{

{ }|
Ice = " É º1ToMe \

opinião, a cºisa substituida : v. g.'tido por nescio; peº


le todo tãbem se toma a parte; porei por escudo o so
frimento; vender gato por lebre; levando a virtude por
.farol; a ira por autolhos ; o cego Amor por guia. O me
do de conseguir: v. g. por geitº; julgar polos frutos;
não has-de emendar o mundo pºr mais rezões, que
despendas; fazer as coisas por si, ou por procurador. A
* Pessoa por quem pedimos, regamos; fazemos: v. g. faz
por nós esta rezão; e fig. a praça está por elRei ( é
sua, tem a sua voz); levantárão se por ElRei. O ins
trumento: v. g. observar pelo telesccpio; e fig., º meyo:
v. g. averiguou por cálculos exactissimos; mandou di
| zer pelo Bramene; mandou-o fazer por um Curives. As
{ pessoas ou coisas entre quem se parte, divide: v. g. re
{ partiu por todos; um por um. Jr por algüa coisa, ir
…....; . . . buscá-la, como motivo da ida (V. Leão, Ortogr.f. 288.).
Por transfórma se em Per múitas vezes: os Classicos
• distinguírão por de per, e dizião fui por amor de ti,
dar por Deus; e foi pela praça, corria pelo rostº; por
+
indicando a causa, motivo, e c. per o espaço - verdadei
ro, ou similitudinario: mas já nos seus escritos véi
uma por outra preposição: v. g. polo mar, polos ares,
1. e pelo amor de Deus, &c. • •

!
*
25. Sem indica a coisa, de que ha privação, falta:

v. g. oe Lar
.falta, sem está sem “Estavão
defeito. lenha ; estar sem peças
múitas sentidos; é sem
d'artelha
ria miuda, sem outras grossas: º i. é, sem contar ou
, tras grossas. .. .
26. Sob indica a coisa, debaixo de que outra catá:
# v. g. sob a cama; e neste sentido fisico é desusada:
# má sºb pedra vá: Sob Poncio Pilates; i. é, de
aixo, ou no tempo do seu governo, imperio, ordens,
mando. “Sob as bandeiras de seus Capitães (Clarim.
2. c. 16.). » Sub no mesmo sentido é antiquado : Sub
ti. Desob são duas preposições: “ fui me sentar de sob
#}• ";
a espessa sombra ( Men. e Moça, L. 1. c. 2.): » com
binação antiquada como a sol.
:}
27. Sobre indica a coisa em cima da qual se pói, eu
está eutra: sobre a mesa; anda sobre a terra; sobre as
Ollº

|{






*:
• \

DA GRAMMATICA PORTUGUEZA. réu


• •
• \, •


endas do mar: e fig. sºbre minha cabeça; sobre minha
palavra, meu credito, minha fé, minha verdade, minha
Jonra, tomei, jurei, prometti. Indica precedencia: v.
#;
g. Pòr alguem sobre si: ité sobre si, º que n㺠está
có outrº , nem depende d'elle; v g. vive sebre si; é
homem sobre si (que não trata outros por dependen
cia, nem grangearia; pouco gasalhoso como indepen
dente). Indica demasia, excesso: v. g. comer sobre
posse: “ era sºbre impaciente teimoso; º i é, além •

de impaciente. Já sobre tarde: i. é, pertº da noite. A


coisa dominada, regida, subordinada: reinar sobre os
Portuguezes; fig. ter imperio sobre as proprias paixões.
Golpes sobre gºlpes, trabalhos sobre trabalhos; i. é,
tins após outros, amiude. Falar sobre algüa coisa, como
materia, assuntº. Ir sobre a praça, a cóbate-la dassen
to. Sobre pensado; sobre contas feitas; i. é, depois de
|{ {
reflectir, deliberar. (F) •

28. Isto dice em breve das Prepºsições, e das Re


lações, que glias indicão. Elas são uma grande parte
/
:

(*) Tras usão os Classicos hora como preposição;


v. g. tras mim, tras elle; hora como adverbio; v. g.
ºtras de mim, de ti, dele; e assim o usamos hoje. Sal
vº é o verbo Salvar por exceptuar: e salvº eu é fican
de eu salvº, ou exceptuado, onde salvo é adjectivo.
Exceptº alguns, como preposição, ácha se nos Livros
classicos; outros º usão melhor como participio: “ ex
*ºpta as cartas do Marquez ( Vieira, cart. T. s. f.
*93. ): » o mesmo é Mediante, e Obstante, e Duran
* * #mas é mais correcto usá-los como participios: v.
g. “.mediante, a quaes promessas: não ºbstantes quaes
|| *

*; leis, em contrario: ) e “ durante º conciliº» mas


durandº as festar » e presentes ellas. V. Barros , Gram.
J. 71. Monarch. Lus. T. a. f. 6. e as 4. Ulisipº, A.
{
***: 1. Revende, Cron. J. II. e. 1 17. Souza, V. dº Ar
***. L. 5. c. 24. “As coisas tocante á Religião º é erro
de concordancia, e um Gallicismo; deve ser tºcantes.
como pertencentes.
-
\

4.
|i
}
1es E P I T O M E
das connexivas dos elementos das sentenças; e dev& se
estudar com múito cuidado os usos dos Mestres da Lin
gua, quando preferem uma preposição á outra, que
parece indicar a mesma relação. Elles usárão de algúas
em sentidos, que hoje não usamos: v. g. “ viemos
em as hortas de Bruto; º hoje diremos ás hortas: “pas
sou em França; º e dizemos agora passou a França,
a Italia, a Africa : “ Começa de servir; º hoje a ser
vir: começou de servir, e acabou em mandar, ou por
mandar, é usual; por, começou a sua vida; e de in
dica a origem, como em véi do Ceo, do sangue de Da
vid, &c. ou começa de servir, sc. o trabalhº de servir
29. Nos livros rodernos achão se múitos barba
rismos, adoptando se a fraseologia das preposições das
Linguas estrangeiras: v. g.misturar ossos a ossos; com
passo a parafuso; soltar ao cume do monte (por no
> cume). Por múitas vezes se confunde com Para ,
; Arreda-me a teu coval (por de teu ) é erro.
3o. As Preposições em fim sempre regem um no
me, que é o outro termo da relação entre dois no
mes, e correlato ao antecedente: e quando se diz: v. g.
“ o conselho que tomárão sobre se quererá: º é ellipse,
e falta, saber, sobre saber se quererá &c. (Costa, Te
rene. T. 1. pag. 63.) Ceutº, 6.4. 3. “Tomou conselho
com os Capitães sobre (sc. resolver) se iria commetter
aquella Villa. » (!)• CA
:#
{ (1) Este modo de expôr a cóposição dos nomes có
os nomes (por si sós, ou acópanhado o primeiro de
adjectivos, e verbos) explicando em geral as relações
d'elles, que as Preposições declarão, parecerá difficil;
mas qualquer meyã capacidade entenderá o que é re
lução entre dois termes, começando a explicar-lhas das
fizicas, e passando ás semelhantes incorpóreas: v. g.
sobre a terra, sobre mim, sobre minha palavra, fé, ver
dade, erc. Alias que quer dizer: tal nome, adjecti
vo, verbo, ou preposição rege em Portuguez geniti
vº, dativo, accusativº? Isto é dar, idéyas falsas, por
|
} #
___

DA GRAMMATICA PoRTUGUEZA. e, .
|
N

•#>

* CA P I T U L O II. >
*

Da Sintaxe, ou Composição Figuradº. ----


}}
1. Q Uand o na composição não observamos as
regras expostas, a sentença é incorrecta- ,
{•

;}
Mas ás vezes a incorrecção é apparente, º
eque
dá por
umaisso
novase figur a, ada.apparencia á composição,
diz figurou • •
#
2. Estas semelhanças de incorrecção, ou Figuras, º

{| }
procedem 1.° da falta de algúa palavra, que facilmen
te se suppre para a sentença ser completa; e a figura,
que a sentença toma pela dita falta, se diz Ellipse; a
frase alliptika: •

$
3. aº procede a figura de se accrescentar algúa pa >
lavra desnecessaria ao complemento da sentença, e se
dis Pleonasmº; a sentença pleonastica: •

4. 3.º de se pôr uma parte da sentença, ou qual


quer accidente della por outro, e se diz Enallage:
5. 4º de se alterar a colocação, que as partes da
sentença devem ter entre si, para ser o sentido cla
ro »
# *{ {}
que não temos tães casos; e se o quizermos explicar
por meyo dos casos Latinos, e seus usos, daremos ou
tras idéyas falsas, e explicaremos o que se ignora, e .
i
é dificil, por meyo de outras coisas mais ignotas, e
difficeis: e com tudo os nossos Grammaticos reconhe i
cendo, que não temos casos, todos torpeçárão nos
Nominativos, Genitivºs, Dativos, ere. V. Duarte Na
nes, na Ortograf. f. 3o6. ult, ediç. Clava de ferrº dize
;#
mos, e de ferro dirão os Grammaticos é genitivo: mas
em Portuguez não, porque ferro só se varia em ferres;
em Latim menos, porque lá dizé ferrea clava, ou de
.ferrº, como de duro est ultima ferro: onde está logo,
|i };
|||
ou como está de ferro em genitivo ? Outros exemplos
}
vem analogos: v. g. Evandrius entis, espada d'Evan
dre » tºrce •

| #

|i * {
;
--…aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa… - - ____

1c4 . ; ,E P I T o M E º
ro, o que se diz Hyperbatº, ou Synchise. Vejamos um
pouco de cada uma: *".
\

6. Ellipse é falta de palavra, que facilmente se en


tende, e suppre: v. g. a frase elliptica: a Deus: a que
faltão as palavras te deixo (a ) “ As do Senhor mil ve
•i.•
• zes: º onde falta bejo as mãos. (b) Que forão dos Troya
nos? i. é, que fins forão feitos (c). Tem genio, con
dição; sc. forte: (d) “ Teve fortuna;» sc, boa: “ co
bre se logo destrellas, nascem dellas, põe se d’ellas; º
sc. algúas d’ellas, ou parte: “Eu chamo povo, on
de ha baixos intetºs; º i. é, aquelles homens, onde
ha &c. “ Usai antes de certez; º i. é, de ser homem
cortez, ou os termos de homem cortez: no mcade de
Outubrº; i. é, no mez meado. (V. Incd. 3. f. 57.)
7. Da Ellipse procedem as concordancias de um ad
jectivo "numa só forma modificando nomes de diverso
genero, e numero: v. g. “ as aguas cobrarão o sabor,
e suavidade antiga: » o sabor, se antigo. “O favor
e ajuda, que 'nelle estavão certos (º): » sc, dois bens,
que estavão certos.
: •
º 3.

(a) V. Sá e Miranda, Villalp. At. 1.sc. 1. e 3.


- i (b) Eufr. At. 1. sc. 1.
(c) Nossos mayores dicerão fazer fim. V. do Arcck.
J. 5. e 29 fez fim á sua escritura: que forão daquel
• •

les Cavalleiros ? Ineditºs, T. 3.f. 323.


(d) “ O que queira dizer a nºssa Eunuco; º i. é,
a nossa Fábula, ou Comedia intitulada Eunuco: “ mor
to agnelle peste do mundo; º i. é, aquelle homem
peste do Mundo Herodes : “ aquelle fonte da Eloquen

cia Cicero; º aquelle Cicero fonte da eloquencia: o
serdes feyas; i. é, mulheres feyas: eu sºu º fóra de ruim;
i é, o que estou fora de mim. (Camões, Anfitr.)
“ Outros Reis os seus estados guardão de armas ro
deyades; vós de
sos rodeyado redeyado de amor;
amor (Sá e Mir.º ).
vós guardais os vos • •

(e) “ Ventos e aguas sempre se mostrão duras para


maguas: º sc. duros e duras: “Entre as hervº do
• • \,
• • •

. * • • • • {

• • • •

|
—T
=_*_ …

* ".
• •
=
DA GRAMMATICA PoRTUGUEzA. 1o,
3. A concordancia faz se múitas vezes com o no
me, que o autor tem na mente, indicado talvez por
outros equivalentes: v. g. “ A causa de ElRei man #
\
dar lançar esta gente por toda aquella Costa, vestides, ##
e bem ataviados: º erão negros de Guiné. ( Barros, De :: :

cad. 1. L. 3. c. 4- ) “ Vendo ali º seu cuidade ( a sua


Dama) vestida da propria roupa &c. » ( Palmeirim, P. . .
#
": #
2. c. 12o. ) “ Achou º segredo de sua alma (Clarinda) #
vertida de umas roupas Indias. » ( Clarim. L. 2. c. :: :
32. ) “ Lingua tem V. Alteza, Elle por si lho diga. » #
(Rescnde, V. do Inf. D. Duarte (f), f. 3. 39. y. :#;
Barros, Paneg. delRei)

• •
* *

# #!
{ i < [';

Mas já o Planeta, que no Ceo primeiro #


Habita, cinco vezes apressada... (Lusiada): |- }
o planeta, a que o Poeta allude na perifrase que nº
Cco primeiro habita, é a Lua; por isso diz apressada.
#
*#
(g) Es- }}

- "",
- -
}; }
#}
rado não ha machos (sc. individuos) efemeas conhe- • #
cidas? » ( Camões) Daqui se ve, que os adjectivos #, &
modificando dois nomes, não se usão sempre no plu- # :;
ral masculino , nem por ser mais nobre (como os " # #;
Grammaticos dizem ): exprimem se numa forma, e |- :: , !
subentendem se "noutra. • ###
(f) “Que bem lembrado estaria S.Santidade. » “Pe- }'; #
dia a S. M.jestade (elRei), que fosse servido. » (Sou- . . }' ::
za, V. do Arceb. L. 4. c. 16. e 17. e L. 5. c. 25.) Con- f; }
cordar o adjectivo com o titulo feminino é erro, sal- #{
vo quando o titulo convém, e se dá a Senhora. Na }, {}
Dedicat. ao Principal vem erradamente: “ V. Excel- |} # •

lencia, gozando ella: º deve ser elle. (V. Duarte Na- - } * #;


nes, Descripç. de Portug, ult, ediç. de Borel) V. Ca- #! #
mões, Filodemº, º se. 2. e 2? ic. 3. e Barros nº Pane- ;'##; }
gir. delRei a cada passo tras: V. Alteza ... Ele : e Seu- } t };
*º, V. do Arceb. L. 5. c. 25. V. Senhºria... elle, e , }} }}
não ella: que fora Gallicismº, ou Italia lismo. V. Cou-
º , Dedicat, da 4. Decada, º
| #* #


•• •
• |


# ** **

*
|-

i; * #.
t}}:
• "

|-
ao6 E P 1. T o M e
**
(g). Estas figuras Chamão-se Sintheses. (V. Palmer.
P. a. c. 125. Lusiada, 4-º 88. e 7.° 47.) .
•• } 9.

(g) O artigo º, todas as vezes que se refere a um


adjectivo attributivo, ou a nome usado como attribu
to, nunca varia daquella figura respondente ao genero
masculino no numero singular: v. g. “As feyas, nem
por o serem , é razão que vivão descontentes: º
Um dos respeitos, que o barbaro teve “ para ma
, , tar tão cruelmente os Christãos, foi porque depois
,, de o serem, já os havia mais por vassalos de Portu
, gal, do que seus: Forão-no, e são-nº para morrerem,
,, e não o serão para os defendermos? » (Lucena) “ Os
seus dºutores, que º são fracos. » ( Veiga, Ethiop. f.
47. Y.) “ Foi ver a sepultura de seu irmão, que o
havia de ser sua. » ( Pinto Pereira, 1. c. 24...) “Ti
: rando-a de mulher de quem o era, fez que o fosse, de
quem o não queria ser. » (Iden ) “ Todos tem recebi
do de vós obras de grande amigo, e eu (Lindarifa)
ainda livre d’ellas, como se o eu não fosse grande
vossa. » ( Clarim. 2. c. 6. ) Em todas éstas frases ha
ellipse do infinitivo ser, puro, ou pessoal, com que
concorda o artigo o , como quando dizemos o ser dou
{ tº: quanto º serem (meus males) por ti me dá de glo
! ria. (Camões, Eleg. 8. ) O scre.fr/a; º serdes discretas;
o ser, ou não ser virº, e prata, é o tudo &c. Quan
do pois véi o artigo só, subentende se o infinito puro,
ou pessoal: v. g. “ querião , que os ordenandos co
: ): nhecessem a dignidade (sacerdotal), e a estimassem pelo
#. que ella é: » i. é, pelo ser que ella é (V. do Arceb.
# L. 1. c. 17. e 3. c. 15.). Mas os adjectivos, que se
+
ajuntão, quando é pessoal, concordão có a pessoa em
genero, e numero: v. g. “ consultão os seus doutores,
#! que o são fracºs; º i. é, que são o ser doutºres fracos:

f
#
*
|} “ as feyas nem por o serem feyas; º e ellipticamente
nem por o serem. Dirão que não dizemos ser o ser feya?
Mas o infinitivo ser a cada passo se acha sujeito cognatº
\

DA GRAMMATICA PoRTUGUEzA. e,
9. Por semelhante ellipse, dois nomes do singular
levão o verbo ao plural: v. g. “Pedro e João 2I^-

(se.

de si mesmo modificado por outros attributivos: v. g.


“ que seria, serdes tanta gente... eleixardes vos assi
vencer? » (Ined. 3. f. 26.) “As condições do Reino
forão sempre serem ºs vastallo filhºs, e o Rei (sc. ser)
pai, e Senhor. » (Jornad. d'Africa, f. 73.) “ Ser
Principe é ser º que tu ès. » (Caminha, Epist. 12.)
“ Grande dignidade é ser mãi de Deus , e é proprie
, dade sua ser advogada, º qual (sc. ter advºgada)
, Ella mostrou nas vodas de Caná. » (Flos Sanctor.
V. de N. Senhora, c. 16. ediç. de 1567. ) “ O ser do
homem são honras, riquezas. » (Ferr. Carta 9. L. s.)
Igualmente dizemos: v. g. “ A ilha era de Mouros
( Mourisca) e tambem º era toda a Costa. ». (Castan.
L. 1. c. 8.) “ Não seja o amor com tanto excessº (tão
excessivo), porque se o for. » (Paiva, Cas. Perf.)
“ Tudo nas mulheres é suspeitoso, até o serem virtuo
sas, e para º serem sem perigo requer se muita pru
dencia: » “Pessoa, e ter é º (sc. ser) de Florença,
para um Principe a tomar por mulher. » Ulisip. Com.
A. 5.sc. 7. f. 355.) “ A condição, que mais lustra enr
Principes, é ser liberács. » (ibid.f. 326. e V. f. 137.)
“ Nebreza é ser ricº, e vir de pais, que º fossem. » .
CV. Ulisipo, f. 357. ult, ediç.) “ Isso é serdes senhor
absoluto, e dissoluto. » ( Vida do Arceb.) º “ Quem
negará serdes, meu Deus, um scr infinitamente bom,
e que o sois de toda a Eternidade? » Com ésta mesma ;
analogia dizemos nas cóparações: “ é mais mºça, mais
formoia, mais mulher do que tu: º aqui o artigo refere se
a attributos: “ tem mais antiguidade, da que lhe dão: º
chorou mais lagrimas das que lhe viste chorar: mais en
levada Filosofia, da que tratárão todos os Gentios escri
tores (Barros, Vic. Verg.): inda são mais embaraçºs
dº que eu quizera comigo (Sa de Mir. Egl. 3, Vascoae.
Sitio, 67.). Nestes exéplos o artigo refére se a sub
stantivos tães, antiguidade, lagrimas, Filosºfia, emba

#
1c3 E º I T o M e
ambos, ou estes dois sujeitos)forão á caça. » Talvez
se exprime o nome do plural com os dois do singular:
v. g. “ Nós estavamos, minha prima, e eu, asse tºdos. »
(Eufr. f. 17. Y. ) “ Se tu, e elle vos e fadais: º
(ibid.,f: 7 1.) Onde é de notar, que todas as vezes
que entra o nome eu vai o verbo á primeira pessoa do
plural, porque se subentende nós, e quando entrº tu,

| vai á segunda pessoa do plural, porque se subentende


vós. “À é, nunca eutrámos em barca, vós, e cu.»
( Ulis. f. 66.) •

1o. Quando a palavra véi clara nas sentenças com


postas por conjunções, e se hade subentender outra
vez sem mudar de figura, ou accidentes: v. g.“ Deus
creeu o Ceo, e a Terra, os Anjos, e os homens: º
esta especie de Ellipse" se chama Zeugma: se a palavra
torna a subentender se com accidentes diversos, diz se
Sillepse: v. g. “ as aguas cobrarão o sabor (sc. anti
gº), e a suavidade autigº. » “ Entrárão duas naus,
i
i > •

\,
\>
UllIld

reços ; e por isso o artigo se varia segundo o genero,


e numero: “ nós somos mais amigos do que eramos
dantes: º amigos attributivamente tem o referido: “ nós
somos mais amigos (em numero) dos que cuidavamos,
- que aqui seriamos nestas vodas: m aqui amigos é sub
: stantivo. Assim mesmo o é invariavel referido a attri
butos com verbos neutros: v. g. “ dizcis, que ides,
viades, cstais, ficais saudosa, e eu tãbem o cstou, vou,
fico, venho de vós, como irmã, que múito vos amo: »

| contra este uso tão constanse se le no Triunfo de Sagro


Amor, L. 1. c. 29 f. 125. N. “ Pedragonte partiu mui
Jeudosº, de quem a não ficava d'elle; º (era uma da
ma) e deve ser: de quem o não ficava. “ Pobres don
zellas postas em risco de deixar de sê-las: º é erro;
devia dizer, de o serem, ou de sê-lo, mas não rimava
cõ donzellas. V. Lusiada, 4. 17. verso -2. e 3. est. 3.
“ a mãi, que tão pouco º parecia: º onde a precede
a mai substantivamente;
butivamente. º parecia, sc. º ser mãi, attri
• •
_______ *

• \,
#
DA GRAMMATICA PoRTUGUEzA. 1o, º
uma (sc. entron) Ingleza, outra (sc. entrou) Fran"
ceza. » A Ellipse é viciosa, quando a palavra expresa
póde fazer subentender outra totalmente diversa: v.
g. “ Amor quer sem te ver matar-me de saudades: º
que póde ser sem te elle ver, ou sem te eu ver, (Ulis
*ca; e V. no Canto 3. a est. 5. obscura pelos mesmos
defeitos) - +
:
11. A este respeito é notavel nos Classicos usarem *

verbos homonimos, ou semelhantes nos sons a nomes,


e reerirem adjectivos aos nomes occultos semelhantes:
4V. gº • |-

* Não vez, dizer queria, que deumayº ? , , .


Quando (coisa, que mal me será crida!)
No mar ferido de um, do bºçº cayo? (Bernarde)

}
onde um refere se a desmayº, que deve ser nome, e
vci como verbo no primeiro verso. “Se tão facilme
fora fazer isso como eu dezejo, º vossº (sc. dezejº,
nome) estaria contente. » ( Clarim, L. 2. c. 16. e
ºutrº exéplº a pag. 1o8. ediç. de 1791.) Mais notaveis
são os exemplos seguintes. “ Cereando-º de brazas, pa
ra º ser de rosas. » (Jorn. d'Afr. f. 263.) “O Se
nhor Theodosio trebalhe, que bem grande lh'o empres
to: º i. é, grande trabalho lhe empresto. “Não vos enfa
deis se me clargar mais do necessário, porque º heide
*er: º i. é, mais large.“ o condemnárão á mºrte deforca,
e assi º foi: » i. é, enforcado. (Tempº d'Agora, Tom.
a. J. 65. Y. 77. e 35.) Estes exópios são obscuros;. #
os de Bernardes, e Barros mais toleraveis.
12. Os Grammaticos chamão Enalagº á figura de
composição, que se faz usando as partes da oração, e
seus accidentes uns por outros, sem razão, nem fun
damento: v. g. “Que foi daquele cantar das gentes
tão celebrado?» (Cemórs) Mas cantar é nome, e !
tem plural os cantares. “ O logº destes é como o nun
fº dos desenganados. » O logº dizem que sendo adver
º , se usa aqui por nome, e assim e nunca ; mas os
i
ºdverbios são nomes, usados ás vezes ellipticamente
*em preposição. V. º L. 1. c. 6, desta Gram. “ Em
Il3NO


== • —=i-

11s . . E P IT O M E
(1) Quando porèm a redundancia não serve de orna
to; é uma incorrecção, e Perisiºlogia: v. g. “ Nesta
terra vimos também nella Mouros casados: Está uma
fonte, em que dentro nella nasce agua (Tenreiro, Iti
ner, c. 23. e 42.): As minhas botas, qu' é dellas ellas?»
todas estas perissologias são viciosas, e incorrectas:
“ useu dº os meyos os mais violentos: » repetindo o
artigo antes de um só nome, é perissologia. “ Tal co
mo ella poucas táes: º tal é de mais, e desconcorda.
(Cruz, Pºes.) “Dessas perolas poucas tães na du
zia: » (Ulisipo) é correcto. -

17. Os Grammaticos chamão Ordem Natural, ou


Directa da construcção, ou colocação das palavras, á
. que se guarda quando véi primeiro o sujeito da sen
tença com os seus modificantes, logo o verbo com os
i seus modificantes, depois o paciente com os seus, e
|
o termo com os, que o modificão: v. g. “Aquelle
homem virtuoso sempre fez múito grandes bens a to
dos os seus amigos, no tempo em que tinha grandes
riquezas, e nesmo depois que foi pobre.» Se muda
mos ésta ordem, fazemos uma inversão, ou construc
ção indirecta ; se a inversão é desacostumada, toma
uma figura, a que os Grammaticos chamão Hiperba
| > to: v. g. “ Desejo saber ao que vim : » por, o (sc.
negocio) a que vim. (m) “ No tempo, em que tinha
| { Gran
} , ! •
• • • •

| º (I) “ Dorminos somos alheyos, os nossos não os dor


''. . . mimos; rimos ºs risos alheyos: º dis Sa de Mir. pin
| , , tando o caracter servil, e lizongeiro; e para ajuntar os
|ii! # }


• juntos a dormimos, e rimºs.
cognatos fonos, e riºs.
epitetos expressa os pacientessemelhantes a C$tCS S2O +

" |} por seculos dos séculos; ésta é a verdadeira verdade; pe


#: : lejar as pelejas do Senhor : &c.
.: }, , ! (m) “ Lhe refere o que pede, e º a que vinha. »
ii… : ( Encida, 1o. 35.) “ Nunca me esquecera Alfeu º
| !?... # (c. perigo) a que te aventuraste por meu respeito, º
| }} (Lobº, Primav. f. loo.) “Tudo º , a que te incli
: !
nas. » ( Caminha, f. 32. Leãº, Crºn. T.I. f. 199.
edif. 1774.) - - •

\

• •

|
• •
::
DA GRAMMATICA PoRTUGUEzA. 1o, º
uma (sc. entron) Ingleza, outra (sc. entrou) Fran"
ceza. » A Ellipse é viciosa, quando a palavra expresa
póde fazer subentender outra totalmente diversa: v. "
g. “ Amor quer sem te ver matar-me de saudades: » |-
+
que póde ser sem te elle ver, ou sem te eu ver. (Ulis *-

*ca; e V. no Canto 3. a est. 5. obscura pelos mesmos


defeitos) - •

1.1. A este respeito é notavel nos Classicos usarem


:
verbos homonimos, ou semelhantes nos sons a nomes,
eº reerirem

adjectivos aos nomes occultos semelhantes:
- •

* Não vez, dizer queria, que desmayº ?


Quando (coisa, que mal me será crida!)
No mar ferido de um, do bºçº cayo ? (Bernarde)
}
onde um refere se a desmayo, que deve ser nome, e
yéi como verbo no primeiro verso. “Se tão facilme
fora fazer isso como eu dezejo, º vossº (sc. dezejº,
nome) estaria contente. » ( Clarim, L. 2. c. 16. e
ºutrº exéplº a pag. 1o$. ediç. de 1791.) Mais notaveis
são os exemplos seguintes. “ Cereando-º de brazas, pa
rº º ter de rosas. » (Jorn. d'Afr. f. 263.) “O Se
nhor Theodosio trebalhe, que bem grande lh'o empres
to: º i. é, grande trabalhº lhe empresto. “Não vos enfa
deis se me clargar mais do necessário, porque º heide
*er: º i. é, mais largº. “o condemnárão á mºrte deforca,
e assi º foi: ) i. é, euforcado. (Tempº d'Agora , Tom.
* f 63. Y. 77. e 35.) Estes exéplos são obscuros;.
os de Bernardes, e Barros mais toleraveis.
12. Os Grammaticos chamão Enallagº á figura de
composição, que se faz usando as partes da oração, e
*eus accidentes uns por outros, sem razão, nem fun
damento: v. g. “Que foi daquelle cantar das gentes
tão celebrado?» ( Camões) Mas cantar é nome, e
tem plural os cantares. “ O lºgº destes é como o nua
fº dos desenganados. » O logº dizem que sendo adver
º , se usa aqui por nome, e assim e nunca ; mas os
ºdverbios são nomes, usados ás vezes ellipticamente
*º*m Preposição. V. o L. 1. c. 6. d'esta Gram, “ Em
, - . . . não
11s . . E P IT O M E
(1) Quando porèm a redundancia não serve de orna
to; é uma incorrecção, e Perissºlogia: v. g. “ Nesta
terra vimos também nella Mouros casados: Está uma
fonte, em que dentro nella nasce agua (Tenreiro, Iti
ner. c. 23. e 42.): As minhas botas, qu' é dellas ellas? »
todas estas perissologias são viciosas, e incorrectas:
{{
useu dº os meyos os mais violentos: » repetindo o
artigo antes de um só nome, é perissologia. “ Tal co
mo ella poucas táes: » tal é de mais, e desconcorda.
(Cruz, Pºes.) “Dessas perolas poucas tães na du
zia: » (Ulisipo) é correcto.
17. Os Grammaticos chamão Ordem Natural, ou
Directa da construcção, ou colocação das palavras, á
que se guarda quando véi primeiro o sujeito da sen
tença com os seus modificantes, logo o verbo com os
seus modificantes, depois o paciente com os seus, e
o termo com os, que o modificão: v. g. “Aquelle
homem virtuoso sempre fez múito grandes bens a to
dos os seus amigos, no tempo em que tinha grandes
riquezas, e mesmo depois que foi pobre. » Se muda
mos ésta ordem, fazemos uma inversão, ou construc
ção indirecta ; se a inversão é desacostumada, toma
uma figura, a que os Grammaticos chamão Hiperba
•••
to: v. g. “ Desejo saber ao que vim : » por, o (rc.
negocio ) a que vim. (m) “ No tempo, em que tinha
gran
*

(I) “ Dorminos somos alheyos, os nossos não os dor


mimos; rimos ºs risos alheyos: º dis Sa de Mir. pin
tando o caracter servil, e lizongeiro; e para ajuntar os
epitetos expressa os pacientes cognatos fonos, e risos.
juntos a dormimos, e rimes. Semelhantes a estes são :
por seculos dos séculos; ésta é a verdadeira verdade; pe-.
lejar as pelºjas do Senhor : &c.
*•
(m) “ Lhe refere o que pede, e o a que vinha. »
}º ( Encida, 1o. 35.) “ Nunca me esquecera Alfeu º
|-
.(sc. perigo ) a que te aventuraste por meu respeito...»
(Lobo, Primav. f. 1oo.) “Tudo º , a que te incli
nas. » ( Caminha, f. 32. Leãº, Crºn. T.I. f. 199.
} edif. 1774.).
\

ii
.

# ••••*#

DA GRAMMATICA PoRTUGUEzA. "


grandes riquezas, e mesmo depois, que foi pobre fez
| >
++
{

este homem virtuoso múitos bens &c, º (*)"


13. Quando se perturba múito a ordem da construc
ção a figura, que ella toma, chama se Synchise: v.g.
Sobre uma ponte de metal corria,
De Jupiter o estrepito imitando •
,
;|
Dos trovões, que imitar se mal podia (UÊssea) =
e: Quebrar tivera a náo ali em nada (Encida).
19. Múitas outras figuras numerão os Grammati *

cos, que são mais proprias das Linguas Grega, e La


tina, mais artificiosas que a nossa; e por isso as dei y•*
xo; só tratarei brevemente de algúas Figuras de die |-

gões, que consistem •


*

ao. 1.° No accrescentamento de algúa lettra: v. g.


martire por martir, Atalante, e Heredar por Atlante,
Herdar; atamborcs, por tambores. :
-

a 1. s.º Por diminuição de lettra: v. g., cárcer,


marmer, por carcere, marmore, como hoje dizemos:
“ Que mais se pode p'rar : º por esperar. (Bern. Ri
4

.

mas, f. 78.) •

22. 1.° Quando se absorve a vogal, que concorre


com outra, ou pura, ou nasal: v. g. a preposição, e a
artigo em á: “ fui á praça: » e o em é: “ fui 4 tem
Plo; º d'º, d'a, c'o, c'a, #elle, por de e, de a,
:
com o, com a : “Co os anafis os Mouros respondião. É
a 1. A.". Quando por eufonia se muda, v. g. a ,
consoante áspera em outra, buscá-lo, ou busca-lº, por :
buscar-º, búscas-º; tère-tº, por teres-e.
24. 5.º Quando por eufonia se entremette consoan

(n) Nas Linguas, que tem casos, onde a transposi


ção das palavras é mais livre, póde ser a construcção
indirecta sem hyperbato, figura mais ordinaria nas Lin
tuas mais sujeitas á colocação directa. V: a Luizda,
|
2. est. 87. 9o. e 91. e Lusit. Transform.f. 33. * E ass; •
º sºuº ruticº P㺠e teu cantar n㺠invejetº err, º
? 14 . E º I T oM E
te entre vogães, para evitar o hiato: v. g. buscárãº
no, n㺠no deveis, fazerem-no. Os antigos dicérão:
em no tempo: em nas suas avenças: en has casas: por
evitarem o hiato da nasal em com º, e as, artigos,
que escrivião ha, he, has, hos (*). Depois ommitti
mos a preposição cm, e ficou o artigo precedido do m, ’ne,
"na ; # onde dizem mal, que em se muda em n. (V.
Paiva, #3
aqui e S.S.a. 1.do cap. 1- num. a 1. nota (*)
(k) pag. 98.
9 e

64
25. 6.° Quando ditongamos duas vogães : v. g.
o im-pio Rei dos annos: º “Algäa coisa que pa
reça. » (Filed. 2. sc. 3.) “ Sería entre os tormem
tos, e crueldade. » (Ulissea, 8. 4o.)
26. 7.° Quando dividimos os ditongos: v. g. Tu-i,
por Tui: “ Por que quando o Sol sá-; facilmente. »
( Lusiada, 3.° 89. e 3.º 5o. ) “ Considerando o cir
culo Lacte-º. » (Elegiada, f. 32o. e 239.) “ Que de
troféos não enchesse a terra. » (Ferr.) ,

27. 3..º $#* se contrahem, ou abrevião pala


vras: v. g. San, ou Sant, ou S㺠por Santº; gran,
ou gr㺠por grande: I por ide, Is pos ide"; hemes,
heis , por havernos, haveis: mór por mayer; eal-te,
gués, por cale-te, queres. (Leonel da Costa, Terene. T.
1. f. 3os.)
at. 9.° Quando se divide a palavra, e entremette
outra: v. g. dir-vº-lo-hei (Cam. Filºd. 2.a.) Dir te
ia, Far-te-ia; onde é notavel tambem, que dir e far
são contracções de dizer e fazer. 6

29. Todas éstas figuras de dicção, usadas mais fre


quentemente na Poesia ( onde talvez se alterão os tons
das vogáes: v.g.impia por impia) tem seus nomes Gregos,
de que é escusado carregar a memoria; báste-nos saber
o que ha em nossa Lingua, para 'nella exemplificar
mos os preceitos, e observações das mortas, e estranhas,
e melhor entendermos as analogias, que tem com o
nosso idioma.
CA

(*) Assim o escrevèrão Resende no Lelliº, Goes nas


Cronicas, e outros derivando-o de hae , e hºs Latinos.

;
… … * * +_…___

dA GRAMMATICA PoRTUGUEZA., 11?


\,
-
1#

c A P I T U L o III.
- - -
#;"
}
Das Composições viciosas. "..." -

-
: }
-

* ** S Composições são viciosas , quando os #:


#
adjectivos, e os verbos não se usão 'nas }
variações correspondentes ao genero e numero dos no- {
nes: v. g. homem lºº, bºas homem; ºs homens mer- #
reu: quando os pronomes não se varião em casos, se- #
gundo a relação, que a preposição indica: v.g. se di-
cessemos e me, de migº, por a mim, ou comigº : “eu
}
#
lhe anº, lhe adorº: º por, ame-º, adore-º. (a)
**
a. Quando não apparece claramente, quem é o
paciente, quem o agente, e se confundem as relações:
v. g.... Battº, que em dura pedra converteu •

Mercuriº pelos furtos, que revela


(Lobo, Condert, c. 1o.) :
quem ignora a Fabula não sabe se Bette converteu,
ou foi o convertido. Para tirarmos esta amfíbolºgia º
devia dizer-se a Battº, como “A Pºlydorº mata elRei * 3
Treicio. » ( Lusiada) (*)
H ii

'' },

#:::
#
— ##
(a) Nos dizemos correctamente eu quero-lhe bem :
gabo-lhe a paxorra: onde lhe é termo; bem, e paxorra
:
#
#{
pacientes. Este equivoco é talvez inevitavel: u.g. ti- #§
rei-lhe º chapéu, por cortejei-º; e tirei-lhe º que elle ti- !i. #
nha; comprei-lhe a casa; para elle, ou a elle. As cir.
cunstancias tirão a duvida: “ indo S. Geraldo dedicar.
#
####
lhes um templo: º não a elles mas para uso d'elles, e ## !
sua casa d'oração. (Descripç. de Pºrt.) “O Capitão... ##
Recebendo o Piloto, cue lhe vinha, Foi delle alégre-- ###
mente agasalhado: º " quem foi agasalhado, o Piloto ##
por Vasco da Gama, ou este pelo Piloto ? (Laliada» ###
a. 95.) * * * , :*, *
(*) “ Ama o povo o bom Rei, e he d'elle ama.
do : º deixa em dúvida quem é o sujeito, que ama;
##
###
(Ferr. Carta 1. de L. a.) mas o equivoco aqui é isº }#
*** i


. ##
###
{{"#:
a 16 . E P I T O M E
3. Quando não se entende bem, a quem modifi
cão as incidentes pelo articular que, ou quem, qual, e
onde; havendo dois nomes antecedentes: v. g. “João
Antipapa com Pedro Diácono, a quem o Povo perse
guio por haver usurpado &c.» Parece á primeira, que
2 quem se refere a Pedrº, por estar mais proximo. (V.
Ulissea, C. 2. est. 7. ) (**)
4. Quando não apparece a quem se referem os pro
nomes, ou articulares, havendo diversas pessoas, ou
coisas, que podem trazer á memoria: v. g. “ Queria
ter comsigo (Lopo Vas de Sampayo) Pero de Faria,
Porque era do seu bando, e fora de parecer que elle era
o Governador, sobre elle ter com elle muitos compri
|-
mentos, sobre os quaes lhe respondeo Eitor da Sylvei
ra,L.que2: bem
4. sabia d'elle a verdade, &c. » (Couto, D.
*. 3.) •

;. Quando os participios, e adjectivos podem re


ferir se a nomes, a que não pertencem: v. g. “Cor
, neille é de opinião contraria, talvez por ter dado
, ao publico o seu Polieutes, antes de ter lido Aristo
:
99 teles, apayado em Minturno: º epeyado parece per
tencer a Aristoteles a quem ignorar, quanto precedeu
Aristoteles a Minturno. “ E por sentença de Platão
, foi o mesmo Homero, escrevendo da Republica,
, degradado da sua Cidade: » onde escrevendº parece
*
modificar a Heinero. (Piatº Per. Prel.) Estes dois vi
# ClO3

•|- liz, e a sentença verdadeira de qualquer modo. V. a


Ulissea , 1o. est. 73. “ Astres cºe. »
(**) “Que um bosque sobre as ondas parecia » refe
re se a armada, precedendo uma incidente (que par
tia) e uma principal. “ E as proa para Tenedº incliná
rão. » Outro exemplo véi no Tomo I. das Cron. de
Duarte Nunes, pag.2c3. edif. de 1774. onde dis: “sta
va neste tempº &c. ali se acolheu parece referir se a S.
Luis, que herdára º Reinº, aºnde de Roma e acºlhes
: &c. mas é do Papa. (V. Freire, pag. 393. edif. de Pa
ris:..." despachou algúas espias &c, º ).

:#
;}

##
*----
•fºi:

{
#•
* DA GRAMMATICA PoRTUGUEzA. "
cios
gias. nascem das más construcções, e são Anfitele
6.

O Barbarismo, ou Estrangeirismo, consiste no uso


de palavras estrangeiras, e frases compostas com Sin
i#;
taxe estrangeira, ou collocação tal: v. g. deu as pe
nas, por foi cestigadº, que é um Latinismo; porque
dar pesas em Portugues é causá-las, impê-las. “ Proveu
a natureza, que o corpe não fizesse múitº negociº ao
;}
homem (b): » é outro Latinismo, por , désse pejo,

#|
incommodo: dar lugar aos bens; por, fazer cessão de
bens (mal traduzido de cedere benis). “Todos vie
mos em as hortas de Decio Bruto: º por , ás hortas. ## !
Na construcção: “ Isto tive da amizade, que vos di # !
cesse : » “Remedio da, que já se perdia, paz no
mundo: º “Dá-nos Senhor aquella, de que necessita #
#
mos, paz, º (Barros, Gram. ) . . • •

7. O Solecismº é qualquer outra ofensa, ou erro


contra as regras das declinações dos casos dos promo
mes, das concordancias, das preposições mal usadas :
|
v. g. “ a Nação se tem dignado em acolher: misturar
ossos a ossos : &c. » de que tenho apontado assás dº
exemplos. Concluirei a proposito notando, que boje
seria um Solecismo supprir os tempos compostos dos
verbos, com participios passivos, em vez dos supi
nos. Os nossos Autores classicos múitas vezes os con
fundirão dizendo: v. g. “Tinhão uns vendidas, e dei
<eadas, outros trocadas as armas pela mercanciá, e pºs
tº a fortaleza naquelle estado. » ( Lucena, feliº, 37%.
col. 1. ) “ Depois que tivesse vista a Rainha; e depois
de a ter vistº. » (A. Pinto Pereira, L. i. e. 19.)
“ Não tem elRei meu Senhor ganhadas as Indias, e
quantos Reinos tem ganhado. » (Commens. d'Albuq. P.
1. c. 6o.) Hoje compomos os tempos complexos com
os supinos, que são nomes verbáes invariaveis: v. g.
tinhão vendidº, deixadº, trocadº as armas: depois que

{:…
() Má versão
liº de Revende. de “negºtium fareweret » em º Lek •

|}
|* {
-

i#
*
* .
+
ºs errroMe
tivesse vistº a Rainha: tem ganhadº as Indias: &e. Só
usamos dos participios, quando não queremos signifi
car o complemento da acção verbal, mas queiemos
: qualificar a coisa, que possuimos, ou temos: v.g. te
nho ainda as armas compradas para aquella occasião;
tenho feito (acabei) duas moradas de casas; tenho

C possuo) duas moradas de casas feitas, e acabadas,
por mim, ou por outrem (e): “ arrependia-se de ser
- saida do Castello ( Men, e Moça, L. 2. c. 23.): »
*:: - cõ
|- •

• • (c) Os Infinitos, Supinos, e Gerundios são nomes


verbáes invariaveis, com estas differenças, que o In
| .. .finitº significa o attributo verbal, sem relação a tem
} { po algum; v. g. ler, escrever: o Gerundiº designa o
| . . mesmo attributo, ou acção abstracta actual, e imper
{| | | feita; v. g. em lendº, entre lendº: o Supinº é outro
{1 } , ! nome, que significa a acção em abstracto referida ao
} , ! passado, ou completa: v. g. “, tenho lidº, escritº: º
{ - que é liç㺠feita, escritura acabada: temos ride müito,
. dançadº : temºs jºgadº; ere. “ O que havendo postº
sua confiança em Deos, desanimárão cos trabalhos, e
a tem posta nas ajudas do mundo, conhecerão o seu
erro : º é um exemplo correcto: “As prisões, em que
ºs temos atados: º ( Freire ) “ Instituiu-nos a obser
** vancia, que a maldade dos tempos tinha esquecida, e
! … . «aida: º (Hist. de S. Dºmingos, Tom. 3...f. 143. alt.
• ediç.) São exemplos certos da coisa possuida modifi
cada por participios: “ Tenhº a fortaleza de Diu derri
: : bada até º cimentº: º ( Freire) “os inimigos tem der
ribado a fortaleza até o cimento: º são correctos, o Go
• • • vernador tinha a fortaleza; o inimigo tinha-a só dar
tº; ribado.
|-
- Como pois sejão nomes abstractos verbáes, ser
". vem de segundos termos de relações , com as preposi
ções: v. g. a ler, para ler, entre lendº, sem sabendº;


e quando fie ajuntamos os nomes, eu, ou ta como
personificando os infinites, e gerundios, as preposições
não fazem mudar os ditos nomes: v. g. e pºr ºu se

i #i
* #}
>: #
DA GRAMMATICA PoRTUGUEZA, …».
cõ os verbos
pendia de ter ter,
saido ou
&c.haver
» ("Odirianos: º clla se arre•

#4
8. A Composição é viciosa por concurso de sons em
palavras, que dão sentido torpe, ao que chamão cº
cofonia, ou máo som: v. g. “ qu'ºlhões tamanhos tem
aquella lebre ( Barros, Gram. f. 168.): » a isto cha
#
márão os nossos bons Autores caçafetão. “Se m'amas,
amigo. » ( Ferr. # $.) • •

9. Viciamos tambem as dicções nos tons das vo


gáes, ou seus accentos: v. g. emúlos por êmulos, in
trepido por intrépido, esplendido por esplêndido, &c.
(Leão, Ortegr.) más conjunção por mas com a mu
, &c.
C A P I T U L O IV. |
* Aº
Dos Sinées Ortºgraficºs, e da Pentaaçãº. ##
I. Ortografia ensina as regras de escre
ver bem, isto é, de representar aos olhos
os sons com lettras distinctas, e cada uma para seu
som proprio, e que não sirva juntamente de sinal de
dois sons. Disto já dice no principio o que basta para
um Resumo Grammatical.
Temos mais alguns sináes ortograficos dos tons
}:
das vogáes em cada palavra, que já apontei no prin
Cl

:
bcr, para eu ver, em eu sabendº, como perta saberes »,
ou para tu ; e não por ti saberes; salvo se ti fosse
complemento de saberes: v. g. “bem obraste, se o fi
zeste para saberes per ti mesmo a verdade, e não d'ou
vida; º onde por ti indica o meyo, ou pessoa, por quem
se faz a acção saber, com sentido diverso de perta se
beres, frase, na qual não se exprime o meyo , ou mo
do de saber, mas só o motivo. “ Daqui dou o viver
já por vividº: º é participio cognato do nome infini
|#
to viver.
(d) Com a mesma differença e de sentido dirião os
Francezes elle est sortie, e elle a verti. . |
#
||
. * ao º E P IT O M E
cipio desta Grammatica ; chamão-lhes accentos pro
sodicos (º ) grave; (!) agudo. (º)
2. Os Accentos oratorios, ou os tons da voz, com
que se proferem as sentenças: notão se com (!) as
sentenças admirativas; v. g. I ó milagre estupendo !
Para as interrogativas temos (?) v. g. " Quem foi?
* Quem o viu?
3. Quando se supprime uma vogal usamos de (*)
v. g. de, d'as, "nº, "nas, e não n'º, n'a; Porque o
que se supprime é a preposição em, e onde falta a vo
gal, ai deve ir o sinal: v. g. c'e homem , por com
o ; chama se a isto (*) sinalefa.
4. O Parentesis ( ) inclue uma sentença inteira,
que corta outra, não tendo dependencia uma da ou
tra para o sentido: v. g. ! E se a contecer essa desgra
ça, (de que Deus vos livre) que será de vós ?
; 5. O sinal de divisão das palavras é (-) v. g. ás
A i .. pero, Pro-consul, sem-sabor. (8)
#"te: t;
# ji fºi
!# ! . "
6.

,, ; ;:
(a) O accento circumflexo dos Antigos era sinal de
levantar o tom da vogal, e logo abaixá-lo; nós não
temos semelhantes vogies, e o accento circumflexº
nos é desnecessario; os nossos Grammaticos accentuão
com elle vogáes graves: v. g. vêe, fº, por vê-ye ,
Jº:yº, ere. Commúmente não usamos de accentos pro
*ódicos, se não é para distinguir palavras homonimas,
ou da mesma escritura, e diversos sons e sentidos: v.
g... ésta a casa de Pedro; está a casa de Pedro; azedas
adject. de azedas verbo ; impio de impío com licença
poética; tºrno nome, de tºrno verbo; saúda dividin
do o « do u, ou ditongando em lauda, e pauta, &c.
#"
â»
o accento, ou ápices: v. g. saúda, graúda, miu
(b) Duarte Nunes, e outros adoptarão na divisão
das palavras as razões da Ortografia Latina, onde aspe
re, v. g. no fim da regra se dividiria a-sperº, porque
ba palavras Latinas, que começão por sp, e assime
a-pectº, &c. Mas isto # inapplicavel ao Portuguez,
L_________ F[vy>E

DA GRAMMATICA PORTUGUEZA, 1ss


6. Os Apices (. ) sobre duas vogáes índicão, que
não são ditongadas: v. g. saúde, que se hade ler sa-u-
de; feria de ferir, e diverso de féria Outros notão
estas diferenças com o accento: v. g. saúde, feria,
féria.
7. A Virgulas (.) que aparta os adjectivos unidos por
conjunções, as frases incisas atadas por ellas: v. g.
homem douto, virtuºsº, e amavel; viu, e leu múitº;
dicc-º, para ºuvir º que me dizias: as incidentes: v. g.
“Jcãº, que é meu amigº, veyo aqui.» - -
8. O ponto e virgula (; ) que aparta os sentidos per
feitos com dependencia de outros: v. g. dice, que vi
ria a manham, c que praticaria nissº; mas que em tan
tº vc. isto mesmo se nota talvez com dois pontos (:)
Direi a Deus: Não me condemncis, Senhor.
9. O ponto só (.) que indica sentença acabada,
e sem dependencia de outra: v. g. Creou Deus o Ceo,
e a Terra. A Rainha N. S. fundou a Academia Real das
Sciencias de Lisboa. …"


• • •

TA •

contra a razão Filosofica. Toda consoante deve ser


seguida de vogal, ou de um e mudissimo; e onde elle
não se escreve, tanto importa que a consoante fique
com a vogal antecedente, como que acompanhe outra
consoante: v. g. ex-creve, que soa e-se-ke-re-ve, por
que se dividirá ao modo Latino e-screve ( #5
* n㺠ex-creve, e-spelhº (speculum) e não es-pelhº. (Or
"Sr. pag. si 7. e seg.) \

|
i.
sas E P I T O M E

TA B o A S
Das Conjugações dos Verbos Auxiliares
Ser Estar Ter Haver.

M O D O S INDICAT I V O S.
Variações simples do Presente.
Pessoas do numere singular.
m. Eu Seu Estou Tenhº Hei
a. Tu Es (1) Estás Tens, Ties Has
: 3. Elle Éou
He (a) Está Tem,Tée (3) Ha (4)
J Pessoas do numero plural.
1. Nós Somos Esta nos Temos Havemes, Hemos antiq.
a. Vós Seis Estais Tendes Haveis, Heis antiq.
2. Elles S㺠Est㺠Tem, Tiem Hãe

Va

(1) Nos antigos acha se Sem, Sam, São, por Sou:


“ ainda que eu pcca são: º (Camões, Tom. 4.f. 55.
pesa tras por erro a ultim. ediç.) Eres por Ei.
(2) Vulgarmente se escreve he com h contra a Eti
mologia Latina, e o uso de alguns Authores Classicos,
que escreverão é.
(3) Tées, Tze escreverão os Classicos conforme à
pronúncia, e á etimologia de Tenes, Tenet, Latinos.
(4) Ha ou á nunca foi variação do verbo Ser; na
frase “ Que como des gran tempo ha fosse contem
da » ou dês, ou ha se devia onmittir; ficando, que
como de gran tempº fºsse conteida, ou que comº hº
ert. tempo fosse contenda. (V. Elucidar. de Palav. Ant,
gran 4) | •
A

|
:
DA GRAMMATICA PoRTUGUEZA. ass
4 •

{
variações simples do Passado.
Singular.
s. Eu
s. Tu
Fai

2. Eile Foi
Plural.
Estive
Foste Estiveste
Esteve

1. Nós Femos Estivemos


Tive
Tiveste
Teve

Tivemos
Houve
Houvéste
Houve

Houvemes
|
:

a Vós Footes Estivestes Tivestes Heuvcstes


3 Elies Ferão E, tiverão Tiver㺠Heaverãe
•}:|

Variações simples do Futuro.


Singular. 1.
1. Eu S. , ei Estarei Terei Haverei
2. Tu Serás Estarás Terás Haverás
3 Elle Será Estará Terá Haverá {
Plural. •

1.Nós Seremos Estaremos Teremer }Haveremsg


a. Vós Sereis Estareis Tercis Haverèis
2. Elles Serão Estar㺠' Terão H«verãº

Variações simples relativas


Do Presente, do Passado. !
Singular. • •

1. Fu Éra Estáve Tínha Havie *


2. Tu as Estávas Tinhas Havías
i. Elle É a Estáva Tínha Havia
Plural.
* Nós Éramos Estávamºs Tinhames Mavíames
a.Vós Éreis Estáveis Tinheir Havieis (5)
1.Eles Ér㺠Estáv㺠Tinh㺠Havião
Do

(5) Os Antigos dicérão haviades, tinhades, &c. Bar


ros, e outros ommittirão o d, e dicerão tinhais, haviais,
trc. V. o Clarim. L. 2. c. 32.f. 77. e varios outros lu
}

gares: faziais, f. 384. e 417, queriais,.f. 4so. “Já vós


Jºzedes (jazeis ) peixes nas redes » é um resto daquel
le uso antigº nesta frase proverbial. Múitos dos anti


|
#
1à4 "… E P IT O M E • •

“Do Passado em época passada.


Singular,
1. Eu Föra Estivéra Tivera Houvéra
z. Tu Pêras Estiveras Tivéras IHouvºras
B. Elle Fèra Estivera Tivéra Houvéra
Plural.
1. Nós Fèramos Estivéramos Tivéramos Honvéramºs
2. Vós Fèreir Estivéreis Tivéreis Houvéreis
3. Elles Förão Estiver㺠Tivér㺠Houvérão

Do Futuro relativo ao Presente, e ao Passado, que de


nota incerteza, ou aproximação.

Síngular.
1. Eu Seria Estaría Tería Haveria
{• 2. Tu Serias Estarías Terías Maverías
j. Elle Sería Estaría Teria Havería
Plural.
1. Nós Seríamos Estaríamos Teríamos Haveríamºs
2. Vós Seríeis Estaríeis Teríeis Haveri>is
3. Elles Seri㺠Estari㺠TeríJo Haverião
.
As variações compostas do Modo Indicativo for
mão se com os verbos auxiliares, e os gerundios, para
indicar o attributo verbal actual, imperfeito: v. g. Estou
JLendº, Estive Lendo, Estarei Lendo, Estava Lendº, Esti
vera Lendo, Estaria Lendo.As que representão o attributo,
ou acção do verbo como perfeita, e acabada, compõem
se dos auxiliares Ter, Haver, com os Supinos: v.g. Te
nho Lido, Tive Lido, Tivera Lido, ou Hei Lido, Houvéra
Lido, Maverei Lidº, &c. As mecmas variações perfeitas do
verbo auxiliar Ter se formão com as simples suas, ou
do verbo Hei: v. g. Eu hei tido, ou tenho tido; eu
: hºuvera tido; eu hºuve comidº; eu houvera tido, lidº,
eonidº; &c. Haverei Side, Terei Sidº, Estado, Tido,

gos escrevèrão haver sem h, e dicérão ai por á i, ou


he hi. V. a Ulisipo, f. 15.36.112. Barros, Gram.

}
} } •
?
{

__><s
+.

•#

DA GRAMMATICA PORTUGUEZA, Ias


?
Lidº, &c. Hei de ser, Havia, Tinha de ser, &c. são de
Futuro. (6)
Singular.
a. Se
Plural.
tu
Modos Imperativos.
Está tu Tem tu

Há tu (Have antiq.)
s. Sede vós Estái vós Têude vós Havèi vós
:{*
M o D o s s U BJUNCTI V os
De Futuro a respeito do Presente, e ainda do Pas-.
I
saºo. (7)
| Singular.
1. Eu Seja Estěja (3) Tênha Hája
#
a. Tu Sejas Estejas Tenhas Hájas , ! |w>
#
B. Elle Sºja Estºja Tènha Beijs - - #
Plural.
1. Nós Sejàmos Estejamos Tenhàmes
2. Vós Sejiis Estejáis
3. Elles Sejão Estějão
Tenháis
Tènhã?
Hajames
Hºjáis
Hájãe .=
De :*
i •

(6) Mas impropriamente se dizem tempos dos ver


:}
bos; são frases eliipticas, Hei de ser, é hei tensãº,
designiº, esperança, intentº, reseluç㺠de ser.
(7) Eu querº que sejas: Deus quiz que tu fosses.
Quando a acção do Subjunctivo ainda não é completa,
feita, mas actual, ou futura, ajuntamos aos preteritos
do Indicativo, as variações de futuro: v. g. Deus quis
que sºja, a victima deste sacrificio. (V. Lus. 3. ao..)
|
“ Este quiz o Ceo justo que fiereça. » Ulissea , 7. 63.
“João escreveu-me, que lhe appronte umas casas» quan
do inda não as appromtei, se houvesse appromptado
diria : “escreveu-me que lhe approntause as casas; > e nes
" |
* * *
}
{

tas mesmas variações tambem indicamos a perfeição da


#", , i. é, que lhe tivesse Fremptas. (V. Lusiada, a.
ºut. 33.
(3) Entº, Estès, Estè, Estentes, Esteis, Estem, da
Subjunctivo são antiquados, e siálicº por estejães. $

#}*
{
-
—=----
_-_…………

as 6 ' ' E P I T O M E
{
{
}
.

* # De Futuro a respeito do Passado.


}
: Singular.
{ s. Eu Fösse Estivésse Tivésse Heruvésse
| s. Tu Fàsses Estivésses Tivésses JHotuvesses
3. Elle Föste Estivésse Tivésse JHouvésse
# Plural. •

1. Nós Fôssemos Estivéssemes Tivéssemos Houvéssemes


2. Vós Fèsseis Estivésseis Tivésseis Houvésse.s
B. Elles Fèssem Estivéssem *
Tivéssein Houvessas
De F uturo do Subjunctivo.
Singular.
1. Eu Fôr Estivér Tivérº Houver
a. Tu Fères Estivéres Tivéres Heuvéres
2. Elle Fër Estiver Tivér Houver
Plural. •

1. Nós Förmor Estivérmes Tivermes Heuvérnes


a. Vós Fördes Estivérdcs Tivé, des Houvérdes
3. Elles Förem Estivérem Tivérem Hºuvèrem
. Neste modo Subjunctivo tambem combinamos
os Auxiliares com os Gerundios, e Supinos, para indi
car o estado imperfeito: v. g. que eu esteja seudº, leadº,
ouvindº ; ou cstivesse sendo, lendº, cuvindº ; estive
lendº, ºuvindº: e para indicar o estado perfeito dos
Auxiliares Ter, Haver; v. g. que eu tenha, ou n:ia
estadº, sido, tidº, lido, ouvido ; se eu tivesse, ou kº--
vesse sidº, tido, lidº, ºuvido; quando eu tiver sidº,
houver tidº, lidº, ouvido.
M O DOS IN F I N I T I V O S

Impessoáes, e sem relação a época algums.


Ser Estar Ter Maver
Singular- •

Pessodes.
a. Ser eu Estár eu Ter eu Maver eu
3º Se
*<>*

• | {

DA GRAMMATICA PORTUGUEZA. 1ay


a. Seres tu Estáres tu Tères tu Havères tu º
B. Ser elle
Plural.
1. Sermos nós
a. Serdes vós
Estár elle Ter elle

Haver elle

Estármºs nós Têrmos nós Havêrmºs nós


Estárdes vós Têrdes vós Havèrdes vós
2. Serem elles Estárem elles Terem elles Haverem elles
||
}
!
Supinos e Participios do Passado. •

Side Estado Tide Havido. Side não é parti


cipio, pois Ser nunca foi passivo, ainda que digamos
seja-se designando espontaneidade de ser tal, ou tal.
Gerundios, e Participios do Presente.
Sendº Estandº Tendo Havendº (9) •

EXEM

(9) Tambem cóbinamos os Infinitos auxiliares com #


1

os Gerundios, ou Participios, e Supinos: v. g. Estar sem #} -

dº, lendº, ºuvindo; e com os Supinos: v. g., Ter sidº, t


Lidº, Estado, Ouvidº: mas éstas cóbinações não se *
referem a tempo, senão ao estado de imperfeição, ou per #{
feição; e são os participios concordandº com as pessoas,
º quem se attribue a acção, v. g. “estar eu lendº então
ou a ler, me fez não advertir, que passavas. » Te>
{{ {

!
lidº, é ter o attributo ler completo, acabado, v. g.“ o
ter lidº agºra, hontem, o ter lido á manhã, quando vie } { -

res, é o menos, o mais é, ou será ter decoradº. » Haven


dº de haver algum risco ( Lobº, C. Dial. 1o.) é, em
}
4evendº case de haver algum riscº; havende d'haver;
i. é, razão, direito, caso. Inédit. Temº 3 f. a ceia
que haveis de haver, sc. destino, sorte de haver, (Cla-.
rim.)
P
E P I T o M E
$#-
E X E M P L O S
#•

Das Quatro Conjugações Regulares em Ar, Er


Ir, Or. (1) •

Variações simples absolutas dos Modos Indicativos,


Do Presente.
* Singular
Eu Ame Defendo Appláudo Pènho
Tu Amas Defendes Applaudes Póis, ou Pó. .
Elle Ams Defende Applaude Pói, ou Põe
Plural. •

Nós Amanes Defendènes Applaudinier Pomes


Vós Anais Defendeis Applaudís Pendes
Elles Am㺠Defendem Applaudem Psem
Do Passado.
Singular.
Eu Amèi Defendi Applaudi Piz
Tu Amáste Defendeste Applaudiste Pozéste
Elle Amès Defendeu Applaudiº Pèz
Plural.
Nós Amámes Defendémos Applaudímos Pozémºs
Vós Amástes Defendèstes Applaudistes Pozéstes
Elles Amir㺠Defender㺠Applaudirão Pºzérãº

Escrevo Psis, Pói, Poreste, Pozémºs, Pozestes,


Pozérãº, por serem mais análogos ao Latim Penis,
Penit, Pºssisti , Posuimus, &c. e assim se pronuncião
como os escrevi : outros escrevem Puzeste, Puzémos,
&c.

(1) Os Verbos em or antigamente tinhão o infiniti


vo em er, e erão irregulares da 2° Conjugação, porque
dizião Peer Compoer, Propoer &c. agora fiz delles uma
quarta conjugação, ou exemplar de Per, e seus deriva
dos, que como ele se conjugão.
DA GRAMMATICA PORTUGUEZA: 129
&c. com u, por e mudo. Lut. 8. 7º. Prºpºser㺠º ºpº
poderãº.
}#{=
Do Futuro.
Singular. — "…
Fu Amare; Defenderei Applaudirèi Perei
Tu Amarás Defenderás Applaudirás Porás
Elle Amará Defenderá Applaudirá Perá
Plural. -

Nós Amaremºs Defenderemºs Applaudirèmos Porêmºs


Vós Amarei, Defendereis Applaudirèir Pereis º ••

Elles Amarãs Defenderão Applaudir㺠Por㺠J


variações simples relativas do Indicativo. #
Do Presente a respeito de uma épºca passada,
Singular. -•

Fu Amáve Defendia Applaudiº Púnke


Tu Amávas Defendías Applaudías Pánhas
EllePlural.
Amáva Defendia Applaudiº Púnhº
• • • •

Nós Amávamºs Defendianºs Applaudianº Pánhº"


Vós Amáveis Defendíeis Applaudieis Punheiº
Elles Amáv㺠Defendi㺠Applaudi㺠Pánh㺠"º

Eu
Singular. Do Passado

Elie
Amára

-Plural.
-

Defendºra
em época passada.

Tu Amára, Defenderas Applaudira Pºzérº


Pºzéra
Applaudira
Amãra Defendere Applaudira . Pºzérº
Nós Amáramos Defenderanos Appláudirame" Pozérames
•- •
•º

| {

>*-•
Vós Améreis Defendèreis Applaudirei Petéreis }
Elles Amár㺠Defenderão Applaudir㺠Pozérão

Os Antigos dicerão Amárºm, Defenderem, Appleu


}
direm, &c. e antes Amarum, Ficarum, &c. do Latim
amaruit por amaverunt; os Francezes mudando º "º
em em, derão as desinencias em em V. Elucidarie, Art.
$
! #
!#
# :
* 3o • E PIT. O M E
#
* # Babilo", T. 1. peg. 165. cºl. 1. Duarte Nunes, Orig. e.
29. adverte bem, que os futuros em ei, farei, amarei,
} . &c. e os em ia, amaria, leria, são os Infinitos compos
}; • .

tos com hei de haver; e os em ia do imperfeito de ir;


#* . :; eu amaria, i. é, eu ia amar, ou hia por havia.
. .. *#
*
lí | | Do Futuro a respeito do Presente e do Passado, designan
…"
**
* ** do incerteza, possibilidade. (2)
###
, , , º Singular.
}
Eu Amaría Defendería Applaudiría Poria
A * * * Tu Amarías Defenderias Applaudirías Porías
{
º Elle Amaría Defendería Applaudiría Peria
{ (..! Plural.
, !
,! Nós Amaríamºs Defenderlanos Applaudiríamos Períamos
Vós Amaríeis Defenderíeis Applaudirieis Períeis
} Elles Amaríão Defenderí⺠Applaudirião Pariãº
!#!
Os tempos imperfeitos se formão com o Auxiliar
.. } Estár, e com os participios, ou gerundios: v.g. Estou, Es
sive, Estarëi, Estáva, Estivéra, Estaria amandº, de
• I fendendo, &c.
Os tempos perfeitos compõem se dos AuxiliaresTer
ou Haver com o supino: v. g. Hei ou Tenho lide, Heu
|
{ ' ve lidº, Haverei ou Terei lido; Havia, ou Tinha li
de, Houvers ou Tivera lidº, Teria lidº, &c.
-} ** *
### !

####" Mo
###
####
, , * (a) A mesma incerteza se denota com o futuro ab
… soluto do Indicativo fallando directamente ...
| > Que gente será ésta (em si dizião)
Que costumes, que Lei, que Rei terião.
* { Lusiada, 1° 45. e 2.º 3.
* Lá estarão tres até quatro mil homens. » “ Quando
fui ao campo, estarião lá perto de tres mil homens. »
Dice que virião, absolutamente; e, que viriãº, se po
dessem: a condicional se faz o virião incerto.
DA GRAMMATICA PORTUGUEZA. e 51

Imperativo.

Eu
Singular.
Àma fu
Plural.
Defende tu
Modos

Applaude tu
Amái vós Defendèivos Applaudí vós (3) Péude vós

Singular.
Áme
Modos Subjunctivos. (4)
Defenda Appláuda
— .

Péitu,euPãe
{

Penha

|
{
Tu Ámes Defendas Applaudas Peakas
Elle Áme Defenda Applaude Pºnha \,

Plural. •

Nós Amèmos Defendamos Applaudamos Penhàmos


Vós Amèis Defendáis Applaudáis Ponháis
Elles Annem Defend㺠Appláud㺠Ponhãº
Singular. • .

Eu Amárse Defendesse Applaudísse Pezésse


Tu Amásses Defendºsses Applaudísses º Pozésses
Elle Amisse Lefendesse Applaudísse Pozésse -
+

}•
Plural.
Nºs Amisemos Defendessemos Applaudissemes Pozéssemes
Vós Am.ísseis Defendesseis Applaudísseis Pozésseis º
Elles Amás, em Defendessem Applaudissem Pozéssem
I ii N.
}-
(3) Os Antigos dicérão no plural do Imperativo Ama
de , Defendede, Applaudide, conforme á Etymologia La
tina; depois tirarão o d, e ficou amae, defendec, ap
Pluvic. Nas Ordenações Afonsinas se achão exemplºs. V.
º L 1. T. ; 5. $. 5. “antes lha cºmprie, e guardaas. »
(4) Na Taboa dos Auxiliares dice o uso das varia
Sóes subjunctivas; as primeiras usão se, quando o ver
bº no Indicativo está no presente: v. g. querº que de
Jendas; as segundas quando o verbo principal está no
Preteritº: v. g. qui que defendesses: eu queria, que
I
"ma"… a Deus: múito favor me farias agora, se foi.es
comprar-me isso. V. Lusiada, a.en. 7.“ d'alguns, que
**iº, porque podessem ser aventurados, manda dois
Pºrque notem.» (V. a Estança si, dº «is. Cant, s, )
••{|

/
º 33 , E ºIToMe
N. B. O uso destas variações fica explicado nos
Subjunctivos dos Verbos Auxiliares, a pag.123.nota (7).
Futuros do Subjunctivo.
Singular.
Eu Amár Defendèr Applaudir Pºrér \

Tu Amáres Defendères Applaudires Pozères


Elle Amár Defender Applaudir Pozér
|#
Plural.
>
Nós Amármes Defendêrmes Applaudirmos Pozérmos
Vós Amérdes Defendèrdes Applaudirdes Pozérdes
Elles Amárem Defenderem Applaudírem Pozércm
Nestes Subjunctivos compomos o Auxiliar Esteja
Subjunctivo com os gerundios, ou participios do pre
sente para denotar a imperfeição da acção: v. g. que eu
esteja ou estivesse amando, lendº, ouvindº: e dos Au
xiliares Tenha, Haja , Tivesse, Houvesse com os su
pinos para designar o complemento da acção, ou do
attributo verbal: v. g. que eu hºja ou tenha lido: se
eu houvesse ou tivesse lido ( ; ); se eu estiver lendo;
quando eu houver ou tiver lido, &c.
Infinitivos purº.
Amar Defender. Applaudir Pàr
+
• • In
#

|-;
: (;) Mas éstas variações requerem um tempo futuro:
-•
v. g. manda, que amanhã lhe tenhas aparelhado a ca
sa: mas na Lusiada, 1. 74. “Está determinado que
tamanhas victorias hºjão alcançado os Portuguezes das
{ |-•|-
Indianas gentes » é improprio, e devia ser que alcan
cem, que não rima com determinadº, e por isso o Poe
ta não usou da variação, que o sentido pede; hajãº
alcançado suppõe uma época futura determinada, den
tro da qual a accão deve estar perfeita: v. g. que ama
nºã por noite hºjas acabadº. •

|

DA GRAMMATicA PoRTUGUEzA. "


Infinitivos Pessoíes são como os futuros dos Sub"
junctivos, Amar, Amáres, &c.Defender, Defendère, &c.
Applaudir, Applaudires, &c. Os do verbo Père deri
vados são assim: Pºr eu, Pères tu, Pòr elle, Pêrmos
nós, Pºrdes vós, Pêrem elles. "

Supinos Participio, do Passado.


C

Amáde Defendido Applaudidº Pôste

Gerundios, e Participios do Presente.


Amàndo Defendèndº Applaudindº Pºnde
Dos Verbos Irregulares,
que tem o Infinitivo em ar.
Estar já vai na Taboa dos verbos Auxiliares; se
guem-no seus derivados, Constar, Prestar, Sobreestar
( e não substar como diz o vulgo).
Dar: Presente do Indicativo Don, Das, &c. como
Estou, Está", &c Dava, Davas, &c. como Estava, Es
tavas, &c. Passado Dei, D. ste, Deu, Démos, Déstes,
Dérãº. Passado relativo ao passado Déra, Déras, &c.
como Défendera, Defendºras, &c. Subjunctivo. Eu Dê º
Tu Dès,- Elle De, Nós Dêmºs, Vós Deis, Elles Dem.
{
Eu Désse,&c.
Jendesses, Tu Désses ; como Eu Defendesse, Tu De

Os verbos em car mudão o e em qu antes de e :


v. g. Busquei, Toquei, Busque, Toque, &c. Tambem
os verbos em gar, tem u depois dog, quando se se
gue e: v. g. Joguei, folguei. Estas duas irregularidades •}

nascem dos diversos sons, que dão a g, e e antes de


* * * e i, e da má Ortografia que adoptámos.
Supinos e Participios dos verbo em ar.
4a irrado de Annexar Annexº, adj. anda annexº; foi
annexado; já foi anne
xa de ºutros predie".
Ca
|
| *** - EºIToME
{ captivadº de Captivar Captivo, adj.
ºrgadº . — Cegar Cegº, adj. cegadº º fossº com
# .fachina, partic.
! !| Descalçado — Descalçar Descalço:
••
v.g. tendº descalçadº
os sapatos;citou desçalço.
, , | Entregadº —Entregar Entregue; e Entregado á muue.
{ ! #! ! C Lusiada, 3.)
…! Enxugado —Enxugar Enxutº; está enxuto: tem enxº
• gadº bens cópor. *

}
Escusado —Escusar Escuso foi, ou Escusadº: foi es
• cuso do serviço; foi
trabalho escusado, bal
dado , desnecessario ;
• despesas —.
Exceptuado —Exceptuar Excepto (6).
Expressado —Expressar Expresse : a sua vontade é ex
pressa; e foi expressadº
bem energicamente : é
decisão expressa da Lei.
Expulsadº —Expulsar Expulse.
Fartado - Fartar Farto.
Infestado —Infestar Infestadº:

a terra anda infestadº
de ladrões: homens in
.festos ao nome Christão;
os mares infestados de
Cessairos.
Inquietadº —Inquietar Inquietºtras
é adj. tem inquietadº; e
| • Isentade -Isentar

Isente.inquietºs.

Juntadº —Juntar Junto: se tinhão junto muitos va- ,


rões em Veneza. (Sevcrim,
Notic.)
Limpadº . —Limpar Limpe é adjectivo.
Manifestado —Manifestar Manifestado, e Manifestº, vº
3

(6) Dizemos : exceptos Pedro e Franciscº: ****Ptº


eu: foi exeeptuadº deste numero; ficou exceptuadº: º
exceptº (no Foro ) contra quem se allegou excepçaº
__*___*
*

DA GRAMMATICA PORTUGUEZA, 139


g a Lei de Dcos foi manifestada a todos pelos
Apostolos: este principio de moral é claro,
e manifestº: todas essas razões me forão me
nifestadas por vós mesmo, e já me erão
manifestas pela minha reflexão, e por ou
tras averiguações. • •

Matado de Catar ? dizem: a peste tem mortº múita gen


te; Jcão foi morto na briga; depois de ha
ver nurrido, ou ser morta múita gente. Mor
ridº participio não se diz: v. g. estou morridº;
Im2$ Iluoría. . • •

Melestadº —Molestar Molestado participio usual, ou


molesto: v. g. está mºleste de ca
ma; tem um braço molestadº da

queda. “ deste
morte sua. » causa á moleste •

Occuita de —Occultar Occultº. •. •

Pegado —Pagar Pagadº, e Pagº: as dividas estão


pagas: dos enganos de Amor tão
pagadº; satisfeito, contente: re
munerado. Lusiada, 1o. .
Prºfessadº —Professar Prºfessadº: a Religião Christã prº
.fessada em toda a Europa: caval
leiro, frade prºfessº: tem profes
sado muitos noviços, ativa, e
neutramente. (7) |
Quietado —Quietar Quieto: Quedº é de Quedar, antiq
Salvado —Salvar Salve,
Sercadº -Seccar Secco.
Se

(7) V. g. este annº tem prºfessado múitºs noviços,


i. é, feito profissão: “ este P. tem professado múitºs ne
viçºs, por, tomado a profissão: como, múita gente tens
hºje cúmungadº, recebido a communhão; este P. tem
commungado hºje a múitos, por, dado a Communhão, ou
recebido á Communhão Sacramental: o homem está con
fessado, e conmungado, de quem conmungou: faleceu
seqfessadº, e cºmmungadº. -

\
s 96 ' R PIT. O M P /
|-
Seguradº de Segurar Segurº; e Seguradº, que fez asse
gurar o navio, &c.
Sepultadº. —Serultar ( Insepultº) foi sepultado.
Soltado –Soltar Selte.
Suspeitadº —Suspeitar Suspeitadº: estar a tenção suspei
tada, differe da tensão, ou voto
suspeitº: lugar suspeitº, homem
• suspeitº; de que se tem suspeita,
duvida, desconfiança, receyo.
Vagado -Vagar Vagº: está vagº o oficio; tem
*.-
vagadº múitos beneficios.
'Afectº, e Grete, Prontº, Rapto, não se derivão
de Verbos Portuguezes, e assim Ignetº, e Misto; mas
} são adjectivos: este sujeitº me é mal afectº; poucº gra
tº; estar premte; sereirº promto; estava rapto; naquelle
#
|- rapto; raptº movime=te (Lusiada); causas ignotas; pº
lavras mistas de Latim, e Portuguez: Murcho é adje
ctivo; Murchadº participio. “o cheiro traz perdido, a
«êr murchada. » (Lasiada, ;.)A flor está murcha; an
da tão triste, e tão sarche.

|-
|

pronuncia
á
exacta.
mais
•4

Saber,
Querer,
Ver,
eCrer.
Fazer,
Dizer,Ler
Poder,
Valer,
Trazer, aronuncião
e
Vêem,
escrevem
Alguns
p(a)
o
me
que
Vir,
verbo
do
Vem
de
distinção
para
ssim é
Pedeste
mas
Pudeste,
escrevem
Alguns
P(3)
ca
e
&c.
Peteras,
>,
etaisti,
onforme
NósPodèis
Lemos
Dizemos
Podemos
Valèmos
Trazèmos
Sabemos
Queremos
Vemos
Fazèmos Quercis
.
Vedes
Faz-is
Vós
Sabeis
Ledes
Dizèis
Valèis
Trazeis
Elle
Fáço
Eu
Trigo
Lèyo
Digo
Pósso
Véjo
Sei
Válho
uéro
Fázes
Tu
Sábes
Lès
Dizes
Pódes
Váles
Trázes
uéres
Vcs Vem
.
Fázem
Elles
Trázem
Sabem
Quéren
(2)
Lem
Dizem
Pódem
Válem valeste
Trouxéste
Soubéste
PTu
Leste
oQuizéste
déste(3)Dicéste
Viste
Fizéste
Le
Diz
Póde
Vále,eVal
Tráz
Sabe
(1)
Quér
Fáz
Elle
Vè Quiz
VPúde
.
Tròuxe
Sòube

Dice
alí
Fiz
Eu
Vi

absolutos.
Passados
• •

Verbos
IDos
os
tem
que
cr.
em
rnfeignuiltairveos, Etimologia
á
e
som,
ao
conforme

com
distingue
se
lhor
Latino.
Venit
de

Indicativo
Modo
do
Variações
de

dmesusado,
é
Quere
I(1)
no
salvo
perativo.

- -º- -… ….7_>T>
--->>>".

absolutos.
Presentes -* -*->.
2 -* *----* * #-

… ….<> <> <> <> –


Q
(4),
Lia,Cria
Dizia
Podía
Valia
Sabia
Queria
Trazia
Vía
Faría #

-Quizéstes.
>
Lémos
Dicémos
Podémos
Valémos
Trouxemos
Soubémos
Quizémos
Vimos
Fizémos
Nós Lestes
Dicestes
Podéstes
Valestes
Trouxéstes
Soubéstes
Vós Poderão
*
Vístcs
Fizéstes
QuaelrcremosPSoadberemos
Veremos
Faremos
VNós
Traremos
Leremos
Diremos regulares,
são
Crèra,
Lëra,
Dicéra
Podera
Valèra
Trouxéra
Souliéra
Quizéra
Fizéra
como homonimiacriº,
a
evitando
Creia,
escreveu
Barros
(4)
Indica
presente
do
pessoa
terceira
cria,
de usou
o
mas
criar;
verbo
do
etivo
e
crer,
cria,
eu
diz:
geral
crear;
de
cria
elle
)
aElles
V
Trouxérão
Souberão
Quitérão
Lerão
Dicérão
lerão Saberei
Virão
Fizérão Quererei
Trarei
Lerci
Dirèi
Poderei
Valerèi Saberas
Quererás
Vcrëi Trarás
Farei
Fu Lerás
Dirás
Poderas
Valerás
Verás
Farás
Tu QuerereisSaberão AFu
como
Vira,
Víras,
Víra,
&c.
—íras,
p laudira,
erá Sabere
"I'rarcis
is
Lereis
Direis
Podere
Valere
Ver:19
Farciº
Vós EValerão
Q*
.
Verão
Farão
Trarão
uererão
lles
/

Quiz
4
,
Léu
Dice
Valèu
Tröuxe
Sòube
Pôde
Fez
Elle
'íu •
º
.Saberá
Quererá
LVaierá
Dirá
Poderá
Trará
Verá
Fará
Eile Lerão
Dirão
Poderão

Defendia,
como
regulares,
são
í-
i-iamos,
—eis,
as,
ão.
1,

=<-=-=-=- >"=>"=>=
dDeiferença
a
com
&c.
—êras,
ee.
nos
accentos
dosfendêra,

!-
Passado.
ao
relativos
Presentes Passado.
ao
relativos
Passados

cquivoco.
e•
o
tira
ontexto

absolutos.
Futuros
---- --------|--
-~~~~==
-|-|--
ſi :
~~ ~~~~--~
--№ºt******* --~~~~ |---------************----
±±,±,±,±,±,±),
-r
ºsº º seuaerºpea º teuertpænwr º rowser??!!?) º reswrpaſ, nesourę49 º ‘a : meſmº (,
• 5 -uſ, ou oºr ºtuojuos º soabuº no º sopimºv ogs ſeunţd ou ºnb º souaxe sop wóuºlºgſp w uuoo (.)
DA GRAMMATICA PORTUGUEZA.

n
„Ži-ºom-atom-º ºrtſ-‘tºrri-ººrrſpnøjdły otuoo ººººº førria º »ºrtA “ (.) urartæ
--ºīvır?-‘rouðir?- º ºrt?-‘ført?-‘ørr?-puºyºq curos º sºurin?al oſs sº9órſita situ se
: stroup ºrtºi º »tipºſa º otrºpº, º arrºyºA º ºrt?xnou L º ºrrºqmºs º ºtwº-a ur𺠺rt?-?!…I ng
-•øp- ºsſw- ‘soule- ºe-ºse-ºe-puºlòOI ouoo º sºurīnſ», oys sæ95eţuea sœuu sy
•øfføp ºvú*Tº wºrd º prípai º vyſpA ſº wºpa Lº wąſys º waſ?u?) * wſ? A º pºpae na
ºsoaņºunțqns •
ºoppuo º »pºt º ſººſq º ſępoa º tºlv A º ſønva L º ſºqºs º ſºuom?) - º apºA ºsça şºv) ·ınța
*º º ſi ‘wara º ºpra º ºipa º »srael, º ni »gºs ‘n ºpwò ‘n ra ‘nı savi ſuis
-ºsoaņwuºdui
ºbyg º fwyaepnwyddy
º »ſuſpnuIddy ouo» º vyuyor·
*9x9 º reſuº- º ryup-puoſ^q ouo» () ºogºwy…wury ouø2 % vyupa I.ſë;
·ºs•r•ſnâsı ons º »ſuot º vyuopea º vjazjēA º vyuºqºs ºuſ, vyuº A ^ •šºvſupuy ouooſ wuº, ... ?
*opessed op 9 º ºyuðsaud oc so Aļķeļºu sounàng,

• \ • •

14O E P I T O M E
Eu Fizér, Quizêr , Soubér, Trouxér, Valèr, Pºder,
Dicér, Lèr, Crèr: as mais variações são regulares,
como Defend-cr, —cres, —er, —ermos, —crdes, —crem.
Yi, —vires, &c. como Applaudir,-ires,-ir,-irmos,
— irdes,-irem.

Os Infinitos puros ficão apontados. Os Infiniti


vos Pessodes são como os do regular Defender, —cres,
—er, —ermes, —crdes, —erem. -

Os Gerundios, e Participios do presente em en


dº; Fazendº, Vendo, Quereado, Sabendo, &c.
- Os Supinos, e Participios do passado em idº;
menos os irregulares, que vão na Taboa seguinte. (5)
Supinos e Participios diferentes, dos verbos que
tem os Infinitivos em er.

De Sup. Part.
Absolver Absolvido —ido. Absaltº de culpa e pena:
é homem absolutº; que não respeita supe
rior. Absoluto, it. absolvido (Freire): as
solte (Souza).
Absorver. Absorvido Renda, acido absorvido : a al
ma absorta em Deus : absorto nas ondas :
V absorto em contemplação.
Accender Accendido Acceso. os brados accendidos,
part. (6)
Agra

(3) Os Antigos formarão os Participios em udº: v. g.


Temudo (hoje appellido, que por ignorancia escrevem
Themudº) Credº, por Temidº, Cridº (ainda hoje di
zemos Teúda e Manteúda manceba, cavallo manteúdº;
o conteúdo da carta, fardo, caixa): rcteúdo, retido;
tendudo pendão, tendido, &c. são archaismos.
(6) O estomago eccendidº, acceia a guerra. Las.
3. est. 48. e ; 1. e 57. Dardania accesº, abrasada:
accendido cm sanha ( Clarimundo) a alma aceesa de
paixão (Camões, Ode 6.) vontade, ºlhos accesos (Paliner.
e Sá Mir.) paravras acccios de S. Cypriano ( Arraes)
DA GRAMMATICA PORTUGUEZA. 141 |
Agradecer Agradecido —ido: animo gratº, por
agradecido no sent. activo. .
Apprazer Apprazido -ido.
Attender Artendido — ido : it. attente : v. g. at
tentas as razões, part.
Caber Cabido —ido
Conhecer Conhecido — ido.
Convencer Convencido —ido: convictº, part. p. us.
Converter Convertido —ido: dizemos perém irmãº
C0441'f/"/g, •

Corromper Corrompido
o Diccionario.
—ido: e talvez corruptº. V.

Defender Defendido — ido: Defesº, prohibido :


v. g. portes de; eses, fazendas defesas.
Eleger Elegido Eleito: os Antigos dicerão elegidº,
no participio. •

Encender Encendido -ido.


Envolver Envolvido Envoltº : it. envºlvidº na des
graça: embri㺠cnvolto nas sunicas; cerPº
cavoltº em carnes; vez envolta em chorº.
Escrever Escripto o mesmo: escrevido é antiq.
Estender Estendido o mesmo: estensº é adj. ou ***
ten Jºe
Haver Havido O ITheSITO,
Jazer Jazido C2ICÇCs •

Incorrer Incorrido o mesmo; e tambem incursº.V. #


o Diccion. art. Incorridº.
Interromper Interrompido Interruptº; p. us.
Nascer Nascido —ido: nadº é antiq.
Morrer Morrido Morto: morto tambem é Supino: v.
•º

g. “Lembre-vos quem tendes morto: º qus


mais propriamente é de matar: norridº nun
ca é participio, poisque não dizemos tos, #
nem estou morrido, ainda que digamos c'e
Supino: tem mºrrido muita gente.
Pren

febre acceta (Itis: Naut, T. s. f. 63) acceia carida


* (Flo, Seuct.f. 254. Y. 1567.). •

|
==… ------ + •

142 , E P I T O MI E
Prender Prendido Preso.
Preverter Prevertido Prevertido: dizemos tambem
no part. homens, e costumes preversos, ou
perversos.
Querer Querido, Sup. e Partic. it o part. quistº:
bem ou mal quistº: é querido, e amado de
todos.
Resolver Resolvido Resolvido: dizemos porém:
é homem resolutº; já vinha resolutº a fazer
isso ; resolutos neste pensamento
Romper Rompido Rote tambem é partic, e sup.
o rotº alunno ; as rotas velas; vão rotos ºs
Reis de Sevilha e Granada: tem roto, e
Saber
destrogado.
Sabido o Supin.
mesmo; ( e Lusiada,
como adj. Cantº
hºmem i.)
sa
bidº, e resabido. •

Ser Sido: não tem partic, nunca se dice é, ou


está sido.
Suspender Suspendido, sup. e part. Suspensº no fiz estar
suspensº, ficar suspensº: como sup. os Bis
pos que tinha suspenses, p. us. (Cron. Cis
ter, L. 6. c. 1o.) Suspendidº, pendurado.
Ter Tido, sup. e part.
Torcer Torcido: Torto, part. it. ºs ºlhºs, as vis
taº torcidas, olhos tortos; tortº de olhos e
Pcs: a linha, a regua tºrte, ou torcida.
* Os verbos derivados conjugão se como as suas
• } raizes:
ver v. g.
como ver,De efazer, Reler,
assim se deve como Faver, e Prevejas,
dizer Proveja, Ler. Pre
| | &c. no Subj. como Veja, Vejas, &c. Prºva, Prºvas,
|
|
3 |
s
no Subj.são erros do vulgo. V.o Dicc. art. Prºver. “Por
tanto Senhor proveja, que eu desembargado seja. »
|| 5: º Cºmº Redou... e Lu". i. ; 5. e do mais necessario vos
|# = Proveja Tal é o uso classico. |-

} * # Eleger, Reger, mudão o g em j antes de a e de


! # ! * Ekº, Rja, como Veja, &c. Jazer, euJaçº; Sub
# -* Junct, ele jºgº, ou java, como hoje dizem: Jºuve,
|| 3 | Jº"érº, Jºuvesse, pouc. us Jazi, Jazeitº, Jazêa, Ja
** *riº,
agora. e Jazémºs, porJºuve, Jºuveite, Jºuvémos, dizem

E Saye
Peço
Suhe
Sirve
Venho
Induzo
Vou
Eu•••
> E =>3 2 *G
Opº *-}c:Q C tr1(N?>
(1)
Pedir
Vir
Servir
Subir
Tr
Sair
Induzir IQ
ndicativos,
• =
Vlural,
Vens,
escrevem
Outros
p(2)
e
singular,
no
o
mas
pessoas;
terceiras
ás
relativo
em claoje
Autores
os
dicerão
Imºs
h(5)
e
Arceb."
V.
Sessa”,
de
Lais
Fr.
ainda:
usa
ses icos,
Pas

Vimes
(;)
Vamºs
Nós
Subines
Servimºs
Indurinnes
Pedimos
Saímos
"éis
Tedes
(2)
Sais
Sebes
Vais
Tu
Serves
Induzes Vindes
(6)
Ides
Vós
Subis
Servis
Induzir
Pedis
Sais
Seyem
Vão
SElles
Sebem
-
Induzen
Pedem
Vens
ou
Vê,
ervem
Sóke
(4)
Serve
(3)
Induz
Vai
Elle
Pede
V#;
Sá;

Verbos
IDos
os
tem
que
ir.
em
rnfeignuiltairveos,
Pedir.
como
Medir
(1)•

Relaxe.
Conduze,
Reduxe,
Produze,
Induse,
dizião
antigos
Os
(3)

Etimologia
a
Vsom,
e
Véis
pedem
Venit,
Venis,
defi.
(4)
"
)
Filod,
(Camões,
Sirve.
Sirver,
dicérão
Outros-

histeriando,
imes)
(por
vamos
º •
S_>####
* * * * * * -*-

…,
*********> ===
*-+----•
*
• • -
"-

antiq.
a
ideu
por
Is
(6)

#
Presentes.
- Sir<…f"-<>… -….…-<->-<->-
T-~--~~~~)=
ºrºſſ ºp viſoſouņg • wiyuoo •
•oſſessºsºusºp w woo ºly •a•ışsa ºs susturºjna (c)·
.
ºewd.ººr soſiºſ
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ºbxgº3x3ºbx? 'ºox9 ºbxg º fwy º oſ syg IS9N
º twi º wą otuo5ºrpiºwſ ouoo ºrøſºwą otwošºrøſ ºo! ouvobouo» º vyv!ºroșutirí
I eiºII31
1×]ºxº º wiºs ºbxº º vişns ºog‘viajes ſoºg ºvſanpur (og oudssei nr./
ºwſpºdſ ºoº º viņuſ,A.(!)
· |׺pºssſa op etn3.*/
ºff-ºff-ºtout-º ſ-º tr-º pupnoj); (?), sºnuss),|--
“Ë;*2x2*
-Otouautostousaſqnçreupuſausęreuauſzmpurtoujou!pºqreuºuſ
Atou», is9XN

!ſºſpuļwspuſçmsputnuºçpuſznpurPurpºqºu!ƺu
º ºpuſqus IºII31
ß •*Pºlºs uputnussrpuſanpur tºtipºaſrpuſ
•ſºuſºsſºuſqns!»uſmuºsſouſ ampur,
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4º'i ni,4
!24!pºq!24!!1!») i ng
-ºso nun)
}••ırıvştºvrſçmştørrſauºssønn
|-ºpuſesopuſqnçºpuſnuºs•yujºnpurexuſpºa,•PuºtAºpvoaei sº III
||| , ampurrºut;pºaſrºgreſ,4.terro-159A
!totuſ»şºººººººs teurſauºs
*• •*nţeş toujºupurrcuſp3,1sowałAfºuie) - sy \\
miqmswinuaçnºnpurnſpººr•Á*A. . .ſººſ •II3
|•ırıpş•ırışmışøſtſamºsøntſampuragºſpºdſºurº! Aapro-Ith.ſ.,-
}$!ºsſ!şnsſauºs!ºpup!Pºď ſ uſA!mºſ ng
|-eae·!sopesye)
~~~~_><!--~~ ~ ~ ~~~~ · · · · · · * -----~--~~~~ ~ ~ ~ ~ v = … . . . . . .; =:= *~::~ ~~~~<:-
ſººr!”
• • • • • • • • • (,
• • * º ***<!----~~~~
~~~~-------§§§§) ::::: ***
----- -
- - - - - ~~~~ ~ ~ ~ * * * * *
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DA GRAMMATICA PORTUGUEZA, 1;;

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, •ºsoaņemºduti sopoIŲ- -ș4
“op:4-ºrtºn-ºsaurºuſ-ºplay-ºrvuſ- ºviuſ-pneļddw ouros saņ5eție.A steu se
•tuſesviațqnsvºuſ Au2Swłaſzivpuſwºu!pºawțațA•tuſ nº
*opessed • • ſuasaid ou soaņeſaj v sounàng
· unº otſugui o uia, amb º sarcinºſaui soqº A šog
·wuſpavid•ømpuwid ' 'purpmryd ‘w.rſpnridly i ºvulpupId (upºwa oquaxºues ieņxne
-dy ouo» -dy ouro» -dy ouro» ou ob ſºº-dº õuób op cujºſa (ouoq13A op se otu ,
ºs º valºs ºxg º waſºns (3x3 º wuſados º vaſampul “2”, “rºſpºd -03 ººº wuº;A -02 (3x3 º vuosi · 113'
|-oſessed op sopcssºq
| "……………….………… ----

-- *-*-***** *_

1$2 ' E P * T O M E . *4

Medir segue a Pedir mudando o d em º , comº



Amedir,Advertir,
Meçº, Peçº; Mega, Peçº, no Subjunctivº.
Despir, Digerir, Ferir, Fregir, Meu
tir, seguir, sentir, Vestir, e seus derivados, conjugãº
• se como Servir, e mudão o e em i, como Servir: v.
| g. eu Advirtº, e Advirta, Dispº e Pipa, Digir" º
} |
Digira,
sigº Fire sintº
e siga, e Fire, Frijº Os
e Sinta. e Frija,
AntigosMintº e "intº
dicerão º
Sente,
por sintº, e consente, &c. Senta por Sintº: Sigue, Im
# perat por Segue. +

i? Acudir, Bullir, Construir, Consumir, Cupir ,


i { Destruir, Engulir, Fugir, Sacudir, Sumir, Tussir, e
| } outros conjugão se como Subir, e mudão o m em º •
| onde Subir o muda: os Antigos porem dizião Acudº,
| construe, Consume, Destrue, Tuge, Sume, sem mudar
} }. o u em e, como agora geralmente fazemos: “Que fogº
hé só que queima e não consume. º Camões.
. Os Verbos, que tem g antes dei, mudão-no em
jantes de a e º : v. g. Finjo, Dirijº, Finja , Dirija, &c.
Os Compostos do Verbo Pedir, Impedir , Delpe
dir, tem no presente do Indicativo e Subjunctivo In
pido, Impida, Despidº, Despida; ainda que alguns di
zem Despeçº,
dir se-ia Despega-se:
com despida, despida,
femin. Subjunctivº, confun
de despidº. •

Rir ; eu Riº, ou ºntes Ryº, tu Ris, elle Ri; nós


Rimos, vós Rides, eles Rim. Imperativo, Ritulº Riº
de vós. Subjunctivo, Ria, Rias, Ria, Riamºs, Riâi",
Rião:
—isses,Risse, Risses,dizem:
&c. Alguns &c. como
elleso regular
riem-se, applaudiº
mas rim é,
i classico,
rim verbo riem
com analogo a-rident, tira o equivocº de
o rim nome. •

| |{{| | |# Supinos, e Participios dos Verbos em ir.


| A • Sup. Part.
| Abrir Abridº Aberto: commumente dizen"
abertº no Supino. “ tem-lhe
aberto os olhos: por ter abertº
: a successão,contra as ordens. º
• Abs
>>>>>>==

DA GRAMMATICA PoRTUcuEzA. 1sº


Abstrahir Abstrahidº Abstracte. -

Affligir Affligidº Affligido e Afiictº.


Cobrir Cobridº Cobertº, e seus derivados; cº- -
bertº por Supino é usual.
Concluir Concluido Concluido. Conclaso o feito.
Confundir Cºnfundido Confundidº: Confuso estilo ;
ideyas cºnfusas.
Contrahir Centrahido •
Contrahidº: v. g. dividas con
trahidas: contractº por abrevia
do. " .

Difundir Difundidº Difundido : v. g. Luzes difundi


das: Difusº cstilº.
Dirigir Dirigidº Dirigidº : Directº por direi
to: v. g. ordem directa, oppos
ta a inversa;
indirecto. por modo directº»

{
Distinguir Distinguido Distinctº: tem se distinguidº; *
múi distincte o casº.
Dividir Dividido Dividido. Diviso, pouco usado.
Frigir Erigidº Erigido, e Erectº.
Exhaurir Exhaurido Exhauridº, e Exhauste de for
ças, de dinheiro : as dilações
estão exhauridas, acabadas 5 t.
foiense.
Expellir Expellidº Expulsº.
Expremir Expremidº Expressº.
Extinguir Extinguido Exti…ctº. •

Extrahir Extrahide Extrahido: certid㺗; Extra


cto óleo; os Extractos na Far
macia; oirº
extrahidas. extrahidº; fazendas •

rigir Frigido Frito,


"…Primir Imprimidº é antiquado; dizemos: “ Tem se
Impresso múitos Livros: foi o Livro ins
presso em Lisboa: º chitas impresias; pale
vras impressas; &c.
Incluir Incluído Incluído: v.g. ficou incluídº na
quelle numero, ou conta; a carta incluia:
C@
a rentença , que jaz no verso incluía, º
In
a 6o Er1 r oME " " "
Infundir Infundidº Iºfundido, posto de infusão:
ideyas infundidas , infusas;
*ciencia infusa ; luz infusa.
Inserir Inseridº . - Insertº.
Instruir Instruidº Instruidº. Instructe, pouco us.
nº batalh㺠instruido, esquadrão
—; apparelhado d'armas ,
apercebido. •

| Opprimir Opprimidº Opprimidº: Oppresse é pouco


usado.
Possuir Pºssuidº Possuidº: Possesse do Demonio.
Reprimir Reprimidº, e partic. Represso, pouco usad.
Submergir Submergidº, e partic. e Submerso (no figura
do)—em vaidade.
Supprimir Supprimido, e part. it. Suppressº,pouco usad.
Surgir Surgidº Surto. -

Tingir Tingidº Tintº: “ o resto tintº do pallôr


da norte. »
y
Alúitos destes participios do Passado usão se tam
i bem em sentido activo: v. g. Agradecido, o "ue agra
dece, grato. Appressadº, Arrecadado, Arriscado, At
zrevidº, Attentade ; Bebidº, que bebeu; Caludo, que cala;
Cemidº, o que comeu (Davo bem comido, e melhor beki
de ) Conºwºgadº, o que commungou ; Cºnfiado, Cºnhe
«ido. Cºnsideradº, Costumada, Dewattentado, Dessitte -
tº, Desconfiadº, Desenganado, Desmayadº, Encºlhidº,
Entendido, Eyforçadº, Lido, Ousado, Preveuidº, Pri
ºradº, Recatadº, Resabido, Sabido, Sentido, Svbradº,
Palile, e outros, quando se lhes subentende hºmem
ou anulher: v. g. º entendida sois Senhora; º i. é, do
tada de entendimento. (V. Leão, Origem, f. 34.) “ usº
não desenganadº: º homem desenganadº, que não en
gana ; it. livre do engano ; em que estava
Alem das Conjugações antiquadas , que tenho
apontado , notaremos, que os Antigos terminavão em
«de», edes, múitas variações, que depois terminarão em
«º: , e ce, v. g. é uscaes, fazee, e hoje seterminão cm
ei. , e cis; v. g. tenhades, por tenhais; haveccº , «««««
por
PA GRAMMATICA PORTUGUEZA. a 61 |
por haveis, dºis. Outras vezes terminarão em ais as cue
Íoje usamos em «is; v. g. vos tinhais por tinhei, (Or
de-. Afºns. L.$: T. 16.): a Arder mudarão o º em « »
Arçº, Arfa. Mºurº e Micara cu Mºira, Mºrrº, e Mer
ra de Morrer.
Usárão mais Participios de futuro em oirº no
sentido passivo; v.g. Havc… iro, capaz de haver se, ou
a-quirir se, recebendo: .*wºrrecedeirº, digno de se abor
recer: Docta-leirº, digno de ser doestado, deshonrados
ou que deshonra; v. g. a Sºciedade docutadeira dos Ju
deus: Penageirº, digno dº ser penado, ou castigado.
(Orden. Afonsinas, freq )
No mesmo sentido usárão Participios em endº;
v. g. bolo recebendº, cavallo recebºadº, capaz de se
1eceber em paga, ou satisfação do que se é obrigado a
pagar, ou ter. (7) Miser…do, Nefandº , são a imita
ção dos Participios passivos do futuro da Lingua Lati
ma: “colhem o mel para os f. 3.………dos favos. º p.usado.
Dos Vc.bos Defectivos.

Feder não tem outras variações , em que entre


º nem a depois dº d. C….…ir, Cºupellir, Demºlir º
\ • XD:s-

(7) Já apontei, que os nossos mayores usarão dos


adj.-tiº os ver ats em "tº, - …, i…e, com o de perti
cipios a tia.ºru - dºs Latinos; estes mesmos usavão
feites com o ce -jectivos. >ós recebemos -lguns dos
Verbox Latinos, que n㺠- optc…os; v. g. º ºrvs. ante,
trºpi…ºtº , inººk…tº (Lasi-ºa, 2. cit. 53.) por ex
tºordinariº , não vulgar, ucna costumado: sºjacente,
*****leatº, fulgurº"…, …iac…te: outros com algua dif.
terença; v. g. ºb-di…e do ].-tim ºbediº, que initários
em chºd.cer, mas não dizer… s.l. é…ent.; penitº…te, &c.
de pºeus detiva aos pºt…te, e ressante: “Se acahontº
aquele feito o Governadºr se fora logo surgir: » por
*cabºadº, ou ac-badº, diz Cºate, D. <- L. 7. c. 4
*"a tº tom…mºs do it-li-> ………rs, Kºli…, 6.94.)
• . •

\
*>
**

a 6s . - E P J T O M E +

Discernir, Expellir, Munir, Submergir, só se conjugão


nas variações, em que entra i: v. g. Brandi, Brandiste,
&c. Brandia, -as, &c. Braudí, a ; Brandirei; Bran
disse: Brandindo. Precaver, e outros, seguem a mesma
anomalia: v. g. Precavi, Precavia ; e Precaverei, Pre
cavesse. Aprazer tem Apraz, º Aprouve , Aprouvéra,
Aprouvesse: Apprazerá a Deos, Aprouvermos. Bons au
tores dicerão Aprazes, Aprazem (8), nem ha razão por
que se não diga Aprazerei, Aprazerás, Aprazeremºs,
&c. e Apraza no Subjunctivo. Prouve, Preuvesse,
Prouvéra, não são aféreses de Aprazer, mas variações
* do verbo Prazer, de que temos Pras-me (d’onde se
"dice o Regiº Prai-me ), Trazerá; e os nossos mayores
dicerão, quando não ouvião bem, para lhes repetirem
o dito, Pras-vos ? ( como os Francezes dizem Plait
il?) Prouve ( agradou ) a Deus; Prouvéra, Praza a
Deus, que assim fosse, ou seja! “Que prazeria a Deus,
-
por intercessão do Santo, que ainda aquelle mal se
abrandasse, ou mudasse a bče: » “elle, prazendo a Deus,
será d'aqui a tres annos com vosco: » “coisa que des
| praza a Deus.» (V. dº Arceb. L. 2. c. 2. )
Os Autores classicos ás vezes confundem os adje

{ i ctivos com os supinos; e porque estes são invariaveis,


usão dos adjectivos no singular masculino com no
mes no plural: v. g.
As desgraças, que, ó Turno, cada dia
Me perseguem, aos olhos tens patente.
(Eneida, 12.8.)
#{
Patentes devia concordar com desgraças, porque pateº
te ali não é Supinº; que estes tomão se no sentido
:
#
}
#
activo, e então significaria tens patenteado. O mesmo
Autºr dice com igual incorrecção, em que outros tam
# bem cairão (9):
Ex

}
$ ($) “E tu mesmo a ti mesmo desaprazes. » ( Cami
nha. Fpist. 19.) +

• (9) “Contando as maravilhas, que deixava feito »


DA GRAMMATICA PoRTUGUEZA. 16;
Estes, e rectos taes, deixou com tigo,
Antes de dar a chara vida, feitº. •

(Eneida, 1o. 221.)


Hoje diriamos feitos, como “Paz, e amizade, que
deixava as sentada. » ( Comment. d'Albuquerque, P. I.
c. 1.) “ Eu que tenho já cheyo todos os meus can
taros: m devia ser tenho enchido, para indicar o acaba
mento da acção, ou tenho cheios, significando o esta
do opposto a vazios; cheyos e adjectivo, e não Supi
no , que se componha com ter, para supprir tempos
compostos dos verbos. ( Eufros. f. 173. Y.) “As
Victorias de Diu, cuja fanta tinha cheyo de temor e
reverencia o Oriente todº: º (Freire, pag. 362. caís. de
Grudren ) indica o estado modificado por chcyº, e bem.
Presente vem na Ordem. Afons, e outros Livros an
º tigos por preposição: v. g. presente as partes: presen
te elles: hoje diríamos perante, ou sendo, estando pre
sentes as partes, concordando o participio com o no
me, como se acha em outros bons Autores. (V. Cou
tº, D. 4. L. 6. c. 6. e Dec. 5. L. 7. c. 1. presen
tc, todos : presentes as damas da sua corte. Cronica de
Cister, &c.)

F I M. r: # -*.

· 7

Acabou se este Epitome da Grammatica Portu


Fueza no Engenho novo da Moribeca em Pernambuco,
aos 15. de Julho de 1 8ça. -

IN -

{|-|*-

“ deixar lhe queimado a cobertura.» (Pinto Pereira, L. s.


f 63. W. e 87.) “Deixando Bertolomeu Dias descºbertº
24° leguas. » ( Barr, D. 1. L. 3. c. 4.) Hoje diriamos
feitas » Queimada , descobertas,
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I N D I C E.
• 11$º
CAP. III. Das Compºsições viciosas.
CAP. IV. Dºs Siláes Ortºgraficºu, e da Pontuação. 119.
TABOAS Das Cºnjugações dos Verbos. . 123s

E R R A T A s.
Pag. VI. Linh. 2o. em lugar de Clemente X. talves •
Autºr quizesse que se imprinisse Leão X. ºs Cle
mente VII.
I 3º 2. ou
17. Lhecom, m, = Lea-se
Lea-se Lá = ou com m, •

ibid.
13. do é , i Lea-se = do e, i
31. Ve cri-ya, Lea-se = ye, cri-ya ,
ult. Dicconario Lea-se = Diccionario
21. e 22.masculino; Lea-se = masculino,
25. V a pag. 52. Lea-se = V. a pag. 161.
27. cites Lea-se = jeitos
31. º cap. 6. Lea-se = º cap. 7.
36. Quendo Lea-se = Quando
s. f. 26. Lea-se = f. 23.
3o. nota (a). Lea-se = nota (e).
24 ao que Lea-se = a º que
13. crueldade. Lea-se —= crueldade.
15. a contecer Lea-se = acontecer
§ 6. assime Lea-se = assim
1. ( ) Lea-se = (...)
6. Virgulas Lea-se = Virgula
26. coma Lea-se = consº
33. e um resto Lea-se = é um resto
3.2. cºmido; Lea-se = cºmido;
< 1. estadoimperfeito: Lea-se = estado
imperfeito:
••5)-|
·|
º (3x) { suºna º tºpulaº tou na º așa º forța º „A º "A : »ısa ouuoº spen so º º wºul º repur º teului
× º 21 º.rº/I º 21 : sºleſnºei oſs sagossºa so :To5xuosº ou sopeuæpap ogog souna soņuguI,-
C)--
ſ-,ºutput-ºtºpin-ºroumi-ºut-ºtºn-ººpmryddy*…*1) ºrºs oqușa op o oſa
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fºnteyn ſa pagisnºP » ºsº96eog!!vd » º sešte,*} ºnb º autºputây noaſt
º soº ranºpinayºow offusenſajsºlº
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reputa (or, ſä -A*2x3 º epwț¢ve,
-ºp as ºpuoP * toprſnø og ţiap so uſste și(9)•
ººpºſ^y sopra
DA GRAMMATICA PORTUG EZA.

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ºrºs , ‘‘fººs ‘‘reºs “ºrtºrp-1 º enpr., ºgy „ºopp
ºpºssed op sold!, ¡urg •souţdnş
*optºsº ºpuſſns º «puſauss •ºpvſºpuſ º «purpoqº ºpuſAº «pur
·
· *** å op •!dºſura • • ſoffunny
)^_^ ^~~^—^~~~~)--~~~~
~ ~…--~~~~=====-- —
~--~~~~ ~~–
~~~~)^—^- ^-~~~~^ —~~~~`-``r ~~~~ ~~
PC 5066 Moraes e Silva
• M82 Epito me da
Grammatica, da
Lingua Portugueza

} 5
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à Po I't Uguez

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*** CHICAGo LIBR
P05066.M82 c.1
Epitome da grammatica da lingua port

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085 100 681
UNIVERSIT- OF CHICAGO

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