Sunteți pe pagina 1din 5

ARTIGO ORIGINAL

DESENV OL
DESENVOL VIMENTO DE P
OLVIMENTO AR
PAR AFUSOS DE OSSO
ARAFUSOS
BO
BOVINO: GEM E ESTUDO
USINAGEM
VINO: MÉTODO DE USINA
METROLÓGICO COM PROJETOR DE PERFIL
BOVINE BONE SCREWS DEVELOPMENT: MACHINING METHOD AND METROLOGICAL
STUDY WITH PROFILE PROJECTOR

DAVI P. HAJE¹; JOSÉ B. VOLPON²

RESUMO SUMMARY
Parafusos confeccionados de osso são pouco estudados Screws made of bone are little studied in literature. Structural,
na literatura. Aspectos estruturais, mecânicos e relativos a mechanical and osseointegration/ osteoinduction-related
osteointegração e osteoindução são importantes tópicos aspects are important research topics to be addressed prior
de pesquisa a serem abrangidos previamente ao uso in to the use of in vivo bone grafts. However, the first issue that
vivo de implantes de osso. Entretanto, o fator inicial a ser should be addressed is the machineability of bone tissues.
avaliado é a usinabilidade do tecido ósseo. Outro ponto de Another relevant issue is regarding the feasibility of building
relevância é a verificação da praticabilidade de confeccio- bone screws in pre-determined dimensions. In those
nar parafusos ósseos de dimensões pré-estabelecidas. researches, screws were made of cortical bone samples
Nestas pesquisas, os parafusos foram confeccionados a removed from the medial-diaphyseal portion of bovine tibiae
partir de amostras de osso cortical retiradas de forma pa- in a standardized fashion. Bone machining was performed in
dronizada da porção médio-diafisária da tíbia bovina. A a horizontal lathe by using two pieces of tool: steel bits and
usinagem do osso foi realizada em torno horizontal com aluminum-oxide tip-mounted grindstone, producing 22
uso de duas ferramentas: bits de aço e rebolo de ponta screws. The evaluation of bone screws’ dimensions was
montada de óxido de alumínio, produzindo-se 22 parafu- performed in a profile projector, taking 10 metal screws as
sos. A avaliação das dimensões dos parafusos ósseos foi reference. In general, the metrological analysis showed no
realizada em projetor de perfil, tendo-se como referência significant changes within bone and metal screws groups.
10 parafusos metálicos. De forma geral a análise metrológi- Major dimensional problems found in both screw groups were:
ca não mostrou variações significativas dentro do grupo very high alpha angles in bone grafts and similar metal grafts
dos parafusos ósseos e metálicos. Os principais problemas presenting a body diameter in a much lower value than
dimensionais encontrados nos dois grupos de parafusos fo- expected. We concluded that bone tissue is machineable and
ram: ângulos alfa muito elevados nos implantes ósseos e os the production of screws with pre-defined dimensions was
similares metálicos apresentaram um diâmetro de corpo com shown to be possible in the bone.
valor muito abaixo do esperado. Concluímos que o tecido ós-
seo foi usinável e a confecção de parafusos de dimensões pré- Keywords: Bone screws; Biomedical Engineering; Biome-
estabelecidas, mostrou-se possível no osso. chanics.

Descritores: Parafusos ósseos; Engenharia Biomédica;


Biomecânica.

INTRODUÇÃO A possibilidade de um material de osteossíntese possuir


O metal é o material classicamente utilizado na confecção as mesmas propriedades de um enxerto ósseo, ou seja,
de parafusos(1). A busca de biomateriais alternativos ao ser osteoindutor, osteocondutor e possuir células osteo-
metal para confeccionar implantes cirúrgicos, como os progenitoras, é um atrativo muito interessante. Além dis-
polímeros biodegradáveis, a cerâmica e os derivados do so, parafusos de osso provavelmente irão favorecer a ci-
óleo da mamona, ocorre devido a problemas de biocom- catrização óssea, permitindo micromovimentos na linha
patibilidade, osteointegração e relacionados com um mó- de fratura ou osteotomia, diminuindo a osteopenia peri-
dulo de elasticidade acima do ideal2-8,). implante.

Trabalho realizado no Departamento de Biomecânica, Medicina e Reabilitação do Aparelho Locomotor, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.

Endereço para correspondência: SHIS QL 12 conjunto 10 casa 18, Bairro: Lago Sul - CEP: 71630-305 - Brasília-DF - e-mail: davihaje@yahoo.com.br

1. Doutor em Ortopedia pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo; Ortopedista e Preceptor de Residência Médica do Hospital de Base do Distrito
Federal
2. Professor Titular, Departamento de Biomecânica, Medicina e Reabilitação do Aparelho Locomotor, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.

Trabalho recebido em: 18/11/05 aprovado em 23/01/06

ACTA ORTOP BRAS 14(2) - 2006 87


Poucos trabalhos na literatura, a maioria deles experimen- A confecção das roscas foi realizada com o uso de um
tal, relatam a possibilidade de uso de parafusos confecci- rebolo de ponta montada de óxido de alumínio rosa (gru-
onados de osso homólogo ou heterólogo(9-15). po B-71, Brasilex®, Brasil), angulado 35° em relação ao
Previamente à produção de parafusos de osso é imperati- cilindro (Figura 5A). Esse rebolo foi acoplado a um motor
vo verificar se o tecido ósseo é usinável, sendo necessária de suspensão (Fava®, Brasil), fixado ao carro superior do
a seleção de um conjunto máquina-ferramenta adequado torno horizontal, sendo o movimento resultante de corte
para a produção desse tipo de implante. Outro ponto im- obtido pelos movimentos de corte (produzido pela rota-
portante é avaliar a praticabilidade de confeccionar para- ção da peça óssea) e de avanço (movimento da máqui-
fusos ósseos de dimensões pré-estabelecidas, dentro de na-ferramenta), associados à rotação uniaxial do rebolo.
um padrão de qualidade aceitável para parafusos cirúrgicos. As roscas se estenderam por 22 mm nos parafusos, com
um diâmetro interno de 3 mm.
MATERIAIS E MÉTODOS As cabeças dos parafusos e dos cilindros com cabeças
A confecção de parafusos de osso foi realizada com uso de em ambas extremidades possuíam o formato de um qua-
amostras retiradas da porção médio-diafisária da tíbia bo- drilátero, com arestas de 7 mm e comprimento de 10
vina, de animais jovens. Essas amostras ósseas foram pre- mm. A confecção da cabeça foi realizada utilizando
® duas serras metálicas paralelas, equidistantes 7 mm
sas ao mandril do torno horizontal (NDT 650, Nardini , Bra-
sil), mantendo-se a extremidade distal centrada na contra- (Figura 5B).
ponta. Uma ferramenta de aço (bits quadrado, de aço rápi- Como grupo de referência foram utilizados 10 parafusos
do com 12% de cobalto, Steelma Ster®, Estados Unidos) de aço (Figura 6), tipo vástago, cedidos pela empresa
utilizada na usinagem foi fixada no porta-ferramenta do tor- Baumer® (Tabela 1).
no, ficando a ponta da ferramenta aproximadamente na Para a verificação da qualidade da confecção de roscas
altura do centro da peça óssea. e de dimensões padronizadas
Os ângulos de cunha, de saída do no osso, em comparação com
cavaco e de incidência principal modelos metálicos, foi utilizado
ou de folga foram, aproximada- um projetor de perfil de médio
mente, 68°, 8° e 14°, respectiva- porte (Prazis®, Argentina) do La-
mente. A Figura 1 ilustra esses boratório de Ensaios Mecânicos
ângulos. A peça óssea foi girada do Centro Estadual de Educa-
(movimento de corte) a 500 rpm e ção Tecnológica Paula Souza de
o operador do torno fazia avançar Ribeirão Preto, com lente de au-
a ferramenta contra a peça óssea mento de 10 vezes (Figura 7A).
(movimento de avanço), sendo o O projetor de perfil continha
controle dos avanços realizado uma base, onde os parafusos,
por meio de anéis graduados (co- um por vez, foram fixados em um
lares micrométricos), com retira- Figura 1 – Ilustração esquemática dos ângulos de cunha, acessório, que permitiu a sus-
da progressiva de camadas de de saída do cavaco e de incidência principal ou de folga pensão da parte a ser analisa-
da ferramenta (bits) utilizada na usinagem do osso.
osso, até ser obtida uma da, que foi projetada em
peça cilíndrica com diâme- A C uma tela circular. Foram
tro de 4,5 mm (Figura 2). realizadas medições das
Essas peças de osso bovino dimensões dos parafu-
foram utilizadas na produção sos por meio de uma lei-
de 22 parafusos (Figura 3). tura digital eletrônica de
A confecção das roscas 0,001 mm, com uma pre-
seguiu a norma NBR ISO cisão de projeção de +
5835 (16), da Associação B 0,15% e + 0,10 % para os
Brasileira de Normas Téc- modos episcopia* e dias-
nicas (ABNT) (1996), que copia**, respectivamen-
refere, entre outras, para te (Figura 7B e 7C). Para
parafusos de rosca rasa, a aferição da inclinação
de 4,5 mm de diâmetro de das roscas foi utilizado
rosca: 1- ângulos α e β um anteparo goniométri-
com valores de 35° e 3°, Figura 2 – Ilustração dos principais passos para a obtenção dos parafusos co com leitura digital ele-
respectivamente; 2 - pas- no torno. A amostra óssea foi presa ao mandril do torno horizontal, trônica de 0,01° e capa-
mantendo-se a extremidade distal centrada na contra-ponta (A). A
so de 1,75 mm; e 3 - ápice ferramenta de aço foi avançada contra a peça óssea, com retirada cidade de + 370°, com li-
da rosca com comprimen- progressiva de camadas de osso (B), até ser obtida uma pela cilíndrica nhas de referência seg-
to de 0,1 mm (Figura 4). com diâmetro de 4,5 mm (C). mentadas.

(Footnotes) * Projeção da imagem refletida do objeto. ** Projeção da sombra do objeto.

88 ACTA ORTOP BRAS 14(2) - 2006


Foram avaliados os seguintes pa- Quanto à avaliação da integridade da
râmetros: superfície das roscas, verificamos que
1 - Dimensões: quatro parafusos de osso apresenta-
a. diâmetro do corpo (porção proxi- ram irregularidades em um a quatro
mal não rosqueada); passos de roscas, e os parafusos me-
b. diâmetro interno; tálicos não apresentaram alterações
c. altura do filete de rosca; na avaliação deste parâmetro. A Fi-
d. comprimento do passo; gura 8 ilustra a superfície irregular das
e. comprimento dos ápices das ros- roscas de um parafuso ósseo.
Figura 3 – Parafuso ósseo obtido.
cas. Na comparação entre o grupo de pa-
2 - Inclinação da rosca: rafusos ósseos e os metálicos, ob-
a. ângulo alfa; servamos diferenças estatísticas
(p<0,05) nos seguintes parâme-
b. ângulo beta.
tros: diâmetro do corpo e ângulo
3 - Integridade da superfície alfa.
das roscas.
Os parâmetros avaliados foram DISCUSSÃO
obtidos pela leitura em pontos Usinagem: as ferramentas das
aleatórios de cada parafuso. máquinas operatrizes utilizadas
na confecção de objetos podem
A integridade da superfície das
roscas foi avaliada sob episcopia ser de aço rápido, metal duro ou
e diascopia, sendo o restante dos diamantadas, e com geometrias
Figura 4 – Ilustração dos ângulos α (35°) e β (3°), do variadas, sendo que o formato da
parâmetros avaliados apenas sob passo (p = 1,75 mm) e do comprimento do ápice da
diascopia. rosca (e = 0,1 mm). Fonte: ABNT (1996).
ponta da ferramenta deve variar
conforme a natureza do trabalho
Análise estatística A e do próprio material a ser usinado.
No estudo metrológico, a compara- Se a ponta da ferramenta não estiver
ção entre os grupos de parafusos (ós- de acordo com a técnica, essa ferra-
seos x metálicos) foi realizada utilizan- menta é colocada em risco e não é
do-se o teste “t” para amostras inde- obtido o rendimento máximo(17). No
pendentes, pois em nenhum grupo e processo de usinagem, considera-
para nenhuma variável foi rejeitada a mos o osso, submetido ao torneamen-
hipótese de normalidade dos dados. to, como material macio e, por essa
B razão, utilizamos um ângulo de cunha
RESULTADOS menor e um ângulo de saída maior
Os resultados das medidas médias em relação ao normalmente utilizado
dos parâmetros avaliados na proje- para um material duro. Caso tivésse-
ção de perfil dos parafusos são mos- mos trabalhado com material duro, o
trados na Tabela 2. ângulo de cunha deveria ter sido
Foi verificado que em sete parafusos grande para que a ferramenta pudes-
de osso ocorreram variações na altu- Figura 5 - A - A confecção das roscas foi se resistir, e o ângulo de saída menor,
ra de 11 roscas, sendo oito com mai- realizada com um rebolo de ponta montada de pois o material duro desprende me-
óxido de alumínio. B - A confecção da cabeça nos fragmentos que o mole no pro-
or (média de 0,066 mm) e três com dos parafusos e cilindros com extremidades
menor comprimento (média de 0,064 quadradas foi realizada utilizando duas serras cesso de usinagem. Na porção inferi-
mm) em relação à altura dos filetes metálicas paralelas, equidistantes 7 mm. or da peça usinada, entre essa e a
de roscas adjacentes. Os parafusos ferramenta, foi deixado um espaço,
metálicos não mostraram variações chamado ângulo de folga, para evitar
nas alturas dos filetes de roscas para que houvesse atrito excessivo com a
um mesmo parafuso. peça em rotação.
Todos os parafusos ósseos apresenta- Mora(13) afirmou que, para a usinagem
ram variação no comprimento médio de parafusos ósseos, não se faz ne-
do ápice de suas roscas, com diferen- cessária a utilização de ferramentas
ças na ordem de décimo ou centésimo de alto nível de qualidade no seu
de milímetros para roscas de um mes- gume principal (como as de diaman-
mo parafuso. Não foram observadas al- te), já que a superfície usinada dese-
terações nesse parâmetro para roscas Figura 6 - Parafuso metálico de rosca rasa jável para facilitar a osteointegração,
de um mesmo parafuso metálico. tipo vástago. provavelmente, deve ser rugosa, o

ACTA ORTOP BRAS 14(2) - 2006 89


que é conseguido com ferra- ou na sua inserção com a cha-
mentas de baixo custo. ve sextavada.
Consideramos que o material A medição técnica é um pro-
do rebolo (óxido de alumínio) cesso importante a ser reali-
utilizado na confecção das ros- zado durante ou após o pro-
cas talvez não tenha sido o ide- cesso de produção dos para-
al para esse papel, pois, segun- fusos ósseos, podendo ser
do Cunha(17), quando se empre- uma forma de controle de qua-
gam rebolos de óxido de alu- lidade.
mínio em materiais de baixa re- O projetor de perfil foi consi-
sistência à tração, eles se em- derado um bom instrumento
botam rapidamente, isto é, per- de medição, pois assegurou a
dem o corte ou se emplastam. possibilidade de serem aferi-
Realizamos a usinagem dos cor- das as dimensões dos parafu-
pos de prova com um movimen- Tabela 1 – Especificações técnicas dos parafusos de osso sos com precisão de até al-
to de corte considerado baixo bovino e seu correspondente metálico. guns micrômetros (0,001 mm),
(500 rpm) para evitar o aqueci- além de ter sido de fácil ma-
mento excessivo do osso. A B nuseio. Apesar de não terem
Consideramos que estudos sido encontradas medidas
adicionais são necessários exatas, quando foram verifica-
para o desenvolvimento de das e comparadas as dimen-
instrumental adequado para sões dos 32 parafusos ósseos
a confecção de parafusos de e metálicos, consideramos
osso e que devem ser criadas que eles apresentaram varia-
C
normas específicas para a ções dentro de limites compa-
produção de implantes com tíveis com a literatura. Köberle
esse tipo de material. et al.(19), após realizarem uma
Visando a um maior refina- avaliação metrológica de pa-
mento dos parafusos ósseos, rafusos de diversas empresas
outro aspecto a ser trabalha- fornecedoras de material cirúr-
do é a qualidade da subes- Figura 7 – Avaliação metrológica dos parafusos. Projetor de gico ortopédico, não encon-
trutura ou da base do torno, perfil (A). B - Imagem obtida no modo episcopia e, C – imagem traram implantes que apre-
que deve idealmente possuir obtida no modo diascopia. sentassem todas as dimen-
alta rigidez à flexão e à torção sões prescritas pela norma.
e baixo coeficiente de dilata- Uhthoff(20) encontrou diferença
ção térmica. Uma caracterís- no diâmetro de roscas ao lon-
tica importante no comporta- go de um mesmo parafuso
mento dinâmico de subestru- metálico de até 70 µm, e de
turas de máquinas-ferramen- 180 µm, entre fabricantes di-
tas está associada à vibração ferentes.
auto-excitada gerada duran- Em nosso estudo, os valores
te o processo de usinagem. Tais médios do diâmetro interno e
vibrações provocam níveis de do passo da rosca dos dois
amplitude de deslocamento re- grupos de parafusos avalia-
lativo entre a ferramenta de corte Tabela 2 – Resultados de alguns parâmetros avaliados na dos foram muito próximos aos
e a peça trabalhada que com- projeção de perfil dos parafusos, com as respectivas médias e valores estipulados pela nor-
prometem o acabamento super- desvios padrões. ma NBR ISO 5835(16). As alturas
ficial e as tolerâncias dimensio- de filetes de roscas adjacentes
nais exigidas no processo de fabricação da peça acabada(18). apresentaram variações mínimas, da ordem de centésimo de
Análise metrológica: utilizamos a norma NBR ISO 5835(16) milímetros, que foram consideradas insignificantes.
da ABNT (1996) para a definir as dimensões dos parafusos Ambos os parafusos, metálicos e ósseos, no presente estu-
ósseos pela inexistência de normas específicas para este do, apresentaram valores de comprimento de ápice da ros-
tipo de material. Não foi possível seguir todos os aspectos ca e ângulo β significativamente superiores em relação ao
(21)
da norma, principalmente aqueles relacionados com a di- valor teoricamente ideal. Segundo Belangero e Mariolani
mensão da cabeça do parafuso, já que ela foi estabelecida o valor do ângulo β deve ser o mais próximo possível de
para cabeças com conexão para chave hexagonal. A con- zero, para que a parte superior do filete de rosca do parafu-
fecção do parafuso ósseo com este tipo de cabeça prova- so tenha maior área de contato com o tecido ósseo e, por-
velmente levaria à quebra do osso durante sua usinagem tanto, maior resistência ao arrancamento. Esses mesmos
90 ACTA ORTOP BRAS 14(2) - 2006
autores, após realizarem ensaios fabricação de parafusos metálicos
mecânicos em parafusos metáli- é difícil e requer equipamento de
cos de 4,5 mm, verificaram que o alta precisão, com rigoroso con-
parafuso com maior ângulo β foi o trole de qualidade. Para o osso,
que mais resistiu à força de arran- isto provavelmente seria ainda
camento e consideraram que ou- mais difícil de ser conseguido.
tros fatores foram a causa desse Não observamos variações signi-
resultado controverso. Em nosso ficativas dos parâmetros dimensi-
estudo, os parafusos metálicos es- onais analisados dentro do grupo
tavam com o diâmetro do corpo, dos parafusos feitos de osso e
em média, dois décimos de milí- metálicos, o que foi constatado
metro abaixo do valor estabeleci- pelo pequeno desvio padrão das
do pela norma da ABNT, o que, se- variáveis medidas. Entretanto, a
gundo Belangero e Mariolani(21), Figura 8 – Detalhe da projeção de perfil de parafuso aferição dos parâmetros dimensi-
pode influenciar na força de arran- ósseo, apresentando duas roscas adjacentes com onais em mais locais de um mes-
irregularidades em sua superfície (setas).
camento. Estes autores encontra- mo parafuso poderia ter melhora-
ram que essa propriedade mecânica foi significativamente do a precisão da análise metrológica, mas não de forma
superior para o parafuso com maior diâmetro externo. Be- significativa.
langero e Mariolani(21) relataram, ainda, que rosqueadores e
parafusos com diâmetros interno e de rosca diferentes dos CONCLUSÕES
padronizados podem influenciar na força de arrancamento Realizando uma avaliação geral dos resultados da proje-
do parafuso. ção de perfil, consideramos que a confecção de parafusos
A presença de ângulos α e β elevados, fora de padrões consi- de dimensões pré-estabelecidas, mostrou-se possível no
derados ideais, mostrou que o ápice da ferramenta utilizada osso, apresentando padrão de qualidade dimensional com-
(rebolo de ponta montada), provavelmente, não tinha um for- parável com modelo metálico similar. Além disso, no pro-
mato ideal, ou não foi angulado de forma ideal em relação ao cesso de usinagem de parafusos de osso, consideramos
osso durante o processo de usinagem. factível copiar modelos metálicos e obedecer a normas técnicas.
Consideramos que os defeitos de fabricação de parafusos
ósseos detectados no presente trabalho, como dimensões
ligeiramente fora dos valores estipulados e irregularidades AGRADECIMENTOS
na suas superfícies, provavelmente poderão ser minimiza- Agradecemos a Oficina Mecânica de Precisão da Prefeitu-
dos com o aprimoramento do processo de usinagem. To- ra do Campus de Ribeirão Preto (USP) pela confecção dos
davia, valores dimensionais seguindo rigorosamente as nor- parafusos ósseos e ao Centro Estadual de Educação Tec-
mas dificilmente serão conseguidos. Schnider(22) relata que nológica Paula Souza (ETE José Martimiamo da Silva) de
a manutenção dos ângulos β e α durante o processo de Ribeirão Preto pelo uso do projetor de perfil.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Russell TA. Princípios Gerais do Tratamento das Fraturas. In: Crenshaw A H. 12. Gallie WE. The use of boiled bone in operative surgery. Am J Orthop Surg. 1918;
Campbell‘s operative ortophaedics. Tradução de Fernando Gomes do 16:373.
Nascimento. 8a. ed. São Paulo: Malone;1996. p.771-834. 13. Mora FAR. Fabricação de implantes ortopédicos a partir da usinagem de osso
2. Fischer-Brandies E, Zeintl W, Schramel P, Benner KU. Zum Nacheis von Titan im humano [tese]. Florianópolis: Departamento de Engenharia Mecânica, Universi-
Organismus bei temporärer Alloplastik. Dtsch Zahnärztl Z. 1992; 47:526. dade Federal de Santa Catarina; 2000.
3. Mcauley JP, Gow KV, Covert A, Mcdermott AG, Wabsley RH. Analysis of a Lane – 14. Obwegeser JA. Bioconvertible screws made of allogenic cortical bone for oste-
plane internal fixation device after 64 years in vivo. Can J Surg. 1987; 30:424-7. osynthesis following sagittal split ramus osteotomy without postoperative immobi-
4. Moberg LE, Nordenram A, Kjellmann O. Metal release from plates used in jaw lization. J Craniomaxillofac Surg. 1994; 22:63-75.
fracture treatment. A pilot study. Int J Oral Maxillofac Surg. 1989; 18:311-4. 15. Rano AJ, Savoy-Moore RT, Fallat LM. Strength comparison of allogenic bone screws,
5. Schliephake H, Reiss G, Urban R, Neukam FW, Guckel S. Metal release from tita- bioabsorbable screws, and stainless steel screw fixation. J Foot Ankle Surg. 2002;
nium fixtures during placement in the mandible: an experimental study. Int J Oral 41:6-15.
Maxillofac Implants. 1993; 8:502-11. 16. Associação Brasileira de Normas Técnicas [ABNT]. NBR ISO 5835: Implantes
6. Schroeder HA, Balassa JJ, Tipton IH. Abnormal trace metals in man: Titanium. J para cirurgia – parafusos ósseos metálicos com conexão para chave hexagonal,
Chronic Dis. 1964; 17:483-502. parte inferior da cabeça de forma esférica e rosca assimétrica – dimensões. São
7. Tonino AJ, Davidson CL, Klopper PJ, Linclau LA. Protection from stress in bone and Paulo: ABNT, 1996.
its effects: experiments with stainless steel and plastic plates in dogs. J Bone Joint 17. Cunha LS. Manual prático do mecânico. 7a. ed. São Paulo: Hemus; 1972.
Surg. 1976; 58:107-113. 18. Lintz RCC. Estudo de materiais alternativos para fabricação de estruturas de
8. Uhthoff HK, Finnegan M. The effects of metal plates on post-traumatic remodeling máquinas-ferramenta [tese]. Campinas: Faculdade de Engenharia Mecânica,
and bone mass. J Bone Joint Surg. 1983; 65:66-71. Universidade Estadual de Campinas; 2003.
9. Actis A, Obwegeser J, Bertolotto P. Effects of enzymatic treatments on the biome- 19. Köberle G, Camargo Junior JN, Sugimori N. Avaliação metrológica de parafusos
chanical properties of screws made of bone. J Biomater Appl. 2003; 17: 207-19. corticais. Rev Bras Ortop. 1983; 18:141-5.
10. Actis A, Obwegeser J, Rupérez C. Influence of different sterilization procedures 20. Uhthoof HK. Mechanical factors influencing de holding power of screws in com-
and partial demineralization of screws made of bone on their mechanical proper- pact bone. J Bone Joint Surg Br. 1973; 55:633-9.
ties. J Biomater Appl. 2004; 18:193-207. 21. Belangero WD, Mariolani JRL. Influência da geometria de parafusos corticais AO
11. Bento AB. Análise de resistência mecânica em implantes de osso – um enfoque quanto ao arrancamento “in vitro”. Rev Bras Ortop. 1992; 27:177-9.
numérico e experimental [dissertação]. Florianópolis: Departamento de Enge- 22. Schnider K. Dreherei und Chirurgie. Feinwektechnik Messtechnik.1989;
nharia Mecânica, Universidade de Santa Catarina; 2003. 97:28-30.

ACTA ORTOP BRAS 14(2) - 2006 91

S-ar putea să vă placă și