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apenas de elaborar outras categorias (ou existenciais) para Gescrever esse ente cuja existéncia caracteriza seu modo @ precisamente a tarefa da qual se encarrega a analitica existencial e a Daseinsandlise. B. Analitica existencial e Daseinsandlise © termo “Daseinsandlise” n&o aparece em Sere ges que foram feitas das obras de Binswanger. Mas essa denominacéo ¢ em sua origem um contrassenso sobre 0 primeiras tradugées feitas de alguns capitulos de Sere Tempo por Henry Corbin em 1938"; depois por “étre-la" (ser-ai) na primeira traducdo, de Rudolf Boehm e Al- phonse De Waclhens, da primeira seco de Sere Tempo 67. M. Heidegger, Qu'est-ce que la métaphysique ? sui d'estraits sur etre et le temps et d'une conférence sur Holderin, trad. par H. Corbin, Paris, Gallimard, 1938. Ver o prefacio do tradutor, p13. 34 em 1964. Antes, entdo, de se chegar & questdo sobre concepgao do ser do homem. 1. A concepgao heideggeriana do ser do homem A palavra Dasein aparece na lingua alema no século XVIII, no momento em que se buscou traduzir a palavra latina existentia. Nesse contexto, ela tem o sentido de o “ser ai” ou “estar ai” de algo, ou seja, de sua presenga efetiva ¢ de sua factualidade, em oposigao 4 sua “quididade” ou esséncia, segundo a oposicao tradicional que a filosofia grega classica estabeleceu entre existéncia ¢ esséncia. Heidegger, porém, que designa com essa palavra exclu- GB. M. Heidegger, Questo que la métaphysique? Suivi Vextraits sur etre ot le temps et d'une conférence sur Hélderkin, trad. de H. Corbin, Paris, Gallimard, 1938. Cf. Prefacio do tradutor, p. 13. 1965 por Emmanuel Martineau pela Editions Authentica. A paginacao do texto original alemao esta indicada na margem nas trés tradugées. 70. Ibid., § 11, p. 83 (50). 71, HEIDEGGER, Questions |, Paris, Gallimard, 1958, p. 32. 35 sivamente o ser do homem, the dé um novo sentido, em que 0 acento nao se poe mais no simples fato de ser ai, mas na relagéo intrinseca do homem com o ser, de modo que o homem pode ser compreendido como 0“ “sitio” da compreensao de ser. Essa é a razdo Heidegger se opos a traducao literal de Dasein por “ser-ai como ele ja tinha explicado numa carta a Jean Beaufret em novembro de 1945: “Da-sein é uma palavra-chave de meu pensamento, ela também dé lugar a graves erros de interpretagao. ‘Da-sein’ nao significa para eu puder m m duvide Foal) ¢ le lh € precisamente sudtheis: deevelamento abereure” © Eine sominario que tle realizou em colaboragao com Eugen Fink durante 0 inverno de 1966-1967, ele explicou novamente que, com tal tradugdo, “tudo o que tinha side conguistado em Sere tempo como nova posieao ve perde nessa obra Dasein vem escrito Da-se Nia’ (onl) “és clareira ea abertura do Se enpoe™. A quesiao para ele era arrancar esse termo do entido que ele tem na lingua alema corrente, na qual ele Seatgna g presenca cletva de algo, fm de Ihe dar anova Signiflcacdo do ser aberto ao ser do homem. G objetivo que Heidegger procurava alcangar em Ser e tempo consistia, na verdade, em pensar : ova © ar do hometn, cujas definigoes tradicional pareclam ineuficientes no que diz reepeito ao que consti- Pai verdadeira eepectficidade do ser humano, Ba razio baie Gual'cle comega a rechagar todos os nomes que no Gadigao flosofica para designar o que io Go homem. Assim, ele declara que os Heer giBte! telmar, “consciencia™, “esplritor,-pessoa” ‘eenOininasn todos setores determinados do fenémeno” wumaisme, p. 183-185. féractite, trad. do J. Launay e P. Lévy, Paris, 36 em questo, mas que “seu emprego anda sempre de mtox dadas com um notavel esquecimento da necessidade de por fem questo o ente assim designado™. E isso que explica que esses termos devam ser evitados, assim como as ex- pressdes “vida" e “homem’” “para designar o ente que nos mesmos somos"”. O principal cuidado de Heidegger nessa primeira segao da obra, consagrada a “analise fundamental Preparatoria do Dasein”, é delimitar 0 Dasein com relacao Rantropologia, a psicologia e a biologia. Esses dominios de pesquisa, cujos fundamentos permanecem néo esclareci- Gos € que nao respondem a questiio do modo de serdo ser humano. Nao ha, na verdade, nenhuma ambiguidade ai: fo que Heidegger busca como objetivo final de sua pesqui- sa ndo a determinagao do ser do homem. Ao contrario, como ele cuidara de precisar em seguida, a analitica do ‘Dasein é uma interpretagao ontolégica do ser do homem como Dasein que nao tem seu fim em si mesmo, mas que permanece, ao contrério, “a servico da questéo condutora Everdade do ser", Isso nao ¢ claramente percebido por todos que condenam Heidegger por no ter levado em conta em Ser e tempo todos o8 aspectos da existéncia humana e Ge ter se silenciado sobre este ou aquele fendmeno julgndo ‘por eles essencial para a compreensdo do ser do homem. Ro entanto, Heidegger deixou claro e explicito em Sere tempo que a analitica do Dasein no tem como objetivo totabelecer as bases ontolégicas da antropologia, mas tem {inicamente como fim a ontologia fundamental”, a saber, O estabelecimento da base ontolégica com o fundamento ‘s ontologias regionais podem em seguida se ¢s- tabel ‘Como explica Heidegger, dado que “ao Dasein pertence ser num mundo”, a compreensao disso que & Dasein envolve igualmente a compreensao do mundo € do 76. Bre at temps, 8 10, p 78 (96). 77. id. 78, HEIDEGGER, Questions 1 p. 32 79. Bure et (200). Cf. DASTUR, Heideave et ia question Linihropologique (Heidegger ¢ @ questo antropologice), Louvein-Pass, Peeters, 2003. 80, Ibid, 84, p. 9 ser dos entes pertencentes ao mundo, de modo que “as ontologias que tem por tema o ente cujo modo de ser nae € da ordem do Dasein” sdo, consequentemente, fundadas sobre a estrutura deste ultimo". fem como objetivo explicitar @ constituigao ontolégica do homem, mas, como o que ha de decisivo nessa constituicdo ontologica é a compreensao do ser, essa andlise preparatéria de um ente determina- do, o Dasein, pode permitir liberar o horizonte de uma compreensdo e de uma explicitagao do ser enquanto tal A incompletude da analitica do Dasein, ou scja, 0 fato de que ela nao se prende a explicagéo da totalidade das estruturas do ser do Daseinw, nao poderia ser reprovada como um defeito, porque é por principio que ela se limita & explicagdo apenas dos existenciais que server diretamente para a elaboracao da questao do ser. A andlise do Dasein tem, assim, a sua maior importancia no que reconhece ao Dasein, entre todos os entes, o privilégio de poder com- preender 0 ser. O que o distingue de uma simples coisa €0 fato de que “ele se relaciona em seu ser com esse ser mesmo”. E € esse ser mesmo com 0 qual ele se relaciona sempre de uma maneira ou de outra que Heidegger chama de “existéncia” (Existenz), reservando, assim, esse termo & designacao do modo de ser do homem. Como Heidegger explica novame: sua introducao de 1949 a"O que é ncia designa em Ser e tempo “a es- do Dasein”, dando, assim, a essa palavra the reconhecia Schelling, E ¢ justamente por conta dessa nocéo, que Schelling se opunha a Hegel, ao sublinhar a natureza extra-logica da existéncia. Schelling, contudo, nao empregava esse termo para designar uma dimensao fundamental do ser humano, ele o aplicava, a0 contrario, a Deus, que, para ele, ndo se contenta em ser, f titulo de fundamento primeiro, mas existe, no sentido de que Schelling faz Deus agir fora de si mesmo para cumprir Sua esséncia, de modo que a criacdo deva ser considerada aa me 82. CE. capitulo It, part 83. Dud, 84, p. 36 38 como uma autorrevelacdo de Deus ¢ nao como a fabri- cagao do grande obreiro, como se pensa habitualmente ©, portanto, falsamente, assimilando 0 ato criador 4 arte hi B se referindo a Kierkegaard, que frequentou ie Schelling em Berlim em 1841-42 e que sero PE a aplicar esse termo ao ser humane, que Heide- gger sublinha, ele também, que se trata de entender esse termo em seu sentido literal de ser (sistere) fora de si (ex). No entanto, é preciso ndo se deixar equivocar com 0 que Heidegger quer dizer aqui, lembrando que ele sempre se recusou a ver seu pensamento elencadio sob o rétulo de “filo- der a si mesmo em seu proprio ser, 0 Dasein tem no mesmo lance a capacidade de compreender 0 ser dos outros entes, E isso que Heidegger sente a necessidade de deixar bem claro, de modo a eliminar qualquer ambiguidade, numa anotaglo fadicionada a margem de seu exemplar pessoal de Sere tempo, sublinhando que “ser nao ee restringe aqui ao ser do homem {existencia), pols “0 ser-no-mundo inclui em sia relaglo da SSistencin com @ wer em ae todo: comprennat dee” mmpreendendo seu proprio ser, 0 Sarsi mesmo, mas, ao contrasio,justamente por iat, le et Sberto ao ser do ente que ele nao é. O homem ¢, para Heide eer, portanto, esse ser que esté constantemente em relacdo fom o ser de tudo o que €. & essa a raz pela qual ele s6 pode fe definir no modo do ser fora de si isto 6, como ex-sistence. 3a. CE FW. Schaling, Ooures Metaphyaiques (Obras Metafiicay, Paris, Gallimard, 1980, p. 18 tis o que ele eacreveu em 1937 a Jean Wahl: “Devo dizer mais ee ~ tendéncias filoséficas, ainda que se trate em Ser 86, Bre et temps, 8, p. 96 (12) (trad. mod.) 87, Ibid. , anotacho a. (trad. mod.) 39 Pode-se, a partir dat, definir a compreensio efetiva que de si mesmo como uma compreensdo existe. is80 que Heidegger chama de 3c Heideguer chama de existenciartiates Gone ito bem de sublinhar, cesee modow de ser Ge Daseinou existencins “dever ser caramente sopaceden doe determinagdes de ser do ente que no & da ondenae teen que chamamos de categorias" A diferengn entre cxistencied @existenciario deve ser particularmente sublinhads ake he de modo nenhum urn nivel eatencial sem fundamente sees © que se desenvolve de tal orientacao ontoldgica da problematica de Heidegger em Ser e tempo é que a analitica, do Dasein recebe ai uma fungao puramente metodolégica. Dizendo de outro modo, é justamente por ser o proprio Dasein que poe a questo do ser que o que esté em questao para ele ai, inicialmente, é se compreender a partir de seu proprio ser. Como Heidegger explica desde as primeiras paginas da intro- ducao, a elaboragao da questao do ser implica que um ente, precisamente aquele que questiona, se torne transparente a como Daseirr, Nao se trata aqui de dar um ponto de partida farbitnirio @ anslise ontoldgica, nem mesmo de proceder & eacotha de um ente exemplar sobre o qual se precisaria “ler” Paris, Gallimard, 1970, p. 186. 76 (132) (rad, mod) a ee ccre gates doa ne aaa iene do categérica no final do $7: "A ontolopia eee ¢ nema Como fencracncnge. egal He & pow! ants Groen de sagan: daiteeaer, emontando & noe Bete ameran aa ela de Fendmeno um ag ee eee hes eae ceases Terma que € os gab Teena cemteaste peivaten do fenémeno em ‘amenette, mtr como ca nko , a0 pans aus, no tures gota se masts tal come sla €Fenameto « dois a manifestacao seja Positiva seja negativa de uma soit maeacte sca posites aja negative de une us detigne fo contro, uma néo-maniestarte,O ave fenorena due tem fenato de adeno cue nko pode derteene’ aur elution “wry modo de snot none caracteriza a fenomenologia como tentativa de “fazer ver Seca eaten aa ere es i aoreene ots mero ia nao # onda sono, resale ol ri eee ar eects Sete eens eee renee Set reacts ene wager Per aa a, portant, pare i coe oculto € 0 que Heidegger chama de “ser” que deve se di inguir do ente que ¢ apenas imediatamente acessivel. no nos encontramos na perspectiva tradicional da diferenca entre ser ¢ aparecer, que compreende o ser como © que esta “atras” do que aparece e pertence a um mundo transcendental com rela¢ao a esse, pois o ente nao é uma “aparicdo” que anunciaria um ser nao suscetivel de levar a si mesmo ao aparecer. O ser é fendmeno e no apariclo (Phéinomen, nao Erscheinung) e deve, portanto, poder se mostrar sem a ajuda de outro fenémeno que o anunciaria, evitando, assim, todo recurso a distingao entre 0 “interior” ¢ 0 “exterior” de uma coisa ou entre sua esséncia e sua existéncia, pois essas iplicam que haveria ‘atras" da aparéncia de uma coisa sua verdadeira natureza. 2. Os dois niveis da analitica existencial © objetivo de Heidegger em Ser e tempo é, tal como ele explica no prefacio, “a interpretaao do tempo como horizonte possivel de toda compreensao do ser em geral’”. A obra deveria compreender duas partes, como 0 indica o plano que conclui a introducéio, mas sé as duas primeiras secdes da primeira parte seriam publicadas em 1927. Essas duas pri iras segdes tém exclusiva- mente como objeto a analitica do Dasein, que estabelece que 0 cuidado, cujo sentido é a temporalidade, ¢ 0 ser do Dasein, enquanto a terceira segao teria como tarefa chegar a mostrar que 0 horizonte da compreensao do ser “em geral” € 0 tempo. A analitica do Dasein tem, assim, de acordlo com 0 projeto ontolégico buscado por Heidegger, um carter preliminar. Ela consiste, num primeiro momento, em analisar a existéncia de fato do Dasein, sem partir de uma esséncia pressuposta ou de um ideal pré-delineado dele, mas deixando-o se mostrar tal como ele se apresenta na cotidianidade mediana, isto é, tal como ele de inicio e na maioria das vezes é, Este é 0 que constitui o objeto da ne none Gen eee 97. Tid, p. 21 (1) 98. Ibid, § 8, p. 67 (39) 43 primeira segdo, intitulado “a analitica fundamental prepa- Pitoria do Dasein”, Em seguida € possivel, num segundo a. Ser-no-mundo e cotidianidade Nessa primeira segéio, que tem como objeto a analise do Dasein cotidiano, Heidegger retoma, mas de maneira deine; ou seja, uma recompreensao do sentido pleno da 99 HCSSERL, La cree. 69h, p. 57 628, p 119. 100. HUSSERL, Expenénaa et jugemente, trad. ff. D. Souche-Degues, Passe, PUP, 1970, 8 10, p. 53, a mundana ¢ cotidiana que permanece, em seu exerci- vn manda 2 ct net nett partir de uma ideia filos6fica abstrata da existéncia, mas Go Dasein sob a forma indiferente na qual ele aparece jnicialmente e o mais frequentemente, pois “essa indife- inicialmente ¢ que nao cessa e néio cessou por todo 0 percurso da historia da filosofia de se perder de vista. Ee, TOI, Ch. Dastur, Le problame de Vexpérience antépredicatioe Fusse)(O _probiema da experiencia antepredicatva), La phéenoménaiogie en questions Paris, Vrin, 2004, p. 49-64, 102. Ibid., $11, p. 5S. 103. Btre et temps, § 9, p. 75 (43) (trad. mod.) 45 E Por isso que a tarefa ontologica consiste precisamente $M torné-la acessivel, caracterizando-a de forma resin cia, € mesmo no modo da impropriedade, reside a prot @ estrutura da existenciariedade”™, De fato, € a partir de seu ser improprio que © Dasein pode realmente remages @ se encontrar a si mesmo como ser proprio. laso porgue Como é necessdrio sublinhar sempre de novo, as ences Eigentlichkeit-Uneigentlichkett, que se traduzem ¢ pan eee quentemente por autenticidade- € 0 mais frequentemente é um si meamo no mode da dispersdo, um si mesmo coletivo e anénimo, um “a gente”, que, enquanto tal, nao conhece a distingao entre» eu ¢ 98 outros. £ unicamente sobre essa base que a existéncia pode se tornar um ser si mesmo propriamente, pois este Ultimo, Heidegger deixa claro, “nao repousa sobre nenhum estado de excecéo que ocorreria a um sujeito liberado do gente” da cotidianidade que constitui a determinacdo pri- meira e fundamental de toda existencia singular Certamente, nesse primeiro compreende a si mesmo a partir das coisas com as quais ele entra em relagdo de troca, ele se compreende como te @ vista (vorhanden), e € precisamente isso sua impropriedade. Esse ser cotidiano ¢ em si maneira de ser no mundo que se caracteriza, pelo fato de que ele é, assim, inteiramente absorvido pelas coisas com as quais ele se ocupa. E esse ser absorvido belo mundo de sua ocupagéo que Heidegger chama de Verfallenheit, decadéncia. No entanto, essa palavra nao tem o sentido de uma “queda” a partir de um estado mais original, porque € precisamente esse estado de absorcao Tos, Teid,, 76 (44), 105. Bid, $27, p. (130) 106, Ibid 107. Mid, $38 p. (175) 46 ome eo que €, ele sim, 0 estado original do ser humano. Em seu ser cotidiano, 0 existente nao cessa de ser-no-mundo, ainda que ele seja cego para a transcendencia que cle é © que ele nao consegue deixar de ser sem se negar a si mesmo como ex-istente. A possibilidade positiva da deca- déncia enquanto imersao no mundo encontra sua origem na fuga do Dasein diante de si mesmo e de seu poder ‘ser si mesmo propriamente=. Mas é precisamente aqui que néo se deve confundir existenciario e existencial: do Ponto de vista existencidrio, o Dasein, na fuga, se fecha a si mesmo para o Dasein proprio; mas no nivel existencial, esse fechar a si mesmo para o modo proprio permanece ainda uma abertura, ainda que sob o modo da privagéo, porque o Dasein foge de si mesmo, isto ¢, de sua propria singularidade. Nao obstante, fugir de si mesmo ¢ ainda estar confrontado consigo mesmo, pois, como sublinha Heidegger, “no que foge disso de que foge, o Dasein acaba precisamente correndo ‘atras’ de si mesmo”. Se essa confrontagao consigo mesmo nao é ainda, no nivel da | cotidianidade, nem percebida nem compreendida, 0 que escapa ai, a saber, o Dasein no que ele tem de proprio, “nao esta menos af, jé que ele se revela por esse desvio com relagao a si mesmo”. E exatamente na “decadéncia” da cotidianidade, nessa familiaridade que o liga as coisas de seu entorno, que o Dasein pode encontrar a possibilidade de se abrir ao que lhe € proprio, ou seja, um ser jogado no mundo, cujo modo existencial original é nao estar em casa em lugar nenhum. E, pois, esse sentimento de estrangeiridade que esta no fundamento da tomada de consciéncia de sua singularidade. b. O ser do Dasein como cuidado E na angustia ¢ por meio dela que tem lugar essa disposicéo afetiva particular q gue do 'medo por seu carter absolutamente indeterminado, no sentido de que isso que angustia no pode ser referido a nenhum. quanto tal. Se, por um lado, na cotidianidade, 0 mundo pode “se anunciar” exatamente quando a ocupacao ~ que sempre tem de tratar com um complexo de uns aos outros, com u: impedida, porque o ute como faltante ou com disposiao que a angustia é, 0 mundo se abre original e diretamente enquanto mundo. E, na verdade, proprio da disposicéo enquanto um existencial poder abrir o Dasein ao mundo na sua totalidade mais originalmente do que o poderia o olhar teorico: a disposic¢ao, essa que Heidegger nomeia como Befindlichkeit, termo que tem em alemao o duplo sentido de estar e de se sentir situado, ¢ um modo fundamental de abertura do Dasein ao mundo, ao seu proprio ser e aos outros Dasein. A primeira descoberta do mundo, devemo-la para o ser-no-mundo como tal. A angustia é, com efeito, sempre angustia diante de uma liberdade & qual 0 Dasein TiS id, 640 p B36387 eT) 114. Bid, 816. 118, Bid, § 40, p. 297 (188) (rad, mod.) caracteriza 0 oovje uma modificagao: 0 ser-em, que vimos o mundo que fade o sentido de um habitar, adquire er cote existencial do ndo-em-casa (Un-zuhause), © modalideds Gue a experiencia de nao estar em casa, da Se aoe ridade” (Unhetmlichkei), ainda é uma maneira “estrangetriMjagao easencial com 6 mundo. Essa maneira deter we undo sob © modo da estrangeiridade &, no oe eerie ponte de vista existencial e ontologico, “0 fe- caeate. Gaie original”, a partir do qual pode haver algo comnenenecr-nommunds sob o modo da familiaridade. A fuga que caracteriza o ser-caido , entao, fuga em diregao ee iasidade diante da estrangeiridade do Dasein en- Aamo langado no mundo. E diante disso que 0 Dasein qeenigustia, diante de seu ser-langado-no-mundo; ¢ por Too’ die ele se angustia, por seu poder-ser-no-mundo. OS aud permite aparccer 6 fenomeno da angastia tomado Cnitvew todo € inicialmente a inseparabilidade desses Gals cxiatenciaia que sao 0 ser-jogado (Geworfenheif) © © projeto (Entwurf, © que Heidegger nomeia agora come favticldade ¢ existencialidade™, enquanto estruturas de ser-no-mundo compreendidae agora como estruturas do Uunitario, Heidegger dao nome de euidado intento de despojar esse termo de toda cornea ome € moral, ede o tomar exclushamente sen ne ieee fico € existencial, Essa excotha nae Gee e Onto Pols cla pode se defender por meiods caer eg arerara, Pré-ontologica do Dasein™=, que atesta o fato de que c te compreende a m mesma toda interpretagao teonee © testemunho disso, Heidegger 0 encontra num: obra poética, numa tabula do pocts latino Hirer cae na tinha chamado a atencdo de Herder e de Gocthore na win as 0 Cuidado € visto como isso que posstlo hemen Por toda a sua vida, mas onde cle aparece tamber sen conexao com a concepeao do homem como umn compacta de materia (de terra) e de expirito. Alern diaso, Int cosa presenta o mesmo duplo sentido de cura e de cuidado ave mo Sorge, e Heidegger vé ai a designagao da conics ada estrutura essenciaimente dupla do projeto A luz desse testemunho pré-ontoldgico, a definicéo tradicional do homem como animal rationate aparece cols nao originaria, pois ela concebe 0 homer como um todo. Essa definigao determina ja de @ esséncia do homem a partir de um dominio particular do ent malidade. Decide-se, assim, de antemao a esséncia do homem que uma diferenca especifica, @ partir do momento e1 do pertencimento a razao. Mas que o homem é pensado como pertencente @ ordem da animalidade, nenhuma diferenga especifica que se possa acrescentar a ele podera fazé-la desaparecer. Como Heidegger aublinha na Carta sobre 0 lanismo, tal definigao do homem que o posiciona no reino ani 50 degger se esforga para mi trar, no §41, que 0 cuidado & querer, ao desejo, ao impulso € sobre a base de uma consideragao do que ¢ proprio a vida que se poder compreender o Dasein e seu cuidado, Heidegger rompe com a filosofia da vida que caracteriza a tendéncia mais marcante do pensamento alemao desde © romantismo. Ao fazer isso, Heidegger afirma com muita énfase que a andlise do Dasein nao poderia partir de uma biologia geral que compreenderia, a titulo de subconexdes, ‘a antropologia e a psicologia™. 0 biologismo nao pode certamente em nenhum caso dar conta do que constitui @ humanidade do homem. Ea biologia, ao contrario, que se funda na ontologia do Dasein, o que implica que uma ontologia da vida néo possa jamais ser realizada sendo pela via de uma interpretagdo privativa que teria como tarefa determinar 0 que é unicamente vivente a partir da experiéncia que 0 Dasein tem de sua propria existéncia™ . 3. Daseinsandlise e psiquiatria Como relembra Ludwig Biswanger no texto inti- tulado “Analitica do Dasein e psiquiatria” publicado em 1951, ¢ em 1946 que o psiquiatra suico utiliza pela pri- meira vez 0 termo Daseinsandlise na comunicagao que faz diante da sociedade suica de psiquiatria sobre “A direcao da pesquisa Daseinsanaiitica em psiquiatria®. Essa co- municagao sera seguida em 1949 de um texto sobre “A do Dasein de Martin Heidegger ¥ de homena- lenger. Nesse texto, ele deixa claro que, pela do Dasein, conduzida por Martin Heidegger”, Ps Hei 123. Tend, 610, p. 82 9). psychanalyse freudienne, ‘de “analiticn existecial” © 51 es gat d “par tet rar ‘oct zat 4 “pia “6et vonjeue, wu wey op oanetgo o onb wf ‘wonpuasis apeprun umn v opSnpuosal op OUBHUEY OpRuEs Nas seUT “SoATED -ndxo sojustie[2 wie SeUIOIUIS Sop OBdNIOSsIP ap OUwPNay ‘opnuas nos wou ‘soiueuTeI2 Sov O¥SNPUOal ap OUJEPoUT HBUL, OWLIE) OF YP OBE a[9 ‘aIAUT iB 4e8Boprayy Ou10y ~ 1B *,OBSUDSIdLIOD B, OULD s ‘asvq OP sagswuTULiarap Sv SU¥pO S¥ 10d 0, vulisap .asng op astiyue, opssardye w ‘odway 9.49 WH “TL :asypupswes: soppoyrusis san epmges wo onsun ‘voyosoly visojodanue wun : anb wespg op viejduoo vonreus eum ‘unsse ‘myNsuOD ou wig ‘apeprerodwiay 9 opepmo outos wesnq Op 428 op 49889p1oH{ 1od wpeosng [eroussse wor ‘opysanb vssop ovSes0qeT> B vougisixe ep sense se una) op saquaz9]IP ? } svtiade vsaud opuvsy ‘wasng op woHITeUE UP oFSEIOgET> S odluay 9 10g Urq -=.-esussord WS TeNUD opod oWsout Sueuine) 96 o apue wmmMZaqe wUIN, w SeUI *,[BO] OVSEDIP Sut, soldune warn v LINYUSU OpoUT ap wt cMios, 0 “wquris epunee w ZeMqUISe aap 28 OFU wasn cuavred wu stod “(re 198) .¥] 282, BU 2 “(hw 0 398) .¥L 21 212 ibe uasep usspc ezed spouts uo penbepe OINPED Blut e nb soa wun srwur wi[essad JOESpIOH ‘~,08> oP Puspusosiren wougiaeu00 2 OpepIAna’ane, OWo OVE > Trosng ooo ouvuiny 298 op OPSIuyap v avuoumes!ooid > vEaweny v ODeIOs HOD POUBIOTD B, |MASUOS anb o ont Spuequsosaise ‘_pera8 uro 19s 0 WIOD OWSETAZ ENS PU WIASOT Op 228 0 tiezusiowmva onb sagseurwuaiep SEP, Ousul ~euonsanb umu seu “wiesng op seorsojoiue seins 2p oxSesoquya wurnu ‘oytreziod ‘aystsu0o OYU WIesDT OP wonifour w onb wiqursfar s9FROpIOH “Wi28 OP SEH 2s, fot zs -aep ‘stmg ‘S010 “9 9p pen Yeune ep saaoujups mimeo 169664 "Pr -2et 98 “pra vet anb 2 498 ov o139q8 vfayso 919 anb ap 038) 0 “9 ors} ‘190 2p oysussiduioo, ¥ 9 WoUIOY op oBSIMINStIOD vu onIEioap 2p py anb o ‘oytmuD oN “198 OP ovIsanb wp eanoedasod ‘wu wretioY op oBStmaASHCD w 2 198 O wrIONdxe 9s anb sew HosDq owio9 wauIoy-s98 Op odeiaidiayt wun axe}stI0 anb ap 2s-rviquis] 2 ynfyouDsuiasoq 10d odway 2.405 ¥Ipuaque anb o reoydxe wavstooud ajo ‘oyu ereg “os “HDUDSUIaSDq OULIZ} Op C2oa}:nId OpRUas o OYSDeId UID Huyopar oLyssao9U o1UOUTTEDL a8-ENSOW “meIUz!ISUOD vp wuvyossny wBo[ouaWIOUs} vlad wpErtioio soouEURIed anb ‘usfuemstng 2p wesoq op vouayinbied wonyeue ep oysensqe ‘wyiod ‘opuszys ‘asypupsuiasod 2 wiesog op vonrfeue anus eSuaias1p wp ovisanb y smI04 ap spepisse> ot ¥ opeiusumtiedxe wyuas ojo “oxTIOZ Wa e8og ep BSeO ¥U S96I 2 6S6T anUD NozTeas 198F9pI9H ond soupuTaS Sop sonuosue sommn sou ‘onb vortdxe anb osst “eueyossny peuspusssuEN wiojoLau0Us) ep oquiy ou wipueMT 96 soBUMAsUIG od oULIO B BpEAdT oduay 2 4ag 2p opSmaidiott & ‘m,eoUgpUDIEUeN OWS © alos, wpeniis 9 032{40- -ouraths opseya1 ep wpujoasap vfaiso apepianaians essa anb owisou ‘ossip Wty” vies wasog op wontte oyu ssduemsuig ‘sens sup sauaiastp ovs -1s889pI2H 9P sooduaiut, se anb ByuTQns 919 98 sey “,asipupsuiesd . ooo wromIow oUIsoU aj anb wjanbe 9 onb vofojodonue 9 vourdurs eougto vssa v ‘ooMofoiuo susUTEIIe OAnet ~Qo WN & SEISIA Wo eprpussidurs ‘wasDg op wonITeUe 8 ‘sa8ueMsuTG OpuNses ‘oun onb opSsepuny op opdelor umn 9 anb ‘opus ‘as-9, “nepunsos © .epury 9 [aalssod wuzo1, anb extounid v 9 anb opuequna) op seuminnsa 9 sopow ap ‘eounu!> “ -cojduie asrTyue v, ‘asypupsinaseg 10d =498 owiod waasng op TeUspusoSUBN No} vp woiSojousmousj-coyosory OpIEOUER| transcendental” era fazer aparecer a unidade originéria "modo global a um existencial"=. Nao se trata simplesmente da funcao do entendimento-. i \enos parti vez & necessidade da prova™”. O tinico meio de afastar as como ser vivente racional no conjunto da tradic&o filoséfica, como sujeito na relacao sujeito-objeto na filosofia moderna, ou como vivente que se produz a si mesmo no marxismo, sasopepuny sO ropmydea senna nner NMRA Linn das ikacai Sh 99651 exaee9p 9/5. aypuasduos np xy sme “3 2p opdesogena st gn oy 4 ea 29 ese \CUvUUAoH Uda op sopsoaseoes eins aw os ea ees {ues sot seypuneuied = owored Op wonieuw op ower eee RS souseurumeisered 9p wowed op YonTetY 2p over w =u4eS FL ‘o1nf ap wasn op wuyiouaisixe opSseaudioyu eum sjuauE -suonbssuos soaueuied ef anb 2 ‘mosoyy Op eon vp oysuaaidos wusid wun 21908 vpeptny yes oe ~temsu ap wonnsinbied astypunsuiasocy © ane seep 2p soulo sow ‘wogrudje oss] “opurut-ou Ouisow coer ert ‘428 ap opeusaiduioo oyuenbue ‘en was-og © 9 nb ee 2¢ anb ourpnuios 09 onb ewut “wasoc] op OFSIDUCS ey okh ‘opunui-ou-s98 0 9 oyu anb nepusius ove oo "iow ap ceeus -auduioo v a1qos opepury wise TeIouaieDx oss an toqvarad tas ‘opunui-ou-soe 0 opis wun odio} 9 vay op opel ‘eyus) JoBtremst anb 0 wioquls “ise 9p Opstisaiduies op svonstisioere> sousdy ops sfelousisixe 80 SopoL ~uasnd OP Teuourepury oben 9 oeeq oW109 198 ap opeusaiduios vO wie “upuiodun w “wpiios ue soutaran owo> "eyumgne 19889pre¢, ‘onbung ap soupunuog sou wztudBeioud ofe an saBurmnceng 2p woinyinbred ssipupsuiasng wp oon sures oN = BoHg{oruo OpSw0U09 tun yp 49830pI9H Tenby vjonbe “opeoyrusis atsutid ou asipuvsuiasog wp wiasoto9 oysuztfeas & oU1o> wperspistes 498 "zon uns Jod ‘epod anb “waynusto siusurvsidead wasn euin jansua> vs anbiod “woldolodanue esiypuDsueseC, bw uloo apunyuiod oe o¥t va “vonniedeia vongid oruenbos “viavpo, “wisi9u0o opbezTTead w wesap opuee ~aidojodanue asypupsuiasog vjad sopivati0) soiusuro[9 so euqoe viod® 3s WoIpeul asypuDsutasng v nb wanda 1oS8opIoH1 “sreinenput espepotoos sup wouoy op “7 ost ‘afoy ap urstoy op wyasOUCD BoLIOISTY BIOUgISHD Bod ‘puyusto arusuisiuejsuoD ioosueuied “opepioA VU “anoP I2PISUOS SOUaUIQUa; Sop OPSeogULTO sefduis 30d apod oyu woISojodo.jUR ,asypUDSUIESDC, Sesoquio ¥ ab ostoaitd opout ap WHsOw JoBTOPISHT “ponyuDsuasDg wSo[oyed ura 2 epeprTeULioU EP BBcode] UB Wo BPIPIAtp 498 apod peouaisixs voRITeUR ¥ SULIOFUOS

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